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Particularidades anestésicas dos equinos

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PARTICULARIDADES ANESTÉSICAS DOS EQUÍDEOS
MORENO, A. P.
“Graduanda em Medicina Veterinária – Centro Universitário Moura Lacerda
RESUMO
O manejo anestésico dos equinos possui algumas particularidades quando comparados a outras espécies, seu tamanho e ao mesmo tempo fragilidade são fatores de importância quando se submete esses animais a manobras anestésicas. Os equinos, diferente dos ruminantes, possuem um limiar de dor inferior e membros mais sensíveis aumentando a possibilidade de desenvolver paralisia do nervo radial ou fratura de ossos longos em cirurgias em posição de decúbito. As cirurgias de cólica, consideradas emergenciais são as que no geral demandam maior tempo de decúbito e uso de anestésico volátil, contribuindo também para o aumento do tempo de recuperação, podendo contribuir para o desenvolvimento de miopatias além do comprometimento cardiorrespiratório que varia de moderado a grave dependendo diretamente do estado inicial do animal, da quantidade e potência dos fármacos administrados. A anestesia em equinos possui suas particularidades, deve ser respeitada essa individualidade e nunca fazer protocolos de um ruminante ou qualquer outra espécie, deve-se ainda levar em conta a situação cardiovascular, manobra cirúrgica, limiar de dor individual, temperamento, idade, peso e raça do paciente.
PALAVRAS-CHAVE: Equinocultura, anestesia, recuperação, decúbito, muares.
ABSTRACT
The anesthesic menagement in equines have some particularities when compared with other species, your size and fragility by the way are important factors when then´re submitted to an anesthesia. Equines different from rumminants have a less pain threshold and more sensible what increase the possibility to have a radial nerve paralisy or a fracture from long bones in surgeries with a recumbency position. The colic surgeries are considered emergencies and in general require longer time in recumbency and more volatile anesthesic fact that contributes to a longer recuperation and develop of myopaty besides a cardiorespiratory that variates from moderate to serious depending direct from the inicial state of the horse, quantity and power of the administred medication. The equine anesthesy have your own particularities, individuality should be respected and never admit that is used in a ruminant could be the same to na equine or any other species, the most important point to the equine anesthesy is the individuality, temperamento, age, weight and breed of the horse.
KEYWORDS: Equinoculture, anesthesia, recovery, recumbency, mules.
INTRODUÇÃO
A anestesia em equinos é um procedimento que permite que sejam realizados desde procedimentos mais simples pequenas suturas ou a retirada de corpo estranho até os mais complexos como cirurgias ortopédicas e de cólica. 
Para que o procedimento seja viável e seguro é importante que o médico veterinário faça uma boa contenção física e análise do temperamento do animal para assim decidir se o procedimento requerido pode ser feito apenas com bloqueio local, ou bloqueio local mais uma tranquilização, se requer uso de medicação pré-anestésica, neuroleptoanalgesia, anestesia dissociativa ou em casos extremos anestesia geral a campo ou em centro cirúrgico.
De acordo com MASSONE,2011 a anestesia em equinos possui características diferentes de outras espécies e as particularidades anatômicas assim como o temperamento e respostas a determinados fármacos.
Segundo MADORRÁN, 2015 as complicações mais frequentes na anestesia de cavalos a campo são a dificuldade no controle da temperatura corpórea podendo acarretar em uma hipertermia ou hipotermia dependendo das condições climáticas, a hipoxemia com dessaturação de hemoglobina que acontece com quase 100% dos cavalos que não são oxigenados durante o procedimento, porém quando se trata cavalos adultos saudáveis e anestesia de curta duração não costumam haver efeitos colaterais, neuropatia que acomete nervos radial ou facial ou miopatias, ambos ocasionados por período prolongado de decúbito em chão duro gerando grande pressão local e dificuldade de perfusão.
DISCUSSÃO
A utilização de manobras anestésicas nos equinos deve ser sempre muito cuidadosa a fim de evitar acidentes, principalmente quando o procedimento cirúrgico for feito em membros posteriores e em raças de temperamento mais nervoso como Puro Sangue Inglês e Árabe. Quando é necessária posição quadrupedal durante o procedimento, como em cirurgias de prolapso retal nesses animais mais irritadiços exige uma tranquilização suficiente para diminuir ansiedade porém que não faça o animal assumir posição de decúbito, associada a uma anestesia local adequada. Há também casos em que é necessário tranquilização intravenosa quando o equino não permite nem mesmo a aproximação, em situações como essa o mais indicado é o derrubamento do equídeo com aplicação de MPA evitando assim riscos graves para o animal e o veterinário. Além disso, preza-se sempre um procedimento o mais rápido possível para que o animal saia rapidamente da posição de decúbito e assim evitando miosite ou paralisias secundárias a grande pressão do solo duro exercida no animal. O veterinário e auxiliares devem estar presentes no local até que o animal acorde, para ajuda-lo a se levantar e dessa forma evitar um esforço exagerado podendo causar desde ruptura dos pontos até fraturas de coluna e membros. 
