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Aristóteles Política - Felipe Bolini

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Aristóteles – Política 
LIVRO III
Capítulo I: Para estudiosos da natureza do governo, do que é cada uma de suas formas e de quantas são elas, a primeira pergunta a fazer se refere à cidade: o que é uma cidade? Vide essa pergunta, precisamos primeiro investigar o cidadão, pois uma cidade é uma multidão de cidadãos.
	Há opiniões diferentes quanto a isto, pois nem todos concordam com que o cidadão seja sempre o mesmo, e frequentemente alguém que seria cidadão numa democracia não é cidadão numa oligarquia. Não devemos levar em consideração aqui aqueles que adquirem cidadania de alguma maneira excepcional. A cidadania não resulta do fato de alguém ter o domicílio em certo lugar, pois os estrangeiros residentes e os escravos também são domiciliados naquele lugar, nem são cidadãos todos aqueles que participam de um mesmo sistema judiciário, assecuratório do direito de defender-se em uma ação e de levar alguém aos tribunais.
	Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nem nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo pré-fixados; para outros encargos não há limitações de tempo no exercício de funções públicas. Talvez se possa dizer que estas pessoas não são funcionário de modo algum, mas certamente seria ridículo negar a autoridade de que exerce o poder supremo. Dizemos que são cidadãos aqueles que podem exercer tais funções públicas. 
	Tendo em vista que constituições diferem uma das outras em espécie, o cidadão será necessariamente diferente sob cada forma de constituição, e portanto a definição de cidadão que já demos aplica-se especificamente à cidadania em uma democracia; ela pode ser boa sob outras formas de governo, mas não necessariamente. 
	O que é um cidadão passa a ser claro depois das seguintes considerações: afirmamos agora que aquele que tem o direito de participar da função deliberativa ou da judicial é um cidadão da comunidade na qual ele tem este direito, e esta comunidade – uma cidade (é uma multidão de pessoas suficientemente numerosa para assegurar uma vida independente na mesma).
	Se um homem é um cidadão ilegitimamente, seria ele verdadeiramente um cidadão? Mesmo homens admitidos ilegitimamente à cidadania devem ser tidos como cidadão, embora a dúvida quanto à legitimidade ou ilegitimidade de sua admissão se interligue com a pergunta feita anteriormente. 
	Baseados em que princípios podemos afirmar que uma cidade é a mesma que era, ou não é mais a mesma, e sim outra? O modo mais inequívoco de examinar esta dificuldade é ter em vista seu território e sua população; o território e a população podem ter sido divididos, e alguns habitantes podem ter-se estabelecido em um local, e outros em outro; desta forma a questão pode ter uma solução fácil, pois como a palavra “cidade” tem várias acepções, o problema posta desta maneira não é tão difícil de resolver. Dever-se-á dizer, então, que uma cidade onde a mesma população vive no mesmo lugar é a mesma cidade enquanto a população for da mesma raça, apesar de sempre haver alguém morrendo e alguém nascendo. Ou dever-se-á dizer que, apesar de os habitantes serem os mesmo por uma identidade baseada pela continuidade, a cidade é outra? Já que uma cidade é uma espécie de comunidade, e de fato é uma comunidade de cidadão sob um mesmo governo, se a forma de governo foi alterada e é diferente parece ocorrer que a cidade já não é a mesma. Então, se for assim, deveremos obviamente dizer que uma cidade é a mesma principalmente por causa de sua constituição, e ela pode ser designada, ou não, pelo mesmo nome, quer seus habitantes sejam os mesmos homens ou sejam inteiramente diferentes.
Capítulo II: Depois do que acabamos de dizer, devemos perguntar se é possível afirmar que as qualidade de um homem bom são as mesmas de um bom cidadão. Se este ponto merece uma investigação, temos primeiro de determinar, pelo menos em linhas gerais, o que vem a ser a excelência de um cidadão.
