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Introdução aos estudos históricos I

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LICENCIATURA EM
 HISTÓRIA 
INTRODUÇÃO AOS 
ESTUDOS HISTÓRICOS I
Semestre 1
Prof. Carlos Eduardo Finochio
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�
UNIMES VIRTUAL
L782c LOBO, Maurício Nunes
 Curso de Pedagogia: Atividades Curriculares Acadêmicas Adicionais (por)
 Prof. Maurício Nunes Lobo. Semestre 2. Santos:
 UNIMES VIRTUAL. UNIMES. 2006. 22p.
 
 1. Pedagogia 2. Atividades Curriculares Acadêmicas Adicionais.
 
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AULA INAUGURAL
Olá!
Muito prazer em poder conhecer você através da construção de um novo 
mundo...
Um mundo de responsabilidades e de construção de conhecimento...
CONHECIMENTO, SABERES, CULTURA... Nosso maior tesouro.
Que bom podermos falar de História!!!
Que bom podermos falar da nossa sociedade!!!
Que bom podermos falar de nós mesmos!!!
Vamos trabalhar, juntos, esse universo único e tão atraente que é a HIS-
TÓRIA.
Vamos falar de cultura, de fatos, acontecimentos, de tempo e lugares...
Espero, de coração, que nossa jornada, nossa HISTÓRIA, seja de grande 
troca, de grande enriquecimento e muita alegria.
Parabéns!
Parabéns por ter escolhido História, pois são raras as pessoas que têm 
essa sensibilidade. 
Isso faz de você alguém muito especial.
Pode acreditar!
Seja Bem-vindo!
Um abraço,
Prof. Carlos Eduardo Finochio
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�
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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS �
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Índice
Unidade I - História: Conceitos e Trajetórias ...................................................... 11
Aula: 01 - O que é História I - conceitos ..................................................................... 12
Aula: 02 - O que é História II – trajetória .................................................................... 15
Aula: 03 - História e a Modernidade ........................................................................... 18
Aula: 04 - História na Atualidade ................................................................................ 21
Aula: 05 - História e as ciências auxiliares I ............................................................... 24
Aula: 06 - História e as ciências auxiliares II .............................................................. 27
Resumo Unidade I ...................................................................................................... 29
Unidade II - História e Produção ........................................................................ 33
Aula: 07 - Fontes Históricas ....................................................................................... 34
Aula: 08 - Análise do Documento Histórico ................................................................ 36
Aula: 09 - O Objeto da História ................................................................................... 38
Aula: 10 - O Fato Histórico ......................................................................................... 41
Aula: 11 - A Produção Histórica ................................................................................. 44
Resumo Unidade II ..................................................................................................... 47
Unidade III - A Construção do Conhecimento Histórico ..................................... 51
Aula: 12 - História e Memória I – Tradição Oral .......................................................... 52
Aula: 13 - História e Memória II – Trajetória ............................................................... 55
Aula: 14 - História e Conhecimento ............................................................................ 58
Aula: 15 - Ensinando História no Brasil ....................................................................... 61
Aula: 16 - Afinal, História é Ciência? .......................................................................... 64
Resumo Unidade III .................................................................................................... 67
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS10
UNIMES VIRTUAL
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 11
UNIMES VIRTUAL
Unidade I
História: Conceitos e Trajetórias
Objetivos
A unidade I pretende trabalhar os conceitos básicos de História e a sua trajetória, 
abordando a função da História e as ciências auxiliares.
Plano de Estudo
Esta unidade conta com as seguintes aulas:
Aula: 01 - O que é História I - conceitos
Aula: 02 - O que é História II – trajetória
Aula: 03 - História e a Modernidade
Aula: 0� - História na Atualidade
Aula: 0� - História e as ciências auxiliares I
Aula: 0� - História e as ciências auxiliares II
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS12
UNIMES VIRTUAL
Aula: 01
Temática: O que é História I - conceitos
 
 
No nosso primeiro encontro, vamos abordar alguns concei-
tos de História e seus desdobramentos.
Para facilitar o nosso primeiro encontro, vamos imaginar uma situação 
bem corriqueira do nosso cotidiano?
Vamos lá...
Pense numa criança, ainda em fase de alfabetização, ouvindo a mãe dizer:
- Agora vou contar uma historinha pra você dormir.
O que será que se passa na cabeça dessa criança?
O que ela espera ouvir?
Qual é a imagem que ela projeta ao ouvir a narrativa da mãe?
Pois bem. Agora, pense um pouco o que representa cada uma dessas 
palavras para você:
• Lenda
• Fábula
• Parábola
• Mito
• Conto de fadas
• “história”
• História
Percebeu alguma coisa estranha? Percebeu alguma palavrarepetida? Sabe, 
de verdade, o significado de cada uma? Qual a diferença entre elas?
Pois é...
O que vamos tratar aqui não é da história ficção, da história fantasia. Vamos, 
sim, trabalhar a História ciência. Esta História com a letra H maiúscula.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 13
UNIMES VIRTUAL
A origem da palavra História é grega. O latim foi responsá-
vel pela sua divulgação em vários idiomas modernos. Seu 
significado passa pela questão do fato: sua exposição, seu 
estudo e o próprio fato em si. Hoje, a palavra História é empregada no sen-
tido subjetivo e objetivo. Ao falarmos em História como estudo, processo 
de pesquisa ou conhecimento do passado da humanidade, estamos traba-
lhando o seu sentido subjetivo. Como exemplo, podemos dizer: “A História 
Medieval é bastante complexa”. Por outro lado, quando empregamos a 
palavra História para designar os acontecimentos do passado, estamos 
usando o sentido objetivo, isto é, estamos pensando no objeto dos estu-
dos históricos que é o próprio fato.
A memória da humanidade é conservada nos arquivos da história. As ori-
gens da sociedade, a evolução dos povos antigos, o auge e a decadência 
das civilizações, os feitos de personagens ilustres, os antecedentes de 
acontecimentos e situações contemporâneas e a trajetória do homem ao 
longo do tempo são temas históricos que constituem uma parte fundamen-
tal da cultura individual e coletiva. O vocábulo grego história, que significa 
“conhecimento por meio de uma indagação”, deriva de hístor: “sábio” ou 
“conhecedor”. O termo latino história foi adotado por quase todos os idio-
mas ocidentais, com exceções como o alemão (Geschichte).
Na atualidade, as definições podem dar margem a dúvidas e infindos de-
bates. Uma linha pode localizar a História como uma ciência por trabalhar 
com documentos e ter a preocupação de indicar causas e conseqüências 
dos eventos do passado humano.
Vejamos algumas definições para a História:
> “A História é a ciência dos atos humanos do passado e dos vários fato-
res que neles influíram, vistos na sua sucessão temporal”.
> “Exposição verídica dos principais acontecimentos do passado da hu-
manidade, considerados em suas causas e conseqüências”.
> “A História é o conhecimento do passado humano”.
> “A ciência histórica estuda e expõe os fatos do desenvolvimento do 
homem nas suas manifestações como ser social no tempo e no espaço”.
> “A História estuda ações dos homens, procurando explicar as relações 
entre seus diferentes grupos”.
> “Narrativa de fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, 
e da humanidade em geral”.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS1�
UNIMES VIRTUAL
Do elenco de enfoques acima citados, podemos destacar algumas referên-
cias relevantes:
1. Exposição se refere ao trabalho criterioso de investigação e o conheci-
mento de seus resultados.
2. A questão de ser verídica, tal exposição, está voltada para uma investi-
gação fundamentada em fontes fidedignas.
3. “Os principais acontecimentos”, ou “fatos notáveis”, podem levar o his-
toriador a desprezar todo um contexto de entorno, fazendo uma História 
segmentada, privilegiando os heróis e desconsiderando outros agentes.
�. O termo “passado” não pode ser entendido apenas como remoto, muito 
distante, mas também como um passado próximo. Essa questão do tempo 
histórico, será abordada em outras oportunidades futuras.
�. As causas e conseqüências também nos levam ao entendimento de 
algo em processo, dinâmico e não estático.
�. O homem, como agente da História, e seu objeto de estudo, em seus 
diferentes grupos estão situados nas relações sociais em permanente mo-
vimento.
Lucien Febvre, historiador francês (1878-1956), qualifica a História como 
um estudo cientificamente conduzido e não como uma ciência, porque 
considera ciência como somas de resultados. História é a necessidade de 
recomeçar, refazer, de repensar quando preciso. Os resultados adquiridos 
são readaptáveis.
O homem é o único objeto da História, uma disciplina humana, ao lado de 
outras. Uma História que se interessa por homens com múltiplas funções, 
aptidões variadas, que entram em conflito e chegam a um modo de vida.
 
Acredito que agora já podemos propor uma reflexão em 3 
momentos:
• Será que a História que aprendemos na escola passa por uma abor-
dagem científica?
• Consigo perceber a complexidade das várias definições expostas?
• Qual é a verdadeira dimensão do “passado” para a História?
 
Fato histórico, tempo histórico e fontes históricas serão os 
temas das nossas próximas aulas. Conto com sua partici-
pação! 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 1�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 02 
Temática: O que é História II – trajetória
Agora que já estamos aquecidos, podemos estudar a traje-
tória da História!
 
