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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXVIII EXAME) 
Professor: Thiago Peres | Matéria: Direito Penal 
 
Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br 
1- Introdução: 
 
I- Conceito- é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo 
estatal, em face de atos humanos considerados infrações penais, tipificando os crimes 
e cominando as respectivas penas. 
 
II- Fontes do Direito Penal- fonte é o local de onde provém o direito, bem 
como a forma como se exterioriza. Podem ser: 
a) Material- é o local em que o direito é criado. No Direito Penal, quem cria 
a norma é a União, através de seu Poder Legislativo (art. 22, inc. I, da CF). Porém, os 
Estados-Membros também podem legislar sobre o assunto, desde que autorizados pela 
União por lei complementar (art. 22, parágrafo único, CF). 
b) Formal- é a forma pelo qual o direito se exterioriza. Se divide em: 
b.1) Imediata- é a lei; 
b.2) Mediata- são os costumes, os princípios gerais do direito e, para alguns, 
os atos administrativos. 
Obs: costumes não revogam lei; a norma penal incriminadora, por força do 
princípio da legalidade, só pode ser revelada por lei; já a norma penal não incriminadora 
pode ser criada ou revogada por lei, costumes e princípios gerais do direito. 
 
III- Integração da lei penal- o sistema jurídico não pode ser lacunoso. 
Portanto, é utilizado a analogia (apenas a in bonam partem), os costumes e os princípios 
gerais do direito para evitar as lacunas. 
 
IV- Interpretação da lei penal- é a busca do sentido e do alcance da lei. É o 
que chamamos de hermenêutica jurídica. Utilizamos três sistemas: 
a) Quanto à origem: autêntica, doutrinária e jurisprudencial; 
b) Quanto ao modo: literal, teleológica, histórica e sistemática; 
c) Quanto ao resultado: declarativa, extensiva e restritiva. 
 
V- Espécies de normas penais: 
a) Incriminadoras- são as que descrevem os delitos (preceito primário) e as 
respectivas sanções (preceito secundário); 
b) Permissivas- podem ser justificantes (causas excludentes de ilicitude) e 
exculpantes (causas excludentes de culpabilidade); 
c) Em branco- são as que o preceito secundário (pena) está completo, 
dependente o preceito primário de complementação. Podem ser homogêneas (ver 
artigos 312 e 327 do CP) e heterogêneas (art. 33, da lei nº 11.343/06 e portaria 344 do 
Ministério da Saúde). Atenção para a norma penal em branco ao avesso, que é aquela 
em que o preceito primário está completo, dependendo o preceito secundário de 
complementação (art. 1º da lei 2889/56), e para a norma penal em branco dupla face 
(ambos os preceitos da norma penal precisam de complementação). Ex: art. 304 do CP. 
 
 
 
 
 
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VI- Princípios do Direito Penal 
a) Dignidade da pessoa humana- é o epicentro da ordem jurídica. O Estado 
e o direito não são fins, e sim meios para a realização da dignidade do homem. Portanto, 
são inconstitucionais penas cruéis, infamantes, tortura, maus- tratos, perpétuas, de 
morte (salvo no caso de guerra declarada) e qualquer forma de violação a incolumidade 
física-psíquica de alguém. Nucci explica o princípio sob a ótica objetiva (garantir o 
mínimo de subsistência ao ser humano) e subjetiva (assegurar o bem estar individual, 
calcado na auto estima e na respeitabilidade diante da sociedade). Alguns autores 
também chamam esse princípio de humanidade; 
b) Alteridade- não é punida a autolesão, somente sendo punível a lesão ou 
ameaça a bem jurídico de terceiros; 
c) Intervenção Mínima- o Direito Penal só deve agir quando os outros ramos 
do direito se mostrarem ineficazes para proteger o bem jurídico tutelado, funcionando 
assim como a ultima ratio; 
d) Fragmentariedade- o Direito Penal só protege alguns fragmentos de 
direitos, que são transformado em tipos penais; 
e) Ofensividade- para que haja crime, é necessário a lesão ou ameaça de 
lesão a bem jurídico; 
f) Insignificância- a lesão ao bem jurídico deve ser relevante e significante. 
Caso contrário, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade material). O 
STF já decidiu que para a conduta ser considerada insignificante, é necessário: a mínima 
ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão 
jurídica provocada; 
g) Individualização da pena- cada réu deve ter sua pena analisada, aplicada, 
graduada, de forma individual; 
h) Instranscendência- nenhuma pena ou processo passarão da pessoa do 
condenado; 
i) In dubio pro reo- na dúvida, o réu deve ser absolvido. 
 
2- Da Aplicação da lei penal 
I- Princípio da legalidade (art. 1º, CP)- “Não há crime sem lei anterior que 
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. É a conjugação dos princípios da 
reserva legal e da anterioridade. O princípio da reserva legal não permite que medidas 
provisórias, leis delegadas, atos administrativos, analogia e costumes possam criar 
delitos e cominar penas, que só podem ser criados pela União, através de seu Poder 
Legislativo Federal (Congresso Nacional), através de emendas constitucionais, leis 
ordinárias ou leis complementares. 
Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade, 
proporcionalidade, adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes 
requisitos/princípios, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade 
material). 
 
 
 
 
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II- Lei penal no tempo (art. 2º, CP)- vigora o princípio da “tempus regit 
actum”, ou seja, aplicamos a lei vigente no momento da prática do crime. Porém, pode 
haver o conflito de leis penais no tempo, que é resolvido pelos princípios da 
irretroatividade da lei penal mais severa e da retroatividade da lei penal mais benéfica. 
Aqui nascem as seguintes situações: 
a) Abolitio criminis- (art. 2º, caput): “Ninguém pode ser punido por fato que 
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória”. Atinge inclusive processos com trânsito em julgado. 
Desaparecem os efeitos penais principais e secundários, só não desaparecendo o dever 
de indenizar (efeito civil da condenação); 
b) Novatio legis incriminadora- é aquela lei que cria o delito. É irretroativa, 
só valendo para os fatos praticados após a sua vigência; 
c) Novatio legis in mellius- (art. 2º, parágrafo único): “A lei posterior, que 
de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. É retroativa, atingindo 
inclusive processos com trânsito em julgado; 
d) Novatio legis in pejus- é uma lei que de qualquer forma piora a situação 
do réu. É irretroativa, só valendo para os fatos praticados após a sua vigência; 
ATENÇÃO 1! Crimes permanentes e continuados (Súmula 711, STF): “A LEI 
PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, 
SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA 
PERMANÊNCIA”; 
ATENÇÃO 2! Competência para aplicar a lei mais benéfica: depende do 
andamento do processo, podendo ser declarado em 1º e 2º Grau, ou pelo Juiz da 
Execução. 
ATENÇÃO 3! Pode o juiz combinar as leis para beneficiar o réu? O STF e o STJ 
mudaram o seu posicionamento, não podendo mais haver a combinação de leis, mesmo 
que seja para beneficiar o réu. Súmula 501 do STJ: “é cabível a aplicação retroativa da 
Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindoda aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a 
combinação de leis”. 
 
III- Lei excepcional e temporária (art. 3º, CP)- “A lei excepcional ou 
temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias 
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. Salvo disposição 
legal em contrário, são auto-revogáveis e ultrativas (efeito carrapato). Portanto, salvo 
disposição em contrário, o princípio da retroatividade benigna não se aplica às hipóteses 
da lei excepcional ou temporária. 
 
IV- Tempo do crime (art. 4º, CP)- “Considera-se praticado o crime no 
momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. É 
importante para saber sobre a capacidade penal do agente, bem como sobre a lei 
aplicável ao fato. O CP adotou a teoria da atividade. A exceção é a prescrição, que 
adotou a teoria do resultado. 
 
 
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V- Lugar do crime (art. 6º, CP)- “Considera-se praticado o crime no lugar em 
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado”. É importante para resolver os crimes à distância (são 
aqueles que começam em um país e terminam em outro país). O CP adotou a teoria da 
ubiquidade. 
No caso dos delitos plurilocais, deve ser observado o artigo 70 do CPP (teoria 
do resultado), exceto nos crimes dolosos contra à vida, nos regulados pelo ECA e pelo 
JECRIM, onde prevalecerá a teoria da atividade nos dois primeiros, e a teoria da 
ubiquidade no terceiro. 
 
LEMBRE-SE, NA CÓDIGO PENAL: 
LUTA- Lugar do crime- ubiquidade; Tempo do crime- atividade 
 
VI- Conflito aparente de normas- ocorre quando duas ou mais normas 
aparentam regular o mesmo fato. É resolvido pelos seguintes princípios: 
a) Especialidade; 
b) Subsidiariedade; 
c) Consunção- se subdivide em crime progressivo, progressão criminosa, 
“antefactum” não punível, “postfactum” não punível e crime complexo; 
d) Alternatividade. 
 
