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● 33 LEPTOSPIROSE Figura 1 - Rato transmissor da Leptospirose ● Definição A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados ● Transmissão Pela bactéria leptospira, sendo acomodada em animais como ratos. ● Sinais e Sintomas ❖ Febre ❖ Dor de cabeça ❖ Dor muscular, principalmente nas panturrilhas ❖ Falta de apetite ❖ Náuseas/vômitos ● Tratamento Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. ● Local de Incidência No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados. ● 34 MALÁRIA ● A) MALÁRIA NA REGIÃO AMAZÔNICA Figura 2 - Mosquito Transmissor da Malária ● Definição A malária é uma doença infecciosa aguda, causada por protozoários, no Brasil, a incidência da malária aumentou cerca de dez vezes nos últimos 30 anos, 99% dos casos na região Amazônica , devido a expansão de garimpos, projetos de colonização e construção de novas rodovias, a migração desordenada para Amazônia foi determinante para o aumento quantitativo de casos. O Estado de Rondônia foi o que recebeu o maior número de migrantes, motivados pelos projetos de assentamentos coordenados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo estes fatores responsáveis pelo crescimento abrupto de sua população. ● Transmissão A malária não é uma doença contagiosa. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário ❖ Sinais e Sintomas ❖ Febre alta ❖ Calafrios ❖ tremores ❖ Sudorese ❖ Dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. ● Tratamento No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato. ● Local de Incidência Os locais de incidência são a região amazônica, localizada na região norte.(Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. ● B) MALÁRIA NA REGIÃO EXTRA AMAZÔNICA Figura 3 - Mapa mundial de malária ● Transmissão Pouca transmissão autóctone ● Sinais e Sintomas O quadro febril inespecífico pode ser confundido com outras doenças febris, levando ao diagnóstico e tratamentos tardios; Local de Incidência Maior parte em viajantes, que voltam para seus locais de origens infectados. ● 35 ÓBITO ● A) INFANTIL Figura 4 - Gráfico de mortalidade infantil ● Definição Mortalidade infantil consiste na morte de crianças no primeiro ano de vida e é a base para calcular a taxa de mortalidade infantil, que consiste na mortalidade infantil observada durante um ano, referida ao número de nascidos vivos do mesmo período. Óbito fetal é a morte de um produto da concepção, antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez; indica o óbito o fato do feto, depois da separação, não respirar nem apresentar nenhum outro sinal de vida, como os batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária. Óbito neonatal é a morte de um nascido vivo que ocorre durante os primeiros 28 dias de vida. As mortes neonatais podem ser divididas em mortes neonatais precoces, que ocorrem durante os primeiros 7 dias de vida, e mortes neonatais tardias, que ocorrem após o sétima dia de vida e termina com 28 dias completos de vida. Óbito infantil é aquele que ocorre em crianças nascidas vivas antes de completar um ano de vida. Período perinatal começa com 22 semanas completas (154 dias) de gestação (época em que o peso de nascimento é normalmente 500 gramas) e termina com 7 dias completos após o nascimento, ou seja, de 0 a 6 dias de vida. Período neonatal começa com o nascimento e termina com 28 dias de vida completos depois do nascimento. Todos os fetos e nascidos vivos pesando ao menos 500 gramas ao nascimento devem ser incluídos nas estatísticas. Quando não se dispõe desta informação, deve-se utilizar idade gestacional de 22 semanas completas ou comprimento corpóreo de 25 centímetros. A taxa de mortalidade infantil é calculada pelo número de óbitos de menores de um ano de idade dividido pelo número de nascidos vivos, por mil, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. A taxa de mortalidade perinatal é calculada dividindo o número de óbitos ocorridos no período perinatal por mil nascimentos totais, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Nascimentos totais incluem os nascidos vivos e os óbitos fetais. ● Causa Entre as principais causas da mortalidade infantil estão a falta de assistência e de instrução às gestantes, ausência de acompanhamento médico, deficiência na assistência hospitalar, desnutrição, déficit nos serviços de saneamento ambiental, entre outros. A ausência de saneamento provoca a contaminação da água e dos alimentos, podendo desencadear doenças como a hepatite A, malária, febre amarela, cólera, diarreia, etc. ● Sinais e Sintomas Mortalidade proporcional segundo a idade Em relação a mortalidade proporcional por idade observa-se o seguinte: ❖ Mortalidade proporcional por algumas causas ou grupos de causas: Sòmente serão considerados, nessa apresentação, as causas básicas de morte, sendo que a classificação das mesmas foi feita de acordo com a 8.a Revisão (1965) da Classificação Internacional de Doenças. Os resultados referentes à mortalidade proporcional, que são aqui expostos, referem-se a algumas causas ou grupos de causas e nessa apresentação serão consideradas as seguintes: ★ 002-009 – Doenças infecciosas intestinais ★ 010-019 – Tuberculose (qualquer localização) ★ 032 – Difteria ★ 033 – Coqueluche ★ 036 – Infecções meningocócicas ★ 037 – Tétano ★ 055 – Sarampo ★ 090-097 – Sífilis ★ Outras infecciosas classificadas entre 000-136 (não incluídas acima) ★ 140-209 – Neoplasias malígnas★ 267-269 – Desnutrição ★ 320 – Meningites (excluída tuberculosa-013 e a meningocócica-036) ★ 480-486 – Pneumonias e Broncopneumonias ★ 740-759 – Malformações congênitas ★ 760-779 – Certas causas de mortalidade perinatal ★ E800-E999 – Acidentes. ★ Para facilidade de comparação entre os diferentes países ou regiões do globo esta taxa é normalmente expressa em número de óbitos de crianças com menos de um ano, a cada mil nascidos vivos. ● Tratamento Cuidados durante a gestação para evitar a mortalidade infantil As