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1 Disciplina: Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo Autores: M.e Wanderlane Gurgel do Amaral Revisão de Conteúdos: Esp. Angelica Czocher Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Wanderlane Gurgel do Amaral Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo 1ª Edição 2016 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA AMARAL, Wanderlane Gurgel do. Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo / Wanderlane Gurgel do Amaral. – Curitiba, 2016. 47 p. Revisão de Conteúdos: Angelica Czocher. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo – Faculdade São Braz (FSB), 2016. ISBN: 978-85-5475-101-2 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina A disciplina Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo tem como objetivo explicar como os conhecimentos em sala de aula eram trabalhados, até os dias atuais, incluindo as tendências pedagógicas e os desafios do professor para atuar no século XXI. Conhecer as Tendências Pedagógicas é importante, a perceber que ao longo das décadas o trabalho do professor em sala de aula foi sendo traçado de acordo com os movimentos sociais que ocorriam, e que ocorrem no Brasil, ou seja, ora eram pautados nas Tendências Liberais, hora nas Tendências progressistas. Ao conhecê-las é comum perceber que muitas vezes mais de uma tendência é aplicada em sala de aula pelos professores, pois dificilmente uma instituição será totalmente tradicional ou totalmente construtivista. Atualmente, com a entrada das tecnologias no contexto social, muitas instituições precisaram se adaptar às novas tendências e essa, não poderia ser deixada de fora. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 6 Aula 1 – Tendências pedagógicas liberal e progressista: tendência liberal tradicional Apresentação da aula 1 Esta aula irá abordar o que são Tendências Pedagógicas, mais especificamente as Tendências Liberais Tradicional e como elas se relacionam com a prática do professor em sala de aula. Onde e como elas sugiram e qual a importância que há em conhecê-las. 1.1 Tendências pedagógicas liberal e progressista: tendência liberal tradicional Antes de tratar sobre Tendências Pedagógicas, é preciso entender o que são tendências, pois isso facilitará entendimento quando acrescentar a palavra pedagógica. Primeiramente, uma tendência parte de uma ideia compartilhada. Por exemplo, alguém tem uma ideia e compartilha essa ideia com várias pessoas. Certamente essa ideia está sendo disseminada e ela se torna uma moda. Em outras palavras, nesse caso tendência é uma forma padrão de agir e pensar de uma determinada sociedade. Ideia individual, ideia compartilhada e moda Fonte: © Freepik 7 A partir da compreensão de que tendência é uma moda ou uma forma padrão de se agir, ficará mais claro explicarmos que Tendência Pedagógica é uma prática padrão de atuação do professor em sala de aula. Porém, quando refere-se a “prática padrão”, não é que o professor deverá seguir rigorosamente em sala de aula apenas uma tendência, até porque ele deve analisar qual delas será melhor para o seu desempenho acadêmico e, de acordo com cada situação o professor poderá utilizar a tendência que melhor se aplica (FOGAÇA, S/d.). Falo isso, porque nos dias atuais não há instituição totalmente tradicional, nem totalmente construtivista. Assim sendo ao analisar as Tendências Pedagógicas, deve ter em mente que “uma tendência não substitui totalmente a anterior, mas ambas conviveram e convivem com a prática escolar” (FOGAÇA, S/d. p.1). No caso da educação brasileira, as práticas pedagógicas sofreram bastante influência dos contextos sociais e políticos e, foram trazidas à tona devido aos movimentos sociais e filosóficos de cada época (FOGAÇA, S/d.). 1.2 Práticas pedagógicas No Brasil, quem desenvolveu o assunto sobre as Tendências Pedagógicas foi José Carlos Libâneo na década de 1970. Ele pensou na prática escolar que é o dia a dia da escola. Porém, essa prática não é estritamente pedagógica, porque nela também se desenvolvem as práticas sociopolíticas. Por isso, o Projeto Político Pedagógico. Isso porque existem elementos políticos que são característicos da sociedade e que todos influenciam na prática educacional, que é o caso das leis, da economia, dos ideias de justiça, do cenário social, entre outros. Importante Além de Libâneo (1990), Dermeval Saviani (1997) também propõe reflexões sobre as Tendências Pedagógicas. 8 É nesse cenário que entram as tendências pedagógicas. Questiona-se, “por que tendências? Por que tendência como se fosse ideia de moda?” A resposta está no fato de que a cada momento histórico ou sociopolítico, há uma determinada manifestação socioeducativa, ou seja, a escola se adapta às características sociais e sociopolíticas e as tendências acontecem, porque há uma adaptação da escola às necessidades sociais. 1.3 Tendências Pedagógicas No item anterior foi explanado que, José Carlos Libâneo foi quem iniciou os estudos sobre as Tendências Pedagógicas no Brasil. Agora trazendo esse assunto à tona novamente, devemos atentar-se para fato de que Libâneo reconhece dois modelos, as Tendências Liberais e as Tendências Progressistas, porém, há outras tendências ligadas ao Positivismo, ao Iluminismo e a outras doutrinas de ordem filosófica. Assim sendo, nestadisciplina será limitada às Tendências Liberais e às Tendências Progressistas. E antes de iniciar existe a necessidade, de entender que as Tendências Liberais, são tendências acríticas, ou seja, não visam a transformação da sociedade e sim a manutenção do status quo da sociedade. Já as Tendências Progressistas são críticas e visam criar indivíduos capazes de modificar a sociedade em que vivem. Vocabula rio Status quo - Estado atual das coisas, seja em que momento for. 1.3.1 Tendências Liberais A Tendência Liberal se divide em três, são elas: Escola Tradicional; Escola Renovadora Progressiva ou Progressivista que se divide em: Diretiva e não diretiva; 9 Escola Tecnicista. Curiosidade Não é nenhum equívoco falar Tendências ou Pedagogia quando se trata das Tendências Pedagógicas. Por exemplo: Pedagogia Liberal, Tendência Liberal, etc. Uma Pedagogia Liberal tem como função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais e o que vai determinar de acordo com as suas habilidades individuais. Assim sendo, o indivíduo precisa se adaptar aos valores e normas vigentes na sociedade de classes por meio da cultura individual. Como se dá ênfase ao aspecto cultural, não são consideradas as diferenças entre as classes sociais, porque não leva em consideração as desigualdades de condições, ainda que a escola difunda essa ideia (LIBÂNEO, 1999). Essa tendência se fundamenta na justificação do sistema capitalista, além da manutenção e existência desse sistema. Além disso, vamos ver quais mais características a pedagogia liberal tem. Defende a liberdade e os interesses individuais, ligados ao capitalismo, a atividade laboral, à propriedade privada; Forma de organização social é propriedade privada dos meios de produção; Desenvolver bons cumpridores de papéis sociais é o seu objetivo; Sua teoria é não crítica, manutenção do status quo. A Pedagogia Liberal não visa a transformação do ambiente, cada indivíduo é preparado para ocupar o seu lugar na sociedade. Ví deo Uma dica de filme que retrata bem da tendência liberal, de manutenção do status quo de divisão do trabalho e de organização social é Tempos Modernos. Link: https://www.youtube.com/watch?v=CozWvOb3A6E 10 1.3.2 Tendência Tradicional Se analisar a Educação ao longo da história começaremos com a Paidéia que era o sistema de educação para o cidadão da Grécia antiga, mas a escola concebida com a estrutura que conhecemos, com sala de aula, carteiras, vem da escola tradicional. Essa Tendência teve uma base muito grande na Europa e também na Didática Magna defendida por João Amós Comenius que era bispo e pai da Didática Magna que era influenciado pela filosofia de René Descartes e Francis Bacon (SANTANA, S/d., p.1). Comenius identificou um método para mediar o conhecimento para os alunos. Quem trouxe para o Brasil a pedagogia tradicional foram os Jesuítas que organizaram as primeiras escolas no país. Como essa escola faz parte da Tendência Liberal ela serve para preparar o indivíduo para as práticas sociais e para os valores liberais