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Disciplina: Anatomia do Aparelho Locomotor Aula 3: Miologia do Dorso Apresentação Em nosso último encontro, viajamos pela anatomia do dorso, vimos a coluna vertebral e suas divisões, as vértebras, suas articulações e todas as estruturas ali existentes para manter a postura e gerar o movimento. Nesta aula, estudaremos a coluna vertebral novamente, porém, desta vez, veremos os músculos e sua divisão, ou seja, os super�ciais e os intermediários, que são músculos extrínsecos do dorso; e os profundos, os músculos intrínsecos. Objetivos Identi�car os componentes anatômicos que formam os músculos do dorso; Descrever a organização destes músculos em extrínsecos e intrínsecos do dorso; Explicar suas origens, inserções, ações e inervação. Miologia O estudo dos músculos do dorso é a maneira pela qual entendemos como ocorre a manutenção da postura humana, mas também diversos movimentos de nosso dia a dia e gestos motores mais elaborados como os realizados por atletas de elite. Para um bom entendimento, vamos discutir de forma breve, como classicamente se estudam esses grupos musculares. Os músculos do dorso são organizados e estudados em dois grupos: Grupo de músculos extrínsecos do dorso Formado por músculos super�ciais e intermédios são capazes de produzir e controlar os movimentos dos membros e os movimentos respiratórios. Eles geram a interface entre os esqueletos axial e apendicular. Continue lendo... Grupo dos músculos intrínsecos (próprios do dorso) Formado por músculos profundos, aqueles que exercem suas funções especi�camente sobre a coluna vertebral, sendo capazes de produzir movimentos e manter a postura. Continue lendo... Veja a seguir, uma lista com os músculos extrínsecos do dorso (super�ciais e intermediários). Músculo trapézio (parte descendente, transversa e ascendente). Músculo latíssimo do dorso. Músculo romboide maior. Músculo romboide menor. Músculo levantador da escápula. Músculo serrátil posterior inferior. Músculo serrátil posterior superior. Observe nas �guras 1a e 1b onde estão localizados esses músculos. http://estacio.webaula.com.br/cursos/dis084/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/dis084/aula3.html Figura 1a: Músculos extrínsecos do dorso | Fonte: PUTZ e PABST, 2010. Figura 1b: Músculos extrínsecos do dorso | Fonte: PUTZ e PABST, 2010. Trapézio — é um músculo plano de forma triangular, tem origem ao longo da coluna torácica e inserção na região posterior do ombro (espinha da escápula e acrômio) e na base do crânio (linha nucal do occipital), e é inervado pelo nervo acessório. com o ombro �xo, o trapézio pode inclinar a cabeça e o pescoço para trás e para o lado; com a cabeça �xa o músculo trapézio eleva os ombros. Latíssimo do dorso — é um músculo grande, plano e triangular, tem origem na aponeurose toracolombar e inserção anterior no terço proximal do úmero, é inervado pelo nervo toracodorsal (plexo braquial). Esse músculo realiza adução, extensão e especialmente rotação medial do úmero. Romboide menor — tem origem no ligamento nucal inferior e processos espinhosos da sétima vértebra cervical e primeira vértebra torácica, insere-se na extremidade medial da espinha da escápula. Romboide maior — tem origem nos processos espinhosos e ligamentos supraespinhais da 2ª a 5ª vértebras torácicas e se insere na borda medial da escápula. Ambos músculos romboides (maior e menor): são inervados por um ramo do nervo escapular dorsal (C4 e C5); têm ação de retração da escápula em direção superior e medial.; têm importante função no posicionamento dos ombros na posição anatômica. Levantador da escápula — tem origem nos processos transversos da 3ª e 4ª vértebras cervicais, inserção no ângulo superior da escápula. É inervado por ramos do 3º e 4º nervos espinhais cervicais, e do 5º nervo cervical via nervo escapular dorsal. Age na elevação da escápula, participando de diversos outros movimentos em conjunto com outros músculos da região escapular. Serrátil posterior superior — é delgado, quadrilátero. Tem origem em uma pequena aponeurose na parte inferior do ligamento nucal, nos processos espinhosos da 7ª vértebra cervical e das duas, e as vezes das três vértebras torácicas superiores e seus ligamentos supraespinais. Ele gera quatro digitações que se inserem nas bordas superiores externas da 2ª, 3ª, 4ª e 5ª costelas, em sua face lateral. O número de digitações pode variar de três a seis e, em alguns casos, haver ausência desse músculo. Esse músculo é inervado pelos 2º, 3º, 4º e 5º nervos intercostais. Sua ação é elevar as