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DIDÁTICA - AULAS - TEMAS 1 A 6 (História Estácio)

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DIDÁTICA
AULA 1
CONCEITO DE DIDÁTICA E SUA ORIGEM
VISÃO GERAL
Este tema é referente ao Conceito de Didática e sua Origem. Abordaremos a
construção histórica de Didática e sua efetivação como um campo de conhecimento da
Educação.
Compreender o conceito e a origem da Didática é importante para pensar sobre as
teorias de ensino e os métodos no processo de ensino e aprendizagem.
OBJETIVOS
1. Descrever conceitos fundamentais de didática e sua importância;
2. Explicar os desafios do ofício pedagógico;
3. Relacionar conceitos comenianos às práticas didáticas atuais.
CONCEITUAÇÃO
Vamos fazer uma reflexão:
1. Pense em você quando criança e em uma aula da sua matéria favorita.
2. Agora, pense na postura daquele professor ou professora que conseguiu cativar
a sua atenção, fazendo com que você tivesse mais simpatia pela matéria
lecionada.
3. Por último, pense em todos os atributos que esse profissional tinha que
conseguiam prender a sua atenção.
Já passou pela sua cabeça a quantidade de planejamento, treinamento e reflexão que
esse mesmo professor (ou professora) teve de percorrer para estar naquela sala de
aula?
Para que esse profissional estivesse na sua frente, foi trilhado um caminho que
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chamamos de Formação de Professores. E a Didática é uma parte primordial desse
caminho.
Ela é, efetivamente, um conjunto de procedimentos e métodos para instrução do ensino
aliada à Teoria Geral do Processo de Ensino e Aprendizagem (falaremos mais sobre
esse processo a seguir).
Saiba mais: você sabia que a Didática também é considerada uma ciência pedagógica? Por conta dessa
definição, todos os cursos de Pedagogia e Licenciaturas exigem essa disciplina nocurrículo, tornando-a parte
donúcleocomum eobrigatóriodaformaçãoacadêmicanesses cursos.
A Didática é um elemento pedagógico imprescindível para a docência, seja ela em
qualquer nível (ensino básico ou superior) ou modalidade (presencial ou a distancia).
Didática também pode ser entendida tanto como ciência quanto como arte do ensino
(HAIDT, 2011). Você deve estar se perguntando “como assim também?”. Afinal, o
conceito de Didática já foi explicado. Mas, veja bem, levando em consideração o fato de
ela abranger todos os procedimentos instrucionais, pode ser definida de várias formas.
Esse módulo explica isso de maneira mais objetiva. Então, não se assuste se, durante
esse conteúdo, surgirem mais definições de Didática. Os múltiplos significados
apresentados não se invalidam, mas se complementam.
Importante: a pedagoga Vera Candau tem uma fala que sintetiza muito bem a essência da
Didática…
“[...] a didática, em uma perspectiva instrumental, é concebida como um conjunto de
conhecimentos técnicos sobre o “como fazer” pedagógico, conhecimentos estes apresentados de
forma universal e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao sentido e aos fins
da educação, dos conteúdos específicos, assim como do contexto sociocultural concreto em que
foram gerados.”
(CANDAU,1997)
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PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Concluímos até aqui que existe um processo de ensino e aprendizagem em questão, e
a Didática entra nesse processo como ferramenta para auxiliar a escolha de estratégias
adequadas. Esse processo pode ser dividido em dois grandes momentos distintos, que
estão continuamente interligados:
1. Momento da reflexão teórica:
Quais instrumentos e técnicas para ensinar?
2. Direção da prática:
Como realizar um processo de aprendizagem com mais qualidade?
Curiosidade: você já percebeu, então, que apesar da Pedagogia e da Didática terem significados diferentes,
estão interligadas, certo?! Por isso, definimos:
● Didática (como já vimos): ciência e arte do Ensino.
● Pedagogia: ciência e arte da Educação.
(HAIDT, 2011)
O processo de ensino e aprendizagem não é uma tarefa fácil e exige um olhar atento
aos processos pedagógicos e às discussões contemporâneas sobre Educação. É
preciso pensar novas imagens sobre esse processo e levar experiências interessantes
para o educando.
Vejamos mais uma definição da Didática: área específica de estudo sobre conteúdos,
métodos e técnicas ideais para a construção das estratégias facilitadoras para o
processo de ensino e aprendizagem.
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PAPEL DO PEDAGOGO
Atualmente, há um discurso, às vezes mal-entendido, que o profissional de ensino
precisa ser o mediador do conhecimento ou não será mais necessário no futuro
(LIBÂNEO, 2010).
Muito pelo contrário: o professor, para atuar em sala de aula precisa não só fazer a
diferença na vida de seus alunos como utilizar fundamentos didáticos clássicos. E
alinhar a essas estratégias uma prática didático-pedagógica que considere os novos
tempos e as tecnologias disponíveis.
As principais discussões no campo da Didática apontam que o professor continuará
atuando e orientando o processo de aprendizagem em qualquer nível ou modalidade.
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A Didática, naturalmente, lida com os componentes técnica, aluno e realidade.
E isso inclui considerar:
● Os desafios do processo;
● As bases filosóficas;
● As bases histórico-sociais;
● As necessidades do aluno;
● As bases políticas.
Saiba mais: também é necessário que o profissional esteja atento às modificações sociotécnicas
que têm ocorrido nos últimos anos e considerar os atributos específicos das gerações mais novas:
os nativos digitais (pessoas que nasceram em meio às últimas tecnologias e não tiveram que
passar pela mesma adaptação que gerações anteriores).
Falando em tecnologia, é importante dizer que, com o avanço dela e com as variadas
mudanças nas normas educacionais no Brasil, a atualização constante se faz
necessária na vida de qualquer profissional. É preciso não só desenvolver
competências adequadas e coerentes ao ensino, como prestar atenção nesses pontos
– estudando, pesquisando e adaptando seus métodos à realidade na qual os
educandos vivem.
Ou seja, é essencial saber aprender para ensinar.
APLICAÇÃO DA DIDÁTICA
Ao utilizar saberes didáticos-pedagógicos em sala de aula, o professor demonstra
capacitação e a formação adequada. Mas, esse domínio de técnicas pedagógicas
precisa estar vinculado com conhecimento sobre os conteúdos a serem trabalhados
(nível conceitual) e com a inteligência emocional do docente (nível atitudinal), tão
necessária para o trato com as várias situações comuns e incomuns que podem
ocorrer em sala de aula e no contexto escolar.
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METODOLOGIA
=
DIMENSÃO CONCEITUAL
+
DIMENSÃO TÉCNICA
+
DIMENSÃO ATITUDINAL
Saiba mais: Beda, o Venerável (séc. VIII), considerado um dos eruditos da língua inglesa, tem, entre
suas afirmações:
“Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não
perguntar o que se ignora.”
ORIGEM DA DIDÁTICA
A seguir, faremos uma breve retrospectiva para que possamos perceber a evolução do
Ensino através dos tempos:
1. Pré-história: ensinar e aprender sempre foram processos inerentes às
práticas humanas.
Desde os primórdios da humanidade, podemos constatar através da evolução as
famílias e comunidades primitivas ensinando seus filhos e membros as
atividades da tribo, rituais e práticas sociais.
Certamente, com o passar dos anos, essas práticas foram ganhando uma
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estrutura de Didática e finalmente se tornaram uma ação didático-pedagógica.
Essa evolução estrutural dos processos didáticos contribuiu para a formação do
conceito de Didática.
2. Grécia antiga: a “formação do homem grego” foi solidificada,
necessariamente, pela compreensão de que:
“Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura,
tradição literatura ou educação. Nenhuma delas, porém, coincide realmente com o
que os gregos entendiam por Paideia [...]. Teríamos de empregá-los todos de uma
vez!”
(JAEGER, 2001)
Mas havia limite em tal formação, especialmente por conta da estreita ideia de
cidadania, que somente seria ampliada muito mais tarde.
E embora essa herança grega tenha permanecido por séculos, foi necessário
que uma nova obra trouxesse
um novo foco sobre a arte de educar ou sobre o
processo de educar...
3. No século XVII, a tal “sistematização do processo de ensinar” foi
finalmente consolidada pelo filósofo tcheco Johannes Amos Comenius
(1592-1670).
Em 1657, Comenius escreveu um livro para divulgar essas ideias, chamado
Didática Magna e é sobre a importância desse livro que falaremos a seguir.
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BASE TEÓRICA
Observe os livros acima: Didática Magna, de Comenius e Paideia, de Jaeger. Embora
eles não possam resumir toda a história da Didática, são materiais fundamentais na
compreensão desse processo.
Comenius é considerado um grande inovador em relação aos processos de ensino e
aprendizagem, porque já naquela época, ele defendia a universalidade da educação,
com o lema:
“Ensinar tudo a todos”.
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Assim, iniciou um método mais ativo e efetivo que partia dos conhecimentos mais
simples aos mais complexos - ideia também levantada por René Descartes
(1596-1650), conhecida como método cartesiano.
Os principais fundamentos do pensamento pedagógico de Comenius baseiam-se em 4
pilares:
1. Aquilo que o aluno deve construir como um saber.
2. O que nós, professores, temos que ensinar.
3. O conhecimento tem que ter aplicação prática e sólida.
4. O processo de ensinar deve ser claro e objetivo, e se pautar pelas necessidades
do indivíduo.
A seguir, uma parte da Didática Magna:
“Processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer reino cristão, cidades e
aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém para que possa ser
formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos
anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo
e de fadiga, com agrado e com solidez.
Onde os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas; a
sua verdade é demonstrada com exemplos paralelos das artes mecânicas; o curso dos estudos é distribuído
por anos, meses, dias e horas; e, enfim, é indicado um caminho fácil e seguro de pôr estas coisas em prática
com bom resultado.