consultas médicas durante a gestação, chamadas de pré-natal, são importantes para que as mulheres saibam se tudo está correndo bem com elas e o bebê. É também a oportunidade para esclarecer as dúvidas, preparar-se para o parto, prevenir, descobrir e tratar o mais cedo possível quaisquer problemas que surjam. Os serviços de saúde devem, já na primeira consulta, entregar à mulher o seu cartão – ou carteira – de gestante, onde serão registradas informações como peso, pressão arterial, crescimento do bebê, tipo sanguíneo e resultados de outros exames importantes. Em cada consulta é obrigatório que os profissionais responsáveis pelo atendimento verifiquem o peso, pressão e altura uterina da gestante, e ouçam os batimentos do coração do bebê. Um bom pré-natal deve incluir, no mínimo, seis consultas, e seu acompanhamento pode ser realizado por um médico, enfermeira ou outro profissional devidamente treinado, como agentes comunitários de saúde e líderes da Pastoral da Criança. Exames - Os exames rotineiramente solicitados no pré-natal são os de urina, fezes e sangue. O exame de fezes informará a existência de alguma verminose, que deverá ser tratada; o de urina mostrará se há sinais de infecção ou indicações suspeitas de uma eclâmpsia (convulsões que podem aparecer antes, durante ou depois do parto e levar à morte ou ao coma); o exame de sangue verifica as funções gerais do organismo, o tipo sanguíneo, o fator Rh e a presença ou não de anemia e sífilis. No pré-natal, o diagnóstico das doenças sexualmente transmissíveis é de extrema importância, tanto para a mãe como para o feto. Na identificação de uma sífilis, por exemplo, o tratamento oportuno evitará que o bebê venha a ter graves sequelas. Apalpar a barriga da gestante e medi-la permitirá ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento saber se o bebê está se desenvolvendo adequadamente, na posição e tamanho corretos. Hoje essa avaliação é quase sempre realizada mediante exame de ultrassom, mas, mesmo sem ele, é possível ter uma boa noção apenas auscultando o bebê, medindo e verificando a barriga da mãe (altura uterina). A dieta deve ser rica em vitaminas e sais minerais encontrados nas frutas e verduras. Na gravidez, aumentam as necessidades de ferro, proteínas e cálcio. A partir do segundo trimestre gestacional, pode ser necessária uma complementação de ferro e vitaminas, pois a falta de ferro pode provocar o surgimento de anemia ferropriva. Cuidado com a pressão alta - Em nosso país, um dos problemas mais apresentados pelas gestantes que procuram os serviços de emergência dos hospitais são as complicações da pré-eclâmpsia (também conhecida como toxemia) e eclâmpsia, uma doença que só acontece na gravidez. Seu sinal mais evidente é o inchaço anormal de pés, face e mãos, acompanhado de pressão alta, que pode se complicar com fortes dores de cabeça, visão embaçada e até mesmo convulsão e morte. A pressão necessita ser controlada a cada consulta. Caso a pressão esteja alta, a mulher deve ser orientada e encaminhada para exame de urina e tratada, se necessário. Na maioria das vezes, uma boa dieta, repouso adequado e acompanhamento frequente são suficientes. Se a mulher necessita, ela tem direito legal ao repouso. Em qualquer situação que ameace a sua saúde é garantida a licença médica, sem nenhum prejuízo ao salário. O cigarro, o álcool e os medicamentos – assim como outras drogas – precisam ser evitados na gestação, porque causam danos à saúde, tanto da mãe como do filho. O tétano neonatal é uma doença infecciosa grave e muito perigosa para as mulheres em estado gestacional. Para preveni-lo, toda gestante deve receber a vacina antitetânica da seguinte forma: uma dose de reforço, caso tenha sido vacinada corretamente há menos de dez anos; ou três doses, em caso contrário. Essa vacina evita o tétano na mãe e no bebê (mal de sete dias). O parto - A atenção ao parto é sempre uma urgência. Portanto, seu atendimento não pode ser recusado em nenhum hospital ou maternidade. Quando o hospital, por qualquer motivo, não apresenta condições de atender a mulher em trabalho de parto, não pode simplesmente mandá-la embora sem antes examiná-la. Tampouco pode transferi-la para outro estabelecimento de saúde se não houver tempo suficiente, ou se não confirmar a existência de vaga e o atendimento. Se isso não ocorrer, e principalmente se a gestação for de risco ou complicada, a mulher e seu marido ou companheiro devem formalizar uma reclamação contra o hospital, nas instâncias de controle social. A gestante já deve saber antecipadamente qual o hospital ou maternidade onde pretende – ou pode – dar à luz. Alguns hospitais possuem locais chamados de casa de espera ou casa de repouso, que oferecem serviço de alojamento a gestantes de risco ou que morem longe da maternidade. Esses locais ficam próximos ao hospital ou a maternidade e podem diminuir, nos casos de gravidez de risco, a ocorrência de complicações e de mortes, tanto das mães como das crianças. Logo após o nascimento, a mãe e a criança devem receber alguns cuidados específicos. O ideal é a presença de um pediatra na sala de parto – fundamental nos casos de gravidez de risco. A mulher que durante o trabalho de parto apresente pressão muito alta, algum tipo de hemorragia ou infecção importante deve ser tratada de maneira especial e receber cuidados extras, pois tais sinais indicam que seu parto está mais sujeito a riscos, tanto para ela quanto para a criança. Amamentação - Imediatamente após o parto, a mulher tem o direito de ficar com o seu filho e amamentá-lo. O contato da mãe com a criança nas primeiras horas e dias após o parto é fundamental para a saúde física e mental de ambos. Após o parto, os seios produzem uma aguinha chamada colostro, que o bebê irá sugar assim que nascer e é muito rica em nutrientes e anticorpos vitais para a criança. O leite materno é absolutamente fundamental para o bebê. Além de ser gratuito e de evitar doenças, a amamentação exclusiva ajuda