VII- Lei penal no espaço- possui os seguintes princípios: 
a) Territorialidade (art. 5º, CP)- “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional”. Vejam que o próprio artigo mitiga o princípio da territorialidade. Ex: 
diplomatas possuem imunidade penal absoluta; cônsul imunidade relativa; 
b) Territorialidade por extensão (art. 5º, parágrafo 1º e 2º): “Para os efeitos 
penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer 
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar”. “É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, 
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”; 
c) Extraterritorialidade (art. 7º, CP)- esta se divide em: 
c.1) incondicionada (combinação do inciso I com o parágrafo 1º): “ inciso I- os 
crimes: contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio ou 
a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de 
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; contra a administração pública, por quem está a seu serviço; de 
genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. “Nos casos do inciso 
I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no 
estrangeiro”. Lembrar ainda sobre o disposto na lei nº 9455/97 (lei de tortura), que 
prevê hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, nos casos de vítima brasileira 
ou se o agente, após cometer o crime de tortura, estiver em local de jurisdição brasileira; 
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c.2) condicionada (combinação do inciso II com o parágrafo 2º): “inciso II - os 
crimes: que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; praticados por 
brasileiro; praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”. “Nos 
casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em 
que foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza 
a extradição; não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável”; 
c.3) crime praticado por estrangeiro contra brasileiro no exterior (combinação 
do parágrafo 2º com o 3º): “A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior, combinada com mais dois requisitos: não for pedida ou for negada 
a extradição, e houver requisição do Ministro da Justiça”. 
Observação: não há extraterritorialidade para as contravenções penais 
praticadas no exterior. 
 
VIII- Proibição do “bis in idem” (art. 8º, CP): “A pena cumprida no estrangeiro 
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas”. 
 
IX- Eficácia da sentença estrangeira (art. 9º, CP)- em regra, a sentença 
estrangeira não produz efeitos no Brasil. Para produzir alguns efeitos, deve ser 
homologado pelo STJ, para obrigar a reparação dos danos e outros efeitos civis, ou 
sujeitar o réu a medida de segurança. Para os efeitos civis, a homologação deve ser 
requerida pela parte interessada. No caso da medida de segurança, não será necessário 
o pedido ser houver tratado de extradição entre os países, sendo necessário o pedido 
do Ministro da Justiça no caso de ausência de tratado. Para os efeitos penais, não é 
necessário a homologação, bastando à prova legal da existência da sentença 
estrangeira. 
 
X- Prazo penal (ler art. 10, CP): “O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. No prazo penal, 
inclui-se o dia do começo, excluindo-se o dia do final. O prazo penal não se prorroga, 
vencendo mesmo que termine em dia não útil ou sem expediente forense. 
 
3- Teoria do Crime 
 
I- Infração Penal- crime ou delito e contravenção (divisão dicotômica). Não 
existe diferença ontológica de crime e contravenção. O artigo 1º da Lei de Introdução 
ao Código Penal faz distinção de acordo com a pena aplicada. “Considera-se crime a 
infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, 
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração 
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, 
alternativa ou cumulativamente”. 
 
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II- Conceito de crime: 
a) Material- é a lesão ou risco de lesão de bens jurídicos fundamentais para a 
vida em sociedade. Observação: conteúdo material de crime: bagatela, alteridade, 
proporcionalidade,adequação social e intervenção mínima. Não presentes estes 
requisitos/princípios, o fato será materialmente atípico. 
b) Formal- é a conduta abstrata descrita no tipo penal; 
c) Analítico- crime é todo fato típico e ilícito (antijurídico). 
 
III- Elementar e circunstância- elementar é todo dado tipificante, essencial 
ao delito que, se ausente, o exclui (Ex: art. 319, CP). Já a circunstância é dado acessório 
que, se ausente, só influi na quantidade de pena (Ex: art. 150, parágrafo 2º, CP). 
 
IV- Sujeito ativo (pessoa física ou jurídica) e Sujeito Passivo (constante ou 
formal- Estado- e eventual ou material- vítima). 
 
V- Objeto do crime- se divide em objeto jurídico (é o bem ou interesse 
jurídico tutelado pela norma penal- ex: a vida, no crime de homicídio) e objeto material 
(é a pessoa ou o objeto atingido- ex: o homem vivo, no crime de homicídio). 
 
VI- Classificação Doutrinária dos Crimes (é importante conhecer bem essa 
classificação): 
a) Comum- são os crimes descritos no Código Penal; 
b) Especial- são os crimes descritos na Legislação Especial. Ex: tráfico de 
drogas (art. 33, lei nº 11.343/06); 
c) Comum- são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. Ex: 
homicídio; 
d) Próprio- são aqueles que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo. 
Ex: infanticídio; 
e) De mão própria- são aqueles que não existe coautor, podendo, contudo, 
haver partícipe. Ex: falso testemunho; 
f) De dano- sua consumação depende da efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: 
homicídio; 
g) De perigo- sua consumação se dá com a simples possibilidade de dano. 
Ex: perigo de contágio venéreo; 
h) Material- são aqueles em que a ocorrência do resultado naturalístico é 
imprescindível para a consumação. Ex: homicídio; 
i) Formal- são aqueles em que a lei penal prevê a possibilidade de resultado 
naturalístico, mas ele se consuma independentemente da ocorrência o resultado. Ex: 
extorsão mediante sequestro; 
j) De mera conduta- são aqueles em que não existe resultado naturalístico. 
Ex: omissão de socorro; 
k) Comissivo- praticados mediante ação; 
l) Omissivo- praticados mediante omissão; 
m) Unissubsistente- são aqueles que se perfazem em um único ato, não 
admitindo assim a tentativa. Ex: ato obsceno; 
n) Plurissubsistentes- são aqueles que se perfazem com vários atos, 
admitindo assim tentativa. Ex: furto; 
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o) Unissubjetivo- são aqueles que podem ser cometidos por um único 
agente. Ex: roubo; 
p) Plurissubjetivo- são aqueles que se exige mais de um autor. Ex: rixa; 
q) Culposo- o agente age por negligência, imprudência ou imperícia; 
r) Doloso- o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo; 
s) Preterdoloso- dolo no antecedente e culpa no consequente; 
t) Mono-ofensivo- a conduta lesa apenas um objeto jurídico. Ex: homicídio; 
u) Pluriofensivo- a conduta lesa mais de um objeto jurídico. Ex: latrocínio. 
 
