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Thaís Pires 1 Problema 4 1. Descrever a dequitação da placenta; Após a expulsão do feto, o corpo do útero adapta-se à redução volumétrica, se retraindo muito – essa retração é responsável pela DESINSERÇÃO placentária, levando, geralmente, 2 a 3 contrações para dequitá-la do corpo para o canal do parto / Os primeiros 6-10 mins do secundamento constituem o TEMPO CORPORAL, uma vez que a placenta permanece dentro do corpo uterino / Já no canal do parto, a placenta sofre as pequenas contrações do segmento inferior, que não é suficiente para a expulsão → para a exteriorização completa, são necessários ESFORÇOS EXPULSIVOS da paciente ou a AJUDA DE UM TOCÓLOGO É dividido em 3 TEMPOS FUNDAMENTAIS: Descolamento – Decorrente da retração uterina, que diminui a superfície de contato com a placenta e culmina no descolamento da placenta / Nesse período, a DECÍDUA não é passiva aos fenômenos contráteis, uma vez que cede e se descola no nível da zona não resistente = CAMADA ESPONJOSA → essa é a região alvo tanto por ser menos resistente quanto pelos processos degenerativos/necróticos iniciados na última semana de gravidez O hematoma retroplacentário se expande por entre as paredes do útero e os cotilédones, auxiliando, muitas vezes, a DEQUITADURA! O descolamento pode ser CENTRAL (Baudelocque-Schultze) OU MARGINAL/PERIFÉRICO (Baudelocque- Duncan), sendo definidos quando começam no CENTRO ou LATERALMENTE → classicamente, no central, a face placentária visualizada é a FACE FETAL, e apresenta a formação de um HEMATOMA RETROPLACENTÁRIO, sendo esse o que MAIS OCORRE Já na dequitação marginal/periférica, a face placentária observada na rima da vulva é a MATERNA, apresenta o escoamento de sangue antes da expulsão total da placenta e é MENOS FREQUENTE Descida – as contrações uterinas e a ação da gravidade condicionam a migração da placenta Expulsão ou Desprendimento – já no canal vaginal, a placenta provoca sensações de puxo, determinando esforços abdominais para a expulsão Thaís Pires 2 2. Definir o puerpério e seu acompanhamento; É iniciado na primeira hora após o parto, sendo denominado, nesse intervalo, de PERÍODO DE GREENBERG – nessa primeira hora, há ESTABILIZAÇÃO DOS SINAIS VITAIS + HEMOSTASIA UTERINA, incluindo os períodos de MIOTAMPONAMENTO, TROMBOTAMPONAMENTO, INDIFERENÇA MIOUTERINA e CONTRAÇÃO UTERINA A redução do volume uterino causa ANGULAÇÃO das artérias UTERINA E OVARIANA, diminuindo a perfusão sanguínea; e a contração do útero causa OCLUSÃO DOS VASOS MIOMETRIAIS → MIOTAMPONAMENTO / o TROMBOTAMPONAMENTO é a segunda linha de defesa contra a hemorragia, sendo caracterizado pela formação de TROMBOS nos vasos uteroplacentários que se prolongam pelos coágulos intrauterinos e recobrem o leito placentário → a retirada dessa coagulão é um processo NÃO FISIOLÓGICO que deve ser evitado / a INDIFERENÇA MIOUTERINA é caracterizada pela contração e relaxamento das fibras miometriais e ocorre na primeira hora pós parto Puerpério – período de 6 a 8 semanas que inicia após a expulsão da placenta – constitui uma fase ativa na qual acontecem fenômenos hormonais, psíquicos e metabólicos para o retorno dos órgãos reprodutivos e pela readaptação do corpo feminino - e é dividido em 3 períodos: Puerpério Imediato – 1° ao 10° dia Puerpério Tardio – 10° ao 45° dia Puerpério Remoto – depois do 45° dia Alterações Hemodinâmicas DC – o débito cardíaco aumenta no puerpério IMEDIATO em função da saída da placenta e da descompressão aortocava / retorna aos valores normais em 2 semanas Volume Plasmático – aumenta cerca de 10% no pós parto imediato pela descompressão aortocava