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HISTÓRIA BRASIL IMPÉRIO

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1 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ............................ .......................................................... 2 
UNIDADE 2 - DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA ........... ..................................... 4 
UNIDADE 3 - PRIMEIRO REINADO (1822-1831) .......... .......................................... 10 
UNIDADE 4 - PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) ......... ........................................ 22 
UNIDADE 5 - SEGUNDO REINADO (1840-1889) ........... ......................................... 31 
UNIDADE 6 - ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA ............... ....................................... 41 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 
ANEXOS ................................................................................................................... 48 
 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO 
 
A história do Império do Brasil é o domínio de estudo que compreende todos 
os aspectos e elementos históricos do Estado extinto chamado Império do Brasil. 
Esse país foi o primeiro Estado soberano brasileiro e o período de sua existência é 
denominado, dentro da História do Brasil e tradicionalmente pela historiografia, como 
“Brasil Império”, “Brasil Imperial” e “Brasil Monárquico”. 
A história começa com a Independência do Brasil, quando o Brasil deixou de 
fazer parte do Império Português, e termina com o golpe militar que instaurou e 
proclamou a República dos Estados Unidos do Brasil. 
Mais precisamente, a História do Brasil Imperial tem início em 7 de setembro 
de 1822 com a proclamação de Independência do Brasil por D. Pedro I. O término 
deste período é a Proclamação da República, ocorrida no Rio de Janeiro, em 15 de 
novembro de 1889. Durante esta época, o Brasil foi governado por dois 
imperadores: D. Pedro I (de 1822 até 1831) e D. Pedro II (de 1840 até 1889). Entre 
os anos de 1831 e 1840, o Brasil foi governado por regentes. (Em anexo os 
principais fatos que marcaram o Brasil Imperial). 
Este período histórico, do Império, foi determinado pelas transformações 
ocorridas no século XVIII desencadeadas a partir da Revolução Francesa (1789) e 
da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, que abriram o caminho para o avanço 
do capitalismo para outros países (PRADO JUNIOR, 1988; FURTADO, 2007). 
Toda a agitação política do governo de Dom Pedro I culminou em sua rápida 
saída do governo durante os primeiros meses de 1831. Surpreendidos com a 
vacância deixada no poder, os deputados da Assembleia resolveram instituir um 
governo provisório até que Dom Pedro II, herdeiro legítimo do trono, completasse a 
sua maioridade. É nesse contexto de transição política que observamos a presença 
do Período Regencial (FURTADO, 2007). 
Estendendo-se de 1831 a 1840, o governo regencial abriu espaço para 
diferentes correntes políticas. Os liberais, subdivididos entre moderados e exaltados, 
tinham posições políticas diversas que iam desde a manutenção das estruturas 
monárquicas até a formulação de um novo governo republicano. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
 
De outro lado, os restauradores – funcionários públicos, militares 
conservadores e comerciantes portugueses – acreditavam que a estabilidade 
deveria ser reavida com o retorno de Dom Pedro I. 
Em meio a tantas posições políticas, a falta de unidade entre os integrantes 
da política nacional em nada melhorou o quadro político brasileiro. As mesmas 
divergências sobre a delegação de poderes políticos continuaram a fazer da política 
nacional um sinônimo de disputas e instabilidade. Mesmo a ação reformadora do Ato 
Adicional, de 1834, não foi capaz de resolver os dilemas do período (COTRIM, 
2008). 
Umas das mais claras consequências desses desacordos foram a série de 
revoltas deflagradas durante a regência. A Sabinada na Bahia, a Balaiada no 
Maranhão e a Revolução Farroupilha na região Sul foram todas manifestações 
criadas em consequência da desordem que marcou todo o período regência 
(SOUSA, 2010). 
Observa-se mais de 20 revoltas durante os 9 anos do período da Regência, 
portanto, acreditando-se ser um momento importante que demonstrou a 
instabilidade política do país, com sérias ameaças a Unidade do Brasil, 
consequentes da ausência do trono, culminando com o segundo Reinado, a 
presente apostila objetiva analisar as revoltas mais marcantes desse período. 
Como veremos, o segundo reinado foi uma época de grande progresso 
cultural e industrial com o crescimento e a consolidação da nação brasileira como 
um país independente, e como importante membro entre as nações americanas. 
Salientamos que este trabalho é uma compilação de estudos de vários 
autores e material do que entendemos ser o mais importante em termos de Brasil 
Império. Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais lacunas, mas 
tanto por isso, ao final da apostila estão diversas referências utilizadas e consultadas 
pelas quais poderão aprofundar algum conhecimento que chame a atenção ou tenha 
despertado dúvida. 
 
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UNIDADE 2 - DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 
 
Denomina-se Independência do Brasil o processo que culminou com a 
emancipação política desse país do reino de Portugal, no início do século XIX. 
Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, quando ocorreu o 
episódio do chamado “Grito do Ipiranga”. De acordo com a história oficial, nesta 
data, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente 
D. Pedro bradou perante a sua comitiva: Independência ou Morte! Determinados 
aspectos dessa versão, no entanto, são contestados por alguns historiadores. 
 
O GRITO DO IPIRANGA 
 
Fonte: www.culturabrasil.pro.br Acesso em: 12 nov. 2010. 
 
A moderna historiografia em História do Brasil remete o início do processo 
de independência à Transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808-1821), no 
contexto da Guerra Peninsular, a partir de 1808. 
Para compreender o verdadeiro significado histórico da independência do 
Brasil, levaremos em consideração duas importantes questões: 
• Em primeiro lugar, entender que o 07 de setembro de 1822 não foi um ato 
isolado do príncipe D. Pedro, e sim um acontecimento que integra o processo 
de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação 
no final do século XVIII. Ainda é muito comum a memória do estudante 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material podeser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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associar a independência do Brasil ao quadro de Pedro Américo, “O Grito do 
Ipiranga”, que personifica o acontecimento na figura de D. Pedro. 
• Em segundo lugar, é preciso perceber que a independência do Brasil 
restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a realidade 
socioeconômica, que se manteve com as mesmas características do período 
colonial. 
Valorizando essas duas questões, faremos uma breve avaliação histórica do 
processo de independência do Brasil. 
Desde as últimas décadas do século XVIII, assinala-se na América Latina a 
crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil, essa crise foi marcada pelas rebeliões 
de emancipação, destacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. 
Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto 
colonial e assumir um caráter republicano. Era apenas o início do processo de 
independência política do Brasil, que se estende até 1822 com o “sete de setembro”. 
Esta situação de crise do antigo sistema colonial, era na verdade, parte 
integrante da decadência do Antigo Regime europeu, debilitado pela Revolução 
Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos 
princípios iluministas, que juntos formarão a base ideológica para a Independência 
dos Estados Unidos (1776) e para a Revolução Francesa (1789). Trata-se de um 
dos mais importantes movimentos de transição na História, assinalado pela 
passagem da idade moderna para a contemporânea, representada pela transição do 
capitalismo comercial para o industrial. 
 