burgueses. No entanto o “preparar” aqui colocado significa fazer com o que o indivíduo se adapte aos valores burgueses, assim sendo, ela é mais um processo de adaptação do indivíduo. O papel da escola é fundamental e é concebida como um espaço de disciplinamento dos estudantes. Tem uma estrutura muito mecânica e organizada, que se baseia em cadeiras enfileiradas, que centra a figura do professor como detentor do conhecimento. Sala de aula tradicional Fonte – © Freepik 11 A escola é fundamental e é concebida como um espaço de disciplinamento do estudante. Tem uma estrutura mecânica e muito bem organizada que se baseia nas carteiras enfileiradas, na pessoa do professor que “transmite” a disciplina. O professor é disciplinador, é uma autoridade para o estudante. Essa autoridade não é sobre os conteúdos que ele domina ou conhece. Ele é autoridade, no sentido do autoritarismo. Esse professor também: Promove o ensino mecânico baseado na memorização; A didática do professor segue passos, por exemplo, a preparação do aluno relembrando o que aprendeu na última aula; Utiliza a generalização, ou seja, parte do todo para chegar ao específico; Aplicação de provas essa aplicação é diferente da avaliação. Essa aplicação é aquela “avaliação” de caráter coercitivo, ou seja, serve para impor medo no estudante é tanto escrita quanto oral. Os conteúdos ministrados são desligados da realidade e da prática social estudante. Esses conteúdos se preocupam com o enciclopedismo, intelectualismo, humanismo. Ou seja, o aluno, a aluna, vai aprender artes, história, latim (não nos dias atuais), outro idioma tradicional clássico, cultura. Isso tudo baseado em uma cultura histórica, normalmente europeia, elitista. Em suma, os conteúdos e a prática escolar tradicional têm duas características, ele é elitista e é seletivo. É elitista porque ele não só se direciona para a elite, como ele trata de assuntos da elite, ensina assuntos que são inerentes à elite. É seletivo porque ele separa os alunos que aprende dos que não aprendem. Se analisar a prática escolar de hoje, em que há uma necessidade de incluir, a escola tradicional “não é boa” porque ela não busca soluções para resgatar e reconhecer o porquê o estudante não aprende, quais suas dificuldades e o que é preciso ser feito para resgatá-lo, ela simplesmente o exclui. 12 Método utilizado é expositivo e verbal, tanto para a criança quanto para o adulto. Isso quer dizer que a criança é educada e concebida como um adulto em miniatura, sem levar em consideração as diferentes capacidades cognitivas e os diferentes recursos que o adulto tem e que as crianças ainda não desenvolveram. O aluno neste processo é mero expectador da sua aprendizagem, não se envolve com o que está sendo trabalhado e apenas executa as atividades. Ainda hoje se utiliza a prática da escola tradicional. O que promove a necessidade de utilizamos instrumentos e ferramentas tradicionais é o conflito da formação inicial e continuada do professor que é baseada em uma teoria da democratização do ensino, da inclusão, dentre outros valores. Essa aprendizagem está em conflito com a realidade da escola brasileira que é tradicional. Essa realidade escolar é marcada pelos seguintes fatores: Grande número de alunos por sala; Poucos recursos de trabalho; Baixo salários dos docentes; O Projeto Político Pedagógico não é executado como está no papel, entre outros fatores. Para Refletir O ensino tradicional é um desafio a ser superado, é uma contradição da informação que você recebe na formação inicial e na formação continuada e, a estrutura de trabalho que o professor tem com a prática pedagógica. A pedagogia ou tendência tradicional é uma realidade a ser superada, mas, para isso, não depende somente do professor. Quando o estudante é participativo, quando lê o material proposto e interage com o assunto, com o professor e com os colegas, estará contribuindo para que a aula seja mais dinâmica e menos tradicional. 13 Deve-se ter muito cuidado com a nomenclatura Renovadora Progressiva ou Progressivista para não confundi-las com a Tendência Progressiva. Uma Tendência Progressiva ou Progressivista é derivada tendência Liberal e é acrítica. 1.4 Tendência Renovadora Progressiva ou Progressivista – diretiva enão diretiva O primeiro passo é entender o que a Tendência Renovadora Progressiva ou Progressivista - diretiva e não diretiva trouxeram de novo para a escola. No início do século XX, buscou-se a renovação da escola, ou seja, um papel mais atuante dela na realidade e na vida social do aluno, bem como uma difusão e criação maior de escolas para atender a todos. A Escola Nova, foi criada dentro dessa renovação. A escola renovadora progressiva ou progressivista tem duas vertentes: a diretiva e a não-diretiva. 1.4.1 Escola Renovadora Progressiva ou Progressivista Diretiva A Escola Diretiva concebe a escola não como um espaço, mas como um ambiente. Ambiente no sentido de ser favorável para os alunos e deve: Propiciar o aprendizado do aluno, da aluna – autoaprendizado. O ambiente precisa ser estimulador, independente de estarmos falando nas tendências, ou seja, todo ambiente escolar. Por exemplo, quando o professor oferece para o aluno, para a aluna um estímulo e o aluno, a aluna se interessa por esse estímulo, pelo desafio e pela atividade oferecida a ele, pode ocorrer que, mesmo que o professor não cobre a atividade o aluno vai continuar executando porque ele se interessou por ela. Assim sendo, é um ambiente que estimula o aluno para que ele possa aprender de fato e o mais importante que isso faça chegar em um autoaprendizado. Os conteúdos devem se respaldar nas necessidades da vida diária do aluno. Assim sendo em vez dos conteúdos enciclopedistas, 14 humanistas como acontece na escola tradicional, nessa tendência ele passa a ser conteúdos que se relacionam com a realidade do estudante. Esse conteúdo obviamente de natureza científica, mas que o aluno possa aplicar no seu dia a dia, tanto no mundo do trabalho, quando nas suas relações interpessoais, como na compreensão do mundo a partir de si (intrapessoal). O professor oferece situações-problema e o aluno precisa resolvê- las. Ele não perde sua posição de autoridade porque ele é o condutor da aprendizagem, das atividades. Mas, diferente da escola tradicional, essa autoridade não está pautada no autoritarismo. Assim sendo, a postura do professor é a de mediador. Assim sendo, ele o responsável por mediar as relações existentes entre aluno-meio, aluno-conteúdo, aluno-aluno, aluno-professor. Por isso, o professor apresenta o problema para o aluno e o ajuda a viver novas experiências (a escola é um espaço de experiências). Professor mediador Fonte – © Freepik 15 O professor irá adaptar o aluno para uma nova sociedade, como também capacitá-lo para que ele tenha o máximo de experiências possíveis dentro da escola e com isso, tenha autonomia ao longo da vida. Nesse sentido o professor tem que ensinar o aluno a aprender fazendo. Valoriza-se bastante o trabalho em grupo porque o professor precisa se aproximar daquilo que o aluno vai precisa no seu dia a dia. O aluno é incentivado o tempo todo a “aprender a aprender”. Isso significa dizer que esse deve ter disposição para aprender coisas novas. Importante Aprender a aprender significa o grau de autonomia adquirido pelo aluno, (e que aprendeu na escola), ou seja, depois que o aluno, a aluna sai da escola e não tem mais o professor guiando, o aluno, a aluna tem que ter essa capacidade de aprender a aprender, de se guiar com autonomia. Na década de 1920 foi criada a Associação Brasileira de Educação (ABE) que tinha como membros Anízio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando Azevedo. Essa associação trouxe novos ideias para a educação brasileira que foram as ideias Escolanovistas, ou escola renovada diretiva. Perceba que esses foram os idealistas da Tendência Renovada Diretiva (Escola Nova) que tinham como ideais “uma escola para todos”, como direito subjetivo do indivíduo, todos têm direito a educação e que o estado precisa reformular a educação e tornar a educação pública escola de todos. Depois de ficar anos levantando ideais, planejamentos e metas para a educação brasileiras, esses ganharam importância política em 1932 quando surgiu o Manifesto dos Pioneiros, liderado por Fernando de Azevedo com o apoio de Anízio Teixeira, Roquette Pinto, Mario Casassanta, Cecília Meirelles e vários outros, que trouxe ideais que condizem com as da escola diretiva (SAVIANI, 2004). 