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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO - UFERSA CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS - CMPF BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA Discente: José Caio Chaves Holanda Docente: Claudio de Souza Rocha Disciplina: Filosofia da Ciência e Met. Científica Curso: Ciências e Tecnologia Matrícula: 2018010815 ALVES, Rubem. Capítulo 3: em busca de ordem. In: ALVES, Rubem. FILOSOFIA DA CIÊNCIA: introdução ao jogo e suas regras. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. p. 28-43. Escaneado, corrigido e editado. “Não importam as diferenças que separam o senso comum da ciência: ambas estão em busca de ordem”. (p.28) “A exigência da ordem se encontra presente mesmo nos níveis mais primitivos da vida”. (p. 29). “Não se pode negar, por outro lado, que o senso comum e a ciência nos apresentam visões de ordem muito diferentes uma da outra”. (p. 29) “Os esquemas do senso comum são absurdos, enquanto isto não acontece com a ciência”. (p. 30). “A verdade científica é sempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana”. (p.30) “A investigação científica não termina com os seus dados; ela se inicia com eles. O produto final da ciência é uma teoria ou hipótese de trabalho e não os assim chamados fatos”. (p.31) “Os cientistas só buscam os fatos que são decisivos para a confirmação ou negação de suas teorias”. (p.33) “Fatos são, para a ciência, como testemunhas num tribunal. Em si mesmos não possuem importância alguma. Sua função se resume à confirmar ou negar as aleoações da promotoria ou da defesa. £ isto que importa. E é disto que irá depender o réu”. (p.33). “Os fatos não explicam nada. Pelo contrário, eles constituem o problema a ser resolvido”. (p.34) “Os modelos são construções intelectuais, palpites, apostas baseados na crença de que existe uma relação de analogia entre o que conhecemos e o que desejamos conhecer”. (p. 38). “Enquanto uma teoria funciona de forma adequada, os cientistas não têm formas de colocá-la em questão. Mas quando ela deixa de cumprir o prometido ou só cumpre parte de suas promessas, ela é abandonada e outra teoria mais eficaz é criada”. (p.41) Alves (1981), em seu terceiro capítulo, aborda a questão da busca pela ordem. Neste, o autor afirma que mesmo havendo diferença entre a ciência e senso comum, ambas estão intrinsicamente ligadas. A primeira análise acerca da sobrevivência nos diz que desde os tempos primitivos já existiam o instinto e o planejamento de caça, atualmente, o senso comum traz em seu âmago desejos, emoções e valores, e é a partir disso que emanam os conhecimentos, os utensílios, os materiais, objetos e equipamentos, onde de forma oculta desperta as ilusões, preconceitos, vontades, curiosidade, criatividade, bem como, os inúmeros outros impulsos que advém desde a gene humana. Dessa forma, a ciência busca, então, métodos que amenizem tais impulsos. A objetividade da ciência caracteriza-se no argumento daquilo que pode ser tocado, visto e medido. Mas este pensamento é rompido quando faz-se uma análise aprofundada do problema: lei da gravidade, por exemplo, é algo que não pode ser tocado, (mas sua existência é comprovada) e crer em algo sem visualizar, sem ter sentir, sem matéria constituída é exatamente o que os indivíduos do senso comum creem e acreditam. Para explicar essa acreditibilidade, é necessário criar um modelo na imaginação sobre a composição dos fatos e a partir disso tentar comprovar a teoria. Assim, nota-se mais uma vez a relação entre ciência, senso comum e a ordem presente nelas. O modelo analisado é sustentado por dedução lógica do problema e/ou situação, teste e conclusão, entretanto nem sempre a teoria estará certa, pois segundo Karl Popper, a ciência não é um sistema de declarações certas e bem estabelecidas; nem é ela um sistema que avança para um estado final (Karl Popper. The Logic of Scientific Discovery. § 85, p. 278). Por outro lado, atrela-se o conhecimento familiar que são a parte lógica que define um segmento de experiência racional estruturada, ou seja, são as informações que foram construídas ao decorrer do tempo, e é isso que permite prosseguir no futuro. Nesse aspecto, o senso comum pode ser denominado como um motivo prático, pois o mesmo estabelece uma série de regras que vão desde tomar café até organizar pastas do trabalho, para isso atribui-se, de maneira simples, o nome de receita (conjunto de passos a serem seguidos e analisados). Assim, a relação do conhecimento científico com o senso comum, da-se através de uma série de instruções estabelecidas que contribuirão no procedimento do problema. Dessa maneira, a receita torna-se verdadeira quando funciona de maneira correta. A partir da leitura da perspectiva do autor, têm-se que a ciência e senso comum não são algo tão distintos, o senso comum advém de um conjunto de experiências, vivências e observação que seguem um conceito oriundo dos antepassados para manter uma ordem, a ciência por vez baseia-se dos fatos para comprovar as teorias e também manter uma ordem. Mais uma vez evidencia-se que mesmo distintas, ambas se interligam com o mesmo propósito. Rubem Alves (1933-2014) foi teólogo, educador, tradutor, psicanalista e escritor brasileiro. Autor de livros de filosofia, teologia, psicologia e de histórias infantis. Ele nasceu na cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais, no dia 15 de setembro de 1933. Em 1945 muda-se com a família para o Rio de Janeiro, em 1953 e 1957 cursou teologia, mudou-se para nova york em 1963, onde obteve pela Union Theological Seminary o título de mestre em teologia. Rubem foi, por volta dos anos 70, professor de filosofia na Unicamp – Universidade de Campinas. Além da obra “filosofia da ciência”, ele escreveu O Que é Religião?, a volta do pássaro encantado, O Patinho que não Aprendeu a Voar e Variações Sobre a Vida e a Morte. ALVES, Rubem. Capítulo 3: em busca de ordem. In: ALVES, Rubem. FILOSOFIA DA CIÊNCIA: introdução ao jogo e suas regras. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. p. 28-43. Escaneado, corrigido e editado.