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ALUNOS: GABRIELA DE SOUZA BATISTA LAÍS BARBOSA VIANA LUCAS TOGNERI SOFIA VALIATI PATOLOGIA PULPAR E PERIAPICAL CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 2020 INTRODUÇÃO A polpa, diante de um fator agressor, apresenta reações inflamatórias ou degenerativas. Estas dependem do tipo, da frequência e da intensidade do agente irritante, assim como da resposta imune do paciente. Se o agente agressor não for removido, a polpa alterada ficará calcificada ou necrosada. Quando uma alteração pulpar está presente e não é tratada, poderá evoluir para a necrose pulpar. A necrose pulpar consiste na completa cessação dos processos metabólicos do tecido pulpar e, se não for removida, os produtos tóxicos bacterianos e da decomposição tecidual vão agredir os tecidos periapicais, dando início às alterações periapicais. O profissional deve ter conhecimento sobre as características histológicas, clínicas e radiográficas dessas patologias para poder reconhecê-las e indicar a melhor opção de tratamento. A principal causa das alterações pulpares é a cárie, e a resposta mais evidente é a dor. Na pulpite deve-se considerar o envolvimento físico da polpa por tecidos duros, e as modificações estruturais da polpa com a idade. É importante realçar que o estudo da inflamação pulpar é dificultado pelo seu pequeno volume, cerca de 0,02ml para cada dente humano, e por estar envolvida por dentina. Classicamente aceita-se que em um dente com cárie, a inflamação pulpar se inicia por resposta de baixo grau e de natureza crônica, e à medida que a cárie avança, uma resposta aguda sobrepõe-se aos elementos crônicos. O desenvolvimento da reação inflamatória na polpa precisa ser melhor estabelecido, como a participação dos mastócitos, fibras nervosas e a influência de fatores sistêmicos, como a imunossupressão.. As lesões periapicais na maioria das vezes correspondem a reações inflamatórias decorrentes da necrose pulpar e contaminação bacteriana do canal radicular. Aceita-se que na ausência de bactérias a inflamação apical é de pouca intensidade. Como ocorre com inflamação de outros tecidos, uma vez removida a causa através da obturação do canal radicular, a normalidade do periápice é restabelecida. As inflamações periapicais frequentemente são crônicas e assintomáticas. No exame radiográfico aparecem como áreas radiolúcidas circunscrita, e associada a dente sem vitalidade. Mesmo que a coroa esteja integra, na presença de imagem radiolúcida associada ao ápice dentário deve-se considerar como primeira hipótese de diagnóstico uma inflamação periapical. Até 1950 prevalecia o conceito do tratamento de canal baseado na medicação antibacteriana, ao invés da limpeza químico-mecânica. Os canais eram mal preparados e consequentemente mal obturados. As vezes a reação inflamatória se desenvolve na porção lateral da raiz, ou seja, em canais acessórios ou laterais. O processo é semelhante ao que ocorre no ápice. Nestes casos, a polpa está desvitalizada. Processos agudos ocorrem em crianças, nos dentes com canal amplo, ou em adultos devido aumento da carga bacteriana no ápice. Fatores locais são os que determinam a evolução das inflamações periapicais, havendo pouca influência de fatores sistêmicos, como diabetes, idade, fatores hormonais e imunossupressão. Como os agentes etiológicos principais são as bactérias e seus produtos, na inflamação periapical predominam os fenômenos imunológicos. Os diferentes tipos de lesões periapicais representam diferentes estágios da reação inflamatória, em diferentes fases de desenvolvimento. OBJETIVO Cabe destacar que o objetivo geral do presente trabalho, até aqui apresentado, vai ao encontro de abordar, detalhadamente, as principais características da patologia pulpar e da patologia periapical dos dentes permanentes. Sendo assim, adiante o trabalho em tela vai listar e demonstrar a evolução de cada doença, os diagnósticos e os possíveis tratamentos. DESENVOLVIMENTO O tecido pulpar de um elemento dentário íntegro é protegido das substâncias exógenas da cavidade bucal. Entretanto, cáries, traumas dentários e procedimentos restauradores comumente violam a integridade dos tecidos que protegem a polpa, podendo permitir que infecções no complexo dentino-pulpar venham a ocorrer, conduzindo, possivelmente, a uma doença pulpar e periapical. Um plano de tratamento