	Um cidadão difere do outro, mas a preocupação de todos é a segurança de sua comunidade, esta comunidade é estabelecida graças à constituição, e consequentemente a bondade de um cidadão deve relacionar-se necessariamente com a constituição da cidade à qual ele pertence. Se há, então, várias formas de constituição, é claro que não pode haver uma só excelência que seja a bondade perfeita de um bom cidadão; ao falar em um homem bom queremos dizer que ele possui uma bondade única, a bondade perfeita, mas é obviamente ser um bom cidadão sem possuir a bondade característica de um homem bom. Também é possível tratar do mesmo assunto colocando a questão de outra maneira, em relação à melhor forma de constituição. Se é impossível que uma cidade seja inteiramente composta de homens bons, e se cada pessoa deve necessariamente executar bem a tarefa inerente à sua função , a bondade de um bom cidadão não seria a mesma bondade de um homem bom; realmente, todos devem possuir a bondade do bom cidadão, mas é impossível que todos possuam a bondade dum homem bom, se não é necessário que todos os cidadão sejam homens bons em uma cidade boa. A bondade de um bom cidadão e a de um homem no não são geralmente a mesma bondade. Um bom governante é um homem bom e sensato.
	Se as qualidade de um governante são as mesmas de um homem bom, e se o governado é também um cidadão, as qualidade do cidadão e as do homem não podem ser as mesmas de um modo geral, embora em algum caso particular possam sê-lo. Costumamos elogiar homens que tanto sabem mandar quanto obedecer, e parece que a excelência do cidadão consistem em ser capaz de mandar e obedecer igualmente bem. Se admitirmos, então, que as qualidade do homem bom se revelam quando ele manda, enquanto as do cidadão se mostram tanto na posição de mando quanto de obediência, parece que os dois não merecem os mesmo elogios. 
	Não é adequando ao homem bom , ao homem apto para a cidadania, ou ao bom cidadão, aprender as tarefas daqueles que estão sujeitos à sua autoridade (escravos, etc), exceto para seu próprio uso esporadicamente, pois então já não ocorre o caso de uma parte ser o senhor e de outra ser o escravo. 
	As qualidade de um governante e as de um governado são diferentes, mas o bom cidadão deve ter os conhecimentos e a capacidade indispensáveis tanto para ser governado quanto para governar, e o mérito de um bom cidadão está em conhecer o governo de homens livres sob os dois aspectos. O discernimento é a única qualidade específica de um governante, pois as outras qualidades parecem necessárias aos governados e aos governantes; a sinceridade de opinião, e não o discernimento, é a qualidade distintiva do governo. 
Capítulo III: Os cidadãos legítimos são os únicos que devem participar do governo, ou os artificies também devem ser considerados cidadãos para este fim? Se os homens que não ocupam funções de governo também devem ser considerados cidadãos, não é mais possível que as qualidades de todos os cidadão sejam as mesmas, pois os artificies se tornam cidadãos. 
	Com efeito, é verdade que nem todas as pessoas indispensáveis à existência de uma cidade devem ser contadas entre os cidadãos, porquanto os próprios filhos dos cidadãos não são cidadãos no mesmo sentido que os adultos. A melhor forma de cidade não deverá admitir os artificies entre os cidadãos; se forem admitidos, nossa definição das qualidades do cidadãos não será aplicada a cada cidadão nem a cada homem livre como tal, mas somente àqueles isentos das atividades servis. Nas atividades servis, aqules que prestam seus serviços a um indivíduo são escravos, aqueles que os prestam à comunidade são artificies/assalariados. Uma vez que há numerosas formas de constituição, consequentemente há diversas espécies de cidadãos, principalmente dos cidadãos em posição submissa; logo, sob algumas formas de constituição a cidadania terá de ser estendida ao artificie eao assalariado, enquanto sob outras formas isto é impossível. Há várias espécies de cidadãos, e cidadão, em sentido absoluto, é o homem que partilha os privilégios da cidade. 
Capítulo IV: Devemos considerar que há somente uma forma de constituição ou várias? E, se várias, quais são elas, e quantas, e quais são as diferenças entre elas. Uma constituição é o ordenamento de uma cidade quanto às suas diversas funções de governo, principalmente a função mais importante de todas. O governo em toda parte detém o poder soberano sobre a cidade, e a constituição é o governo.
	Devemos determinar primeiro qual é o objetivo da existência da cidade e quantas são as espécies diferentes de sistemas para governar os homens e as comunidades em que eles vivem. Os vários tipos de governo são facilmente definíveis, e já os examinamos com frequência em nossas obras para o público. A autoridade do senhor sobre o escravo, embora na verdade os interesses do senhor e do escravo sejam comuns quando ambos são adequados pela natureza às suas respectivas posições, é exercida principalmente com vistas ao interesse do senhor, mas acidentalmente é exercida com vistas ao interesse do escravo, pois se o escravo perceber a autoridade do senhor, não sobreviverá.
