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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS - UNILESTE Curso de Engenharia Mecânica Danilo Profires Costa Ferreira Kiane Brígida Morais ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO DE MANUFATURA DE UM VEÍCULO OFF-ROAD Prof. Orientador: Esp. David Jonhson Barcelos Coronel Fabriciano 2018 DANILO PROFIRES COSTA FERREIRA KIANE BRÍGIDA MORAIS ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO DE MANUFATURA DE UM VEÍCULO OFF-ROAD Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora do Curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. David Jonhson Barcelos Coronel Fabriciano 2018 DANILO PROFIRES COSTA FERREIRA KIANE BRÍGIDA MORAIS ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE GESTÃO DE MANUFATURA DE UM VEÍCULO OFF-ROAD Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora do Curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Aprovada em 1º de dezembro de 2018. _____________________________________________________________ Prof. Orientador: David Jonhson Barcelos Titulação: Especialista em Metalurgia com Ênfase em Siderurgia Instituição: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais _____________________________________________________________ Profª. Orientadora Metodológica: Elizabete Marinho Serra Negra Titulação: Doutora em Administração Instituição: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais _____________________________________________________________ Professor Convidado: Titulação: Instituição: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Dedico este trabalho acima de tudo a Deus, fonte de toda sabedoria e conhecimento e que me proporcionou a realização desta imensurável conquista. Aos meus pais que compartilharam comigo todos os momentos, e fizeram da minha luta a deles. A toda minha família que me apoiou de forma incondicional. Aos amigos que fiz durante o curso além dos companheiros de Equipe Baja Unileste que me proporcionaram conhecimento ímpar e ajudaram a me desenvolver tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Finalmente, agradeço de forma especial a minha companheira de TCC, grande amiga e excelente profissional. Danilo Profires Costa Ferreira Dedico este trabalho a toda a minha família, que me forneceu infindável compreensão, apoio, paciência e motivação para seguir adiante. Aos meus parceiros de Baja Unileste, futuros engenheiros de excelência, dos quais a paixão é alvo da minha mais sincera admiração. Aos meus colegas de curso, por caminharem ao meu lado e contribuírem com o desenvolvimento da minha concepção de mundo. Ao Danilo, meu parceiro nesse trabalho, que foi crucial não só para a realização da obra, mas fundamental para meu equilíbrio nos momentos de tensão. E por fim, aos meus queridos companheiros de trabalho, que acompanharam diariamente a minha luta e me instigaram a buscar o crescimento profissional, acadêmico e pessoal. Kiane Brígida Morais AGRADECIMENTOS A Deus, sobre todas as coisas, por ter nos concedido a graça de realizar mais um sonho e concluir uma nova etapa por meio do conhecimento e sabedoria que ele mesmo nos proporcionou. Ao nosso professor, orientador e coordenador de projeto, David Jonhson Barcelos, pela confiança depositada e pelos conhecimentos que acrescentaram não só na visão teórica deste trabalho, mas na gestão de aplicação da pesquisa. Aos nossos companheiros de Baja Unileste pela inestimável inspiração e apoio por meio das contribuições necessárias à consecução desta tarefa. A eles, toda nossa gratidão e admiração. Ao professor Luciano Alcântara Teixeira, que com muito dispor norteou os passos iniciais desta empreitada, e manteve direcionando-nos por meio da experiência de desenvolvimento de projetos de produção. Ao Unileste, pelo incentivo e cooperação ao projeto Baja, que foi palco do desenvolvimento de nossos estudos e forneceu os dados necessários para conclusão desta atividade, além de culminar na transformação da nossa perspectiva acadêmica e de mercado. “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã. ” Leonardo da Vinci apud Pensador (2018, on-line). RESUMO A definição de um padrão de trabalho é o que fundamenta as técnicas aplicadas em qualquer segmento de uma organização. A estrutura de um sistema é estabelecida por intermédio dos procedimentos determinados, possibilitando o controle dos ramos da composição, revisão das normas e posterior renovação dos métodos. Partindo desta ideologia, o trabalho em questão tem como objetivo aplicar uma sistematização exequível para a fabricação de um veículo modelo Baja SAE projetado pela equipe Baja Unileste. A proposta almeja o agrupamento de diferentes metodologias de gerenciamento de projetos na finalidade de associar aspectos baseados em critérios de Engenharia que sejam inovadores, porém palpáveis, a fim de garantir a consecução de um plano de manufatura capaz de confeccionar o protótipo matemático com ganho de produtividade, diminuição de custos, melhora do aproveitamento de tempo e de efetivo, além da eliminação de retrabalhos provenientes da falha de programação dos serviços executados. Para alcançar os interesses destacados, o projeto busca explanar cada passo do processo até a definição de um Cronograma de Produção real, desenvolvido para atender as necessidades da equipe, viabilizando a medição dos componentes de montagem, estipulando o mínimo e o máximo essencial para a conclusão do cronônimo, determinando a eficiência, eficácia e qualidade do quadro envolvido, além de fornecer ferramentas cruciais para as competições regionais e nacionais, onde uma das diversas formas de aplicação de pontuação se dá por meio da demonstração dos estudos que acarretam nos resultados obtidos, justificando as decisões tomadas por meio de estudos comedidos e aplicados, espelhando suas consequências no produto final: o carro. Palavras-chave: Baja SAE. Cronograma de Produção. Plano de Manufatura. Padrão de Trabalho. Engenharia. ABSTRACT The definition of a work standard is what justifies the applied techniques in any segment of an organization. The structure of a system is established through certain procedures, enabling the composition’s control, the revision of patterns and subsequent revolution of the adopted methods. Starting from this ideology, this work aims to apply a feasible systematic on the manufacturing of a Baja SAE vehicle, designed by the Baja Unileste team. The proposal’s main goal is to agroup different project management methodologies in order to associate aspects based on innovative, but palpable Engineering criteria. The main goal is to ensure the achievement of a manufacturing plan capable of building the mathematician prototype with productivity gains, reduced costs, improvement of time and labor’s use, plus the rework elimination caused by the failure on the programming services. To achieve the interests highlighted earlier, the project seeks to explain each step of the process until the definition of a real Production Schedule, designed to meet the team’s needs. This will allow the measurement of the mounting components, stipulating the minimum and maximum essential to the chronogram’s completion, determining the efficiency, effectiveness and quality of the involved frame. This paper will be able to provide crucial toolsfor the regional and national competitions, where one of the several forms of scoring application is through the studies’ demonstration, which lead to the obtained results, justifying decisions taken through reasonable and applied analysis, mirroring its consequences on the final product: the car. Keywords: Baja SAE. Project Management. Manufacturing Plan. Production Schedule. Mechanical Engineering. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Representação da estrutura funcional do Comitê Baja SAE 16 Figura 2 Resumo da pontuação por evento 17 Figura 3 Primeira equipe Baja Unileste no informativo ICMG 18 Figura 4 Equipe Baja Unileste 19 Figura 5 Modelo de produção artesanal 21 Figura 6 O arcabouço do projeto de produção 25 Figura 7 Classificação dos sistemas de produção 26 Figura 8 Representação de um fluxo linear 27 Figura 9 Representação de um fluxo por lotes 27 Figura 10 Representação de um fluxo por projeto 28 Figura 11 Classificação do foco encontrado na literatura da EM 31 Figura 12 Gráfico de Gantt 33 Figura 13 Eficiência da equipe 35 Figura 14 Performance da equipe 36 Figura 15 Proposta de avaliação de qualidade 36 Figura 16 Fluxograma da análise dos processos de fabricação 40 Figura 17 Proposta de cronograma de fabricação Baja Unileste 42 Figura 18 Proposta de Registro de Processo 44 Figura 19 Documento de Detalhamento da Tarefa (DDT) - Baja Unileste 45 Figura 20 Proposta de Ordem de Serviço 48 Figura 21 Modelo de proposta de controle de estoque 51 Figura 22 HH Integrantes Efetivos Baja Unleste 53 Figure 23 Leiaute de fabricação 54 Figura 24 Fixação do tubo na morsa 60 Figura 25 Alinhamento entre tubo e polia 61 Figura 26 Fixação gabaritos 62 Figura 27 Fixação de cantoneiras no gabarito 63 Figura 28 Traçagem 64 Figura 29 Chanfradora de tubo 65 Figura 30 Torno mecânico 65 Figura 31 Boca de lobo 67 Figura 32 Posicionamento da castanha 67 Figura 33 Centralização tubo e serra copo 68 Figura 34 Escala de ângulo do torno 68 Figura 35 Parâmetros boca de lobo 69 Figura 36 Fluxo da boca de lobo 69 Figura 37 Análise serras copo 70 Figura 38 Fórmula serras copo 70 Figura 39 Quantidade bocas de lobo BU18 71 Figura 40 Quantidade bocas de lobo BU18 71 Figura 41 Tempo do processo 72 LISTA DE SIGLAS RATBSB