Uma breve retomada:
Vimos que a História está sempre se constituindo e que o conhecimento 
produzido por ela nunca é acabado. Os historiadores buscam uma delimita-
ção para o seu campo específico de atuação. Debatem se a História deve 
estudar só o passado ou pode fazer, ainda, previsões para o futuro. Outra 
discussão freqüente é a definição das técnicas para se atingir o conheci-
mento histórico.
Apesar de a História ter surgido no século VI a.C. (região do Mediterrâneo), 
desde sempre os homens sentem a necessidade de explicar a sua própria 
origem, a origem de sua vida. A primeira forma de explicação, nas socie-
dades primitivas, foi através do mito em forma da tradição oral. Tudo aqui-
lo que o homem não explica ele mitifica. Assim os fenômenos da natureza 
estão sempre interpretados de maneira sobrenatural, mágica, mística e 
são divinizados. O homem tinha uma explicação religiosa para a realidade. 
Isso justifica os vários deuses e rituais primitivos ligados aos fenômenos 
naturais: deus do Sol, deus da morte, dança da chuva, etc. O mito tinha 
uma força grande nas sociedades primitivas, explicando situações para os 
povos que o aceitavam, como uma verdade.
É claro que essa explicação mítica nunca vai desaparecer. Ela continua pa-
ralela a outras formas de explicação da realidade como a própria história.
A História, como forma de explicação, nasce unida à 
filosofia. Desde o início elas estão bastante ligadas; é 
a filosofia que vai tratar do conhecimento em geral. 
Em seu início, o campo filosófico abrange embriona-
riamente todas as áreas que depois iriam se afirmar 
como autônomas. (...) São os próprios gregos que 
descobrem a importância específica da explicação 
histórica...1
1 In. BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 1993. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS1�
UNIMES VIRTUAL
Heródoto, o chamado “pai da História”, seguindo Hecateau de Mileto, bus-
cava a “verdade”, fazendo suas investigações. É o primeiro a usar a pala-
vra no sentido de pesquisa.
Naquele momento os historiadores estavam presos à sua realidade con-
temporânea, mais imediata. Estudavam os fatos mais recentes do seu 
tempo. Não percebemos mais a preocupação com o remoto, com as ori-
gens, mas sim a tentativa de entender um momento histórico concreto, 
presente, ou proximamente passado através de uma narração temporal 
– perceba que no mito, a narrativa é atemporal.
Agora, analise esse pequeno texto do século II a. C., de Políbio, um histo-
riador grego:
Desde que um homem assume atitude de historiador, 
tem que esquecer todas as considerações, como o 
amor aos amigos e o ódio aos inimigos... Pois assim 
como os seres vivos se tornam inúteis quando priva-
dos de olhos, também a História da qual foi retirada a 
verdade nada mais é do que um conto sem proveito.
Perceba como o historiador passou a ter uma preocupação clara com a 
verdade.
Como vimos na aula anterior, abordando os conceitos e as características 
da História e sua narrativa, uma questão fundamental é:
> A questão de ser verídica, tal exposição, está voltada para uma investi-
gação fundamentada em fontes fidedignas. 
Ou seja, a importância dos documentos que certificam os acontecimentos 
históricos.
Na Idade Média, como fortalecimento da Igreja e a difusão do cristianis-
mo, temos uma nova orientação para a abordagem histórica. A realidade 
passou a ser dividida em dois planos: o superior (representado por Deus) 
e o Inferior (representado pelo homem) – uma visão agostiniana (Santo 
Agostinho), gerando uma interpretação teológica da História. Era a Cidade 
de Deus (obra de Santo Agostinho) e a Cidade dos Homens. No início des-
se período temos uma séria crise demográfica e uma acentuada regres-
são cultural. Somente membros do clero eram alfabetizados, responsáveis 
pela maior parte da produção escrita – geralmente pela vida de santos. 
Os documentos leigos surgem a partir do século XII. É nesse tempo que o 
comércio e a cidade voltam a ter destaque na organização social, política 
e econômica da Europa. Os documentos eram os registros das atividades 
comerciais, os diários de escudeiros e dos cavaleiros, etc.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 1�
UNIMES VIRTUAL
Importante:
- Os manuscritos eram feitos por pessoas contratadas, mediante paga-
mento. Quem sabia ler e escrever eram, na sua grande maioria, membros 
do clero que tinham a preocupação em agradar os senhores e cavaleiros 
que pediam o registro de suas atividades. Assim, não vamos ter um rigor 
na pesquisa como os gregos buscaram em suas investigações. Os redato-
res não estavam muito incentivados em aferir a veracidade dos fatos. Era 
o tempo em que a tradição oral predominava sobre a escrita.
 
Vale refletir:
Será que os registros que temos, na atualidade, para a construção do 
conhecimento histórico do presente e do futuro podem deixar o histo-
riador tranqüilo quanto à veracidade dos fatos?
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS1�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 03
Temática: História e a Modernidade
Essa aula vai nos aproximar da situação atual da História 
como ciência e sua aplicação.
Vimos que na Idade Média a fé predominava na mentalidade européia. 
Isso deu à História uma característica fantástica, plena de lendas e cre-
dulidades refletidas no seu registro através da escrita. Uma narrativa com 
presença de milagres e do impossível.
Já na Idade Moderna uma nova visão do mundo é denunciada pela própria 
História. A Europa passa por transformações na esfera econômica, política 
e social:
>Renascimento urbano;
>Renascimento cultural;
> Desenvolvimento da tecnologia;
> Desenvolvimento da indústria (inicialmente manufatureira);
> Grandes Navegações;
> Descoberta de novas terras e novas rotas marítimas comerciais;
> Resgate dos princípios greco-romanos;
> Valorização do homem (humanismo).
O contato com a filosofia grega e oriental possibilita uma profunda modi-
ficação na esfera cultural da Europa. O conhecimento deixa de partir da 
explicação divina em direção a uma explicação racional.
A corrente do pensamento empírico, baseado na experiência do conheci-
mento, se traduz numa forte tendência para a explicação de muitos fenô-
menos. O uso da razão em substituição ao uso da fé.
A partir do século XVI começa um trabalho mais criterioso nos estudos 
dos documentos, desenvolvendo técnicas na busca da precisão de infor-
mações, visando à veracidade dos fatos.
O Iluminismo, movimento de corrente filosófica do século XVIII, procurou 
mostrar a História como uma corrente linear progressiva da razão humana. 
Para eles, a verdade está mais próxima, pois a humanidade vai, sempre, 
dominar a natureza, numa evolução progressiva e constante.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 1�
UNIMES VIRTUAL
Com Voltaire, um dos maiores filósofos dessa escola, surge a preocupação 
com a sociedade em seu sentido mais amplo – ele quer ver a “história da 
civilização -, preocupação que acabará impondo-se na Europa Ocidental. O 
homem iluminado, levado pela fé em sua própria razão, trabalha para seu 
próprio progresso.” 1
Já no século XIX, o nacionalismo propõe uma organização dos Estados 
que estimula o estudo de sua própria história nacional. Cada país vai levan-
tar a documentação que registra o seu passado. O governo é um grande 
organizador de centros de pesquisas.
Foi na Alemanha que surgiu o interesse em situar a história como uma 
ciência, no momento em que a Europa vivia a época de grande desenvolvi-
mento científico como a física e a química (ciências naturais). Pretendiam, 
os alemães, fazer da história uma ciência segura, com grau de exatidão 
baseado em métodos de trabalhos que estabelecessem leis e verdades. 
Isso iniciou um trabalho de crítica severa das fontes: era a chamada “esco-
la científica alemã” cujo grande nome é Leopold Ranke. Para o historiador 
era preciso levantarem-se os fatos como eles realmente se passaram.
Essa mentalidade vai dar força ao positivismo histórico.
 
A História e o Positivismo
O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da Pri-
meira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu 
completo domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como 
uma corrente de pensamento que apregoava o predomínio da ciência e do 
método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião. 
 
Agora podemos ler um fragmento da reportagem publicada na revista His-
tória Viva, em março de 2005.
... O movimento intelectual erigido por Auguste Comte (1798-1857), de-
fendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos “positivos” 
(reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de investigação 
do conhecimento. 
(...) Na fase teológica o ser humano entende o mundo a partir dos fenô-
menos da Natureza dando a eles caráter divino. Essa fase encerra-se no 
monoteísmo. Na fase metafísica, a interpretação do mundo é calcada em 
1 In. BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 1993. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS20
UNIMES VIRTUAL
conceitos abstratos, idéias e princípios. Por fim, na fase positiva o ser hu-
mano limita-se a expor os fenômenos e a fixar as relações constantes de 
semelhança e sucessão entre eles. Nessa fase, as causas e as essências 
dos fenômenos são deixadas de lado para se evidenciarem as leis imutá-
veis que nos regem, pois o conhecimento destina-se a organizar e não a 
descobrir.
(...) Embora o positivismo seja julgado metodologicamente ultrapassado 
por transformar a ciência em objeto de reflexão da filosofia, a epistemolo-
gia comteana é possuidora de consideráveis princípios filosóficos que ten-
tam determinar o homem em relação a sua atividade e espaço histórico. 
Atualmente, traços positivistas são identificados em diferentes atividades 
no mundo ocidental, e especialmente no Brasil.
 
Para os seguidores dessa linha positivista, cabe ao historiador um levanta-
mento científico dos fatos sem buscar interpretá-los.
• Para o historiador positivista, os fatos se encadeiam mecanicamente 
numa relação determinista de causas e efeitos.
• A História escrita pelos positivistas é uma cadeia de fatos isolados e 
feita por heróis.
• O historiador vê o passado como algo morto sem fazer relação com o 
presente.
 