e redistribuição dos líquidos corporais / retorna aos valores normais em 2 semanas Resistência Vascular Periférica – aumento da RVP pela eliminação da circulação placentária Assistência Pós-Natal Cuidado Hospitalar – além dos cuidados médicos, a equipe de saúde também é responsável por instruir a mulher acerca das alterações fisiológicas ao longo do puerpério imediato e tardio, especialmente no que diz respeito aos LÓQUIOS, PERDA DE PESO, DIURESE E APOJADURA / Além do fisiológico, devem ser alertadas quanto aos sinais de complicações, como FEBRE, SANGRAMENTO VAGINAL EXCESSIVO, DOR, EDEMA OU HIPEREMIA DO MMII Também deve ser abordado acerca do RETORNO DAS ATIVIDADES SEXUAIS, indicado APÓS 2 SEMANAS do parto Medidas Gerais – na 1ª HORA PÓS-PARTO, a mulher deve ser monitorada com cuidado, principalmente em busca de HEMORRAGIAS → a cada 15 MINS a equipe deve aferir a PA, BPM, avaliar sangramento vaginal e a contração uterina Caso o parto tenha sido com anestesia, a mulher deve ser acompanhada em ambiente ESPECIALIZADO com profissional especializado Quanto a DIETA, mulheres com parto vaginal eutócito não recebem nenhuma restrição alimentar Deambulação – a mobilização e o caminhar precoce reduzem a incidência de RETENÇÃO URINÁRIA, CONSTIPAÇÃO e FENÔMENOS TROMBOEMBÓLICOS PÓS-NATAIS / Ao menos a primeira deambulação deve ocorrer SOB VIGILÂNCIA, pelo risco elevado de síncope! Thaís Pires 3 Cuidados Genitais – com relação ao cuidado da região perineal, a mulher deve ser orientada a fazer a higiene vulvar no sentido ANTERIOR-POSTERIOR e utilizar GELO no primeiro dia para reduzir o desconforto local, principalmente em casos de episiotomia A utilização de ANTISSÉPTICOS locais e de ANTI-INFLAMATÓRIOS pode ser indicada Temperatura – a temperatura pós-parto não segue os critérios normativos para condições extrapuerperais → nas PRIMEIRAS 24H, pode haver PIREXIA abaixo de 38°C – A chamada “FEBRE DO LEITE” pode ocorrer concomitante à apojadura no 3º dia Avaliação da Involução uterina – o útero puerperal tem consistência FIRME, é INDOLOR e altamente MÓVEL pela flacidez dos elementos de fixação – Nas primeiras 12 HORAS do pós parto, a altura do fundo do útero mede cerca de 12cm, do 2 dia em diante diminui progressivamente 1cm/dia Monitoramento da Função Vesical – buscar por retenção urinária, que possui como fatores de risco a primiparidade, doses elevadas de ocitocina, lacerações perineais → então mulheres com esses fatores de risco devem ser MONITORIZADAS / é possível também a INCONTINÊNCIA URINÁRIA E/OU FECAL no puerpério Cuidados Domiciliares 1ª Consulta – realizada entre 7 a 10 dias pós-parto – é importante para assegurar a saúde da mulher e do rn – avaliar o estado de saúde da mulher e do rn, orientar acerca da amamentação, identificar situações de risco e conduzi-las 2ª Consulta – realizada 6 semanas pós-parto – investigar as condições gerais da saúde da mulher e do rn; caracterizar o padrão de amamentação, reafirmando praticas no sentido de garantir os 6 meses de AME; Avaliar o retorno do fluxo menstrual e da atividade sexual; Orientação quanto aos métodos contraceptivos Rastreio para agravos da saúde mental da mulher - 3. Descrever a evolução uterina no pós-parto imediato e a influência dos hormônios envolvidos; Após a dequitação, o útero inicia o processo de INVOLUÇÃO – a RETRAÇÃO UTERINA é característica do MIOMÉTRIO, que permite a redução do TAMANHO FAZ FIBRAS MUSCULARES após sucessivas contrações (não diminui o número de células)→ o útero retraído contrai os vasos sanguíneos, dando aparência ISQUÊMICA ao órgão / Essa contração também atinge os VASOS INTRAMIOMETRIAIS, reduzindo o fluxo sanguíneo