Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br 1- Introdução: I- Conceito- é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo estatal, em face de atos humanos considerados infrações penais, tipificando os crimes e cominando as respectivas penas. II- Fontes do Direito Penal- fonte é o local de onde provém o direito, bem como a forma como se exterioriza. Podem ser: a) Material- é o local em que o direito é criado. No Direito Penal, quem cria a norma é a União, através de seu Poder Legislativo (art. 22, inc. I, da CF). Porém, os Estados-Membros também podem legislar sobre o assunto, desde que autorizados pela União por lei complementar (art. 22, parágrafo único, CF). b) Formal- é a forma pelo qual o direito se exterioriza. Se divide em: b.1) Imediata- é a lei; b.2) Mediata- são os costumes, os princípios gerais do direito e, para alguns, os atos administrativos. Obs: costumes não revogam lei; a norma penal incriminadora, por força do princípio da legalidade, só pode ser revelada por lei; já a norma penal não incriminadora pode ser criada ou revogada por lei, costumes e princípios gerais do direito. III- Integração da lei penal- o sistema jurídico não pode ser lacunoso. Portanto, é utilizado a analogia (apenas a in bonam partem), os costumes e os princípios gerais do direito para evitar as lacunas. IV- Interpretação da lei penal- é a busca do sentido e do alcance da lei. É o que chamamos de hermenêutica jurídica. Utilizamos três sistemas: a) Quanto à origem: autêntica, doutrinária e jurisprudencial; b) Quanto ao modo: literal, teleológica, histórica e sistemática; c) Quanto ao resultado: declarativa, extensiva e restritiva. V- Espécies de normas penais: a) Incriminadoras- são as que descrevem os delitos (preceito primário) e as respectivas sanções (preceito secundário); b) Permissivas- podem ser justificantes (causas excludentes de ilicitude) e exculpantes (causas excludentes de culpabilidade); c) Em branco- são as que o preceito secundário (pena) está completo, dependente o preceito primário de complementação. Podem ser homogêneas (ver artigos 312 e 327 do CP) e heterogêneas (art. 33, da lei nº 11.343/06 e portaria 344 do Ministério da Saúde). Atenção para a norma penal em branco ao avesso, que é aquela em que o preceito primário está completo, dependendo o preceito secundário de complementação (art. 1º da lei 2889/56), e para a norma penal em branco dupla face (ambos os preceitos da norma penal precisam de complementação). Ex: art. 304 do CP. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br VI- Princípios do Direito Penal a) Dignidade da pessoa humana- é o epicentro da ordem jurídica. O Estado e o direito não são fins, e sim meios para a realização da dignidade do homem. Portanto, são inconstitucionais penas cruéis, infamantes, tortura, maus- tratos, perpétuas, de morte (salvo no caso de guerra declarada) e qualquer forma de violação a incolumidade física-psíquica de alguém. Nucci explica o princípio sob a ótica objetiva (garantir o mínimo de subsistência ao ser humano) e subjetiva (assegurar o bem estar individual, calcado na auto estima e na respeitabilidade diante da sociedade). Alguns autores também chamam esse princípio de humanidade; b) Alteridade- não é punida a autolesão, somente sendo punível a lesão ou ameaça a bem jurídico de terceiros; c) Intervenção Mínima- o Direito Penal só deve agir quando os outros ramos do direito se mostrarem ineficazes para proteger o bem jurídico tutelado, funcionando assim como a ultima ratio; d) Fragmentariedade- o Direito Penal só protege alguns fragmentos de direitos, que são transformado em tipos penais; e) Ofensividade- para que haja crime, é necessário a lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico; f) Insignificância- a lesão ao bem jurídico deve ser relevante e significante. Caso contrário, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). O STF já decidiu que para a conduta ser considerada insignificante, é necessário: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada; g) Individualização da pena- cada réu deve ter sua pena analisada, aplicada, graduada, de forma individual; h) Instranscendência- nenhuma pena ou processo passarão da pessoa do condenado; i) In dubio pro reo- na dúvida, o réu deve ser absolvido. 2- Da Aplicação da lei penal I- Princípio da legalidade (art. 1º, CP)- “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. É a conjugação dos princípios da reserva legal e da anterioridade. O princípio da reserva legal não permite que medidas provisórias, leis delegadas, atos administrativos, analogia e costumes possam criar delitos e cominar penas, que só podem ser criados pela União, através de seu Poder Legislativo Federal (Congresso Nacional), através de emendas constitucionais, leis ordinárias ou leis complementares. Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade, proporcionalidade, adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes requisitos/princípios, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br II- Lei penal no tempo (art. 2º, CP)- vigora o princípio da “tempus regit actum”, ou seja, aplicamos a lei vigente no momento da prática do crime. Porém, pode haver o conflito de leis penais no tempo, que é resolvido pelos princípios da irretroatividade da lei penal mais severa e da retroatividade da lei penal mais benéfica. Aqui nascem as seguintes situações: a) Abolitio criminis- (art. 2º, caput): “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. Atinge inclusive processos com trânsito em julgado. Desaparecem os efeitos penais principais e secundários, só não desaparecendo o dever de indenizar (efeito civil da condenação); b) Novatio legis incriminadora- é aquela lei que cria o delito. É irretroativa, só valendo para os fatos praticados após a sua vigência; c) Novatio legis in mellius- (art. 2º, parágrafo único): “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. É retroativa, atingindo inclusive processos com trânsito em julgado; d) Novatio legis in pejus- é uma lei que de qualquer forma piora a situação do réu. É irretroativa, só valendo para os fatos praticados após a sua vigência; ATENÇÃO 1! Crimes permanentes e continuados (Súmula 711, STF): “A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA”; ATENÇÃO 2! Competência para aplicar a lei mais benéfica: depende do andamento do processo, podendo ser declarado em 1º e 2º Grau, ou pelo Juiz da Execução. ATENÇÃO 3! Pode o juiz combinar as leis para beneficiar o réu? O STF e o STJ mudaram o seu posicionamento, não podendo mais haver a combinação de leis, mesmo que seja para beneficiar o réu. Súmula 501 do STJ: “é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindoda aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis”. III- Lei excepcional e temporária (art. 3º, CP)- “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. Salvo disposição legal em contrário, são auto-revogáveis e ultrativas (efeito carrapato). Portanto, salvo disposição em contrário, o princípio da retroatividade benigna não se aplica às hipóteses da lei excepcional ou temporária. IV- Tempo do crime (art. 4º, CP)- “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. É importante para saber sobre a capacidade penal do agente, bem como sobre a lei aplicável ao fato. O CP adotou a teoria da atividade. A exceção é a prescrição, que adotou a teoria do resultado. