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FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA 
 
LUCIMARA RODRIGUES PAVANI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEMINICÍDIO NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCA 
2020 
 
 
LUCIMARA RODRIGUES PAVANI 
1º A Noturno – Nº 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEMINICÍDIO NO BRASIL 
 
 
 
Projeto de Pesquisa apresentado à Faculdade de 
Direito de Franca para desenvolvimento do Trabalho 
de Curso do Curso de Direito. 
Área de Concentração: Fundamentos Psicológicos e 
Metodológicos do Direito. 
 
Orientador: Dra. Maria Heloísa Nogueira 
Rodrigues Alves Martins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCA 
2020 
 
 
Resumo 
 
É necessário classificar o feminicídio como crime de gênero porque está diretamente 
relacionado à violência de gênero e é um crime passível de ser evitável, principalmente para 
vítimas de violência doméstica, que é amparado por lei a punir seus agressores. Na maioria dos 
casos, até chegar a ser uma vítima fatal, essa mulher passa por uma série de outras violências, 
como bem especifica a Lei Maria da Penha, que é de grande importância para a proteção dos 
direitos das mulheres e a igualdade de gênero no Brasil. Diante disso, a Lei 11.340/06, foi criada 
para que sejam punidos os agressores de mulheres no âmbito doméstico, como já visto, sendo 
preso em flagrante ou que tenha uma prisão preventiva decretada. Essa violência de gênero 
contra a mulher é entendida pela OMS como um problema de saúde pública. 121 do Código 
Penal, como uma agravante, qualificador para esse crime. Por isso, têm penas mais duras, em 
relação a outros, como o latrocínio, estrupo, são exemplos de crimes também hediondos. Além 
disso, os agressores que praticam tais violências, poderão ser obrigados a ressarcir os custos 
dos serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde em situações relacionadas a 
vítimas desse tipo de violência. Outros reembolsos, como a utilização de abrigos por vítimas de 
violência doméstica e equipamentos de vigilância utilizados pelas vítimas de proteção contra a 
violência, também serão reembolsados pelo agressor com o apoio de medidas de proteção. 
Diante disso, assim como a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio é de suma importância 
para o combate da violência contra a mulher no Brasil, porém um dos seus desafio está em 
relação à compreensão de sua natureza dentro do campo jurídico, por trazer equívocos na hora 
da tipificação e julgamento dos crimes contra a mulher. Milhares de mulheres em todo o mundo 
morrem todos os anos simplesmente porque são mulheres. Esta é uma praga que afeta países 
ricos e pobres durante a guerra ou paz. Alguns países aprovaram leis para combater esse flagelo, 
como alguns países da América Latina, que foi o berço da primeira legislação sobre o 
assassinato de mulheres. Outros países, como a França, também estão começando a perceber 
esse problema. A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 oferece escuta qualificada e 
acolhimento para mulheres em situação de violência. 
 
Palavras-chave: Feminicídio. Crime. Violência. Lei. 
 
 
Abstract 
 
It is necessary to classify femicide as a gender crime because it is directly related to gender 
violence and is a crime that can be prevented, especially for victims of domestic violence, who 
are supported by law to punish their aggressors. In most cases, until she becomes a fatal victim, 
this woman goes through a series of other forms of violence, as the Maria da Penha Law 
specifies, which is of great importance for the protection of women's rights and gender equality 
in Brazil. Brazil. Therefore, Law 11.340 / 06, was created to punish the aggressors of women 
in the domestic sphere, as already seen, being arrested in the act or having a preventive arrest 
decreed. This gender violence against women is understood by WHO as a public health 
problem. 121 of the Penal Code, as an aggravating factor, qualifier for this crime. For this 
reason, they have tougher penalties in relation to others, such as robbery, rape, are examples of 
heinous crimes. In addition, aggressors who practice such violence may be required to 
reimburse the costs of health services provided by the Unified Health System in situations 
related to victims of this type of violence. Other reimbursements, such as the use of shelters by 
victims of domestic violence and surveillance equipment used by victims of protection against 
violence, will also be reimbursed by the aggressor with the support of protective measures. 
Given this, like the Maria da Penha Law, the Feminicide Law is of paramount importance for 
combating violence against women in Brazil, but one of its challenges is in relation to 
understanding its nature within the legal field, as it brings mistakes when it comes to the 
classification and judgment of crimes against women. Thousands of women around the world 
die every year simply because they are women. This is a plague that affects rich and poor 
countries during war or peace. Some countries have passed laws to combat this scourge, like 
some countries in Latin America, which was the birthplace of the first legislation on the murder 
of women. Other countries, like France, are also beginning to see this problem. The Women's 
Service Center - Ligue 180 offers qualified listening and reception for women in situations of 
violence. 
 