e prevenindo a HEMORRAGIA PÓS-PARTO / Os vasos calibrosos se obliteram (fazem trombose), atuando também como HEMSOTASIA para o pós-parto Após 24h pós-parto, o fundo do útero atinge a CICATRIZ UMBILICAL, e após 1 semana desce para um ponto entre cicatriz umbilical e sínfise púbica → essa INVOLUÇÃO UTERINA costuma ser mais rápida em puérperas que amamentam e, habitualmente, no 12º dia pós-parto o fundo encontrasse RENTE À BORDA SUPERIOR DA SÍNFISE PÚBICA / Na SEGUNDA SEMANA, oútero não é mais abdominal, e sim PÉLVICO, atingindo suas medidas pré- gravídicas em 6-8 SEMANAS DE PUERPÉRIO, i.e., no fim do puerpério!! Nos 3 primeiros dias de puerpério, as contrações uterinas provocam CÓLICAS ABDOMINAIS, que são mais intensas em MULTÍPARAS do que em PRIMÍPARAS, e que são Thaís Pires 4 INTENSIFICADAS durante a amamentação pela liberação de OCITOCINA pela neuro-hipófise → nas 12 primeiras horas, essas contrações são COORDENADAS, REGULARES e de FORTE INTENSIDADE Colo Uterino – tende a se fechar com as contrações pós-parto, não permitindo mais a exploração digital após 1 semana do parto → a media que se estreita, o colo adquire maior espessura e reconstitui a endocérvice / o ORIFÍCIO EXTERNO DO COLO UTERIO da mulher que já pariu jamais reconstitui a sua forma puntiforme, uma vez que apresenta-se EM FENDA TRANSVERSA Endométrio – a dequitadura leva consigo a camada ESPONJOSA da decídua, restando a camada superficial (é a decídua externa, enfraquecida e irregular, eliminada sob a forma de LÓQUIOS) e a camada basal (é a decídua interna, adjacente ao miométrio, responsável pela REGENERAÇÃO DO MIOMÉTRIO) / Nos primeiros dias de eliminação dos lóquios, há leucócitos suficientes para que sejam de COR VERMELHA = LOCHIA RUBRA → após 3 a 4 dias, esses vão tornando-se SEROSSANGUÍNEOS, devido à hemoglobina degradada = LOCHIA FUSCA → depois do 10º dia, há incorporação de leucócitos, assumindo coloração amarelada = LOCHIA FLAVA e, posteriormente, esbranquiçada LOCHIA ALBA O volume total da loquiação é cerca de 200 a 500mL, durando aproximadamente 4 semanas Vagina – pequenas equimoses podem ser encontradas na mucosa traumatizada, que são cicatrizadas em 5-6 dias – é no puerpério que irá acontecer o reaparecimento do pregueamento das paredes vaginais Função Ovulatória – retorna em aproximadamente 6-8 semanas caso não haja amamentação – nas que amamentam, a ovulação é menos frequente, sendo os ciclos menstruais, em sua maioria, anovulatórios Mamas – são glândulas exócrinas modificadas que tem como função a nutrição do recém-nato e a transferência de AC maternos / no final da gestação, há diferenciação para atividade secretora com hipertrofia dos vasos sanguíneos, das células mioepiteliais, do tecido adiposo / a APOJADURA, descida do leite, ocorre entre o primeiro e terceiro dia 1. Reconhecer as causas de sangramento uterino pós-parto; Descrever as modalidades terapêuticas clínicas e as indicações de intervenção cirúrgica nestes casos; As alterações fisiológicas que precedem a gravidez (aumento de 40% do volume plasmático e de 25% dos glóbulos vermelhos) ocorrem em ANTECIPAÇÃO à perda sanguínea do parto!! A dequitação da palcenta causa hemorragia que é tratada pelo VASOESPASMO local, formação de trombos nos vasos uterinos e CONTRAÇÃO E RETRAÇÃO do miométrio, comprimindo os vasos! Hemorragia Pós-parto – definida e diagnosticada clinicamente como SANGRAMENTRO EXCESSIVO que torna a paciente SINTOMÁTICA (visão turva, vertigem, síncope) e/ou resulta em SINAIS DE HIPOVOLEMIA (hipotensão, taquicardia, oligúria) / Essa hemorragia pode ser classificada em PRIMÁRIA (nas primeiras 24h pós parto) e em SECUNDÁRIA (entre 24h e 