Regulamento administrativo e técnico Baja SAE Brasil PPCP Planejamento, programação e controle da produção EM Estrutura de manufatura JIT Just-in-time TQM Total quality management PHP Planejamento hierárquico da produção MRP Manufacturing resources planning SAE Society of Automotive Engineers HH Homem-hora CCPM Critical Chain Project Management OEE Overall Equipment Effectiveness OTE Overall Team Effectiveness BU18 Protótipo Baja Unileste 2018 MTO Make to Order ERP Enterprise Resource Planning DDT Documento de Detalhamento da Tarefa OS Ordem de Serviço 5S Princípio Cinco Sensos EPI Equipamentos de Proteção Individual SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15 2.1 O Programa Baja SAE 15 2.1.1 Baja Unileste 18 2.2 A evolução da gestão de produção 20 2.2.1 A gestão na revolução industrial 20 2.2.2 Programação, Planejamento e Controle da Produção (PPCP) 24 2.3 Planejamento estratégico da manufatura 30 2.3.1 Cronograma de fabricação 32 2.4 Indicador de desempenho: Overall Team Effectiveness (OTE) 34 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 37 3.1 Contextualização 37 3.1 Propostas e metodologia 38 3.2 Readequação ao regulamento 40 3.2.1 Registro, difusão e preservação do conhecimento 41 3.2.2 Programação da fabricação 46 3.2.3 Gestão de estoque 50 3.2.4 Prazo do projeto 52 3.2.5 Leiaute de fabricação 54 4 CONCLUSÃO 56 REFERÊNCIAS 57 APÊNDICE A Registro de processo de conformação de tubos 60 APÊNDICE B Registro de processo de montagem de gabarito 62 APÊNDICE C Registro de processo de boca de lobo 64 APÊNDICE D Ordem de serviço 73 APÊNDICE E Leiaute de fabricação 74 APÊNDICE F Empilhamento real de fabricação BU18 75 APÊNDICE G Proposta de cronograma de fabricação Baja Unileste 77 13 1 INTRODUÇÃO Este trabalho aborda o gerenciamento de fabricação de um veículo modelo off-road conforme padrões determinados pelo Projeto Baja SAE, promovido pela Society of Automotive Engineers (SAE), tratando e estipulando um padrão à equipe Baja Unileste, representante do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Conforme objetivo do próprio Projeto Baja SAE, uma estrutura corporativa deve ser empregada nas equipes de desenvolvimento do desafio. Este é um dos ganhos proporcionados pela experiência. Utilizando-se desta ótica, é possível partir dos conflitos que originaram a necessidade de estudo do assunto, repousando na afirmativa de que a proatividade em um clima turbulento, não garante apenas vantagem competitiva, mas caracteriza condição de sobrevivência (CORRÊA; PROCHNO, 1998, p. 1). Todo o material reunido para a confecção desta obra tem o propósito de ser convertido em conhecimento gerencial para garantia de uma manipulação ideal de informações, a fim de transformar dados em planos de ação que qualifiquem os envolvidos para solucionar diferentes problemas em suas determinadas complexidades. A visão estratégica, a cooperação corporativa e a coordenação de negócios são os princípios de foco dos autores desta tese. O objetivo geral da monografia consiste em examinar, decompor e apurar as práticas de fabricação adotadas pela equipe Baja Unileste, compilando os motivos retardatários do processo – mais especificamente durante a fase de fabricação, e suas causas raízes –, a fim de promover um balanço dos atuais métodos exercidos e sugerir uma revolução nos procedimentos para sanar as dificuldades atuais do grupo. Essa atitude se faz necessária, em função do baixo índice de estudos de gestão em equipes Baja (RIBEIRO, 2015, p. 15). No intuito de alcançar os objetivos traçados, foram adotadas as táticas de agrupamento de informações do modelo vigente, avaliação dos caminhos percorridos e esquematização das ações. Posteriormente e por meio de uma revisão bibliográfica sólida, será realizada uma proposta de alteração do sistema que atenda 14 aos requisitos do Programa e corroborem para a finalidade de definição de um cronograma consistente de fabricação do protótipo. Por meio dos estudos levantados, um Plano de Manufatura será elaborado por meio da ferramenta mais adequada hoje disposta pelo material Office: o MS Project (LORENZI; GUIMARÃES, et al, 2015, p. 63). Por meio de considerações técnicas de engenharia, exames de efetivo, HH necessário para as tarefas e levantamento de recursos, as atividades que contemplam a fabricação do veículo off-road tipo Baja SAE serão empilhadas para ajuste das incumbências, descrição ajustada dos serviços, projeção de prazo do estágio e conclusivamente uma base de custo do protótipo. Os dados acumulados por meio da aplicação do modelo sugerido pelo trabalho servirão de base para os relatórios necessários durante os questionamentos suscitados durante as competições (SAE BRASIL, 2018, p.108). Desta maneira, o trabalho busca solucionar o seguinte problema de pesquisa: de que maneira é possível controlar e prever os recursos, mão-de-obra e tempo necessários para a confecção do protótipo de um veículo off-road desenvolvido pela equipe Baja Unileste? 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O Programa Baja SAE Adotado como principal protagonista e incentivador da elaboração dos estudos apresentados neste trabalho, o Programa Baja SAE é definido pela SAE BRASIL no Regulamento Administrativo e Técnico Baja SAE Brasil (RATBSB), como um desafio estudantil apresentado essencialmente para alunos matriculados em um curso de Engenharia ou Física, na finalidade de propiciaraos componentes a oportunidade de converter a teoria acadêmica absorvida ao longo da graduação, em técnicas adotadas “sob a forma de um processo integrado de desenvolvimento, garantindo excelência no âmbito internacional” (SAE BRASIL, 2018, p. 4). O principal âmbito do projeto consiste na habilitação destes estudantes para o mercado de trabalho. Ainda segundo do Regulamento da SAE BRASIL (2018, p. 4), a idealização do Programa Baja SAE foi dirigida pelo Dr. John F. Stevens na Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos, inaugurando a primeira edição do torneio em 1976. A migração da proposta para o Brasil ocorreu em 1994, três anos após a inicialização dos exercícios da SAE BRASIL. A competição nacional de número um, ocorreu no bairro do Ibirapuera, cidade de São Paulo, mais especificamente na pista Guido Caloi, em 1995. O apoio às versões regionais da prova foi instituído em 1997, promovendo a fração da disputa em diferentes localidades do país. O intervalo entre os eventos demonstra a rápida evolução do projeto em solo brasileiro. As equipes participantes do Programa Baja SAE são responsáveis por representar a Instituição de Ensino Superior da qual são integrantes acadêmicos, por meio de uma associação estudantil. Esta sociedade habilita os universitários a competirem nacional e regionalmente nas Competições Baja SAE, que proporciona um juízo comparativo dos projetos apresentados pelos grupos (SAE BRASIL, 2018, p. 5). O chamado Comitê Baja SAE Brasil é o responsável pelas questões técnicas do programa e pela administração das competições, sejam elas nacionais ou regionais. O Comitê é composto por voluntários com ampla experiência em engenharia, que se http://portal.saebrasil.org.br/Portals/0/PE/Baja%20Nacional%202018/RATBSB.pdf 16 organizam divididos por funções com suas incumbências. Já o conselho, consiste em um grupo de ex-membros do Comitê que apoiam a Diretoria Geral do mesmo (SAE BRASIL, 2018, p. 6-8). A relação, é demonstrada abaixo por meio da Figura 1: Figura 1 Representação da estrutura funcional do Comitê Baja SAE Fonte: SAE Brasil (2018, p. 7). É importante destacar que a apresentação das questões tratadas neste trabalho (como o plano de fabricação e estrutura de gestão) são parte da Apresentação de Projeto, onde os juízes avaliadores são integrantes do Subcomitê de Avaliação de Projeto. Por meio da estrutura desenhada na Figura 1, é possível ver que os consequentes resultados demonstrados serão posteriormente apreciados pelo Chefe de Avaliação do Projeto, Diretor Técnico, Conselho e Diretoria Geral, significando que os dados passarão por todos os níveis hierárquicos e indicando a relevância dos levantamentos. É importante compreender a hierarquia das competições do Programa, a fim de visualizar o direcionamento dos critérios, além de prever as respectivas abordagens para distribuição de pontuação para que a equipe determine suas prioridades ao longo do desafio. Novamente, a atenção se volta para o impacto do plano de fabricação sobre as deliberações da equipe na competição: o item de Apresentação de Projeto e Finais 17 de Apresentação de Projeto possui o segundo maior peso na pontuação, perdendo apenas para o Enduro de Resistência, conforme demonstração de distribuição de pontos da Figura 2. Figura 2 Resumo da pontuação por evento Relatório de Projeto 120 Avaliação de Projeto Dinâmico 20 Apresentação de Projeto e Finais de Apresentação de Projeto 180 Avaliação de Projeto 320 Aceleração 45 Velocidade Máxima 45 Tração 45 Lama 45 Suspensão 70 Manobrabilidade 30 Eventos Dinâmicos 280 Enduro de Resistência 400 Pontuação Total 1000 Fonte: SAE Brasil (2018, p. 90). Parte do núcleo de negócios, a Gestão da equipe é um dos itens de Avaliação do Projeto, que busca averiguar a “qualidade e a extensão do desenvolvimento do projeto integral do veículo”, além de “analisar a organização da equipe para registrar e apresentar os resultados obtidos” (SAE BRASIL, 2018, p. 97). O relatório define este setor de ponderação como práticas gerais de gestão conciliadas à realidade de cada de equipe, focando nos campos de conhecimento, tempo e pessoas (SAE BRASIL, 2018, p. 100). É relevante considerar que todo o desenvolvimento do processo de gestão afeta diretamente o desempenho não só dos itens anteriormente apontados em função de sua organização e definição de prioridades, mas aos itens posteriores, como a determinação de uma proposta de comercialização do modelo em larga escala. Essa 18 deliberação só será feita com precisão adequada, mediante o estabelecimento real de construção do protótipo. Esse é um dos propósitos do trabalho apresentado: indicar em quanto tempo a equipe é capaz de confeccionar o modelo off-road. 2.1.1 Baja Unileste No ano de 1997, os alunos de Engenharia Mecânica do então Insitituto Católico de Minas Gerais adotaram o desafio Baja SAE, e iniciaram a saga da equipe em busca do desenvolvimento de um protótipo para competições off-road em caráter regional e nacional (conferir Figura 3). Figura 3 Primeira equipe Baja Unileste no informativo ICMG Fonte: Arquivo Unileste MG – Jornal do ICMG (1996). Durante os primeiros anos de sua existência, o projeto Baja Unileste esteve presente em diversas competições promovidas pela SAE, em 1999 contou inclusive com uma segunda equipe, intitulada Baja Girls. Como o nome sugere a equipe era composta exclusivamente por meninas, todas graduandas do curso de Engenharia Mecânica. 