Vale uma nova reflexão:
O conhecimento histórico produzido pela história narrativa medieval 
em confronto com a produção histórica a partir do Renascimento.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 21
UNIMES VIRTUAL
Aula: 0� 
Temática: História na Atualidade
Já estudamos a trajetória e os conceitos de História, seus 
documentos e suas fontes. Agora você vai poder ver a sua 
aplicação e como os historiadores atuais encaram a História 
e seus desdobramentos.
Quando estudamos a trajetória da História, chegamos no século XIX e per-
cebemos que ela era pensada como uma narrativa dos grandes fatos e os 
heróis nacionais. Uma História diplomática, ligada aos eventos políticos e 
às mudanças.
Para aqueles historiadores, o presente era melhor que o passado, enquan-
to que o futuro seria sempre promissor – visão evolutiva e progressiva 
da história. Em um mundo em que a ciência e a tecnologia triunfavam, a 
noção de progresso se fazia cada vez mais presente na maneira não só de 
se entender a história, mas de conduzir as mentalidades daquela época.O século XX trouxe uma nova visão crítica ao campo da História. Essa 
visão de futuro sempre promissor foi questionada. Como diria o historiador 
Eric Hobsbawm “entramos numa Era de Incertezas” (título de sua obra). 
A preocupação passou a ser a colocação do homem no “seu tempo e es-
paço” e não simplesmente no tempo passado, rígido, dos grandes feitos 
históricos.
Em um artigo publicado na Revista História e-História, de março de 2004, 
cujo título é “Escritos Interrompidos: Marc Bloch, um combatente pela 
História”, o professor Renilso Rosa Ribeiro lembra:
Poucos autores transformaram tanto um ramo do co-
nhecimento quanto o historiador francês Marc Bloch. 
Professor da Sorbonne e um dos co-fundadores da 
Revista Annalles1, Bloch, junto com o seu companhei-
ro de ofício Lucien Febvre, revolucionou a forma de 
1 Nascida ao mesmo tempo que a revista dos Anais da História Econômica e Social, a 
Escola dos Anais, fundada em 1929 por Mar Bloch Febvre, reunia um grupo de historiado-
res que, renegando a história tradicional factual, privilegiava a longa duração e procurava 
abrir-se para as outras ciências humanas. Após a Segunda Guerra Mundial, a importância 
dos Anais foi reconhecida. Desde os anos 70, historiadores como Emmanuel Leroy-La-
durie, François Furet ou Jacques Le Goff, dão prosseguimento ao projeto interdisciplinar 
dos fundadores da Escola dos Anais, e apóiam-se em seus trabalhos sobre a antropologia 
e a sociologia. Essa “nova história” interessa-se particularmente pela história das men-
talidades.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS22
UNIMES VIRTUAL
se “fazer história” ao criar uma nova metodologia de 
estudos para esta área do saber. História para ele era 
análise e criticidade, e não mera narrativa; era com-
preensão, e não julgamento; era reconstrução, e não 
apreensão; era duração, e não somente mudanças.
A História dos Analles (ou Annales)
Na França, nos anos 1930, Marc Bloch e Lucien Febvre, vão fazer uma 
revisão de todo esse complexo universo da História, causando uma verda-
deira revolução no seu campo de atuação. São seus trabalhos, publicados 
na revista Anais de História Econômica e Social cujo primeiro número 
é publicado em 1929, que servem de base para a origem da conhecida 
“escola francesa” ou “escola dos Analles”, caracterizada pela luta contra a 
História exclusivamente política, narrativa e factual. A História ganhou um 
campo mais amplo de análise. Buscavam chamar atenção para a análise 
de estruturas sociais na sua totalidade, integrando os grupos humanos sob 
todos os aspectos (econômicos, políticos, culturais, religiosos, psicológi-
cos etc.). Uma História aberta às outras áreas do conhecimento.
Tanto que, os chamados herdeiros da Escola dos Analles, começaram a 
trabalhar com a chamada história das mentalidades, história do cotidiano, 
história da mulher, história do medo, do sexo ou da alimentação. Valoriza-
vam a diversidade de grupos sociais, seus comportamentos, ou mesmo 
um fato único, mas não como o faziam na história positivista, e sim a 
partir do pressuposto que a diferença é a forma essencial para se pensar a 
constituição de uma sociedade.
 
Essas novas aberturas para o campo da História como a 
História do Cotidiano, por exemplo, não é uma mera nar-
rativa de banalidades sem articulação com o seu contex-
to. A historiografia do cotidiano não pretende fazer discursos de simples 
curiosidades, pois, é palco da ação do homem e onde ela se mostra mais 
contínua e presa aos princípios de difícil mutação.
Todo homem, rico ou pobre, preto ou branco, é um 
agente da história que merece estudo; por outro lado, 
conhecer as resistências às mudanças é essencial 
para se conduzir o processo transformador da socie-
dade”.2
 
2 MELLO, Laura de. Revista promocional da Atual Editora, 1995, p. 07. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 23
UNIMES VIRTUAL
Mesmo o estudo de fenômenos de massa deve ter como complemento a 
pesquisa das elites numa reconstituição do meio, no qual os agentes da 
história transformam-se. Nesse campo, a preocupação foi procurar dados 
preciosos para o estudo dos comportamentos e costumes do coletivo. 
Assim, nos deparamos com as novas preocupações da historiografia em 
busca de novos temas e agentes, favorecendo a abordagem de outros 
espaços e tempos, além de redesenhar as noções tradicionais de signifi-
cados sob novo enfoque de discurso histórico. 
Nesse sentido, a fonte oral, as imagens e a cultura material 
se tornam pontos de apoios e de partida para a decodifi-
cação das tramas de relações cotidianas e suas diferentes 
dimensões.
 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS2�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 0� 
Temática: História e as ciências auxiliares I
 
 
Nas aulas passadas, vimos o significado da palavra História 
e as suas várias definições. Percebemos a importância des-
sa ciência para a compreensão da humanidade e da diversi-
dade de grupos onde o homem sempre foi o seu agente.
Apesar da História tratar do “passado”, é através dela que podemos am-
pliar nossos conhecimentos sobre as problemáticas contemporâneas.
Outras ciências podem auxiliar a História na sua abrangência. São as Ci-
ências Humanas tais como a filosofia, sociologia, psicologia, antropologia, 
geografia, dentre outras. Mas, ciências de outras áreas do conhecimento 
podem atuar, junto com a História, nas investigações e reflexões sobre 
acontecimentos passados e seus reflexos no presente.
 
Veja esse exemplo:
Recentemente uma pesquisadora, descendente da família “Colón”, da Es-
panha, iniciou uma pesquisa buscando identificar a verdadeira nacionali-
dade de Cristóvão Colombo. A Historiografia registra o navegador como 
um italiano, filho de um casal humilde, sem recursos. A pesquisadora ao 
perceber que na região de origem de Colombo não havia registros dessa 
família, juntou uma série de evidências e partiu para uma pesquisa mais 
profunda. Seu objetivo era provar que sua origem era espanhola e não 
italiana. Para isso, recorreu aos profissionais de outras áreas como um 
especialista em análise de caligrafia e até mesmo de profissionais da me-
dicina e engenharia genética para estudos de DNA dos restos mortais de 
Cristóvão Colombo e de seu filho. O estudioso de caligrafias alegou que 
a posição das letras inclinadas e o vocabulário usado nos textos manus-
critos por Colombo não conferiam com a classe humilde do navegador. A 
inclinação das letras e seu excelente aspecto denunciavam uma escrita 
veloz, habilidade exclusiva daqueles que podiam freqüentar uma boa esco-
la daquele tempo. Os diários do filho registram que seu pai sempre evitava 
falar de sua origem. Como os restos mortais conseguidos eram apenas 
fragmentos, os laboratórios da Espanha não conseguiram fazer o estudo 
completo do DNA, indicando uma equipe norte-americana (profissionais 
que trabalharam na identificação dos corpos das vítimas do atentado de 
11 de setembro dos E.U.A.) melhor equipada para essa pesquisa. Hoje, a 
investigação prossegue e aguardamos os resultados curiosos.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 2�
UNIMES VIRTUAL
O exemplo citado levanta uma série de questões que a História poderá 
explicar. Por que Colombo mentiu sua nacionalidade? Quais eram seus 
interesses? O que omitia de seu filho? Como sua escrita poderia ser típica 
de um erudito, se ele era filho de uma costureira pobre da Itália? Por que 
negar sua terra natal?
Existe, ainda, a possibilidade de ele ter sido de família judia, os Colón, da 
própria Espanha, pois sabemos que aprendeu a navegar com um parente 
seu - existem registros de um pirata espanhol, judeu, chamado Colón, que 
junto com algum familiar, membro de seu grupo de marujos, atacou uma 
nau que pertencia ao rei D. Fernando, católico, aquele que financiou, tem-
pos mais tarde, a viagem de Colombo para a América. Assim, o navegador 
precisou mentir sobre sua origem.
Todo esse processo, ainda em andamento, precisou de muita competência 
de profissionais de outras áreas, auxiliando os historiadores.
Concluindo:
> A integração entre as ciênciase diversas áreas do conhecimento se 
faz pelas concepções e pressupostos teórico-metodológicos do objeto de 
estudo comuns a todas elas. 
> Fica claro que o historiador e seus parceiros profissionais trabalham 
suas habilidades como a leitura e interpretação de diferentes linguagens 
como textos narrativos, informativos, mapas, fotos, documentos de épo-
ca, desenhos, tabelas etc. A escrita se manifesta na produção de textos 
em diversas linguagens e na organização e registro das informações.
> A expressão oral, através da exposição de idéias, argumentação e suas 
análises, ainda apóiam todo o conjunto de procedimentos dos profissionais.
> A análise e interpretação de fatos e idéias, coleta de informações, esta-
belecimento de relações, formulação de perguntas e hipóteses e a mobili-
zação de informações, conceitos e procedimentos em situações diversas 
com avanços e retomadas são atitudes que compõem esse universo de 
trabalho do historiador e de outros profissionais das mais variadas áreas.
> Já no processo de ensino de História, assunto que retomaremos em 
outra aula, a preocupação com a integração das ciências, a interdiscipli-
naridade, está sendo bem debatida e trabalhada.
> Podemos perceber, então, que não são as ciências humanas as únicas 
a contribuírem no trabalho do profissional de História (seja do historiador, 
seja do professor), mas as mais diversas áreas como linguagens, exatas, 
biomédicas etc.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS2�
UNIMES VIRTUAL
Pois bem,
E qual é o instrumento usado, em toda essa trajetória da História, no seu 
campo de atuação?
Resposta: São as Fontes.
Para responder melhor essa questão, precisamos entender bem o que são 
e quais são as tais fontes históricas. Vamos dedicar uma boa parte de 
nossos futuros encontros nesse debate, explicando o que é uma fonte 
primária, uma fonte oral ou iconográfica, como utilizá-las e tudo o mais.
 