A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores
ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos
trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso; na
Cristandade, haja menos trevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz e mais
tranquilidade.
Que Deus tenha piedade de nós e nos abençoe! Faça brilhar sobre nós a luz da sua face e tenha piedade de
nós! Para que sobre esta terra possamos conhecer o teu caminho, ó Senhor, e a tua ajuda salutar a todas as
gentes (Salmo 66, 1-2).”
(COMENIUS, 2001.)
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A seguir, sintetizamos as principais ideias publicadas em Didática Magna:
1. Realidade do aluno
Comenius entendia que a Educação precisa utilizar a experiência pessoal do
aprendente como parte do processo. Para isso, o aluno precisava observar sua
realidade para depois agir sobre ela. Ele também instituiu o diálogo como forma de
aproximação e afeição do aluno com o conteúdo estudado.
2. Universalização da Educação
Outro ponto muito importante é sobre a ideia de universalização da Educação, porque
ele determina que a educação deve ser para todos os sexos (como sabemos, a mulher,
em muitos períodos históricos foi excluída dos processos escolares).
3. Ética e valores
Para Comenius, o processo da educação não é apenas o conteúdo a ser estudado, mas
a aprendizagem de valores e de atitudes que ajudarão a pessoa a ser melhor no
presente e no futuro. Os propósitos educativos precisam estar baseados no raciocínio
lógico, na investigação científica e na formação do conceito de ser humano enquanto
um sujeito moral, social, político, racional e afetivo. Um objetivo fundamental da
educação de Comenius era formar um sujeito bom e virtuoso, dotado de fé, a ponto de
praticar boas ações mediante às capacidades subjetivas do aluno.
4. Simplificação e aplicabilidade
Uma sinalização importante de Comenius: a Didática precisa agregar técnicas e
métodos que deixem o processo de aprendizado mais rápido, agradável, racional e
sirva para o sujeito no meio social.
5. Construção do saber
O processo de construção de saberes não é algo estanque e destituído de significado e
das relações com outras ciências, conteúdos e significados. Ao contrário, aprender é
estabelecer inter-relações entre os conteúdos e temas estudados.
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Esses são os principais pontos que podemos destacar de Comenius e sua
contribuição para a área da Educação e, especificamente, para o campo da Didática.
CONCLUSÃO
As ideias de Comenius certificam o pensamento do professor atual, baseadas nos
pilares da Educação e descrito no documento Educação: um tesouro a descobrir, de
Jacques Delors. Esse documento estabelece, entre outros assuntos, que a Didática
precisa ser centrada no desenvolvimento das quatro aprendizagens fundamentais
consideradas os pilares do conhecimento descritos abaixo:
1. Aprender a conhecer
2. Aprender a fazer
3. Aprender a conviver
4. Aprender a ser
(DELORS, 2001)
Ou seja, um documento orientado para professores e alunos do século XXI tem
semelhanças com as ideias de Comenius, que viveu lá no século XVII. Com isso, vemos
o quão inovador era Comenius.
Conceitos atuais como educação interdisciplinar, afetiva, colaborativa e baseada em
pesquisas e projetos foram levantados por Comenius em seu tempo. Ele entendia que a
escola não poderia ser um local de intranquilidade e desgosto para as crianças, mas
um lugar que desperte a curiosidade e a capacidade de pensar e imaginar.
CONQUISTAS ADQUIRIDAS
● Capacidade de pensar o processo pedagógico, o ensino e o papel que vai
assumir na construção do ensino e aprendizagem.
● Fortalecimento do espírito crítico e da inteligência emocional por meio da
contextualização do meio em que se vive.
● Habilidade de pensar conceitualmente a Didática e sua literatura.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANDAU, Vera Maria. Da didática fundamental ao fundamental da didática.
In:OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales. DE ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso (Orgs.).
Alternativa no ensino de didática. Campinas, SP: Papirus, 1997, p. 71 – 95.
COMENIUS. Didática Magna. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
DELORS, Jacques. Educação: tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília:
MEC/UNESCO, 2001.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2011.
JAEGER, Werner. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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AULA 2
TENDêNCIAS PEDAGÓGICAS
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DEFINIÇÃO DO TEMA
Neste tema, discutiremos as tendências pedagógicas liberal e progressista e a maneira
como elas influenciam a Educação.
PROPÓSITO
Este tema tem como finalidade a compreensão e a análise da Educação a partir dos
referenciais teóricos que a influenciam.
OBJETIVOS
IDENTIFICAR AS DUAS GRANDES TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: LIBERAL E
PROGRESSISTA
CARACTERIZAR AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
DISTINGUIR AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS
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INTRODUÇÃO
O que é Tendência?
De acordo com o dicionário Priberam, a palavra tendência significa:
“A ação ou força pela qual um corpo tende a mover-se para alguma parte.”
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Nesse sentido, as tendências correspondem aos princípios que orientam as ações de
cada indivíduo. No campo educacional não é diferente: o professor, a escola, o aluno e
o ensino estão marcados por pensamentos que exercem forte influência sobre
as práticas educativas. Dessa forma, é importante compreender as características de
cada tendência pedagógica, pois esse conhecimento lhe ajudará a decidir os caminhos
que deseja seguir no processo de ensino-aprendizagem.
VOCÊ PERCEBEU A DIFERENÇA
NAS ABORDAGENS DE CADA
PROFESSOR?
Como vimos,
os princípios que
escolhemos orientam a nossa prática e a
forma como organizamos a Educação.
Eles podem ser sintetizados em
tendências, as quais veremos a partir de
agora.
PEDAGOGIA LIBERAL × PEDAGOGIA PROGRESSISTA
O contexto escolar é permeado por diferentes concepções de homem e de sociedade, ou
seja, há diferentes formas de enxergar o papel do homem no âmbito social e essas visões
influenciam a prática escolar. É nesse ponto que as tendências liberal e progressista se
diferenciam: ambas possuem visões particulares sobre a relação Homem × Sociedade.
Essa distinção acontece porque as tendências pedagógicas estão situadas
historicamente e se desenvolveram como resposta ao contexto social no qual surgiram.
Vejamos, com base em Libâneo* (1989), como essas tendências descrevem a
relação Homem × Sociedade e qual foi o contexto histórico em que elas se
desenvolveram.
*Libâneo: José Carlos Libâneo nasceu em 1945, em Angatuba – SP. Graduou-se em
Filosofia pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo em 1966. É doutor em
educação e autor do livro “Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social
dos Conteúdos”, onde defende uma escola que valorize a consciência crítica e que
permita ao indivíduo das classes dominadas superar a sua condição de oprimido.
(Informações coletadas do Currículo Lattes em 30/09/2019.)
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SÉCULOS XVIII / XIX
TENDÊNCIA LIBERAL
Na concepção liberal*, os papéis que
os indivíduos devem desempenhar
são voltados para a sociedade. Nesse
sentido, cabe à escola preparar
o indivíduo, de acordo com as
suas aptidões, para atender às demandas
sociais.
MARCO DO PERÍODO
Industrialização / Iluminismo / Revolução
científica
As ideias liberais são influenciadas
por Jonh Locke* e Adam Smith*. No
período entre os séculos XVIII e XIX a
sociedade vive uma série de
transformações: crescimento urbano,
processo de industrialização e aumento
das relações de troca (pessoas,
tecnologias e econômicas). Foi nesse
período, também, que notamos o
desenvolvimento de uma Revolução
Científica.
*Liberal: O pensamento liberal defende a liberdade política e econômica.
Alguns dos princípios do liberalismo são:
• Defesa da propriedade privada;
• Livre mercado;
• Mínima participação do Estado na economia;
• Igualdade perante à lei.
*John Locke: John Locke (1632-1704) nasceu na aldeia de Somerset, em Wrington, na
Inglaterra. Foi um dos principais representantes do empirismo, doutrina que afirmava que
o conhecimento era determinado pela experiência sensorial.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 09/10/2019)
*Adam Smith: Adam Smith, (1723-1790) foi um economista e filósofo escocês. Ele é
considerado um dos maiores defensores do liberalismo econômico e também é
reconhecido como o pai da economia moderna.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 09/10/2019)
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SÉCULO XX
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Na concepção progressista, o homem é
pensado como um protagonista. A escola,
nesse sentido, deve fornecer
os instrumentos necessários para que
o indivíduo possa discutir a sua atuação
em sociedade.
MARCO DO PERÍODO
Guerra Fria / Desenvolvimento
tecnológico
Após a Segunda Guerra Mundial o mundo
se dividiu em um conflito conhecido como
Guerra Fria. As tensões provocadas pela
disputa entre Estados Unidos e União
Soviética geraram críticas e movimentos,
que contestavam a ordem social
estabelecida. A disseminação do rádio e
da televisão associada à velocidade da
tecnologia e dos transportes
transformaram as relações sociais.
Como vimos, as tendências liberal e progressista surgiram em diferentes momentos
históricos. No entanto, não podemos entendê-las como se uma fosse sucessora da outra.
Cada tendência trouxe contribuições significativas para a Educação, que são aplicadas no
contexto escolar até os dias de hoje. Vejamos alguns exemplos:
TENDÊNCIA LIBERAL
Uma das técnicas de aprendizagem utilizadas por essa tendência é
a memorização, bastante comum no ensino de tarefas operacionais
ou de Matemática nas séries iniciais, para decorar tabuada, por
exemplo.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Uma das técnicas utilizadas nessa tendência é a discussão em
grupo, muito empregada em diferentes áreas de conhecimento.
Podemos citar, como exemplo, uma atividade em sala de aula em
que um grupo de alunos de Publicidade se reúne para elaborar uma
estratégia de marketing.