costelas. Músculo serrátil posterior inferior — também é delgado, quadrilátero na junção das regiões torácica e lombar. Tem origem nos processos espinhosos das duas vértebras torácicas inferiores e das duas ou três vértebras lombares superiores. Seus ligamentos supraespinais é através de uma delgada aponeurose que se mescla com a parte lombar da fáscia toracolombar. Ele se insere lateralmente, por dentro das bordas inferiores e superfícies externas das quatro costelas inferiores. Esse músculo pode ter menos digitações e, em raríssimos casos, haver ausência total do músculo. Sua inervação é realizada pelos ramos anteriores do 9º, 10º, 11º e 12º nervos espinais torácicos. Sua ação é "puxar" as costelas inferiores para baixo e para trás. Veja a seguir as �guras 2a, 2b e 2c, elas apresentam os músculos intermediários e profundos do dorso. Esses músculos possuem uma característica mais aeróbia, pois são posturais ou de sustentação. Figura 2a: Músculos intermediários e profundos do dorso | Fonte: PUTZ e PABST, 2010. Figura 2b: Músculos intermediários e profundos do dorso | Fonte: PUTZ e PABST, 2010. Figura 2c: Músculos intermediários e profundos do dorso | Fonte: PUTZ e PABST, 2010. Você é capaz de passar a maior parte do dia em pé, não é mesmo? Então, tente passar esse tempo com o membro superior elevado, a 90º de abdução com o cotovelo em extensão... Jovem com membro superior elevado com 90º de abdução de ombro e com o cotovelo em extensão. Como pôde perceber, você não consegue �car nem perto do tempo que seus músculos posturais suportam. Isso ocorre, porque o músculo super�cial (deltoide), em nosso exemplo, é de movimento, possui uma menor característica aeróbia em comparação aos músculos profundos. Por esta razão os músculos profundos, ou intrínsecos do dorso são muito mais resistentes que os músculos super�ciais. A seguir, acompanhe o quadro dos músculos profundos do dorso. Veja que são muitos. Nas �guras, você pode identi�car suas posições anatômicas e, no quadro, suas origens e inserções. Assim, �ca mais fácil entender suas ações. Músculo Origem Inserção Ação Inervação Esplênioda cabeça 1/3lateral da linha nucalsuperior e processo mastoide do osso temporal Processosespinhosos da C7 à T4 Extensão,inclinação e rotação homolateral da cabeça Nervosespinhais do segmento correspondente Esplêniodo pescoço Processotransverso das três primeiras vértebras cervicais Processoespinhoso da T3 à T6 Extensão,inclinação e rotação homolateral da cabeça Nervosespinhais do segmento correspondente Semiespinhalda cabeça Entrea linha nucalsuperior e inferior Processotransverso da T1 à T7 e processos articulares da C5 a C7 Extensãoda cabeça e inclinação homolateral da cabeça Nervosespinhais do segmento correspondente Semiespinhaldo pescoço Processoespinhoso da C1 à C7 Processostransversos das T1 à T6 Extensãoe rotação Contralateral do Pescoço Nervosespinhais (ramos dorsais) Semiespinhaldo tórax Processoespinhoso C6 a T4 Processostransversos das T6 à T10 Extensãoe rotação contralateral do pescoço Nervosespinhais (ramos dorsais) Retoposterior maior da cabeça Linhanucalinferior Processoespinhoso do áxis Extensãoda cabeça e rotação contralateral Plexocervical (C1) Retoposterior menor da cabeça Linhanucalinferior Tubérculodo arco posterior do atlas Extensãoda cabeça Plexocervical (C1) Oblíquosuperior da cabeça Entreas linhas nucaissuperior e inferior Processotransversodo atlas Extensão,inclinação homolateral e rotação contralateral da cabeça Plexocervical (C1) Eretoresda espinha Ligadoao semiespinhal da cabeça Processosespinhosos C2 a C4 e processos espinhosos T11 a L2 Extensãoda coluna vertebral Processosespinhosos das torácicas superiores (varia de 4 a 8) e nervos espinhais(ramos dorsais) Iliocostal (+ lateral) Porçãocervical: inserçãosuperior:processos transversos de C4 à C6;porçãotorácica: inserção superior: ângulo da 6 primeiras costelas e processotransverso de C7;porçãolombar: inserção superior: ângulo das 6 últimas costelas. Porçãocervical: ângulo da 3ª à 6ª costela;porçãotorácica:ângulodas 6 últimas costelas;porçãolombar: face dorsal do sacro. Extensãoe inclinação homolateral da coluna vertebral Nervosespinhais (ramos dorsais) Rotadores Estende-se do sacro até a C2 da vértebra suprajacente Ligam o processo transverso de uma vértebra com o processo espinhoso Extensão e rotação contralateral da coluna vertebral Nervos espinhais do segmento correspondente Multífidos Dorso do sacro, EIPS, processos mamilares das lombares, processo transverso das torácicas e processos articulares da C4 à C7 Processo espinhoso de 3 a 5 vértebras