Para nossa Reflexão:
Qual é o papel do historiador dentro de um contexto científico?
Qual é o papel do historiador na sociedade?
Qual é o papel de um professor de História?
 
Com toda certeza, vamos retomar esses pontos em nossas 
próximas aulas. 
Valeu!
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 2�
UNIMES VIRTUAL
Aula 0�
Temática: História e as ciências auxiliares II
 
Vimos várias ciências auxiliando o trabalho do historiador: 
arqueologia, filosofia, medicina, geografia, e mais um elen-
co de outras de caráter mais instrumental. 
Dentre essas outras disciplinas podemos citar: a Cronologia (estudo da 
sucessão e datação dos fenômenos históricos), a Paleografia (leitura de 
escrituras antigas), a Papirologia (estudo dos papiros egípcios e greco-ro-
manos), a Epigrafia (interpretação das inscrições), a Numismática (estudo 
das moedas), a Sigilografia (estudo dos selos e das formas de autentica-
ção diplomática), a Filatelia (estudo dos selos postais), a Heráldica (estudo 
dos brasões) etc.
Leia esse trecho do artigo publicado no Boletim Informativo da Sociedade 
Numismática Brasileira de São Paulo:1 
“Em casos mais precisos de datação, o historiador recorre a meios Quími-
cos, Físicos e Geológicos, assim como a técnicas complexas baseadas no 
conhecimento do tempo de desintegração de certos isótopos radiativos. 
Segundo o período considerado, o historiador utiliza umas ou outras ciên-
cias auxiliares. Para o especialista em história antiga serão necessárias a 
Arqueologia, a Epigrafia, a Numismática e a Papirologia. A Heráldica e a 
Diplomática - estudo dos documentos - além da Paleografia e da Filologia, 
serão fundamentais para um Medievalista, etc”. 
“A relação estabelecida entre as Ciências Humanas e a história é evidente, 
já que essas disciplinas, em sua referência ao estudo do passado e dos 
antecedentes dos fatos que analisam, aproximam-se necessariamente do 
método histórico, qualquer que este seja. A história proporciona uma visão 
temporal e abrangente que é imprescindível para entender as situações 
específicas estudadas pela Sociologia ou pela Psicologia. A relação entre 
história e Arte é particularmente indissolúvel”. 
A função das ciências auxiliares é estudar questões específicas e podem, 
ainda, ser divididas em três grupos principais, de acordo com a natureza 
das fontes estudadas: objetos, fatos ou circunstâncias e fontes escritas:
a) objetos: a Numismática (moedas), a Esfragísitica (selos) e a Heráldica 
(brasões);
1 Fragmentos do artigo publicado na edição n.4 da Revista Histórica.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS2�
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b) fatos: a Teologia, a Sociologia, a Etnologia, a Economia Política, a Crono-
logia (calendários) e a Metrologia (padrões de medida), dentre outros;
c) fontes escritas: a Paleografia, a Papirologia, a Epigrafia e a Codicologia.
A Paleografia foi consagrada por Jean Mabillon (1642-1707), um benediti-
no francês que, além de se dedicar ao estudo dessa ciência, pesquisava a 
Diplomática e a Cronologia. Inicialmente, a principal função destes estudos 
era jurídica: servia para provar a autenticidade de documentos, provan-
do, assim, o direito de uma pessoa sobre determinado patrimônio. Grosso 
modo, ocupa-se da decifração e ordenação de escritos antigos.
Entre o estudo das fontes escritas temos:
a) Papirologia: o estudo dos papiros, que foi o suporte para escrita mais 
utilizado na Antigüidade. Esta ciência trata da leitura, conservação e inter-
pretação dos papiros;
b) Epigrafia: o estudo da escrita em materiais sólidos, como madeira, pe-
dra e metal;
c) Codicologia: o estudo dos documentos manuscritos ou impressos, em 
pergaminho ou papel, encadernados em forma de livro (códice).
A Codicologia tem como objeto de estudo o livro manuscrito ou impresso, 
mas apresenta orientações segundo os objetivos. Interessa ao pesquisa-
dor da área conhecer o quadro teórico da ciência codicológica e atender 
à finalidade essencial do estudo do códice, que é situá-lo de modo a en-
tender a transmissão do texto e a sua funcionalidade de leitura, fixando 
a atenção particularmente em constituir instrumentos de recuperação do 
livro e dos fundos de manuscritos.
Você viu quantas ciências podem auxiliar o trabalho do his-
toriador? Vamos ficar atentos a elas.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 2�
UNIMES VIRTUAL
 
Resumo - Unidade I 
Nessa primeira unidade, o programa apresentou a História 
tratando seus conceitos e definições. Pretendeu mostrar as 
interpretações do fazer humano a partir de uma proposta 
cronológica, evidenciando os fatos e os agentes.
A conceituação de História sofreu inúmeras transformações ao longo do 
tempo.
Buscamos tratar a trajetória desde os primórdios, passando pela questão 
mística, religiosa e fantasiosa, na tentativa de justificar a origem do ho-
mem, interesse geral na antiguidade.
Com o advento da escrita, os registros passaram a exercer um papel fun-
damental no processo de herança cultural, personificando as fontes em 
documentos. Tal transformação favoreceu uma nova leitura e uma nova 
concepção no conceito de História.
A unidade trabalha, deste modo, um processo transformador, buscando nas 
raízes a tradição oral e as justificativas para a presença do homem na terra.
A Antiguidade, o período medieval e o Renascimento, com suas espe-
cificidades deram suas contribuições no processo transformador para a 
concepção de História.
A nova mentalidade humanista determinou um novo campo de atuação 
da História, mas a trajetória social de permanências e rupturas trouxe um 
campo mais determinista.
Foi com o iluminismo e a valorização do mundo científico baseado no em-
pirismo, que a História foi pensada como ciência. Nessa época, a mentali-
dade buscava uma história baseada na questão causa-efeito. Tratavam os 
fatos isolados, num determinismo cronológico, estático, privilegiando os 
agentes “oficiais”.
Essa nova concepção não foi positiva na aproximação da História com o 
seu entorno. Era preciso adotar uma nova postura, uma nova metodologia, 
usando as ciências auxiliares - uma aproximação da História com as de-
mais disciplinas da áreade humanas.
Toda essa trajetória está trabalhada na Unidade I, chegando ao século XX 
com a Nova História e seus desdobramentos. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS30
UNIMES VIRTUAL
Referências Bibliográficas:
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documentos manuscritos. Recife: Editora Universitária UFPE/Fundação 
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São Paulo: Presença/EDUSP, 1987.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 1993.
BLOC, Marc. “A História, os homens e o tempo”. In: Introdução à História. 
Lisboa: Publicações Europa-América, 1974. pp. 24-46
BRAUDEL, Fernand. “História e Ciências Sociais. A longa duração. In: Es-
critos sobre a História. São Paulo: Perspectiva, 1978. pp.41-78
BUENO, F. S. Estudos de Filologia. São Paulo: Edição Saraiva, 1954, 1º vol.
CABRINI, Conceição, et alli. O Ensino de História. São Paulo: Brasiliense, 
1996.
DÍAZ, E. E. R. El uso del reclamo en España. In: Scriptorium, 53, 1, Bru-
xelas, 1999.
FEBVRE, Lucien. Combates Pela História. Lisboa: Editorial Presença, 1977.
GIORDANI, Mario Curtis. História da Antiguidade Oriental. Petrópolis: 
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HOUAISS, A. Elementos de Bibliologia. Rio de Janeiro: INL, 1967, 2 v.
MARTINS, W. A Palavra Escrita. São Paulo: Anhembi, 1957.
MARINS, Paulo César Garcez. Marcante presença nas heranças do dia-
a-dia.
MARSON, Adalberto. Reflexões sobre o procedimento histórico. Rio de 
Janeiro: Marco Zero /s.d. /.
MEGALE, H. Filologia Bandeirante. São Paulo: Humanitas, 2001.
SILVA NETO, S. da. Textos Medievais Portugueses e seus problemas. 
Rio de Janeiro: Acadêmica, 1956.
SPINA, S. Introdução a Edótica: crítica textual. São Paulo: Ars Poética/
EDUSP, 1994.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 31
UNIMES VIRTUAL
Exercício de auto-avaliação I
 