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Perceba que a implementação dessas tendências no processo de ensinoaprendizagem está condicionado ao tipo de conhecimento que será aprendido e
ao contexto no qual essa aprendizagem será construída. Nos próximos módulos, vamos
conhecer as principais características das tendências liberal e progressista e
entenderemos como elas se subdividem.
Importante
A Didática auxilia a interpretação dessas tendências pedagógicas
para explorar os modos de fazer e de pensar na Educação.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
questões a seguir.
1. Das afirmações a seguir, marque a que mais se adequa à Pedagogia Liberal:
a) O aluno é um sujeito ativo na construção do conhecimento e o professor atua como um
facilitador para que a aprendizagem ocorra.
b) A escola deve preparar os indivíduos para exercer os papéis sociais, permitindo que
eles estejam prontos às exigências do mercado e da sociedade em geral.
c) Os conteúdos que devem ser aprendidos são definidos exclusivamente a partir do
contexto social do aluno.
d) O aluno possui a autogestão da sua experiência de aprendizagem, inclusive na escolha
do conteúdo que estudará.
Feedback
A resposta certa é a letra B.
A Tendência Pedagógica Liberal dá ênfase ao ensino e ao conteúdo que o aluno deve
aprender a fim de responder plenamente às expectativas da sociedade em que está
inserido. Assim, o professor é responsável pelo processo de ensino-aprendizagem,
enquanto o aluno deve aproveitar ao máximo o conhecimento transmitido.
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2. A Educação, historicamente, prepara o indivíduo para assumir o seu papel na
sociedade. Com as transformações no contexto social, modifica-se a percepção sobre a
atuação de professores e alunos.
Com base nisso, analise as afirmações a seguir e marque aquela que apresenta a
proposta da Pedagogia Progressista.
a) O professor deve incorporar a realidade do aluno como ponto de partida para a ação
educativa, favorecendo a conscientização das realidades sociais e culturais.
b) objetivo da Educação é definir os caminhos que todos os alunos devem seguir,
considerando, em alguma medida, suas características individuais.
c) No processo de ensino-aprendizagem, o professor é o responsável por transmitir os
conhecimentos que devem ser aprendidos pelo aluno.
d) Os alunos devem ser preparados para que exerçam, de maneira eficiente, o seu papel
social, que é historicamente estabelecido.
Feedback
A resposta certa é a letra A.
A Pedagogia Progressista faz uma análise crítica da realidade social e do papel da
Educação, propondo que o aluno seja responsável pela sua aprendizagem e construtor de
seu papel social.
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PEDAGOGIA LIBERAL
Muitos conhecem o liberalismo somente como uma tendência econômica, mas esse
movimento deve ser compreendido, também, em seu caráter filosófico.
Algumas demandas sociais e acontecimentos históricos marcaram o momento
de ascensão do liberalismo:
Diversas revoluções foram influenciadas pelo pensamento liberal, como as revoluções
inglesa e francesa e a Primavera dos Povos*. O liberalismo também ganhou força
especial com a nova dinâmica social experimentada no século XIX, que trouxe o modelo
econômico baseado na liberdade de produção e na propriedade privada, chamado
de capitalismo*.
*Revoluções inglesa e francesa e a Primavera dos Povos: Essas revoluções marcam as
mudanças dos sistemas políticos e a implementação de um modelo econômico
influenciado por uma política liberal. Baseado nas ideias de Adam Smith, os ingleses
fizeram a sua revolução em uma disputa
entre a casa das duas rosas (conflito entre a
casa de Lancaster e a Casa de York, que disputavam o trono inglês). Em seguida, na
Revolução Francesa, a burguesia lutou para superar o antigo regime. Por fim, no restante
da Europa, ocorre uma série de movimentos contra a monarquia estabelecida na época.
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*Capitalismo: O livro História do Capitalismo, de Osvaldo Coggiola, faz uma retrospectiva
sobre como o capitalismo se desenvolveu. Sugerimos a leitura dele para que você
conheça um pouco mais sobre esse tema.
A pintura A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix, retrata bem o espírito da
população nesse período e a motivação para a mudança.
“A liberdade guiando o povo” / Pintura de Eugène Delacroix.
A Pintura “A liberdade guiando o povo” foi feita por Eugène Delacroix, artista francês do
Romantismo. Interessado também nos temas políticos, Delacroix pintou esse quadro para
retratar os acontecimentos do seu país.
A mulher, denominada Marianne, foi representada usando um gorro, com uma arma na
mão esquerda e a bandeira da França na mão direita. Essa pintura virou símbolo da
Revolução Francesa, pois o gorro era um adereço utilizado pelos escravos libertos na
Grécia e em Roma. Marianne, então, representava o grito de resistência frente ao sistema
da época.
(Informações coletadas do site da Embaixada da França no Brasil em 27/09/2019).
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E como esse pensamento liberal se refletiu no Brasil?
Em 1889, o Brasil se tornou uma
República, tendo como principal
influência intelectual o positivismo*.
Essa filosofia era defendida
por Benjamin Constant*, um dos ícones
brasileiros que tinha um sonho
revolucionário para aquele período:
alfabetizar 20% dos brasileiros até 1920,
índice que foi considerado impossível de
ser alcançado. O desafio dele nos
mostra a situação em que a educação
brasileira se encontrava à época.
*Positivismo: O positivismo, corrente filosófica que defende o conhecimento científico
como o único verdadeiro, tem como principal representante Auguste Comte (1798 –
1857), filósofo francês que defendia a criação de uma filosofia positivista.
*Benjamin Constant: Benjamin Constant (1833 – 1891) foi militar e político brasileiro.
Influenciado pelo pensamento positivista, criou o slogan da bandeira brasileira: Ordem e
Progresso.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 10/10/2019)
A influência do liberalismo na República
também pode ser observada na
composição da nossa bandeira, obra
geométrica formada por quadriláteros e
medianizes, que leva os dizeres “Ordem
e Progresso” e que marca a tentativa de
se organizar a educação brasileira.
Perceba que, em meio às transformações, a Educação não fica imune, ela assume a
função de preparar o indivíduo para esse novo mundo, criando possibilidades para que
ele desenvolva o seu potencial. A escola, nesse sentido, aperfeiçoa o homem,
fornecendo instrumentos para que ele cumpra o seu papel no progresso social.
Nesse contexto de mudanças, a Pedagogia Liberal se ramifica em três linhas de
pensamento:
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TENDÊNCIA TRADICIONAL
O que se percebe durante o século XVIII, com o avanço do liberalismo, é a multiplicação
desse pensamento com a motivação para a mudança social. Novas funções passaram a
existir. A sociedade precisava crescer e a preparação do indivíduo tornou-se fundamental
para a construção de uma sociedade melhor.
Como já entendemos, a preparação do indivíduo para exercer o seu papel social é função
da Educação. Vejamos as principais características da Tendência Tradicional que
mostram como ela organiza o Sistema Educacional para atender à demanda que lhe é
atribuída.
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escola relação professoraluno
conteúdo
Prepara o aluno
intelectualmente e
desenha o caminho
que
todos devem percorrer
para chegar ao
conhecimento.
O professor é a
autoridade em sala de
aula, pois é ele quem
domina o conhecimento
científico. Ele deve
valorizar a disciplina e
estabelecer uma relação
de respeito perante os
alunos.
São os
conhecimentos
enciclopédicos,
aqueles acumulados
pela sociedade, que
possuem valor
intelectual.
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método aprendizagem avaliação
São expositivos, focam
na comunicação oral
do conteúdo e na
demonstração feitas
pelo professor. Os
exercícios de repetição
são valorizados, pois
permitem que o aluno
memorize os
conceitos e as
fórmulas.
É receptiva e
mecânica, o aluno
deve seguir todos os
passos
estabelecidos pelo
professor para
assimilar o conteúdo.
Por isso,
são usados exercícios
de repetição para
garantir que o aluno
aprendeu a matéria.
É feita por meio de
provas orais e escritas,
testes e exercícios
para
casa, com o objetivo de
metrificar o
conhecimento.
Observe que, nessa tendência, o professor possui uma atuação primordial, pois ele é
quem define qual conteúdo será estudado e elabora o planejamento do processo de
ensino-aprendizagem. Por ter um papel central, cabe ao professor não só repassar os
conhecimentos, mas também observar os alunos, aconselhar e corrigir possíveis erros.
Como a Tendência Tradicional se reflete nos âmbitos individual e social?
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CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO
INDIVIDUAL
CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO
SOCIAL
• Atividades individuais;
• Foco no conhecimento científico;
• Valorização de uma única cultura
ensinada pela escola, podendo
gerar inadaptação cultural*;
• Aceitação passiva* das divisões
sociais.
• Conservação dos padrões sociais;
• Defesa da organização social;
• Preferência pela especulação
teórica* e pela prática como repetição.
*Inadaptação cultural: Exemplo - O filme “Escritores da Liberdade” conta a história da
professora Gruwell, mulher jovem e idealista que vai dar aulas em uma escola de um
bairro pobre. Em uma das cenas do filme, Gruwell entra na turma e se depara com um
grupo de alunos fazendo uma caricatura de um dos colegas e debochando dos traços
negroides dele. A professora, muito indignada, lembra os alunos do que era feito aos
judeus durante o Holocausto. Após algumas provocações, os alunos manifestam o desejo
de saber mais sobre o assunto.
*Aceitação passiva: Exemplo - O filme “Ray Charles” conta a vida desse cantor e pianista
que, apesar da cegueira que o acometeu aos 7 anos, desenvolveu uma habilidade incrível
ao tocar piano. Em uma das cenas do filme, Ray chega à Geórgia, estado do sudeste dos
EUA; e, mesmo diante dos protestos contra a segregação racial, ele diz: “Eu estou fazendo
o meu trabalho. Esse é só o meu dinheiro. Isso aqui é assim mesmo. Foi como eu
aprendi”. Ray Charles desperta de sua aceitação passiva quando presencia um dos
promotores do evento agredindo um dos jovens negros que tentava conversar com ele.