Os movimentos que levaram a independência do Brasil 
A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o primeiro movimento 
social republicano-emancipacionista de nossa história. Eis aí sua importância maior, 
já que em outros aspectos ficou muito a desejar. 
� Sua composição social, por exemplo, marginalizava as camadas mais 
populares, configurando-se num movimento elitista estendendo-se no máximo 
às camadas médias da sociedade, como intelectuais, militares e religiosos. 
� Outros pontos que contribuíram para debilitar o movimento foram a precária 
articulação militar e a postura regionalista, ou seja, reivindicavam a 
 
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emancipação e a república para o Brasil e na prática preocupavam-se com 
problemas locais de Minas Gerais. 
� O mais grave, contudo, foi a ausência de uma postura clara que defendesse a 
abolição da escravatura. O desfecho do movimento foi assinalado quando o 
governador Visconde de Barbacena suspendeu a derrama – seria o pretexto 
para deflagar a revolta – e esvaziou a conspiração, iniciando prisões 
acompanhadas de uma verdadeira devassa. 
Os líderes do movimento foram presos e enviados para o Rio de Janeiro, 
responderam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram 
condenados. Todos negaram sua participação no movimento, menos Joaquim José 
da Silva Xavier, o alferes conhecido como Tiradentes, que assumiu a 
responsabilidade de liderar o movimento. Após decreto de D. Maria I é revogada a 
pena de morte dos inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Alguns têm a pena 
transformada em prisão temporária, outros em prisão perpétua. Cláudio Manuel da 
Costa morreu na prisão, onde provavelmente foi assassinado. 
Tiradentes, o de mais baixa condição social, foi o único condenado à morte 
por enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada para Vila Rica. O corpo foi 
esquartejado e espalhado pelos caminhos de Minas Gerais (21 de abril de 1789). 
Era o cruel exemplo que ficava para qualquer outra tentativa de questionar o poder 
da metrópole. 
O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove anos mais tarde 
iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates , também chamada de Conjuração 
Baiana . 
A influência da loja maçônica Cavaleiros da Luz deu um sentido mais 
intelectual ao movimento que contou também com uma ativa participação de 
camadas populares como os alfaiates João de Deus e Manuel dos Santos Lira. 
Eram pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados e religiosos. 
Justamente por possuir uma composição social mais abrangente com participação 
popular, a revolta pretendia uma república acompanhada da abolição da 
escravatura. Controlado pelo governo, as lideranças populares do movimento foram 
executadas por enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvidos. 
 
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Outros movimentos de emancipação também foram controlados, como a 
Conjuração do Rio de Janeiro, em 1794, a Conspiração dos Suaçunas em 
Pernambuco (1801) e a Revolução Pernambucana de 1817. Esta última, já na época 
que D. João VI havia se estabelecido no Brasil. Apesar de contidas todas essas 
rebeliões foram determinantes para o agravamento da crise do colonialismo no 
Brasil, já que trouxeram pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos 
republicanos. 
 
A Família Real no Brasil e a Preponderância Inglesa 
Se o que definia a condição de colônia era o monopólio imposto pela 
metrópole, em 1808, com a abertura dos portos, o Brasil deixava de ser colônia. O 
monopólio não mais existia. Rompia-se o pacto colonial e atendia-se assim, os 
interesses da elite agrária brasileira, acentuando as relações com a Inglaterra, em 
detrimento das tradicionais relações com Portugal. 
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil, é considerado 
a primeira medida formal em direção ao “sete de setembro”. Há muito Portugal 
dependia economicamente da Inglaterra. Essa dependência acentua-se com a vinda 
de D. João VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para 
entrar na esfera do domínio britânico. Para a Inglaterra industrializada, a 
independência da América Latina era uma promissora oportunidade de mercados, 
tanto fornecedores, como consumidores. 
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação e Aliança e 
Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio do comércio brasileiro e o 
Brasil caiu diretamente na dependência do capitalismo inglês. 
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao absolutismo em 
Portugal com a Revolução do Porto. Implantou-se uma monarquia constitucional, o 
que deu um caráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de 
uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postura 
recolonizadora sobre o Brasil. 
D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda mais da 
aristocracia rural brasileira, que sentia-se duplamente ameaçada em seus 
 
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interesses: a intenção recolonizadora de Portugal e as guerras de independência na 
América Espanhola, responsáveis pela divisãoda região em repúblicas. 
 
O Significado Histórico da Independência 
A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o 
cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. 
Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em 
manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria 
elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por 
escravos e trabalhadores pobres em geral. 
Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o 
príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: 
conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal 
assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da 
América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. 
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e 
Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes. 
D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o 
esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se 
concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. 
Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente 
Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro, em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua 
permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: “Como é para o 
bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”. 
Conhecido como Dia do Fico. 
É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem mais pela 
aristocracia, que o apoiaria como imperador em troca da futura independência não 
alterar a realidade socioeconômica colonial. Contudo, o Dia do Fico era mais um 
passo para o rompimento definitivo com Portugal. Graças a homens como José 
Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da independência), Gonçalves Ledo, José 
Clemente Pereira e outros, o movimento de independência adquiriu um ritmo 
surpreendente com o cumpra-se, onde as leis portuguesas seriam obedecidas 
 
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somente com o aval de D. Pedro, que acabou aceitando o título de Defensor 
Perpétuo do Brasil (13 de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. 
Em 3 de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte e Legislativa e, em 
primeiro de agosto, considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem 
desembarcar no Brasil. 
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas, pois 
Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a 
demitir-se, sendo expulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, 
com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente. 
José Bonifácio transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, juntamente com 
carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no Rio de Janeiro como regente. No 
dia sete de setembro de 1822, D. Pedro que se encontrava às margens do riacho 
Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, 
bradou: “É tempo (...) Independência ou morte (...) Estamos separados de Portugal”. 
Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado 
Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império, embora a coroação 
apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822. 
A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa 
história colonial. As bases socioeconômicas (trabalho escravo, monocultura e 
latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, 
permaneceram inalteradas. O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma 
ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos. 
 
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UNIDADE 3 - PRIMEIRO REINADO (1822-1831) 
 
O Primeiro Reinado (1822-1831) foi um período da História do Brasil 
marcado por sérios conflitos de interesses. De um lado os que desejavam preservar 
as estruturas socioeconômicas vigentes. Do outro, D. Pedro I pretendendo aumentar 
e reforçar o seu próprio poder, evidenciado na marca característica da Constituição 
outorgada de 1824: o Poder Moderador exclusivo do imperador. 
A política autoritária de D. Pedro I sofreu forte oposição na imprensa na 
Câmara dos Deputados. A situação daí resultante, agravada pelos problemas 
econômicos e financeiros do país, minaram a popularidade do imperador. Este, 
apesar do apoio de alguns setores da sociedade, como o Partido Português, não 
conseguiu reverter a crise. Assim, na madrugada do dia 7 de abril de 1831, declarou 
sua abdicação ao trono em favor do filho menor, o príncipe imperial D. Pedro de 
Alcântara. 
 
A assembleia constituinte de 1823 
No dia 3 de junho de 1822 (D. Pedro governava o Brasil como príncipe 
regente), foi convocada uma assembleia para elaborar a primeira Constituição 
brasileira. 
A maioria dos membros dessa Assembleia Constituinte representava e 
defendia os interesses dos grandes proprietários rurais, que apoiaram e dirigiam o 
processo de independência do Brasil. 
O projeto de constituição elaborado pela Assembleia Constituinte de 1823 
tinha três características: o anticolonialismo, o antiabsolutismo e o classismo. 
Anticolonialismo : firme oposição aos portugueses (comerciantes e 
militares) que ainda ameaçavam a independência brasileira e desejavam a 
recolonização do país. Assim, por exemplo, o projeto proíbe os estrangeiros de 
ocupar cargos públicos de representação nacional. 
Antiabsolutismo : preocupação de limitar e reduzir os poderes do imperador 
e valorizar e ampliar os poderes do Legislativo. Assim, por exemplo, o projeto 
estabeleciam que: a) o imperador não tinha poderes para dissolver o parlamento; b) 
as Forças Armadas deviam obedecer às ordens do Legislativo e não de D. Pedro I. 
 