16 1.4.2 Escola Renovadora Progressiva ou Progressivista não-diretiva Essa escola foi defendida pelo americano Carl Rogers que defendia que os conteúdos que se aprende na escola e o professor não têm tanta importância. O que mais importante que o professor ensine aos alunos não são os conteúdos do currículo e sim, que ele estimule esse aluno a ter capacidade de aprender. Ênfase não está voltada para os conteúdos e sim, para as questões psicológicas do aluno. Em outras palavras, transformar o aluno para que ele seja do ponto de vista psicológico, saudável, motivado, interessado, capaz de aprender, para que a partir dessa capacidade ele promova o seu autoaprendizado; O professor em sala de aula é mais um terapeuta do que um professor da forma como nós compreendemos que é aquele que “repassa” as informações. Essa escola não se aplica no contexto brasileiro, principalmente, porque como vimos lá no início quando falamos da Tendência Tradicional, alguns impasses acontecem na nossa realidade escola que nos impedem de atuarmos dentro dessa escola. Acredito que o principal deles é o grande número de alunos em sala de aula. 1.5 Tendência Tecnicista A Tendência Tecnicista tem um cunho liberal enorme porque ela é toda voltada para o mundo do trabalho, por isso, ela vai preparar o indivíduo para o trabalho. Sua finalidade é produzir mão de obra. Os conteúdos são extremamente objetivos, como, manuais, apostilas, livros que trazem os conteúdos técnicos da profissão e que são aplicados no dia a dia do trabalho, cuja objetividade é a reprodução fiel trazida por esses materiais. O professor é um transmissor, pois de um lado se tem o aluno que quer se preparar para o mundo do trabalho e do outro lado o professor que é o responsável pela “transmissão do conteúdo” e nesse meio termo há um determinado conteúdo científico. Esse professor avalia o aluno porque ele vai integrar o mundo do trabalho. 17 No Brasil, a escola tecnicista veio influenciar o currículo e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, influenciou bastante a educação brasileira, que é uma educação dualista. Já o ensino profissionalizante que é o ensino tecnicista, que prepara o indivíduo para o mundo do trabalho, se direciona à massa da população que precisa trabalhar. Vocabula rio Dualismo Escolar - é um processo de seleção de indivíduos na sociedade em que o ensino científico do ponto de vista da universidade é direcionado para uma determinada camada da sociedade que tem acesso a educação de qualidade e que tem condições de participar desse ensino elitista. A tendência Tecnicista ocorreu no Brasil nas décadas de 1960 e 1970 porque nessa época o país assume uma postura desenvolvimentista. Ou seja, conforme Saviani (2008) na ditadura militar o Brasil tinha uma necessidade enorme de se desvincular dos países imperialistas, de não ser tão dependente dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra. Assim sendo, o Brasil precisou estimular a sua própria força de trabalho e, o papel da escola passa a ser formar essa força de trabalho. Com isso, houve uma intensificação na divisão de classes a partir daescola tecnicista. Vieram outros manifestos em prol de uma educação mais inclusiva, mais humana, que construa mais o indivíduo do ponto de vista humano e não do ponto de vista do trabalho, como foi o que foi liderado por Florestan Fernandes. Atualmente, aqui no Brasil, existe uma necessidade, até mesmo pelo Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) formar mão de obra. É aí que entra a criação dos Institutos Federais Tecnológicos (IFT) que profissionalizam o indivíduo para ele ter uma capacidade laborativa. De qualquer forma se aplica nessas instituições o tecnicismo, porque o indivíduo está sendo preparado para o mundo do trabalho, porém, com outras características. A diferença do tecnicismo antigo para o tecnicismo praticado nos IFT atualmente está que atualmente o tecnicismo não quer formar apenas mão de obra alienada, que saiba apenas executar aquele aprendizado trazido da sala 18 de aula, mas sim, junto a isso, desenvolve o indivíduo que seja responsável, crítico, autônomo, que reconheça o mundo do trabalho, suas limitações, suas oportunidades e inclusive estimular o espírito empreendedor no trabalhador e que ao sair dessa escola tecnicista ele saia também com uma profissão garantida. Resumo da aula 1 Esta aula abordou sobre as tendências pedagógicas liberais que se dividem em Escola Tradicional; Escola Renovadora Progressiva ou Progressivista que por sua vez se divide em Diretiva e Não-diretiva. Aprendeu que a ideia de Tendência é literalmente uma “moda” que de acordo com as necessidades sociais e filosóficas foram sendo disseminadas na escola. Atividade de Aprendizagem Descreva com suas palavras o que são Tendências Pedagógicas. Aula 2 – Tendências Progressistas Apresentação Aula 2 Nesta aula será explanado sobre as Tendências Progressistas. E que a partir dela surgiu o aspecto político da educação. Entenderá o pensamento de Paulo Freire sobre Educação Bancária e Pedagogia do Oprimido, além de entendermos o que nos ensina a teoria crítico social dos conteúdos. 2.1 Tendências Progressistas As tendências Progressistas se dividem em três, Libertadora, Libertária e Crítico-social dos conteúdos. A escola progressista imagina uma escola integrada a todos os ambientes da sociedade, por isso, o aspecto político da educação se torna relevante. 19 Segundo Rodrigues et al (2013, p. 334). “A escola libertadora originou-se de princípios não formais de educação, defendendo a transformação da sociedade por meio da educação, compreendendo-a como ferramenta de libertação da dominação social”. Pode-se exemplificar com a escola tradicional (as que querem ser tradicional) desvincula as questões sociais das questões educacionais, ou seja, deixa apenas os problemas pedagógicos como sendo de sua responsabilidade e os problemas políticos, econômicos à sociedade. O problema está no fato de que tantos os problemas sociais quanto os problemas educacionais andam juntos. Pois, o aluno que não aprende nem sempre é por alguma deficiência cognitiva, pode acontecer que ele está com fome. Assim sendo, esse é um problema social que acaba ocorrendo dentro da escola. A escola está o tempo todo convivendo com as questões sociais e por esse motivo precisa ter conhecimento desse cenário político social. É nas tendências progressistas que o Projeto Político deixa de ser apenas político e passa a ser Projeto Político Pedagógico, por causas da situação econômica, por causa das transformações da natureza do Estado (passagem do Estado liberal para o Estado intervencionista), o aspecto da cidadania crescendo nos estados, nos países, o desenvolvimentismo, entre outros. 2.2 Tendência Libertária A tendência libertária está vinculada ao Anarquismo, assim sendo, a escola libertária é uma escola autogestionária. Isso significa dizer que a escola é administrada por conselhos que por sua vez, irão definir as regras escolares, como a escola deve funcionar. Curiosidade Anarquismo não quer dizer uma forma sem ordem e sim, uma forma de governo em que a ordem é estipulada pelos grupos e não há o domínio direto do Estado na sociedade, ou seja, cada grupo tem sua própria gestão. 20 Rodrigues et al (2013, p. 334) corroboram ao dizer que: Com o aflorar da democracia nos anos 1980, originam-se os princípios da Escola Libertária, ancorados pelas ideias de mudanças políticas e culturais, negando-se a qualquer forma de dominação. Segundo esses princípios, a educação tem uma função política intrínseca e o desenvolvimento individual somente se dá no coletivo, por meio da participação em conselhos, assembleias e grupos da sociedade civil organizada. Isso diz respeito ao Currículo da escola, porque nessa tendência o currículo e o método não vêm de cima para baixo, ou seja, não é o Estado que decide e sim, o próprio conselho da escola. Na escola libertária há um distanciamento da burocracia do Estado. Apesar da natureza anárquica e autogestionária da escola libertária, ela tem a visão do aspecto progressista e político da educação e isso, faz com que as políticas estejam voltadas para as necessidades diárias do estudante. 