VII- Fato típico- é o primeiro elemento do crime no conceito analítico. É 
formado pelos seguintes elementos: 
a) Conduta- é a ação ou omissão humana, voluntária e consciente, dolosa 
ou culposa, dirigida à uma finalidade. 
a.1) ação ou omissão- quando o verbo núcleo do tipo exige uma conduta 
positiva do agente, estamos diante de um crime comissivo. Ex: matar alguém. Já a 
omissão, por si só, não gera punição alguma, a não ser nos casos em que a lei determina 
um dever jurídico de agir, resultando daqui os crimes omissivos, que se dividem em 
próprios e impróprios. Nos próprios, o tipo penal descreve uma conduta omissiva, 
devendo o agente agir para não praticar o delito. O tipo penal não descreve qualquer 
resultado naturalístico (são crimes de mera conduta). Ex: omissão de socorro. Já nos 
impróprios ou comissivos por omissão, o agente se omite e ocorre um resultado 
naturalístico, sendo que a lei obrigava o agente a agir e evitar a produção do resultado 
(tinha o dever jurídico de agir e de evitar o resultado). Para que haja a responsabilização, 
deve haver o binômio (devia e podia agir). Essas hipóteses estão previstas no artigo 13, 
parágrafo 2º, do CP: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: tenha por lei 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a 
responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o 
risco da ocorrência do resultado”. 
a.2) voluntária e consciente- a conduta deve ser voluntária, já que a 
involuntariedade gera a atipicidade da conduta, já que se exclui a ação, excluindo-se 
assim a conduta e o fato típico, consequentemente. Ex: coação física irresistível, atos 
reflexos e hipnose. Cuidado que tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos a 
conduta tem que ser voluntária. A conduta também tem que ser consciente. Ex: 
empregada que empresta sal, quando o patrão, sem ela saber, coloca veneno para 
matar o vizinho, não podendo assim a empregada ser punida, punindo-se apenas o 
patrão (autoria mediata). A doutrina aponta também as doenças do sono como 
excludente da consciência. 
a.3) dolo, culpa e preterdolo- o artigo 18, inciso I, do CP, traz os conceitos de 
dolo direto (teoria da vontade- o agente prevê e quer o resultado) e indireto, que pode 
ser alternativo e eventual, na modalidade eventual (teoria do assentimento- o agente 
prevê e assume o risco de produzir o resultado- é indiferente para o resultado). 
A culpa (negligência, imprudência e imperícia) está prevista no artigo 18, inciso 
II. Fora os requisitos normais de qualquer delito (conduta, resultado, nexo causal e 
tipicidade), deve haver a inobservância do dever de cuidado objetivo e a previsibilidade 
do resultado objetivo (são aqueles exigidos de qualquer pessoa mediana). Só existirá 
crime culposo quando houver expressa disposição legal (artigo 18, parágrafo único). 
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São espécies de culpa: inconsciente (o agente não prevê o resultado, que é 
previsível, agindo por negligência, imprudência ou imperícia); consciente ou com 
previsão (o agente prevê o resultado, mais acredita que conseguirá evitá-lo, que o 
resultado não ocorrerá, não obtendo êxito em seu intento– lembrar da distinção com 
dolo eventual- fodeu, no primeiro caso, e foda-se, no segundo); imprópria ou por 
equiparação (o agente age de forma dolosa, acreditando estar acobertado por alguma 
excludente que, se existisse, tornaria legítima a sua conduta. É a única espécie de culpa 
que admite tentativa- lembrar do exemplo do pai que mata a filha que vai e volta da 
balada escondida, achando-se tratar de um ladrão que esta invadindo a residência). No 
direito Penal não há compensação de culpas (culpa concorrente), só se livrando o agente 
nos casos de culpa exclusiva da vítima. 
No preterdolo, existe dolo no antecedente e culpa no consequente. São crimes 
que se qualificam pelo resultado culposo. O agente quer produzir um resultado, mas em 
virtude de sua conduta dolosa, acaba produzindo um resultado mais grave, a título de 
culpa. Ex: lesão seguida de morte. Nos crimes preterdolosos, não há que se falar em 
possibilidade de tentativa. 
 
B) Resultado- seu conceito varia de acordo com a teoria: 
b.1) Teoria naturalística- é a modificação do mundo exterior ocasionada pela 
conduta do agente. Daqui surgem os crimes materiais, formais e de mera conduta. 
 
b.2) Teoria normativa ou jurídica- é a lesão ou ameaça de lesão a um bem 
jurídico penalmente tutelado. Daqui surgem os crimes de dano e de perigo. 
ATENÇÃO! Portanto, há crime sem resultado naturalístico,mas não há crime 
sem resultado normativo. 
 
C) Nexo causal- é o vínculo estabelecido entre a conduta e o resultado 
naturalístico. Portanto, só é importante nos crimes materiais e nos comissivos por 
omissão (omissivos impróprios). Em outras palavras, estabelecer o nexo causal nada 
mais é que verificar qual conduta deve responder pelo resultado naturalístico. O CP 
adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), que 
considera como causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Deve 
ser feito um processo hipotético de eliminação, ou seja, se a conduta excluída não 
interferir no resultado, não será considerada causa. Para evitar a responsabilização 
infinita, deve verificar a existência de dolo na conduta do agente (nexo de causalidade 
psíquico) pois, caso contrário, o fabricante de uma arma responderia pelo homicídio, 
por exemplo. 
Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da 
conduta, influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado. As 
absolutamente independentes são as que, por si só, produzem o resultado naturalístico. 
Sejam preexistentes, concomitantes ou supervenientes sempre rompem o nexo causal, 
respondendo o agente apenas pelos atos praticados. Já as relativamente independentes 
surgem da conduta do autor. As preexistentes, concomitantes e supervenientes que por 
si só não produziriam o resultado não rompem o nexo causal, respondendo o agente 
pelo resultado, enquanto as supervenientes que por si só produzem o resultado sim, 
respondendo o autor apenas pelos atos já praticados (nesse caso o CP adotou a teoria 
da causalidade adequada). 
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Ex: O agente dá uma facada na perna da vítima em região não letal, que falece 
ao caminho do hospital, em razão de um acidente automobilístico. O agente responderá 
apenas pelo crime de lesão corporal. Nucci ensina que para saber se haverá o 
rompimento do nexo causal deve-se fazer duas perguntas: a causa relativamente 
independente superveniente era imprevisível para o agente? Sozinha, provocaria o 
resultado? Respondendo afirmativamente as duas questões, rompe-se o nexo causal, 
respondendo o agente apenas pelos atos praticados. 
 
Teoria da Imputação Objetiva: 
Essa teoria é um terceiro filtro ao nexo causal. Lembrem que o nexo causal é 
formado pela junção da causalidade física (teoria conditio sine qua non), pela 
causalidade normativa (evita o regresso ao infinito pois só responde pelo crime aquele 
que deu causa ao resultado naturalístico por dolo e culpa), e agora a teoria da imputação 
objetiva. Em momento algum essa teoria consagra a responsabilidade penal objetiva. 
Deveria, na verdade, se chamar de teoria da restrição da imputação, pois o agente 
responderia criminalmente apenas quando criar um risco socialmente inadequado, isto 
é, um risco proibido. 
Exemplo: filho convida o pai para pescar em uma parte perigosa do Rio 
Piracicaba, com a intenção de que o pai escorregasse na pedra e morresse. Realmente, 
o pai aceita o convite, vai pescar, escorrega, cai no rio e morre afogado. Pergunta-se: 1) 
pela teoria da equivalência dos antecedentes causais, o filho deu causa a morte do pai? 
Sim, passando-se pelo primeiro filtro! 2) O filho teve dolo ou culpa? Sim, pois convidou 
com essa intenção, passando-se pelo segundo filtro! 3) O filho criou um risco 
socialmente inadequado, ou seja, é proibido convidar alguém para pescar na parte 
perigosa do rio? Não! Pela teoria da imputação objetiva, o filho não pode ser punido, 
pois não se pune a mera cogitação, já que o filho em nada contribuiu para que o pai 
escorregasse nas pedras e morresse afogado. 
Os requisitos da imputação objetiva são: 
- a conduta deve criar um risco socialmente inadequado: Ex: farmacêutico que 
vende remédio vencido; 
- o risco socialmente inadequado deve ser a causa do resultado naturalístico: 
Ex: a pessoa morre em razão do remédio estar vencido; 
- o resultado naturalístico deve estar abrangido pelo tipo penal: considera-se 
que o resultado não estará abrangido pelo tipo penal quando a vítima assumir 
voluntariamente o resultado advindo do perigo e quando a causa principal do resultado 
foi emanada de uma pessoa que tinha o dever jurídico de impedir o resultado. Ex: 
jogador de futebol tem problema cardíaco, mas implora para o médico que o libere para 
o jogo, assinando termo de responsabilidade. O médico não responde pela morte, pois 
o risco foi assumido voluntariamente pelo agente. Ex. 2: corto a perna de uma pessoa, 
que vai ao hospital para dar pontos e o médico, por imperícia, acaba amputando a perna 
da pessoa. Eu não responderei pela lesão corporal qualificada. 
 
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D) Tipicidade- é o enquadramento da conduta praticada pelo sujeito ativo à 
definição típica legal. Chamamos este processo de adequação típica. A tipicidade é 
indício da ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja 
antijurídica, salvo quando existente alguma causa excludente de ilicitude. 
A tipicidade desdobra-se em dois aspectos: 
- Formal -> subsunção. 
- Material -> lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado. 
Ex: Princípio da insignificância torna o fato atípico. Em todos os casos o fato se 
encaixa no tipo, existe a tipicidade formal. Fato formalmente típico e materialmente 
atípico. 
No princípio da Insignificância, a lesão ao bem jurídico deve ser relevante e 
significante. Caso contrário, o fato será materialmente atípico (ausência de tipicidade 
material). O STF já decidiu que para a conduta ser considerada insignificante, é 
necessário: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade 
social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; 
inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
ATENÇÃO: SÚMULA 589 DO STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância 
nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das 
relações domésticas”. 
ATENÇÃO 2: SÚMULA 599 DO STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável 
aos crimes contra a administração pública”. 
ATENÇÃO 3: SÚMULA 606 DO STJ: Não se aplica o princípio da insignificância 
a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que 
caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. 
 