	A autoridade do senhor sobre as crianças e a mulher e sobre toda a casa, que denominamos arte da economia doméstica, é exercida no interesse dos que obedecem, ou no interesse comum a ambas as partes – essencialmente no interesse dos que obedecem, como acontece com outras artes, praticados no interesse das pessoas sobre as quais elas atuam, embora também possam acidentalmente ser exercidas no interesse de quem as exerce, pois nada impede o treinador de ser às vezes uma das pessoas que se exercitam. Consequentemente, também a respeito do poder político quando o governo é constituído segundo o princípio da igualdade e da equivalência entre os cidadãos, esses pleiteiam o exercício alternado das funções governamentais. Antigamente, como é natural, todos se alternavam no exercício de tais funções. Hoje, porém, as pessoas querem ocupar permanentemente os cargos por causa das vantagens que podem obter.
	É óbvio, então, que as constituições cujo objetivo é o bem comum são corretamente estruturadas, de conformidade com os princípios essenciais da justiça, enquanto as que visam apenas ao bem dos próprios governantes são todas defeituosas e constituem desvios das constituições corretas; de fato, elas passam a ser despóticas, enquanto a cidade deve ser uma comunidade de homens livres.
Capítulo V: uma vez que constituição significa o mesmo que governo, e o governo é o poder supremo em uma cidade, e o mando pode estar nas mão de uma única pessoa, ou de poucas pessoas, u da maioria, nos casos em que esta única pessoa, ou as poucas pessoas, ou a maioria, governam tendo em vista o bem comum, estas constituições devem ser forçosamente as corretas.
	Costumamos chamar de reino uma monarquia cujo objetivo é o bem comum; o governo de mais de um pessoa, mas somente poucas, chamamos de aristocracia, porque governam os melhores homens ou porque estes governam com vistas ao que é melhor para a cidade e seus habitantes; e quando a maioria governa a cidade com vistas ao bem comum, aplica-se ao governo o nome genérico de todas as suas forma, ou seja, governo constitucional. Os desvios das constituições mencionadas são a tirania, correspondendo à monarquia, a oligarquia à aristocracia, e a democracia ao governo constitucional; de fato, tirania é a monarquia governando no interesse do monarca, a oligarquia é o governo no interesse dos ricos, e a democracia é o governo no interesse dos pobres, e nenhuma destas formas governa para o bem de toda a comunidade.
	O que diferencia a democracia da oligarquia é a pobreza e a riqueza; consequentemente, onde quer que os governantes exerçam o poder por causa da riqueza, sejam eles minoria ou maioria, ter-se-á uma oligarquia, e onde os pobres governarem ter-se-á uma democracia, embora aconteça acidentalmente, como dissemos, que onde os governantes exercem o poder por ser ricos eles são poucos, e onde exercem o poder por ser pobres eles são muitos, porque poucos homens são ricos mas todos desfrutam de liberdade, e riqueza e liberdade são os fundamentos para as reivindicações das duas classes quanto ao exercício do poder político.
	Enquanto “justo” significa junto apenas para certas pessoas e é distinguido de maneira idêntica em relação às coisas a seres distribuídas e às que pessoas que as recebem, como já dissemos na Ética, os partidários dos dois princípios (justiça é igualdade e justiça é desigualdade) concordam a respeito do que é a igualdade entre coisas, mas discordam quanto ao que constitui igualdade entre pessoas, principalmente pela razão. Os homens são maus juízes quando se trata de julgar a si mesmos, porque, embora ambos os lados apresentem argumentos de uma justiça limitada parcial, pensam que estão falando da justiça absoluta.
	Se homens formassem a comunidade e se juntassem por causa da riqueza, sua participação na cidade deveria ser proporcional a seus bens. A cidade é formada não somente com vistas a assegurar a vida, mas para assegurar uma vida melhor, e seu objetivo é não o mesmo de uma aliança militar para defesa contra ofensas de quem quer que seja, e ela não existe por causa do comércio e relações de negócios. Todos aqueles que têm interesse num bom governo dão a devida consideração à virtude e ao vício em suas cidades. É claro, portanto, que qualquer cidade digna desta designação e que não seja cidade apenas no nome, deve estar atenta às qualidade de seus cidadãos, pois de outra maneira a comunidade se torna uma simples aliança.