acima Estabilização e extensão da coluna vertebral Nervos espinhais do segmento correspondente Intertransversais Processo espinhoso da vértebra superior Processo transverso da vértebra inferior Inclinação homolateral da coluna vertebral Nervos espinhais do segmento correspondente Interespinhais Processo espinhoso da vértebra superior Processo espinhoso da vértebra inferior Extensão da coluna vertebral Nervos espinhais do segmento correspondente Quadro: Quadro dos músculos profundos do dorso | Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-muscular/musculos-do-dorso/. Acesso em: 25 out. 2018 Veja que, no quadro, estudamos a origem, a inserção, a ação e a inervação. Comentário O sentido no qual o músculo se direciona indica sua ação que, grosso modo, seria gerar a aproximação entre seu ponto de origem e seu ponto de inserção. Logo, o sentido das �bras de�ne a direção de sua ação ao se contrair. Vamos exempli�car rapidamente alguns conceitos: Origem Os músculos se inserem nos ossos (no periósteo) por meio dos tendões ou aponeuroses, logo a ideia inserção proximal (ou distal) caberia. Ponto �xo Vamos pensar no ponto do romboide maior, ele tem origem nos processos espinhosos e ligamentos supraespinhais da segunda a quinta vértebras torácicas (T2 a T5) e se insere na borda medial da escápula. Comentário O ponto �xo é a origem (T2 a T5) e o ponto móvel é a borda medial da escápula, que é onde ocorre o movimento, ou seja, quando o romboide maior se contrai aproxima a escápula da coluna vertebral (T2 a T5). Percebeu? Em nosso exemplo, a origem é obrigatoriamente o ponto �xo e a inserção é obrigatoriamente o ponto móvel. Essa situação pode ser diferente, ou seja, o ponto de origem pode ser, de forma funcional, o ponto móvel ao invés de ponto �xo. Mas voltaremos a este assunto mais à frente, na Aula 8. Agora que estudamos os músculos do dorso, vamos a nossa atividade, visando �xar aquilo que aprendemos. Atividade 1. O dorso corresponde à região posterior do tronco, logo algumas estruturas de máxima importância para a postura se encontram lá, como é o caso da coluna vertebral. Diante disso, responda: Como se dividem os músculos do dorso e, há diferenças entre estes grupos? Explique. 2. Baseado em sua resposta da questão anterior e entendendo que os músculos extrínsecos do dorso realizam especialmente movimentos dos membros e respiratórios, responda: origem, inserção e ações do músculo latíssimo do dorso. 3. Quais são a origem, inserção, ação e inervação do músculo serrátil posterior superior? Notas Grupo de músculos extrínsecos do dorso1 O movimento de extensão do braço ocorre por ação do músculo latíssimo do dorso, sendo este um músculo localizado no dorso (músculo super�cial ou extrínseco). Grupo dos músculos intrínsecos (próprios do dorso)2 Esses músculos profundos realizam a importante tarefa de manutenção da postura, veja, tanto sentado quanto em pé a coluna vertebral precisa ser estabilizada, diversos músculos precisam ser ativados para realizar essa tarefa. Assim, �ca evidente, perante suas funções, que os músculos profundos do dorso (intrínsecos) possuem uma característica de resistência maior que os músculos extrínsecos, demonstrando a particularidade mais aeróbia desses músculos. Referências MOORE, K. Anatomia: orientada para a clínica. 7. ed., Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2014. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2004. PUTZ, R.; PABST, R. Sobotta atlas de anatomia humana. 23. ed., Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010. STANDRING, S. (Ed.). Gray's anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. TORTORA, G. J. Corpo humano: fundamentos de anatomia e �siologia. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2000. Próxima aula Osteologia do tórax; Osteologia do tórax; Articulações do tórax — manutenção adequada da articulação de cada osso do gradil costal; Movimentos de cada articulação e sua relação com a respiração. Explore mais Na aula passada, indicamos a você os vídeos de Anatomia 3D da universidade de Lyon. Para o tópico estudado hoje, esses vídeos ainda valem a pena, e indicamos ainda uma visita à biblioteca da Estácio, tanto a virtual como a física. Na biblioteca, escolha um atlas de Anatomia e veri�que os músculos extrínsecos e intrínsecos do dorso, relacione o que você estudou nesta aula com o material proposto no livro. Vale o exercício! Assista aos vídeos: UNIVERSIDADE de Lyon. Anatomia 3D. <https://www.youtube.com/channel/UCysFGqc3xKggpptgl7k9XYg/videos> https://www.youtube.com/channel/UCysFGqc3xKggpptgl7k9XYg/videos