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Classismo : intenção de reservar o poder político só para a classe dos 
grandes proprietários rurais. A maioria do povo não era considerado cidadão e não 
tinha o direito de votar, nem de ser votado. O projeto estabelecia que o mais humilde 
eleitor precisava ter renda mínima por ano no valor de 150 alqueires de farinha de 
mandioca. Por isso, o projeto ficou conhecido, popularmente, como Constituição da 
Mandioca . Gente rica que não possuísse terras ficava fora das eleições. Foi o caso 
de comerciantes portugueses, ricos, que tinham dinheiro, mas não alqueires de 
mandioca. 
D Pedro I ficou bastante irritado com essa Constituição que limitava e 
diminuía seus poderes. Com o apoio das tropas imperiais, decretou a dissolução da 
Assembleia, no dia 12 de Novembro de 1823. Os deputados que reagiam ao ato de 
força do imperador foram presos e expulsos do país. Entre as pessoas punidas 
estavam José Bonifácio e seus irmãosAntônio Carlos e Martim Francisco. 
Apoiado pelos seus patrícios portugueses, D. Pedro queria assumir o 
comando absoluto da nação. 
O fechamento da Assembleia Constituinte foi interpretado pelos brasileiros 
como retrocesso, como posse. Esse era o objetivo dos representantes do chamado 
partido português que defendiam o absolutismo para o imperador. O partido 
português, formado por militares e comerciantes portugueses, apoiava D Pedro 
sempre esperando a oportunidade de fazer o Brasil restabelecer os antigos laços 
com Portugal. 
 
COMPARAÇÃO CRÍTICA ENTRE O PROJETO CONSTITUCIONAL 
E A CARTA CONSTITUCIONAL DE 1824 
Existem diferentes visões acerca do que foi proposto em cada um dos textos 
constitucionais, o de 1823 e o de 1824. Tais visões variam principalmente de acordo 
com a época em que as análises foram escritas. 
Um autor que demonstra uma visão mais tendenciosa para D. Pedro I é 
Tobias Monteiro, em sua obra “História Constitucional”. Por exemplo, 
 
Todavia, no exame comparativo das duas obras, resulta com evidência a 
superioridade da última delas, na quase totalidade das disposições, na 
distribuição das matérias, na propriedade da linguagem, principalmente na 
escolha do sistema administrativo (MONTEIRO, 1939, p. 12). 
 
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Para Monteiro (1939, p. 13), pela Constituição, o Brasil alçava-se dos 
moldes do governo despótico às mais amplas formas de liberdade individual 
garantida pelos freios da separação dos poderes. 
 
ORGANOGRAMA DO IMPÉRIO A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1824 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tais afirmações excluem alguns problemas do texto de Dom Pedro I, pois na 
teoria ele é liberal, mas na prática não o é. Basta percebermos quando o autor 
afirma “na quase totalidade”, onde exclui o fator principal do despotismo imperial, a 
união entre o Poder Executivo e o Poder Moderador nas mãos de uma única 
pessoa, o Imperador. 
Já para Vicente Barreto, o Projeto Constitucional de 1823 acabou sendo 
superior, principalmente por seu sucessor apresentar o Poder Moderador. Ele 
também afirma que as elites locais apoiavam a Constituição por ela ser 
representativa de seus principais ideais. De acordo com Barreto (1977, p. 129), “O 
Projeto da Constituinte preservou as estruturas econômicas e sociais da nação, 
elaborando uma constituição que garantia a ordem e o equilíbrio, permitindo o 
funcionamento das livres relações de mercado” (BARRETO, 1977, p. 129). 
Na teoria, podemos notar que a Constituição outorgada em 1824 é mais 
liberal do que a proposta por Antônio Carlos, em 1823. Porém, Dom Pedro I foi 
fundamental ao sobrepor o caráter liberal da Carta Constitucional e ignorar uma 
diversidade grande de artigos. 
A principal diferença entre as duas Constituições está na divisão no Estado 
em quatro poderes, com a criação do Poder Moderador. Em sua origem, o Poder 
 
 
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13
 
Executivo deveria estar somente nas mãos dos ministros de Estado, como afirmara 
Constant. 
Art. 102 - O Imperador é chefe do Poder Executivo, e o exercita pelos seus 
ministros de Estado. O Imperador deveria estar somente dentro do Poder 
Moderador, 
Art. 98 - O Poder Moderador é a chave de toda organização política, e é 
delegada privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação (...) para 
que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e 
harmonia dos mais poderes políticos. 
Portanto, D. Pedro I criou uma Constituição, mas logo rompeu seus 
princípios, ao unir em si os Poderes Executivo e Moderador, quando seus ministros 
deveriam ser os encarregados pelo Executivo. Tendo sido criado dentro de uma 
Corte monárquica despótica, Dom Pedro I criou uma Constituição com conteúdo 
liberal, porém, com prática despótica. Segundo o autor da teoria do Poder 
Moderador, Constant, em Napoleão Bonaparte: “Les intentions sont libérales: la 
pratique sera despotique” (as intenções são liberais, a prática é despótica). Tal frase 
cabe também dentro da prática governamental do Imperador Brasileiro. 
D. Pedro I conseguiu grande apoio dentro da população portuguesa 
residente no Brasil, o que era muito malvisto pelos Liberais. Estes trataram de 
colocar no Projeto Constitucional restrições aos antigos dominadores, principalmente 
no momento das eleições. 
Art. 130 - Apesar de terem as qualidades do Artigo 129 (para serem 
nomeados deputados), são excluídos de ser eleitor: I - os estrangeiros naturalizados, 
II - os criados da Casa Imperial, V - os cidadãos brasileiros nascidos em Portugal, se 
não tiverem 12 anos de domicílio no Brasil, e forem casados ou viúvos de mulher 
nativa brasileira. 
Já na Constituição de Dom Pedro I, “Art. 91 - Têm voto nestas eleições 
primárias: II - os estrangeiros naturalizados”. 
Segundo Boris Fausto (2004), o voto era indireto e censitário. Indireto, 
porque os votantes, correspondentes hoje à massa dos eleitores, votavam em um 
corpo eleitoral, nas eleições chamadas primárias; esse corpo eleitoral é que elegia 
os deputados. Censitário porque só podia ser votante, fazer parte do colégio 
 
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eleitoral, ser deputado ou senador quem atendesse a alguns requisitos, inclusive de 
natureza econômica. 
A Constituição de 1824 colocou a Assembleia em posição subalterna ao 
Imperador, ao afirmar que “Art. 13 - O Poder Legislativo é delegado à Assembleia 
Geral com a sanção do Imperador”, enquanto o Projeto tinha um caráter mais 
parlamentarista, com Poderes Legislativo e Executivo com atribuições paralelas. 
Em alguns pontos, ambos os textos apresentam as mesmas visões, como 
no caso da tortura, do Senado, da censura. No caso da tortura, o Projeto afirma: 
Art. 201 - A Constituição proíbe a tortura, a marca de ferro quente, o baraço 
e pregão (...), já na Constituição: 
Art. 179 - XIX: Desde já ficam abolidos os açoites, a tortura, a marca de ferro 
quente, e todas as mais penas cruéis. 
No caso do Senado, o Projeto afirma: 
Art. 100 - As eleições serão (...) em listas tríplices, sobre as quais recairá a 
escolha do Imperador. Na Constituição está: 
Art. 43 - As eleições serão (...) em listas tríplices, sobre as quais o Imperador 
escolherá o terço na totalidade da lista. Por fim, sobre a censura o Projeto afirma: 
Art. 7 - A Constituição garante a todos os brasileiros os seguintes direitos 
individuais: I - a liberdade pessoal, III - a liberdade religiosa, VI - a liberdade da 
imprensa. Está na Constituição: 
Art. 179 - IV: Todos podem comunicar os seus pensamentos, por palavras, 
escritos e publicá-los pela Imprensa, sem dependência de censura. 
Estes exemplos mostram-nos que D. Pedro I produziu uma Constituição de 
caráter liberal, mas a executou de forma despótica, basta que se pense acerca do 
uso da censura contra diversos órgãos de imprensa e o autoritarismo para decidir 
qual será o senador vitalício. Isto garantiria a eternidade de um Senado a favordo 
Imperador até que as intensas pressões internas e o desenrolar da política em 
Portugal fizessem com que ele abdicasse do trono brasileiro e voltasse à antiga 
metrópole. 
As duas Cartas Constitucionais apresentam um caráter liberal, sendo na 
teoria a de 1824 mais do que a de 1823. Apesar disso, o uso que foi feito de tal texto 
foi indébito e impróprio, o que resultou historicamente em uma Constituição mais 
 
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conservadora e despótica em 1824, com o Imperador unindo os Poderes Executivo 
e Moderador e passando a dominar os outros dois Poderes indiretamente, 
remetendo o Brasil praticamente ao mesmo sistema político anterior, o da monarquia 
absolutista, criando e centralizando poderes na sua própria mão. 
 