Excludentes de ilicitude (art. 23) 
Ilicitude é o segundo elemento do conceito analítico de crime. É a contradição 
do fato, adequado ao modelo legal, com o ordenamento jurídico, constituindo a lesão 
de um interesse penalmente protegido. Conforme outrora mencionado, a tipicidade é 
indício da ilicitude, pois praticada uma conduta típica, presume-se que ela seja 
antijurídica, salvo quando existente alguma causa excludente de ilicitude, que tornará a 
conduta típica em lícita. 
São excludentes de ilicitude: 
a) Estado de necessidade (artigo 24): ocorre quando diante de uma 
situação de perigo, dois bens penalmente tutelados são colocados em conflito, e, não 
havendo como tutelar ambos, permite-se a proteção de um dos bens jurídicos mediante 
a lesão do outro. São requisitos para a sua configuração: 
I- Perigo atual ou iminente proveniente de fato da natureza, humano ou 
animal- perigo é a probabilidade do dano; 
II- Ameaça a direito próprio ou alheio; 
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III- Situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente- a doutrina 
diverge se apenas a conduta dolosa não afasta a possibilidade de invocar o estado de 
necessidade, ou se a conduta culposa também afastaria a possibilidade de invocar essa 
excludente. Prevalece que apenas a dolosa impede a invocação da excludente; 
IV- Inevitabilidade do comportamento lesivo- a conduta deve ser a única 
capaz de salvar o bem. Ex: não haverá se bastasse um pedido de socorro; 
V- Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado- deve haver a ponderação 
dos bens: o bem salvo deve ser de maior valor ou de valor igual ao bem sacrificado. Se 
menor, redução de 1/3 a 2/3, conforme parágrafo 2º do artigo 24; 
VI- Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo- porém, não é exigido 
heroísmo; 
VII- Elemento subjetivo- é o conhecimento da excludente. 
ATENÇÃO! O excesso doloso será punível. O culposo apenas se houver previsão 
de culpa. Cuidado com o erro de tipo permissivo. 
ATENÇÃO 2! Classificação do estado de necessidade: 
I- Quanto ao titular o interesse protegido- próprio ou alheio; 
II- Quanto ao aspecto subjetivo- real ou putativo; 
III- Quanto ao terceiro que sofre a ofensa- defensivo ou agressivo. É 
importante porque gerará reflexos no cível. O defensivo impede inclusive a ação civil “ex 
delicto”. 
 
b) Legítima defesa (art. 25, CP)- ocorre quando alguém, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem. São requisitos: 
I- Existência de agressão humana injusta atual (que está acontecendo) ou 
iminente (que está prestes a acontecer) - a mera provocação não legitima a reação, 
podendo ser reconhecido em seu favor uma causa de diminuição de pena. O uso de 
animal como instrumento (autoria mediata) também enseja a legítima defesa. Caso 
contrário, o ataque de animal configurará estado de necessidade; 
II- Direito próprio ou alheio; 
III- Uso dos meios necessários para repeli-la; 
IV- Uso moderado dos meios necessários; 
V- Elemento subjetivo. 
Obs: o excesso doloso será punível. O culposo se houver previsão de culpa. 
Cuidado com o erro de tipo permissivo. Não é possível legítima defesa de legítima 
defesa, pois a agressão deve ser injusta. Só será possível no excesso da legítima defesa, 
onde teremos a legítima defesa sucessiva. 
 
c) Exercício regular de direito- se o ordenamento jurídico confere um 
direito a alguém, é obvio que seu exercício não será criminoso. Também é claro que o 
excesso, doloso ou culposo, será punível, pois estaria havendo um abuso de direito. Tem 
que haver o elemento subjetivo. 
 
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d) Estrito cumprimento do dever legal- é dirigido aos agentes públicos. 
Também será punível os excessos. Tem que haver o elemento subjetivo. 
Observação 1: Ofendículos- constituem todos os elementos empregados 
regularmente, de maneira previamente instalada, para a proteção de algum bem 
jurídico. A jurisprudência exige que o aparato seja visível e inacessível a terceiros 
inocentes, bem como que esteja em acordo com a legislação. Alguns entendem que 
trata-se de hipótese de exercício regular de direito, outros de legítima defesa 
preordenada. 
Observação 2: Causa supralegal de exclusão da ilicitude: embora não tenha 
previsão legal, são aceitas de forma pacífica na doutrina e na jurisprudência, pois estão 
respaldadas pelos princípios do Direito Penal. Como por exemplo podemos citar o 
consentimento da vítima nos bens jurídicos disponíveis. 
 
Culpabilidade e suas excludentes 
Conceito: é pressuposto para aplicação da pena, ou seja, para se impor a pena, 
é necessário existir a culpabilidade, que nada mais é que um juízo de reprovabilidade, 
de censura sobre a conduta, sobre o fato. O CP adotou a teoria normativa pura da 
culpabilidade, sendo que, para as descriminantes putativas, adotou a teoria limitada da 
culpabilidade. Para que haja culpabilidade, é necessário a existência cumulativa de três 
elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta 
diversa. 
a) Imputabilidade (artigo 26): é a capacidade mental de entender o caráter 
ilícito do fato, ou seja, de distinguir o certo do errado, e de se determinar-se de acordo 
com esse entendimento (de se autocontrolar). Deve-se fazer presente no momento da 
conduta. Observe que o CP define, no art. 26, o conceito de inimputabilidade, devendo 
seu conceito ser formado a “contrario sensu”. Se inicia na zero hora em que o agente 
completa 18 anos. É excluída pela: 
- inimputabilidade- é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado que supra totalmente o entendimento do ilícito e a forma de se 
autodeterminar de acordo com esse entendimento(art. 26, CP- adotou o critério 
biopsicológico). Deve estar presente no momento da conduta. Gerará a absolvição 
imprópria (o juiz deve aplicar medida de segurança) ou absolvição própria (caso fique 
comprovado à ausência de fato típico ou de ilicitude); 
- menoridade penal- os menores de 18 anos são inimputáveis por expressa 
disposição legal, respondendo de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(adotou o critério biológico); 
- embriaguez acidental completa e involuntária, decorrente de caso fortuito ou 
força maior (art. 28, parágrafo 1º)- a embriaguez possui três fases: excitação, depressão, 
sono e litargia. Considera-se completa a embriaguez nas duas últimas fases, pois ela 
retira por completo a capacidade de entendimento do agente e de se autodeterminar 
com a situação (adotou o critério biopsicológico). O agente é absolvido (absolvição 
própria), não cabendo aqui medida de segurança. Ex: trote acadêmico, na força maior, 
e bar com amigos, no caso fortuito; 
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- dependência de drogas ou intoxicação involuntária por drogas (vide lei de 
drogas- 11.343/06). 
ATENÇÃO! Apenas reduzem a censurabilidade: 
- semi-imputabilidade (artigo 26, parágrafo único)- a pena pode ser reduzida de 
1/3 a 2/3, ou ser aplicada medida de segurança; 
- embriaguez acidental incompleta e involuntária, decorrente de caso fortuito 
ou força maior (art. 28, parágrafo 2º)- nesse caso, o agente será condenado, sendo 
reconhecido em seu favor uma causa de diminuição de pena. Não cabe medida de 
segurança. 
ATENÇÃO 2! Não excluem a imputabilidade (art. 28, incisos I e II): 
- emoção e paixão- podem reduzir à pena como atenuante genérica ou em 
casos especiais, como no homicídio privilegiado; 
- A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito 
análogo (teoria “actio liberain causu”- se dá quando o sujeito de propósito se coloca em 
situação de inconsciência para a prática de um crime)- o agente responde pelos atos 
praticados, sendo que, se for embriaguez preordenada (dolosa), ainda incidirá um 
aumento de pena, por ser agravante genérica. 
 
b) Potencial consciência da ilicitude- é a capacidade cultural de entender o 
caráter ilícito do ato praticado, ou seja, esse elemento será excluído quando o sujeito 
não tinha e nem poderia ter conhecimento da ilicitude do fato, em virtude de sua 
capacidade cultural. Ex: mesmo uma pessoa humilde, que mora em um sítio afastado da 
cidade, sem televisão, sabe que não se pode matar outra pessoa. É diferente do 
desconhecimento da lei, que não exclui a culpabilidade, podendo no máximo ser 
reconhecida como atenuante genérica. Ocorre com o erro de proibição, que é a falsa 
percepção da realidade que recai sobre a ilicitude da conduta, podendo ser invencível 
(exclui a culpabilidade-art. 21, CP) e vencível (diminui a pena de 1/6 a 1/3- art. 21, CP). 
O sujeito sabe exatamente o que faz, age com dolo, mas não sabe que o ato é lesivo e 
ilegal. Pensa que o direito lhe permite tal ato. 
 
c) Exigibilidade de conduta diversa- O agente só será punido se era possível 
exigir-se, diante das circunstâncias em que o fato ocorreu, outro comportamento. É 
excluída pela excludente conhecida como inexigibilidade de conduta diversa, que se 
divide em coação moral irresistível (art. 22, CP), e pela obediência à ordem não 
manifestadamente ilegal de superior hierárquico (art. 22, CP). Nesse caso, só os 
mandantes responderão pelo crime praticado. 
 