Keywords: Feminicide. Crime. Violence. Law. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6 
2 FEMINICÍDIO NO BRASIL ............................................................................ 7 
2.1 Feminicídio contra a mulher negra .................................................................. 10 
3 FEMINICÍDIO NA JURISPRUDÊNCIA ....................................................... 11 
4 FEMINICÍDIO PELO MUNDO ...................................................................... 12 
5 COMO DENUNCIAR? ..................................................................................... 14 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 15 
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 17 
 
 
 
 
 
 
6 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O termo feminicídio, classifica o assassinato contra mulheres como um crime hediondo 
porque envolve rebaixamento ou discriminação a condição de mulher e violência doméstica 
e/ou familiar. Ele teria surgido em meados da década de 1970 com o fim de reconhecer e dar 
visibilidade a tal crime. Pode-se dizer que ela ganhou mais visibilidade com o auxílio da Lei 
Maria da Penha nº 11.340/2006, que contribuiu com a justiça para uma melhor punição aos 
agressores de mulheres, por qualquer tipo de agressão contra a mesma. 
Por várias outras razões foi criada a Lei do Feminicídio, Lei nº 13.104, de 9 de março de 
2015. Uma comissão parlamentar conjunta de investigação foi estabelecida para resolver a 
violência contra as mulheres no país, para investigar e agir nos estados brasileiros. Muitas 
mulheres são maltratadas diariamente, não apenas por violência física, mas também com a 
violência psicológica principalmente, que sempre é proveniente de um machismo, por ciúmes, 
entre outras várias razões. Por isso, que essas leis são de suam importância, para a proteção dos 
direitos das mulheres e a igualdade de gênero no Brasil. 
A lei define feminicídio como “o assassinato de uma mulher cometido por razões da 
condição de sexo feminino” e a pena prevista para esse homicídio qualificado é de reclusão de 
12 a 30 anos. Foi alterado no art. 121 do Código Penal, com essa nova qualificadora 
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) destaca que os casos de 
feminicídio aumentou 22,2% entre março e abril deste ano (2020), em 12 estados do pais em 
comparação ao mesmo período do ano passado. As medidas protetivas que são feitaspelos 
juízes foram consolidadas graças a Lei Maria da Penha, onde seguiu os mesmos parâmetros 
para os agressores dessas mulheres. 
 