*Especulação teórica: Exemplo - O filme “O Sorriso de Mona Lisa” conta a história de
Katherine Watson, uma professora jovem que vai ministrar aulas em uma escola feminina
e tradicional. Nessa escola, as alunas são educadas para se tornarem esposas cultas e
mães responsáveis. Em uma das cenas do filme, a professora Katherine inicia sua aula
apresentando fotos das obras de arte que compõem o tema da aula. Enquanto a
professora apresenta as imagens, as alunas imediatamente falam, em coro, as
informações que leram sobre as obras. As alunas demonstram que leram todos os livros
sugeridos, porém, são incapazes de refletir sobre o que representa todo aquele conjunto
de informações.
Ao longo do tempo, a Tendência Tradicional sofreu várias críticas. Dentre elas, podemos
destacar a falta de relação dos conteúdos estudados com a vida dos alunos. No entanto,
essa tendência trouxe significativas contribuições para a Educação, pois os seus
métodos de ensino são utilizados até hoje em diferentes áreas de conhecimento.
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Quer entender melhor?
A professora Angela Maria Paiva Gama* nos mostra, a seguir, um exemplo de como
podemos utilizar as técnicas da Tendência Tradicional.
*Angela Maria Paiva Gama: Atualmente é professora auxiliar da Universidade Estácio de
Sá e coordenadora do Curso de Pedagogia no Campus
Freguesia – UNESA. Atua, desde
2010, como professora do Ensino a Distância da Universidade Estácio de Sá. A professora
também participa do Centro de Filosofia Educação Para o Pensar, desde 2002.
(Informações coletadas do Lattes em 16/10/2019)
Acredito que diferentes metodologias
permitem que os objetivos de
aprendizagem sejam alcançados. A aula
expositiva, por exemplo, deve fazer parte
da apresentação de conteúdos
sequenciais. Podemos, então, no ensino
de múltiplos e divisores nas operações
com frações, primeiro apresentar os
conteúdos em uma aula expositiva e,
posteriormente, trazer exercícios
práticos para que o aluno possa
memorizar o conteúdo.
Perceba que, nesse contexto, a exposição do conteúdo pelo professor é essencial para
que o aluno entenda as regras das operações com frações para, em seguida, colocar em
prática, fazendo uso de exercícios. A exposição e a repetição, por meio de exercícios
práticos, nesse caso, permitem que ocorra a naturalização do conteúdo e,
consequentemente, ocorra a aprendizagem.
SAIBA MAIS!
Leia a entrevista de Inger Enkvist, professora catedrática
emérita de espanhol da Universidade de Lund, defensora da
tendência tradicional, na qual afirma que “a nova pedagogia é
um erro”.
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Que tal fazer uma pausa para retomar o que aprendemos até aqui? Então, vamos lá!
Observando esse esquema, dá para perceber que ainda tem muita coisa para
aprendermos.
Então vamos voltar ao nosso estudo sobre as Tendências!
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TENDÊNCIA RENOVADORA
O período entre os anos de 1910 e 1940 foram marcantes para a história da humanidade.
As grandes potências econômicas europeias (Alemanha, Itália, Inglaterra e França)
lutavam para dominar o mundo, seja pelo monopólio de mercados, de matéria-prima, de
território ou pelo poder militar. Nesse mesmo período, os Estados Unidos se consolidam
como uma potência econômica, acentuando essa luta por supremacia. Foi esse cenário
de tensão que motivou as duas Grandes Guerras Mundiais, que transformaram a
humanidade nos campos da política, economia e social.
Nesse contexto, a Educação também começa a mudar e a Tendência Renovadora traz a
reflexão de que a Educação deveria ser ampliada para todos os indivíduos, com o objetivo
de construir uma sociedade mais justa e equilibrada.
A ideia era dar melhores condições de
formação educacional aos homens para
que eles pudessem atuar de forma
mais efetiva na sociedade.
Como essa tendência chegou ao Brasil?
No Brasil, a Tendência Renovadora começou a surgir entre as décadas de 1920 e 1930,
quando o pensamento liberal chega com mais força e encontra as discussões em torno
da ideia da Escola Nova. Há uma disputa pelo reconhecimento dos diferentes saberes,
mas ainda fazendo distinção entre o que é conhecimento geral e experiência cotidiana.
Vejamos as principais características da Tendência Renovadora:
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escola relação professoraluno
conteúdo
Procura adequar os
alunos, considerando
suas individualidades,
às necessidades da
sociedade. Essa
adaptação integra, na
medida do possível, as
exigências do meio
social aos interesses e
às experiências dos
alunos.
O professor deve
estabelecer uma
relação harmônica com
os alunos, pois isso
contribuirá para que
lidere as experiências
de aprendizagem.
São definidos a partir
das experiências que
os alunos vivenciam
na construção da
aprendizagem.
Valoriza-se mais o
processo de
apreensão do
conhecimento do que
o saber acumulado.
20 / 45
método aprendizagem avaliação
Estimulam o
aprender-fazendo,
com atividades de
pesquisa e
experimentação. As
atividades também são
elaboradas
considerando a etapa
de desenvolvimento do
aluno.
É uma atividade de
descoberta. O aluno é
estimulado a
experimentar o
conhecimento.
É contínua e busca
identificar os êxitos
dos alunos durante o
processo
ensino-aprendizagem.
Observe o que Silva (2014) fala sobre a Tendência Renovadora:
“
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se
torna uma atividade de descoberta, é uma
autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas um
meio estimulador. Só é retido aquilo que se
incorpora à atividade do aluno, através da
descoberta pessoal; o que é incorporado passa a
compor a estrutura cognitiva para ser empregado
em novas situações. É a tomada de consciência,
segundo Piaget*.
SILVA*, 2014
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*Jean Piaget: Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço,
conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget passou
grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu
processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da
Psicologia e Pedagogia.
(Informações coletadas do Portal Educação em 21/10/2019.)
*Délcio Barros da Silva: Délcio Barros da Silva é ex-professor do departamento de Letras
da Universidade Federal de Santa Maria e atuou no curso de Pedagogia da Universidade
Estadual do Rio Grande do Sul.
Perceba que essa tendência começa a valorizar os interesses do aluno, permitindo que
ele manifeste a sua curiosidade e criatividade, cabendo ao professor estimular e facilitar
o processo de construção do conhecimento. No entanto, assim como a Tendência
Tradicional, a Renovadora sofreu algumas críticas, principalmente na condução
da experiência de aprendizagem, pois, por ser uma tendência que valoriza a ação do
aluno, os educadores poderiam pensar que não haveria a necessidade de se planejar as
situações-problema que o aluno deveria vivenciar, gerando um não-direcionamento das
atividades.
Agora, que tal vermos um relato de experiência?
Veja o que o professor Rodrigo Rainha viveu durante uma de suas aulas de história e
como ele usou as ideias da Tendência Renovadora para facilitar a aprendizagem dos
alunos.
Enquanto falava sobre a Segunda Guerra
Mundial em uma de minhas aulas, percebi
que os alunos começaram a dormir, e um
deles me falou: "— Professor, não consigo
entender por que devo estudar a Segunda
Guerra, isso não vai me servir pra nada".
Então, notei que eu não estava
relacionando o assunto da aula à vida dos
alunos. Diante disso, pedi a eles que
refletissem sobre como as guerras afetam
a vida das pessoas. Em seguida, um aluno
descendente de imigrantes relatou como
sua família fugiu da guerra. Com isso, os
alunos compreenderam como as guerras
podem movimentar e mudar a vida de uma
sociedade.
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Como você pode perceber, nas situações de aprendizagem, é essencial que o aluno
consiga perceber a relação do conhecimento a ser aprendido com a sua vida prática.
Esse é um desafio, não é mesmo? No entanto, assim como o professor Rainha fez, o
primeiro passo para realizar essa contextualização é ouvir o que os alunos têm a dizer.
Importante
Se olharmos para a história, seremos levados a entender que a
educação liberal começou com a Tendência Tradicional e depois
evoluiu para a Pedagogia Renovadora. Porém, esse não foi um
processo de substituição de uma pela outra, pois ambas possuem a
mesma concepção: formam o sujeito para a sociedade.
TENDÊNCIA TECNICISTA
O tecnicismo é fruto da melhoria dos processos industriais e de uma sociedade urbana.
Nesse sentido, a sistematização passa a ser central para melhorar os produtos e
aumentar a produtividade. Essas concepções, ao chegarem à Educação, trouxeram
inegáveis avanços, como a implementação do planejamento para organizar o trabalho
docente. Foram concebidas, pela primeira vez, visões de que a Educação deveria ser
observada como um sistema dinâmico, uma fábrica, e, para que fosse eficiente, todos os
processos envolvidos precisavam ser controlados.
Para entender essa ideia de controle na Educação, observe o peso que a gestão
escolar exerce na gestão do ensino:
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Vamos conhecer as principais características da Tendência Tecnicista:
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escola relação professoraluno
conteúdo
Organiza o ensino,
articulando-o ao
sistema produtivo.
Dessa forma, a escola
pode formar os alunos,
tornando-os
competentes
para o
mercado de trabalho.
O professor é um
técnico responsável
por executar o
programa
educacional e ao aluno
cabe reproduzir aquilo
que foi instruído a fazer.
São baseados em leis
científicas e
organizados de maneira
lógica e sequencial.
Tudo o que é ensinado
precisa ser mensurado.
25 / 45
método aprendizagem avaliação
Utilizam técnicas de
repetição, cópia,
treino e correção para
que o
aluno possa executar as
experiências de
aprendizagem de
maneira eficiente.