a mulher a se prevenir de uma nova gravidez, bem como de vários problemas futuros como, por exemplo, o câncer de mama. As empresas têm a obrigação de proteger a mulher que tiver filho. No seu retorno às atividades, devem oferecer-lhe todas as facilidades para que o aleitamento prossiga até os seis meses de vida da criança, pelo menos. Enquanto a mulher estiver amamentando, mesmo após o término da licença maternidade, ela tem direito a horário especial de trabalho, com doisdescansos – de 30 minutos cada – durante sua jornada, destinados à amamentação. ● Local de Incidência Por outro lado, alguns países possuem taxas de mortalidade infantil altíssimas: Afeganistão (152), Chade (127), Angola (111), Guiné-Bissau (109), Nigéria (107), Somália (106), Mali (103) e Serra Leoa (102). Diante desse cenário, a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu a redução da mortalidade infantil entre uma das oito Metas de Desenvolvimento do Milênio. ● B) MATERNO Figura 5 - Gráfico de mortalidade materna ● Definição É a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da mesma, independentemente da duração ou da localização da gravidez, causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Não é considerada Morte Materna a que é provocada por fatores acidentais ou incidentais. Morte materna tardia. É a morte de uma mulher, devido a causas obstétricas diretas ou indiretas, que ocorre num período superior a 42 dias e inferior a um ano após o fim da gravidez. Estes óbitos não entram no cálculo da Razão de Mortalidade Materna. ● Causas Morte Materna Obstétrica As mortes maternas por causas obstétricas são classificadas: Obstétricas diretas: Aquela que ocorre por complicações obstétricas durante a gravidez, parto ou puerpério. Obstétricas indiretas: Aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, sendo agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. ● Razão de Mortalidade Materna (RMM) É o número de óbitos maternos, por 100 mil nascidos vivos de mães residentes em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Método de cálculo N.o de óbitos maternos (diretos e indiretos) X 100.000 ___________________________________ N.o de nascidos vivos O cálculo da razão deve ser feito sempre para a mesma área e a mesma unidade de tempo, e o seu resultado deve ser multiplicado por k (seguindo padrão internacional adotado, k=100.000). Razão de Mortalidade Materna (RMM) Reflete a qualidade da atenção à saúde da mulher, desde o planejamento familiar e a assistência pré-natal, até a assistência ao parto e ao puerpério. ● Sinais e sintomas Problemas no planejamento familiar e na assistência pré-natal ❖ Dificuldade de acesso: ★ Aos serviços ★ A informação sobre métodos ★ A informação sobre serviços ★ Aos insumos ★ A exames ❖ Falta de captação precoce e busca ativa da mulher ❖ Falta de recursos humanos ❖ Desqualificação do profissional de saúde (negligência, imperícia ou imprudência por parte dos profissionais de saúde que atenderam à mulher, não identificação de risco reprodutivo, a falha diagnóstica e a inadequação de procedimentos e métodos recomendados, não identificação de fatores de risco e encaminhamento oportuno entre outros) ❖ Inexistência de protocolos no serviço ❖ Referência e contra referência não formalizada Problemas na assistência ao parto, puerpério e intercorrências ❖ Dificuldade de acesso: ★ – Aos serviços ★ – A informação ★ – Aos insumos e medicamentos – A exames ★ Falta de recursos humanos ❖ Desqualificação do profissional de saúde (não identificação de fatores de risco e encaminhamento oportuno, a falha diagnóstica e a inadequação de procedimentos e tratamento, entre outros) ❖ • Falha de preenchimento dos instrumentos de registro ❖ • Falta de equipamento ou de manutenção para equipamentos ❖ • Inexistência de protocolos no serviço ❖ • Referência e contra referência não formalizada ❖ • Carência de leitos obstétricos e de UTI, ❖ • Falta de sangue, hemoderivados. ● Local de Incidência Brasil, Grandes Regiões, Estados e Distrito Federal. Dados Estatísticos e Comentários Taxa de Mortalidade Materna (em 100 mil), UF e Regiões selecionadas, 1997 e 1998 Regiões e UF (*) 1997 1998 Fontes: Ministério da Saúde/CENEPI: Base de dados do SIM e do SINASC Notas: (*) Cálculo realizado apenas para UF com pelo menos 90% de cobertura do SIM (óbitos femininos de 10 a 49 anos de idade) e do SINASC. (**) Média das taxas das UF consideradas Brasil (*) 58,6 69,8 Sudeste 54,7 67,7 Minas Gerais ... 86,6 Espírito Santo ... 51,3 Rio de Janeiro 65,8 79,4 São Paulo 50,4 55,5 Sul 71,1 76,2 Paraná 83,0 84,2 Santa Catarina 44,0 43,7 Rio Grande do Sul 73,0 85,6 Centro-Oeste 47,8 53,3 Mato Grosso do Sul 55,3 54,9 Goiás 45,4 44,2 Distrito Federal 44,8 55,8 A taxa de mortalidade materna para os estados selecionados situou-se, no período 1997-98, entre 44 e 86 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Sua interpretação deve levar em conta os esforços realizados em cada estado para investigar as mortes maternas. ● 36 POLIOMIELITE POR POLIOVÍRUS SELVAGEM Figura 6 - Criança sendo imunizada contra Poliomielite ● Definição A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa viral aguda. O termo deriva do grego poliós (πολιός), que significa "cinza", myelós (µυελός "medula"), referindo-se à substância cinzenta da medula espinhal, e o sufixo -itis, que denota inflamação,[2] ou seja, inflamação da substância cinzenta da medula espinhal. Contudo, algumas infecções mais graves podem se estender até o tronco encefálico e ainda para estruturas superiores, resultando em polioencefalite, que provoca apneia, a qual requer ventilação mecânica com o uso de um respirador artificial. ● Transmissão A poliomielite é altamente contagiosa por via oral-oral (fonte orofaríngea) e fecal-oral (fonte intestinal). Em áreas endêmicas, os poliovírus selvagens podem infectar virtualmente toda a população humana. É sazonal em climas temperados, com pico de transmissão ocorrendo no verão e no outono. Essas