19 Após um período distante das competições, com projetos paralisados e fabricações interrompidas, a equipe Baja Unileste está passando por modificações consideráveis em sua estrutura, muito disso, proveniente das exigências emergentes a cada revisão do RATBSB. Um projeto anteriormente exclusivo aos estudantes de Engenharia Mecânica, hoje possui abrangência à todas as variedades de Engenharia, além do curso de Física, podendo também existirem exceções com o consentimento dos organizadores das competições (SAE BRASIL, 2018, p. 10). Em julho de 2018, a equipe Baja Unileste contava com 33 integrantes, sendo 17 efetivos e 16 trainees ativos em um dos 10 setores Baja, e todos estes estudantes de 6 cursos de graduação diferentes dentro do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (demonstração na Figura 4). Esta diversidade foi capaz de promover inovação, reanálise e nova abordagem dos métodos utilizados para a conquista dos objetivos do projeto. Figura 4 Equipe Baja Unileste Fonte: Baja Unileste (2018). 20 2.2 A evolução da gestão de produção Uma das melhores maneiras de se entender uma metodologia, é analisando o contexto histórico que culminou em sua estruturação e gerou, fatídica ou ideologicamente, a base necessária para validação das teorias. Toda a tecnologia hoje desenvolvida, teve um ponto cego no princípio. O dramaturgo irlandês George Bernard Shaw (s. d.) foi certeiro quando afirmou que “Não há progresso sem mudança”. Deleitando-se nessa assertiva, todos os responsáveis pelas grandes revoluções e invenções foram audaciosos em suas ações, que resultaram em pilares essenciais para a evolução da visão social, tecnológica e empreendedora. 2.2.1 A gestão na revolução industrial Partindo destas observações, faz-se interessante verificar uma síntese do berço de muitas das pragmáticas adotadas nos modelos de gestão atuais: a Revolução Industrial, movimento que deu início a aplicação de inúmeros métodos de produção no meio industrial. A Revolução começou no século XVIII, caracterizada pela grande produção de máquinas, em especial a máquina a vapor. Como afirma Moreira (1998, p.4) “a Revolução marca o início da produção industrial moderna, a utilização intensiva de máquinas, a criaçãode fábricas, os movimentos de trabalhadores contra as condições desumanas de trabalho” especialmente presentes no modelo de produção artesanal, dentre outras mudanças que marcaram essa nova era, ilustrada pela Figura 5. À medida que os progressos tecnológicos modernizavam o ambiente fabril, a mão de obra era gradualmente substituída por capital, ocasionando a possibilidade de abertura de diversas novas filiais. Desta forma, novas definições empreendedoras surgiram, passando a guiar os procedimentos posteriormente seguidos, sustentando as tomadas de decisão da liderança industrial. São estas definições: Padronização de produtos; 21 Padrão de processos de fabricação; Treinamento e qualificação da mão-de-obra direta; Criação e desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão; Desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle da produção; Desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle financeiro; Desenvolvimento de técnicas de vendas. Figura 5 Modelo de produção artesanal Fonte: Scott (s. d.). Alguns destes termos foram estratégicos mesmo fora das fábricas, como exemplo da padronização de elementos, que garantiu vantagem operacional aos exércitos. Logo, croquis e desenhos esquemáticos começaram a se tornar uma realidade necessária durante as fabricações, algo antes impensado (LOPES; SIEDENBERG; PASQUALINI, 2010, p.11). Nesta fase, a Inglaterra por ser o berço da Revolução transformou-se na maior potência econômica da época. No entanto, no século seguinte, XX, o domínio industrial passou a ser dos Estados Unidos que segundo Moreira (1998), eram responsáveis por 25% do comércio mundial de produtos manufaturados. Esse crescimento foi resultado do desenvolvimento de técnicas de administração da produção, onde uma das mais conhecidas e difundidas é a chamada produção em 22 massa, criada e implementada por Henry Ford na linha de montagem de automóveis. Outro nome de grande importância para o desenvolvimento de estudos nessa área e que contribuiu para a predominância industrial dos Estados Unidos no século XX, foi Frederick Taylor, que elaborou métodos operacionais para aumentar a produtividade e diminuir o desperdício e perdas. Taylor passou a quantificar em números o processo de produção e tornou um processo puramente fabril em uma ciência, conhecida como Taylorismo. Durante seus estudos, Taylor propôs um modelo administrativo inovador para sua época, em função da abordagem diferenciada de temáticas já familiares aos líderes de fábrica; este modelo foi intitulado Administração Científica, e estruturada por estratégias que, embora hoje tenham cerca de 100 anos de história, permanece sendo utilizada como base para diversas novas variações de modelos de gestão. Como exemplo, é possível ligar diretamente às intenções de nosso trabalho, o segundo dos títulos estratificados por Taylor quanto às atribuições da direção de uma corporação. De acordo com Pinto (2007, p. 25), cabe aos líderes de equipe não apenas escolher seus empregados por métodos científicos e sistematizados, mas ensinar, e permanecer fornecendo a manutenção dos conhecimentos de seus subordinados por meio de variados treinamentos, para que um funcionário não atue conforme seus próprios conceitos – como anteriormente era feito –, mas possua embasamento científico que justifique cada uma de suas atitudes dentro do ambiente de trabalho. Independente da força das metodologias inovadoras implementadas no período, logo após a Segunda Guerra Mundial, a hegemonia americana foi ameaçada pelo desenvolvimento industrial e tecnológico de outros países como Alemanha e Japão. Este último destaca-se pelos inúmeros métodos criados na área da administração da produção, os quais foram adotados em várias indústrias de todo o mundo e de todos os segmentos. As técnicas criadas pelos japoneses têm basicamente o objetivo eliminar os desperdícios e fabricar com qualidade. Diante da evolução do estudo dessa área, esta continua sendo a tônica da produção atualmente, o conceito de 23 manufatura enxuta, evitando todo tipo de perda e dessa forma produzindo mais, com qualidade e a menor custo. É impossível citar manufatura, produção e sistemática de fabricação sem citar a Revolução Industrial: principal base de desenvolvimento tecnológico das organizações mundiais, que trouxe uma visão objetiva dos processos fabris e aplicou diferentes métodos de gerenciamento ao longo dos anos. Retomando o tema, Costa e Jardim (2010) o resumem com propriedade quando demonstram que no início da Revolução, os processos fabris eram foco primacial da dedicação gerencial, em função da limitada capacidade de produção e da exploração inaugural dos mercados (COSTA; JARDIM, 2010, p. 2). Todavia, já nos anos 60, ao passo que a conexão entre diligência e competência eram modificadas, as deliberações táticas começaram a ser diretamente ligadas ao Marketing, no anseio pela conquista de novos negócios. O setor de finanças recebeu destaque em meados da década de 70, tornando-se o cerne das atividades industriais para garantir proteção às fabricas da grande hostilidade mercantil e do forte decadência energética. Incoerentemente a função fabril que foi encostada em função extremamente reativa durante o desenvolvimento das modalidades citadas anteriormente, foi situada novamente em posição de competitividade. Desta vez a exigência vinha diretamente dos clientes, que em prol da diversidade mercatória ganharam autonomia para vocalizar as demandas de maneira fria e objetiva, indicando agora não só a qualidade dos produtos, mas os prazos desejados e inclusive os preços das mercadorias. Desta maneira, “a gestão do chão-de-fábrica passa a conjugar preocupações tradicionais ligadas à eficiência do processo e à redução de custos com aspectos mais diretamente relacionados à eficácia e satisfação dos clientes” (COSTA; JARDIM, 2010, p. 2). É importante destacar que a necessidade de gerenciamento, se deu pela própria evolução do sistema produtivo. À medida que o processo de fabricação alcançava metodologias tecnológicas antes inimagináveis, mais se tornava indispensável o controle e a administração do poder fabril. O conjunto destes fatores, gerou o 24 chamado Planejamento e Controle da Produção (PCP). 