endodôntico bem sucedido depende de um diagnóstico correto. Nas alterações da polpa dentária humana, os informes necessários para o estabelecimento das suas condições patológicas ficam restritos à anamnese, exame clínico, testes de sensibilidade pulpar e avaliação radiográfica. Isto ocorre pelo fato da polpa se encontrar envolvida por paredes de dentina, fato que impede sua visualização direta pelo profissional durante o atendimento clínico. ETIOLOGIA DAS DOENÇAS PULPARES: Microbiana: Os agentes microbianos são os responsáveis pela maioria das afecções pulpares. A contaminação, de início limitada à dentina, estende-se depois à polpa e ao periápice. Em casos raros, os microrganismos penetram na cavidade pulpar pelo forame apical (via retró-grada). No decurso de doenças septicêmicas, a contaminação poderá ocorrer por via sangüínea. O incidente, no entanto, ocorre em polpas previamente inflamadas. Este fenômeno é conhecido como anacorese. Físicas: Mudanças Térmicas: frio e calor exagerados provocam alterações pulpares. Exemplo: calor provocado pela alta rotação sem refrigeração adequada, traumas acidentais, pancadas sobre o dente podem ocasionar a ruptura do feixe vásculo-nervoso. Movimentos ortodônticos bruscos ou com força exagerada. Restauração excessiva no sentido oclusal pode ocasionar forças exageradas sobre o dente. Químicas: O uso de medicamentos incompatíveis com o tecido conjuntivo, ou seja, com o complexo dentina-polpa, podem provocar lesões pulpares. Exemplo: fenol, timol, nitrato de prata, ácido fosfórico, monômero de acrílico, etc. De acordo com a intensidade do agente agressor e a resposta imune do paciente, alterações inflamatórias poderão acometer o tecido pulpar. Dessa forma, as reações inflamatórias pulpares são de caráter agudo ou crônico. A alteração pulpar aguda é denominada de pulpite aguda, enquanto a alteração pulpar crônica recebe o nome de pulpite crônica. Ressalta-se que alterações inflamatórias apenas acometem o tecido conjuntivo vivo. Portanto, a polpa apresenta-se com vitalidade quando diante dos diferentes estágios de inflamação. Como a principal característica clínica das alterações pulpares inflamatórias é a presença de dor, antes de descrever os diferentes tipos de pulpites é importante expor as características clínicas da dor de origem pulpar. As pulpites agudas são classificadas clinicamente, de acordo com o grau de comprometimento pulpar, em reversível, reversibilidade duvidosa e irreversível. Ressalva-se que as alterações pulpares não são observadas radiograficamente. O exame radiográfico vai apenas mostrar se há presença de cáries ou restaurações profundas, que podem ser a causa da alteração pulpar. Na região periapical não se observa presença de lesão, e sim espaço periodontal apical normal ou levemente aumentado, mas com lâmina dura normal. Pulpite Reversível: Leve alteração inflamatória da polpa, em fase inicial, em que a reparação tecidual advém uma vez que seja removido o agente desencadeador do processo. Se os irritantes persistem ou aumentam, a inflamação pulpar torna-se de intensidade moderada a severa, o que caracteriza a pulpite irreversível, com progresso para necrose pulpar. AS CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Em resposta a uma lesão cariosaprofunda, por exemplo, os vasos sanguíneos pulpares tornam-se dilatados. A vasodilatação prolongada predispõe ao edema, nesse estagio a polpa encontra-se geralmente organizada. Sinais e sintomas: geralmente é assintomático, contudo, em determinadas situações, o paciente pode acusar dor aguda, rápida, localizada e fugaz, em resposta a estímulos que normalmente não evocam dor. Esta cede imediatamente ou poucos segundos depois da remocao do estimulo e a dor ao frio é a queixa mais comum por parte do paciente. A formação do edema é discreta nestas fases iniciais da resposta inflamatória aguda na polpa, exercendo pressão sobre as fibras nervosas A-8, responsáveis pela inervação e pela dor dentinaria. Diagnostico: inspeção, pelo exame visual, detecta-se restauração ou lesão de carie extensa. Testes pulpares: calor: o paciente relata dor aguda e imediata, que passa logo após a remoção do estimulo. Frio: evoca dor aguda, rápida, localizada, que passa logo ou após segundos da retirada do estimulo. Cavidade: provoca dor, indicando presença de vitalidade pulpar nos casos de pulpite reversível. Testes