diferenças sazonais são muito menos pronunciadas em zonas tropicais. O tempo entre a exposição e os primeiros sintomas, conhecido como período de incubação, é, geralmente, de seis a 20 dias, podendo ir de três a 35 dias.As partículas virais são excretadas pelas fezes durante várias semanas após a infecção inicial. A doença é transmitida primariamente por via fecal-oral, através da ingestão de alimentos ou água contaminados. Ocasionalmente, é transmitida por via oral-oral, um modo especialmente visível em áreas com boas condições higiênicas e sanitárias.A pólio é mais infecciosa entre os sete e dez dias antes e após o aparecimento dos sintomas, mas a transmissão é possível enquanto o vírus permanecer na saliva ou nas fezes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega https://pt.wikipedia.org/wiki/Medula_espinhal https://pt.wikipedia.org/wiki/Medula_espinhal https://pt.wikipedia.org/wiki/Inflama%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Poliomielite#cite_note-Chamberlin_2005-2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tronco_encef%C3%A1lico https://pt.wikipedia.org/wiki/Apneia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ventila%C3%A7%C3%A3o_mec%C3%A2nica https://pt.wikipedia.org/wiki/Respirador https://pt.wikipedia.org/wiki/Clima_temperado https://pt.wikipedia.org/wiki/Clima_tropical https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_de_incuba%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Fezes https://pt.wikipedia.org/wiki/Rota_fecal-oralFatores que aumentam o risco de infecção por pólio ou que afetam a gravidade da doença incluem imunodeficiência, desnutrição, tonsilectomia, exercício físico imediatamente após o início da paralisia, lesão muscular devido à injeção de vacinas ou agentes terapêuticos e gravidez. Embora o vírus possa atravessar a barreira placentária durante a gestação, o feto não parece ser atingido pela infecção ou vacinação maternas. Os anticorpos maternos também atravessam a barreira placentária, fornecendo imunidade passiva que protege a criança da infecção por pólio durante os primeiros meses de vida. ● Sinais e Sintomas Embora aproximadamente 90% das infecções por pólio não causem sintomas (são assintomáticas), os indivíduos afetados podem exibir uma variedade de sintomas se o vírus atingir a corrente sanguínea.[3] Em cerca de 1% dos casos, o vírus alcança o sistema nervoso central, preferencialmente infectando e destruindo neurônios motores, levando à fraqueza muscular e à paralisia flácida aguda. Diferentes tipos de paralisia podem ocorrer, dependendo dos nervos envolvidos. A pólio espinhal é a forma mais comum, caracterizada por paralisia assimétrica que, com frequência, afeta as pernas. A pólio bulbar cursa com fraqueza dos músculos inervados pelos nervos cranianos. A pólio bulboespinhal é uma combinação das paralisias bulbar e espinhal. ● Tratamento Não existe cura para a poliomielite. O objetivo do tratamento moderno tem sido aliviar os sintomas, rápida recuperação e prevenir complicações. As medidas de suporte incluem antibióticos para prevenir infecções nos músculos enfraquecidos, analgésicos para a dor, exercícios moderados e uma dieta nutritiva. O tratamento da pólio frequentemente requer reabilitação a longo prazo, incluindo terapia ocupacional, fisioterapia, aparelhos de suporte ortopédico, calçados ortopédicos e, em alguns casos, cirurgia ortopédica. Os respiradores portáteis podem ser necessários no suporte respiratório. Historicamente, o pulmão de aço, um respirador de pressão negativa não invasivo, foi usado para manter a respiração artificialmente durante a infecção aguda da pólio até a pessoa poder respirar com independência (geralmente em cerca de uma ou duas semanas). Hoje, muitos sobreviventes da pólio com paralisia respiratória permanente utilizam aparelhos de pressão negativa do tipo couraça que envolvem o tórax e o abdome. Outros tratamentos históricos para a pólio incluem hidroterapia, eletroterapia, massagem e exercícios de movimento passivo, além de tratamentos cirúrgicos, como alongamento de tendão e enxerto de nervos. ● Local de Incidência Hoje rara no Ocidente, a poliomielite ainda é endêmica no sul da Ásia e na África, particularmente no Paquistão e na Nigéria, respectivamente. A partir do uso difundido da vacina contra o poliovírus em meados da década de 1950, a incidência de poliomielite caiu dramaticamente em muitos países industrializados. Um esforço global pela erradicação da pólio começou em 1988, liderado pela Organização Mundial da Saúde, pela UNICEF e pela Fundação Rotary. Esses esforços reduziram https://pt.wikipedia.org/wiki/Imunodefici%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Desnutri%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Tonsilectomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Inje%C3%A7%C3%A3o_intramuscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Gravidez https://pt.wikipedia.org/wiki/Placenta https://pt.wikipedia.org/wiki/Imunidade_passiva https://pt.wikipedia.org/wiki/Assintom%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_sangu%C3%ADnea https://pt.wikipedia.org/wiki/Poliomielite#cite_note-Sherris-3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B4nio_motor https://pt.wikipedia.org/wiki/Fraqueza_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Paralisia_fl%C3%A1cida https://pt.wikipedia.org/wiki/Paralisia_fl%C3%A1cida https://pt.wikipedia.org/wiki/Nervos_cranianos https://pt.wikipedia.org/wiki/Antibi%C3%B3tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Analg%C3%A9sico https://pt.wikipedia.org/wiki/Terapia_ocupacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisioterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Cirurgia_ortop%C3%A9dica https://pt.wikipedia.org/wiki/Respirador https://pt.wikipedia.org/wiki/Pulm%C3%A3o_de_a%C3%A7o