2.2.1 Professor Professora orientadora Fonte: © Freepik O professor lança desafios para o estudante, é mediador, orientador e é catalisador, ou seja, ele contribui para o aceleramento do desempenho da compreensão do estudante na realidade e sobre realidade dele. Para que isso 21 aconteça ele propõe conteúdos e problemas práticos. Porém não há uma cobrança ou exame sobre o estudante, o que o professor quer é que o aluno mostre na prática o que aprendeu e o que não aprendeu. Conforme Santos (2012, S/p.) a relação do professor-aluno não é diretiva, ou seja, “o professor é orientador e os alunos livres”. Porém, é importante enfatizar que a escola libertária enfrenta alguns problemas, pois ela não tem controle muito correto do rendimento do estudante e, por outro lado, quando ela se distancia do Estado, é provável que os grupos que se organizam não tenham a capacidade de formular um sistema completo de ensino. Mas, o ponto positivo está no fato de que o professor propõe conteúdo que realmente irão fazer a diferença na vida do estudante. Principalmente porque há muito tempo os estudantes se questionam o porquê devem estudar determinados conteúdos. Os conteúdos de matemática, de ciências de física, são necessários porque representam método de construção do raciocínio e desenvolvem a capacidade do estudante para que ele exerça outras atividades durante a sua vida. Porém, se houver um direcionamento mais intenso dos conteúdos a serem estudados, com a realidade, haverá um desempenho muito mais rápido, por isso que o professor é um catalisador. 2.3 Tendência Libertadora ou Escola de Paulo Freire Para falarmos de Paulo Freire, duas coisas não podem faltar, o homem e a escola. O homem como ser histórico porque ao longo da história as coisas se transformam. Por exemplo, se olhar para você hoje, verá que você é um conjunto de atributos que foram construídos historicamente pelos seus ancestrais. O que reproduzimos ou manifestamos hoje é fruto de uma cultura que foi construída ao longo dos anos. Que além de trazer consigo uma bagagem histórica que representa a cultura, esse homem está em constante transformação. Se o homem está em constante transformação não dá para se criar uma ideia determinista do ser humano. Por exemplo, na ideia determinista analfabeto nasceu para ser analfabeto,quando o correto é, analfabeto nasceu para ser alfabetizado. Porque dentro do processo evolutivo, o homem tem condições 22 enquanto ser humano de ser alfabetizado, de ter uma vida melhor não somente no aspecto individual quanto no aspecto social, com mais garantias e com mais dignidade. Para Paulo Freire, é na educação que se encontra a possibilidade de transformação do homem. A “Pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica definida”. Em seu livro Filosofia da Educação, o autor discorre sobre a relação existente entre a Pedagogia e a Filosofia e busca clarificar as perspectivas das relações entre educação e sociedade. (SANTOS, 2012, S/p., apud LUCKESI, 1994). Assim sendo, quando se fala em capacidade transformadora, estamos falando do indivíduo enquanto um ser histórico que a partir da sua racionalidade ele se transforma e transforma o meio, assim sendo, para desenvolver a racionalidade é preciso educação. Esta é uma dimensão filosófica do pensamento de Paulo Freire que o homem está em constante transformação e que nós podemos estimular essa mudança. A escola não é um mero espaço, ela é um ambiente de transformação social. Ao imaginar a escola por escola, teremos prédios, com salas, cadeiras, quadros, gizes, que nesse caso é concebida como um espaço em que as pessoas frequentam e representam uma instituição socializadora. Porém, ao pensar na escola como ambiente, deve-se, pensar o que essa escola está produzindo. Se a sociedade for pobre, com deficiências, com analfabetismo, a instituição capaz de transformar essa realidade é a escola. Essa é a base da escola libertadora. 2.3.1 Conteúdos Na escola de Paulo Freire não se valoriza o programa curricular formal. Importante O programa curricular formal é o que a LDB chama de base comum da educação e que as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, defendem. As disciplinas da base comum (língua portuguesa, matemática, ciências, música, língua estrangeira moderna) são necessárias para a formação do indivíduo nos moldes do Estado Brasileiro. 23 Ele denomina esse programa curricular formal de Educação Bancária. Que quer dizer que nesses moldes, os conteúdos são depositados dentro dos estudantes, que precisam guardar esses conteúdos, mas que nem sempre consegue articular o uso deles com as necessidades sociais. Os estudantes não são estimulados a utilizá-los de forma crítica e prática. Por exemplo, é ensinado para o estudante, matemática, ciências, onde é depositada uma série de conteúdos onde o professor aplica a prova, o aluno responde, porém, quando ele está diante de um problema real o estudante não consegue usar esses conteúdos para resolver esse problema prático no dia a dia e que, muitas vezes representa uma necessidade social, como a compreensão efetiva dele mesmo enquanto cidadão. Sendo esta a crítica que Paulo Freire faz do Programa Curricular Formal, por ele ser uma mera educação bancária. Na tendência libertadora são valorizados os temas geradores, sendo os currículos representados por esses. Os temas geradores são temas que condizem com a realidade do estudante. Esses podem ser os ligados à participação social, ao trabalho, às relações sociais. Segundo Paulo Freire, para desenvolver esses temas gerações, é necessário: Valorizar as experiências trazidas pelo aluno à escola - Na escola tradicional, quando o aluno chega na escola é como se ele fosse um papel em branco e o professor da escola tradicional que é transmissor de informações, irá, informar e registrar essas informações nessa folha de papel em branco. Então o aluno irá acumular conhecimentos que foram retirados de obras, de manuais, de livros etc. então o aluno é uma folha de papel em branco que começa a receber um registro. Diálogo entre educador e educando – isso prova a relação horizontal entre professor e aluno. O importante é que exista uma relação horizontal entre professor e estudante. Construção do conhecimento – o professor não reproduz textos de livros e de apostilas, ele criou conhecimento junto com o aluno. Para Paulo Freire é importante que o conhecimento seja construído por estar fielmente ligado a realidade do educando. A transmissão de conteúdos pré-elaborados por manuais, livros e apostilas, tende 24 a reproduzir as ideias dominantes e, isso significa reproduzir a desigualdade social, ou seja, o professor faz o aluno entender a sociedade sob o ponto de vista das classes dominantes. Assim sendo, a realidade é que medeia a relação entre professor e aluno, pois a conclusão entre o diálogo professor e estudante, é a consciência sobre a sociedade e consequentemente o reconhecimento das ideias dominantes. Paulo Freire condena a dominação e apresenta uma situação que é a opressão. Para ele as ideias dominantes oprimem o indivíduo, as classes mais pobres e a massa popular. Então, nós temos um estado de opressão na sociedade causado pelas classes dominantes. Esse estado dominante pode ser superado por meio da: Superação do estado dominante Fonte: Elaborada pela autora (2016) Importante Você deve estar se perguntando: como o indivíduo consegue perceber essa realidade, de que ele está sendo oprimido? Só há uma maneira de chegar à ação – reflexão – ação, que é por meio da educação. Você deve estar se perguntando: como o indivíduo consegue perceber essa realidade, de que ele está sendo oprimido? Só há uma maneira de chegar à ação – reflexão – ação, que é por meio da educação. 25 2.3.2 Finalidade da Educação Abbagnano, (1962, p. 289) diz que “a palavra finalidade refere-se a algo que se destina a um alvo, a uma meta” e a finalidade da educação é formar uma consciência crítica. Silva (2013, p.4) corrobora ao dizer que: [...] do ponto de vista da sociedade, em constante conflito e longe da homogeneização, a educação assume finalidades diferentes, muitas vezes não explícitas teoricamente, mas efetivadas na concretude das relações e ações do dia a dia. Para Paulo Freire adultos também têm direito a serem educados. 