 
7 
 
2. FEMINICÍDIO NO BRASIL 
 
O feminicídio surgiu, segundo a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as 
Mulheres da Presidência (Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República), 
Eleonora Menicucci, na década de 1970 com o fim de reconhecer e dar uma visibilidade maior 
à essa discriminação, opressão, desigualdade e violência sistemática contra mulheres, que de 
forma aguda, pode causar a morte. Nele existe uma vasta forma de abusos, desde verbais, 
físicos, sexuais e diversas outras formas que chegam a ser cruéis. Essa descriminação provém 
no machismo e do patriarcado, que são maneiras culturais de a sociedade colocar a mulher num 
lugar de inferioridade, submissão e subserviência. Assim, a autoridade máxima é exercida pelo 
homem e automaticamente a mulher de torna um ser desimportante, que deve dedicar sua vida 
à servir (principalmente os homens). Sendo esse tipo de pensamento inapropriado aos dias de 
hoje, pois cada mulher é capas de conquistar tudo o que deseja, ficando assim ultrapassada essa 
forma de pensamento que chega a ser uma forma tão machista de se pensar na atualidade. 
É necessário classificar o feminicídio como crime de gênero porque está diretamente 
relacionado à violência de gênero e é um crime passível de ser evitável, principalmente para 
vítimas de violência doméstica, que é amparado por lei a punir seus agressores. Na maioria dos 
casos, até chegar a ser uma vítima fatal, essa mulher passa por uma série de outras violências, 
como bem especifica a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que é de grande importância para 
a proteção dos direitos das mulheres e a igualdade de gênero no Brasil. 
Diante disso, a Lei 11.340/06, foi criada para que sejam punidos os agressores de 
mulheres no âmbito doméstico, como já visto, sendo preso em flagrante ou que tenha uma 
prisão preventiva decretada. Com essas medidas os agressores não podem mais ser punidos 
com penas alternativas. Essa violência de gênero contra a mulher é entendida pela OMS 
(Organização Mundial da Saúde) como um problema de saúde pública. 
O crime foi incluído no art. 121 do Código Penal, como uma agravante, qualificador para 
esse crime. Ele também foi incluído na lista de crimes hediondos, cujo esse termo é usado para 
caracterizar crimes que são encarados de maneira ainda negativa pelo Estado e tem um quê 
ainda mais cruel do que os demais. Por isso, têm penas mais duras, em relação a outros, como 
o latrocínio, estrupo, são exemplos de crimes também hediondos. 
8 
 
A pena para esse crime pode ser de 12 até 30 anos, como pode-se observar no art. 121 do 
Código Penal (Lei 2.848/40): 
Art. 121. Matar alguém: 
(...) 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição: 
VIII - (VETADO): 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo 
feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar: 
II - menosprezo ou discriminação à condição de 
mulher. 
Atualmente, já existe agravante no caso de crime cometido contra vítima menos de 14 
anos, maior de 60 anos, com deficiência, durante gestação ou nos três meses posteriores ao 
parto, na presença de descendente ou de ascendente da vítima, sem especificar que essa 
presença pode ser virtual ou física. Sem contar que o descumprimento da medida protetiva de 
urgência prevista na Lei 11.340/06, também prevê o aumento da pena que poderá ser de 1/3 à 
metade. Além disso, os agressores que praticam tais violências, poderão ser obrigados a 
ressarcir os custos dos serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 
situações relacionadas a vítimas desse tipo de violência. 
Esse dinheiro deve ser repassado ao fundo de saúde da entidade solidária do setor de 
saúde que presta o serviço. Outros reembolsos, como a utilização de abrigos por vítimas de 
violência doméstica e equipamentos de vigilância utilizados pelas vítimas de proteção contra a 
violência, também serão reembolsados pelo agressor com o apoio de medidas de proteção. 
Diante disso, assim como a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio é de suma 
importância para o combate da violência contra a mulher no Brasil, porém um dos seus desafio 
está em relação à compreensão de sua natureza dentro do campo jurídico, por trazer equívocos 
na hora da tipificação e julgamento dos crimes contra a mulher. 
Nos crimes anteriores a Lei do Feminicídio, o motivo era considerado como torpe (ou 
fútil, conforme posição). Dessa forma, se reforça a tese de que a qualificadora do feminicídio é 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
9 
 