A economia no Primeiro Reinado 
A economia brasileira não se altera com sua independência política: 
mantém-se agrário-exportadora e baseada no trabalho escravo. 
Livre do colonialismo português, o país passa inteiramente para a esfera 
econômica da Inglaterra. Os ingleses tornam-se os únicos compradores dos 
produtos primários brasileiros e os principais fornecedores de bens manufaturados. 
 
Café 
A partir do século XIX, o café começa a ser plantado na região Sudeste do 
país e desenvolve-se rapidamente no Rio de Janeiro, sudeste de Minas e em São 
Paulo. Entre 1820 e 1830, já é responsável por 43,8% das exportações brasileiras, o 
equivalente a uma venda anual de cerca de 3 milhões de sacas de 60 kg. O vale do 
rio Paraíba, em São Paulo e Rio de Janeiro, torna-se o principal centro da produção 
cafeeira: formam-se as grandes fazendas trabalhadas por escravos e as imensas 
fortunas dos “barões do café”, um dos pilares de sustentação do Império até 1889. 
 
Crise econômica 
Apesar do desenvolvimento da economia cafeeira, o país é abalado por uma 
forte crise econômica, que já se anunciara antes mesmo da independência. A partir 
de 1820, começam a cair preços do algodão, do cacau e do açúcar no mercado 
internacional e os ingressos com o café não são suficientes para superar os déficits 
da balança comercial. 
O tabaco perde seu principal mercado, a África, em consequência das 
pressões inglesas para o fim do tráfico de escravos. Para contornar o problema, o 
governo desvaloriza a taxa cambial e faz empréstimos no exterior, principalmente na 
Inglaterra. Em 1828, o Banco do Brasil abre falência e, no ano seguinte, é liquidado 
oficialmente. A crise econômica prolonga-se até 1840. 
 
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Rombos do orçamento 
Os rombos no orçamento são constantes durante todo o reinado de Dom 
Pedro I. As revoltas e sublevações das Províncias e a oposição ao centralismo 
imperial levam os governos locais a não enviar os impostos arrecadados ao Rio de 
Janeiro. O imposto territorial, que poderia ser uma grande fonte de recursos, 
normalmente não é cobrado para não contrariar os grandes proprietários. Para 
agravar o quadro, o governo tem gastos elevados com as guerras da independência 
e repressão às rebeliões internas. 
 
A Confederação do Equador 
A Confederação do Equador foi um movimento político, de caráter 
emancipalista ocorrido em 1824 no nordeste brasileiro. Começando em 
Pernambuco, ampliou-se rapidamente para outras províncias da região, como 
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. 
Em síntese, a Confederação do Equador – que ganhou esse nome em 
referência à proximidade do centro do conflito com a linha do Equador – foi um 
movimento contrário à centralização do poder imperial. Daí, portanto, seu caráter 
revolucionário e, no extremo, seu aspecto independentista com relação ao Brasil. 
O movimento tinha ligações com outros dois episódios importantes ocorridos 
na mesma região, embora destes não fosse mero reflexo: a Revolução 
Pernambucana de 1817 e o Movimento Constitucionalista de 1821. Juntos, os dois 
haviam ajudado a concretizar em práticas políticas e sociais o ideário liberal – que 
se contrapunha à centralização do poder imperial – e a luta pela independência, num 
contraponto ao domínio exercido pelo Rio de Janeiro sobre as demais províncias. 
 
Contra a centralização e o autoritarismo 
Naquele início de século XIX, Pernambuco expressava bem os interesses 
político-econômicos ligados, de um lado, à manutenção da influência portuguesa 
sobre o Brasil, e, de outro, ao afastamento do segundo em relação ao primeiro. 
A elite agrária produtora de cana-de-açúcar, por exemplo, queria garantir a 
continuidade das relações com Portugal. Em contraste, a aristocracia rural, ligada ao 
cultivo do algodão e articulada ao processo da Revolução Industrial, era favorável às 
 
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medidas liberalizantes. A transferência da Corte para o Brasil, em 1808, e as 
medidas tomadas a partir de então, favoreceram esse segundo grupo. 
O ponto alto dessa separação entre Brasil e Portugal foi a declaração da 
Independência, em 1822. Contudo, o processo de elaboração da primeira 
constituição brasileira mostrou não apenas a grande influência que os portugueses 
ainda tinham sobre a vida política brasileira – a começar pelo fato de o primeiro 
imperador ser português – como também revelou a tendência à centralização do 
poder, ao invés de sua partilha. O ideário liberal perdia espaço. O fechamento da 
Assembleia Nacional Constituinte e a outorga da Carta Magna de 1824 por D. Pedro 
I foram expressões desse processo. 
Logo após a Independência, formou-se um novo governo em Pernambuco, 
chamado de “Junta dos Matutos”, que contava com a participação dos dois grupos 
da elite rural pernambucana. 
Após a dissolução da Assembleia Constituinte, um dos membros da Junta, 
Francisco Paes Barreto, foi nomeado pelo imperador para o cargo de governador. 
Ocorre que outro político, Manuel Carvalho Pais de Andrade, já havia sido eleito pela 
província. Estava aberto, assim, o conflito entre o Império e Pernambuco. 
A revolta explodiu depois de sucessivos episódios ocorridos após a outorga 
da Constituição, em março de 1824. Em julho do mesmo ano, Pais de Andrade 
lançou um manifesto de caráter revolucionário. Em Pernambuco, o movimento teve 
um aspecto popular e fundamentalmente urbano. Contou também com o apoio da 
intelectualidade local. 
As ideias e propostas expressas pelo movimento logo ganharam apoio de 
outras províncias do Nordeste, inseridas, por sua vez, num quadro político-social 
muito semelhante ao de Pernambuco. A Confederação do Equador se formou 
quando aos pernambucanos se juntaram as províncias do Ceará, Paraíba e Rio 
Grande do Norte. 
Entre as medidas tomadas pela Confederação do Equador estava a 
convocação de uma Assembleia Constituinte, a elaboração de um projeto 
constitucional com base na Carta colombiana (então considerada uma das mais 
liberais da região), a proposta de extinção do tráfico negreiro e a organização de 
forças populares de resistência à repressão imperial. 
 
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A formação de um governo independente expressava o descontentamento 
com o centralismo nos primeiros anos pós-Independência. As medidas tomadas pela 
Confederação, contudo, acabaram levando à divisão do próprio movimento. Por 
outro lado, a dura repressão articulada pelo poder central foi decisiva para que o 
movimento tivesse vida curta. Vários líderes da Confederação do Equador foram 
condenados ao fuzilamento – caso de Frei Caneca. Outros, como Cipriano Barata, 
continuaram presos durante algum tempo. 
Ainda assim, a Confederação do Equador foi um movimento importante na 
história do Brasil, pois extrapolou a simples conspiração, existindo concretamente 
(ainda que por pouco tempo), e se diferenciou dos outros movimentos 
independentistas da época pela ampla participação popular que registrou (LIMA 
SOBRINHO, 1979). 
 