2.4 Tendência crítico-social dos conteúdos Essa teoria surgiu entre as décadas de 1970-1980 pelo professor José Carlos Libâneo. Nessa época o Brasil buscava um processo de escolarização que realmente ensinasse que incluísse o indivíduo no mundo do trabalho. Não bastava apenas humanizar, democratizar a educação, ela teria que ser eficiente. Os conteúdos universais que são os da base comum (linguagem códigos, cálculos), aqueles que todos devem conhecer/saber, precisam ser difundidos. O indivíduo tem que ser educado levando-se em consideração esses conteúdos universais. Porém esses conteúdos têm que estar ligados à realidade social. Na tendência crítico-social dos conteúdos, Libâneo (1994) fortalece o papel da escola, para ele, “um conteúdo não pode se dissociar da realidade social, porque a escola é parte integrante da sociedade, portanto, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação”. (LIBÂNEO, 1923, p. 39). Maneschy (2012, p. 10), os: Os Conteúdos de ensino - São os conteúdos culturais universais que se constituíram em domínios de conhecimento relativamente autônomos, incorporados pela humanidade, mas permanentemente reavaliados face às realidades sociais. Embora se aceite que os conteúdos são realidades exteriores ao aluno, que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados eles não são fechados e refratários às realidades sociais. Não basta que os conteúdos sejam 26 apenas ensinados, aindaque bem ensinados, é preciso que se liguem, de forma indissociável, à sua significação humana e social. Com isso, podemos observar que tanto Paulo Freire quando Luckesi, Libânio, entre outros, concordam que os conteúdos devem fazer parte da realidade social dos estudantes. 2.4.1 A escola Tem o papel de preparar o indivíduo. Libâneo fortalece o papel da escola, assim sendo, é ela a responsável por essa difusão. Para ele, para difundir corretamente esses conteúdos e preparar o indivíduo a escola tem que oferecer uma educação de qualidade. Porém, Libâneo (1990) observou e estudou as condições sociais do Brasil e, sabendo que o país não tem totais condições previu que a escola vai reclamar que não tem estrutura. Até porque a escola é a responsável por difundir os conteúdos e dar educação de qualidade. Com isso, a escola tem esse desafio de promover uma educação de qualidade, mas dentro das suas estruturas. O princípio é independente da situação estrutural, polícia da escola, ela tem que oferecer uma educação de qualidade. 2.4.2 O papel do professor O papel do professor é importante porque ele é um mediador, contribui com o aluno para que ele perceba a realidade que está ao seu redor. Em concordância com a Pedagogia de Paulo Freire, Libâneo (1994) entendem que é a realidade que vai mediar a relação entre professor e estudante. O professor apresenta desafios ao aluno. O estudante tem uma visão própria da sociedade que é fragmentada e desorganizada da sociedade. O aluno sabe o que existe no cenário social em que ele vive, por exemplo, o que acontece na atualidade com o país, com os governos, com a questão dos esportes, da violência, das questões econômicas etc., porém ele não tem uma visão das causas e consequências. Quando esse aluno ingressa na escola, há um processo de intervenção do professor, que é um processo de orientação e que a partir dele, agora o 27 estudante passa a ter outra visão da sociedade. Uma visão organizada e unificada. Concluindo a grande função do papel da escola e do papel do professor para a tendência crítico-social dos conteúdos é passar uma visão organizada da sociedade, porém com criticidade e essa criticidade, tem que levá-lo à autonomia, da mesma forma que Paulo Freire queria a emancipação do indivíduo por meio da ação – reflexão – ação. A última ação representa a emancipação, ou seja, o indivíduo deixa de ser heterônomo e se torna autônomo. Resumo da aula 2 Nesta aula vimos as tendências progressistas, que se divide em três, a libertadora, libertária e a critico social dos conteúdos. Podemos analisar que entre elas o que há de incomum é a questão daquilo que faz sentido pro aluno na sua vida social. Os conteúdos são produzidos e elaborados para a vivencia do aluno em sociedade. Atividade de Aprendizagem Como se caracteriza cada uma das pedagogias denominadas progressistas? Aula 3 – Tendências Pedagógicas no contexto contemporâneo Apresentação da aula 3 Nesta aula abordaremos sobre as tendências pedagógicas no contexto contemporâneo. Verá que a atuação do professor deve acompanhar as tendências pedagógicas atuais que envolvem as tecnologias e o aluno do século XXI. 28 3 As tendências pedagógicas e as tecnologias Educação contemporânea Fonte: ©Frrepik Nas aulas 1 e 2 vimos as tendências pedagógicas que fizeram e que ainda fazem parte do processo educativo no nosso país. “Mas, será que elas ainda estão vigentes e se aplicam aos alunos das gerações Z e Alpha?” Conhecer as tendências pedagógicas nos dá possibilidades históricas da trajetória da educação brasileira ao longo dos anos. Vimos que as tendências pedagógicas sempre acompanharam os momentos socioculturais que ocorreram desde a chegada dos Jesuítas ao Brasil até as décadas de 80 e 90. Desse período até os dias atuais muitas coisas mudaram, principalmente o advento das tecnologias que permitiram as possibilidades de o professor inovar suas aulas e sua didática. É fato que não podemos fechar os olhos para essa nova realidade ainda que os professores utilizem as tendências mais adequadas de acordo com as mudanças históricas. Isso não significa dizer que o professor deve escolher uma tendência para se apoiar em sala de aula e sim, que ele pode utilizar várias 29 tendências desde que essas lhe apoiem de maneira satisfatória em suas práticas pedagógicas. Com o advento da internet muitos profissionais adentraram os muros das escolas, porém o professor também ultrapassou os muros da escola e passou a atuar fora dela (veremos quais são com detalhes na próxima aula). O contexto da Educação a Distância leva-nos a repensar os paradigmas que norteiam a prática pedagógica uma vez que nessa chamada “era da informação”, a prática docente vem sendo obrigada a se reconfigurar diante das transformações nas relações entre sociedade e técnica, levando-nos a também refletir sobre as tendências que norteiam a práxis pedagógica. (MATOS; SANTOS, 2012, p. 2). Atualmente, a prática pedagógica deve ser pensada a partir de um outro espaço, o espaço virtual. Não dá mais para atuarmos da mesma forma que atuamos a poucos anos atrás, pois o espaço de tempo entre as tecnologias, as inovações e a velocidade da informação estão cada vez menores e com isso, o professor é desafiado a buscar novas formas de atuar, para um público cada vez mais antenado e conectado. Hoje, além de dominar o conteúdo, é preciso ter conhecimento técnico e desenvoltura para saber gravar vídeos e compartilhá-los na internet para que seus alunos se engajem mais com a matéria a qual estão estudando. Além disso, é preciso saber identificar cada vez mais rapidamente e melhor as dificuldades e as facilidades de cada estudante, para que o ensino oferecido possa ser cada vez mais personalizado, além de ter a eficiência como objetivo a ser perseguido. Essas são algumas das demandas que a educação no século XXI - e, principalmente, os alunos do século XXI - apresentam a cada dia (STARLINE, 2016, p. 3) Diante do exposto, é preciso que o professor utilize-se das tendências pedagógicas contemporâneas, porém, não deixando de analisar a realidade do Brasil com relação às políticas públicas que envolvem a educação. Na aula passada falamos das tendências progressistas. Quero lhe chamar a atenção especificamente para a Tendência Progressista Crítico-social dos Conteúdos quando Libâneo (1994) pensou nessa realidade ao observar e estudar as condições sociais do Brasil e, sabendo que o país não tem totais condições previu que a escola vai reclamar que não tem estrutura. 30 “E o professor? Como atuar em meio às dificuldades enfrentadas pela escola e a realidade tecnológica em que os alunos utilizam naturalmente no seu dia a dia? Ele deve esquecer as tendências estudadas ou deve aproveitar o que cada uma tem de melhor para lhe subsidiar em sala de aula?” Considerando que “as Tendências Pedagógicas são práticas pedagógicas que foram muito influenciadas pelo momento cultural e político da sociedade, pois foram levadas à luz graças aos movimentos sociais e filosóficos”. (FOGAÇA, 2016, S/p), o professor deve utilizar a tendência mais adequada, conforme surgem novas situações. No atual contexto, não se deve mais ensinar a ensinar, mas sim a compartilhar, uma vez que a sociedade do conhecimento busca por profissionais que saibam se relacionar dialogicamente, em conjunto, de forma organizada e colaborativa. 