“Erro de tipo” 
É o erro sobre elementar, circunstância ou dado irrelevante da figura típica. Se 
divide em: 
a) Essencial- é o erro sobre elementar ou circunstância da figura típica. Se 
divide em Incriminador e Permissivo (descriminante putativa- é igual a culpa imprópria). 
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Ambos podem ser invencível, inevitável ou escusável (exclui o dolo e a culpa) ou 
vencível, evitável e inescusável (excluem o dolo, respondendo por culpa se houver 
previsão legal). 
ATENÇÃO 1! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à 
elementar: em uma sala de aula onde todos os alunos utilizam o mesmo computador 
fornecidos pela Instituição no ato da matrícula, o agente acreditando que o computador 
que está em cima da mesa é o seu, leva o do colega para casa, por engano. Vejam que o 
erro caiu sobre elementar, pois o crime de furto exige que a coisa seja alheia. Nesse 
caso, se o erro foi invencível, exclui-se o dolo e a culpa, não respondendo o agente por 
qualquer delito. Se for erro vencível (qualquer homem médio faria a distinção do 
computador), excluir-se-á o dolo, respondendo o agente apenas a título de culpa. 
Lembre-se que só existe crime na modalidade culposa quando expressamente 
mencionado em lei. No exemplo, o agente não responderia por delito algum, ante a 
inexistência de furto culposo. 
ATENÇÃO 2! Exemplo de erro de tipo essencial incriminador em relação à 
circunstância: o agente mata uma pessoa que aparenta ter 40 anos. Quando se levanta 
a idade da vítima descobre-se que ela possui mais de 60 anos. Vejam que o erro recaiu 
sobre circunstância, já que trata-se de causa de aumento de pena do crime de homicídio. 
Ficando comprovado que o erro é invencível, estará excluída a causa de aumento de 
pena. 
ATENÇÃO 3! Exemplo de erro de tipo essencial permissivo: pai que mata a filha 
que sai escondido para a balada, pensando tratar-se de um ladrão. Se invencível, exclui 
o dolo e a culpa. S vencível, exclui o dolo, respondendo o agente por homicídio culposo. 
b) Acidental- é o erro de tipo em que o crime não estará excluído em 
hipótese alguma, já que o erro recai sobre dado irrelevante da figura típica. Se divide 
em: 
b.1) erro sobre o objeto: o agente furta uma bijuteria achando tratar-se de joia. 
Responderá mesmo assim pelo crime de furto; 
b.2) erro sobre a pessoa: o agente mata Carlos pensando tratar-se de Rodrigo. 
Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado Rodrigo, 
atribuindo-se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes. Exemplo: 
mãe, que sob a influência do estado puerperal, mata outra criança achando tratar-se de 
seu filho. Mesmo assim responderá pelo crime de infanticídio; 
b.3) erro na execução (“aberratio ictus”): o agente mata Carlos ao tentar matar 
Rodrigo. Responde pelo homicídio normalmente, como se inclusive tivesse matado 
Rodrigo, atribuindo-se todas as eventuais elementares ou circunstâncias existentes; 
b.4) resultado diverso do pretendido (“aberratio criminis”): responderá o 
agente pelo resultado pretendido, se houver previsão de crime culposo. Exemplo: ao 
tentar quebrar uma vidraça com uma pedra (crime de dano), o agente acaba errando a 
vidraça e acertando uma pessoa que passava pelo local, respondendo assim por lesão 
corporal culposa. Caso não haja crime culposo pelo resultado praticado, responderá por 
tentativa de delito do primeiro delito. Caso o agente no exemplo acerte a vidraça e a 
pessoa, responderá por ambos os delitos, em concurso formal de infrações; 
b.5) erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”)- dolo geral. O agente acha 
que matou a vítima a facadas e, para livrar-se do corpo, o joga no rio. Ao ser localizado 
o corpo, descobre-se por exame que a vítima morreu por afogamento. Responderá da 
mesma forma pelo homicídio consumado. 
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ATENÇÃO! Erro provocado por terceiro: responde pelo crime o terceiro que 
determinar o erro. 
 
VIII- Iter criminis- é o caminho do crime. Se divide em fase interna (cogitação) 
e fase externa (preparação, execução e consumação). Só haverá crime a partir do início 
da execução, salvo quando a lei punir expressamente os atos preparatórios. Ex: art. 253, 
288 e 291, todos do Código Penal. 
 
IX- Crime consumado- (artigo 14, inciso I)- ocorre quando nele se reúnem 
todos os elementos do tipo penal. 
 
X- Crime tentado- (artigo 14, inciso II)- ocorre quando iniciada a execução, 
o delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. São espécies: 
a) Imperfeita ou propriamente dita- o agente não consegue realizar todos 
os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade; 
b) Perfeita ou crime falho- o agente realiza todos os atos de execução, mas 
o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade; 
c) Branca- o objeto material sequer é atingido pela conduta do agente; 
d) Cruenta- o objeto material é atingido pela conduta do agente; 
e) Abandonada ou qualificada- são os casos de desistência voluntária e 
arrependimento eficaz, que serão estudados em seguida; 
f) Quase crime- é o crime impossível. 
ATENÇÃO 1! A tentativa é causa obrigatória de diminuição de pena, aplicando 
a pena do delito consumado reduzida de 1/3 a 2/3, dependendo do iter criminis 
percorrido (artigo 14, parágrafo único). Porém, existem alguns crimes que mesmo a 
tentativa será punida com a pena do delito consumado, como por exemplo o artigo 352 
do CP. 
ATENÇÃO 2! Não admitem a tentativa: 
a) Crimes culposos, exceto no caso de culpa imprópria; 
b) Crimes preterdolosos; 
c) Crimes omissivos próprios; 
d) Crimes habituais; 
e) Crimes unissubsistentes; 
f) Contravenções penais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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XI- Desistência voluntária e arrependimento eficaz (artigo 15, CP)- na 
desistência voluntária o agente, antes de terminar os atos de execução, desiste de forma 
voluntária em não prosseguir com a prática do delito, respondendo assim apenas pelos 
atos até então praticados. Ex: após dar a primeira facada, e podendo dar a segunda, o 
agente desiste de prosseguir com a ação, respondendo apenas pela lesão corporal. Já 
no arrependimento eficaz o agente, após esgotar os atos executórios, não permite que 
o delito se consume, respondendo assim apenas pelos atos até então praticados. Se o 
delito se consumar, não terá o benefício. Ex: o agente, após dar todas as facadas 
necessárias, se arrepende a socorre a vítima, que não vem a óbito. Responderá apenas 
por lesão corporal. Veja que em ambos os casos, se exige a voluntariedade, e não a 
espontaneidade. 
 
XII- Arrependimento posterior (artigo 16, CP)- nos crimes sem violência ougrave ameaça à pessoa, restituindo a agente a coisa ou reparando o dano, até o 
recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário, a pena deve ser diminuída de 
1/3 a 2/3. 
 
XIII- Crime impossível (art. 17)- o fato será atípico por ineficácia absoluta do 
meio ou impropriedade absoluta do objeto material. Se forem relativas, haverá crime. 
 