https://pt.wikipedia.org/wiki/Ventilador_de_press%C3%A3o_negativa_do_tipo_coura%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidroterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletroterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_da_Sa%C3%BAde https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_da_Sa%C3%BAde https://pt.wikipedia.org/wiki/UNICEF https://pt.wikipedia.org/wiki/Rotary_International o número de casos diagnosticados anualmente de 99% ou seja, de 350.000 casos estimados em 1988 desceu para apenas 483 casos em 2001, permanecendo no nível de aproximadamente 1 000 casos por ano (1 606 em 2009). Em 2012, o número de casos desceu para 223. A pólio é uma das duas doenças atualmente em erradicação global, sendo a outra a dracunculíase. Por enquanto, as únicas doenças completamente erradicadas são a varíola, em 1979, e a peste bovina, em 2010. Inúmeros marcos da erradicação têm sido alcançados e várias regiões do mundo já foram certificadas como livres da pólio. A América foi declarada livre da pólio em 1994. Em 2000, a pólio foi oficialmente eliminada de 36 países orientais, incluindo a China e a Austrália. A Europa foi declarada livre da pólio em 2002. No ano de 2012, a pólio permanecia endêmica em apenas três países: Nigéria, Paquistão e Afeganistão embora continue a causar epidemias em outros países próximos devido à transmissão oculta ou restabelecida.[85] Por exemplo, apesar de ter sido erradicada dez anos antes, um surto foi confirmado na China em setembro de 2011, envolvendo uma estirpe existente no vizinho Paquistão. Desde janeiro de 2011, não é declarado nenhum caso da doença na Índia e, por isso, em fevereiro de 2012, o país foi retirado da lista da OMS de países endêmicos da pólio. Se não há relato de casos de pólio em um país por dois anos, este pode ser declarado como um local livre da doença. Em maio de 2014, a Organização Mundial da Saúde conclamou uma ação coordenada dos países atualmente infectados, após a constatação de que três desses países já haviam exportado o vírus selvagem da pólio para outros locais onde a doença está erradicada. Segundo dados da OMS, 60% dos casos de pólio em 2013 se trataram de exportação do vírus para territórios livres da doença. A declaração de um estado de Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional para a poliomielite chamou a atenção para o controle da disseminação do vírus a partir de países ainda infectados, colocando em risco os esforços pela erradicação global da doença. ● 37 PESTE Figura 7 - Pulga transmissora da peste ● Definição https://pt.wikipedia.org/wiki/Dracuncul%C3%ADase https://pt.wikipedia.org/wiki/Var%C3%ADola https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_bovina https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa https://pt.wikipedia.org/wiki/Nig%C3%A9ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Paquist%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Afeganist%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Poliomielite#cite_note-85 https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_da_Sa%C3%BAdehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Emerg%C3%AAncia_de_Sa%C3%BAde_P%C3%BAblica_de_%C3%82mbito_Internacional A peste é uma doença infecciosa aguda, transmitida principalmente por picada de pulga infectada. A doença se manifesta sob três formas clínicas principais: bubônica; septicêmica e pneumônica. A doença é conhecida popularmente como “peste negra”, “febre do rato” ou “doença do rato”. ● Transmissão A transmissão da Peste na forma bubônica ocorre por meio da picada de pulgas infectadas. Na forma pneumônica, a transmissão se dá por gotículas aerógenas lançadas pela tosse no ambiente. A maior transmissibilidade se dá no período sintomático, em que o bacilo circula no organismo em maiores quantidades. A transmissibilidade da peste pneumônica ocorre no início da expectoração, permanecendo enquanto houver bactérias no trato respiratório. ● Sinais e Sintomas Os sintomas da peste variam de acordo com as formas clínicas. Na Peste Bubônica, os sintomas são: febre alta; calafrios; dor de cabeça intensa; dores generalizadas; falta de apetite; náuseas; vômitos; confusão mental; olhos avermelhados; pulso rápido e irregular; pressão arterial baixa; prostração e mal-estar geral; após 2 ou 3 dias, aparece tumefação nos linfonodos superficiais. Na Peste Septicêmica, os sintomas são: febre alta; calafrios; dor de cabeça intensa; dores generalizadas; falta de apetite; náuseas; vômitos; confusão mental; olhos avermelhados; pulso rápido; hipotensão arterial; prostração; dispneia; estado geral grave; dificuldade na fala; hemorragias; necrose dos membros; coma; morte. Na Peste Pneumônica, além dos sintomas comuns às outras duas formas clínicas, o paciente ainda apresenta: dor no tórax; respiração curta e rápida; dispneia; cianose; expectoração sanguinolenta; delírio; coma; morte. ● Tratamento O tratamento da peste deve ser feito com antibióticos. Ele deve ser instituído precoce e intensivamente. Não se deve, em hipótese alguma, aguardar os resultados de exames laboratoriais, devido à gravidade e rapidez da instalação do quadro clínico que a peste provoca. O ideal é que se institua a terapêutica específica nas primeiras 15 horas após o início dos sintomas, para evitar complicações e morte. ● Local de Incidência Os locais de incidência são locais asiáticos e os viajantes devem ser informados se no país ou região visitada existe possibilidade de transmissão da doença, principalmente no que se refere ao turismo ecológico. Havendo possibilidade de contato com roedores silvestres e pulgas nas regiões de serras e planaltos, nos quais exista circulação da Yersinia pestis, deverão ser adotadas medidas de precaução para evitar o contato homem-roedores e pulgas. ● 38 RAIVA HUMANA Figura 8 - Cão com raiva ● Definição A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. ● Transmissão A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas. Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente. ● Sinais e Sintomas Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta: Mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaléia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude; sensação de angústia. Podem ocorrer linfadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento. ● Tratamento A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes de raiva, mesmo submetido ao protocolo sobrevivem. Profilaxia antirrábica humana O Ministério da Saúde adquire e distribui às Secretarias Estaduais de Saúde os imunobiológicos necessários para a profilaxia da raiva humana no Brasil: vacina antirrábica humana de cultivo celular, soro antirrábico humana e imunoglobulina antirrábica humana. Atualmente se recomenda duas possíveis medidas de profilaxia antirrábica humana: a pré-exposição e a pós-exposição, após avaliação profissional e se necessário. Profilaxia Pré-Exposição A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante atividades ocupacionais exercidas por profissionais como: Médicos Veterinários; biólogos; profissionais de laboratório de virologia e anatomopatologia para raiva; estudantes de Medicina Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica e áreas afins; Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de amostras, vacinação, pesquisas, investigações ecopidemiológicas, identificação e classificação de mamíferos: os domésticos (cão e gato) e/ou de produção (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e suínos), animais silvestres de vida livre ou de cativeiro, inclusive funcionário de zoológicos; Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profissionais que trabalham em áreas de risco. Pessoas com risco de exposição ocasional ao vírus, como turistas que viajam para áreas de raiva não controlada, devem ser avaliados individualmente, podendo receber a profilaxia pré-exposição dependendo do risco a que estarão expostos durante a viagem. A profilaxia pré-exposição apresenta as seguintes vantagens: Simplifica a terapia pós-exposição, eliminando a necessidade de imunização passiva (soro ou imunoglobulina), e diminui o número de doses da vacina; e Desencadeia resposta imune secundária mais rápida (booster), quando iniciada a pós-exposição. Em caso de título insatisfatório, aplicar uma dose de reforço e reavaliar a partir do14º dia após o reforço. Profilaxia Pós-Exposição Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamente, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo transcorrido. A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados antissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de clorexidina ou álcool-iodado. Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orientados pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão. Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação correta da profilaxia da raiva humana. As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e contatos indiretos) devem ser avaliadas pela equipe médica de acordo com as características do ferimento e do animal envolvido para fins de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esquema de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular. ● Local de Incidência No período de 2010 a 2018, foram registrados 36 casos de raiva humana, sendo que em 2014, não houveram casos. Desses casos, nove tiveram o cão como animal agressor, dezenove por morcegos, quatro por primatas não humanos, três por felinos e em um deles não foi possível identificar o animal agressor. Em 2015, os dois casos de raiva humana no Brasil, ocorreram na Paraíba, transmitido por gato, identificação variante de morcego, e o outro no Mato Grosso do Sul, pela variante 1, típica de cães. Esse caso no Mato Grosso do Sul, ocorreu em razão da epizootia canina nos municípios de Corumbá e Ladário, a partir da introdução de animal positivo pela fronteira com a Bolívia. Em 2016 foram notificados dois casos de raiva humana, um em Boa Vista/RR, transmitido por felino infectado com a variante 3 (transmissão secundária) e um caso em Iracema/CE por morcego (Desmodus rotundus), também pela variante 3. Em 2017, foram registrados seis casos de raiva humana, todos pela variante 3 de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus), sendo que cinco deles em razão de agressões diretas por morcegos - três deles ocorreram em adolescentes de uma mesma família, residentes em uma reserva extrativista no município de Barcelos, estado do Amazonas, os outros dois casos ocorreram na Bahia e Tocantins. O sexto caso se ocorreu em Pernambuco, após agressão de um gato de rua infectado com a variante 3, demonstrado a importância dos animais doméstico como transmissores secundários da raiva (“spillover”). No ano de 2018, foram registrados 11 casos de raiva humana no Brasil. Destes, 10 relacionados a um surto em área ribeirinha do município de Melgaço, no estado do Pará, onde 9/10 eram menores de 18 anos e todos com histórico de espoliação por morcegos e sem realização de profilaxia antirrábica pós-exposição. E o decimo primeiro caso registrado, foi um homem morador do estado do Paraná, mas que foi espoliado por morcego em Ubatuba, no estado de São Paulo e buscou atendimento e realização de profilaxia antirrábica 12 dias após exposição. As campanhas anuais de vacinação de cães e gatos no Brasil associadas as demais medidas de controle, como a profilaxia antirrábica humana para pessoas expostas ao risco de contrair raiva, resultaram em significativa redução de casos de raiva humana. Em cães, consequentemente, também ocorreu redução de casos com interrupção na circulação das variantes 1 e 2 do vírus da raiva, consideradas de maior potencial de disseminação entres cães e gatos nas áreas urbanas. Nesta série histórica, no ano de 2008 não houve casos de raiva humana transmitida por cão. O resultado das ações de vacinação antirrábica canina e felina resultaram num grande ganho para a saúde pública, permitindo que o país saísse de um cenário de mais de 1.200 cães positivos para raiva e uma taxa de mortalidade