3.2 A cada nova situaçãoque surge, usa-se a tendência mais adequada Começo esse subitem analisando o que ensinar e para quem ensinar no século XXI. Para essa análise foi necessário entender quem são os alunos do século XXI, como eles se comportam frente às Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC) e quais seus interesses. Sabemos que as gerações foram divididas em Geração Sileciosa, Baby Boomers, Gerações A, X, Y, Z e Alpha. Irei me ater às gerações A, X, Y, Z e Alpha para que você entenda como sua prática em sala de aula pode ser influenciada por cada geração. Começarei pela geração X deixando as gerações A e Alpha para o final. Curiosidade Para saber sobre as Gerações X e Baby Boomers, acesse o site: http://www.pucsp.br/estagios/entendendo-geracoes- veteranos-boomers-x-e-y 31 3.2.1 Geração X A geração X é representa pelas pessoas que nasceram nas décadas de 1960 e 1970. Passaram por uma forte transformação dos valores sociais durante seus anos de formação, reagem contra excessos de idealismo se tornando céticos, pragmáticos, individualistas e pouco impressionados com autoridades. São adaptáveis, equilibrados e mais confortáveis com a comunicação informal. A tendência pedagógica vigente nessas décadas era a Tendência Tecnicista, que conforme vimos na aula 1, no Brasil a escola tecnicista veio influenciar o currículo, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, influenciou bastante a educação brasileira. 3.2.2 Geração Y A geração Y nasceu por volta da década de 1980. Essa geração em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanços na tecnologia e na comunicação eletrônica, cresceu em meio a um clima político e global inconstante e com a grande exposição à cultura popular e à diversidade. Não respeita modelos tradicionais e tem dificuldades de concentração em uma só tarefa. A tendência pedagógica utilizada na década de 1980 foi a Tendência Progressista Libertária. Na tendência Libertária, o professor lança desafios para o estudante, é mediador, orientador e é catalisador, ou seja, ele contribui para o aceleramento do desempenho da compreensão do estudante na realidade e sobre realidade dele. Na Tendência Libertária o currículo e o método não vêm de cima para baixo, ou seja, não é o Estado que decide e sim, o próprio conselho da escola. Na escola libertária há um distanciamento da burocracia do Estado. Analisando a geração e a tendência, podemos observar que se encaixam em seus momentos históricos. Isso demonstra a importância que há em conhecer as tendências pedagógicas passadas para novas práticas pedagógicas do presente. 32 3.2.3 Geração Z A Geração Z nasceu no final da década de 1990 e a questão tecnológica é natural para elas, por isso são chamadas de “nativos digitais”, ou seja, uma de suas características é nunca terem visto o mundo sem tecnologias. Há várias outras características que marcam essa geração, porém, não vamos nos ater a elas. Bom, se por um lado os nativos digitais nasceram no final da década de 1990, por outro lado a tendência pedagógica vigente no Brasil era a Crítico-social dos Conteúdos que privilegiava principalmente a qualidade do ensino, ou seja, não bastava apenas humanizar, democratizar a educação, ela teria que ser eficiente. Essa é a geração adolescente mais antenada com as tecnologias e isso tem sido um desafio para os professores, pais e sociedade em geral. Um desses desafios está na geração de professores que em sua maioria são imigrantes digitais dando aula para nativos digitais. E como estrangeiros podem ensinar um nativo? É com esse cenário que nos deparamos nas escolas atuais, em que alunos e professores usam e entendem “linguagens” diferentes. Enquanto o professor escreve na lousa, o aluno quer tirar fotos com seu celular. Enquanto a escola oferece livros didáticos, a turma encontra respostas rápidas na Wikipédia. E as dúvidas se acumulam: será melhor permitir o uso de tecnologia digital? Quando ela é benéfica ao processo de ensino-aprendizagem? Como despertar o interesse desses alunos no mundo offline? Como se comunicar com ele de forma mais eficiente? (LORENZONI, 2016, S/p). Essas perguntas muitas sem respostas precisam ser analisadas e contextualizadas para que se possa identificar qual ou quais tendências se encaixam na realidade do aluno da geração Y. Mas, uma coisa importante que é de fato urgente, é a conscientização de que a sociedade e as pessoas que a compõe precisam de educação que condizem com suas realidades e, como diz o professor Libâneo (1994) já citado nesta mesma aula, a escola não pode simplesmente cruzar os braços e dizer que não tem condições de fazer isso. 33 3.2.4 Geração A A geração “A” diferente das demais gerações, não abrange todos os nascidos em uma determinada época. Essa geração é composta por pessoas que hoje têm entre 60 e 75 anos e que se atualizou e não parou no tempo com relação às tecnologias. Eles cuidam da saúde, namoram, viajam, estão antenados com aparelhos tecnológicos e estudam. Geração A Fonte: ©Freepik Nem todas as pessoas na idade que identifica a Geração A pertencem a ela, pois muitas pessoas consideradas da terceira idade, não conseguiram acompanhar o mundo tecnológico. Elas vivenciaram praticamente todas as tendências educacionais que ocorreram no Brasil, porém apesar de essa geração estar entre 60 a 75 anos, ela vive essa geração nos dias atuais. E qual tendência utilizar já que eles voltaram a frequentar a sala de aula? Aqui se encaixa a Tendência Progressista Libertadora ou Escola de Paulo Freire, uma vez que uma das ideologias de Paulo Freire é a concepção de homem como ser histórico, porque ao longo da história as coisas se transformam e, se o homem está em constante transformação não dá para se criar uma ideia determinista do ser humano. 34 Paulo Freire utilizou métodos para alfabetização de jovens e adultos que utilizam as experiências trazidas pelos estudantes, pois entende que como ser histórico, o homem traz consigo uma bagagem muito grande de conhecimento. 3.2.5 Geração Alfa Nascidos na década de 2010 e os que estão nascendo na atualidade fazem parte da geração Alpha. Entendem as tecnologias como algo natural, que fazem parte do seu dia a dia e que não é algo novo para eles. Os nativos da geração Alpha serão um desafio ainda maior porque sabem manusear aparelhos tecnológicos desde seus primeiros anos de vida. Falar de tendência pedagógica nesse contexto requer falar de atualização, de estudos e principalmente de pesquisa por parte dos professores para que ao ensinar possam levar para esses alunos algo que seja plausível para eles. Ao pensar em um professor que não procura se atualizar e entender como aprendem os nativos digitais dando aula para essa geração. “Qual didática utilizarão? Quais materiais apresentarão em sala de aula?”. Quando o professor utiliza métodos e metodologias da mesma época em que estudou, ele obrigada o aluno a retroceder para uma época que ele nunca vivenciou. Obrigar o aluno a estudar nos mesmos moldes de décadas atrás, é não prepará-lo para vivenciar as tendências que tanto a sociedade quanto o mundo do trabalho exigem. Para os especialistas a geração Alpha realmente é uma geração mais evoluída e junto com eles, vem o desafio de se ter uma revolução da educação, tanto nas escolas quanto nas atitudes dos pais (PAIS & FILHOS online, 2016). A tendências educativa para essa geração é de uma educaçãocustomizada cujos materiais devem ser idealizados sob medida para os estudantes, uma vez que “o foco de um sistema de informação para a Educação deve ser o ensino e a aprendizagem, priorizando o aprendiz” (MATOS e SANTOS, 2012, p. 3, apud CARDOSO e BURNHAM, 2010). A Revista Pais & Filhos (2016, S/p.) corrobora ao dizer que: [...]nas escolas, a tendência é que o foco deixe de ser o conteúdo para se tornar o aluno. Ele é quem estará no centro. Os especialistas acreditam que o professor será um mentor, as aulas serão baseadas 35 em projetos, as classes vão misturar crianças de idades e perfis diferentes. Tudo isso dito no futuro porque essas ideias estão apenas começando a brotar nas escolas