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br V- Lugar do crime (art. 6º, CP)- “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. É importante para resolver os crimes à distância (são aqueles que começam em um país e terminam em outro país). O CP adotou a teoria da ubiquidade. No caso dos delitos plurilocais, deve ser observado o artigo 70 do CPP (teoria do resultado), exceto nos crimes dolosos contra à vida, nos regulados pelo ECA e pelo JECRIM, onde prevalecerá a teoria da atividade nos dois primeiros, e a teoria da ubiquidade no terceiro. LEMBRE-SE, NA CÓDIGO PENAL: LUTA- Lugar do crime- ubiquidade; Tempo do crime- atividade VI- Conflito aparente de normas- ocorre quando duas ou mais normas aparentam regular o mesmo fato. É resolvido pelos seguintes princípios: a) Especialidade; b) Subsidiariedade; c) Consunção- se subdivide em crime progressivo, progressão criminosa, “antefactum” não punível, “postfactum” não punível e crime complexo; d) Alternatividade. VII- Lei penal no espaço- possui os seguintes princípios: a) Territorialidade (art. 5º, CP)- “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. Vejam que o próprio artigo mitiga o princípio da territorialidade. Ex: diplomatas possuem imunidade penal absoluta; cônsul imunidade relativa; b) Territorialidade por extensão (art. 5º, parágrafo 1º e 2º): “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar”. “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”; c) Extraterritorialidade (art. 7º, CP)- esta se divide em: c.1) incondicionada (combinação do inciso I com o parágrafo 1º): “ inciso I- os crimes: contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; contra a administração pública, por quem está a seu serviço; de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. “Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”. Lembrar ainda sobre o disposto na lei nº 9455/97 (lei de tortura), que prevê hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, nos casos de vítima brasileira ou se o agente, após cometer o crime de tortura, estiver em local de jurisdição brasileira; http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br c.2) condicionada (combinação do inciso II com o parágrafo 2º): “inciso II - os crimes: que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados por brasileiro; praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”. “Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável”; c.3) crime praticado por estrangeiro contra brasileiro no exterior (combinação do parágrafo 2º com o 3º): “A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior, combinada com mais dois requisitos: não for pedida ou for negada a extradição, e houver requisição do Ministro da Justiça”. Observação: não há extraterritorialidade para as contravenções penais praticadas no exterior. VIII- Proibição do “bis in idem” (art. 8º, CP): “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”. IX- Eficácia da sentença estrangeira (art. 9º, CP)- em regra, a sentença estrangeira não produz efeitos no Brasil. Para produzir alguns efeitos, deve ser homologado pelo STJ, para obrigar a reparação dos danos e outros efeitos civis, ou sujeitar o réu a medida de segurança. Para os efeitos civis, a homologação deve ser requerida pela parte interessada. No caso da medida de segurança, não será necessário o pedido ser houver tratado de extradição entre os países, sendo necessário o pedido do Ministro da Justiça no caso de ausência de tratado. Para os efeitos penais, não é necessário a homologação, bastando à prova legal da existência da sentença estrangeira. X- Prazo penal (ler art. 10, CP): “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. No prazo penal, inclui-se o dia do começo, excluindo-se o dia do final. O prazo penal não se prorroga, vencendo mesmo que termine em dia não útil ou sem expediente forense. 3- Teoria do Crime I- Infração Penal- crime ou delito e contravenção (divisão dicotômica). Não existe diferença ontológica de crime e contravenção. O artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal faz distinção de acordo com a pena aplicada. “Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br II- Conceito de crime: a) Material- é a lesão ou risco de lesão de bens jurídicos fundamentais para a vida em sociedade. Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade, proporcionalidade,adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes requisitos/princípios, o fato será materialmente atípico. b) Formal- é a conduta abstrata descrita no tipo penal; c) Analítico- crime é todo fato típico e ilícito (antijurídico). III- Elementar e circunstância- elementar é todo dado tipificante, essencial ao delito que, se ausente, o exclui (Ex: art. 319, CP). Já a circunstância é dado acessório que, se ausente, só influi na quantidade de pena (Ex: art. 150, parágrafo 2º, CP). IV- Sujeito ativo (pessoa física ou jurídica) e Sujeito Passivo (constante ou formal- Estado- e eventual ou material- vítima). V- Objeto do crime- se divide em objeto jurídico (é o bem ou interesse jurídico tutelado pela norma penal- ex: a vida, no crime de homicídio) e objeto material (é a pessoa ou o objeto atingido- ex: o homem vivo, no crime de homicídio). VI- Classificação Doutrinária dos Crimes (é importante conhecer bem essa classificação): a) Comum- são os crimes descritos no Código Penal; b) Especial- são os crimes descritos na Legislação Especial. Ex: tráfico de drogas (art. 33, lei nº 11.343/06); c) Comum- são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. Ex: homicídio; d) Próprio- são aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo. Ex: infanticídio; e) De mão própria- são aqueles que não existe coautor, podendo, contudo, haver partícipe. Ex: falso testemunho; f) De dano- sua consumação depende da efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio; g) De perigo- sua consumação se dá com a simples possibilidade de dano. Ex: perigo de contágio venéreo; h) Material- são aqueles em que a ocorrência do resultado naturalístico é imprescindível para a consumação. Ex: homicídio; i) Formal- são aqueles em que a lei penal prevê a possibilidade de resultado naturalístico, mas ele se consuma independentemente da ocorrência o resultado. Ex: extorsão mediante sequestro; j) De mera conduta- são aqueles em que não existe resultado naturalístico. Ex: omissão de socorro; k) Comissivo- praticados mediante ação; l) Omissivo- praticados mediante omissão; m) Unissubsistente- são aqueles que se perfazem em um único ato, não admitindo assim a tentativa. Ex: ato obsceno; n) Plurissubsistentes- são aqueles que se perfazem com vários atos, admitindo assim tentativa. Ex: furto; http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br o) Unissubjetivo- são aqueles que podem ser cometidos por um único agente. Ex: roubo; p) Plurissubjetivo- são aqueles que se exige mais de um autor. Ex: rixa; q) Culposo- o agente age por negligência, imprudência ou imperícia; r) Doloso- o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo; s) Preterdoloso- dolo no antecedente e culpa no consequente; t) Mono-ofensivo- a conduta lesa apenas um objeto jurídico. Ex: homicídio; u) Pluriofensivo- a conduta lesa mais de um objeto jurídico. Ex: latrocínio. VII- Fato típico- é o primeiro elemento do crime no conceito analítico. É formado pelos seguintes elementos: a) Conduta- é a ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dolosa ou culposa, dirigida à uma finalidade. a.1) ação ou omissão- quando o verbo núcleo do tipo exige uma conduta positiva do agente, estamos diante de um crime comissivo. Ex: matar alguém. Já a omissão, por si só, não gera punição alguma, a não ser nos casos em que a lei determina um dever jurídico de agir, resultando daqui os crimes omissivos, que se dividem em próprios e impróprios. Nos próprios, o tipo penal descreve uma conduta omissiva, devendo o agente agir para não praticar o delito. O tipo penal não descreve qualquer resultado naturalístico (são crimes de mera conduta). Ex: omissão de socorro. Já nos impróprios ou comissivos por omissão, o agente se omite e ocorre um resultado naturalístico, sendo que a lei obrigava o agente a agir e evitar a produção do resultado (tinha o dever jurídico de agir e de evitar o resultado). Para que haja a responsabilização, deve haver o binômio (devia e podia agir). Essas hipóteses estão previstas no artigo 13, parágrafo 2º, do CP: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”. a.2) voluntária e consciente- a conduta deve ser voluntária, já que a involuntariedade gera a atipicidade da conduta, já que se exclui a ação, excluindo-se assim a conduta e o fato típico, consequentemente. Ex: coação física irresistível, atos reflexos e hipnose. Cuidado que tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos a conduta tem que ser voluntária. A conduta também tem que ser consciente. Ex: empregada que empresta sal, quando o patrão, sem ela saber, coloca veneno para matar o vizinho, não podendo assim a empregada ser punida, punindo-se apenas o patrão (autoria mediata). A doutrina aponta também as doenças do sono como excludente da consciência. a.3) dolo, culpa e preterdolo- o artigo 18, inciso I, do CP, traz os conceitos de dolo direto (teoria da vontade- o agente prevê e quer o resultado) e indireto, que pode ser alternativo e eventual, na modalidade eventual (teoria do assentimento- o agente prevê e assume o risco de produzir o resultado- é indiferente para o resultado). A culpa (negligência, imprudência e imperícia) está prevista no artigo 18, inciso II. Fora os requisitos normais de qualquer delito (conduta, resultado, nexo causal e tipicidade), deve haver a inobservância do dever de cuidado objetivo e a previsibilidade do resultado objetivo (são aqueles exigidos de qualquer pessoa mediana). Só existirá crime culposo quando houver expressa disposição legal (artigo 18, parágrafo único). http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br São espécies de culpa: inconsciente (o agente não prevê o resultado, que é previsível, agindo por negligência, imprudência ou imperícia); consciente ou com previsão (o agente prevê o resultado, mais acredita que conseguirá evitá-lo, que o resultado não ocorrerá, não obtendo êxito em seu intento– lembrar da distinção com dolo eventual- fodeu, no primeiro caso, e foda-se, no segundo); imprópria ou por equiparação (o agente age de forma dolosa, acreditando estar acobertado por alguma excludente que, se existisse, tornaria legítima a sua conduta. É a única espécie de culpa que admite tentativa- lembrar do exemplo do pai que mata a filha que vai e volta da balada escondida, achando-se tratar de um ladrão que esta invadindo a residência). No direito Penal não há compensação de culpas (culpa concorrente), só se livrando o agente nos casos de culpa exclusiva da vítima. No preterdolo, existe dolo no antecedente e culpa no consequente. São crimes que se qualificam pelo resultado culposo. O agente quer produzir um resultado, mas em virtude de sua conduta dolosa, acaba produzindo um resultado mais grave, a título de culpa. Ex: lesão seguida de morte. Nos crimes preterdolosos, não há que se falar em possibilidade de tentativa. B) Resultado- seu conceito varia de acordo com a teoria: b.1) Teoria naturalística- é a modificação do mundo exterior ocasionada pela conduta do agente. Daqui surgem os crimes materiais, formais e de mera conduta. b.2) Teoria normativa ou jurídica- é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico penalmente tutelado. Daqui surgem os crimes de dano e de perigo. ATENÇÃO! Portanto, há crime sem resultado naturalístico,mas não há crime sem resultado normativo. C) Nexo causal- é o vínculo estabelecido entre a conduta e o resultado naturalístico. Portanto, só é importante nos crimes materiais e nos comissivos por omissão (omissivos impróprios). Em outras palavras, estabelecer o nexo causal nada mais é que verificar qual conduta deve responder pelo resultado naturalístico. O CP adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), que considera como causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Deve ser feito um processo hipotético de eliminação, ou seja, se a conduta excluída não interferir no resultado, não será considerada causa. Para evitar a responsabilização infinita, deve verificar a existência de dolo na conduta do agente (nexo de causalidade psíquico) pois, caso contrário, o fabricante de uma arma responderia pelo homicídio, por exemplo. Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado. As absolutamente independentes são as que, por si só, produzem o resultado naturalístico. Sejam preexistentes, concomitantes ou supervenientes sempre rompem o nexo causal, respondendo o agente apenas pelos atos praticados. Já as relativamente independentes surgem da conduta do autor. As preexistentes, concomitantes e supervenientes que por si só não produziriam o resultado não rompem o nexo causal, respondendo o agente pelo resultado, enquanto as supervenientes que por si só produzem o resultado sim, respondendo o autor apenas pelos atos já praticados (nesse caso o CP adotou a teoria da causalidade adequada). http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br Ex: O agente dá uma facada na perna da vítima em região não letal, que falece ao caminho do hospital, em razão de um acidente automobilístico. O agente responderá apenas pelo crime de lesão corporal. Nucci ensina que para saber se haverá o rompimento do nexo causal deve-se fazer duas perguntas: a causa relativamente independente superveniente era imprevisível para o agente? Sozinha, provocaria o resultado? Respondendo afirmativamente as duas questões, rompe-se o nexo causal, respondendo o agente apenas pelos atos praticados. Teoria da Imputação Objetiva: Essa teoria é um terceiro filtro ao nexo causal. Lembrem que o nexo causal é formado pela junção da causalidade física (teoria conditio sine qua non), pela causalidade normativa (evita o regresso ao infinito pois só responde pelo crime aquele que deu causa ao resultado naturalístico por dolo e culpa), e agora a teoria da imputação objetiva. Em momento algum essa teoria consagra a responsabilidade penal objetiva. Deveria, na verdade, se chamar de teoria da restrição da imputação, pois o agente responderia criminalmente apenas quando criar um risco socialmente inadequado, isto é, um risco proibido. Exemplo: filho convida o pai para pescar em uma parte perigosa do Rio Piracicaba, com a intenção de que o pai escorregasse na pedra e morresse. Realmente, o pai aceita o convite, vai pescar, escorrega, cai no rio e morre afogado. Pergunta-se: 1) pela teoria da equivalência dos antecedentes causais, o filho deu causa a morte do pai? Sim, passando-se pelo primeiro filtro! 2) O filho teve dolo ou culpa? Sim, pois convidou com essa intenção, passando-se pelo segundo filtro! 3) O filho criou um risco socialmente inadequado, ou seja, é proibido convidar alguém para pescar na parte perigosa do rio? Não! Pela teoria da imputação objetiva, o filho não pode ser punido, pois não se pune a mera cogitação, já que o filho em nada contribuiu para que o pai escorregasse nas pedras e morresse afogado. Os requisitos da imputação objetiva são: - a conduta deve criar um risco socialmente inadequado: Ex: farmacêutico que vende remédio vencido; - o risco socialmente inadequado deve ser a causa do resultado naturalístico: Ex: a pessoa morre em razão do remédio estar vencido; - o resultado naturalístico deve estar abrangido pelo tipo penal: considera-se que o resultado não estará abrangido pelo tipo penal quando a vítima assumir voluntariamente o resultado advindo do perigo e quando a causa principal do resultado foi emanada de uma pessoa que tinha o dever jurídico de impedir o resultado. Ex: jogador de futebol tem problema cardíaco, mas implora para o médico que o libere para o jogo, assinando termo de responsabilidade. O médico não responde pela morte, pois o risco foi assumido voluntariamente pelo agente. Ex. 2: corto a perna de uma pessoa, que vai ao hospital para dar pontos e o médico, por imperícia, acaba amputando a perna da pessoa. Eu não responderei pela lesão corporal qualificada. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br D) Tipicidade- é o enquadramento da conduta praticada pelo sujeito ativo à definição típica legal. Chamamos este processo de adequação típica. A tipicidade é indício da ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja antijurídica, salvo quando existente alguma causa excludente de ilicitude. A tipicidade desdobra-se em dois aspectos: - Formal -> subsunção. - Material -> lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado. Ex: Princípio da insignificância torna o fato atípico. Em todos os casos o fato se encaixa no tipo, existe a tipicidade formal. Fato formalmente típico e materialmente atípico. No princípio da Insignificância, a lesão ao bem jurídico deve ser relevante e significante. Caso contrário, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). O STF já decidiu que para a conduta ser considerada insignificante, é necessário: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. ATENÇÃO: SÚMULA 589 DO STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”. ATENÇÃO 2: SÚMULA 599 DO STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública”. ATENÇÃO 3: SÚMULA 606 DO STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. Excludentes de ilicitude (art. 23) Ilicitude é o segundo elemento do conceito analítico de crime. É a contradição do fato, adequado ao modelo legal, com o ordenamento jurídico, constituindo a lesão de um interesse penalmente protegido. Conforme outrora mencionado, a tipicidade é indício da ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja antijurídica, salvo quando existente alguma causa excludente de ilicitude, que tornará a conduta típica em lícita. São excludentes de ilicitude: a) Estado de necessidade (artigo 24): ocorre quando diante de uma situação de perigo, dois bens penalmente tutelados são colocados em conflito, e, não havendo como tutelar ambos, permite-se a proteção de um dos bens jurídicos mediante a lesão do outro. São requisitos para a sua configuração: I- Perigo atual ou iminente proveniente de fato da natureza, humano ou animal- perigo é a probabilidade do dano; II- Ameaça a direito próprio ou alheio; http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536| www.proordem.com.br III- Situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente- a doutrina diverge se apenas a conduta dolosa não afasta a possibilidade de invocar o estado de necessidade, ou se a conduta culposa também afastaria a possibilidade de invocar essa excludente. Prevalece que apenas a dolosa impede a invocação da excludente; IV- Inevitabilidade do comportamento lesivo- a conduta deve ser a única capaz de salvar o bem. Ex: não haverá se bastasse um pedido de socorro; V- Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado- deve haver a ponderação dos bens: o bem salvo deve ser de maior valor ou de valor igual ao bem sacrificado. Se menor, redução de 1/3 a 2/3, conforme parágrafo 2º do artigo 24; VI- Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo- porém, não é exigido heroísmo; VII- Elemento subjetivo- é o conhecimento da excludente. ATENÇÃO! O excesso doloso será punível. O culposo apenas se houver previsão de culpa. Cuidado com o erro de tipo permissivo. ATENÇÃO 2! Classificação do estado de necessidade: I- Quanto ao titular o interesse protegido- próprio ou alheio; II- Quanto ao aspecto subjetivo- real ou putativo; III- Quanto ao terceiro que sofre a ofensa- defensivo ou agressivo. É importante porque gerará reflexos no cível. O defensivo impede inclusive a ação civil “ex delicto”. b) Legítima defesa (art. 25, CP)- ocorre quando alguém, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. São requisitos: I- Existência de agressão humana injusta atual (que está acontecendo) ou iminente (que está prestes a acontecer) - a mera provocação não legitima a reação, podendo ser reconhecido em seu favor uma causa de diminuição de pena. O uso de animal como instrumento (autoria mediata) também enseja a legítima defesa. Caso contrário, o ataque de animal configurará estado de necessidade; II- Direito próprio ou alheio; III- Uso dos meios necessários para repeli-la; IV- Uso moderado dos meios necessários; V- Elemento subjetivo. Obs: o excesso doloso será punível. O culposo se houver previsão de culpa. Cuidado com o erro de tipo permissivo. Não é possível legítima defesa de legítima defesa, pois a agressão deve ser injusta. Só será possível no excesso da legítima defesa, onde teremos a legítima defesa sucessiva. c) Exercício regular de direito- se o ordenamento jurídico confere um direito a alguém, é obvio que seu exercício não será criminoso. Também é claro que o excesso, doloso ou culposo, será punível, pois estaria havendo um abuso de direito. Tem que haver o elemento subjetivo. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br d) Estrito cumprimento do dever legal- é dirigido aos agentes públicos. Também será punível os excessos. Tem que haver o elemento subjetivo. Observação 1: Ofendículos- constituem todos os elementos empregados regularmente, de maneira previamente instalada, para a proteção de algum bem jurídico. A jurisprudência exige que o aparato seja visível e inacessível a terceiros inocentes, bem como que esteja em acordo com a legislação. Alguns entendem que trata-se de hipótese de exercício regular de direito, outros de legítima defesa preordenada. Observação 2: Causa supralegal de exclusão da ilicitude: embora não tenha previsão legal, são aceitas de forma pacífica na doutrina e na jurisprudência, pois estão respaldadas pelos princípios do Direito Penal. Como por exemplo podemos citar o consentimento da vítima nos bens jurídicos disponíveis. Culpabilidade e suas excludentes Conceito: é pressuposto para aplicação da pena, ou seja, para se impor a pena, é necessário existir a culpabilidade, que nada mais é que um juízo de reprovabilidade, de censura sobre a conduta, sobre o fato. O CP adotou a teoria normativa pura da culpabilidade, sendo que, para as descriminantes putativas, adotou a teoria limitada da culpabilidade. Para que haja culpabilidade, é necessário a existência cumulativa de três elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. a) Imputabilidade (artigo 26): é a capacidade mental de entender o caráter ilícito do fato, ou seja, de distinguir o certo do errado, e de se determinar-se de acordo com esse entendimento (de se autocontrolar). Deve-se fazer presente no momento da conduta. Observe que o CP define, no art. 26, o conceito de inimputabilidade, devendo seu conceito ser formado a “contrario sensu”. Se inicia na zero hora em que o agente completa 18 anos. É excluída pela: - inimputabilidade- é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que supra totalmente o entendimento do ilícito e a forma de se autodeterminar de acordo com esse entendimento(art. 26, CP- adotou o critério biopsicológico). Deve estar presente no momento da conduta. Gerará a absolvição imprópria (o juiz deve aplicar medida de segurança) ou absolvição própria (caso fique comprovado à ausência de fato típico ou de ilicitude); - menoridade penal- os menores de 18 anos são inimputáveis por expressa disposição legal, respondendo de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (adotou o critério biológico); - embriaguez acidental completa e involuntária, decorrente de caso fortuito ou força maior (art. 28, parágrafo 1º)- a embriaguez possui três fases: excitação, depressão, sono e litargia. Considera-se completa a embriaguez nas duas últimas fases, pois ela retira por completo a capacidade de entendimento do agente e de se autodeterminar com a situação (adotou o critério biopsicológico). O agente é absolvido (absolvição própria), não cabendo aqui medida de segurança. Ex: trote acadêmico, na força maior, e bar com amigos, no caso fortuito; http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br - dependência de drogas ou intoxicação involuntária por drogas (vide lei de drogas- 11.343/06). ATENÇÃO! Apenas reduzem a censurabilidade: - semi-imputabilidade (artigo 26, parágrafo único)- a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, ou ser aplicada medida de segurança; - embriaguez acidental incompleta e involuntária, decorrente de caso fortuito ou força maior (art. 28, parágrafo 2º)- nesse caso, o agente será condenado, sendo reconhecido em seu favor uma causa de diminuição de pena. Não cabe medida de segurança. ATENÇÃO 2! Não excluem a imputabilidade (art. 28, incisos I e II): - emoção e paixão- podem reduzir à pena como atenuante genérica ou em casos especiais, como no homicídio privilegiado; - A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo (teoria “actio liberain causu”- se dá quando o sujeito de propósito se coloca em situação de inconsciência para a prática de um crime)- o agente responde