XIV- Concurso de pessoas (art. 29, CP): “Quem, de qualquer modo, concorre 
para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. 
a) Teorias- monista (autores e partícipes respondem pelo mesmo delito), 
dualista (o autor responde por um delito, e o partícipe por outro) e pluralista (cada 
partícipe responde por delito próprio, podendo responder inclusive por delitos 
diferentes). O CP adotou a teoria monista. Porém, há exceções de aplicação da teoria 
pluralista (art. 29, parágrafo 2º; art. 124 e 126 do CP). 
b) Requisitos: pluralidade de condutas (podem ser comissivas e omissivas, 
podendo haver uma conduta comissiva e outra omissiva na mesma situação, no caso 
dos crimes omissivos impróprios. Exemplo: o segurança de um banco, insatisfeito com 
o serviço, podendo evitar o assalto, deixa que o crime ocorra sem qualquer 
interferência. Sua conduta omissiva contribui para o sucesso da conduta comissiva do 
assaltante); relevância causal (típica) das condutas (a conduta deve ter alguma 
influência no resultado, sob pena de ser considerada atípica) e liame (vínculo) subjetivo 
(não se exige ajuste prévio, basta que um acabe aderindo à conduta do outro). Existindo 
esses três requisitos, todos os agentes responderão pelo delito, na medida de sua 
culpabilidade. Exemplo de não configuração: taxista que não sabe que está dando fuga 
a uma pessoa que acabou de furtar uma relojoaria. 
ATENÇÃO! Autoria colateral, autoria incerta e autoria mediata. Na autoria 
colateral, duas pessoas, sem liame subjetivo, acabam atirando simultaneamente em 
uma pessoa. A perícia descobre que o tiro de uma delas foi a que levou a vítima a óbito. 
Essa pessoa responderá por homicídio consumado, e a outra apenas por tentativa de 
homicídio. Observem que se houver liame subjetivo entre as pessoas, não será caso de 
autoria colateral, respondendo ambas por homicídio, independentemente de quem 
causou o óbito. Na autoria incerta, também inexiste liame subjetivo entre os agentes. 
Porém, nesse caso, a perícia não consegue determinar qual dos disparou levou a vítima 
a óbito. 
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Por essa razão, ambos os autores responderão apenas por tentativa de 
homicídio, mesmo com a consumação do delito. Por derradeiro, na autoria mediata, o 
autor instiga uma pessoa sem culpabilidade para a prática do delito. Responde pelo 
crime como autor, mesmo que não tenha praticado o verbo núcleo do tipo. Exemplo: 
induzir um inimputável a roubar. Quando se induz ou instiga um animal, teremos a 
autoria imediata, pois o animal é considerado meio para a prática do crime. 
 
c) Formas de concurso- coautoria (o coautor realiza o verbo núcleo do tipo, 
ou seja, a conduta descrita no tipo penal, como por exemplo no roubo, uma pessoa 
pratica a violência ou grave ameaça enquanto a outra subtrai os bens) e participação (o 
partícipe concorre para o crime, sem praticar o verbo núcleo do tipo, podendo a 
participação ser moral, por induzimento, por instigação ou mesmo material, como por 
exemplo no furto, a pessoa que fica de guarda, enquanto a outra entra na casa para 
furtar os objetos). 
 
d) Natureza jurídica da participação: o CP adotou a teoria da acessoriedade 
limitada. Portanto, para o participe ser punido, basta que o autor pratique fato típico e 
ilícito, não importando a culpabilidade. Exemplos: o menor entra na casa furtar os 
objetos, enquanto o maior fica de guarda. Mesmo o menor sendo inimputável, e 
respondendo perante a Vara da Infância e Juventude, o maior responderá pelo crime de 
furto. Exemplo 2: Dois amigos decidem furtar o pai de um deles. O colega responderá 
normalmente pelo furto, enquanto o filho poderá ser contemplado pela escusa 
absolutória, já que praticou furto contra ascendente (vide artigo 181, inciso II, CP). 
ATENÇÃO! A participação anterior ao crime faz com que a pessoa seja partícipe 
do crime praticado, enquanto a participação posterior faz com que a pessoa responda 
por crime autônomo. Exemplo: um amigo pede para que o outro empreste a garagem, 
pois irá praticar um furto e necessita esconder o veículo. Após a prática, esconde o 
veículo na garagem, respondendo ambos pelo delito de furto. Porém, se após a prática 
do crime o furtador pedir a garagem ao colega, que não sabia do furto, tomando ciência 
apenas após a sua ocorrência e, mesmo assim, emprestar a garagem, o dono da garagem 
responderá por receptação (quando visar seu proveito próprio ou de terceiro que não o 
autor do crime antecedente) ou por favorecimento real (quando visar única e 
exclusivamente beneficiar o autor do crime antecedente). 
 
e) Participação de menor importância (artigos 29, parágrafo 1º): “Se a 
participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um 
terço”. 
 
f) Participação em crime menos grave (artigos 29, parágrafo 2º): “Se algum 
dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; 
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado 
mais grave”. 
 
g) Circunstâncias incomunicáveis (artigo 30): “Não se comunicam as 
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. 
 
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h) Casos de impunibilidade (artigo 31): “O ajuste, a determinação ou 
instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o 
crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. 
 
XV- Concurso de Crimes: 
a) Conceito e critérios- ocorre quando uma pessoa, mediante uma ou mais 
condutas, pratica mais de um crime. Será resolvido pelos critérios de cúmulo material 
(é a soma das penas das infrações) e exasperação (se pega a pena do delito mais grave 
e aumenta-se uma determinada fração). 
 
b) Espécies: 
I- Concurso material (artigo 69)- “Quando o agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se 
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de 
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela”. 
Exemplo: após roubar um depósito de gás, o agente furta uma motocicleta para fugir. 
As penas do roubo e do furto serão somadas. Pode ser homogêneo (mesmos crimes) e 
heterogêneo (crimes diversos); 
 
II- Concurso formal (artigo 70)- “Quando o agente, mediante uma só ação 
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se a mais grave das 
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 
um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou 
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante 
o disposto no artigo anterior”. Exemplo: com um único tiro, o agente acaba matando 
duas pessoas. Por serem crimes idênticos, irá se pegar a pena de um deles, aumentado 
de 1/6 até a metade. Pode ser homogêneo (mesmos crimes) e heterogêneo (crimes 
diversos); próprio ou perfeito (sistema da exasperação, aumentando de 1/6 até a ½, não 
podendo a pena ultrapassar o cúmulo material, chamado essa regra de concurso 
material benéfico) ou impróprio ou imperfeito (cúmulo material, em razão dos desígnios 
autônomos,como no exemplo dado, se o agente quis matar as duas pessoas com um 
único tiro). 
 
III- Crime continuado (artigo 71)- “Quando o agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se a pena de um só dos crimes, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a 
dois terços”. Portanto, são requisitos: mais de uma ação ou omissão; mais de dois crimes 
da mesma espécie (do mesmo tipo penal); condições semelhantes de tempo (máximo 
de 30 dias); condições semelhantes de lugar (no máximo cidades vizinhas); mesma 
forma de execução (semelhança do modus operandi, não exigindo identidade). 
Preenchidos os requisitos, será presumido que o agente praticou um único crime. Pode 
ser comum (exasperação de 1/6 a 2/3) ou qualificado (cúmulo material, previsto no 
parágrafo único- o juiz pegará a pena do mais grave e poderá aumentar até o triplo, 
respeitado o limite da soma das penas, também chamada essa hipótese de concurso 
material benéfico). 
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ATENÇÃO! Para ocorrer o crime continuado qualificado, o réu deve ter 
praticado crimes dolosos contra vítimas diferentes, mediante violência ou grave ameaça 
a pessoa. 
 
c) Pena de multa (artigo 72): “No concurso de crimes, as penas de multa são 
aplicadas distinta e integralmente”. 
 
Das Penas: 
I- Sanção penal- são as penas e as medidas de segurança. O CP adotou o 
sistema vicariante (aplica-se a pena ou medida de segurança). 
 
II- Finalidade da sanção penal- retributiva; preventiva (prevenção especial-
agente- e geral-sociedade); ressocializadora. 
 
III- Classificação das penas: 
a) PRIVATIVA DE LIBERDADE: se divide em reclusão e detenção, cominadas 
a crimes, e prisão simples, cominada a contravenções penais. 
ATENÇÃO! Em tese, a pena de reclusão é mais rígida do que a detenção, já que 
o regime inicial para o cumprimento de pena nos casos de reclusão poderá ser o regime 
fechado, semiaberto e aberto, e na detenção apenas os regimes semiaberto e aberto, 
podendo ser o fechado no caso de regressão. No regime fechado o sentenciado cumpre 
a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média; no semiaberto em 
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; no aberto trabalha ou frequenta 
cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se a Casa do Albergado ou 
estabelecimento similar à noite e nos dias de folga. 
ATENÇÃO 2! O efeito extrapenal específico da perda de poder familiar (tutela 
ou curatela) só se aplica aos crimes punidos com reclusão. 
ATENÇÃO 3! Nos crimes punidos com reclusão a medida de segurança será 
obrigatoriamente a internação em casa de custódia e tratamento, enquanto nos 
punidos com detenção será a medida de segurança, consistente em internação ou 
tratamento ambulatorial. 
ATENÇÃO 4! A reclusão terá prioridade na execução da pena. 
 
a.1) Fixação do regime inicial (art. 33): O juiz deverá levar em conta: 
- quantidade da pena aplicada: na reclusão, pena maior que 08 anos- fechado; 
pena superior a 04, e inferior a 08 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 anos- 
aberto. Já na detenção, pena superior a 04 anos- semiaberto; pena igual ou inferior a 04 
anos- aberto 
- primariedade ou reincidência do acusado: na reclusão, a reincidência faz com 
que o regime inicial seja o fechado ou o semiaberto (ver Súmula 269, STJ); na detenção, 
semiaberto. 
- circunstâncias judiciais (art. 59, caput, CP)- as circunstâncias judiciais 
desfavoráveis podem, desde que fundamentado de forma correta pelo juiz, alterar o 
regime inicial de cumprimento de pena. 
ATENÇÃO! Ver Súmulas 718 e 719 do STF, e 440 do STJ. 
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ATENÇÃO 2! Algumas leis especiais limitam a escolha do regime inicial. Ex: lei 
dos crimes hediondos (lei nº 8.072/90), onde o regime inicial será o fechado. 
 