brasileiras. Porém, apesar de toda essa revolução, é importante dizer que o papel do professor não será substituído pelas tecnologias, pois elas são ferramentas que ajudarão o professor a mediar o conhecimento por meio delas. Atualmente, o professor além de dominar conteúdos, deve se atualizar com relação às novas tecnologias, utilizá-las a seu favor em sala de aula e principalmente valorizar o aluno e seus contextos sociais e suas bagagens de conhecimentos. Resumo da aula 3 Esta aula abordou sobre as tendências pedagógicas no contexto contemporâneo. Através dessa aula pudemos refletir sobre a atuação do professor de acordo com as tendências pedagógicas atuais e o envolvimento tecnológico. O professor além de dominar o conteúdo precisa apropriar-se e utilizar a tecnologia. Para que haja uma melhor compreensão esta aula abordou sobre as gerações X, Y, Z, A e Alfa. Atividade de Aprendizagem Analise a qual geração você pertence, em seguida verifique de qual geração são seus alunos. Após essa análise reflita qual tendência você utiliza em sala de aula. Aula 4 – A Pedagogia e as suas diversas áreas de atuação Apresentação da aula 4 Esta aula irá abordar as diversas possibilidades de atuação do pedagogo. Sobre a educação formal, educação informal e educação não formal. 36 4.1 A Pedagogia e as suas diversas áreas de atuação Durante muito tempo a formação do pedagogo se restringia apenas à sala de aula. Ainda que a educação formal, informal e não formal acontecessem, a perspectiva da atuação desse profissional, acontecia principalmente nas escolas. Com o advento da internet e principalmente com a expansão da Educação a Distância no Brasil, a partir do artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases LDB 9.394/96, o cenário educacional recebeu novos profissionais que antes eram vistos apenas nas empresas. Designers Gráficos, Designers Educacionais, Técnicos em Informática são uns desses profissionais que adentraram os muros da escola. Por outro lado o Pedagogo também teve a oportunidade de atuar em hospitais, empresas, presídios, Organizações não Governamentais (ONG) etc. Atualmente, é dado a esse profissional e ao seu campo de atuação outras oportunidades tão importantes quanto à docência, uma vez que a ação educativa está presente em todas as esferas da nossa sociedade. Assim sendo, proporcionaremos nesta aula, uma visão holística de um novo cenário para a sua atuação. Vocabula rio Visão holística deriva da palavra grega “holos” que significa “todo”,“inteiro”, “completo”. Quer dizer que você vai julgar qualquer proposta ou assunto como um todo não por partes. 4.2 A Escolha da Pedagogia Por diversas vezes ouve-se de pedagogos que o motivo pelo qual escolheram a pedagogia era a ausência da matemática. Com esse pensamento muitos perderam pelo caminho e outros se descobriram apaixonados por ensinar. O problema não está em fugir da matemática e sim, pelo fato de que a atuação pedagógica requer conhecimentos que na atualidade foram acrescidos 37 de áreas como a neurociência, a neuropsicopedagogia, as tecnologias, dentre outras. O conhecimento pedagógico contemporâneo requer do professor muito mais que os conhecimentos didáticos, pois o estudante está cada vez mais conhecedor do seu papel e onde buscar informações. É comum vermos profissionais de diferentes áreas atuando no contexto educacional, mas também é comum vermos esses profissionais se atualizando, buscando conhecimentos pedagógicos, aliando os seus conhecimentos específicos à prática da sala de aula. Isso é muito bom, pois quanto mais o professor busca esse conhecimento, mais entenderá o seu papel dentro e fora da sala de aula. O aluno ao ingressar no curso se depara com muita leitura, estágios, trabalhos práticos e desafios que os fazem avançar ou retroceder. 4.3 Educação Formal, Educação Informal e Educação Não Formal Para entendermos o contexto da atuação do pedagogo em espaços não escolares, se faz necessário entender primeiro o que é educação formal, educação informal e educação não formal. Rodrigues (S.d. apud GOHN, 2006) explica que a educação se divide em três formas a educação formal, educação informal e educação não formal. Educação formal é desenvolvida nas escolas. É uma educação de modo racionalizado e instrumental, onde o processo de ensino é segmentado. A educação formal é legalizada no Brasil pela Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96. Foi regulamentada no Brasil pelo Ministério da Educação, pelos Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais, Secretarias de Estado da Educação e dos Parâmetros Curriculares Nacional. Considerando que a educação em forma de ensino aprendizagem acontece em diversos espaços e contextos. Educação informal acontece em espaços fora da escola e decorre de processos naturais e espontâneos. A educação informal possibilita aquisição e acúmulo de conhecimentos, por meio de experiências cotidianas e corriqueiras, seja em casa, no trabalho 38 ou no lazer. Trata-se de uma prática lúdica, cultural, política e social. Educação não formal ocorre quando existe a intenção de determinados sujeitos em criar ou buscar alguns objetivos fora do ambiente escolar. Desde os primeiros tempos não se consegue categorizar adequadamente o que é a educação não formal. No entanto ela está cada vez mais ligada à educação social, uma vez que é realizada fora do espaço e do tempo escolar. Após verificarmos que a possibilidade de educação acontece dentro e fora da sala de aula, o processo educativo não poderia ficar centrado em apenas uma modalidade, apenas um espaço, ou em apenas um método. Por isso, Rodrigues (apud CANDAU, 2010), fala da importância do reconhecimento de espaços não formais de educação nos tempos atuais como novos espaços educativos ao dizer que se trata de: [...] novas práticas sociais como múltiplas formas de se relacionar com o conhecimento. [...] Todo processo educativo não pode ficar centrado apenas numa modalidade educativa e em um único espaço, visto ser necessário o estudo teórico-metodológico de todas as possibilidades (RODRIGUES, S.d. p. 3 apud CANDAU, 2010, S/p.). Após essa explanação podemos afirmar que a educação não formal proporciona a “aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços não formais” (RODRIGUES S.d., p. 4). Libâneo (2008, p. 89) refere-se à educação não formal, como: Atividades com caráter de intencionalidade, porém com baixo grau de estruturação e sistematização, implicando certamente relações pedagógicas, mas não formalizadas. Portanto, atividades de práticas educativas sociais desenvolvidas de forma direcionada e com um objetivo definido. Ou seja, a aprendizagem acontece, o sujeito aprende, conhece e adquire competências e habilidades, porém não precisa de regulamentaçãopara que essa aprendizagem aconteça. Como enfatiza Steffani (2011), o conceito de escola se expande muito além dos muros dela, incluído todas as relações pessoais e coletivas, que incorporam tanto o ensino formal quanto o ensino não formal. 39 Os espaços não formais de educação possuem um perfil multidisciplinar, que é aquele que “apresentam novas configurações sócio-históricas e podem tornar uma experiência determinante na formação cidadã, promovendo educação para direitos humanos, políticos, culturais e sociais” (RODRIGUES, RIBEIRO, S.d., p.6). Assim sendo, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação apresenta boa parte desses espaços como atividade de divulgação e popularização dessas três áreas: ciências, tecnologia e inovação. Saiba Mais Para saber mais sobre Políticas Públicas Educacionais em espaços não formais, acesse: http://www.anapolis.go.gov.br/revistaanapolisdigital/wpconte nt/uploads/2013/03/Olira-Rodrigues.pdf Muitas mudanças aconteceram e estão acontecendo no cenário da educação e nos espaços em que ela acontece. Esses espaços proporcionam aos alunos de todas as modalidades o aguçar e o despertar da curiosidade em um passeio pelo universo de possibilidades para que esses estudantes aprendam a aprender. Uma aprendizagem por descoberta e pelo reconhecimento da importância e da necessidade de práticas educativas que acontecem para além da escola, transformando-se em uma aprendizagem mais significativa. 