Guerra da Cisplatina (1825-1829) 
A Guerra da Cisplatina ou Campanha da Cisplatina foi um conflito ocorrido 
entre Brasil e Argentina pela posse da atual República Oriental do Uruguai. 
O termo cisplatina indica a região denominada Banda Oriental do Rio da 
Prata, que hoje constitui o Uruguai, e que desde os tempos do Tratado de Madri, 
vinha sendo disputada, primeiramente, por espanhóis e portugueses, e depois, por 
argentinos e brasileiros. 
Território argentino até 1821, ele é incorporado ao Reino Unido de Portugal, 
Brasil e Algarves por Dom João VI com o nome de Província Cisplatina. A anexação 
é justificada pelos direitos hereditários que sua esposa, a Princesa Carlota Joaquina, 
teria sob a região. Após a conquista do território, em 1816, pelo general português 
Carlos Frederico Lecor, comandante dos Voluntários do Príncipe Regente, é 
desenvolvida uma inteligente política de ocupação, com as Escolas Mútuas do 
Método Lancaster e o apoio das elites Orientais. Localizado na entrada do estuário 
do Rio da Prata, a Banda Oriental é estratégica, já que quem a controla tem grande 
domínio sobre a navegação em todo o rio. 
Com pretensões de anexar a Banda Oriental ou Cisplatina (antigos nomes 
do Uruguai) a Confederação das Províncias Unidas do Prata, a Confederação 
Argentina, incentiva os patriotas uruguaios, liderados por Juan Antonio Lavalleja por 
 
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meio de apoio político e suprimentos a se levantarem contra a dominação brasileira 
na região. 
As tropas imperiais primeiramente dirigiram-se ao Rio da Prata e realizaram 
o bloqueio dos portos de Buenos Aires e Montevidéu. As frotas platinas logo se 
moveram para o sul, onde mais uma vez foram perseguidas pelas tropas brasileiras. 
Dessa vez, a população local conseguiu abafar a investida marítima das forças 
brasileiras. Em terra, exércitos comandados pelo general argentino Carlos Maria de 
Avelar invadiu os territórios brasileiros. Ao longo de quatro anos pequenas batalhas 
foram deflagradas, sendo a Batalha de Ituzaingó a maior delas. 
A falta de um exército sistematizado e o gasto na contenção de outras 
revoltas no Brasil, forçou Dom Pedro I a reconhecer a independência da região 
Cisplatina. Com o fim da guerra, o governo brasileiro assinou o acordo estabelecido 
pelo Tratado de Montevidéu. Conduzido por autoridades britânicas e francesas, o 
tratado oficializou a criação do Estado Oriental do Uruguai. 
De acordo com Sousa (2010), a derrota no conflito gerou intensa 
insatisfação por parte da população brasileira. O autoritarismo imperial e a crise 
econômica agravada com os gastos neste conflito, só aumentaram o clima de 
desconfiança mediante o governo de Dom Pedro I. Mesmo não sendo a causa 
fundamental da abdicação do imperador, ocorrida em 1831, o envolvimento e a 
derrota na Guerra da Cisplatina eram provas cabais do desmando e incompetência 
do governo de Dom Pedro. 
O desfecho da Guerra da Cisplatina foi desfavorável ao Brasil, pois o 
dinheiro gasto para sustentar o combate arruinou sua economia. Outro aspecto foi o 
desgaste da imagem política de D. Pedro I, aumentando a insatisfação do povo que, 
desde o início do conflito, culpava a Guerra da Cisplatina dizendo que ela 
representava o aumento de impostos. 
Com a independência da região Cisplatina, os populares contrários a D. 
Pedro I utilizaram o argumento de que o Brasil arrombara seus cofres e sacrificara a 
população para lutar em uma causa perdida. Entretanto, esta não foi a principal 
causa da queda de D. Pedro I, mas, sim, apenas parte de um conjunto de fatores 
que causaram a abdicação. A maior causa, talvez, tenha sito o estilo centralizador 
do governo (COTRIM, 2005). 
 
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Reconhecimento Externo da Independência 
Era fundamental que o Brasil fosse aceito internacionalmente como nação 
independente. A necessidade não era somente política, mas econômica e os 
Estados Unidos foram o primeiro país a oficialmente considerar o Brasil 
independente. 
Em 1825, Portugal assinou o acordo de reconhecimento, pelo qual receberia 
do Brasil, como indenização, dois milhões de libras. Nosso país não possuía essa 
quantia. Por outro lado, Portugal já tinha com os ingleses uma dívida alta. A 
Inglaterra, então, emprestaria o dinheiro ao Brasil para pagar Portugal. Este, por sua 
vez, saldaria com essa importância parte da dívida com os ingleses. 
O dinheiro, assim, nem sequer saiu dos cofres ingleses. Além disso, coube 
ao Brasil o pagamento dos juros e das despesas pelos serviços, o que ampliou a 
dívida que nos atrelaria à Inglaterra por muitos e muitos anos. 
 
O Declínio do Primeiro Reinado 
Os três séculos de colonização portuguesa deixaram como herança uma 
profunda crise econômica. Em meados de 1825, a Inglaterra exportava para o Brasil 
a mesma quantidade de mercadorias que exportava para todas as suas colônias 
americanas. As poucas manufaturas de tecidos e metalúrgicas existentes no Brasil 
arruinaram-se diante da concorrência estrangeira. 
O Brasil perdeu uma boa parcela de seu mercado açucareiro diante da 
utilização da beterraba na produção de açúcar. A crise econômica agravava-se, 
ainda mais pela cobrança de altos juros sobre os empréstimos estrangeiros, pagos 
com a realização de novos empréstimos. D. Pedro foi perdendo prestígio por não 
conseguir tirar o país da grave situação em que se encontrava. 
A morte de D. João VI veio trazer novos problemas. D. Pedro era o herdeiro 
natural e deveria assumir o trono português com o título de D. Pedro VI. Este 
hesitava entre assumir o trono português no Brasil e permanecer no Brasil. Por fim 
ele resolveu permanecer no Brasil em favor de sua filha Maria da Glória, de sete 
anos. Isso gerou uma guerra civil, pois D. Miguel, irmão de D. Pedro I, também 
reivindicava o trono. 
 
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D. Pedro nomeia um ministério mais liberal, o Ministério dos Brasileiros, na 
tentativa de conciliar os problemas. A medida veio tardiamente, no dia 5 de abril, por 
se recusar a reprimir manifestações populares, o novo ministério foi demitido. 
Formou-se então o Ministério dos Marqueses, integrado por elementos do Partido 
Português. A reação do povo foi violenta, que reunido no Campo da Aclamação, 
conseguiu a adesão da própria guarda pessoal do imperador, que aderiu à 
manifestação. 
Não restava a D. Pedro nada mais a fazer a não ser abdicar. No dia 7 de 
abril 1931, o imperador abandonava o trono brasileiro, deixando-o para o seu filho, 
então com cinco anos de idade, que ficou sob a tutela de José Bonifácio (SOUSA, 
2010; COTRIM, 2005). 
 
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UNIDADE 4 - PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) 
 
O período compreendido entre 1831 e 1840 foi um dos mais agitados da 
nossa História. Iniciado pela abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho de 
apenas 5 anos de idade, determinou a escolha de uma regência para governar o 
País, em função de D. Pedro de Alcântara ser menor. Foi um período marcado 
pelas: 
a) agitações sociais; 
b) turbulências políticas; 
c) instabilidade imperial; 
d) intranquilidade nas províncias. 
 
Depois da abdicação de D. Pedro I, o poder político no Brasil ficou dividido 
em três grupos diferentes, que dominaram a vida pública brasileira até 1834, ano da 
morte de D. Pedro I. 
GRUPO DOS RESTAURADORES – Defendia a volta de D. Pedro I ao 
governo do Brasil. Era composto por alguns militares e grandes comerciantes 
portugueses. Uma das principais figuras desse grupo foi José Bonifácio, tutor do 
príncipe Pedro de Alcântara. 
GRUPO DOS MODERADOS – Defendia o regime monárquico, mas não 
estava disposto a aceitar um governo absolutista e autoritário. Era favorável a um 
poder no Rio de Janeiro e lutava para manter a unidade territorial do Brasil. 
GRUPO DOS LIBERAIS EXALTADOS – Defendia um maior poder 
administrativo para as Províncias. Era favorável a uma descentralização do poder, 
que se concentrava a mudança do regime monárquico para um regime republicano. 
Em 1834 morreu D. Pedro I, portanto o grupo dos restauradores não tinha 
mais razão de existência (reconduzir D. Pedro I ao poder no Brasil). Por volta de 
1837, o grupo dos liberais moderados dividiu-se em progressistas e regressistas, 
dominando a cena política brasileira e disputando o poder. 
Os Progressistas defendiam um governo forte e centralizado no Rio de 
Janeiro, mas estavam dispostos a fazer concessões aos liberais exaltados, como 
delegar maior autonomia administrativa às províncias. 
 