2.2.2 Programação, Planejamento e Controle da Produção (PPCP) Por meio do entendimento das temáticas desenvolvidas durante o período da Revolução Industrial, a estrutura organizacional dos sistemas de produção foi repensada. De acordo com Lustosa et al, “Os sistemas de PCP [...] evoluíram como fruto da evolução da própria ciência da Administração, desde os esforços de Frederick W. Taylor e Henri Fayol na primeira década do século XX, até os dias de hoje. ” (LUSTOSA; MESQUITA, et al, 2008, p. 1) Enquanto gestores, o senso crítico é muito bem estimulado por meio dos conceitos básicos do PCP: planejamento e controle. O incentivo à revisão dos processos e projetos pré-estabelecidos os torna cada vez mais eficientes e econômicos, gerando uma inevitável melhoria contínua dos procedimentos monitorados. (LOZADA, 2017, p. 163) Ghinato (1996), expõe a existência de diferenças fundamentais entre monitoramento e controle, sendo o primeiro caracterizado pela comparação entre o real e planejado, a fim de determinar o motivo raiz da árvore de falhas. De acordo com o autor, no Toyotismo o planejamento é encarado como uma estratégia preventiva, para que a produção seja isenta de ocorrências que acarretariam em falhas no processo ou produto final. O controle, por sua vez, “pode ser encarado como um processo de supervisão exercido pela chefia sobre os trabalhadores e a verificação dos resultados das atividades destes trabalhadores, considerando alguns padrões especificadospreviamente” (SHINGO, 1996, apud BERNARDES, 2001, p.16). Este controle, especialmente quando praticado no chão de fábrica, reflete diretamente em um dos itens mais relevantes para o presente trabalho: o vislumbre mais apurado da programação das atividades a serem exercidas, que resulta em um cronograma mais fiel das tarefas atribuídas para conclusão do objetivo final. 25 Segundo Chiavenato (2015, p. 39), o Planejamento e controle da produção pode ser dividido em três estágios substanciais, conforme as denominações e explicitações a seguir: 1. Projeto de produção: Busca determinar o funcionamento do sistema de produção e suas proporções, no objetivo estipular os preceitos do PCP (CHIAVENATO, 2015, p. 39). Nesta fase, inclui-se o inventário de máquinas e estoque, a contabilização de efetivo além dos itens descritos na distribuição exemplificada pela Figura 6: Figura 6 O arcabouço do projeto de produção Fonte: Chiavenato (2015, p. 42) 2. Planejamento da produção: No estágio em questão, os serviços e atividades a serem executados devem ser planejados previamente, à fim de eliminar a possibilidade de desperdícios, consumo exacerbado e desnecessário de tempo, delongas ou antecipações (CHIAVENATO, 2015, p. 49-50). 3. Controle da produção: Este estágio é incumbido da realização do acompanhamento, avaliação e regulagem das operações produtivas, de modo a mantê-las dentro dos parâmetros planejados e garantir que venham a atingir os propósitos almejados (CHIAVENATO, 2015, p. 98). 26 Existem diferentes tipos de sistema de produção, importantes para orientação dos responsáveis quanto ao modo ideal de trabalho dentro dos parâmetros de planejamento e controle. Para possibilitar uma visão mais clara e consequente categorização dos processos empregados, Lustosa et al (2008) desenvolveu uma tabela de classificação dos sistemas de produção, conforme modelo seguinte: Figura 7 Classificação dos sistemas de produção Tipo de Classificação Características Grau de padronização dos produtos Produtos padronizados Produtos sob medida ou personalizados Tipo de operação Processos contínuos (larga escala) Processos discretos Repetitivos em massa (larga escala) Repetitivos em lote (flow shop, linha de produção) Por encomenta (job shop, layout funcional) Por projeto (unitária, layoutposicional fixo) Ambiente de produção Make-to-stock (MTS) Assemble-to-order (ATO) Make-to-order (MTO) Engineer-to-order (ETO) Fluxo dos processos Processos em linha Processos em lote Processos por projetos Natureza dos processos Bens Serviços Fonte: Lustosa, et al (2008, p. 16). Conforme os estudos de Marshall (1975), Lustosa et al (2008) classificou os processos da seguinte maneira: a) Processos em Linha: caracterizados pela definição apurada da sequência de operações, esta, linear, coerentes entre precedência e subsequência conforme ilustração da Figura 8: 27 Figura 8 Representação de um fluxo linear Fonte: Lustosa et al (2008). A representação indica uma sequencia lógica em cadeia. Nestes casos, a padronização dos produtos é imprescindível para a fluência das operações. As produções podem ser em massa - linhas de montagem – ou contínuas – organização encontrada, como em indústrias químicas – (LUSTOSA; MESQUITA, et al, 2008, p.18). b) Processos em Lote: caracterizados pela criação de uma gama variada de produtos não-padronizados, fluxo descontínuo, alta flexibilidade, baixo volume de produção, consequente dificuldade de controle entre outros. Essa variedade pode ser vista pela demonstração da Figura 9: Figura 9 Representação de um fluxo por lotes Fonte: Lustosa et al (2008). 28 c) Processos por Projetos: caracterizados por possuir um único produto, baseado em um projeto esboçado e estudado anteriormente. A organização por consequência, tem direção completamente focada no objetivo final. Vide Figura 10: Figura 10 Representação de um fluxo por projeto Fonte: Lustosa et al (2008). Avaliando os três processos citados, fica nítida atribuição mais apropriada dos objetivos deste trabalho ao Processo por Projetos, sendo o Baja Unileste uma equipe que planeja, calcula e fabrica um carro off-road para as competições Baja SAE. 2.2.2.1 Planejamento Hierárquico da Produção (PHP) Proposto inicialmente por Hax e Meal (1975) e Biltran et al (1981-1982), o Planejamento Hierárquico de Produção (PHP) surgiu com a proposta de equilibrar demanda e produção com a menor perda possível, concentrando uma linha geral estratégica da empresa, evitando a demasiada atenção aos aspectos mais particulares do processo. Normalmente, é projetado com uma antecedência de um a dois semestres, até três de acordo com o funcionamento industrial. (MOREIRA, 2000; RITZMAN; MALHORTA; KAJEWSKI, 2004 apud SILVA; ARAÚJO, s. d., p. 3-4, CASTRO; MESQUITA, 2008). Os problemas provenientes do planejamento de produção, são estratificados em 29 subcategorias que consequentemente, são redistribuidos para os diferentes níveis hierárquicos para solucionamento. Assim, “as soluções de nível superior na hierarquia constituem restrições para as decisões dos níveis abaixo, enquanto os resultados dos níveis inferiores realimentam os níveis superiores de decisão” (HAX; CANDEA, 1984 apud CASTRO; MESQUITA, 2008). 2.2.2.2 Manufacturing Resources Planning (MRP II) Surgido durante os anos 70, nos EUA, o Manufacturing Resources Planning (MRP) é um modelo que levantava a proposta de tratar as demandas de matérias-primas e seus componentes sejam tratadas de maneira dependente, isto é, a gestão dos recursos precisa levar em consideração a conexão entre a diligência destes sobressalentes e a diligência de peças terminadas (CASTRO; MESQUITA, 2008, p. 36). Este modelo, é configurado como um conjunto de manufatura empurrada, que concebe as demandas de produção e aquisição de sobressalentes segundo o programa central de produção, a listagem de recursos e a situação do estoque. “A partir dos tempos de resposta (lead times) dos processos, determinam-se os instantes em que as ordens devem ser liberadas”, mediante uma lógica de aplicação da programação reversa (CASTRO; MESQUITA, 2008, p. 36). Em suas explanações, Vollmann et al, (1997) apud Castro e Mesquita (2008), explicam que “o modelo MRPII apresenta uma estrutura hierárquica similar ao PHP e tornou-se um padrão importante de Sistema de PCP”. Algumas limitações deste modelo foram apresentadas por Hopp e Spearman (2000) apud Castro e Mesquita (2008), como “a hipótese implícita de capacidade infinita”, e a “produção empurrada”. Além disso, “apesar da grande difusão do modelo MRPII, este não é adequado às necessidades de fornecedores em produção Make to Order (MTO), devido às dificuldades de configuração e operação do sistema”. Em contrapartida, a disseminação dos sistemas integrados de gestão empresarial, denominados Enterprise Resource Planning (ERP’s), “pode proporcionar aos pequenos fornecedores a desejada integração interna e externa na cadeia de suprimentos” 30 (STEVENSON et al, 2005 apud CASTRO; MESQUITA, 2008, p. 36). 2.3 Planejamento estratégico da manufatura Segundo Agostinho, Vilella e Button (2004), a manufatura está diretamente conectada à engenharia do produto por intermédio do planejamento processual, que seleciona todos os recursos necessários e estuda os utilitários essenciais para obtenção dos resultados. O planejamento deve levar em consideração todas as especificações do projeto, estabelecendo a metodologia, o sequenciamento e os fins disponíveis para conclusão do projeto final (AGOSTINHO; VILELLA; BUTTON, 2004, p. 44). Esta asserção se conecta simultaneamente com a representação do Planejamento Estratégico pormeio sistema de PPCP, que de acordo com Pedroso e Corrêa (1996) define um campo de definição da empresa que determina “planejar e controlar os recursos alocados ao processo produtivo visando atender a demanda dos clientes” (PEDROSO; CORRÊA, 1996, p. 61). Os autores vão mais fundo quando garantem que o sistma indica o que, quanto, quando e onde produzir além do que, quanto e onde comprar. Por meio destas definições, quatro originadores preponderantes da performance desses sistemas, a qual adaptamos para a realidade do projeto e proposta tratada nesta tese: 1. o volume e diversidade de estoques de matérias-primas, objetos em progresso e objetos acabados; 2. o volume de oscilação da continência operante, as despesas provenientes do processo além das despesas corporativas consequentes do ócio, horas extras, perda de efetivo, integração de novos participantes; 3. o nível de acato às exigências da competição, ponderando sobre os produtos dispostos no quis diz respeito à volume e data de finalização, e; 4. a capacidade de reprogramação da manufatura, reagindo às alterações extraordinárias e circunstanciais não só nos itens estipulados pela competição, mas aos mecanismos de produção do projeto. 