de ordem subjetiva, pois, antes de termos clareado o tema pela Lei 11.304/2015, as três 
situações que hoje configuram o feminicídio no Brasil eram, quando trazidas ao processo 
criminal, enquadradas em qualificadoras de natureza subjetiva (motivo torpe ou motivo fútil). 
Nos últimos anos houve um aumento perceptivo de mulheres que declaram ter sido 
violentadas sexualmente. Em 2011, eram 5% das mulheres; em 2017 passou para 15% 
(DataSenado, 2017). No relatório mais atual, o FBSP menciona, ainda, o aumento de denúncias 
feitas por telefone, que, na comparação entre os meses de março de 2019 e 2020, foi de 17,9%. 
Em abril deste ano, a quarentena já havia sido decretada em todos os estados brasileiros, e foi 
exatamente quando a procura pelo serviço cresceu 37,6%. 
Segundo o relatório durante a pandemia da Covid-19, o estado em que se observa o 
agravamento mais crítico de casos é o Acre, onde o aumento foi de 300%. Na região, o total de 
casos passou de um para quatro ao longo do bimestre. Também tiveram destaque negativo o 
número de vítimas no Maranhão variou de 6 a 16 (166,7%), enquanto Mato Grosso iniciou 
investigação de dois meses a partir de seis meses de vítimas e encerrou com 15 (150%). Apenas 
três estados viram seus números cair: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas 
Gerais (-22,7%). 
Em São Paulo, as comunicações pelo 190, canal de atendimento da Polícia Militar, 
saltaram de 6.775 para 9.817. O mesmo padrão de alta ocorreu entre março e abril de 2019 e de 
2020, no Acre, que totalizava, inicialmente, 752 ligações, e depois somava 920. No Rio de 
Janeiro, as chamadas passaram de 15.386 ligações para 15.920. 
No comunicado, a entidade voltou a divulgar registros públicos para confirmar que o 
horário de atendimento policial diminuiu, indicando que embora as mulheres sejam mais 
vulneráveis durante as crises de saúde, elas têm mais dificuldade em fazer queixas formalmente 
contra o agressor. 
Os fatores que explicam essa situação são a convivência mais próxima dos agressores, 
que, nesse contexto, podem mais facilmente ser impedidas de se dirigir a uma delegacia ou até 
mesmo a outros locais onde possa pedir socorro, como centros de referências especializados, 
ou, inclusive, de acessar canais alternativos de denúncia, como telefone ou aplicativos. Por essa 
razão, especialistas consideram que a estatística se distancia da realidade vivenciada pela 
população feminina quando o assunto é violência, que, em condições normais, já é marcada 
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pela subnotificação. Assim, podemos pensar em uma reflexão: será mesmo que a violência 
contra a mulher aumentou ou as mulheres estão falando mais a respeito? 
 
2.1 Feminicídio contra a mulher negra 
 
O número são maiores para mulheresnegras com o recorde de realidade que precisa ser 
feito também quando tratamos desse assunto, de mulheres negras em relação as mulheres 
brancas: em dez anos, 2003 a 2013, o número de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8% - 
de 1.747 para 1.576 – e o de mulheres negras cresceu 54,2%, passando de 1.864 para 2.875 
(Mapa da Violência, 2015). Dentre as mulheres que declaram ter sofrido algum tipo de 
violência, enquanto o percentual de brasileiras brancas que sofreram violência física foi de 57%, 
o percentual de negras (pretas e pardas) foi de 74%. (DatasSenado, 2017). 
Além disso, a taxa de mortalidade de mulheres negras ter aumentado, cresceu a proporção 
de mulheres negras entre mulheres vítimas de agressão: em 2005 era de 54,8% e em 2015 era 
de 65,3% (Atlas da Violência, 2017). Resumindo, 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil 
no último ano eram negras, evidenciando que a combinação entre desigualdade de gênero e 
racismo é um ponto fundamental para a compreensão da violência letal contra a mulher no país. 
Os números nos levam a concluir que quanto menos privilégios um grupo de mulheres 
tem, mais sofrerá com a violência e mais altos serão os números de feminicidio. São poucas as 
pesquisas que segmentam as entrevistas por uma perspectiva de renda, por exempli, o que pode 
ser um impeditivo de uma leitura mais ampla do problema. Não há outras pesquisas feitas que 
tragam dados sobre feminicídio de mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, nem 
cruzem as suas demais características, como as de ser uma mulher negra e lésbica, por exemplo. 
 