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Os Regressistas não estavam dispostos a fazer concessões aos liberais 
exaltados. Eram favoráveis ao fortalecimento do poder Legislativo, centralizado no 
Rio de Janeiro e, contrários à liberdade administrativa das províncias. Lutavam pela 
que chamavam de ordem pública. 
Como diz Cotrim (2008), as revoltas não ocorrem por acaso; elas são o 
produto de insatisfações coletivas, acumuladas durante certo tempo. No caso do 
Brasil, elas vinham desde a época de D. Pedro I e os governos regenciais não foram 
capazes de atender essas insatisfações e reivindicações, nem de eliminar suas 
causas, portanto, se manifestaram de forma violenta e explosiva. 
Foi uma época de instabilidade política, com diversas revoluções provinciais, 
como a Farroupilha (Rio Grande do Sul), a Balaiada (Maranhão), a Cabanagem 
(Pará) e a Sabinada (Bahia), nas quais um dos motivos preponderantes era o desejo 
de maior autonomia provincial que foi concedida pelo Ato Adicional (1834), que criou 
os legislativos provinciais, fazendo outras concessões federalistas. 
Foram os seguintes os governos regenciais: 
a) Regência Trina Provisória (abril-julho de 1831) 
• Nicolau de Campos Vergueiro, José Joaquim de Campos (marquês de 
Caravelas) e brigadeiro Francisco de Lima e Silva. 
b) Regência Trina Permanente (1831-1834) 
• Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, os deputados José da Costa 
Carvalho e João Bráulio Muniz. 
• A figura de maior destaque nesse período foi o padre Feijó, ministro da 
Justiça. 
• Em 1834, com a modificação da Constituição pelo Ato Adicional, a regência 
trina foi transformada em una, devendo ser eleita pelo voto direto. Foi eleito Feijó 
como regente uno. 
c) Regência de Feijó (1835-1837) 
• Feijó não completou o mandato, renunciando em 1837, assumindo em seu 
lugar Araújo Lima. 
Na eleição da regência, em 7 de abril de 1835, concorreram dois candidatos: 
Diogo Antônio Feijó, ex-ministro da Justiça, e o pernambucano Antônio Francisco de 
Paula Holanda Cavalcanti. Este último era um rico senhor de engenho de 
 
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Pernambuco e obteve o apoio de Honório Hermeto Carneiro Leão, antigo moderado 
e agora líder regressista, e de muitos ex-caramurus. Evaristo da Veiga, líder 
progressista, apoiou Feijó, que desfrutava de grande prestígio em Minas e na 
Província Fluminense. 
Feijó venceu a eleição com 2 828 votos contra 2 251 dados a Holanda 
Cavalcanti. A vitória de Feijó representou a vitória dos progressistas. Mas, nas 
eleições legislativas do ano seguinte, venceram os regressistas. 
Feijó tomou posse em 12 de outubro de 1835, num momento em que graves 
agitações sacudiam o país. A Cabanagem eclodiu no Pará e a revolta se expandira; 
no Rio Grande do Sul a Farroupilha assumiu sérias proporções e na Bahia uma 
audaciosa rebelião dos escravos malês teve grande repercussão no país. 
Em 1836, Feijó dizia o seguinte num discurso: “Nossas instituições vacilam, 
o cidadão vive receoso, assustado; o governo consome o tempo em vãs 
recomendações. Seja ele responsabilizado pelos abusos e omissões: dai-lhe, 
porém, leis adaptadas às necessidades públicas; dai-lhe forças, com que possa 
fazer efetiva a vontade nacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar o Império: 
aplicai a tempo o remédio”. 
Em resposta a esse discurso, um deputado, Rodrigues Torres, referiu-se à 
necessidade de interpretar o Ato Adicional no sentido de restringir a 
descentralização e coibir as liberdades democráticas. A Câmara dos Deputados, 
eleita em 1836, em sua maioria apoiava esse ponto de vista e colocou-se em 
oposição a Feijó, dando origem efetivamente a um agrupamento regressista. 
Feijó ignorou o Parlamento e não percebeu que, com a formação da ala 
regressista, estava nascendo um agrupamento político muito poderoso que 
expressava, diretamente, o ponto de vista da elite dominante do país. Ao tocar o 
governo sem levar em conta esse fato, Feijó foi se isolando e, portanto, se 
enfraquecendo politicamente. Além disso, cometeu a imprudência de entrar em 
conflito com a Igreja, sustentando posições favoráveis ao fim do celibatoclerical e 
interferindo em suas questões internas. 
Diante da oposição crescente e dos insucessos na repressão às revoltas do 
Pará e do Rio Grande do Sul, Feijó finalmente se demitiu em 19 de setembro de 
1837. A regência foi assumida interinamente por Araújo Lima, um ministro de Feijó. 
 
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d) Regência de Araújo Lima (1837-1840) 
Com a escolha de Araújo Lima como regente interino, um novo gabinete foi 
formado, com membros saídos da facção majoritária do Parlamento. Como a facção 
majoritária era de regressistas, Araújo Lima inverteu a tendência progressista 
representada por Feijó. O novo gabinete foi designado como Ministério das 
Capacidades, pelos próprios regressistas, e trazia uma grande surpresa: a presença 
de Bernardo Pereira de Vasconcelos, que até então era considerado um dos 
principais líderes moderados. 
Vasconcelos havia sido, nos últimos anos do Primeiro Reinado, um dos mais 
respeitados chefes da oposição liberal a D. Pedro I. E foi esse o motivo pelo qual foi 
intensamente criticado ao aceitar e assumir o ministério como membro da equipe 
regressista. Mas ele próprio se encarregou de defender-se das acusações, com 
palavras exemplares e esclarecedoras: 
 
Fui liberal; então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações de 
todos, mas não nas leis; o poder era tudo: fui liberal. Hoje, porém, é diverso 
o aspecto da sociedade: os princípios democráticos tudo ganharam, e muito 
comprometeram; a sociedade, que então corria risco pelo poder, corre risco 
pela desorganização e pela anarquia. Como então quis, quero hoje servi-la, 
quero salvá-la; por isso sou regressista. Não sou trânsfuga, não abandonei 
a causa que defendo, no dia de seus perigos, de sua fraqueza; deixo-a no 
dia em que tão seguro é o seu triunfo que até o excesso a compromete. 
Quem sabe se, como hoje defendo o país contra a desorganização, depois 
de havê-lo defendido contra o despotismo e as comissões militares, não 
terei algum dia de dar outra vez a minha voz ao apoio e à defesa da 
liberdade? (...) Os perigos da sociedade variam; o vento das tempestades 
nem sempre é o mesmo; como há de o político, cego e imutável, servir a 
seu país?. 
 