O aprendizado se dá
quando o aluno é capaz
de executar
eficientemente aquilo
que foi direcionado a
fazer. Nesse sentido, a
aprendizagem ocorre
quando o aluno
apresenta
comportamentos
diferentes daqueles que
manifestava quando
iniciou o processo de
ensino-aprendizagem.
Usa recursos para
medir a aprendizagem
dos
alunos, como provas e
testes.
26 / 45
Para a tendência tecnicista, o aluno é o recebedor e é parte da esteira de execução
do processo de ensino-aprendizagem.
É claro que essa ênfase na execução do processo de aprendizagem pode gerar
um conhecimento fragmentado, pois o aluno foca excessivamente na técnica e deixa de
compreender os motivos pelos quais ele executa aquela ação.
Vamos fazer mais uma pausa para complementar o nosso esquema?
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Estamos quase fechando o nosso esquema. Já viu o que falta?
Mas antes de conhecermos a Pedagogia Progressista, vamos ver se entendemos mesmo
o que dizem as tendências da Pedagogia Liberal!
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
questões a seguir.
3. Observe atentamente a ilustração a seguir, identificando a ação da professora sobre o
pensamento de seus alunos.
Marque a alternativa que indica a qual tendência essa ação está alinhada, que descreve
corretamente suas características.
a) Tendência Tradicional: a escola tem como papel formar o sujeito intelectualmente; o
aluno recebe os conhecimentos emitidos pelo professor.
b) Tendência Renovadora: a escola propicia experiências para o aluno; o professor é um
facilitador da experiência de aprendizagem.
c) Tendência Tradicional Renovadora: o aluno é o sujeito do processo ensino e
aprendizagem; o professor é o detentor dos conhecimentos que devem ser transmitidos
para o aluno.
d) Tendência Tecnicista: o aluno deve ser formado para atender à demanda do mercado
de trabalho; o professor é um técnico que monitora a execução do aluno.
Feedback
A resposta certa é a letra A.
Na tendência tradicional, a função da escola é formar o sujeito intelectualmente. O
professor é a autoridade máxima em sala de aula e responsável por definir o conteúdo
que será apreendido pelos alunos. Como ilustrado, a professora molda os pensamentos
dos alunos ao seu padrão, acreditando (por conta de sua formação e experiência docente)
que os está formando para melhor exercer seu papel social.
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4. O curta animado da Alike faz uma crítica à Tendência Pedagógica Tecnicista.
Com base no que você aprendeu sobre a Tendência Liberal Tecnicista, marque a
alternativa que apresenta as características dessa tendência:
a) O aluno deve receber os conhecimentos determinados pelo professor; a metodologia é
baseada em aulas expositivas e exercícios de repetição; o professor é quem detém o
conhecimento.
b) O aluno é formado para o mercado de trabalho desde a alfabetização; a metodologia é
baseada na repetição e na memorização; o professor é pensado como um técnico
instrutor e executor.
c) O aluno experimenta o conhecimento; na metodologia, o aluno é incentivado a
desenvolver o pensamento criativo; o professor baseia suas aulas na demanda dos
alunos.
d) O aluno é visto como o sujeito do processo de ensino-aprendizagem; a metodologia
abrange discussões em grupo e pesquisas; o professor é um mediador.
Feedback
A resposta certa é a letra B.
O curta, ao mesmo tempo em que mostra o professor determinando o padrão de escrita
que o menino deve seguir, exibe o pai em seu ambiente de trabalho digitando
documentos, de acordo com o padrão determinado pela empresa. Essa cena se alinha à
característica da tendência tecnicista, que forma o aluno para o mercado de trabalho, para
atender aos padrões exigidos pela sociedade.
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PEDAGOGIA PROGRESSISTA
Estamos diante de um novo contexto mundial:
A Guerra Fria está
no auge de suas
críticas e efeitos.
Na França,
estudantes se
levantam por
uma nova
educação.
Nos Estados
Unidos, os
movimentos civis
exigem mudanças e
lutam por direitos.
No Brasil, após a
empolgação com o
governo de
Juscelino,
passamos para um
quadro de crise que
leva à ascensão da
ditadura civil-militar.
Nesse cenário, grupos que não eram ouvidos até então começaram a se manifestar e lutar
por seus direitos, como o direito à Educação. Assim, mulheres, negros e emergentes
passaram a anunciar que se sentiam inadequados diante das práticas que eles
reconheceram como Velha Pedagogia. A escola, mais uma vez, precisou repensar o fazer
docente e reavaliar suas práticas para criar uma nova dinâmica educacional. A Pedagogia
Progressista, então, passou a fazer uma análise crítica sobre a Educação, buscando
identificar os fatores que interferem diretamente no campo educacional e explicam
o sucesso e o fracasso do aluno.
Vista por muitos estudiosos como uma concepção resultante da tendência renovadora,
a Pedagogia Progressista defende uma Educação mais integradora, que contemple 
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a realidade social do aluno no processo de ensino-aprendizagem. O seu principal
representante é Carl Rogers* (1902-1987), que desenvolveu técnicas aplicadas à
Educação que estimulavam o desenvolvimento da autonomia do indivíduo.
*Carl Rogers: Psicólogo e psicanalista, aplicou na Educação técnicas e procedimentos
próprios da terapia, como a empatia e a confiança, segundo os quais “o indivíduo é capaz
de resolver por si só seus problemas bastando que tenha autocompreensão ou percepção
do eu”.
Para saber sobre Carl Rogers, leia o texto “Carl Rogers, um psicólogo a serviço do
estudante”.
Como é estabelecida a relação entre o professor e o aluno?
Mantendo sempre o objetivo de valorizar a experiência do aluno e desenvolver a
sua autonomia, a Pedagogia Progressista se ramifica em outras três linhas de
pensamento:
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TENDÊNCIA LIBERTADORA
Essa é uma das linhas mais famosas no Brasil por sua busca de romper com
o autoritarismo. De acordo com essa tendência, o homem deve ser libertado de tudo
aquilo que lhe impossibilita de exercer todo o seu potencial. Assim, as mulheres não
precisam aceitar o machismo; os trabalhadores do campo não devem se submeter à
vontade dos grandes proprietários; e os negros não devem aceitar o racismo como algo
natural. Para que isso ocorra, é necessário que o homem tome consciência do seu estado
atual e das suas possibilidades de mudar a sua realidade.
É nesse processo de conscientização que a Educação começa a exercer o seu papel,
trazendo para o contexto escolar temas sociais e políticos e incluindo no processo
ensino-aprendizagem a realidade concreta dos alunos. Assim, autores como Paulo
Freire* (principal representante dessa tendência) e Dermeval Saviani* se empenham em
questionar o sistema tradicional de ensino e a função da escola como propagadora das
desigualdades sociais.
*FREIRE: Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) nasceu em Recife – Pernambuco. Foi
educador, escritor e filósofo. Graduou-se em Direito pela Universidade de Recife, mas
abandonou a advocacia e dedicou-se ao ensino de língua portuguesa no Colégio Oswaldo
Cruz e de Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de
Pernambuco.
Freire desenvolveu um método de alfabetização de jovens e adultos no qual o vocabulário
a ser ensinado se baseava no contexto imediato dos alunos. Esse método foi aplicado
pela primeira vez em 1962 em Angicos, sertão do Rio Grande do Norte.
(Informações coletadas do site eBiografia em 20/09/2019)
*Dermeval Saviani: Nasceu em Santo Antonio
de Posse, comarca de Mogi Mirim, no
interior do Estado de São Paulo. Formou-se em Filosofia e, atualmente, é professor da
PUC-SP onde desenvolve diversos projetos e pesquisas na área da Educação.
(Informações coletadas do site Letrasunifacead em 22/10/2019)
A principal questão da Educação Libertadora é:
COMO CONSTRUIR UM PROJETO DE
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL A PARTIR DE UMA
NOVA PEDAGOGIA?
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Um dos caminhos utilizados
pela Tendência Libertadora para se
alcançar esse objetivo é
a problematização da realidade
social, na qual o aluno, por meio
de discussões, começa a analisar o
seu contexto e
a identificar necessidades
de melhoria da sua realidade.
Vejamos as principais características da Tendência Libertadora:
escola relação professoraluno
conteúdo
Tem o papel de
estimular a
conscientização da
realidade social para
transformá-la.
É construída com base
no diálogo, no qual
professor e aluno são
livres para expressarem
as suas contribuições
ao processo de ensinoaprendizagem.
São estabelecidos a partir
de temas
geradores, que partem
da vida prática dos
alunos.
34 / 45
método aprendizagem avaliação
Possuem como base o
diálogo, com o objetivo
de garantir a
participação do aluno.
Para isso, são
organizados grupos de
discussão.
É uma atividade de
problematização de
uma situação, com o
objetivo de tornar o
aluno mais crítico.
É feita uma avaliação
mútua, entre professor e
aluno, além de se
permitir a autoavaliação.
TENDÊNCIA LIBERTÁRIA
Após a Segunda Guerra e a Queda do Muro de Berlim, o discurso que se ouvia era de que
o mundo estava à beira de um colapso. No entanto, nos anos 1980, finalmente parecia
que o fantasma da morte por bombas nucleares tinha chegado ao fim, dando lugar a um
ambiente de liberdade representado pelos movimentos hippies* e pelo movimento punkrock*.
*Movimentos Hippies: Os movimentos de contracultura surgem em meados dos anos
1970 nos Estados Unidos e disseminam pelo mundo a ideia de um rompimento com a
sociedade estabelecida. Esse movimento criticava o sistema social construído e trazia a
ideia de que a estrutura da sociedade aprisionava os indivíduos. Para romper com essa
dinâmica, o movimento buscava a libertação da alma, com o retorno do homem à 
35 / 45
natureza. Nessa perspectiva, a musicalidade foi fundamental para o estabelecimento de
novas experimentações de sons, como os de guitarras. No Brasil, o ícone desse
movimento é Raul Seixas, conhecido como maluco beleza.