1) Segundo a análise da historiografia, considera-se como objeto da História:
a) documentos escritos.
b) produção material e cultural de um determinado grupo.
c) homem.
d) planeta terra.
e) escrita.
2) Era uma característica marcante no início da História, na antiguidade:
a) trabalhar as verdades através dos documentos escritos.
b) explicar a origem do homem através da tradição oral em sentido mítico.
c) explicar a origem do homem através dos vestígios arqueológicos.
d) trabalhar a narrativa encontrada nos documentos escritos.
e) explicar as relações sociais através dos registros escritos.
3) Para Heródoto, o sentido da palavra História estava ligado a:
a) a pesquisa, a investigação.
b) a narrativa oral.
c) o mito.
d) a religiosidade.
e) a natureza.
�) Localizar a História no conjunto das Ciências Humanas é possível:
a) as ciências humanas tem, na sua totalidade, o mesmo método científico de pesquisa 
sobre seu objeto.
b) as ciências humanas, como a História, têm o Homem como objeto de estudo.
c) a História não busca as relações com ciências de outras áreas do conhecimento, assim 
como as outras ciências humanas.
d) a História se aproxima das demais ciências humanas por trabalhar com a escrita, objeto 
de estudo em comum.
e) as ciências humanas fazem oposição às ciências da natureza, assim como a História.
�) São ciências auxiliares da História:
a) apenas as chamadas ciências humanas.
b) apenas a Filosofia e a Geografia.
c) todas as ciências que fazem parte da área de linguagem e exatas, excluindo a matemática.
d) todas as ciências que fazem parte das diversas áreas do conhecimento.
e) apenas Sociologia, Filosofia e Geografia, por serem as chamadas humanas.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS32
UNIMES VIRTUAL
�) É característica da escola positivista:
a) a adoção da fé como justificativa histórica para os fenômenos naturais e a origem do 
homem.
b) a interdisciplinaridade, buscando a interpretação dos fatos em relação aos contextos 
sociais.
c) a explicação mitológica para a origem do homem e a organização da sociedade.
d) o empirismo e mecanicismo nas investigações de fatos e situações históricas, num pro-
cesso de causa e efeito.
e) a constante busca das ciências auxiliares da História como metodologia para a busca da 
verdade relativa.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 33
UNIMES VIRTUAL
Unidade II
História e Produção 
Objetivos
 A Unidade II busca explicar como se dá a produção histórica e a metodologia emprega-
da para tal. Análise de documentos e definição do objeto de estudo da História, situado 
no processo de investigação, exercício profissional do historiador.
Plano de Estudo
Esta unidade conta com as seguintes aulas:
Aula: 0� - Fontes Históricas
Aula: 0� - Análise do Documento Histórico
Aula: 0� - O Objeto da História
Aula: 10 - O Fato Histórico
Aula: 11 - A Produção Histórica
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS3�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 0�
Temática: Fontes Históricas
 
 
Já vimos, nas aulas anteriores, que as contribuições de di-
versas ciências auxiliares, muitas vezes de grande comple-
xidade em si mesmas, complementam a análise das fontes 
e o estudo histórico. Nesses casos, deve-se falar antes de um caráter 
interdisciplinar das ciências que estudam aspectos diversos da cultura e 
do ambiente humano. 
 
E o que é fonte histórica?
Na verdade, tudo que nos permite reconstituir os acontecimentos e modos 
de viver do passado é uma fonte histórica. Seja ela material como objetos, 
vestígios arqueológicos, monumentos etc., ou imaterial como as tradições 
culturais, costumes, ritos, lendas que permanecem num grupo social e são 
transmitidos de geração a geração até os nossos dias.
Outra maneira de classificar essas fontes é em fonte primária e secundá-
ria. As primárias são os documentos que registram o acontecimento, pro-
duzidos no momento histórico, contemporâneos ao fato ou circunstâncias 
investigadas. As secundárias já são reproduções, baseadas na fonte pri-
mária, que narram o acontecido através de um interlocutor (pode mesmo 
ser um documento). As fontes são inúmeras. As escritas são os textos 
de jornais, documentos variados, livros, periódicos etc. Existem, ainda, 
as fontes iconográficas que narram um fato através da imagem: pintu-
ras, fotos, gravuras. Mesmo sendo uma imagem pode ser considerado 
um documento. A fonte oral, bastante debatida na atualidade, são as que 
transmitem o conhecimento através da narrativa de discursos, debates, 
entrevistas etc. Muitas vezes sem o registro da escrita como o depoimen-
to de vida de alguém. 
Sabemos que o historiador tem um compromisso com a verdade. Isso é 
uma postura fundamental para um bom profissional. Essa verdade pode 
ser subjetiva, como tanto se debate no meio acadêmico, porém os docu-
mentos que servem de instrumento de trabalho para o historiador precisam 
ser confiáveis e sua interpretação deverá passar pelo “rigor histórico”, que 
consiste no não envolvimento do profissional com sua narrativa, ou seja: o 
objeto de estudo não pode ser passivo de interpretações pessoais, tirando 
o seu valor de fonte primária, podendo causar um resultado equivocado 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 3�
UNIMES VIRTUAL
no processo de pesquisa. Preservar a memória intacta é um procedimento 
necessário para que novas articulações e investigações possam permitir 
outras novas interpretações sem adulterar o documento original.
Um outro exemplo de trabalho com documento é o uso da fonte iconográ-
fica. As pinturas parietais das cavernas usadas pelo homem pré-histórico 
no Paleolítico.
Existe um debate bastante interessante sobre a interpretação daquelas 
pinturas. 
Seria uma pintura com sentido mágico, ritual místico ou simpatia para 
conseguirem grandes caças como alimento do grupo?
– Pois essas pinturas aparecem no alto das cavernas longe do alcance das 
mãos humanas, como a pintura de um templo.
Seria uma questão estética, já que percebemos uma preocupação nos 
detalhes pintados com requinte no “design” e na aplicação de cores? 
– Algumas pinturas aparecem com uma mão gravada, em forma de más-
cara, sugerindo uma assinatura na obra.
Vale Conferir!
 
Para contribuirna discussão consulte o texto sobre a car-
ta de Pero Vaz de Caminha, por ocasião do “achamento do 
Brasil”.
No nosso ambiente virtual de aprendizagem indicamos um link na tela des-
ta aula sobre o assunto. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS3�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 0�
Temática: Análise do Documento Histórico
Na nossa sexta aula, trabalhamos com as fontes históricas. 
Vimos que os documentos são fontes em que o historiador 
se baseia para a construção do conhecimento histórico.
Nessa aula, vamos trabalhar o documento em si. Sua função e diversidade. 
Para isso, também vamos contar com um artigo do historiador Paulo César 
Garcez Marins, publicado na revista História Viva, de janeiro de 2005.
A reavaliação do conceito de documento histórico e uma visão ampliada 
do que faz a História são caminhos para renovar e valorizar esse estudo.
Muitos historiadores, já há alguns anos, vêm reescrevendo a história do 
Brasil para além dos estreitos limites de uma memória glorificadora dos 
governantes e de seus atos políticos. Descortinar a atuação dos múltiplos 
sujeitos históricos que compõem uma sociedade, a extensa rede de ten-
sões entre esses agentes ou, ainda, documentar a multifacetada herança 
cultural da população brasileira foram algumas dimensões que moveram 
as pesquisas acadêmicas realizadas em universidades por todo o país. 
Nesse sentido, a noção do que seria um documento histórico também foi 
substancialmente alterada. 
A hegemonia da documentação textual de caráter oficial, gerada pela ati-
vidade governamental, foi sendo contraposta pelo uso de cartas pessoais, 
memórias, documentos contábeis, registros sindicais, jornais, revistas, 
escritos literários, panfletos políticos, cordéis. 
Os segmentos sociais, ou apenas o sujeito comum, manifestam-se me-
diante esses registros, que representam vozes específicas, muitas vezes 
dissonantes, diante do que poderia ser interpretado sobre o passado dos 
brasileiros apenas a partir dos papéis oficiais.
Outros documentos materiais, além dos textuais, foram lentamente ga-
nhando status de fonte para os historiadores. 
Pinturas alegóricas, retratos e paisagens a óleo, fotografias, caricaturas, 
móveis, utensílios culinários, instrumentos de trabalho, roupas e brinque-
dos são alguns dos artefatos integrados ao cotidiano de indivíduos, famí-
lias ou grupos sociais que passaram a constituir novas mediações entre as 
preocupações do historiador e as experiências vividas no passado.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 3�
UNIMES VIRTUAL
Os museus são certamente grandes depositários desses últimos docu-
mentos, na medida em que, sob um viés semelhante ao que se processava 
na atividade acadêmica, também eles passaram a formar ou adquirir co-
leções que escapassem da mitologia política ou do mero testemunho de 
vida de um nobre do Império, de uma autoridade pública ou de um membro 
das elites econômicas. Ferros de passar roupa são, assim, tão relevantes 
quanto um serviço de louça monogramada ou, ainda, fôrmas para cachim-
bos de barro tão significativas para o conhecimento do passado quanto a 
rica mobília de um fazendeiro.
As expressões do chamado “patrimônio imaterial” foram, também, recen-
temente alçadas ao primeiro plano das ações federais de preservação das 
heranças culturais dos brasileiros. 
Os gestos, a culinária, cantos, danças, a arte de tecer ou de fazer rendas, 
uma técnica construtiva, a manufatura de cerâmicas são todos campos de 
conhecimento essencialmente ligados ao passado e a uma transmissão 
delicada para o futuro, assegurada pelos elos entre as gerações. 
Assim, mais uma vez a história pode ser escrita a partir de documentos in-
suspeitos, que se constituem no fazer diário que permeia as ações do dia-
a-dia - e que o reconstituem. E esse patrimônio imaterial não se expressa 
apenas em comunidades localizadas em pontos afastados dos grandes 
centros metropolitanos, como arraiais à beira-mar ou em aldeias indígenas 
embrenhadas nas matas, mas em todas as casas e corpos do país. 
Olhos e ouvidos de historiadores podem, se atentos à vastidão desses 
sinais, documentar formas de existência tão múltiplas quanto são esses 
legados. 
Identidades, no plural, passam a fazer mais sentido do que generalizações 
perigosas, como a ânsia por desenhar um caráter nacional coeso, impro-
vável na vastidão geográfica e cultural do Brasil. Serão, pois, brasileiros, 
tantos quantos são, afinal, os Brasis. 
Realmente, nenhum documento não é isolado, mas existe 
uma relação a outros que ampliam o seu sentido e permi-
tem maior aproximação da realidade. O documento não é 
inteiramente explicativo em si, ao lado das significações explícitas tem as 
implícitas e as não manifestas, tendo o historiador a necessidade de tra-
balhar dentro dele e fora dele, ou seja: o que ele diz e o que ele representa, 
não é espelho da realidade, mas essencialmente representação do real, de 
momentos particulares da realidade que podem e devem ser capazes de 
revelar sua historicidade. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS3�
UNIMES VIRTUAL
Aula: 0�
Temática: O Objeto da História
Na aula de hoje, vamos compreender melhor qual o objeto 
de estudo da história.
 