Em outro discurso, ele foi ainda mais claro: “(...) eu quis parar o carro 
revolucionário, atirei-me diante dele; sofri, e tenho sofrido, porque quem se atira 
diante do carro revolucionário de ordinário sempre sofre (...)” 
Assim, nos dias turbulentos da Regência, Vasconcelos sintetizou o ponto de 
vista regressista. Para a elite política dominante, o liberalismo resumia-se à luta 
contra o “despotismo” de D. Pedro I. Uma vez vencido esse obstáculo, era preciso 
“parar o carro revolucionário”, evitando a todo custo a democracia, que então era 
identificada à anarquia. 
Nas eleições de 1836, as graves agitações em vários pontos do Brasil 
contribuíram para a eleição de uma maioria de regressistas para a Câmara dos 
 
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Deputados. Essa tendência conservadora, contrarrevolucionária e antidemocrática 
começava a se firmar no país. Em 1838, nas eleições para a escolha do novo 
regente, foi eleito o próprio Araújo Lima. 
A harmonia entre Legislativo e Executivo, ambos agora regressistas, 
favoreceu a coesão da aristocracia rural, que pôde, então, enfrentar com firmeza as 
várias rebeliões que incendiavam o país (FAUSTO, 2004; COTRIM, 2005). 
• As regências têm fim com o Golpe da Maioridade. 
De 1831 a 1837, ainda sob o efeito da vitória contra a autocracia do 
imperador deposto, foram tomadas várias medidas liberais, caracterizando-se essa 
fase como do “avanço liberal”. 
Porém, em 1833 eclodiu a Cabanagem, uma vasta rebelião popular no Pará, 
à qual se seguirão outras, com a mesma gravidade: a Guerra dos Farrapos ou 
Farroupilha no Rio Grande do Sul, a Revolta dos Escravos Malês e a Sabinada, 
ambas na Bahia, e, por fim, a Balaiada, no Maranhão. 
A eclosão dessas revoltas e a permanência do clima de agitação em todo o 
país iriam fortalecer o ideal conservador e centralista que, a partir de 1837, tomaria 
conta do país. Passou-se, assim, para a fase do “regresso conservador”. 
 
Cabanagem 
A Cabanagem foi uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 
e 1840 na província do Grão-Pará (região norte do Brasil, atual estado do Pará). 
Recebeu este nome, pois grande parte dos revoltosos era formada por pessoas 
pobres que moravam em cabanas nas beiras dos rios da região. Estas pessoas 
eram chamadas de cabanos. 
No início do Período Regencial, a situação da população pobre do Grão-
Pará era péssima. Mestiços e índios viviam na miséria total. Sem trabalho e sem 
condições adequadas de vida, os cabanos sofriam em suas pobres cabanas às 
margens dos rios. Esta situação provocou o sentimento de abandono com relação 
ao governo central e, ao mesmo tempo, muita revolta. 
Os comerciantes e fazendeiros da região também estavam descontentes, 
pois o governo regencial havia nomeado para a província um presidente que não 
agradava a elite local. 
 
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Embora por causas diferentes, os cabanos (índios e mestiços, na maioria) e 
os integrantes da elite local (comerciantes e fazendeiros) se uniram contra o governo 
regencial nesta revolta. O objetivo principal era a conquista da independência da 
província do Grão-Pará. 
Os cabanos pretendiam obter melhores condições de vida (trabalho, 
moradia, comida). Já os fazendeiros e comerciantes, que lideraram a revolta, 
pretendiam obter maior participação nas decisões administrativas e políticas da 
província. 
Com início em 1835, a Cabanagem gerou uma sangrenta guerra entre os 
cabanos e as tropas do governo central. As estimativas feitas por historiadores 
apontam que cerca de 30 mil pessoas morreram durante os cinco anos de 
combates. 
No ano de 1835, os cabanos ocuparam a cidade de Belém (capital da 
província) e colocaram na presidência da província Félix Malcher. Fazendeiro, 
Malcher fez acordos com o governo regencial, traindo o movimento. Revoltados, os 
cabanos mataram Malcher e colocaram no lugar o lavrador Francisco Pedro Vinagre 
(sucedido por Eduardo Angelim). 
Contando com o apoio, inclusive, de tropas de mercenários europeus, o 
governo central brasileiro usou toda a força para reprimir a revolta que ganhava 
cada vez mais força. 
Após cinco anos de sangrentos combates, o governo regencial conseguiu 
reprimir a revolta. Em 1840, muitos cabanos tinham sido presos ou mortos em 
combates. A revolta terminou sem que os cabanos conseguissem atingir seus 
objetivos. 
 
Guerra dos Farrapos ou Farroupilha no Rio Grande do Sul 
A Guerra dos Farrapos ocorreu no Rio Grande do Sul na época em que o 
Brasil era governado pelo Regente Feijó (Período Regencial). Esta rebelião, gerada 
pelo descontentamento político, durou por uma década (de 1835 a 1845). 
O estopim para esta rebelião foi as grandes diferenças de ideais entre doispartidos: um que apoiava os republicanos (os Liberais Exaltados) e outro que dava 
apoio aos conservadores (os Legalistas). 
 
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Em 1835, os rebeldes Liberais, liderados por Bento Gonçalves da Silva, 
apossaram-se de Porto Alegre, fazendo com que as forças imperiais fossem 
obrigadas a deixarem a região. 
Após terem seu líder Bento Gonçalves capturado e preso, durante um 
confronto ocorrido na ilha de Fanfa (no rio Jacuí), os Liberais não se deixaram 
abater e, sob nova liderança (de António Neto), obtiveram outras vitórias. 
Em novembro de 1836, os revolucionários proclamaram a República em 
Piratini e Bento Gonçalves, ainda preso, foi nomeado presidente. Somente em 1837, 
após fugir da prisão, é que Bento Gonçalves finalmente assume a presidência da 
República de Piratini. 
Mesmo com as forças do exército da regência, os farroupilhas liderados por 
Davi Gonçalves, conquistaram a vila de Laguna, em Santa Catarina, proclamando, 
desta forma, a República Catarinense. 
Entretanto, no ano de 1842, o governo nomeou Luiz Alves de Lima e Silva 
para comandar as tropas que deveriam atacar os farroupilhas. 
Após três anos de batalha e várias derrotas, os “Farrapos” tiveram que 
aceitar a paz proposta por Duque de Caxias. Com isso, em 1845, a rebelião foi 
finalizada. 
 
Revolta dos Escravos Malês 
A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade de Salvador 
(província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais 
personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, 
conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e 
carpinteiros). Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e 
seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas 
dificuldades para ascender socialmente. 
Os revoltosos, cerca de 1500, estavam muito insatisfeitos com a escravidão 
africana, a imposição do catolicismo e com o preconceito contra os negros. Portanto, 
tinham como objetivo principal à libertação dos escravos. Queriam também acabar 
com o catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que 
 
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chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a implantação de 
uma república islâmica. 
De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória (Salvador) 
e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os 
engenhos de açúcar e libertariam os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram 
armas para os combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe. 
Uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de Salvador. Os 
soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e 
armados, os soldados cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. 
Violentos combates aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta 
revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. 
Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena de 
morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites e 
degredo (enviados para a África). 
O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a 
circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas 
cerimônias religiosas. 
 
Sabinada 
A Sabinada foi uma revolta feita por militares, integrantes da classe média 
(profissionais liberais, comerciantes, entre outros) e rica da Bahia. A revolta se 
estendeu entre os anos de 1837 e 1838, ganhou este nome, por seu líder ter sido o 
jornalista e médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. 
Os revoltosos eram contrários às imposições políticas e administrativas 
impostas pelo governo regencial. Estavam profundamente insatisfeitos com as 
nomeações de autoridades para o governo da Bahia, realizadas pelo governo 
regencial. 
O estopim da revolta ocorreu quando o governo regencial decretou 
recrutamento militar obrigatório para combater a Guerra dos Farrapos, que ocorria 
no sul do país. Os revoltosos queriam mais autonomia política e defendiam a 
instituição do federalismo republicano, sistema que daria mais autonomia política e 
administrativa às províncias. 
 
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Com o apoio de vários integrantes do exército, os revoltosos foram para as 
ruas e tomaram vários quartéis militares. No dia 7 de novembro de 1837, tomaram o 
poder em Salvador (capital). Decretaram a República Bahiense, que, de acordo com 
os líderes da revolta, deveria durar até D. Pedro II atingir a maioridade. 
O governo central, sob a regência de Feijó, enviou tropas para a região e 
reprimiu o movimento com força total. A cidade de Salvador foi cercada e retomada. 
Muita violência foi usada na repressão. Centenas de casas de revoltosos foram 
queimadas pelas forças militares do governo. 
Entre revoltosos e integrantes das forças do governo, ocorreram mais de 
duas mil mortes durante a revolta. Mais de três mil revoltosos foram presos. Assim, 
em março de 1838, terminava mais uma rebelião do período regencial. 
 