*Movimento punk-rock: O Rock and roll surge em meados dos anos 1940 como uma
derivação mais agressiva do blues. O Rock and roll personifica a ideia de um novo jovem,
que luta por liberdade e está presente nos principais movimentos críticos à sociedade dos
anos seguintes. No fim da década 1970, na Inglaterra e nos Estados Unidos, surge uma
variação desse movimento que se intitula punk rock, que trazia a ideia de uma terrível
revolta contra o sistema e o que ele representava. O punk era a música dos guetos
operários, dos jovens sem perspectiva, que faziam, com seus vocais distorcidos e sua
melodia agressiva, uma intensa crítica social.
No Brasil, essa tendência se manifesta nos anos de 1980 nos movimentos pós-regime
civil-militar, com o retorno dos exilados e a conquista gradual da liberdade de expressão.
Os meios de comunicação em massa e os ambientes acadêmicos, políticos e culturais
contribuíram de forma significativa para a expansão desse discurso de liberdade.
Nesse clima, a Tendência Libertária traz a ideia de que, para construir uma sociedade
mais livre, a Educação precisa rejeitar todo tipo de repressão. Assim, no processo
educacional, somente têm relevância os conteúdos que permitem o seu uso prático. Essa
tendência enfatiza, também, a aprendizagem informal, via grupo. Um dos seus principais
autores é Maurício Tragtenberg* (1929-1998), que defendia que devemos superar os
limites da burocracia e criar processos mais livres de construção do conhecimento e de
uma sociedade mais horizontal.
*Maurício Tragtenberg: Nasceu no Rio Grande do Sul em uma família judaica e
camponesa. Sua formação começou como autodidata, obtendo o doutorado pela USP
posteriormente. É considerado um dos maiores sociólogos brasileiros.
(Informações coletadas do site Histórico UFFS em 20/09/2019.)
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Vejamos as principais características da Tendência Libertária:
escola relação professoraluno
conteúdo
Busca construir
indivíduos livres e
autogestores.
O professor está a
serviço do aluno, atuando
com um conselheiro.
Resultam das
necessidades do aluno
e não são impostos.
método aprendizagem avaliação
Contemplam a
liberdade de expressão
e valorizam a vivência
em grupo.
Enfatiza a
aprendizagem informal
e coletiva.
Não é punitiva e o aluno
é estimulado a se
autoavaliar.
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TENDÊNCIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS
X
Conteúdo Realidade social
Essa relação é a base da Tendência Crítico-social dos Conteúdos, pois ela prioriza
os conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. Nesse sentido, a Educação
deve assegurar que todos tenham acesso aos conhecimentos científicos para que
possam desenvolver a sua consciência crítica frente à sociedade.
E COMO É A ATUAÇÃO DA
ESCOLA?
A escola deve dar ao aluno todos
os instrumentos necessários para
que ele seja capaz de transformar a
sua realidade a partir da reflexão de
sua prática social.
Para que o processo de construção da aprendizagem seja eficaz, a Tendência Críticosocial dos Conteúdos faz uso do princípio da aprendizagem significativa*, que considera
o que o aluno já sabe como ponto de partida para a aquisição do conhecimento. Nesse
sentido, a aprendizagem só ocorre quando o aluno é capaz de sintetizar o novo
conhecimento, relacionando-o com o que ele já sabe. Esse processo permite que o aluno
tenha uma visão mais ampla daquilo que está sendo aprendido.
38 / 45
*Aprendizagem significativa: Esse conceito foi desenvolvido por David Ausubel, psicólogo
da educação estadunidense. De acordo com Ausubel, na aprendizagem significativa há
interação entre uma nova informação com uma estrutura de conhecimento específica. O
cérebro humano, no momento do aprendizado, se organiza formando uma hierarquia
conceitual em que os elementos específicos são ligados a conhecimentos mais gerais.
Para saber mais sobre a aprendizagem significativa, leia o texto “O QUE É AFINAL
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?”.
A seguir, veremos as principais características da Tendência Crítico-social dos
Conteúdos:
escola relação professoraluno
conteúdo
É valorizada como local
de aquisição dos
saberes.
Professor e aluno são
colaboradores e trocam
conhecimentos.
São os conhecimentos
universais, acumulados
pela sociedade, que são
constantemente
reavaliados frente às
realidades sociais.
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método aprendizagem avaliação
Devem favorecer a
relação dos conteúdos
com os interesses dos
alunos.
Compreende a
capacidade do aluno de
processar as
informações, ligando os
conceitos específicos
aos mais gerais.
Não é um julgamento,
mas busca evidenciar o
progresso do aluno e a
sua aquisição de
conhecimentos mais
sistematizados.
Vamos conhecer mais um relato de experiência?
O professor Fábio José Paz da Rosa* compartilha conosco, a seguir, uma de suas
experiências em sala de aula em que desenvolve as bases da Tendência Crítico-social
dos Conteúdos.
*Fábio José Paz da Rosa: Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, atualmente, é professor auxiliar do curso de Licenciatura em Pedagogia, na
Universidade Estácio de Sá (UNESA). É autor do livro "Educação Profissional: Teoria e
Prática“, publicado pela Editora SESES. Além disso, o professor coordena o Projeto de
Pesquisa "Luz, Câmera e negritudes: o cinema negro na construção curricular nos cursos
de formação de professores" (UNESA) e o Grupo de Estudos Intelectualidade Negra,
Currículo e Formação docente (GINCF).
(Informações coletadas do Lattes em 16/10/2019)
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Sou professor de Sociologia
e, na escola,
preciso trabalhar com os alunos temas
como o racismo. Para isso, uso o cinema
negro, pois considero que é uma excelente
forma de permitir que os alunos tenham
contato com novas estéticas, produzidas e
pensadas por negros. Essa estratégia
também permite que os alunos negros se
reconheçam nas imagens apresentadas.
Com essa abordagem, a partir do
conteúdo visto, convido os alunos a
refletirem sobre o racismo e suas
implicações na sociedade em que vivem.
A experiência do professor nos mostra uma estratégia de relação dos conteúdos com
a realidade social. Nessa estratégia, os alunos são estimulados a interpretar a sua
realidade com base nos conteúdos aprendidos e a criar possibilidades de intervir em seu
meio para transformá-lo. Essa é a ideia central da Tendência Crítico-social dos
Conteúdos: desenvolver sujeitos que se tornem cada vez mais ativos na sociedade a
partir da aquisição de conhecimentos e da reflexão sobre os contextos sociais.
A pausa agora é para finalizarmos o nosso esquema. Vamos lá!
41 / 45
Pronto, agora o nosso esquema está finalizado!
42 / 45
VERIFICANDO O APRENDIZADO
5. No famoso livro Pedagogia do Oprimido (2017, p. 96), Paulo Freire diz que:
“Ninguém educa ninguém, como também ninguém se educa a si mesmo: os homens se
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Neste fragmento, podemos perceber a opinião do autor, que apresenta a Educação como
algo intrinsicamente social, que se dá na relação entre as pessoas. Desse modo, qual é a
tendência pedagógica que abarca o trabalho de Freire?
a) Tendência Libertadora, que considera o professor como detentor do conhecimento que
será transmitido ao aluno.
b) Tendência Libertadora, cuja ênfase se dá nas relações interpessoais.
c) Tendência Libertária, na qual o professor administra o ensino-aprendizagem e o aluno
responde a tal planejamento.
d) Tendência Crítico-social dos Conteúdos, em que o professor não deve dirigir o aluno no
que tange às atividades.
Feedback
A resposta certa é a letra B.
As ideias de Paulo Freire se voltam para a compreensão da Educação como ferramenta
de mudança do mundo, pois, ao oferecer autoria ao aluno no processo de sua
aprendizagem, permite que perceba as desigualdades sociais e possa confrontar esta
realidade se assim o desejar. As relações interpessoais ganham destaque à medida que
favorecem o reconhecimento do outro como sujeito, também participante da mesma
realidade social.
43 / 45
6. Relacione as Tendências Progressistas com as práticas educativas.
1. Tendência Libertadora
2. Tendência Libertária
3. Tendência Critico-social dos Conteúdos
( ) Propõe como método a dialogicidade: trabalho em grupo de discussão e
conscientização.
( ) Propõe o método participativo e fundamentado no saber universal: vínculo entre
teoria e prática.
( ) Há interação diretiva: troca entre professores e alunos. O professor é mediador.
( ) O conteúdo emerge dos interesses dos alunos e não é pré-determinado.
( ) Tem um caráter político, incorporando a realidade vivencial do aluno ao ensino.
a) 3 – 2 – 1 – 1 – 2
b) 2 – 3 – 2 – 1 – 1
c) 1 – 1 – 3 – 3 – 2
d) 1 – 3 – 3 – 2 – 1
Feedback
A resposta certa é a letra D.
A Tendência Progressista vê o aluno como sujeito do processo de ensino e
aprendizagem. Nesse sentido, o objetivo da Educação é construir alunos críticos,
capazes de refletir sobre sua realidade social e transformá-la. A diferenciação entre
Libertadora, Libertária e Crítico-social dos Conteúdos está, a partir do pensamento dos
autores que as defendem, especificamente ligada ao papel do ensino, ao método
adotado e à relação professor-aluno.
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Como vimos neste tema, no campo educacional, encontramos diferentes discussões
sobre tendências pedagógicas que, em comum, têm dirigido suas atenções em busca do
melhor papel da escola e da sociedade no processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1998.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006.
COSTA, Marisa Vorraber et al. O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro
: DP&A, 1999.
GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo : Ática, 1988.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. São Paulo: Loyola, 1989.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos
conteúdos. 21 ed. São Paulo: Loyola, 2006.
MATUI, Jiron. Construtivismo. São Paulo: Moderna, 1998.
QUEIROZ, Cecília T. A. Pontes de; MOITA, Filomena Maria G. da S. C. Fundamentos
sociofilosóficos da educação. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). O lúdico na formação do educador. Petrópolis (RJ):
Vozes, 1997.
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SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 36 ed. Campinas (SP): Autores Associados,
2003.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia: o espaço da educação na universidade. In: Cadernos de
Pesquisa, v. 37, n. 130, jan./abr. 2007.
SILVA, Delcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar
brasileira e seus pressupostos de aprendizagem. UFSM. 2014.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação. São Paulo : Cortez, 1998.
EXPLORE +
Leia:
Pedagogia: o espaço da educação na universidade.
Assista:
DERMEVAL SAVIANI | A pedagogia histórico-crítica.
CONTEUDISTAS
Allan de Carvalho Rodrigues
Antonio Sergio de Giacomo Macedo
Rodrigo dos Santos Rainha
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AULA 3
ABORDAGENS DIDÁTICAS NA PRÁTICA DOCENTE
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DEFINIÇÃO DO TEMA
Neste tema, discutiremos as tendências pedagógicas liberal e progressista e a maneira
como elas influenciam a Educação.
PROPÓSITO
Este tema tem como finalidade a compreensão e a análise da Educação a partir dos
referenciais teóricos que a influenciam.
OBJETIVOS
IDENTIFICAR AS DUAS GRANDES TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: LIBERAL E
PROGRESSISTA
CARACTERIZAR AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
DISTINGUIR AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS
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INTRODUÇÃO
O que é Tendência?
De acordo com o dicionário Priberam, a palavra tendência significa:
“A ação ou força pela qual um corpo tende a mover-se para alguma parte.”
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Nesse sentido, as tendências correspondem aos princípios que orientam as ações de
cada indivíduo. No campo educacional não é diferente: o professor, a escola, o aluno e
o ensino estão marcados por pensamentos que exercem forte influência sobre
as práticas educativas. Dessa forma, é importante compreender as características de
cada tendência pedagógica, pois esse conhecimento lhe ajudará a decidir os caminhos
que deseja seguir no processo de ensino-aprendizagem.
VOCÊ PERCEBEU A DIFERENÇA
NAS ABORDAGENS DE CADA
PROFESSOR?
Como vimos, os princípios que
escolhemos orientam a nossa prática e a
forma como organizamos a Educação.
Eles podem ser sintetizados em
tendências, as quais veremos a partir de
agora.
PEDAGOGIA LIBERAL × PEDAGOGIA PROGRESSISTA
O contexto escolar é permeado por diferentes concepções de homem e de sociedade, ou
seja, há diferentes formas de enxergar o papel do homem no âmbito social e essas visões
influenciam a prática escolar. É nesse ponto que as tendências liberal e progressista se
diferenciam: ambas possuem visões particulares sobre a relação Homem × Sociedade.
Essa distinção acontece porque as tendências pedagógicas estão situadas
historicamente e se desenvolveram como resposta ao contexto social no qual surgiram.
Vejamos, com base em Libâneo* (1989), como essas tendências descrevem a
relação Homem × Sociedade e qual foi o contexto histórico em que elas se
desenvolveram.
*Libâneo: José Carlos Libâneo nasceu em 1945, em Angatuba – SP. Graduou-se em
Filosofia pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo em 1966. É doutor em
educação e autor do livro “Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social
dos Conteúdos”, onde defende uma escola que valorize a consciência crítica
e que
permita ao indivíduo das classes dominadas superar a sua condição de oprimido.
(Informações coletadas do Currículo Lattes em 30/09/2019.)
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SÉCULOS XVIII / XIX
TENDÊNCIA LIBERAL
Na concepção liberal*, os papéis que
os indivíduos devem desempenhar
são voltados para a sociedade. Nesse
sentido, cabe à escola preparar
o indivíduo, de acordo com as
suas aptidões, para atender às demandas
sociais.
MARCO DO PERÍODO
Industrialização / Iluminismo / Revolução
científica
As ideias liberais são influenciadas
por Jonh Locke* e Adam Smith*. No
período entre os séculos XVIII e XIX a
sociedade vive uma série de
transformações: crescimento urbano,
processo de industrialização e aumento
das relações de troca (pessoas,
tecnologias e econômicas). Foi nesse
período, também, que notamos o
desenvolvimento de uma Revolução
Científica.
*Liberal: O pensamento liberal defende a liberdade política e econômica.
Alguns dos princípios do liberalismo são:
• Defesa da propriedade privada;
• Livre mercado;
• Mínima participação do Estado na economia;
• Igualdade perante à lei.
*John Locke: John Locke (1632-1704) nasceu na aldeia de Somerset, em Wrington, na
Inglaterra. Foi um dos principais representantes do empirismo, doutrina que afirmava que
o conhecimento era determinado pela experiência sensorial.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 09/10/2019)
*Adam Smith: Adam Smith, (1723-1790) foi um economista e filósofo escocês. Ele é
considerado um dos maiores defensores do liberalismo econômico e também é
reconhecido como o pai da economia moderna.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 09/10/2019)
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SÉCULO XX
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Na concepção progressista, o homem é
pensado como um protagonista. A escola,
nesse sentido, deve fornecer
os instrumentos necessários para que
o indivíduo possa discutir a sua atuação
em sociedade.
MARCO DO PERÍODO
Guerra Fria / Desenvolvimento
tecnológico
Após a Segunda Guerra Mundial o mundo
se dividiu em um conflito conhecido como
Guerra Fria. As tensões provocadas pela
disputa entre Estados Unidos e União
Soviética geraram críticas e movimentos,
que contestavam a ordem social
estabelecida. A disseminação do rádio e
da televisão associada à velocidade da
tecnologia e dos transportes
transformaram as relações sociais.
Como vimos, as tendências liberal e progressista surgiram em diferentes momentos
históricos. No entanto, não podemos entendê-las como se uma fosse sucessora da outra.
Cada tendência trouxe contribuições significativas para a Educação, que são aplicadas no
contexto escolar até os dias de hoje. Vejamos alguns exemplos:
TENDÊNCIA LIBERAL
Uma das técnicas de aprendizagem utilizadas por essa tendência é
a memorização, bastante comum no ensino de tarefas operacionais
ou de Matemática nas séries iniciais, para decorar tabuada, por
exemplo.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Uma das técnicas utilizadas nessa tendência é a discussão em
grupo, muito empregada em diferentes áreas de conhecimento.
Podemos citar, como exemplo, uma atividade em sala de aula em
que um grupo de alunos de Publicidade se reúne para elaborar uma
estratégia de marketing.
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Perceba que a implementação dessas tendências no processo de ensinoaprendizagem está condicionado ao tipo de conhecimento que será aprendido e
ao contexto no qual essa aprendizagem será construída. Nos próximos módulos, vamos
conhecer as principais características das tendências liberal e progressista e
entenderemos como elas se subdividem.
Importante
A Didática auxilia a interpretação dessas tendências pedagógicas
para explorar os modos de fazer e de pensar na Educação.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda corretamente a uma das
questões a seguir.
1. Das afirmações a seguir, marque a que mais se adequa à Pedagogia Liberal:
a) O aluno é um sujeito ativo na construção do conhecimento e o professor atua como um
facilitador para que a aprendizagem ocorra.
b) A escola deve preparar os indivíduos para exercer os papéis sociais, permitindo que
eles estejam prontos às exigências do mercado e da sociedade em geral.
c) Os conteúdos que devem ser aprendidos são definidos exclusivamente a partir do
contexto social do aluno.
d) O aluno possui a autogestão da sua experiência de aprendizagem, inclusive na escolha
do conteúdo que estudará.
Feedback
A resposta certa é a letra B.
A Tendência Pedagógica Liberal dá ênfase ao ensino e ao conteúdo que o aluno deve
aprender a fim de responder plenamente às expectativas da sociedade em que está
inserido. Assim, o professor é responsável pelo processo de ensino-aprendizagem,
enquanto o aluno deve aproveitar ao máximo o conhecimento transmitido.
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2. A Educação, historicamente, prepara o indivíduo para assumir o seu papel na
sociedade. Com as transformações no contexto social, modifica-se a percepção sobre a
atuação de professores e alunos.
Com base nisso, analise as afirmações a seguir e marque aquela que apresenta a
proposta da Pedagogia Progressista.
a) O professor deve incorporar a realidade do aluno como ponto de partida para a ação
educativa, favorecendo a conscientização das realidades sociais e culturais.
b) objetivo da Educação é definir os caminhos que todos os alunos devem seguir,
considerando, em alguma medida, suas características individuais.
c) No processo de ensino-aprendizagem, o professor é o responsável por transmitir os
conhecimentos que devem ser aprendidos pelo aluno.
d) Os alunos devem ser preparados para que exerçam, de maneira eficiente, o seu papel
social, que é historicamente estabelecido.
Feedback
A resposta certa é a letra A.
A Pedagogia Progressista faz uma análise crítica da realidade social e do papel da
Educação, propondo que o aluno seja responsável pela sua aprendizagem e construtor de
seu papel social.
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PEDAGOGIA LIBERAL
Muitos conhecem o liberalismo somente como uma tendência econômica, mas esse
movimento deve ser compreendido, também, em seu caráter filosófico.
Algumas demandas sociais e acontecimentos históricos marcaram o momento
de ascensão do liberalismo:
Diversas revoluções foram influenciadas pelo pensamento liberal, como as revoluções
inglesa e francesa e a Primavera dos Povos*. O liberalismo também ganhou força
especial com a nova dinâmica social experimentada no século XIX, que trouxe o modelo
econômico baseado na liberdade de produção e na propriedade privada, chamado
de capitalismo*.