11 
 
3. FEMINICÍDIO NA JURISPRUDÊNCIA 
 
A qualificadora do feminicídio irá ocorrer, quando existir a motivação para o crime (por 
razões da condição do sexo feminino) envolvendo violência doméstica e familiar ou 
menosprezo e discriminação pela vítima ser mulher. 
Sendo assim, a qualificadora sendo subjetiva, considera bis in idem (repetição de sensação 
sobre o mesmo ato) a cumulação dela com as qualificadoras de motivo torpe e fútil, pois o 
homicídio de uma mulher por razões de discriminação de gênero já é um delito considerado 
torpe/fútil. 
É possível observar na jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em um 
julgamento do ano de 2017, a adoção do feminicídio como qualificadora subjetiva, 
considerando que configura bis in idem a sua condição como a qualificadora do motivo torpe. 
Pode-se observar: 
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - DECISÃO DE 
PRONÚNCIA - HOMICÍDIO QUALIFICADO - QUALIFICADORAS DO 
MOTIVO TORPE E FEMINICÍDIO - BIS IN IDEM - OCORRÊNCIA - 
CIRCUNSTÂNCIAS DE NATUREZA SUBJETIVA - APLICAÇÃO 
SIMULTÂNEA - IMPOSSIBILIDADE - DECOTE DA QUALIFICADORA 
DE MEIO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA - 
NECESSIDADE - RECURSO PROVIDO. 
- Configura bis in idem a imputação simultânea das qualificadoras do "motivo 
torpe" e do "feminicídio", previstas respectivamente nos incisos I e VI do §2º, 
do art. 121 do CP, tendo em vista que ambas as circunstâncias dizem respeito 
à motivação do crime, possuindo natureza subjetiva, já que refletem 
igualmente o elemento interno que conduziu o autor à prática do delito. 
- O simples fato de a vítima encontrar-se desarmada não configura a 
qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima. 
(TJMG - Rec em Sentido Estrito 1.0024.16.060767-7/001, Relator(a): 
Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques , 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 
14/03/2017, publicação da súmula em 29/03/2017). 
 
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4. FEMINICÍDIO PELO MUNDO 
 
Milhares de mulheres em todo o mundo morrem todos os anos simplesmente porque são 
mulheres. Em 2017, o número de vítimas chegou a 90 mil. Esta é uma praga que afeta países 
ricos e pobres durante a guerra ou paz. Alguns países aprovaram leis para combater esse flagelo, 
como alguns países da América Latina, que foi o berço da primeira legislação sobre o 
assassinato de mulheres. Outros países, como a França, também estão começando a perceber 
esse problema. Uma mulher morre a cada três dias na França por causa de seu parceiro ou ex-
parceiro. A violência conjugal atinge 220.000 francesas todos os anos. 
"Nosso sistema não está funcionando para proteger estas mulheres", admite a ministra da 
Justiça, Nicole Belloubet. 
No mundo, a Ásia lidera a triste lista de mulheres assassinadas (20.000) por seus 
companheiros, ou por outros familiares, em 2017, seguida pelo continente Africano (19.000), 
América do Norte, Central e do Sul (8.000), Europa (3.000) e Oceania (300), de acordo com o 
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). 
Segundo dados do Escritório de Drogas e Crime, em 2017, El Salvador registrou uma das 
piores mortes de mulheres do planeta, com 13,9 mulheres mortas por 100 mil pessoas. Em 
seguida estão Jamaica (11 por 100.000 pessoas), República Centro-Africana (estatísticas de 
10.4 em 2016), África do Sul (dados de 9.1 em 2011) e Honduras (8.4 em 2017). 
A OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou no final de 2017 o dado de 38% dos 
assassinatos de mulheres foram cometidos por seus parceiros. 
Desde o início dos anos 2000, a Espanha costuma ser considerada um dos países que mais 
lutou contra esse flagelo. As medidas tomadas incluem leis inovadoras, a criação de tribunais 
especializados e a introdução de pulseiras para evitar que os agressores abordem mulheres 
assediadas. 
De acordo com a Federação da Habitação Feminina, o mais importante deles é a formação 
de policiais, advogados e juízes, o que ajuda a entender as vítimas e identificar os riscos. Apesar 
13 
 