Balaiada 
No ano de 1838 surgiu um movimento popular no Maranhão. Este era 
contrário ao poder e aos aristocratas rurais que, até então, dominavam aquela 
região. 
Em dezembro de 1838, Raimundo Gomes (líder do movimento), com 
objetivo de libertar seu irmão que se encontrava preso em vila Manga, invadiu a 
prisão libertando não só seu irmão, mas também todos os outros que se 
encontravam presos. 
Após algumas conquistas dos balaios, como a tomada de Caxias e a 
organização de uma Junta Provisória, o governo uniu tropas de diferentes províncias 
para atacá-los. Contudo, Os balaios venceram alguns combates. 
Outros líderes, como, por exemplo, o coronel Luís Alves de Lima e Silva 
também entrou em combate com os revoltosos. Entretanto, o comandante dos 
balaios, Raimundo Gomes, rendeu-se. 
Após a morte de Balaio, Cosme (ex-escravo e um dos principais chefes dos 
balaios) assumiu a liderança do movimento e partiu em fuga para o sertão. Daí em 
diante, a força dos balaios começou a diminuir, até que, em 1840, um grande 
número de balaios rendeu-se diante da concessão da anistia. Pouco tempo depois, 
todos os outros igualmente se renderam. Com a completa queda dos balaios, 
Cosme foi enforcado. 
 
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UNIDADE 5 - SEGUNDO REINADO (1840-1889) 
 
O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de Dom 
Pedro II, realizada no dia 23 de julhode 1840. Na época, o jovem imperador tinha 
apenas quatorze anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder 
executivo nacional graças a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos 
políticos liberais. Até então, os conservadores (favoráveis à centralização política) 
dominaram o cenário político nacional. 
Antes do novo regime monárquico, o período regencial foi caracterizado por 
uma política conservadora e autoritária que fomentou diversas revoltas no Brasil. As 
disputas políticas do período e o desfavor promovido em torno do autoritarismo 
vigente permitiram que a manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse 
sustentabilidade política. Nos quarenta e nove anos subsequentes, o Brasil esteve 
na mão de seu último e mais longevo monarca. 
Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a criação de 
dispositivos capazes de agraciar os dois grupos políticos da época. Liberais e 
conservadores, tendo origem em uma mesma classe socioeconômica, barganharam 
a partilha de um poder repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia 
como um “intermediário imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se 
distribuíam ministérios, o rei era blindado pelos amplos direitos do irrevogável Poder 
Moderador. 
A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um 
período de relativa estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847, nenhuma 
outra rebelião interna se impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns 
historiadores justificam tal condição no bom desempenho de uma economia 
impulsionada pela ascensão das plantações de café. No entanto, esse bom 
desempenho conviveu com situações delicadas provindas de uma economia 
internacional em plena mudança. 
O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas grandes potências, 
tais como a Inglaterra, que buscava ampliar seus mercados consumidores por aqui. 
A partir da segunda metade do século XIX, movimentos abolicionistas e 
republicanos ensaiavam discursos e textos favoráveis a uma economia mais 
dinâmica e um regime político moderno e inspirado pela onda republicana liberal. 
 
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Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi 
possível observar as primeiras medidas que indicaram o fim do regime monárquico. 
O anseio por mudanças parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma 
elite desconfiada com transformações que pudessem ameaçar os seus antigos 
privilégios. A estranha mistura entre o moderno e o conservador ditou o início de 
uma república nascida de uma quartelada desprovida de qualquer apoio popular 
(SOUSA, 2010). 
Uma das características mais marcantes da história política brasileira na 
segunda metade do século XIX foi a centralização de poderes, decisões e recursos 
econômicos no Rio de Janeiro, sede do governo imperial. Esta primazia do governo 
imperial sobre os governos provinciais e municipais se manifestava tanto em termos 
de atribuições quanto dos recursos fiscais de que dispunha. Um dos temas mais 
recorrentes na historiografia sobre o Brasil Império é o da centralização monárquica. 
No plano político, esta centralização refletiu o triunfo do grupo vencedor das 
lutas travadas entre forças centrípetas e centrífugas nas duas primeiras décadas do 
período independente. A centralização política caracterizou o chamado “Regresso 
conservador” e teve como pontos marcantes a interpretação do Ato Adicional, em 
maio de 1840, quando muitas das medidas descentralizadoras do período regencial 
foram revogadas, o restabelecimento do Conselho de Estado (novembro de 1841) e 
a reforma do Código de Processo Penal (dezembro de 1841) (BETHELL; 
CARVALHO, 1993). 
A derrota das reivindicações federalistas não significou, porém, o fim das 
aspirações por maiores poderes (e recursos) para as províncias. Ao longo de todo o 
II Reinado, diversas vozes iriam se levantar contra aquilo que julgavam ser uma 
concentração excessiva de poderes nas mãos do governo central. O crítico mais 
eloquente da centralização monárquica foi Tavares Bastos que, em seu trabalho 
mais conhecido (A Província, de 1870), detalhou o seu projeto liberal, federativo, 
descentralizador. O foco de seus ataques não era a Monarquia em si, mas a 
centralização do regime, para ele antidemocrática em sua essência (TAVARES 
BASTOS, 1937). 
O contraponto ideológico de Tavares Bastos encontrava no Visconde do 
Uruguai o seu maior representante. Em duas influentes obras, Paulino José Soares 
 
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de Sousa expunha em detalhes as razões objetivas da centralização do poder no 
Império, cujas vantagens, pensava, em muito excediam os seus inconvenientes 
(URUGUAI, 2002). 
Os recursos materiais que garantiam a centralização defendida por Uruguai 
e combatida por Tavares Bastos provinham de impostos arrecadados, em sua maior 
parte, das atividades de importação e exportação no Império. Tirando a questão 
relacionada à relativa fragilidade de uma base tributária fortemente dependente de 
receitas de comércio exterior, o cerne do problema fiscal no II Reinado envolvia a 
repartição destes recursos entre o governo central e as províncias. 
O caráter centralizado desta repartição já se anunciava na Constituição de 
1824, que no seu artigo 83, parágrafo 3º, estabelecia que os Conselhos gerais das 
províncias eram proibidos de propor ou deliberar sobre imposições cuja iniciativa é 
da competência da Câmara dos Deputados (BUESCU, 1984). 
Porém, foi apenas na lei do orçamento de 1833-1834 (de 24 de outubro de 
1832) que as rendas públicas apareceram discriminadas pela primeira vez entre 
“Receita Geral” (cabendo ao governo central) e “Receita Provincial”. As primeiras 
eram detalhadas na referida Lei e incluíam, entre outras, os direitos arrecadados nas 
alfândegas, sobre importações, exportações e baldeação; direitos de armazenagem, 
ancoragem e faróis; sisa de bens de raiz e vendas de próprios nacionais. 
Já quanto às províncias, o texto legal limitou-se a dizer, em seu Art. 83º, que 
pertenciam “todos os impostos ora existentes não compreendidos na receita geral.” 
Como se vê, uma falta de precisão cujo potencial para conflitos não seria diminuído 
pelo Ato Adicional, de 1834, que reformou a Constituição. Este substituiu os 
Conselhos Gerais pelas Assembleias Provinciais, que ficaram autorizadas, entre 
outras coisas, a legislar sobre a fixação de despesas municipais e provinciais e os 
impostos a elas necessários, contanto que estes não prejudicassem as imposições 
gerais do Estado. Proibia-se, explicitamente, às Assembleias Provinciais legislarem 
sobre impostos de importação (DEVEZA, 1985). 
Segundo Villela (2007), é oportuno ressaltar que existia uma clara dimensão 
de economia política do gasto público. Especificamente, cabe se perguntar por que é 
que o Norte – que, ao longo do período imperial, sempre manteve uma 
representação na Assembleia Legislativa superior ao Sul (no último parlamento do 
 
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