perirradiculares: percussao e palpação: apresentam resultado negativo. O tratamento se dar por remocao da carie ou da restauração defeituosa (e/ou extensa) PULPITE AGUDA IRREVERSÍVEL Esta condição pulpar denota estágio avançado de inflamação. A polpa está sob agressão, e apenas a remoção do agente patogênico não basta para cessar a dor, ou seja, a polpa não apresenta condições de voltar ao estado de normalidade após a remoção da causa. Clinicamente, o paciente acusa dor aguda, espontânea, intensa, pulsátil e, quando desencadeada, demora de segundos a horas para aliviar. Analgésicos, nem omais potentes são capazes de aliviar a dor. No exame radiográfico a pulpite aguda irreversível não mostra sinais. A região periapical, radiograficamente, pode estar normal ou com aumento do espaço periodontal apical e lâmina dura intacta. Quando a pulpite aguda irreversível se encontra em estágio inicial, o paciente ainda pode conseguir localizar o dente, facilitando o diagnóstico por meio de teste de vitalidade que acusará dor exacerbada. Por outro lado, se a inflamação irreversível progride, a dor passa a ser difusa ou reflexa (irradiada para outros dentes ou regiões da cabeça), exacerbada pelo calor e aliviada com o frio. Nesse estágio, o paciente pode relatar que compressas com gelo aliviam a sintomatologia dolorosa. Na pulpite aguda irreversível é comum o paciente afirmar que a dor fica mais intensa à noite. Isso ocorre pelo fato de, ao deitar- se, a pressão interna pulpar aumentar; como o tecido se encontra inflamado, a dor é exacerbada. Nessa condição, o prognóstico para o dente mostra-se favorável; já para o tecido pulpar é desfavorável, e então a polpa deve ser removida. O tratamento indicado é o endodôntico – a biopulpectomia. Macroscopicamente, quando acessada, a polpa demonstra as seguintes características: sangramento discreto e com coloração vermelho escuro e opaco, consistência pastosa e sem resistência ao corte. PULPITES CRÔNICAS As alterações pulpares crônicas são observadas, geralmente, em dentes de pacientes jovens, haja vista sua incidência estar relacionada à presença de agentes agressores de baixa intensidade em contato com a polpa jovem, a qual apresenta elevada resistência imune. Na pulpite crônica, a polpa não está mais circundada em todos os lados por tecido duro, pois a cárie profunda permite uma exposição pulpar, mesmo que mínima, levando a um contato da polpa com a cavidade oral. Desse modo, os produtos tóxicos bacterianos e os mediadores químicos da inflamação não estão mais confinados e fechados na cavidade pulpar, como ocorre nas alterações pulpares agudas. Na pulpite crônica, a comunicação entre polpa e cavidade oral leva à diluição desses produtos tóxicos, diminuindo seu efeito deletério ao tecido pulpar. A pulpite crônica é classificada em crônica ulcerada e crônica hiperplásica. PULPITE CRÔNICA ULCERADA A pulpite crônica ulcerada é caracterizada pela presença de ulceração, visível microscopicamente, na superfície pulpar em contato com o meio bucal. Clinicamente, o paciente relata dor provocada durante a mastigação em dentes com cáries profundas ou restaurações profundas mal adaptadas. Radiograficamente, pode ser observada cárie ou restauração profunda e mal adaptada em contato com o tecido pulpar. A escolha do tratamento dependerá das características do tecido pulpar abaixo da área ulcerada. Se abaixo da superfície ulcerada a polpa se apresentar com características macroscópicas de polpa saudável (semelhante às características da pulpite aguda reversível), deverá ser realizado o tratamento conservador da polpa, sobretudo se o dente tiver ápice incompleto. Isso porque o sucesso do tratamento pulpar conservador está relacionado ao reparo do paciente; em jovens a capacidade de defesa é maior. PULPITE CRÔNICA HIPERPLÁSICA A principal característica da pulpite crônica hiperplásica é a presença do pólipo pulpar. O pólipo pulpar representa a proliferação de tecido de granulação na superfície pulpar exposta à cavidade oral que, anteriormente à formação hiperplásica, estava ulcerada. Esse tipo de alteração pulpar é mais comum em dentes jovens, com ápice incompleto, por causa da capacidade de defesa aumentada. O trauma constante de alimentos e da mastigação sobre a superfície pulpar ulcerada leva à formação do pólipo pulpar. O paciente relata dor provocada durante a mastigação e, clinicamente, é