	A lei, então, passa a ser um convênio, “uma garantia de justiça recíproca”, e já não se destina a fazer com que os cidadãos sejam bons e justos. É obvio que isto se passa desta maneira, porquanto se alguém juntasse em um só lugar duas cidades de tal maneira que as muralhas das duas se tocasse, ainda assim elas não seriam uma única cidade; e não passariam tampouco a sê-lo se se decretasse o direito de casamente entre os habitantes das duas cidades; da mesma forma, ainda que certas pessoas vivessem em lugares separados, mas não a uma distância tão grande que lhes impedisse o relacionamento e toda a população fosse constituída de dez mil pessoas, mas apesar disto elas não tivessem relações mútuas em coisa alguma além do intercâmbio de produtos e aliança militar, ainda assim elas não constituiriam uma cidade. 
	Uma cidade é uma comunidade de clãs e povoados para uma vida perfeita e independente, e esta em nossa opinião é a maneira feliz e nobilitante (honrosa) de se viver. A comunidade política, então, deve existir para a prática de ações nobilitantes, e não somente para a convivência. Portanto, aqueles que mais contribuem para a existência de tal comunidade desempenha, nela um papel mais importante que o daqueles cuja liberdade e nobreza de nascimento é a mesma, ou até maior, mas lhes são inferiores em qualidades política, ou que o daqueles cujas riquezas são maiores, mas cujos méritos são menores. Nossa exposição evidencia que todos os adeptos das diferentes formas de governo falam somente de uma parte do princípio de justiça.
LIVRO V - Análise das causas das revoluções nas cidades.
· Modelos políticos da antiguidade: 
· Democracia surge pelo fato de os homens pensarem que, se eles eram iguais sob alguns aspectos, eram absolutamente iguais. “Sendo todos igualmente livres, eles eram absolutamente iguais”.
· Oligarquia surge da mesma suposição; se eles eram desiguais em alguns aspectos, eram absolutamente desiguais.
· Todas essas formas de governo tem um critério de justiça, mas consideradas de maneira absoluta elas estão erradas. Assim, quando cada uma das duas classes de cidadãos não obtém na constituição uma participação condizente com suas ideias preconcebidas, começas as revoluções
· Revoluções são causadas pela desigualdade. Há duas espécies de desigualdade: quantitativa e qualitativa. 
· Na democracia é a mais livrede revoluções do que nas oligarquias, pois ocorrem dois tipos de discórdia nas oligarquias: entre os próprios membros da oligarquia e entre os oligarcas e o povo. Já na democracia só há a discórdia entre o povo e os oligarcas.
· Circunstâncias causadoras de revoluções e mudanças de constituição nas cidades: “Quais as situações que levam às revoluções?”; “Com que objetivo uma revolução é feita?”; “Origens das desordens políticas e das lutas entre facções.”; 
· Os motivo da revolta dos homens é o desejo de ganho e o de honrarias, ou o contrário disso.
· Motivos das revoluções: Força da insolência e da ganância; Força das honrarias; Proeminência; Desdém; Crescimento desproporcional; Diferenças de raça; Razões geográficas
· As formas de governo também mudam mesmo sem revoluções. As mudanças podem ocorrer em decorrência de manobras eleitorais; Negligência; Mudanças insensíveis.
· As revoluções não se fazem com objetivos insignificantes, mas às vezes decorrem de causas insignificantes, pois, na verdade, há sempre grandes interesses em jogo nelas.
· Cidades estão sujeitas a perturbações quando as classes de cidadãos que parecem opostas se tornam iguais em poder. Os homens notáveis por seus méritos não causam revoluções, pois eles reconhecem que são poucos entre muitos.
· No caso das democracias, a causa principal das revoluções é a insolência dos demagogos. Eles levam os possuidores de bens a unir-se, em parte mediante a denúncias caluniosas contra alguns deles (um perigo comum reúne até os piores inimigos) e em parte por incitar o povo contra eles como uma classe.
· Também ocorreram mudanças de formas antigas de democracia para formas mais modernas, onde as funções de governo são eletivas e não baseadas em qualificação pelas posses. Além disso, é o povo que elege (soberania do povo acima das próprias leis). Esse é um meio de prevenir esse mal é fazer com que as tribos, e não o povo conjuntamente, escolham os altos funcionários (estas são as causas de ocorrência de quase todas as revoluções nas democracias).
