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43 44 3.1 - Custos de Oportunidades e Criação de Valor CUSTOS DE OPORTUNIDADES E CRIAÇÃO DE VALOR Olá! Seja bem vindo a nossa terceira aula, iremos abordar conceito de criação de valor pelas organizações. Dizemos que uma organização é criadora de valores quando a mesma consegue oferecer aos fornecedores de capital, quer sejam próprios ou terceiros, ganhos acima das suas expectativas mínimas de ganho. Será abordado nesta aula conceitos e medidas de mensuração de geração de valor. Esta aula faz parte do escopo do conteúdo de gestão financeira, dado que o gestor para atrair investidores ou captar recursos de terceiros tem que entender o aspecto da geração de valor por parte da organização, pois esta questão é fundamental para atração de capital. Por outro lado quando o gestor é representante de investidores, ele terá como viés de alocação de investimento empresas que mais geram valor econômico. Para entendermos sobre a criação de valor precisamos inicialmente entender o conceito de custo de oportunidades. Para Assaf Neto (2016) “ Custo de Oportunidade é a melhor alternativa disponível que foi sacrificada. É quanto se deixou d ganhar decidindo por um investimento em vez de outro , de mesmo risco.” Somente se tem o custo de oportunidade se temos mais de uma alternativa de investimentos com riscos semelhantes para serem comparados. Isto é muito importante. Se a opção A tem retorno de 10%a.a e a opção B tem retorno de 5% a.a e ambas tem o mesmo risco de retorno podemos avaliar o custo de oportunidade, porém se o risco de retorno for diferente não podemos tratar como custo de oportunidade, mas sim como prêmio pelo risco incorrido. Então temos que taxas distintas de retornos decorrentes de riscos esperados diferentes não podem ser medidos como custo de oportunidade, mas sim como prêmio pelo risco incorrido. Temos a regra máxima do mercado financeiro, quanto maior o risco maior o prêmio esperado. Bem entendemos o que é custo de oportunidade e a diferença dele em relação ao prêmio pelo risco incorrido, mas como vincular isto a geração de valor. Para isto temos que entender o 45 Lucro Econômico. Primeiro precisamos entender que Lucro Econômico não equivale a Lucro Contábil. Lucro Contábil mede a performance da organização, porém não consegue medir a criação de valor gerado por esta perfomance, assim o Lucro Econômico incorpora aspecto não objetos da medição contábil tradicional. Então, novamente citando Assaf Neto (2016) temos que “ o conceito de lucro econômico é o que resta depois de deduzir de resultado o que se deixou de ganhar por não investir em outra(as) alternativa(s) de risco similar. Existe lucro econômico quando o retorno do capital investido na empresa superar o seu custo de oportunidade”. Veja o calculo: 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐸𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 − (𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑜𝑟𝑡𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑋 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜) Empresas eficientes são geradoras de valores e são estas empresas que atraem investidores criando um ciclo virtuoso de crescimento. Gestão baseada em valores (GBV) é uma abordagem e modelo de gestão que direcionam decisões das empresas para objetivos que geram criação de valores. Vamos recapitular então alguns conceitos abordados aqui e que serão fundamentais durante o aprendizado desta aula: o Custo de Oportunidade – É a melhor alternativa disponível em relação a que foi sacrificada; o Riscos iguais – Só podemos considerar custos de oportunidades se as alternativas de investimentos têm os mesmos riscos incorridos; o Custo de oportunidade pressupõe termos no mínimo duas opções de investimentos; o Riscos diferentes – Não podemos tratar como custos de oportunidades análise de opções de investimentos com riscos distintos, neste caso temos prêmios por incorridos; 46 o Lucro Contábil – Mede a performance da empresa sem considerar o risco do capital próprio; o Lucro Econômico – Mede a criação de valor gerado pela organização para seus investidores 3.2 - Modelo do Valor Econômico Agregado VALOR ECONÔMICO AGREGADO (EVA) O modelo adotado para identificar a criação de valores pelas empresas é o Economic Value Added – (EVA) que traduzido é Valor Econômico Agregado. A medida de valor mensura se a organização está produzindo um lucro que “cubra” seus custos de capital e de investimentos. Quando o resultado é positivo dizemos que a empresa criação valor, quando é inferior aos custos dizemos que a organização “destrói” valor gerando prejuízo econômico. Formas distintas de criação de valor: CALCULO COM BASE NO LUCRO OPERACIONAL LUCRO OPERACIONAL ( LÍQUIDO DO IR) R$ XXXXXX (-) CUSTO TOTAL DE CAPITAL