31 A produtividade de uma organização é dependente da justa execução de uma cadeia de procedimentos sustentados por uma filosofia coerente com o modelo de negócios aplicado no processo. Os componentes considerados cruciais para a competitividade de um organismo estão diretamente conectados à gestão estratégica da manufatura do processo, o conhecido chão-de-fábrica (COSTA; JARDIM, 2010, p. 1). Tigges (2011, p. 10) afirma, baseando-se em Dangayach e Deshmukh (2001, p. 886) que a Estrutura de Manufatura (EM) se divide na literatura em dois estágios: o primeiro salienta o conteúdo (correspondendo à 91% da literatura) e o segundo conduz os interesses ao sistema (correspondendo aos 9% restantes da literatura) de instituição e alicerce da EM (gráfico demonstrado pela Figura 11). O fracionamento do conteúdo ocorre segundo os aspectos subsequentes: Figura 11 Classificação do foco encontrado na literatura da EM Fonte: Elaboração de Tigges (2011, p.12). 1. Decretos planejados: parâmetros concernentes à ordenação e sustentação como administração de pessoas, tecnologia, gestão da informação e da sistematização, além de conceitos ambientais. 2. Aptidões de fabricação: prioridades competitivas à exemplo da qualidade, despesa, lealdade e maleabilidade. 3. Best practices: ciências desenvolvidas de fabricação, inclusas as melhores 32 práticas de gestão como just-in-time (JIT) e total quality management (TQM). 4. Trans-nacional: contraposições discriminadas de regiões, países e continentes. 5. Medição de performance: estabelecimento de índices e métodos de estimativa e monitoramento dos serviços. 6. Revisão literária sobre EM. Para que um processo de produção opere de maneira eficiente todas as partes envolvidas devem cooperar de forma integrada, baseados em metodologias conceituadas e validadas de planejamento de manufatura. A estratégia de produção define a filosofia básica da organização no que tange às suas atividades, determina os produtos e/ou serviços a serem oferecidos e trata o planejamento para a aquisição e alocação de recursos críticos, como tecnologia e pessoal tanto para implementar os planos, como para avaliar os seus impactos (MOREIRA, 2008, p. 12). Ainda de acordo com o autor, o Planejamento Estratégico de Manufatura contempla no sentido específico do termo, “o conjunto de objetivos e políticas a longo prazo, que dizem respeito à atividade de manufatura dentro da empresa e que servem como um guia a todas as decisões tomadas nesse setor” (MOREIRA, 2008, p. 12). Por fim, a “Estratégia de Manufatura pode ser entendida como um roteiro estruturado de decisões que são toadas com o propósito de direcionar a atividade fabril para a performance que se deseja alcançar” (COSTA; JARDIM, 2010, p.8). Esta definição determina o objetivo do trabalho: ajustar e empilhar as tarefas desempenhadas pela fabricação Projeto Baja Unileste a fim de produzir um veículo que atenda às especificações do Programa e garanta o desenvolvimento necessário para a uma conclusão da construção do protótipo com o mínimo possível de traumas no processo. 2.3.1 Cronograma de fabricação A utilização de ferramentas que proporcionem uma avaliação na tomada de decisões de uma equipe é de extrema necessidade. Nos últimos anos, vêm surgindo no mercado diversos softwares e programas desenvolvidos com objetivos apontados 33 à administração de recursos e tarefas, mantendo diversidade em suas funções e garantindo uma abrangência de opções para os usuários. Esta situação não seria diferente para o âmbito de atividades produtivas: muito utilizados para o gerenciamento de projetos e empilhamento de estágios de um processo, utensílios como o Primavera, MS Project, Asana, Basecamp, Teamwork, Artia entre outros, são hoje imprescindíveis para a construção de um cronograma bem estruturado e fundamental para o acompanhamento de uma parada de manutenção, implantação de um novo empreendimento ou construção de um protótipo como o pretendido neste trabalho. Citando Copatto (2003), Kremer e Kovaleski (2008) indicam o Gráfico de Gantt como um dos aparatos que garantem uma observação mais assertiva do andamento de um projeto. Por intermédio da visualização das projeções em barras, é possível fiscalizar o planejamento dos itens em função do tempo – este, um período estabelecido previamente –, determinando quais encargos devem ser considerados para a determinação do caminho crítico de um projeto. 2.3.1.1 Gráfico de Gantt Fonte: Microsoft Office (2013). Figura 12 Gráfico de Gantt 34 Conforme já citado anteriormente, o gráfico de Gantt (Figura 12) é uma ferramenta hoje imprescindível para a programação e empilhamento de atividades. Por meio da relação de tempo e interdependência, fica nítida a visualização de sobreposição de serviços e as criticidades dos mesmos para a conclusão do projeto. Desta maneira, gerir o tempo de um processo fica mais real e palpável. A seguir, algumas avaliações da consecução de um planejamento pelas ideias de Lorenzi, Guimarães, et al, (2015): Para permitir que a programação de atividades e serviços se tornem mais simples, os processos críticos devem ser programados inicialmente, e em sequência, deve ser realizada a programação para os itens não-críticos. A determinação do tempo da operação crítica, deve ser suficiente para agrupar todas atividades menores que estão inclusas no complexo do serviço principal. O sequenciamento das atividades é de livre escolha do programador, entretanto, uma ordem cronológica mais real permite uma visualização mais clara do projeto. Após a conclusão da programação, a verificação é realizada pelo programador, que tem acesso à ajustes e modificações. O gráfico de Gantt gerado possibilita uma avaliação da sequência de produção, visualização de atrasos e atuação de possíveis reprogramações. Esta ferramenta, será uma das mais úteis e principais aliadas para a consecução deste trabalho. 2.4 Indicador de desempenho: Overall Team Effectiveness (OTE) Os indicadores de desempenho servem como uma espécie de diagnóstico do processo produtivo onde pode-se obter inúmeros dados importantes para a melhoria do processo, mediante um plano de ação com foco nos pontos ineficientes da produção. Existem vários indicadores de medição da eficiência global, dentre eles, o Overall Equipment Effectiveness (OEE) é largamente utilizado na indústria. 35 O objetivo do OEE é responder as seguintes perguntas: Com que frequência os meus equipamentos ficam disponíveis para operar? O quão rápido estou produzindo? Quantos produtosforam produzidos que não geraram refugos? (SILVEIRA, s. d.). O OEE é um indicador quantitativo que reproduz a Eficiência global dos equipamentos e da área produtiva por meio de três aspectos. São eles, eficiência, performance e qualidade. O Overall Team Effectiveness (OTE) trata-se de um indicador desenvolvido aos moldes da OEE no qual mede a eficiência, performance e qualidade de uma Equipe, ou seja, sua eficácia. (LIMA; ZARATIN, 2014). As subdivisões desta releitura são determinadas da seguinte maneira: a) Eficiência: é a razão entre a subtração de desvios do HH total trabalhado, sobre o total trabalhado: Figura 13 Eficiência da equipe Fonte: Lima; Zaratin (2014, p. 7). São considerados eventos, todos os desvios da frente de serviço registrados durante o dia, além das horas extras consideradas necessárias para a conclusão da atividade, não previstas durante a programação do efetivo. É importante destacar que a hora extra caracteriza desvio de planejamento, seja ela programada ou não, uma vez que demonstra a incapacidade de finalização do projeto dentro do período útil estabelecido. b) Performance: é a razão entre a subtração de desvios do HH total trabalhado, sobre o total trabalhado: 36 Figura 14 Performance da equipe Fonte: Lima; Zaratin (2014, p. 8). Este item quantifica as atividades programadas que foram canceladas ou desprogramadas durante a execução. Desta maneira, também são consideradas falhas de planejamento. b) Qualidade: esta deve ser medida por meio de um questionário estipulado pelos responsáveis. Normalmente, o índice situa-se nos parâmetros de segurança, recursos, meio ambiente e capacitação, como o exemplo elaborado abaixo: Figura 15 Proposta de avaliação de qualidade Fonte: os autores. A multiplicação dos três parâmetros resulta em um indicador de desempenho que mede a produtividade de uma equipe. Esta medição, será de extrema utilidade para o desenvolvimento do estudo de caso. 37 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Contextualização Hodiernamente, a Equipe Baja Unileste se fundamenta no método dos Cinco Sensos (5S), que tem como estrutura os sensos de utilização, organização, limpeza, saúde e