Qual seria o objeto de estudo da História?
Fica nítida, desde o seu início, a função da História de fornecer uma expli-
cação para a sociedade sobre ela mesma. Nos dias de hoje, percebe-se o 
quanto essa ciência está cada vez mais próxima às outras áreas do conhe-
cimento que têm o homem como objeto de estudo. Nesse sentido, busca 
explicar a dimensão do homem em sociedade, tanto no passado como no 
presente. Cada uma dessas áreas tem seu enfoque específico. Para uma 
visão mais ampla, é necessária a integração dessas diversas áreas, resul-
tando no que chamamos de interdisciplinaridade.
Vamos ver o que diz a professora da UNICAMP, Vavy Pacheco Borges:
“... A história procura especificamente ver as trans-
formações pelas quais passaram as sociedades hu-
manas. A transformação é a essência da história; 
quem olhar para trás, na história da sua própria vida, 
compreenderá isso facilmente. Nós mudamos cons-
tantemente; isso é válido para o indivíduo e também 
é válido para a sociedade. Nada permanece igual, e 
é através do tempo que se percebem as mudanças. 
Estudar as mudanças significou durante muito tem-
po uma preocupação com momentos que são vistos 
como crise e de ruptura... Hoje se sabe que mesmo 
mudanças que parecem súbitas, como os movimen-
tos revolucionários, não somente foram lentamente 
preparados – de forma voluntária e involuntária, por 
diferentes circunstâncias – mas não conseguiram 
mudar totalmente as estruturas das sociedades onde 
se realizaram...”1
O homem, a sociedade e o tempo são referências fundamentais nesse seu 
depoimento. Outra coisa que está intrínseca é o “fato”. Quando ela fala em 
movimentos revolucionários, está se referindo à Revolução Francesa ou 
mesmo à Revolução Russa de 1917.
1 In.:BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2001. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 3�
UNIMES VIRTUAL
ASSIM: Homem, Sociedade, Tempo e Fato...
... são elementos fundamentais para o estudo histórico em suas investi-
gações.
Precisamos notar que o tempo, elemento de dimensão de análise da 
História, não é o tempo cronológico. O tempo histórico tem uma outra 
leitura. Temos o tempo de curta duração, o que se refere aos fatos bre-
ves com data e lugar determinados, gerando mudanças rápidas como 
por exemplo um golpe de Estado; na média duração temos o tempo onde 
se dão as conjunturas, tendências políticas que se inserem em proces-
sos de longa duração com permanências ou mudanças que parecem 
imperceptíveis. 
Os ritmos da duração, conforme descritos por Fernand Braudel2 , permitem 
identificar a velocidade em que as mudanças ocorrem e como nos acon-
tecimentos estão inseridas várias temporalidades: a curta duração; média 
duração; longa duração.
Fernand Braudel propõe no entanto que se desvie o olhar do historiador. 
Sob a oscilação rápida dos acontecimentosde dimensão humana, que o 
historiador compara às pequenas ondas na superfície do mar, F. Braudel 
procura navegar em água profunda, a fim de encontrar a história mais lenta 
dos grupos humanos em relação a seu meio, estruturas que modelam as 
sociedades, seja em se tratando das grandes rotas do comércio e das vias 
navegáveis, seja das mentalidades.
Com ele, a história muda de objeto, porque muda de temporalidade. O 
tempo rápido do acontecimento, o sopro curto e dramático da batalha, ele 
substitui pelo tempo longo dos ritmos da vida material. Mas essa mudan-
ça de perspectiva leva também a se repensar a história. F. Braudel deixa 
claro que a história não existe independente do olhar do historiador. Este 
último intervém, como em qualquer saber, a cada etapa da constituição da 
história, pois não existe história em si, mas apenas fenômenos passados, 
mergulhados na noite de um tempo que os devora. 
A perspectiva adotada por F. Braudel leva-o a narrar uma história que não 
utiliza mais apenas os testemunhos e a psicologia, mas também a geo-
grafia, a economia política e a sociologia. Sobre a paleta do historiador, F. 
Braudel deposita novas disciplinas que são como novas cores: ele introduz 
ciências sociais na história3 . 
2 Na linhagem da célebre Escola dos Anais, inspiradora de toda a historiografia moderna, 
Fernand Braudel (1902-1985) revolucionou a maneira de se conceber e escrever a his-
tória. Utilizando como fontes as diferentes ciências humanas - geografia e economia em 
primeiro lugar - e restituindo à história humana a variedade de seus ritmos, ele propôs 
uma visão global da história cuja influência ultrapassou as fronteiras da França.
3 In: MAURIN, Eric. Fernand Braudel – História Total. www.amabafrance.org.br
www.amabafrance.org.br
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�0
UNIMES VIRTUAL
A abolição da escravatura ocorreu no dia 13 de maio de 
1888, no Rio de Janeiro, capital do Brasil. Um fato históri-
co com local e dia marcado. Trata-se de um acontecimento 
breve. Para compreender a abolição e a forma como ela ocorreu, precisa-
mos localizá-la no processo estrutural em temporalidade mais longa: des-
de as mudanças no sistema capitalista e sua representação na conjuntura 
econômica do Brasil até a origem da prática de escravidão mundo afora, 
baseada em conceitos de superioridade e inferioridade de raças. Isso tudo 
pode explicar as permanências do racismo, discriminação social que per-
manecem num processo de longa duração.
 
Tente situar esse argumento no que estudamos nessa aula.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS �1
UNIMES VIRTUAL
Aula: 10
Temática: O Fato Histórico
 