*Revoluções inglesa e francesa e a Primavera dos Povos: Essas revoluções marcam as
mudanças dos sistemas políticos e a implementação de um modelo econômico
influenciado por uma política liberal. Baseado nas ideias de Adam Smith, os ingleses
fizeram a sua revolução em uma disputa entre a casa das duas rosas (conflito entre a
casa de Lancaster e a Casa de York, que disputavam o trono inglês). Em seguida, na
Revolução Francesa, a burguesia lutou para superar o antigo regime. Por fim, no restante
da Europa, ocorre uma série de movimentos contra a monarquia estabelecida na época.
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*Capitalismo: O livro História do Capitalismo, de Osvaldo Coggiola, faz uma retrospectiva
sobre como o capitalismo se desenvolveu. Sugerimos a leitura dele para que você
conheça um pouco mais sobre esse tema.
A pintura A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix, retrata bem o espírito da
população nesse período e a motivação para a mudança.
“A liberdade guiando o povo” / Pintura de Eugène Delacroix.
A Pintura “A liberdade guiando o povo” foi feita por Eugène Delacroix, artista francês do
Romantismo. Interessado também nos temas políticos, Delacroix pintou esse quadro para
retratar os acontecimentos do seu país.
A mulher, denominada Marianne, foi representada usando um gorro, com uma arma na
mão esquerda e a bandeira da França na mão direita. Essa pintura virou símbolo da
Revolução Francesa, pois o gorro era um adereço utilizado pelos escravos libertos na
Grécia e em Roma. Marianne,
então, representava o grito de resistência frente ao sistema
da época.
(Informações coletadas do site da Embaixada da França no Brasil em 27/09/2019).
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E como esse pensamento liberal se refletiu no Brasil?
Em 1889, o Brasil se tornou uma
República, tendo como principal
influência intelectual o positivismo*.
Essa filosofia era defendida
por Benjamin Constant*, um dos ícones
brasileiros que tinha um sonho
revolucionário para aquele período:
alfabetizar 20% dos brasileiros até 1920,
índice que foi considerado impossível de
ser alcançado. O desafio dele nos
mostra a situação em que a educação
brasileira se encontrava à época.
*Positivismo: O positivismo, corrente filosófica que defende o conhecimento científico
como o único verdadeiro, tem como principal representante Auguste Comte (1798 –
1857), filósofo francês que defendia a criação de uma filosofia positivista.
*Benjamin Constant: Benjamin Constant (1833 – 1891) foi militar e político brasileiro.
Influenciado pelo pensamento positivista, criou o slogan da bandeira brasileira: Ordem e
Progresso.
(Informações coletadas do site Ebiografia em 10/10/2019)
A influência do liberalismo na República
também pode ser observada na
composição da nossa bandeira, obra
geométrica formada por quadriláteros e
medianizes, que leva os dizeres “Ordem
e Progresso” e que marca a tentativa de
se organizar a educação brasileira.
Perceba que, em meio às transformações, a Educação não fica imune, ela assume a
função de preparar o indivíduo para esse novo mundo, criando possibilidades para que
ele desenvolva o seu potencial. A escola, nesse sentido, aperfeiçoa o homem,
fornecendo instrumentos para que ele cumpra o seu papel no progresso social.
Nesse contexto de mudanças, a Pedagogia Liberal se ramifica em três linhas de
pensamento:
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TENDÊNCIA TRADICIONAL
O que se percebe durante o século XVIII, com o avanço do liberalismo, é a multiplicação
desse pensamento com a motivação para a mudança social. Novas funções passaram a
existir. A sociedade precisava crescer e a preparação do indivíduo tornou-se fundamental
para a construção de uma sociedade melhor.
Como já entendemos, a preparação do indivíduo para exercer o seu papel social é função
da Educação. Vejamos as principais características da Tendência Tradicional que
mostram como ela organiza o Sistema Educacional para atender à demanda que lhe é
atribuída.
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escola relação professoraluno
conteúdo
Prepara o aluno
intelectualmente e
desenha o caminho
que
todos devem percorrer
para chegar ao
conhecimento.
O professor é a
autoridade em sala de
aula, pois é ele quem
domina o conhecimento
científico. Ele deve
valorizar a disciplina e
estabelecer uma relação
de respeito perante os
alunos.
São os
conhecimentos
enciclopédicos,
aqueles acumulados
pela sociedade, que
possuem valor
intelectual.
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método aprendizagem avaliação
São expositivos, focam
na comunicação oral
do conteúdo e na
demonstração feitas
pelo professor. Os
exercícios de repetição
são valorizados, pois
permitem que o aluno
memorize os
conceitos e as
fórmulas.
É receptiva e
mecânica, o aluno
deve seguir todos os
passos
estabelecidos pelo
professor para
assimilar o conteúdo.
Por isso,
são usados exercícios
de repetição para
garantir que o aluno
aprendeu a matéria.
É feita por meio de
provas orais e escritas,
testes e exercícios
para
casa, com o objetivo de
metrificar o
conhecimento.
Observe que, nessa tendência, o professor possui uma atuação primordial, pois ele é
quem define qual conteúdo será estudado e elabora o planejamento do processo de
ensino-aprendizagem. Por ter um papel central, cabe ao professor não só repassar os
conhecimentos, mas também observar os alunos, aconselhar e corrigir possíveis erros.
Como a Tendência Tradicional se reflete nos âmbitos individual e social?
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CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO
INDIVIDUAL
CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO
SOCIAL
• Atividades individuais;
• Foco no conhecimento científico;
• Valorização de uma única cultura
ensinada pela escola, podendo
gerar inadaptação cultural*;
• Aceitação passiva* das divisões
sociais.
• Conservação dos padrões sociais;
• Defesa da organização social;
• Preferência pela especulação
teórica* e pela prática como repetição.
*Inadaptação cultural: Exemplo - O filme “Escritores da Liberdade” conta a história da
professora Gruwell, mulher jovem e idealista que vai dar aulas em uma escola de um
bairro pobre. Em uma das cenas do filme, Gruwell entra na turma e se depara com um
grupo de alunos fazendo uma caricatura de um dos colegas e debochando dos traços
negroides dele. A professora, muito indignada, lembra os alunos do que era feito aos
judeus durante o Holocausto. Após algumas provocações, os alunos manifestam o desejo
de saber mais sobre o assunto.
*Aceitação passiva: Exemplo - O filme “Ray Charles” conta a vida desse cantor e pianista
que, apesar da cegueira que o acometeu aos 7 anos, desenvolveu uma habilidade incrível
ao tocar piano. Em uma das cenas do filme, Ray chega à Geórgia, estado do sudeste dos
EUA; e, mesmo diante dos protestos contra a segregação racial, ele diz: “Eu estou fazendo
o meu trabalho. Esse é só o meu dinheiro. Isso aqui é assim mesmo. Foi como eu
aprendi”. Ray Charles desperta de sua aceitação passiva quando presencia um dos
promotores do evento agredindo um dos jovens negros que tentava conversar com ele.
*Especulação teórica: Exemplo - O filme “O Sorriso de Mona Lisa” conta a história de
Katherine Watson, uma professora jovem que vai ministrar aulas em uma escola feminina
e tradicional. Nessa escola, as alunas são educadas para se tornarem esposas cultas e
mães responsáveis. Em uma das cenas do filme, a professora Katherine inicia sua aula
apresentando fotos das obras de arte que compõem o tema da aula. Enquanto a
professora apresenta as imagens, as alunas imediatamente falam, em coro, as
informações que leram sobre as obras. As alunas demonstram que leram todos os livros
sugeridos, porém, são incapazes de refletir sobre o que representa todo aquele conjunto
de informações.
Ao longo do tempo, a Tendência Tradicional sofreu várias críticas. Dentre elas, podemos
destacar a falta de relação dos conteúdos estudados com a vida dos alunos. No entanto,
essa tendência trouxe significativas contribuições para a Educação, pois os seus
métodos de ensino são utilizados até hoje em diferentes áreas de conhecimento.
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Quer entender melhor?
A professora Angela Maria Paiva Gama* nos mostra, a seguir, um exemplo de como
podemos utilizar as técnicas da Tendência Tradicional.
*Angela Maria Paiva Gama: Atualmente é professora auxiliar da Universidade Estácio de
Sá e coordenadora do Curso de Pedagogia no Campus Freguesia – UNESA. Atua, desde
2010, como professora do Ensino a Distância da Universidade Estácio de Sá. A professora
também participa do Centro de Filosofia Educação Para o Pensar, desde 2002.
(Informações coletadas do Lattes em 16/10/2019)
Acredito que diferentes metodologias
permitem que os objetivos de
aprendizagem sejam alcançados. A aula
expositiva, por exemplo, deve fazer parte
da apresentação de conteúdos
sequenciais. Podemos, então, no ensino
de múltiplos e divisores nas operações
com frações, primeiro apresentar os
conteúdos em uma aula expositiva e,
posteriormente, trazer exercícios
práticos para que o aluno possa
memorizar o conteúdo.
Perceba que, nesse contexto, a exposição do conteúdo pelo professor é essencial para
que o aluno entenda as regras das operações com frações para, em seguida, colocar em
prática, fazendo uso de exercícios. A exposição e a repetição, por meio de exercícios
práticos, nesse caso, permitem que ocorra a naturalização do conteúdo e,
consequentemente, ocorra a aprendizagem.
SAIBA MAIS!
Leia a entrevista de Inger Enkvist, professora catedrática
emérita de espanhol da Universidade de Lund, defensora da
tendência tradicional, na qual afirma que “a nova pedagogia

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