autodisciplina. No projeto, essa metodologia é utilizada como ferramenta de gestão visando unicamente a organização e consequentemente, a eficiência dos processos operacionais utilizados. Este método se propõe a melhorar não apenas o ambiente de trabalho, mas também a qualidade de vida por intermédio da utilização racional dos recursos, organização, limpeza, padronização e disciplina que correspondem aos cinco sensos abordados na sigla. Sabe-se que a aplicação dos métodos de gestão, é fundamental para o incremento da eficiência e produtividade dos processos, no entanto, existem vários motivos que podem interferir na execução efetiva dessas ferramentas. Uma das principais razões para esses entraves é heterogeneidade de cada organização, ou seja, não há um método padrão que se aplique em todos os casos. Além disso, a implementação dessas estratégias requer um alto grau de complexidade pois exigem amplo conhecimento, treinamento de todos os envolvidos e disciplina quanto a execução dos procedimentos. Antes da aplicação de um novo método é necessário analisar o que está sendo aplicado, objetivando conhecer os pontos falhos e consequentemente formular um plano de ação eficiente baseado em dados reais. No cotidiano do processo de fabricação da equipe, é possível verificar vários gargalos que interferem no andamento e cumprimento dos prazos. Muitos desses problemas são encontrados em grande parte das equipes Baja SAE. A seguir serão citados alguns dos problemas que foram verificados especificamente na Equipe Baja Unileste, no qual, são eles: 38 1. Falta de planejamento da fabricação, em relação às tarefas a serem realizadas e a divisão destas; 2. Métodos inadequados de execução e montagem; 3. Comunicação ineficiente; 4. Material insuficiente/em falta, muitas vezes causado pela falta de recursos próprios ou simplesmente pela comunicação ineficiente; 5. Desqualificação técnica e falta de experiência dos membros da fabricação; 6. Tempo limitado a poucas horas de produção, sendo possível a realização de poucas e inexpressíveis tarefas; O conhecimento destes entraves da produção é o primeiro passo para a execução de um plano de ação eficiente. De acordo com Ribeiro (2015, p. 16), a aplicação de conhecimentos em gerenciamento de projetos, é de grande importância para enfrentar os problemas e driblar falhas da equipe. ”É importante em projetos estudantis, como é o caso do Baja SAE, planejar passos simples de aplicação de engenharia, ao invés de ciclos de desenvolvimentos longos e complexos” (RIBEIRO, 2015, p.16). A avaliação dos erros presentes na realidade do projeto é necessária para compreensão dos agentes retardatários na evolução da fabricação, e por fim, determinar rompantes não só durante o processo de manufatura, mas no planejamento do corpo estratégico da equipe, de forma a guiar os desvios à zero. 3.1 Propostas e metodologia Tomando como base a bibliografia descrita neste trabalho e os procedimentos que regem as teorias de gestão, a metodologia a ser aplicada pelos autores consiste no acompanhamento, descrição, detalhamento, avaliação e determinação de uma nova proposta. Estes passos, deverão seguir os seguintes fundamentos: a) Levantamento das atividades de produção: para redimensionar e ajustar o escopo da fabricação, foi necessário entender quais as operações que compõe a construção do protótipo e são fundamentais para a conclusão eficaz do projeto. Este item 39 possibilitou também a verificação dos serviços mais relevantes, estratificando as pequenas atividades provenientes deles. b) Determinação dos recursos necessários: seguindo a filosofia da gestão de cadeia de suprimentos, à fim de eliminar a possibilidade do efeito chicote descrito por Castro e Mesquita (2008, p. 34), por meio das atividades descritas no passo anterior foram determinados os materiais indispensáveis para a fabricação. c) Quantificação dos dados de produção: essa coleta de dados foi realizada tendo referência nas atividades de fabricação executadas para a concretização do último modelo Baja Unileste (ainda em processo de confecção). d) Propostas de melhoria: posterior ao estudo da bibliografia, uma proposta de readequação do modelo de fabricação foi esboçada. Esta análise quantitiva e qualitativa foi realizada tendo posse das informações acumuladas pelos passos anteriores, que funcionaram como pilares para a concepção. e) Cronograma de fabricação: com a utilização do MS Project – software de gerenciamento de projetos –, foi confeccionado um cronograma com gráfico de Gantt plotado para empilhamento de atividades sem interferência. Para esta determinação, foi necessário avaliar o caminho crítico da manufatura, disposição de recursos previamente levantados e atribuição de serviços terceirizados. O cronograma em questão, é um instrumento crucial para as próximas produções. f) Medição de produtividade: por meio da filosofia OTE, a equipe de fabricação poderá ser avaliada quanto à sua eficiência, performance e qualidade. Este índice se tornará um fator de orientação e exposição de dados, necessários para identificação das causas raízes das falhas proveniente do processo, discussão, e aprimoramento. g) Novo plano de fabricação: em posse do cronograma de fabricação atualizado e as informações inerentes dos processos de manufatura até então desenvolvidos, um novo plano de produção será traçado para o projeto, gerando documentos oficiais para a equipe eliminar desvios, e, para as ocorrências remanescentes, guiando a 40 solução de problemas. h) Comparaçãodos modelos: a proposta contempla a exposição dos probelmas levantados no antigo modelo, as soluções que a nova versão oferece, e quais os próximos passos de análise poderão ser obtidos por intermédio dos procedimentos adotados. Toda a metodologia da ponderação a ser feita nas fases explicitadas, foi descrito no fluxograma demonstrado pela Figura 16: Fonte: os autores. 3.2 Readequação ao regulamento Conforme descrito no item 2.1 deste trabalho, as premissas do projeto são moldadas pelas demandas solicitadas pelo RATBSB, que possui constantes revisões e atualizações, não necessariamente previstas por não possuírem periodicidade determinada. Estas revisões tendem a ocorrer juntamente à divulgação da data da próxima competição, e podem atingir todos os setores do veículo: desde o modelamento ao âmbito de gestão. Durante a confecção do modelo BU18, a nova versão do Figura 16 Fluxograma da análise dos processos de fabricação 41 Regulamento Administrativo e Técnico passou a valer a partir de 01/07/2018. Nesta data, o cockpit do veículo já havia sido montado, conforme demonstra o Apêndice F. No que diz respeito às práticas de fabricação, esta última revisão do regulamento foi a de maior impacto desde a primeira versão unificada do RATBSB, divulgada no segundo semestre de 2017 para vigência a partir de janeiro de 2018. As alterações, incluem a adição dos termos o do item C4.9.2, que demanda estratégias de registro, preservação e difusão do conhecimento, gestão de projetos, estratégias de aumento de eficiência, redução ou eliminação do retrabalho e minimização do tempo em atividades que pouco ou nada agregam valor ao projeto (SAE BRASIL, 2018, p. 108). Além dos ajustes necessários para a área de Gestão de Pessoas, o item C4.9.3.3 solicita, entre outras coisas, a exploração de um Plano de fabricação, contendo, por exemplo: leiaute da planta de fabricação e fluxo de processos, avaliação da eficiência nas etapas de produção, tempo de máquina, gestão de estoque, utilização inteligente de recursos naturais e aspectos de preservação ambiental, coerência com os objetivos e metas financeiras do projeto, etc (SAE BRASIL, 2018, p. 108). As necessidades de adequação vão de encontro à proposta do trabalho em questão, e baseados nas diretrizes do regulamento, baseamos a obtenção de resultados apresentados a seguir. 3.2.1 Registro, difusão e preservação do conhecimento Presente em quase todas as organizações e um problema a ser gerido e estudado é a gestão do conhecimento. A Equipe Baja Unileste convive com o mesmo contratempo que inibe o desenvolvimento e melhoria contínua do projeto. O que comumente acontece é o fato de que um integrante ingressa na equipe, desenvolve estudos e resultados além de adquirir uma carga de conhecimento importante para seu desenvolvimento profissional. No entanto a organização muitas vezes torna-se dependente das habilidades desse profissional e consequentemente, quando houver o egresso deste, a equipe passa por intensa dificuldade no prosseguimento das atividades. Para a manutenção do conhecimento na equipe é importante adotar estratégias de 42 preservação das informações adquiridas, logo, é necessário adotar uma filosofia de aprendizado e ensinamento constante dentro da equipe. Portanto, quando se pensa em preservação e difusão do conhecimento, deve-se se fazer a seguinte pergunta: uma nova equipe que ingressa no projeto Baja SAE sem carga de conhecimento suficiente sobre o mesmo, teria condições de produzir este veículo com o nível de qualidade adequado e baixa quantidade de retrabalho? Pensando na solução deste questionamento, foram criados, registrados e documentados arquivos que devem auxiliar os próximos integrantes do projeto. A primeira atividade realizada foi a de documentação de um cronograma de fabricação conforme ilustrado na Figura 17 e detalhado no Apêndice G, visto que anteriormente a equipe se baseava unicamente no conhecimento de alguns integrantes para produzir o veículo e na conclusão de uma fase do projeto, a próxima fase era desconhecida. Figura 