ATENÇÃO 3! De acordo com a lei nº 12.736, de 30/11/2012, “O tempo de prisão 
provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será 
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. 
Ver comentários aprofundados no tópico detração. 
 
a.2) Sistema de cumprimento da pena privativa de liberdade: é progressivo 
(art. 112 da LEP), dependendo de dois requisitos: 
- objetivo (lapso temporal); 
- subjetivo (bom comportamento comprovado pelo diretor). 
ATENÇÃO! Pode o juiz, dependendo do caso, determinar exame criminológico 
(Súmula 439, STJ). 
ATENÇÃO 2! Lapso Temporal: 
- crimes comuns: 1/6; 
- crimes hediondos, cometidos a partir de 29/03/07- lei nº 11.464/07)- 2/5 para 
réu primário, e 3/5 se reincidente (aqui reincidência genérica, ou seja, basta que o 
segundo crime seja hediondo). Antes desta data, a fração para esses crimes é de 1/6, já 
que lei posterior mais gravosa não pode retroagir para prejudicar o réu; 
- crimes contra a Administração Pública- art. 33, parágrafo 4º, CP- fora os outros 
requisitos, reparação do dano ou devolução do produto. 
CUIDADO: LEI 13.769, DE 19/12/2018: ALTEROU A LEP! 
ARTIGO 112, § 3º, DA LEP: NO CASO DE MULHER GESTANTE OU QUE FOR MÃE 
OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, OS REQUISITOS 
PARA PROGRESSÃO DE REGIME SÃO, CUMULATIVAMENTE: 
I - NÃO TER COMETIDO CRIME COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A 
PESSOA; 
II - NÃO TER COMETIDO O CRIME CONTRA SEU FILHO OU DEPENDENTE; 
III - TER CUMPRIDO AO MENOS 1/8 (UM OITAVO) DA PENA NO REGIME 
ANTERIOR; 
IV - SER PRIMÁRIA E TER BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO, 
COMPROVADO PELO DIRETOR DO ESTABELECIMENTO; 
V - NÃO TER INTEGRADO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. 
§ 4º O COMETIMENTO DE NOVO CRIME DOLOSO OU FALTA GRAVE 
IMPLICARÁ A REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO PREVISTO NO § 3º DESTE ARTIGO. 
 
ATENÇÃO 3! Cuidado que a Súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada 
progressão per saltum de regime prisional”. 
Porém, a doutrina e grande parte da jurisprudência entende que quando não 
há vaga no regime semiaberto, o sentenciado deve esperar sua vaga no regime aberto, 
pois o Estado tem que criar meios para a ressocialização do condenado. Assim decidiu 
o STF na Súmula Vinculante nº 56!!!. 
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ATENÇÃO 4! Regressão de regime: ocorrerá com o cometimento de crime 
doloso; falta grave; condenação por crime anterior que torne o regime incompatível; 
não pagar a multa, podendo. 
ATENÇÃO 5! Súmula 526 do STJ: “O reconhecimento de falta grave decorrente 
do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena 
prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal 
instaurado para apuração do fato”. 
ATENÇÃO 6! Sumula 520 do STJ: “O benefício de saída temporária no âmbito 
da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade 
administrativa do estabelecimento prisional”. 
ATENÇÃO 7! Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a 
contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se 
reinicia a partir do cometimento dessa infração. 
 
a.3) Remição (art. 120, LEP)- caberá nos regimes fechado e semiaberto. A cada03 dias trabalhados, descontará um dia da pena do sentenciado. 
ATENÇÃO! Súmula 341, STJ- a frequência em curso de ensino formal é causa de 
remição. 
ATENÇÃO 2! Art. 127, LEP- o cometimento de falta grave faz com que o preso 
perca os dias remidos, no limite de 1/3, recomeçando a contagem a partir da data da 
infração disciplinar (lei nº 12.433/2011). 
ATENÇÃO 3! O preso que fica doente, quando estava trabalhando, continua 
remindo nos dias em que ficar afastado. 
ATENÇÃO 4! Súmula 533 do STJ: Para o reconhecimento da prática de falta 
disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de 
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o 
direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público 
nomeado. 
ATENÇÃO 5! Súmula 562, STJ: É possível a remição de parte do tempo de 
execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, 
desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros. 
 
a.4) Detração Penal- é o abatimento da pena final do período em que o 
sentenciado permaneceu preso de forma cautelar, provisoriamente, no Brasil ou no 
estrangeiro (art. 42, CP). Essa detração era feita pelo juiz da execução penal. Porém, 
para agilizar os benefícios executórios ao réu, nos termos da lei nº 12.736, de 
30/11/2012, que incluiu no CPP o parágrafo 2º no artigo 387, “O tempo de prisão 
provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será 
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. 
Com essa nova redação, a detração será feita pelo juiz de 1º grau, podendo inclusive 
alterar o regime inicial de pena. Exemplo: Carlos está encontra-se preso 
preventivamente por crime de roubo majorado por emprego de arma de fogo. Na 
sentença, o juiz monocrático condena Carlos a uma pena de reclusão de 05 anos e 04 
meses de reclusão, com regime inicial semiaberto para o início do cumprimento de 
pena. 
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Como Carlos permaneceu preso preventivamente por este processo por 02 
anos, na mesma sentença, o juiz sentenciante já fará a detração, ou seja, o desconto do 
período em que Carlos permaneceu preso preventivamente, tornando a sua pena final 
03 anos e 04 meses de reclusão, com regime inicial aberto para o início de cumprimento 
de pena. Consequentemente, na hipótese colocada, haverá expedição de alvará de 
soltura em favor do réu. 
 
a.5) Regime Disciplinar Diferenciado (art. 52, LEP)- o preso que praticar crime 
doloso ou falta grave, que ocasionar subversão da ordem e disciplina internas do 
presídio, sem prejuízo da sanção penal, sofrerá RDD. Também poderá ser aplicado a 
membros de facção ou a presos de alto risco para o presídio ou para a sociedade, 
dependendo, em todos os casos, de decisão judicial. O RDD tem as seguintes 
características: 
- duração máxima de 360 dias, podendo ser repetido por nova falta grave, no 
limite de 1/6 da pena; 
- recolhimento em cela individual; 
- visita semanais de 02 pessoas, sem contar crianças, por 02 horas; 
- 02 horas de banho de sol fora da cela. 
 
a.6) Limite de cumprimento da pena- 30 anos (art. 75, CP) 
ATENÇÃO! Se cometer novo crime após a unificação, despreza-se o tempo já 
cumprido, operando-se nova unificação (art. 75, parágrafo 2º); 
ATENÇÃO 2! Súmula 715, STF- a pena unificada não é considerada para a 
concessão de outros benefícios (livramento, progressão, etc). 
 
b) PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO- são autônomas e substituem, quando 
possível, a pena privativa de liberdade. Se não forem cumpridas, convertem-se em pena 
privativa de liberdade, pelo tempo faltante, respeitado um saldo de 30 dias (art. 44, 
parágrafo 4º, CP). Terão sempre a mesma duração das penas privativas de liberdade, 
com exceção da prestação de serviços à comunidade, que deve ser cumprida pelo 
período de 01 hora de tarefa por dia de condenação (art. 46, parágrafo 3º), sendo que 
as penas que forem maiores que 01 ano, pode o réu cumprir a prestação em menor 
tempo, mas nunca inferior a metade da pena privativa de liberdade fixada. 
 
