Irmãos Naves

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AMANDA DE ALMEIDA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
O CASO DOS IRMÃOS NAVES 
(RESENHA CRÍTICA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Telêmaco Borba - PR 
2018 
 
JUSTIÇA, LINHA DIRETA. O caso dos Irmãos Naves: Programa de TV, Linha 
Direta: publicado em 07 de abril de 2016. 
 
 
 RESENHA CRÍTICA 
 
MARTINS, Amanda1. 
O trabalho apresentado a seguir, trata-se de um dos maiores erros 
judiciários do Brasil, no ano de 1937, onde dois irmãos foram acusados 
injustamente pelo desaparecimento de seu primo. Essa reportagem foi feita 
pelo programa Linha Direta que era exibido pela TV globo no ano de 2007. 
A reportagem conta a trágica historia de dois irmãos, situada na cidade 
de Araguari, MG, uma história angustiante que gerou muita repercussão e 
revolta naquela época e até mesmo nos dias atuais, pois virou até roteiro do 
filme mundialmente conhecido como “O caso dos Irmãos Naves”, estrelado em 
1967, dirigido pelo cineasta Luís Sergio Person, que teve em seu elenco os 
atores Juca de Oliveira, John Herbert, Raul Cortez, Anselmo Duarte e Lélia 
Abramo. 
O fato que ocorreu na época da ditadura militar, governado por Getúlio 
Vargas em 1937, onde Joaquim Naves e Sebastião Naves eram irmãos, 
agricultores, e trabalhavam como sócios de seu primo Benedito Pereira 
Caetano, onde comercializavam cereais. Benedito morava com seu primo 
Joaquim, era um homem muito ambicioso, e já com muitas dividas decide 
vender toda a sua mercadoria, deslumbrado com o dinheiro que recebeu, na 
época totalizava 90 conto de réis, não pensou duas vezes, logo após uma festa 
de inauguração na cidade, Benedito soma suas dividas e vê que o dinheiro das 
vendas não era o suficiente para quita-las, então sai mais uma vez na noite e 
não volta mais. Assim começa a trágica história dos irmãos Naves. 
Joaquim e Sebastião Naves foram acusados injustamente pelo 
desaparecimento de Benedito. O caso começou em mãos do delegado Ismael 
Benedito do Nascimento, que deu inicio as investigações, mas com uma 
troca repentina de comando quem assume o caso foi o cruel tenente 
Francisco Vieira. 
Após muitos depoimentos de testemunhas e boatos, o tenente 
Francisco acusa os irmãos Naves e os prende, onde, não só os irmãos, mas 
também a mãe deles que foi até estuprada dentro do porão chamado 
 
1
 Acadêmica do Curso de Direito. Faculdade de Telêmaco Borba. E-mail <amanda123mart18@gmail.com>. 
“câmera de tortura”, nesse lugar a família Naves passa por uma série de 
tortura, com o intuito de fazê-los confessar um crime do qual eram inocentes. 
Não só eles, Zé Prontidão que era amigo da família deu seu depoimento 
contando que havia visto Benedito indo embora, mas como o tenente já 
estava certo de que foram os irmãos culpados pelo desaparecimento de 
Benedito, não acreditou em seu depoimento, e o torturou até que 
confessasse algo que não era verdade, logo após, com muito medo, Zé 
Prontidão acusa os irmãos Naves. 
No dia 05 de janeiro de 1938, dona Ana é solta, e procura 
desesperada um Advogado para seus filhos, quem os defendeu foi o 
Advogado João Alamy Filho, um homem de bem que depois de alguns anos 
acabou escrevendo um livro contando a história dos Naves. 
Joaquim, cansado de tanta tortura, e certo de que seu irmão Sebastião 
estava morto, decide confessar o crime do qual injustamente foi acusado. 
O Advogado dos irmãos entrou com um Habeas Corpus (autorização 
judicial), para que fossem libertos, mas quando o oficial de justiça chega à 
delegacia, os policiais mentem, e falam que os irmãos já haviam sido 
libertos. Passando 45 dias do desaparecimento de Benedito, foi decretada a 
prisão preventiva dos irmãos e foram transferidos para uma cadeia publica. 
Enfim, chaga o dia do julgamento dos irmãos Naves, onde se declaram 
inocentes, eles chegam a ser absolvidos, mas a promotoria apelou, e mesmo 
assim os irmãos foram inocentados, não se contentando, a promotoria apela 
novamente, e infelizmente os irmãos naves foram condenados a 25 anos de 
prisão. No decorrer do tempo, os irmãos cumpriram 8 anos e 8 meses de 
prisão, e por bom comportamento, em agosto de 1946 ganharam a tão 
sonhada liberdade. Infelizmente depois de 1 ano, Joaquim, por conta de todo 
ferimento causado pelas torturas, acabou morrendo por causa de uma grave 
doença. 
Com o fim da ditadura militar, Sebastião começa uma vida nova, e 
passa a vender verduras, ainda tinha esperança do retorno de Benedito. 
Passados nove anos de seu desaparecimento, Sebastião recebe uma carta 
do paradeiro de seu primo, onde foi com a polícia até o local e o encontrou. 
Benedito foi preso, pois havia mudado de nome por conta de tantas dividas, 
assim, ficou conhecido como o “morto vivo”, apelido dado pela população. 
Depois de todo sofrimento, Sebastião não perdeu a esperança e provou sua 
inocência e de seu irmão Joaquim Naves. 
É angustiante ver tantas coisas acontecendo em relação aos erros 
judiciários, pois infelizmente, não foi só o caso dos irmãos Naves, analisando 
essa terrível história, me instigou a procurar por casos parecidos, e os 
resultados são gritantes. Um caso que me chamou a atenção foi o de 
Herberson Lima de Oliveira, que foi preso na Unidade Prisional do 
Puraquequara, Manaus, em 2003, acusado de ter estuprado uma menina de 9 
anos. Herberson ficou Isolado em uma cela destinada aos homens que 
cometeram crimes sexuais, ele foi estuprado pelos companheiros de cela e 
contraiu AIDS, depois de três anos acabaram descobrindo que ele era 
inocente, assim, sendo liberto, mas infelizmente para ele não faria muita 
diferença, pois levaria a marca de uma grande injustiça para vida toda. 
Hoje eu vejo muitas pessoas em minha volta, clamarem por pena de 
morte no Brasil, como eu queria que essas pessoas ao menos se 
interessassem a procurar por casos como esses, que não são poucos, em 
relação às injustiças causadas por erros judiciários. Quantos irmãos Naves, 
pessoas de bem, não teria suas vidas interrompidas por uma grande injustiça, 
se tivesse a tão esperada pena de morte? Começando com as torturas que 
ainda em muitos lugares é o que prevalece entre as formas de arrancar uma 
confissão que não existe. 
O Brasil não está preparado para uma grande mudança como esta no 
sistema penal, e com certeza isso esta longe de acontecer, o Brasil não tem 
estrutura, para isso o sistema penal deveria passar por uma grande e longa 
reforma.