PRÓPRIO E DE TERCEIROS R$ XXXXXX (=) VALOR ECONÔMICO AGREGADO (EVA) R$ XXXXX CALCULO COM BASE NO LUCRO LÍQUIDO LUCRO LÍQUIDO R$ XXXXXX (-) CUSTO TOTAL DE CAPITAL PRÓPRIO E DE TERCEIROS R$ XXXXXX (=) VALOR ECONÔMICO AGREGADO (EVA) R$ XXXXX 47 Vamos avaliar uma situação prática do modelo proposto. Veja o modelo abaixo: Ativo Passivo Investimento Capital de Terceiros 1,000,000.00 400,000.00 Capital Próprio 600,000.00 Vamos supor que a empresa remunere o capital de terceiro a 10% a.a e que isto também ocorra os acionistas, ou seja quando faz distribuição de lucro anual. Então podemos fazer o seguinte cálculo do Lucro Econômico: Lucro Operacional 150,000.00 Remuneração do Capital próprio 10% x R$ 600.000,00 - 60,000.00 Remuneração do Capital de Terceiros 10% X R$ 400.000,00 - 40,000.00 Custo Total de Capital - 100,000.00 EVA = 50,000.00 No quadro acima temos que a empresa criou valor econômico, ou seja lucro econômico de R$ 50.000,00. Vamos agora entender o Custo Total de Capital que é o WACC (Weighted Average Cost of Capital) que tem por objetivo demonstrar a média ponderada dos custos pela participação das fontes de financiamento. A fórmula do WACC é a seguinte: 𝑊𝐴𝐶𝐶 = (𝐾𝑒 𝑥 𝑊𝑝𝑙 + (𝐾𝑖 + 𝑊𝑝 ) Onde: Ke = Custo de Capital de Próprio; Wpl = Participação do Capital Próprio ( Patrimônio Líquido); 48 Ki = Custo do Capital de Terceiros ( Custo da Dívida); Wp = Participação do Capital de terceiros ( dívidas). Aplicando o WACC no caso que estamos analisando temos o seguinte: WACC = ( 10% x 40%) + (10% x 60%) = 10% Agora aplicando o WACC para calcular o EVA temos: EVA = R$ 150.000,00 – (10% x R$ 1.000.000,00) EVA = R$ 50.000,00. 3.3 - Avaliação de Desempenho VALOR PARA O ACIONISTA Vamos entender as medidas de desempenho que podemos obter extraídas do conceito de criação de valor. Primeira medida que iremos avaliar o SPREAD do acionista: O SPREAD é calculado da seguinte forma: 𝑺𝑷𝑹𝑬𝑨𝑫 𝑫𝑶 𝑨𝑪𝑰𝑶𝑵𝑰𝑺𝑻𝑨 = 𝑹𝑶𝑬 − 𝑪𝑼𝑺𝑻𝑶 𝑫𝑶 𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑨𝑳 𝑷𝑹Ó𝑷𝑹𝑰𝑶 Vamos supor que uma empresa tenha um lucro líquido de R$ 100.000,00 e um Patrimônio Líquido de R$ 1.000.000,00 temos que o ROE desta empresa é 𝑅$ 100.000,00 𝑅$ 1.000.000,00 𝑥 100 = 10% Vamos supor que o custo do capital próprio seja de 8% então temos o seguinte resultado: SPREAD DO ACIONISTA = 10% - 8% SPREAD DO ACIONISA = 2% 49 Assim temos que o EVA é: EVA = SPREAD do Acionista x Patrimônio Líquido EVA = 2% x R$ 1.000.000,00 = R$ 20.000,00. O Spread do Acionista sempre tem que ser igual ao resultado do calculo do EVA, esta é a dica, mas veja que o Spread do Acionista permite aferir a criação de valor gerado pelo capital próprio dos acionistas. MVA – MARKET VALUE ADDED Quando uma organização gera receitas operacionais acima dos seus custos e despesas, incluídos também o custo do capital próprio neste caso temos o acréscimo de valor de mercado, ou seja, o MVA.Temos que o calculo do MVA se dá pela diferença entre o valor de mercado da empresa e o valor do capital investido, também a valor de mercado. Podemos calcular : 𝑀𝑉𝐴 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 − 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑎 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 Entendendo o conceito do calculo apresentado acima do MVA, podemos retratar como avaliação de desempenho do MVA da seguinte forma: 𝑀𝑉𝐴 = 𝐸𝑉𝐴 𝑊𝐴𝐶𝐶 Vamos simular uma situação para aplicarmos o MVA como avaliação de desempenho: Uma empresa tem: EVA = R$ 100.000,00 WACC = 10% a.a. Desta forma o MVA é assim calculado: 𝑅$ 100.000,00 0,10 = R$ 1.000.000,00 50 Este resultado revela quanto a empresa além do capital investido, assim se o capital investido na empresa foi de R$ 5.000.000,00 adiciona a este valor o MVA, valendo então R$ 6.000.000,00. 51 REFERÊNCIA REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BÁSICA: Assaf Neto, Alexandre. Lima, Fabiano Guasti – Curso de Administração Financeira – 3 Edição – São Paulo, Atlas, 2014; BRIGHAM, Eugene F., GAPENSKI, Louis C., EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira: Teoria e Prática. Editoria Atlas, São Paulo. 2001. ROSS, Stephen. WESTERFIELD, Randolph W. JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira: Corporate Finance. Trad. Antonio Zoratto Sanvicente. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2003. BRIGHAM, Eugene F., GAPENSKI, Luis C., EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira: teoria e prática. Trad. Alexandre L. G. Alcântara. São Paulo: Atlas, 2001. DAMODARAN, Aswath. Avaliação de Investimentos: ferramentas e técnicas para a determinação do valor de qualquer ativo. Trad. Bazán Tecnologia e Lingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. Trad. Jean Jacques Salim e João Carlos Douat. 7 ed. São Paulo: Harbra, 1997. 52
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