 
Nesta aula vamos tratar do fato histórico. Em primeiro lu-
gar vamos situar o homem como o agente da história, isto 
é, aquele que faz a história. Não podemos mais ter a visão 
tradicionalista de historiador que privilegia os heróis, um personagem su-
postamente “ilustre”, um rei ou um grande general. Essa história é ultra-
passada e não abarca a sociedade como um todo. Também não podemos 
adotar um história que não admita as transformações e o dinamismo que é 
tão próprio do ser humano. Precisamos valorizar e conceber a história em 
movimento, não estática.
Por que um fato é histórico e outro não? 
Quem determina o grau de historicidade de um fato?
Veja como o historiador Jaime Pinsky questiona tudo isso:
Por que os livros estabelecem fatos e os repetem 
seguidamente, de maneira acrítica? E os fatos não 
são apenas contados. São também comemorados 
com nomes curiosos. Temos, por exemplo, uma in-
confidência (mineira), uma intentona (a comunista), 
uma proclamação (a da república), várias revoluções 
(30,32 e 64), algumas expulsões (franceses, holande-
ses) e outras denominações que já prejulgam o fato 
que pretendem analisar. Quem definiu seus nomes, 
sua importância e por quê?...1 
Essa prática de História, tão presa ao passado, positivista, cronológica 
e dona de verdades universais indiscutíveis, não tem compromisso com 
o presente e colocam o homem como mero espectador de movimentos 
históricos, invisíveis e pré-determinados.
A História precisa ter, preservado, o seu caráter integrador. O pesquisador 
precisa analisar o fato com uma visão de conjunto, tendo o homem como 
agente real da História, atuando para que ela possa ocorrer. Voltando a 
citar Pinsky, para ele a historicidade se dá quando se trata de um homem 
noutro momento histórico, resgata-se sua particularidade sem abandonar 
sua universalidade, enquanto ser humano.
1 PINSK, Jayme. O ensino de História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1988. 
p.9.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�2
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O fato histórico não mais pode ser encarado como um acontecimento 
que evidencie seus protagonistas mais destacados na sociedade em de-
trimento aos demais. É preciso situar as transformações e permanências 
que tal fato provocaram num grupo social, sua conjuntura e seus desdo-
bramentos, fazendo as relações com as transformações que podem ter 
provocado ou quando dentro de um processo transformador da socie-
dade. É como estudar a Abolição da Escravatura no Brasil (exemplo já 
citado em aulas passadas) como um fato isolado, sem considerar toda 
a estrutura que envolvia a sociedade como um todo, seus aspectos polí-
ticos, econômicos e sociais, senão, faremos a história factual, isolada e 
não engajada.
Segundo Márcia D’Alessio, outro questionamento importante foi em rela-
ção à noção de temporalidade da historiografia tradicional, que encerrava 
os fatos num espaço de tempo meramente cronológico: “Inspirados em 
outras ciências sociais, [os integrantes da escola dos Annales] começa-
ram a pensar em tempos longos da observação do real. Os conceitos de 
‘estrutura social’, de Karl Marx, ou de ‘quadros’, de Halbwachs, são pala-
vras e noções que entram para o vocabulário dos historiadores”, afirma. 
Em outras palavras, eventos históricos deixaram de ser vistos apenas 
como situados em uma linha do tempo para serem problematizados em 
função de um contexto mais amplo de rupturas, transformações sociais 
e mudanças culturais. Para ela, uma vez acontecido esse rompimento, a 
memória pôde entrar mais facilmente no rol de preocupações dos historia-
dores, já que “lembranças habitam, por excelência, longas durações”, ou 
seja, estão ligadas a processos históricos mais amplos.
O fato histórico em sua complexidade, precisa ser trabalhado de forma a 
contribuir na homogeneização e unificação das ações humanas na consti-
tuição de uma cultura nacional.
 
É importante verificarmos um outro depoimento:
... Internamente a produção historiográfica foi se re-
novando e se revisando, na tentativa de encontrar 
novas abordagens, novos rumos e novos problemas, 
portanto novos espaços de investigações. Temas até 
então, não privilegiados pela historiografia tornaram-
se objetos de reflexão dos profissionais da história, 
o que enriqueceu o seu campo; o mesmo ocorreu 
com a metodologia até então influenciada pela obje-
tividade positivista, que passou a receber influências 
benéficas das demais ciências sociais, imprimindo 
mudanças substantivas na compreensão do que seja 
história. O historiador, até então sujeito separado e 
independente do objeto de estudo, descobriu que 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS �3
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também constrói o seu objeto de investigação, supe-
rando a idéia tradicional e ingênua de que os “fatos 
falam por si sós...2
 
Refletindo
Vimos aqui, novamente, o uso da Abolição da Escravatura no Brasil como 
exemplo para demonstrar o factual e o engajado. Pense em outro momen-
to histórico que possa servir como referência para essa reflexão, onde o 
seu mero ato, através de uma simples narrativa tradicional, não aborda 
uma conjuntura real e relevante.
2 NADAI, Elza. O Ensino de História e a Pedagogia do Cidadão. In. PINSK, Jayme. O 
ensino de História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1988. p.26
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Aula: 11
Temática: A Produção Histórica
Já é tempode mais uma retomada para prosseguirmos...
Já sabemos que o historiador trabalha com o passado, seja ele remoto ou 
recente. Não podemos negar que a História trabalha com o real. O tempo 
é uma dimensão fundamental para a História. As fontes documentais são 
instrumentos de trabalho do historiador, sejam elas escritas, orais, icono-
gráficas ou material. 
Esse breve apontamento acima nos permite uma afirmação:
O historiador investiga sempre uma realidade do passado situado num 
tempo determinado e num espaço preciso. Logo, o seu trabalho inicial é 
situar o objeto de estudo no tempo e no espaço.
Percebemos que cada realidade histórica é única e não se repete nunca 
de forma igual. Podemos considerar essa verdade quando trabalhamos as 
noções de processo, desenvolvimento e conjuntura, não permitindo o es-
tudo do “fato” isolado numa postura de construção de História factual, 
positivista.
O trabalho do historiador é muito semelhante ao dos investigadores, bus-
cando indícios, provas e testemunhos, para encontrar os condicionamen-
tos, os motivos e as razões.
A historiografia tradicional, mais conservadora, considerava História os 
acontecimentos que foram registrados através da escrita. Tanto que na 
periodização tradicional, o que marca o fim da Pré-História e o início da 
História é a escrita, como se a trajetória do homem, antes da invenção da 
escrita não fosse história. Isso demonstra o quanto a escrita, enquanto 
registro, fonte, foi responsável por maior parte da documentação usada 
pela História. 
 
Alguns períodos da História são bastante prejudicados 
na questão da documentação. Como alguns grupos não 
desenvolveram a escrita, os registros em documentos 
escritos não existem, evidentemente. Para estudá-los, o historiador 
precisa recorrer ao auxílio de outras ciências, como a arqueologia.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS ��
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O importante é que o trabalho do historiador seja fundamentado em fontes 
que permitam a comprovação dos fatos. É preciso selecionar, com crité-
rio, os dados concretos para uma investigação de fatos significativos. An-
tigamente, como já vimos, os documentos eram tidos como um monte de 
papéis velhos que falavam de pessoas importantes, as quais eram vistas 
como condutores da História.
 ... Atualmente tem-se consciência de que, entre ou-
tros exemplos, uma caderneta de despesas de uma 
dona-de-casa, um programa de teatro, um cardápio 
de restaurante, um folheto de propaganda são docu-
mentos históricos significativos e reveladores de seu 
momento... 1
As fontes ou documentos não são um espelho fiel da realidade, mas sim a 
representação de parte ou momentos particulares do objeto em questão. 
... Fazer-se uma listagem de fatos, sem caráter ex-
plicativo, não é história, é cronologia (...). Fazer uma 
interpretação histórica sem base concreta dos fatos 
é ficção histórica, e está muitas vezes a serviço de 
outros interesses, em geral mais imediatísticos e li-
gados a disputas de poder. 2
O historiador deve trabalhar de forma cautelosa e crítica. Hoje, a mídia for-
nece uma fonte muito rica aos pesquisadores. A imprensa é uma fonte que 
trabalha ao lado do historiador assim como outros canais de comunicação 
de massa. O importante é seguir os critérios e analisar as linhas que po-
dem imprimir tendências, de acordo com os redatores ou mesmo diretores 
das empresas responsáveis pelos veículos de comunicação.
Então...
... precisamos lembrar que ao situar o fato (seu objeto de estudo) no tem-
po e no espaço, o historiador precisa lembrar que algumas convenções 
são pré- determinadas e não correspondem ao universo do conhecimento 
histórico como um todo. Basta revermos a tradicional e conhecida perio-
dização histórica, tão usada nos livros didáticos e na historiografia tradi-
cional, onde a Pré-História termina com a invenção da escrita, dando início 
aos períodos conhecidos como Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna 
e Idade Contemporânea numa postura estática, cronológica com datações 
“precisas”. Porém, essa demarcação é aplicada sobre uma ótica européia 
ocidental superficial e progressista. Essa visão eurocentrista deixa o resto 
do mundo num plano secundário.
1 In: BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2001. p.61.
2 Id. 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS��
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A periodização pode ser importante para mostrar as épocas distintas que a 
sociedade se organiza em diferentes formas, podendo mostrar as especifi-
cidades de cada período. A periodização deve ter um caráter explicativo e 
não um simples balizamento cronológico.
Para o conhecimento histórico todas as conclusões são pro-
visórias, pois podem ser revistas, aprofundadas e reinter-
pretadas por trabalhos posteriores.
Novamente citando a historiadora Vavy Pacheco,
uma verdade absoluta não serve ao historiador sério 
e digno do nome; serve aos totalitaristas, tanto de 
direita como de esquerda, que, colocando-se como 
donos do saber e da verdade, procuram, por meio da 
explicação histórica, justificar a sua forma de poder.
 