17 Proposta de cronograma de fabricação Baja Unileste Fonte: os autores No cronograma foram contempladas as atividades de fabricação do protótipo BU18 como base para os próximos veículos, no qual está em fase conclusão. Com este 43 documento é possível organizar todo processo produtivo, estabelecendo os prazos a serem concluídos, materiais e insumos necessários para cada fase de produção, além do efetivo a ser aplicado. De acordo com os levantamentos realizados, a fabricação se ordenada conforme descrito no documento e levando em consideração a data inicial real do projeto para comparação, o carro em andamento poderia ter sido concluído na primeira semana de agosto de 2018, considerando folgas de programação em função de um efetivo não profissional, feriados contemplados no período, dois recessos estudantis e um período de trabalho de 13h às 17h de segunda à sexta, e 8h às 17h aos sábados. No entanto, sabe-se que no projeto de cada protótipo há alterações baseadas em melhorias e também nas modificações do regulamento. No entanto, existem algumas atividades básicas que são utilizadas na produção de todos os protótipos, como a dobra dos tubos e abertura de boca lobo, e cada uma dessas atividades existem particularidades que devem ser levadas em consideração na execução da atividade, logo, elaborou-se um documento interno das atividades básicas do projeto relatando todo o procedimento a ser realizado, denominado Registro de Processo, conforme demonstrado abaixo na Figura 18 e detalhado nos Apêndices A B e C. 44 Figura 18 Proposta de Registro de Processo Fonte: os autores. Com este documento, novos integrantes têm condições executar as três atividades mais relevantes do projeto, sem a necessidade da presença de um veterano, desde que este saiba utilizar o equipamento. São elas: 1. Confecção de conformação de tubos 2. Confecção de boca de lobo 3. Confecção do gabarito da gaiola Para registro e planejamento das atividades desempenhadas na fabricação, a equipe Unileste conta com Documentos de Detalhamento da Tarefa (DDT), foi implementado na equipe a partir de 2017, e comumente referido como Ordem de Serviço (OS) que registraram as atividades executadas para confecção do carro atual. 45 Figura 19 Documento de Detalhamento da Tarefa (DDT) - Baja Unileste Fonte: Baja Unileste (2018) Os DDT’s são elaborados conforme digitalização da Figura 19, e são arquivados em pastas físicas, guardadas na sala reservada ao projeto Baja Unileste, e não são imputados no sistema disponibilizado ao projeto e comum aos integrantes. Desta maneira, o registro é acessível de maneira não prática, dificulta o planejamento e programação das atividades e impossibilita a contabilização mecanizada do que foi realizado, e o necessário a se realizar. A visualização da evolução do projeto, é também nula desta forma. A partir dos DDT’s analisou-se descritivamente o prosseguimento das atividades realizadas, duração das atividades de produção e a quantidade de HH trabalhado, culminando no empilhamento evidenciado pelo Apêndice F. A partir dessas informações realizou-se uma análise comparativa entre o cronograma real, realizado durante a produção do BU18, e o ideal, que seria a realização das atividades sem ociosidade entre a conclusão das etapas de produção. 46 Além da ociosidade, o retrabalho interfere constantemente nas atividades de produção. Quando a quantidade de retrabalho alcança valores expressivos, consequentemente verifica-se uma perda excessiva de material, tempo produtivo e elevação dos gastos. Na Equipe Baja Unileste a realização de retrabalho está presente nas atividades de manufatura, exatamentepelo fato de que o conhecimento é inerente a alguns membros da equipe e não há no projeto o hábito da disseminação do conhecimento, logo, deve-se implementar na equipe a cultura de que todo conhecimento deve ser compartilhado de forma que a maior parte dos integrantes tenham condição manusear todos os equipamentos e de produzir com o mesmo nível de qualidade ou no mínimo, suficiente. Primeiramente, deve-se estabelecer a equipe de produção, na qual estará encarregada das atividades de manufatura (além de dedicar uma carga horária mínima para a realização de estudos e pesquisas). Posteriormente, após a admissão de novos integrantes, recomenda-se a aplicação de uma semana de treinamento dos membros iniciantes a fim de prepara-los e deixá-los aptos a executar as tarefas de produção exigidas. Esse treinamento deve comtemplar a execução apenas das principais atividades realizadas no laboratório de mecânica e de aplicação no projeto, e deve ser ministrada pelos integrantes de maior experiência e conhecimento e auxiliada pelos demais integrantes veteranos. 3.2.2 Programação da fabricação Conforme comentado anteriormente, o documento de Detalhamentos da Tarefa era evidentemente banalizado na rotina de fabricação. O objetivo de planejar atividades, distribuir incumbências e preparar materiais e utensílios para a produção, não era atendido. Isso fica claro uma vez que dos 68 DDT’s arquivados, referentes ao processo de confecção do BU18, 16 estavam fora do padrão – em folhas de caderno ou papéis A4 em branco –, 5 não continham registro correto de horário de entrada/saída, 4 não possuíam data de elaboração/realização – ou a data era incorreta –, e apenas 1 teve data de elaboração anterior à data de realização da tarefa. 47 A banalização não se limitava a isso: os horários de entrada e saída eram registrados genericamente, não só para disfarçar os constantes atrasos, mas porque em algumas situações o documento não era preenchido antes da fabricação, mas durante ou até depois. Desta maneira, o modo mais assertivo de inserir horários de entrada e saída consistia em generalizar uma média baseada na memória do responsável. Além dos horários, as recomendações de segurança, equipamentos de proteção individual (EPI’s) e até mesmo os itens de produção dos DDT’s eram descritos superficialmente, sem consulta aos documentos anteriores ou levantamento dos recursos dispostos para a real execução dos afazeres. Entre os desvios mais graves no registro dos Detalhamentos da Tarefa, pode-se citar o preenchimento de um só indivíduo em nome de outros participantes – lembrando que, conforme a Figura 19 demonstra, cada integrante é responsável pela própria assinatura –, o que retira a legitimidade do arquivo e fere a integridade das informações. Além de todas as falhas descritas anteriormente, não é possível contabilizar a quantidade de DDT’s extraviados ou não criados. Em alguns dos dias de fabricação intensa, nenhum documento era preenchido em detrimento do ritmo de trabalho. Desta maneira, o registro, documentação e programação das tarefas não eram tomados como prioridade. Como consequência das atitudes citadas, o registro de fabricação do Baja Unileste pode ser classificado hoje como não confiável: faltam dados, e as informações fornecidas são em grande maioria, carentes de critério. Fica evidente que a grande maioria dos problemas gerados são relacionados ao comportamento da equipe, e a correção do sistema é necessária para a obtenção de qualquer resultado. Visto que o documento anterior alimentava a desvalorização da rotina de planejamento, foi criada uma proposta de Ordem de Serviço (OS), ilustrada pela Figura 20 e detalhada no apêndice D: 48 Figura 20 Proposta de Ordem de Serviço Fonte: Os autores. O documento acima tem a função de centralizar vários dos interesses defendidos por esse trabalho, iniciando pela adequação ao cronograma: a OS desenvolvida visa desdobrar as atividades previstas no cronograma para um arquivo diário da produção, servindo de base para revisão do cumprimento dos marcos e da Curva S de desenvolvimento da fabricação do veículo. Os campos de Status e Relevância das atividades auxiliam essa atualização. Uma outra ferramenta ligada à Ordem de Serviço é o Registro de Processo (Figura 18), que passa a se tornar um documento auxiliar na fabricação sempre que uma das atividades críticas citadas no item 3.2.1 deste trabalho forem programadas para realização no dia. A contabilização do HH disponibilizado com a OS acima, se tornou não apenas um resultado pós-fabricação como anteriormente era feito, mas passou a ser integrado no planejamento das atividades. O acompanhamento inclui a soma de interrupções de serviço em horas e suas descrições, para determinar o tempo útil de fabricação e seus desvios. É importante destacar que o campo Planejado deve ser preenchido 49 durante a programação da atividade, e as informações do campo Real devem ser lançadas após a conclusão das atividades. A separação das horas produtivas e improdutivas, é extremamente importante para a determinação de outra ferramenta integrada à rotina de produção por meio da Ordem de Serviço criada: o índice OTE. No documento, os campos de Eficiência e Performance são calculados – de acordo com as fórmulas demonstradas nas Figuras 13 e 14 – automaticamente mediante o preenchimento dos dados reais de fabricação. O formulário de Qualidade (Figura 15) guia o responsável pela fabricação na avaliação da equipe durante o dia de trabalho, e a nota é determinada pela ponderação dos pontos de cada tópico. Assim, o indicador OTE é calculado por meio da multiplicação dos três fatores. Para determinação de uma meta desejável, será necessário que a equipe estipule a média dos próximos eventos de fabricação (momentaneamente interrompidos). Em posse dos resultados calculados, será possível indicar as oportunidades de melhoria para as próximas atividades, descrevendo-as no campo indicado para acompanhamento da equipe de gestão e para os executantes das tarefas seguintes. Os elementos básicos da antiga DDT permanecem presentes no documento, desta vez permitindo a comparação entre os participantes escalados e os presentes. A Ordem de Serviço foi projetada para ser preenchida pelo planejador responsável com base no cronograma do projeto, vislumbrando as atividades impreterivelmente antes da data de realização. A planilha possui dinamismo para simplificar o lançamento de informações, mas exige análise do programador para verificar os recursos demandados pelas tarefas a serem executadas, além da viabilidade delas. É importante destacar que a versão representada pela Figura 20 e o Apêndice D, não contemplam dados reais, mas simulam uma programação utilizando as ferramentas disponibilizadas pelo documento. A proposta, implica que o programador divulgue a OS com as atividades aos executantes previamente, e, posterior à data de fabricação, lance as informações no arquivo de origem, arquivando no diretório da equipe Baja Unileste. Desta maneira, as informações 50 serão facilmente compiladas e mais possivelmente acessíveis para desenvolvimento de possíveis relatórios. 