4.4 Mudança no cenário atual Na aula 3 vimos que as tecnologias e as gerações trouxeram um novo cenário para o ambiente escolar. Professores e alunos estão cada vez mais antenados e conectados. Se pensar na escola como ambiente e não como espaço, perceberá que ela não é apenas o local para receber estudantes e sim, um espaço onde se constrói identidades. Novas possibilidades foram surgindo, não somente na atuação do professor, mas também, na elaboração de materiais didáticos, na inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), dos aparatos tecnológicos, 40 das redes de Wifi e com essas possibilidades a necessidade de técnicos com conhecimentos específicos nessas áreas. Alguns professores infelizmente utilizam a tendência Liberal tradicional e outras utilizam as tendências progressistas e suas vertentes. É fato que muitos professores utilizam a tendência tradicional, não só por falta de conhecimento, mas pensando na realidade da escola atual o cenário mudou, mas ainda falta muito para que o processo educativo mude e o que contribui para isso, são números elevados de alunos em sala de aula, baixos salários que obrigam os professores a trabalharem os três períodos, impedindo-os de se atualizarem, de inovarem e até mesmo de prepararem conteúdos inovadores aplicando didáticas que utilizam ferramentas tecnológicas. 4.5 Locais de atuação do pedagogo Além da sala de aula, da coordenação ou da própria atuação como pedagogo, são inúmeras as possibilidades de atuação desse profissional, conforme veremos a seguir algumas delas. 4.5.1 Pedagogia empresarial Pedagoga empresarial Fonte: ©Freepik 41 Por muito tempo o papel de treinar pessoas dentro das organizações era exercido pelo psicólogo. Ele tinha o papel de analisar o clima organização e fazer levantamento das necessidades de treinamento e, encaminhar os colaboradores para cursos externos ou ele mesmo ministrava esses treinamentos na própria empresa. Atualmente, esse papel é exercido pelo pedagogo empresarial, que além de assumir esses papéis, identifica talentos em potenciais, treina multiplicadores de treinamento dentro de dos setores das organizações. O pedagogo empresarial atua principalmente no setor de Recursos humanos, cujo salário de 33% dos pedagogos empresariais é em média acima de quatro mil reais”. (CERONI, 2006, p. 7). Outros setores de atuação são gestão da qualidade e relacionamento e educação corporativa. 4.5.2 Pedagogia hospitalar O pedagogo dentro da pedagogia hospitalar vai fazer um papel social e humano e valorizar quem está fragilizado naquele momento. O profissional precisa possuir características para atuar nesta área, além da formação na área, o emocional precisa ser controlado. Conteúdo trabalhado dentro o do processo do hospital, não tem as mesmas características que em sala de aula. No momento de fragilidade em que a criança encontra-se não tem como realizar as mesmas cobranças que são realizadas em sala de aula. A metodologia é fora do contexto da sala de aula, deve buscar, verificar e averiguada a ideal para aquele momento. 4.5.3 Pedagogia nas ONGs Nas ONGs os pedagogos atuam em diversos setores, porém predominantemente na área de gestão de projetos. Mas também atua nos seguintes setores desenvolvimento comunitário, recursos humanos, educação complementar qualificação profissional, operações técnicas e escola. “Nas ONGs os salários estão mais distribuídos em todas as categorias” (CERONI, 2006, p. 7). 42 4.5.4 Pedagogia Carcerária A Constituição Federal de 1988, no artigo 205, diz que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Esse “todo” engloba a população carcerária que de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (DEPN) gira em torno de 574.027 mil detentos. Para Novelli, Louzada (2012, p. 71): A educação é um direito social garantido pela Constituição (BRASIl, 1988, art 6º e 205) e não um privilégio. Portanto, entende-se que a educação prisional não está excluída desse direito conforme o art 1º, inciso III, art 5º, § 2º. Assim sendo, a atuação do pedagogo é necessária para atender as legislações vigentes sobre a população carcerária. Nesse caso o pedagogo irá atuar como coordenador pedagógico ou como professor, sendo a segunda a função principal. No Paraná com os adicionais de periculosidade pagos pelo Governo do Estado, o salário dos professores e profissionais da educação que atuam em unidades prisionais aumenta em 130%. Somados os adicionais, os quinquênios, as gratificações por risco de vida, gratificação de zona e insalubridade, a média de salários de professores que trabalham nos presídios do Paraná fica em torno de R$ 12 mil. Nesse valor também conta o nível e a classe que o professor está na carreira, mais o auxílio-transporte. Por exemplo, um professor que tem um salário base de R$ 4 mil, somente com as gratificações de insalubridade a remuneração já ultrapassa os R$ 9 mil. (GOVERNO DO PARANÁ, 2015, S/p.) Porém, não podemos esquecer que apesar da remuneração, é importante não esquecer o foco que é a reintegração social dos estudantes presos e que não está imune às rebeliões que ocorrem no sistema prisional. 43 4.5.5 Educação a Distância Conforme o Senso da EAD (ABED), as matrículas em 2014 somaram 519.839 nos cursos regulamentados totalmente a distância, 476.484 em cursos regulamentados semipresenciais ou disciplinas EAD de cursos presenciais e 2.872.383 em cursos livres, totalizando 3.868.706 registros Dentro da EAD, o aluno estará em um espaço geográfico diferente do professor, porém mediado pelas tecnologias, o aluno possui a versatilidade de estudar em um momento propício a ele, por esse motivo a EAD se tornou viável. 4.5.6 Designer Instrucional/EducacionalFalaremos do Designer Instrucional/Educacional dentro da EAD. O Designer Instrucional é o profissional que trabalha o material que será disponibilizado ao aluno. Realiza a leitura, e o transforma o texto científico em texto dialógico, para que o aluno sinta que a presença do professor neste material. 4.6 Mudanças no Cenário Atual Devemos ter um olhar clínico mediante as mudanças de cenário na educação brasileira. Não estamos falando de um olhar médico, e sim aquele que perpassa o aluno como ser histórico, e da possibilidade para entender como meu aluno aprende e como eu ensino. A partir do momento que conheço meu aluno, sei das suas necessidades ou suas possibilidades, potencialidade, começo a ver o aluno de outra forma e mediar o conhecimento e aprendizagem melhor. Resumo da aula 4 Nesta aula vimos que sobre a atuação do pedagogo dentro e fora dos muros da escola, a abertura do leque de possibilidades de atuação do pedagogo. Abordamos também sobre a educação formal, informal e não formal. 44 Resumo da disciplina Na disciplina Tendências do Pensamento Pedagógico Contemporâneo foram abordadas a Tendências Pedagógicas Liberais e Progressistas. Na qual foi explanado que as tendências pedagógicas liberais se dividem em Escola Tradicional; Escola Renovadora Progressiva ou Progressivista que por sua vez se divide em Diretiva e Não-diretiva e que, que a ideia de Tendência é literalmente uma “moda” que de acordo com as necessidades sociais e filosóficas foram sendo disseminadas na escola. Com relação às Tendências progressistas foi explanado que a grande função do papel da escola e do professor é de mediação, de trabalho em grupo e principalmente de educação de qualidade. Após a visão das tendências vigentes no Brasil, contextualizamos as tendências pedagógicas no contexto atual, enfatizando as gerações e as mudanças no cenário educacional com relação às tecnologias. E por fim falamos das possibilidades de atuação do professor além dos muros da escola. 45 REFERÊNCIAS ABBAGNO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi (et.al). 2ª. Ed. São Paulo: Mestre Jou, 1962. BRASIL. Casa Civil. Governo do Paraná. Com gratificações, salário de professor que leciona em presídios aumenta 130%. Disponível em: <http://www.casacivil.pr.gov.br/2015/06/84602,10/Com-gratificacoes-salario-de- professorque-leciona-em-presidios-aumenta-130.html>. Acesso em: 5 Nov. 2016. BRASIL. Educação no sistema prisional. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade- legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/ce/arquivos/seminario- educacao-no-sistema-prisional>. Acesso em: 5 Nov. 2016. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases Nº 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 5 Nov. 2016 BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 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