 A MPA em equinos também pode e deve ser empregada rotineiramente em transportes, ferrageamento, curativos ou drenagem de abscessos, causando melhores condições de bem-estar no animal que tem a ansiedade reduzida, discreta analgesia, facilidade no embarque e diminuindo riscos de acidentes do próprio equino e de outros além das pessoas que os manejam, porém a sedação para viagem não deve causar prostração pois diminui os reflexos do equino podendo fazer com que também se acidente no trailer ou caminhão. Nesse acaso a medicação deve ser aplicada preferencialmente via intramuscular pois além de causar menos excitação inicial o efeito perdura mais tempo, cerca de 4 a 5 horas por via IM, é importante fazer a aplicação da MPA 30 a 45 minutos antes de iniciar o embarque do animal para que a medicação nesse momento esteja em seu período máximo de efeito.
 A MPA utilizada para induções anestésicas são obrigatoriamente usadas e as doses variam de acordo com o estado de saúde do animal, em equinos que apresentam quadro toxêmico com acidose metabólica e vasodilatação periférica até mesmo a MPA torna-se arriscada, portanto a dose deve ser diminuída em dois terços visando apenas o sinergismo com o agente indutor. A indução de midazolam com barbitúricos de ultra-curta duração, mesmo em animais metabolicamente saudáveis não é indicada pois sua ação em sinergismo resulta em apnéias de longa duração e difícil reversibilidade nos equinos.
 Em potros neonatos, com menos de 15 dias, deve-se evitar o uso de alfa-2-agonistas pois causam grave depressão cardiovascular, no caso de ser necessária uma sedação o fármaco de melhor escolha de acordo com MADORRÁN,2015 é a benzodiazepina isolada ou associada com butorfanol, em potros hígidos com mais de 15 dias uma baixa dose de alfa-2-adrenérgico pode ser administrada, no entando, a sedação de benzodiazepina associada ao butorfanol é uma sedação eficaz e segura para potros de até 1,5 mês, possibilitando pequenos procedimentos como radiografias, curativo e perfusão regional, para MASSONE,2011 a melhor técnica anestésica para potros é com aplicação de midazolam IM , infusão de detomidina e cetamina IV seguido de anestésico volátil (isoflurano).
 Para procedimentos mais invasivos em potros, é necessário administrar um anestésico geral preferivelmente inalatório já que os injetáveis (cetamina ou propofol) podem ser usados mas produzem maior depressão cardiovascular. A manutenção anestésicas em neonatos pode ser feita com bolus de cetamina associada a benzodiazepina ou propofol via intravenosa e em doses baixas.
Os cavalos de tração tem uma maior sensibilidade aos alfa-2-agonistas, nos quais devem-se aplicar doses mais baixas, poroutro lado os muares são mais resistentes a esse princípio ativo e necessitam de uma dose 50% maior do que a recomendada para cavalos, porém quando se trata de EGG asininos e muares são mais sensíveis, requerendo cerca de 25 a 50% menos da dose para equinos. Deve-se levar em consideração algumas particularidades anatômicas dos muares como por exemplo espessura do couro, diferenças no número de vértebras lombares e coccígeas, de temperatura, frequência cardíaca e respiratória além da comportamental. Apesar desses fatos, no geral, asininos e muares apresentam respostas fisiológicas parecidas com os equinos, sendo necessário apenas maiores doses na maioria dos fármacos para manter o nível sérico e período de ação.
CONCLUSÃO
O procedimento anestésico em equinos por mais simples que seja deve ser executado levando em conta além da espécie, raça, temperamento, idade, peso e estado metabólico do paciente ,dessa forma não há como usar o método “receita de bolo” padronizado para todos os equinos, cada caso deve ser avaliado individualmente, além disso, nunca deve ser feito um procedimento seja ele cirúrgico ou anestésico sem a contenção seja ela física ou química adequadas a fim de proporcionar mais segurança e conforto para o animal e os demais envolvidos.
REFERÊNCIAS
GUEDES, A. G. P.; NATALINI, C. C. Anestesia em equinos com síndrome cólica- análise de 48 casos e revisão de literatura. Ciência Rural. v.32, n. 3, 2002.
SENIOR, J. M. Morbity, mortality, and risks of general anesthesia in horses. Veterinary Clinics: Equine Practice. v. 29, n. 1, p. 1- 18, 2013.
WAGNER, A. E. Complications in equine anesthesia. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice. v. 24, n.3, p. 735- 752, 2008.
MADORRÁN, A. C; CASTRO, L. C.; GARCÍA, E. R.; MARTÍNEZ, L.R. Manual de técnicas cirúrgicas e anestésicas em clínica equina. In: Técnicas anestésicas. 1.ed., São Paulo, 2015, cap. 3, p. 120.
MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária, In: MARQUEZ, J. A. Técnicas anestésicas em equinos. 6. ed. Rio de Janeiro, 2011, cap. 15, p. 133- 145.
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