 
b.1) Requisitos para a substituição (art. 44): 
- pena privativa de liberdade não superior a 04 anos (salvo crime culposo, que 
não há limites); 
- crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa; 
- não reincidência em crime doloso (pode haver se a medida for adequada, e 
desde que não seja reincidente específico); 
- circunstâncias pessoais favoráveis. 
ATENÇÃO: SÚMULA 588, DO STJ: “A prática de crime ou contravenção penal 
contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos”. 
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b.2) Espécies: 
- prestação pecuniária (art. 45, parágrafo 1º, CP): “A prestação pecuniária 
consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública 
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) 
salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago 
será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se 
coincidentes os beneficiários”; 
- perda de bens ou valores (art. 45, parágrafo 3º, CP): “A perda de bens e valores 
pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do 
Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante 
do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em 
consequência da prática do crime”; 
- prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (art. 46, CP): “A 
prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações 
superiores a seis meses de privação da liberdade. A prestação de serviços à comunidade 
ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. A 
prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, 
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários 
ou estatais. As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do 
condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de 
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. Se a pena 
substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva 
em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade 
fixada”; 
- interdição temporária de direitos (art. 47, CP): “As penas de interdição 
temporária de direitos são: proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, 
bem como de mandato eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício 
que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; 
suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo; proibição de frequentar 
determinados lugares; proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame 
públicos. 
- limitação de finais de semana (art. 48, CP): “A limitação de fim de semana 
consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas 
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado”. 
ATENÇÃO! Penas igual ou inferiores a 01 ano- substituição por multa ou por 
uma restritiva de direito; penas maiores que 01 ano- uma restritiva de direito ou multa, 
ou duas restritivas de direito. A prestação de serviço à comunidade só pode ser aplicada 
em penas superiores a 06 meses.http://www.proordem.com.br/
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c) Pena de Multa (art. 49)- o juiz aplica primeiro a quantidade de dias-multa, 
e depois o valor de cada dia-multa. A quantidade vai, em regram de 10 a 360 dias-multa, 
de acordo com a dosimetria. Já o valor de cada dia-multa será no mínimo de 1/30 e, no 
máximo, 5 vezes o valor do salário mínimo vigente. Se o juiz achar necessário, pode 
aumentar o valor final até o triplo. Deve ser efetuado o pagamento até 10 dias após o 
trânsito em julgado. Pode o réu requerer o parcelamento. O não pagamento vira 
execução fiscal, não podendo ser convertida em pena privativa de liberdade. 
ATENÇÃO! Sobrevindo ao acusado doença mental, a pena de multa é suspensa. 
Cuidado pois nos termos do artigo 41 do CP, o sentenciado na mesma situação 
condenado a pena privativa de liberdade é mandado a Hospital de custódia ou 
psiquiátrico. 
ATENÇÃO 2! CUIDADO com a diferença entre pena de multa e pena restritiva 
de direito consistente em prestação pecuniária. 
ATENÇÃO 3! Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa 
pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria 
da Fazenda Pública”-. 
Porém, cuidado! ADI 3.150, julgada em 2018! O MP pode propor ação de 
cobrança de multa dentro do prazo de 90 dias na Vara das Execuções Criminais, 
contado do trânsito em julgado da condenação, com a possibilidade de cobrança 
SUBSIDIÁRIA pela Fazenda Pública no caso de inércia do MP! 
Logo, a Súmula 521 do STJ deverá ser cancelada em breve! 
 
IV- Reincidência: (arts. 63 e 64, I e II, CP): “Verifica-se a reincidência quando 
o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou 
no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Para efeito de reincidência: I - 
não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da 
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, 
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não 
ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos”. 
ATENÇÃO! crime com sentença transitada em julgado + crime= reincidência; 
 crime com sentença transitada em julgado + contravenção = reincidência 
 contravenção com sentença transitada em julgado + contravenção= 
reincidência 
 contravenção com sentença transitada em julgado + crime= não gera 
reincidência, por falta de amparo legal. 
contravenção praticada no exterior + contravenção= não gera reincidência, 
pois não se pune contravenção penal praticada fora do Brasil (não existe 
extraterritorialidade da lei brasileira no caso de contravenção penal). 
ATENÇÃO 2! A sentença que conceder perdão judicial não será considerada 
para efeitos de reincidência. 
ATENÇÃO 3! Art. 64, I- o período de prova do SURSIS e do livramento 
condicional não revogados podem ser contado no quinquênio. 
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V- Fixação da pena- é a chamada dosimetria da pena. Adotamos o sistema 
trifásico (art. 68, CP): “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste 
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por 
último, as causas de diminuição e de aumento”. 
ATENÇÃO! Súmula 444, do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e 
ações penais em curso para agravar a pena-base”. 
ATENÇÃO 2! Na segunda fase, se concorrerem agravantes e atenuantes, 
prevalecerá: motivos determinantes do crime; personalidade do agente; reincidência. 
Segundo a jurisprudência, a personalidade do agente inclui a idade, que deve 
prevalecer. 
ATENÇÃO 3! Na primeira e na segunda fase, não pode o juiz ultrapassar o 
mínimo e o máximo da pena em abstrato, só podendo fazê-lo na terceira fase. 
ATENÇÃO 4! havendo mais de um delito, deve o juiz aplica a dosimetria 
individualmente para cada crime, aplicando, ao final, a regra do concurso de crimes. 
ATENÇÃO 5: Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a 
formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 
65, III, d, do Código Penal. 
 
VI- SURSIS 
Pode ser processual e penal. O processual está previsto no art. 89 da nº lei 
9.099/95, e são aplicadas aos delitos que tem pena mínima igual ou inferior a 01 ano. O 
juiz recebe a denúncia e homologa, caso seja ofertado pelo Ministério Público. Cumprida 
o acordo, gera a extinção da punibilidade, não ocorrendo à reincidência. Já o penal está 
previsto no artigo 77, do CP, e possui algumas espécies. Em regra, o réu deve ter sido 
condenado à pena igual ou inferior a 02 anos. Se cumprido o acordo, extingue a pena 
privativa de liberdade. Se cometer novo crime após o cumprimento do SURSIS, gera 
reincidência. 
Espécies de suspensão condicional da pena: 
a) SURSIS Simples (art. 77, I,II,III e parágrafo 1º). São requisitos: 
- pena privativa de liberdade igual ou inferior a 02 anos; 
- não for cabível a substituição por pena restritiva de direito; 
- não reincidência em crime doloso, salvo se a pena do primeiro delito for de 
multa; 
- circunstâncias pessoais favoráveis. 
ATENÇÃO! Período de prova- de 02 a 04 anos, contado da audiência de 
advertência; 
ATENÇÃO 2: Condições: no primeiro ano, deve prestar serviços à comunidade 
ou limitação dos finais de semana. O juiz pode fixar outras condições. 
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b) SURSIS Especial- é aplicado nos casos que o condenado preenche todos 
requisitos do SURSIS simples, repara o dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo, e possui 
as circunstâncias judiciais do artigo 59 do CP inteiramente favoráveis para si. As 
condições de cumprimento serão mais brandas, já que substitui a prestação de serviços 
ou a limitação do fim de semana por: proibição de frequentar determinados luares; 
proibição de ausentar-se da comarca sem autorização; comparecimento pessoal e 
obrigatório mensal a juízo, para informar e justificar as atividades. Essas restrições são 
cumulativas. O período de prova também será idêntico. 
 
c) SURSIS Etário- art. 77, parágrafo 2º- é aplicado ao réu que, na sentença, 
possui mais de 70 anos. São os mesmos requisitos, salvo a pena aplicada, que pode ser 
de até 04 anos (igual ou inferior), sendo que, nessa espécie de suspensão, o período de 
prova será de 04 a 06 anos. 
 
d) SURSIS humanitário- é aplicada ao sentenciado que na sentença estiver 
acometido de moléstia grave, sendo que as razões de sua saúde justificam a suspensão. 
É idêntico ao SURSIS etário em relação aos requisitos e ao período de prova. 
 
e) SURSIS ambiental- ver artigos 16 e 17 da lei nº 9.605/98 (lei dos crimes 
ambientais). 
ATENÇÃO! Revogação do SURSIS- revogado a suspensão, o sentenciado deve 
cumprir a pena toda. É obrigatória a revogação quando, no período de prova, ocorrer: 
- condenação irrecorrível por crime doloso, salvo se a pena for apenas de multa; 
- não efetuar a reparação do dano, salvo por motivo justificado; 
- descumprir a prestação de serviços ou a limitação do final de semana. 
Será facultativa a revogação quando descumprida qualquer outra condição, ou 
o sentenciado for condenado irrecorrivelmente a crime culposo ou contravenção com 
pena privativa de liberdade ou pena restritiva de direito. Aqui o juiz pode optar por 
revogar, ou aumentar o período de prova até o limite

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