3.2.3 Gestão de estoque Fundamental para qualquer organização, o controle de estoque é um fator determinante para o sucesso ou insucesso da execução de um planejamento de produção. Esta área é responsável pelo registro de todos bens produzidos e adquiridos pela empresa com o propósito de manter a linha de produção em estado contínuo de fabricação, minimizar desperdícios e por conseguinte maximizar a eficiência. A Equipe Baja Unileste até então não apresentava a atenção necessária a este princípio fundamental e inevitável para a manutenção da continuidade do planejamento produtivo e competitividade no mercado,ou seja, entre as demais equipes. A falta de atenção da equipe em relação a gestão de estoque inúmeras vezes se apresentou como empecilho a produção do veículo, devido a falta dos materiais necessários para a consecução das atividades. Frequentemente, a necessidade da compra só era evidente no momento em que a tarefa a ser executada necessitava do material ou insumo em questão, dessa forma, é possível visualizar falhas não apenas em relação ao princípio de controle de estoque, mas também ao planejamento prévio das atividades. Realizada a análise da problemática, os autores propuseram implementar ferramentas acessíveis e simultaneamente tangíveis para solucionar ou minimizar os erros relacionados a gestão dos processos internos, por intermédio de softwares que integram as informações e fornecem a possibilidade de adquirir e analisar dados. Incialmente os integrantes da equipe contabilizaram os bens em domínio do projeto e formularam o inventário, documento este, que é imprescindível e deve-se observar a periodicidade de atualização do mesmo, realizando um comparativo entre o controle de estoque, com movimentações de entrada e saída, e o inventário dos bens analisando se há discordâncias entre estes. 51 A partir do empilhamento das atividades de produção elaborado pelos autores, é possível prever com antecedência os insumos e materiais necessários para cada atividade. Com esses dados em mãos, estes elementos necessários foram diretamente ligados à planilha de controle de estoque ilustrada pela Figura 21, considerando que, caso a quantidade necessária de insumos e materiais não esteja em conformidade com a quantidade presente no estoque um sinal de alerta será emitido na planilha informando a necessidade de compra. Figura 21 Modelo de proposta de controle de estoque Fonte: os autores. No entanto, é importante destacar que, para a funcionalidade deste procedimento, as movimentações de entrada e saída dos materiais e insumos em poder da equipe devem ser impreterivelmente inseridas na planilha de controle de estoque. Este procedimento assegura à equipe de fabricação a continuidade das tarefas sem interrupções e possibilita o acompanhamento dos prazos estabelecidos no planejamento de produção. 52 3.2.4 Prazo do projeto O tempo previsto de projeto e a previsão de conclusão do modelo, demonstra a falha inicial do sistema de fabricação do qual era evidente a necessidade de correção imediata: não foi determinada data para entrega do carro concluído. A equipe vinha trabalhando tradicionalmente com as variações que as datas das competições abrangem. Desta maneira, o Protótipo Baja Unileste 2018 (BU18) não possui deadline efetiva para finalização de montagem e início dos testes, e durante todo o processo de manufatura, o prazo estabelecido permaneça incerto apesar da urgência da demanda, o que gera apressamento para que o carro fique pronto a tempo do próximo torneio, embora a equipe esteja durante todo o tempo ciente de que a realidade faz deste limite de conclusão, uma meta quase impraticável. Essa incerteza e indisciplina, além de ir contra qualquer ideia de planejamento, abalar toda a preparação de estoque, fluxo de caixa e recursos em geral, gera ansiedade na equipe como um todo e nos participantes como indivíduos. Os estudantes sentem-se desta maneira sob extrema pressão para conclusão do protótipo, mas não possuem direcionamento do que realmente deve ser feito, quais as limitações da fabricação, e quais sãos os marcos de entrega. É importante reiterar que os integrantes do grupo e personagens atuantes na fabricação do carro, são estudantes de graduação e não necessariamente possuem atribuições técnicas de execução de manufatura ou mesmo manutenção. A equipe é guiada pela experiência de alguns dos participantes em cursos profissionalizantes na área industrial. O simples descontrole do prazo final do projeto, expõe toda a fragilidade do time e de seus participantes: são comuns os casos de sobrecarga de período trabalhado para alguns dos executantes mais afoitos, ocasionando frequentes situações de vulnerabilidade do quadro de saúde dos mesmos, e o nível de produtividade permanece – até este ponto, ainda não medido – visivelmente baixo: o retrabalho é constante durante o processo de fabricação do modelo elaborado pelo Baja Unileste. Para comprovar a última afirmação, pode-se utilizar a medição do Homem Hora (HH) – unidade de medida de trabalho humano comumente utilizada durante a 53 programação de serviços – disponibilizado de cada integrante e trainee, durante o trabalho de fabricação do carro. Esta amostragem foi realizada pela equipe entre os dias 25/04/2018 e 09/06/2018, e por meio da Figura 22, representa um ranking das horas dedicadas à fabricação do veículo no período, demonstrando a maçante rotina de produção de alguns dos participantes: Figura 22 HH Integrantes Efetivos Baja Unleste Fonte: Baja Unileste (2018) As horas de fabricação acima da média geral foram destacadas em vermelho, recorrentes para 30% dos 33 integrantes, sendo o topo da lista liderado pelo capitão Matheus Henrique, que dedicou em horas, 3,6 vezes a quantidade de horas 54 disponibilizadas por Thiago Rangel, o último da lista dos integrantes que trabalharam mais que a média durante o período de amostragem. Por meio desta demonstração é possível verificar que a cada 10 membros do projeto, 3 têm sido assíduos e atuantes na resolução dos problemas de fabricação, enquanto os demais são pouco participativos na confecção do veículo. É importante destacar que dentro da lista da Figura 19, existem integrantes do setor Administrativo, estudantes que habitam em outras cidades além de pesquisadores e projetistas: a baixa frequência ou frequência nula, não indica inatividade do estudante dentro do projeto, e sim ausência nas atividades práticas de manufatura. 3.2.5 Leiaute de fabricação Conforme demonstra o item 3.2 deste trabalho, a nova revisão do RATBSB solicita um leiaute do espaço disponibilizado à equipe para produção. Para atender os requisitos, foi elaborada uma planta da área utilizada para fabricação do modelo BU18, no laboratório de mecânica do Unileste MG. Este leiaute é demonstrado pela Figura 23, e detalhado no Apêndice E. Figure 23 Leiaute de fabricação Fonte: os autores. 55 Na Figura 23, foi simulado todo o ambiente comum de circulação da equipe durante a fabricação dos veículos projetados, considerando o anexo do Baja Unileste, o laboratório de mecânica, e acesso à ferramentaria. Todos equipamentos – ilustrados na imagem para demonstração do espaço disponível – são igualmente liberados para uso, entretanto, apenas os descritos na legenda do Apêndice E são necessários na fabricação do BU18. As áreas com hachuras não são utilizadas durante o processo de produção: tratam- se de um almoxarifado e ambiente de aula, com motores demonstrados, quadro branco e carteiras escolares. Estes espaços são importantes para o Unileste, mas não estão presentes na rotina de fabricação do projeto Baja Unileste. O desenvolvimento do leiaute acima, além de atender aos requisitos do regulamento – conforme citado no item 3.2 desse trabalho –, fornece a possibilidade de criação de estratégias para o empilhamento de atividades simultâneas durante o processo de fabricação. A administração do espaço, equipamentos disponíveis e mão de obra de atuação, é de extrema importância para o projeto. 56 4 CONCLUSÃO Por fim, mediante a aplicação das ferramentas presentes na base bibliográfica apresentada nesse trabalho, torna-se inegável a necessidade de um plano sistemático para a fabricação proveitosa e eficaz de um veículo off-road. O estudo em questão demonstra que por meio do estabelecimento de um programa
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