· Já no caso das oligarquias, ocorrem mudanças principalmente de dois modos: Quando os oligarcas tratam a maioria injustamente e Quando as honrarias das funções de governo são partilhadas por muito poucos, fazendo a situação se deteriorar entre os próprios ricos.
LIVRO VII
· Para investigar qual a melhor forma de governo, é necessário decidir primeiro qual é o modo de vida mais desejável para os habitantes da cidade. Enquanto houver incerteza a propósito deste ponto também haverá incerteza quanto à melhor forma de governo.
· Três tipos de bens: Exteriores, do corpo e da alma. O homem feliz deve ter todos eles.
· Os homens não adquirem e preservam as qualidades morais graças aos bens exteriores, mas adquirem e preservam os bens exteriores graças às qualidades morais. A vida feliz, quer os homens a façam depender do prazer ou das qualidades morais, ou de ambos, é encontrada mais frequentemente entre aqueles que cultivam até o excesso de boas qualidade e a inteligência, mas são moderados quanto à aquisição de bens exteriores. A cidade feliz é a melhor e mais próspera, mas é impossível ser próspero em agir bem (e nem os homens nem as cidades agem bem sem qualidades morais e bom senso).
· Felicidade da cidade é a mesma que a do homem. Se alguém considera os indivíduos felizes por causa das qualidades morais, dirá que a cidade moralmente melhor é a mais feliz.
Questões importantes
1. O modo de vida mais desejável é aquele em que os indivíduos participam das atividades políticas e se integram na cidade ou aquele em que vivem nela alheios às atividades políticas?
	O bom legislador deve estudar a maneira de uma cidade, participar de uma vida melhor e de 	felicidade a seu alcance (os dispositivos legais conducentes a tal objetivo podem variar).
2. Qual é a melhor constituição e organização de uma cidade,? (Tanto no pressuposto de que a participação nas atividades políticas é desejável para todos quanto no pressuposto de que ela é indesejável para alguns mas desejável para a maioria?)
	A melhor forma de governo é aquela em que qualquer pessoa pode agir melhor e viver feliz.
· Atividades militares nas cidades: Devem ser consideradas meritórias apesar de não terem o caráter por ser o fim supremo de todas as coisa? São apenas o meio para atingir aquele fim. Alguns desaprovam o exército das funções de governo, pensando que a vida do homem livre é diferente da vida do estadista e é a mais desejável de todas, outros pensam que a vida do estadista é a melhor, pois é impossível para um homem que nada faz ser bem-sucedido, e o sucesso e a felicidade são a mesma coisa. Os primeiros estão certos quando dizem que a vida do homem livre é a melhor que a do déspota, contudo todo o governo consiste em exercer a autoridade de um senhor não é o correto. Apesar disso, elogiar a inação mais que a ação não é certo, pois a felicidade é ação. Ademais, as ações dos homens justos e moderados trazem com elas a realização de muitas coisas nobilitantes
· Se a felicidade deve ser definida como o sucesso, a vida ativa é a melhor vida tanto para a cidade como um todo quanto para cada indivíduo?
· Devem ser cultivadas as especulações e pensamentos que têm seu fim e si mesmos e são seguidos em consideração apenas a si mesmos. Ser bem-sucedido é o objetivo e ele é uma certa forma de ação. Assim, são principalmente os homens cujo pensamento dirige as ações que devemos olhar como verdadeiros autores e praticantes de atos exteriorizados.
· Quais devem ser as bases para o estabelecimento de uma cidade de acordo com nossos "desejos"? Devemos criar premissas razoáveis para nossa cidade (número de cidadãos, território…). A lei é ordem, e a boa lei deve significar necessariamente boa ordem, porém, um número excessivamente grande de cidadãos não pode ser mantido em boa ordem. Da mesma forma, uma cidade constituída de um número muito pequeno de habitantes não será autossuficiente. As atividades de uma cidade são de seus governantes e governados, a função de um governante é ordenar e julgar, mas para decidir questões judiciais e para distribuir as funções de governo de acordo com o mérito, os cidadãos devem conhecer necessariamente o caráter uns dos outros. O melhor critério para limitar a população de uma cidade é permitir a sua expansão somente até o ponto em que, segurada a autossuficiência quanto às necessidades da vida, seja possível abranger a cidade com o olhar

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