dessas medidas, uma mulher no Canadá é assassinada pelo marido a cada seis dias. O risco das 
mulheres indígenas é seis vezes maior que o das outras mulheres. 
Em 2018, 50 mulheres foram assassinadas e, desde o início de 2019, foram registrados 
51 casos. Em 2003, o número de vítimas era de 71. Para algumas associações, esse número 
ainda é alto. As organizações temem que o desenvolvimento de direitos extremos no país resulte 
em retrocessos na luta contra a violência de gênero. 
A América Latina é outra pioneira em legislação contra o assassinato de mulheres. O 
primeiro instrumento legal sobre violência contra a mulher foi a Convenção Interamericana de 
Belém do Pará, assinada em 1994. Por exemplo, o Canadá formulou planos de ação para a 
violência contra as mulheres em dez províncias. De acordo com a Federação da Habitação 
Feminina, o mais importante deles é a formação de policiais, advogados e juízes, o que ajuda a 
entender as vítimas e identificar os riscos. Apesar dessas medidas, uma mulher no Canadá é 
assassinada pelo marido a cada seis dias. O risco das mulheres indígenas é seis vezes maior que 
o das outras mulheres. 
No Paquistão, centenas de mulheres acusadas de prejudicar a honra da família são mortas 
por parentes todos os anos, e isso geralmente acontece em extrema violência. 
 
14 
 
5. COMO DENUNCIAR? 
 
Na pandemia, além de ter que conviver com o agressor, as mulheres vítimas de violência 
acabam atrapalhando sua rede de apoio por meio de medidas de isolamento. Muitas delas não 
sabem para onde correr quando decidem quebrar o ciclo da violência, o que geralmente inclui 
aumento da tensão entre a vítima e o agressor, o fim da violência e o arrependimento e perdão 
do agressor. 
A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 oferece escuta qualificada e acolhimento 
para mulheres em situação de violência. O serviço encaminha ao órgão competente as denúncias 
de violência contra a mulher, bem como denúncias, sugestões ou elogios sobre as funções do 
serviço de atendimento. 
Após registrar uma reclamação, medidas de proteção de emergência podem ser tomadas 
imediatamente ou em até 48 horas. Devem ser determinados pelas autoridades judiciais, mas 
onde não for possível, o delegado de polícia pode decidir, ou na ausência do delegado, os 
policiais podem decidir sobre as medidas de proteção. Nesse caso, o juiz deve ser notificadoem no máximo 24 horas e as medidas devem ser mantidas ou revistas no mesmo período. 
O serviço também oferece informações sobre os direitos da mulher, como local de 
atendimento mais próximo e adequado para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, centro de 
aconselhamento, delegacia da mulher (hospital), defensoria pública, centro de atendimento 
integral à mulher, etc. 
 A ligação é gratuita e o serviço é prestado 24 horas por dia, todos os dias da semana. O 
180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros 16 países. 
 
15 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Podemos concluir é necessário classificar o feminicídio como crime de gênero porque 
está diretamente relacionado à violência de gênero e é um crime passível de ser evitável, 
principalmente para vítimas de violência doméstica, que é amparado por lei a punir seus 
agressores. Como bem especifica a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que é de grande 
importância para a proteção dos direitos das mulheres e a igualdade de gênero no Brasil. 
O crime foi incluído no art. 121 do Código Penal, como uma agravante, qualificador para 
esse crime. Ele também foi incluído na lista de crimes hediondos, cujo esse termo é usado para 
caracterizar crimes que são encarados de maneira ainda negativa pelo Estado e tem um quê 
ainda mais cruel do que os demais. 
“A violência contra mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de força 
nas relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e reproduzida pela 
sociedade”. Como diz a porta-voz da ONU mulheres no brasil, Nadine Gasman. 
 Muitos agressores não se sentem ameaçados pela lei, mesmo ela sendo dura. Com a Lei 
11.304/2015 sendo mais rígida, fica-se a expectativa para que essa violência caia cada vez mais, 
porém com a pandemia do Covid-19 a tendência foi só aumentar, por ter mais contato com esse 
agressor, por estar todos de quarentena. Sem contar, que a mulher negra é a que mais sofre com 
a violência doméstica, por ser um grupo com menos privilégios. Não existem muitas pesquisas 
que segmentam as entrevistas por perspectiva de renda, por exemplo. 
O feminicídio no Brasil é muito grave: 13 mulheres são assassinadas no Brasil todos os 
dias. Várias são as pesquisas, relatórios e estudos que mostram esse comportamento sistemático 
não só no Brasil, mas também no mundo. 
A América Latina é outra pioneira em legislação contra o assassinato de mulheres. O 
primeiro instrumento legal sobre violência contra a mulher foi a Convenção Interamericana de 
Belém do Pará, assinada em 1994. O mais importante é formação de policiais, juízes, 
advogados, a serem capazes de entender as vítimas e identificar os riscos que possa estar 
passando ou até mesmo pelos que já passou. 
16 
 