pelos atos praticados, sendo que, se for embriaguez preordenada (dolosa), ainda incidirá um aumento de pena, por ser agravante genérica. b) Potencial consciência da ilicitude- é a capacidade cultural de entender o caráter ilícito do ato praticado, ou seja, esse elemento será excluído quando o sujeito não tinha e nem poderia ter conhecimento da ilicitude do fato, em virtude de sua capacidade cultural. Ex: mesmo uma pessoa humilde, que mora em um sítio afastado da cidade, sem televisão, sabe que não se pode matar outra pessoa. É diferente do desconhecimento da lei, que não exclui a culpabilidade, podendo no máximo ser reconhecida como atenuante genérica. Ocorre com o erro de proibição, que é a falsa percepção da realidade que recai sobre a ilicitude da conduta, podendo ser invencível (exclui a culpabilidade-art. 21, CP) e vencível (diminui a pena de 1/6 a 1/3- art. 21, CP). O sujeito sabe exatamente o que faz, age com dolo, mas não sabe que o ato é lesivo e ilegal. Pensa que o direito lhe permite tal ato. c) Exigibilidade de conduta diversa- O agente só será punido se era possível exigir-se, diante das circunstâncias em que o fato ocorreu, outro comportamento. É excluída pela excludente conhecida como inexigibilidade de conduta diversa, que se divide em coação moral irresistível (art. 22, CP), e pela obediência à ordem não manifestadamente ilegal de superior hierárquico (art. 22, CP). Nesse caso, só os mandantes responderão pelo crime praticado. “Erro de tipo” É o erro sobre elementar, circunstância ou dado irrelevante da figura típica. Se divide em: a) Essencial- é o erro sobre elementar ou circunstância da figura típica. Se divide em Incriminador e Permissivo (descriminante putativa- é igual a culpa imprópria). http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br Ambos podem ser invencível, inevitável ou escusável (exclui o dolo e a culpa) ou vencível, evitável e inescusável (excluem o dolo, respondendo por culpa se houver previsão legal). ATENÇÃO 1! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à elementar: em uma sala de aula onde todos os alunos utilizam o mesmo computador fornecidos pela Instituição no ato da matrícula, o agente acreditando que o computador que está em cima da mesa é o seu, leva o do colega para casa, por engano. Vejam que o erro caiu sobre elementar, pois o crime de furto exige que a coisa seja alheia. Nesse caso, se o erro foi invencível, exclui-se o dolo e a culpa, não respondendo o agente por qualquer delito. Se for erro vencível (qualquer homem médio faria a distinção do computador), excluir-se-á o dolo, respondendo o agente apenas a título de culpa. Lembre-se que só existe crime na modalidade culposa quando expressamente mencionado em lei. No exemplo, o agente não responderia por delito algum, ante a inexistência de furto culposo. ATENÇÃO 2! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à circunstância: o agente mata uma pessoa que aparenta ter 40 anos. Quando se levanta a idade da vítima descobre-se que ela possui mais de 60 anos. Vejam que o erro recaiu sobre circunstância, já que trata-se de causa de aumento de pena do crime de homicídio. Ficando comprovado que o erro é invencível, estará excluída a causa de aumento de pena. ATENÇÃO 3! Exemplo de erro de tipo essencial permissivo: pai que mata a filha que sai escondido para a balada, pensando tratar-se de um ladrão. Se invencível, exclui o dolo e a culpa. S vencível, exclui o dolo, respondendo o agente por homicídio culposo. b) Acidental- é o erro de tipo em que o crime não estará excluído em hipótese alguma, já que o erro recai sobre dado irrelevante da figura típica. Se divide em: b.1) erro sobre o objeto: o agente furta uma bijuteria achando tratar-se de joia. Responderá mesmo assim pelo crime de furto; b.2) erro sobre a pessoa: o agente mata Carlos pensando tratar-se de Rodrigo. Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado Rodrigo, atribuindo-se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes. Exemplo: mãe, que sob a influência do estado puerperal, mata outra criança achando tratar-se de seu filho. Mesmo assim responderá pelo crime de infanticídio; b.3) erro na execução (“aberratio ictus”): o agente mata Carlos ao tentar matar Rodrigo. Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado Rodrigo, atribuindo-se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes; b.4) resultado diverso do pretendido (“aberratio criminis”): responderá o agente pelo resultado pretendido, se houver previsão de crime culposo. Exemplo: ao tentar quebrar uma vidraça com uma pedra (crime de dano), o agente acaba errando a vidraça e acertando uma pessoa que passava pelo local, respondendo assim por lesão corporal culposa. Caso não haja crime culposo pelo resultado praticado, responderá por tentativa de delito do primeiro delito. Caso o agente no exemplo acerte a vidraça e a pessoa, responderá por ambos os delitos, em concurso formal de infrações; b.5) erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”)- dolo geral. O agente acha que matou a vítima a facadas e, para livrar-se do corpo, o joga no rio. Ao ser localizado o corpo, descobre-se por exame que a vítima morreu por afogamento. Responderá da mesma forma pelo homicídio consumado. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br ATENÇÃO! Erro provocado por terceiro: responde pelo crime o terceiro que determinar o erro. VIII- Iter criminis- é o caminho do crime. Se divide em fase interna (cogitação) e fase externa (preparação, execução e consumação). Só haverá crime a partir do início da execução, salvo quando a lei punir expressamente os atos preparatórios. Ex: art. 253, 288 e 291, todos do Código Penal. IX- Crime consumado- (artigo 14, inciso I)- ocorre quando nele se reúnem todos os elementos do tipo penal. X- Crime tentado- (artigo 14, inciso II)- ocorre quando iniciada a execução, o delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. São espécies: a) Imperfeita ou propriamente dita- o agente não consegue realizar todos os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade; b) Perfeita ou crime falho- o agente realiza todos os atos de execução, mas o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade; c) Branca- o objeto material sequer é atingido pela conduta do agente; d) Cruenta- o objeto material é atingido pela conduta do agente; e) Abandonada ou qualificada- são os casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, que serão estudados em seguida; f) Quase crime- é o crime impossível. ATENÇÃO 1! A tentativa é causa obrigatória de diminuição de pena, aplicando a pena do delito consumado reduzida de 1/3 a 2/3, dependendo do iter criminis percorrido (artigo 14, parágrafo único). Porém, existem alguns crimes que mesmo a tentativa será punida com a pena do delito consumado, como por exemplo o artigo 352 do CP. ATENÇÃO 2! Não admitem a tentativa: a) Crimes culposos, exceto no caso de culpa imprópria; b) Crimes preterdolosos; c) Crimes omissivos próprios; d) Crimes habituais; e) Crimes unissubsistentes; f) Contravenções penais. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br XI- Desistência voluntária e arrependimento eficaz (artigo 15, CP)- na desistência voluntária o agente, antes de terminar os atos de execução, desiste de forma voluntária em não prosseguir com a prática do delito, respondendo assim apenas pelos atos até então praticados. Ex: após dar a primeira facada, e podendo dar a segunda, o agente desiste de prosseguir com a ação, respondendo apenas pela lesão corporal. Já no arrependimento eficaz o agente, após esgotar os atos executórios, não permite que o delito se consume, respondendo assim apenas pelos atos até então praticados. Se o delito se consumar, não terá o benefício. Ex: o agente, após dar todas as facadas necessárias, se arrepende a socorre a vítima, que não vem a óbito. Responderá apenas por lesão corporal. Veja que em ambos os casos, se exige a voluntariedade, e não a espontaneidade. XII- Arrependimento posterior (artigo 16, CP)- nos crimes sem violência ougrave ameaça à pessoa, restituindo a agente a coisa ou reparando o dano, até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário, a pena deve ser diminuída de 1/3 a 2/3. XIII- Crime impossível (art. 17)- o fato será atípico por ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto material. Se forem relativas, haverá crime. XIV- Concurso de pessoas (art. 29, CP): “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. a) Teorias- monista (autores e partícipes respondem pelo mesmo delito), dualista (o autor responde por um delito, e o partícipe por outro) e pluralista (cada partícipe responde por delito próprio, podendo responder inclusive por delitos diferentes). O CP adotou a teoria monista. Porém, há exceções de aplicação da teoria pluralista (art. 29, parágrafo 2º; art. 124 e 126 do CP). b) Requisitos: pluralidade de condutas (podem ser comissivas e omissivas, podendo haver uma conduta comissiva e outra omissiva na mesma situação, no caso dos crimes omissivos impróprios. Exemplo: o segurança de um banco, insatisfeito com o serviço, podendo evitar o assalto, deixa que o crime ocorra sem qualquer interferência. Sua conduta omissiva contribui para o sucesso da conduta comissiva do assaltante); relevância causal (típica) das condutas (a conduta deve ter alguma influência no resultado, sob pena de ser considerada atípica) e liame (vínculo) subjetivo (não se exige ajuste prévio, basta que um acabe aderindo à conduta do outro). Existindo esses três requisitos, todos os agentes responderão pelo delito, na medida de sua culpabilidade. Exemplo de não configuração: taxista que não sabe que está dando fuga a uma pessoa que acabou de furtar uma relojoaria. ATENÇÃO! Autoria colateral, autoria incerta e autoria mediata. Na autoria colateral, duas pessoas, sem liame subjetivo, acabam atirando simultaneamente em uma pessoa. A perícia descobre que o tiro de uma delas foi a que levou a vítima a óbito. Essa pessoa responderá por homicídio consumado, e a outra apenas por tentativa de homicídio. Observem que se houver liame subjetivo entre as pessoas, não será caso de autoria colateral, respondendo ambas por homicídio, independentemente de quem causou o óbito. Na autoria incerta, também inexiste liame subjetivo entre os agentes. Porém, nesse caso, a perícia não consegue determinar qual dos disparou levou a vítima a óbito. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br Por essa razão, ambos os autores responderão apenas por tentativa de homicídio, mesmo com a consumação do delito. Por derradeiro, na autoria mediata, o autor instiga uma pessoa sem culpabilidade para a prática do delito. Responde pelo crime como autor, mesmo que não tenha praticado o verbo núcleo do tipo. Exemplo: induzir um inimputável a roubar. Quando se induz ou instiga um animal, teremos a autoria imediata, pois o animal é considerado meio para a prática do crime. c) Formas de concurso- coautoria (o coautor realiza o verbo núcleo do tipo, ou seja, a conduta descrita no tipo penal, como por exemplo no roubo, uma pessoa pratica a violência ou grave ameaça enquanto a outra subtrai os bens) e participação (o partícipe concorre para o crime, sem praticar o verbo núcleo do tipo, podendo a participação ser moral, por induzimento, por instigação ou mesmo material, como por exemplo no furto, a pessoa que fica de guarda, enquanto a outra entra na casa para furtar os objetos). d) Natureza jurídica da participação: o CP adotou a teoria da acessoriedade limitada. Portanto, para o participe ser punido, basta que o autor pratique fato típico e ilícito, não importando a culpabilidade. Exemplos: o menor entra na casa furtar os objetos, enquanto o maior fica de guarda. Mesmo o menor sendo inimputável, e respondendo perante a Vara da Infância e Juventude, o maior responderá pelo crime de furto. Exemplo 2: Dois amigos decidem furtar o pai de um deles. O colega responderá normalmente pelo furto, enquanto o filho poderá ser contemplado pela escusa absolutória, já que praticou furto contra ascendente (vide artigo 181, inciso II, CP). ATENÇÃO! A participação anterior ao crime faz com que a pessoa seja partícipe do crime praticado, enquanto a participação posterior faz com que a pessoa responda por crime autônomo. Exemplo: um amigo pede para que o outro empreste a garagem, pois irá praticar um furto e necessita esconder o veículo. Após a prática, esconde o veículo na garagem, respondendo ambos pelo delito de furto. Porém, se após a prática do crime o furtador pedir a garagem ao colega, que não sabia do furto, tomando ciência apenas após a sua ocorrência e, mesmo assim, emprestar a garagem, o dono da garagem responderá por receptação (quando visar seu proveito próprio ou de terceiro que não o autor do crime antecedente) ou por favorecimento real (quando visar única e exclusivamente beneficiar o autor do crime antecedente). e) Participação de menor importância (artigos 29, parágrafo 1º): “Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”. f) Participação em crime menos grave (artigos 29, parágrafo 2º): “Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”. g) Circunstâncias incomunicáveis (artigo 30): “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br h) Casos de impunibilidade (artigo 31): “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. XV- Concurso de Crimes: a) Conceito e critérios- ocorre quando uma pessoa, mediante uma ou mais condutas, pratica mais de um crime. Será resolvido pelos critérios de cúmulo material (é a soma das penas das infrações) e exasperação (se pega a pena do delito mais grave e aumenta-se uma determinada fração). b) Espécies: I- Concurso material (artigo 69)- “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela”. Exemplo: após roubar um depósito de gás, o agente furta uma motocicleta para fugir. As penas do roubo e do furto serão somadas. Pode ser homogêneo (mesmos crimes) e heterogêneo (crimes diversos); II- Concurso formal (artigo 70)- “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”. Exemplo: com um único tiro, o agente acaba matando duas pessoas. Por serem crimes idênticos, irá se pegar a pena de um deles, aumentado de 1/6 até a metade. Pode ser homogêneo (mesmos crimes) e heterogêneo (crimes diversos); próprio ou perfeito (sistema da exasperação, aumentando de 1/6 até a ½, não podendo a pena ultrapassar o cúmulo material, chamado essa regra de concurso material benéfico) ou impróprio ou imperfeito (cúmulo material, em razão dos desígnios autônomos,como no exemplo dado, se o agente quis matar as duas pessoas com um único tiro). III- Crime continuado (artigo 71)- “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. Portanto, são requisitos: mais de uma ação ou omissão; mais de dois crimes da mesma espécie (do mesmo tipo penal); condições semelhantes de tempo (máximo de 30 dias); condições semelhantes de lugar (no máximo cidades vizinhas); mesma forma de execução (semelhança do modus operandi, não exigindo identidade). Preenchidos os requisitos, será presumido que o agente praticou um único crime. Pode ser comum (exasperação de 1/6 a 2/3) ou qualificado (cúmulo material, previsto no parágrafo único- o juiz pegará a pena do mais grave e poderá aumentar até o triplo, respeitado o limite da soma das penas, também chamada essa hipótese de concurso material benéfico). http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br ATENÇÃO! Para ocorrer o crime continuado qualificado, o réu deve ter praticado crimes dolosos contra vítimas diferentes, mediante violência ou grave ameaça a pessoa. c) Pena de multa (artigo 72): “No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente”. Das Penas: I- Sanção penal- são as penas e as medidas de segurança. O CP adotou o sistema vicariante (aplica-se a pena ou medida de segurança). II- Finalidade da sanção penal- retributiva; preventiva (prevenção especial- agente- e geral-sociedade); ressocializadora. III- Classificação das penas: a) PRIVATIVA DE LIBERDADE: se divide em reclusão e detenção, cominadas a crimes, e prisão simples, cominada a contravenções penais. ATENÇÃO! Em tese, a pena de reclusão é mais rígida do que a detenção, já que o regime