notado sangramento ao toque do pólipo, já que se trata de estrutura ricamente vascularizada. Radiograficamente, observa-se comunicação entre cavidade oral e cavidade pulpar por meio de cárie extensa e profunda. O tratamento para dentes com ápice completo com pulpite crônica hiperplásica é a biopulpectomia. Já para dentes com ápice incompleto, recomenda-se a manutenção da polpa radicular a fim de permitir a complementação radicular. Dessa forma, em dentes com ápice incompleto, sugere-se tratamento conservador denominado pulpotomia. PERIODONTITE APICAL AGUDA DOS DENTES PERMANENTES Pode ser de origem traumática, como quedas ou pancadas, ou ainda de origem infecciosa, causadas por bactérias ou toxinas que atingem o espaço periapical. Caracterizam dor continua, na maioria das vezes pulsante, mobilidade dental, e pode ocorrer sensibilidade a palpação na área da mucosa. ABCESSO DENTO-AVEOLAR AGUDO Concentração de células inflamatórias agudas nos tecidos periapicais de um dente necrosado. Causando dor e ruptura na lâmina dura. São classificados por três fases: FASE INICIAL: dor intensa e pulsante. Ela pode ser detectada por radiografia, pois nela mostra um aumento no espaço periodontal. FASE EM EVOLUÇÃO: ocorre o agravamento do processo infeccioso, pode ser presenciada de edema consistente sem assimetria facial. FASE EVOLUIDA: secreção purulenta já perfurou o periósteo, se instalando nos tecidos moles formando um edema. Tem como sintomas, febre, e dor de cabeça e mal estar. ABCESSO CRÔNICO Não apresenta sintomas, sendo detectado por radiografias rotineiras. É caracterizado pelo sulco periodontal, vias de drenagem por fistula ou para cavidade anatômica. ABCESSO FÊNIX Processo crônico que agudizou. Caracteriza pelos mesmos sintomas e sinais do abcesso dento-alveolar agudo tem como diferença que a radiografia apresenta imagem da lesão periapical. PERIODONTITE APICAL CRÔNICA (GRANULOMA PERIAPICAL) O abcesso periapical não tratado ou que não foi curado após o tratamento, pode se transformar em um cisto periapical ou sofre formação de abcessos. Na maioria das vezes os granulomas periapicais não apresentam sintomas. O dente acometido não apresenta mobilidade e o cliente não relata dor e o dente não responde ais exames de sensibilidade. Naradiografia apresenta uma imagem radiolúcida e de tamanho variável. O diagnostico conclusivo do granuloma é obtido apenas pelo exame histopatológico. CISTO PERIAPICAL Origina-se no interior do granuloma periapical a partir da formação de uma cavidade revestida de epitélio. A maioria dos cistos possuem crescimento lento e não atingem grandes proporções, nos casos de grande crescimento podem ser observado a partir de leve sensibilidade. São assintomáticos exceto quando ocorre uma exacerbação aguda e o dente de origem não responde aos testes de sensibilidade. Pela radiografia é idêntico ao granuloma periapical. CONCLUSÃO Com isso, concluímos que é importante o conhecimento tanto do clínico, quanto do especialista, em relação a estas patologias, a fim de que se realize um bom diagnóstico e se planeje um tratamento adequado para cada situação, visto que a negligência poderá culminar na perda do elemento dentário, causando alterações funcionais e estéticas ao paciente. REFERÊNCIAS LEONARDO, M. R. Endodontia: tratamento de canais radiculares. São Paulo: Artes médicas, 2008. SAYÃO, Sandra. Endodontia: ciência, tecnologia e arte: do diagnostico ao acompanhamento. 2 ed. Santos, 2007. Disponível em: https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/endodontia/infeccoes- endodonticas-classificacao-doencas-pulpares-periapicais/. Acesso em: 10 de setembro de 2020. Disponível em: http://vdisk.univille.edu.br/community/depto_odontologia/get/ODONTOLOGIA/R SBO/RSBO_v8_n4_outubro-dezembrobro2011/v8n4a17artigoonline.pdf. Acesso em: 09 de setembro de 2020. https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/endodontia/infeccoes-endodonticas-classificacao-doencas-pulpares-periapicais/ https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/endodontia/infeccoes-endodonticas-classificacao-doencas-pulpares-periapicais/ http://vdisk.univille.edu.br/community/depto_odontologia/get/ODONTOLOGIA/RSBO/RSBO_v8_n4_outubro-dezembrobro2011/v8n4a17artigoonline.pdf http://vdisk.univille.edu.br/community/depto_odontologia/get/ODONTOLOGIA/RSBO/RSBO_v8_n4_outubro-dezembrobro2011/v8n4a17artigoonline.pdf