Dessa maneira a denúncia deve ser feita pelo canal de atendimento 180, pelo qual 
funciona 24 horas por dia e 7 dias por semana. Esta ligação é gratuita e é importante ser feita 
para uma quebra de ciclo de violência, para que essa vítima não tenha um fim pior. Sem 
contar que o Canal de Atendimento da Mulher – 180, oferece uma ajuda com casas de apoio, 
centros de acolhimento para que essa vítima seja amparada. 
 
17 
 
REFERÊNCIAS 
 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-06/casos-de-feminicidio-
crescem-22-em-12-estados-durante-pandemia acesso em 29/09/2020; 
https://www.camara.leg.br/noticias/550226-pena-maior-para-crime-de-feminicidio-foi-
aprovada-em-2018-pela-camara/ acesso em 29/09/2020; 
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/53809/feminicdio-uma-anlise-de-sua-
natureza-jurdica-na-doutrina-e-jurisprudncia acesso em 28/09/2020; 
Decreto-Lei no 2.848/1940; 
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/11/19/interna_internacional,1102201/f
eminicidio-uma-praga-mundial-e-persistente.shtml acesso em 03/10/2020; 
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-lei-do-feminicidio-
e-por-que-e-importante/ acesso em 30/09/2020; 
https://www.gov.br/pt-br/servicos/denunciar-e-buscar-ajuda-a-vitimas-de-violencia-contra-
mulheres acesso em 03/10/2020; 
Lei nº 11.340/2006; 
Lei nº 13.104/2015; 
http://www.tjse.jus.br/portaldamulher/arquivos/documentos/artigos/feminicidio.pdf acesso em 
28/09/2020; 
https://www12.senado.leg.br/noticias/entenda-o-assunto/lei-maria-da-penha acesso em 
27/09/2020. 
 
 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-06/casos-de-feminicidio-crescem-22-em-12-estados-durante-pandemia
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https://www.camara.leg.br/noticias/550226-pena-maior-para-crime-de-feminicidio-foi-aprovada-em-2018-pela-camara/
https://www.camara.leg.br/noticias/550226-pena-maior-para-crime-de-feminicidio-foi-aprovada-em-2018-pela-camara/
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/53809/feminicdio-uma-anlise-de-sua-natureza-jurdica-na-doutrina-e-jurisprudncia
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https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/11/19/interna_internacional,1102201/feminicidio-uma-praga-mundial-e-persistente.shtml
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https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-lei-do-feminicidio-e-por-que-e-importante/
https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/entenda-a-lei-do-feminicidio-e-por-que-e-importante/
https://www.gov.br/pt-br/servicos/denunciar-e-buscar-ajuda-a-vitimas-de-violencia-contra-mulheres
https://www.gov.br/pt-br/servicos/denunciar-e-buscar-ajuda-a-vitimas-de-violencia-contra-mulheres
http://www.tjse.jus.br/portaldamulher/arquivos/documentos/artigos/feminicidio.pdf
https://www12.senado.leg.br/noticias/entenda-o-assunto/lei-maria-da-penha

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