Situe o Brasil dentro da tradicional periodização histórica. 
Pela datação, sua histórica começa com o seu descobri-
mento em 1�00, na Idade Moderna. Antes o Brasil vivia 
sua pré-história. O que você tem a dizer sobre esta tão divulgada tese?
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Resumo - Unidade II
Nessa unidade pudemos nos aprofundar um pouco mais. 
O panorama foi traçado na unidade anterior, trabalhando os conceitos e a 
trajetória da História. Agora, entendemos as bases para a produção histo-
riográfica: os agentes e o material (instrumentos) do historiador; fontes e 
documentos; e o universo de atuação do historiador, as críticas, dificulda-
des e conquistas.
A polêmica em torno da questão História-Ciência não se encerra no posi-
tivismo ou com a História dos Annales, onde Le Goff e seus colegas nos 
levam para outros universos. 
Outros debates se manifestam ao tratarmos os documentos e as novas 
possibilidades de fontes históricas. Críticas, buscas, interpretações e as-
sociações foram necessárias para um procedimento metodológico coeren-
te. O próprio conceito de “verdade” entrou nos debates.
Essa nova discussão permeia a Unidade II. Tratamos dos documentos, 
fontes e o próprio objeto da História.
Os procedimentos metodológicos do historiador são abordados de manei-
ra mais abrangentes, sem perder de vista as tendências que determinaram 
novos técnicas e esferas de atuação do historiador.
Não se trata mais de rediscutir os conceitos básicos de História, mas a todo 
o momento é preciso retomar alguns pontos trabalhados na unidade I para 
localizar as novas interpretações propostas pelas linhas diversas da histo-
riografia.
A produção histórica abarca a questão do fato histórico e os olhares diver-
sos que lhes são conseqüentes. Entender a historicidade de cada momen-
to e os fatores geradores, transformadores e determinantes dos aconteci-
mentos passam pela questão do tempo histórico.
Assim, toda esfera que envolve tempo e espaço deverá ser analisada como 
um todo, engajada e não isolada. Esse fator, mais uma vez, determina a 
aproximação da História com as outras ciências.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS��
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Referências Bibliográficas
 
BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. São Paulo: Brasiliense, 2001.
MARINS, Paulo César Garcez. Marcante presença nas heranças do dia-
a-dia.
MARSON, Adalberto. Reflexões sobre o procedimento histórico. Rio de 
Janeiro: Marco Zero /s.d./
MAURIN, Eric. Fernand Braudel – História Total. www.amabafrance.org.br
NADAI, Elza. O Ensino de História e a Pedagogia do Cidadão. 
PINSK, Jayme. O ensino de História e a criação do fato. São Paulo: 
Contexto, 1988. p.9.
www.amabafrance.org.br
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Exercício de auto-avaliação II
 
1) O que é fonte histórica ?
a) método de pesquisa usado pela História de tendência positivista.
b) qualquer documento que possa reconstituir os acontecimentose modos de vida do passado.
c) os documentos escritos e não os iconográficos.
d) os documentos iconográficos e nunca os escritos.
e) método de pesquisa usado pela História de tendência iluminista.
 
2) Podemos considerar documento histórico:
a) imagens, a narrativa oral, documentos escritos e objetos da cultura material.
b) apenas imagens e objetos da cultura material.
d) obras de arte e os chamados documentos oficiais registrados pela escrita e catalogados 
em instituições governamentais.
e) qualquer papel que registre, através da escrita, um fato histórico ou situação, narrando 
apenas a trajetória dos personagens considerados importantes pela História (reis, generais, 
heróis nacionais, etc.).
 
3) Com relação ao Tempo Histórico, é correto afirmar que:
a) é um período preciso com início meio e fim, acompanhando o tempo cronológico.
b) não podemos considerar o tempo em História.
c) existe o tempo de longa duração, média duração e de curta duração, independente dos 
registros cronológicos.
d) sempre se refere a um dos períodos localizados, ou na Idade Antiga, ou na Idade Média, 
ou na Idade Moderna, ou na Idade Contemporânea.
e) sempre estará relacionado ao espaço.
4) Como podemos trabalhar o fato na sua historicidade?
a) situar o acontecimento num espaço determinado e no seu tempo, destacando os prota-
gonistas.
b) observar que o fato não pode ser trabalhado isoladamente sem que se perceba o proces-
so e a conjuntura que o cerca, relacionando com outros acontecimentos.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�0
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c) para a busca da verdade absoluta, sem cair na ficção, o fato deverá ser estudado em 
profundidade e isolado de outros acontecimentos, evitando assim uma falsa interpretação.
d) o fato nem sempre tem conseqüências importantes se não ocorreu num tempo remoto, 
num passado distante. Para que seja histórico, precisamos determinar sua época passada 
e nunca próximo do presente.
e) o fato nem sempre tem importância para a História. Para que seja realmente significante, 
precisa trazer mudanças nas estruturas políticas e produzido em locais geográficos de des-
taque (impérios, capitais, reinos ou Estados Nacionais do Ocidente).
 
�) A produção histórica não pode se preocupar com a busca da verdade absoluta através 
da investigação dos fatos. Essa afirmação pode ser aceita como verdadeira por:
a) o fato histórico não ser um objeto de estudo do historiador.
b) o fato histórico sempre se manifesta através de um documento que atesta a sua verdade 
absoluta.
c) o fato histórico não ser importante para a produção histórica.
d) o fato histórico poder sempre ser revisto e reinterpretado com enfoques diferentes.
e) o fato histórico só se manifesta como verdade absoluta quando estudado por várias dis-
ciplinas das ciências humanas.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS �1
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Unidade III
A Construção do Conhecimento Histórico
Objetivos
A unidade III propõe uma análise mais aprofundada das relações entre a Ciência 
História e a memória na construção do conhecimento histórico, localizando tem-
po e espaço.
Plano de Estudo
Esta unidade conta com as seguintes aulas:
Aula: 12 - História e Memória I – Tradição Oral
Aula: 13 - História e Memória II – Trajetória
Aula: 1� - História e Conhecimento
Aula: 1� - Ensinando História no Brasil
Aula: 1� - Afinal, História é Ciência?
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS�2
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Aula: 12
Temática: História e Memória I – Tradição Oral
 Olhe esse título de um artigo da revista Com Ciência:
 
Memória é matéria prima do trabalho do historiador 
A discussão sobre a relação entre História e memória 
é um dos grandes debates teóricos que atravessa vá-
rias gerações de historiadores, pois envolve os objeti-
vos e fundamentos do trabalho histórico. Atualmente, 
a maioria dos autores concorda que a memória não 
pode ser vista simplesmente como um processo par-
cial e limitado de lembrar fatos passados, de impor-
tância secundária para as ciências humanas. Trata-se 
da construção de referenciais sobre o passado e o 
presente de diferentes grupos sociais, ancorados nas 
tradições e intimamente associados a mudanças cul-
turais.1 
 
Com certeza temos de concordar que a memória é o elemento fundamental 
para a história. É através de questionamentos e problematizações que tra-
balhamos as questões pertinentes à História. Um processo de perguntas 
e respostas retomadas e novas constatações contribuindo para a organi-
zação da história. 
A utilização de relatos orais, no entanto, foi colocada em suspeição a par-
tir do século XVIII, quando a História ganha o status de ciência e estes 
relatos passam a não mais ser considerados como fontes seguras para o 
historiador. 
Segundo Márcia Mansor D’Alessio, da PUC-SP, isso tem uma relação com 
o ideário ilumunista de fins do século XVIII, que proclama o império da 
razão e dissemina a crença cientificista: “Para este ideário, a ciência é a 
única forma de conhecimento e, como tal, produz verdades únicas, abso-
lutas e objetivas”, diz a historiadora. As memórias, construídas a partir de 
subjetividades, não eram mais vistas como confiáveis para a produção do 
conhecimento científico. 
1 Trechos do artigo publicado na revista Com Ciência, 10/03/2004 – disponível no site 
www.comciencia.br/repostagens/memoria/04.shtml
www.comciencia.br/repostagens/memoria/04.shtml
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS �3
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A historiadora Marieta de Moraes Ferreira, da UFRJ acrescenta que esse 
processo continuou no século XIX, quando ocorreu a institucionalização 
da História como disciplina universitária e uma profissionalização dos his-
toriadores: “Nesse momento, os historiadores passam a adotar um con-
junto de procedimentos para se diferenciar daqueles então denominados 
‘amadores’, que eram cronistas, políticos, literatos ou, como no caso da 
França, indivíduos ligados à Igreja Católica”. Isso significou a fixação so-
bre o que deveria ou não ser usado como fonte. Porém, esse processo 
de reflexão não implicou em uma retomada automática do trabalho com 
fontes orais. Isso porque, segundo Marieta Ferreira, é possível trabalhar 
com a memória a partir de monumentos, literatura e outros documentos: 
“Muitos historiadores dos Annales, embora se propusessem a trabalhar 
com a ‘História dos homens comuns’, ainda viam com muita desconfiança 
o trabalho com testemunhos”, afirma. Segundo ela, durante muito tempo 
continuou-se aceitando a idéia de que as fontes escritas possuíam uma 
maior objetividade que as fontes orais, o que só foi quebrada na década de 
1980 e 1990, juntamente com a discussão sobre como utilizar os relatos 
e testemunhos para o trabalho histórico. Tal avanço foi resultado de um 
processo de embates teóricos iniciados na década de 1950, curiosamente 
motivados por uma inovação tecnológica. Neste período, foi inventado o 
gravador, que tornou possível armazenar, reproduzir e conservar um depoi-
mento. “O gravador foi muito usado na Segunda Guerra e posteriormente 
popularizou-se”, afirma Paulo Miceli. A partir daí é que o termo “história 
oral” começa a ganhar notoriedade.
Uma colocação importante nesse debate:
– Precisamos encarar a história oral como uma metodologia, um conjunto 
de procedimentos usados para produzir depoimentos. O trabalho histórico 
pressupõe um conjunto de procedimentos que visa a uma análise e a um 
confronto de fontes e não apenas à publicação de uma entrevista.
– É necessário cercar a entrevista com todos os cuidados.
– Os depoimentos envolvem esquecimentos, distorções e omissões que 
demandam uma pesquisa e uma interpretação para serem compreendi-
dos e contribuírem para o trabalho histórico. Daí a necessidade das en-
trevistas serem complementadas pelas pesquisas com outras fontes. 
 
Nesse sentido, também é possível afirmar que a história 
oral faz parte de um processo maior de alargamento da pos-
sibilidade do uso de fontes para a escrita da história e de 
trazer para os historiadores instrumentos para lidar com a subjetividade 
que encontra-se

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