inicial para o cumprimento de pena nos casos de reclusão poderá ser o regime fechado, semiaberto e aberto, e na detenção apenas os regimes semiaberto e aberto, podendo ser o fechado no caso de regressão. No regime fechado o sentenciado cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média; no semiaberto em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; no aberto trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se a Casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga. ATENÇÃO 2! O efeito extrapenal específico da perda de poder familiar (tutela ou curatela) só se aplica aos crimes punidos com reclusão. ATENÇÃO 3! Nos crimes punidos com reclusão a medida de segurança será obrigatoriamente a internação em casa de custódia e tratamento, enquanto nos punidos com detenção será a medida de segurança, consistente em internação ou tratamento ambulatorial. ATENÇÃO 4! A reclusão terá prioridade na execução da pena. a.1) Fixação do regime inicial (art. 33): O juiz deverá levar em conta: - quantidade da pena aplicada: na reclusão, pena maior que 08 anos- fechado; pena superior a 04, e inferior a 08 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 anos- aberto. Já na detenção, pena superior a 04 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 anos- aberto - primariedade ou reincidência do acusado: na reclusão, a reincidência faz com que o regime inicial seja o fechado ou o semiaberto (ver Súmula 269, STJ); na detenção, semiaberto. - circunstâncias judiciais (art. 59, caput, CP)- as circunstâncias judiciais desfavoráveis podem, desde que fundamentado de forma correta pelo juiz, alterar o regime inicial de cumprimento de pena. ATENÇÃO! Ver Súmulas 718 e 719 do STF, e 440 do STJ. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br ATENÇÃO 2! Algumas leis especiais limitam a escolha do regime inicial. Ex: lei dos crimes hediondos (lei nº 8.072/90), onde o regime inicial será o fechado. ATENÇÃO 3! De acordo com a lei nº 12.736, de 30/11/2012, “O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. Ver comentários aprofundados no tópico detração. a.2) Sistema de cumprimento da pena privativa de liberdade: é progressivo (art. 112 da LEP), dependendo de dois requisitos: - objetivo (lapso temporal); - subjetivo (bom comportamento comprovado pelo diretor). ATENÇÃO! Pode o juiz, dependendo do caso, determinar exame criminológico (Súmula 439, STJ). ATENÇÃO 2! Lapso Temporal: - crimes comuns: 1/6; - crimes hediondos, cometidos a partir de 29/03/07- lei nº 11.464/07)- 2/5 para réu primário, e 3/5 se reincidente (aqui reincidência genérica, ou seja, basta que o segundo crime seja hediondo). Antes desta data, a fração para esses crimes é de 1/6, já que lei posterior mais gravosa não pode retroagir para prejudicar o réu; - crimes contra a Administração Pública- art. 33, parágrafo 4º, CP- fora os outros requisitos, reparação do dano ou devolução do produto. CUIDADO: LEI 13.769, DE 19/12/2018: ALTEROU A LEP! ARTIGO 112, § 3º, DA LEP: NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, OS REQUISITOS PARA PROGRESSÃO DE REGIME SÃO, CUMULATIVAMENTE: I - NÃO TER COMETIDO CRIME COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A PESSOA; II - NÃO TER COMETIDO O CRIME CONTRA SEU FILHO OU DEPENDENTE; III - TER CUMPRIDO AO MENOS 1/8 (UM OITAVO) DA PENA NO REGIME ANTERIOR; IV - SER PRIMÁRIA E TER BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO, COMPROVADO PELO DIRETOR DO ESTABELECIMENTO; V - NÃO TER INTEGRADO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. § 4º O COMETIMENTO DE NOVO CRIME DOLOSO OU FALTA GRAVE IMPLICARÁ A REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO PREVISTO NO § 3º DESTE ARTIGO. ATENÇÃO 3! Cuidado que a Súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”. Porém, a doutrina e grande parte da jurisprudência entende que quando não há vaga no regime semiaberto, o sentenciado deve esperar sua vaga no regime aberto, pois o Estado tem que criar meios para a ressocialização do condenado. Assim decidiu o STF na Súmula Vinculante nº 56!!!. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br ATENÇÃO 4! Regressão de regime: ocorrerá com o cometimento de crime doloso; falta grave; condenação por crime anterior que torne o regime incompatível; não pagar a multa, podendo. ATENÇÃO 5! Súmula 526 do STJ: “O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato”. ATENÇÃO 6! Sumula 520 do STJ: “O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional”. ATENÇÃO 7! Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. a.3) Remição (art. 120, LEP)- caberá nos regimes fechado e semiaberto. A cada03 dias trabalhados, descontará um dia da pena do sentenciado. ATENÇÃO! Súmula 341, STJ- a frequência em curso de ensino formal é causa de remição. ATENÇÃO 2! Art. 127, LEP- o cometimento de falta grave faz com que o preso perca os dias remidos, no limite de 1/3, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar (lei nº 12.433/2011). ATENÇÃO 3! O preso que fica doente, quando estava trabalhando, continua remindo nos dias em que ficar afastado. ATENÇÃO 4! Súmula 533 do STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. ATENÇÃO 5! Súmula 562, STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros. a.4) Detração Penal- é o abatimento da pena final do período em que o sentenciado permaneceu preso de forma cautelar, provisoriamente, no Brasil ou no estrangeiro (art. 42, CP). Essa detração era feita pelo juiz da execução penal. Porém, para agilizar os benefícios executórios ao réu, nos termos da lei nº 12.736, de 30/11/2012, que incluiu no CPP o parágrafo 2º no artigo 387, “O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. Com essa nova redação, a detração será feita pelo juiz de 1º grau, podendo inclusive alterar o regime inicial de pena. Exemplo: Carlos está encontra-se preso preventivamente por crime de roubo majorado por emprego de arma de fogo. Na sentença, o juiz monocrático condena Carlos a uma pena de reclusão de 05 anos e 04 meses de reclusão, com regime inicial semiaberto para o início do cumprimento de pena. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br Como Carlos permaneceu preso preventivamente por este processo por 02 anos, na mesma sentença, o juiz sentenciante já fará a detração, ou seja, o desconto do período em que Carlos permaneceu preso preventivamente, tornando a sua pena final 03 anos e 04 meses de reclusão, com regime inicial aberto para o início de cumprimento de pena. Consequentemente, na hipótese colocada, haverá expedição de alvará de soltura em favor do réu. a.5) Regime Disciplinar Diferenciado (art. 52, LEP)- o preso que praticar crime doloso ou falta grave, que ocasionar subversão da ordem e disciplina internas do presídio, sem prejuízo da sanção penal, sofrerá RDD. Também poderá ser aplicado a membros de facção ou a presos de alto risco para o presídio ou para a sociedade, dependendo, em todos os casos, de decisão judicial. O RDD tem as seguintes características: - duração máxima de 360 dias, podendo ser repetido por nova falta grave, no limite de 1/6 da pena; - recolhimento em cela individual; - visita semanais de 02 pessoas, sem contar crianças, por 02 horas; - 02 horas de banho de sol fora da cela. a.6) Limite de cumprimento da pena- 30 anos (art. 75, CP) ATENÇÃO! Se cometer novo crime após a unificação, despreza-se o tempo já cumprido, operando-se nova unificação (art. 75, parágrafo 2º); ATENÇÃO 2! Súmula 715, STF- a pena unificada não é considerada para a concessão de outros benefícios (livramento, progressão, etc). b) PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO- são autônomas e substituem, quando possível, a pena privativa de liberdade. Se não forem cumpridas, convertem-se em pena privativa de liberdade, pelo tempo faltante, respeitado um saldo de 30 dias (art. 44, parágrafo 4º, CP). Terão sempre a mesma duração das penas privativas de liberdade, com exceção da prestação de serviços à comunidade, que deve ser cumprida pelo período de 01 hora de tarefa por dia de condenação (art. 46, parágrafo 3º), sendo que as penas que forem maiores que 01 ano, pode o réu cumprir a prestação em menor tempo, mas nunca inferior a metade da pena privativa de liberdade fixada. b.1) Requisitos para a substituição (art. 44): - pena privativa de liberdade não superior a 04 anos (salvo crime culposo, que não há limites); - crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa; - não reincidência em crime doloso (pode haver se a medida for adequada, e desde que não seja reincidente específico); - circunstâncias pessoais favoráveis. ATENÇÃO: SÚMULA 588, DO STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos”. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br b.2) Espécies: - prestação pecuniária (art. 45, parágrafo 1º, CP): “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários”; - perda de bens ou valores (art. 45, parágrafo 3º, CP): “A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime”; - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (art. 46, CP): “A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada”; - interdição temporária de direitos (art. 47, CP): “As penas de interdição temporária de direitos são: proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo; proibição de frequentar determinados lugares; proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. - limitação de finais de semana (art. 48, CP): “A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado”. ATENÇÃO! Penas igual ou inferiores a 01 ano- substituição por multa ou por uma restritiva de direito; penas maiores que 01 ano- uma restritiva de direito ou multa, ou duas restritivas de direito. A prestação de serviço à comunidade só pode ser aplicada em penas superiores a 06 meses.http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br c) Pena de Multa (art. 49)- o juiz aplica primeiro a quantidade de dias-multa, e depois o valor de cada dia-multa. A quantidade vai, em regram de 10 a 360 dias-multa, de acordo com a dosimetria. Já o valor de cada dia-multa será no mínimo de 1/30 e, no máximo, 5 vezes o valor do salário mínimo vigente. Se o juiz achar necessário, pode aumentar o valor final até o triplo. Deve ser efetuado o pagamento até 10 dias após o trânsito em julgado. Pode o réu requerer o parcelamento. O não pagamento vira execução fiscal, não podendo ser convertida em pena privativa de liberdade. ATENÇÃO! Sobrevindo ao acusado doença mental, a pena de multa é suspensa. Cuidado pois nos termos do artigo 41 do CP, o sentenciado na mesma situação condenado a pena privativa de liberdade é mandado a Hospital de custódia ou psiquiátrico. ATENÇÃO 2! CUIDADO com a diferença entre pena de multa e pena restritiva de direito consistente em prestação pecuniária. ATENÇÃO 3! Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública”-. Porém, cuidado! ADI 3.150, julgada em 2018! O MP pode propor ação de cobrança de multa dentro do prazo de 90 dias na Vara das Execuções Criminais, contado do trânsito em julgado da condenação, com a possibilidade de cobrança SUBSIDIÁRIA pela Fazenda Pública no caso de inércia do MP! Logo, a Súmula 521 do STJ deverá ser cancelada em breve! IV- Reincidência: (arts. 63 e 64, I e II, CP): “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos”. ATENÇÃO! crime com sentença transitada em julgado + crime= reincidência; crime com sentença transitada em julgado + contravenção = reincidência contravenção com sentença transitada em julgado + contravenção= reincidência contravenção com sentença transitada em julgado + crime= não gera reincidência, por falta de amparo legal. contravenção praticada no exterior + contravenção= não gera reincidência, pois não se pune contravenção penal praticada fora do Brasil (não existe extraterritorialidade da lei brasileira no caso de contravenção penal). ATENÇÃO 2! A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. ATENÇÃO 3! Art. 64, I- o período de prova do SURSIS e do livramento condicional não revogados podem ser contado no quinquênio. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br V- Fixação da pena- é a chamada dosimetria da pena. Adotamos o sistema trifásico (art. 68, CP): “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”. ATENÇÃO! Súmula 444, do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. ATENÇÃO 2! Na segunda fase, se concorrerem agravantes e atenuantes, prevalecerá: motivos determinantes do crime; personalidade do agente; reincidência. Segundo a jurisprudência, a personalidade do agente inclui a idade, que deve prevalecer. ATENÇÃO 3! Na primeira e na segunda fase, não pode o juiz ultrapassar o mínimo e o máximo da pena em abstrato, só podendo fazê-lo na terceira fase. ATENÇÃO 4! havendo mais de um delito, deve o juiz aplica a dosimetria individualmente para cada crime, aplicando, ao final, a regra do concurso de crimes. ATENÇÃO 5: Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. VI- SURSIS Pode ser processual e penal. O processual está previsto no art. 89 da nº lei 9.099/95, e são aplicadas aos delitos que tem pena mínima igual ou inferior a 01 ano. O juiz recebe a denúncia e homologa, caso seja ofertado pelo Ministério Público. Cumprida o acordo, gera a extinção da punibilidade, não ocorrendo à reincidência. Já o penal está previsto no artigo 77, do CP, e possui algumas espécies. Em regra, o réu deve ter sido condenado à pena igual ou inferior a 02 anos. Se cumprido o acordo, extingue a pena privativa de liberdade. Se cometer novo crime após o cumprimento do SURSIS, gera reincidência. Espécies de suspensão condicional da pena: a) SURSIS Simples (art. 77, I,II,III e parágrafo 1º). São requisitos: - pena privativa de liberdade igual ou inferior a 02 anos; - não for cabível a substituição por pena restritiva de direito; - não reincidência em crime doloso, salvo se a pena do primeiro delito for de multa; - circunstâncias pessoais favoráveis. ATENÇÃO! Período de prova- de 02 a 04 anos, contado da audiência de advertência; ATENÇÃO 2: Condições: no primeiro ano, deve prestar serviços à comunidade ou limitação dos finais de semana. O juiz pode fixar outras condições. http://www.proordem.com.br/ http://goiania.proordem.com.br/ CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br b) SURSIS Especial- é aplicado nos casos que o condenado preenche todos requisitos do SURSIS simples, repara o dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo, e possui as circunstâncias judiciais do artigo 59 do CP inteiramente favoráveis para si. As condições de cumprimento serão mais brandas, já que substitui a prestação de serviços ou a limitação do fim de semana por: proibição de frequentar determinados luares; proibição de ausentar-se da comarca sem autorização; comparecimento pessoal e obrigatório mensal a juízo, para informar e justificar as atividades. Essas restrições são cumulativas. O período de prova também será idêntico. c) SURSIS Etário- art. 77, parágrafo 2º- é aplicado ao réu que, na sentença, possui mais de 70 anos. São os mesmos requisitos, salvo a pena aplicada, que pode ser de até 04 anos (igual ou inferior), sendo que, nessa espécie de suspensão, o período de prova será de 04 a 06 anos. d) SURSIS humanitário- é aplicada ao sentenciado que na sentença estiver acometido de moléstia grave, sendo que as razões de sua saúde justificam a suspensão. É idêntico ao SURSIS etário em relação aos requisitos e ao período de prova. e) SURSIS ambiental- ver artigos 16 e 17 da lei nº 9.605/98 (lei dos crimes ambientais). ATENÇÃO! Revogação do SURSIS- revogado a suspensão, o sentenciado deve cumprir a pena toda. É obrigatória a revogação quando, no período de prova, ocorrer: - condenação irrecorrível por crime doloso, salvo se a pena for apenas de multa; - não efetuar a reparação do dano, salvo por motivo justificado; - descumprir a prestação de serviços ou a limitação do final de semana. Será facultativa a revogação quando descumprida qualquer outra condição, ou o sentenciado for condenado irrecorrivelmente a crime culposo ou contravenção com pena privativa de liberdade ou pena restritiva de direito. Aqui o juiz pode optar por revogar, ou aumentar o período de prova até o limite
Compartilhar