de raiva humana por cães de 0,014/100 mil habitantes em 1999, para um cenário de 09 casos de raiva canina e nenhum registro de raiva humana por cães em 2018. Salientamos que esse é o terceiro ano consecutivo sem casos de raiva humana por variante canina. ● 39 SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA Figura 9 - Bebê com Rubéola Congênita ● Definição A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) é uma doença congênita, que significa uma particularidade de algo que está presente desde o nascimento. Ela é decorrente da infecção da mãe pelo vírus da Rubéola durante as primeiras semanas da gravidez. Quanto mais precoce for a infecção em relação à idade gestacional, mais grave é a doença. ● Transmissão A transmissão do vírus acontece da mãe infectada para o feto, por meio da placenta. A infecção natural pelo vírus da Rubéola ou pela imunização confere, em geral, imunidade permanente. No entanto, o nível de imunidade coletiva atingido não é suficientemente alto para interromper a transmissão do vírus. O período de transmissibilidade: recém-nascidos com Síndrome da Rubéola Congênita podem excretar o vírus da Rubéola nas secreções nasofaríngeas, sangue, urina e fezes, por longos períodos. O vírus pode ser encontrado em 80% das crianças no primeiro mês de vida, 62% do primeiro ao quarto mês, 33% do quinto ao oitavo mês, 11% entre nove e doze meses, e apenas 3% no segundo ano de vida. ● Sinais e Sintomas A infecção da mãe pode resultar em aborto, morte fetal ou anomalias congênitas como diabetes, catarata, glaucoma e surdez. A surdez é o sintoma mais precoce da Síndrome da Rubéola Congênita. ● Tratamento Como não há um medicamento efetivo, o tratamento da Síndrome da Rubéola Congênita é voltado para as más formações congênitas, de acordo com as deficiências apresentadas. A detecção precoce da doença facilita os tratamentos clínico, cirúrgico e de reabilitação. ● Local de Incidência A rubéola e a SRC são doenças de notificação compulsória no país desde 1996. No entanto, a partir de 1999, a vigilância epidemiológica integrada de sarampo e rubéola foi implementada, com o intuito de atingir a meta de eliminação do sarampo no Brasil. Assim, essa vigilância tornou-se mais sensível, com o monitoramento da circulação do vírus da rubéola no País. Com a vigilância epidemiológica ativa, a adoção de medidas de controle frente a surtos (vacinação de bloqueio) e a implantação da estratégia de controle acelerado da SRC, bem com a realização de campanhas de vacinação de Mulher em Idade Fértil (MIF) em todos os estados brasileiros, em 2001 e 2002, resultaram numa redução substancial do número de casos de rubéola e de SRC no país, a partir de 2002. Em 2003, foi estabelecida a meta de eliminação da Rubéola e da SRC nas Américas até 2010. No ano de 2015,o Brasil recebeu a certificação da eliminação da circulação do vírus da Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita. ● 40 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS ● A) RUBÉOLA Figura 10 - Criança com Rubéola ● Definição A rubéola é uma doença aguda, de alta contagiosidade, que é transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae. A doença também é conhecida como “Sarampo Alemão”. ● Transmissão A transmissão da rubéola acontece diretamente de pessoa a pessoa, por meio das secreções nasofaríngeas expelida pelo doente ao tossir, respirar, falar ou respirar. O período de transmissibilidade é de 5 a 7 dias antes e depois do início do exantema, que é uma erupção cutânea. A maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e depois do início do exantema. ● Sinais e Sintomas Os sintomas principais sintomas da rubéola são: ❖ febre baixa; ❖ linfoadenopatia retro auricular, occipital e cervical; ❖ exantema máculo-papular. Esses sinais e sintomas da rubéola acontecem independente da idade ou situação vacinal da pessoa. O período de incubação médio do vírus, ou seja, tempo em que os primeiros sinais levam para se manifestar desde a infecção, é de 17 dias, variando de 14 a 21 dias, conforme cada caso. ● Tratamento Não há tratamento específico para a rubéola. Os sinais e sintomas apresentados devem ser tratados de acordo com a sintomatologia e terapêutica adequada, conforme cada caso. Assim que surgirem os primeiros sintomas, o paciente deve procurar imediatamente um médico para confirmação do diagnóstico e início imediato do tratamento. ● Local de Incidência A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) foi implantada gradativamente entre os anos de 1992 até o ano 2000. A faixa etária estabelecida foi de 1 a 11 anos de idade, e foi ampliada gradativamente ao longo dos anos. Entre 1998 a 2002 foram realizadas campanhas de vacinação para as mulheres em idade fértil (MIF) na faixa etária de 12 a 49 anos de idade, o objetivo dessa vacinação foi de eliminar a SRC no país. A segunda dose da vacina foi implantada em 2004 para a faixa etária de 4 a 6 anos de idade. Também houve ampliação da oferta da vacina para os homens até 39 anos e mulheres até 49 anos de idade. A vigilância epidemiológica da rubéola e da SRC foi intensificada a partir da Eliminação do Sarampo, com redução dos casos confirmados de 80% entre 2003 até 2006. Em 2006 surtos de rubéola passaram a ocorrer nos estados de MG, RJ, CE, PB, MT e MS. Em 2007 foram confirmados surtos em 19 estados, perfazendo um total de 6.753 casos. A faixa etária mais acometida é a de 20 – 39 anos de idade e 70% dos casos confirmados ocorreram no sexo masculino. Em 2008 foi realizada a Campanha de Vacinação para Eliminação da rubéola para homens e mulheres de 20 a 39 anos. Nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Maranhão foi acrescida a população de 12 a 19 anos no grupo alvo para vacinação. A cobertura vacinal geral foi de 97%. Neste ano foram confirmados 2.155 casos em 22 estados. Após 2009 aos dias atuais não foram confirmados mais casos de rubéola no Brasil, indicando a interrupção da transmissão autóctone do vírus da rubéola, denominado 2B. ● B) SARAMPO Figura 11 - Paciente com sarampo ● Definição O sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa e muito comum na infância. ● Transmissão A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas. ● Sinais e Sintomas Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e corrimento do nariz. Após estes Sintomas, gealmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés com duração mínima de três dias, além disso, pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, ataques (convulsões e olhar fixo), lesão cerebral e morte. Posteriormente, o vírus pode atingir as vias respiratórias, causar diarréias e até infecção no encéfalo. Acredita-se que estas complicações sejam desencadeadas pelo prórpio vírus do Sarampo que, na maior parte das vezes, atinge mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e as pessoas portadoras de imunodeficiência. ● Local de Incidência Áreas mais prejudicadas pelo sarampo em 2002 segundo a OMS. África e sudeste asiático são as áreas mais afetadas. O Sarampo é um dos cinco exantemas da infância clássicos, é altamente infeccioso, porêm após o início da imunização tornou-se raro em países que utilizam de forma eficaz, como Brasil e Europa. Contudo ainda causa 40 milhões de casos e um a dois milhões de mortes ao ano em países sem programa de vacinação eficiente. As epidemias tendem a ocorrer a cada dois ou três anos, necessitando do nascimento de novos bebês suscetíveis para se propagar. A circulação endêmica do vírus do sarampo havia sido interrompida no Brasil, conforme declarou, em julho de 2016, o Comitê Internacional de Avaliação e Documentação da Eliminação do Sarampo. O último caso da doença no país havia sido registrado doze meses antes. Esse último caso teria sido no Ceará em julho de 2015. O Brasil ganhou o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana de Saúde em 2016, mas o ministério da Saúde declara que o país tem lutado para manter este certificado, uma vez que dois surtos tinham sido identificados em 2018, um no Amazona e outro em Roraima, além de casos em outros Estados (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, São Paulo e Rondônia), Totalizando 1053 casos confirmados até 1° de agosto de 2018, distribuídos conforme quadro a seguir. Nesses surtos, e na maioria dos outros casos, o contágio foi relacionados com a importação do vírus, especialmente da Venezuela. Isso Ficou comprovado pelo genótipo do Vírus (D8) que foi identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela. Quadro - Casos de sarampo no Brasil até 1º de agosto de 2018 Estado n°de casos Amazonas 742, Roraima 280, Rio de Janeiro 14, Rio Grande do Sul 13, Pará 2, São Paulo 1, Rondônia 1 Fonte: Ministério da Saúde ● Referências ● https://saude.gov.br/saude-de-a-z/raiva <Acesso 30 Abr 2020> ● https://saude.gov.br/saude-de-a-z/sindrome-da-rubeola-congenita <Acesso 30 Abr 2020> ● https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/?option=com_content & amp;view=article & amp;id=1 <Acesso 29 Abr 2020> https://www.scielosp.org/article/rsp/2008.v42n4/768-772/ pt/ <Acesso 02 maio 2020> ● https://saude.gov.br/saude-de-a-z/peste <Acesso 30 Abr 2020> ● https://saude.gov.br/saude-de-a-z/leptospirose<Acesso 30 Abr 2020> ● https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext & pid=S0037-86822003000500007 <Acesso 30 Abr 2020> ● https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/181353/WEBMAL%C3%81RI A_2017_TELESAUDE.pdf?sequence=2&isAllowed=y <Acesso 30 Abri 2020> ● https://saude.gov.br/saude-de-a-z/rubeola <Acesso 30 Abr 2020> ● http://www.turminha.mpf.mp.br/explore/direitos-das-criancas/saude/direito-a-saude/c omo-reduzir-a-mortalidade-infantil <Acesso 30 Abr 2020> ● https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/giro-sustentavel/acoes-para-reduzir-a-morta lidade-infantil/amp/<Acesso 30 Abr 2020> ● http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-2018/is-n-01/2597-mortalidade-infantil <30 Abr 2020> ● https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101970000100015 < Acesso 30 Abr 2020> ● http://www.telessaude.mt.gov.br/Arquivo/Download/3168 < Acesso 30 Abr 2020> ● http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/Sistema_Informacao/Sim/Guia_Vigilancia_Epid emiologica_Morte_Materna.pdf <Acesso 30 Abr 2020> ● http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2000/fqc06.htm <Acesso 30 Abr 2020> ● https://www.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/02/melania.pdf <Acesso 30 Abr 2020> https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/181353/WEBMAL%C3%81RIA_2017_TELESAUDE.pdf?sequence=2&isAllowed=y https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/181353/WEBMAL%C3%81RIA_2017_TELESAUDE.pdf?sequence=2&isAllowed=y https://saude.gov.br/saude-de-a-z/rubeola http://www.turminha.mpf.mp.br/explore/direitos-das-criancas/saude/direito-a-saude/como-reduzir-a-mortalidade-infantil http://www.turminha.mpf.mp.br/explore/direitos-das-criancas/saude/direito-a-saude/como-reduzir-a-mortalidade-infantil https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/giro-sustentavel/acoes-para-reduzir-a-mortalidade-infantil/amp/ https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/giro-sustentavel/acoes-para-reduzir-a-mortalidade-infantil/amp/ http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-2018/is-n-01/2597-mortalidade-infantil https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101970000100015 http://www.telessaude.mt.gov.br/Arquivo/Download/3168 http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/Sistema_Informacao/Sim/Guia_Vigilancia_Epidemiologica_Morte_Materna.pdf http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/Sistema_Informacao/Sim/Guia_Vigilancia_Epidemiologica_Morte_Materna.pdf http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2000/fqc06.htm https://www.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/02/melania.pdf
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