12 semanas pós-parto) As principais causas de HPP são ATONIA UTERINA, RETENÇÃO DE FRAGMENTOS PLACENTÁRIOS e LACERAÇÕES DO CANAL DE PARTO HPP Primária – a atonia uterina está em 80% dos casos – esse efeito se dá pela contração incompetente do miométrio, permitindo que o fluxo de 600mL/min saia de forma profusa pelas artérias ESPIRALADAS do útero, o que justifica a rapidez do desenvolvimento de um choque HIPOVOLÊMICO / Como Thaís Pires 5 principais fatores para atonia uterina, destacam-se SOBREDISTENSÃO UTERINA (macrossomia, gestação múltipla), USO DE MEDICAÇÕES, 2º PERÍODO DO PARTO PROLONGADO Além da atonia, outras complicações obstétricas podem causar hemorragia pós-parto, como: • Lacerações do períneo, da vagina ou do colo uterino • Coagulopatia dilucional (placenta prévia) ou de consumo (descolamento prematuro de placenta) • Retenção placentária ou acretismo placentário • Inversão Uterina • Rotura uterina • Hemostasia inadequada • Laceração de histerotomia com acometimento vascular • Obesidade • Alta paridade Conduta O obstetra deve coordenar uma série de intervenções clínicas e cirúrgicas, avaliando o sucesso da intervenção e a necessidade ou não de avançar para um outro tratamento / Se o tratamento for postergado, resultará em maior sangramento, com maior taxa de histerectomia, morbidade por hipovolemia e óbito materno Conduta Inicial Massagem do fundo do útero – o útero deve ser ELEVADO E MASSAGEADO – a elevação estira as artérias uterinas, comprimindo-as, enquanto a elevação do miométrio o impele para CONTRAÇÃO / A bexiga deve ser esvaziada por meio de cateterismo, já que a repleção vesical pode interferir na contratilidade do segmento inferior Acesso Venoso Calibroso – para adm de líquidos, sangue e medicações Adm de drogas uterotônicas Ocitocina – 10 a 40 UI em 1.000mL de solução salina contínua- age estimulando contrações na porção superior do corpo uterino – tem início de ação RÁPIDO (1 min), meia vida curta, adm IV ou IM – NÃO DEVE SER INFUNDIDA EM BOLUS SEM DILUIÇÃO pelo risco de hipotensão e arritmia cardíaca grave Metilergometrina – 0,2g IM de 2 a 4 h – provoca contrações na porção superior e inferior do útero – Tem início de ação com 2 a 5 mins Prostaglandina E1 – 800 a 1000 microgramas via retal Infusão de Cristaloides para prevenir hipotensão Thaís Pires 6 Transfusão de hemoderivados – permitir a perfusão tecidual Hemorragia não responsiva a uterotônicos – caso não tenha funcionado a conduta inicial, posicionar a pct para exame ginecológico em sala cirúrgica, sob avaliação do anestesista, para REVISÃO DO CANAL DE PARTO Compressão uterina bimanual / Manobra de Hamilton – uma das mãos fixa a porção posterior do útero enquanto a outra é posicionada fechada pelo canal vaginal ANTERIORMENTE AO COLO UTERINO, de modo que as duas paredes uterinas sejam comprimidas Reparo de Lacerações – avaliação da vagina e do colo para o reparo de lacerações, caso existentes – caso necessário, utilizar anestesia Curagem ou Curetagem uterina – se o sangramento for de ORIGEM UTERINA, deve ser realizada a curetagem para remover qualquer fragmento placentário – nesse processo, buscar ROTURAS que causem SOLUÇÕES DE CONTINUIDADE Tamponamento Uterino – colocação do tampão em toda a cavidade uterina – é considerada perigosa e ineficaz por muitos obstetras, porém apresenta sucesso – antes de iniciar o tamponamento, deve- se excluir qualquer possibilidade de HEMORRAGIA SECUNDÁRIA A LACERAÇÕES DE COLO E VAGINA Pode ser realizado o tamponamento pela SONDA DE FOLEY, BALÃO DE SENGSTAKEN-BLAKEMORE ou BALÃO DE BAKRI que possuem capacidade de acomodar 400 a 500mL de solução salina na cavidade uterina Thaís Pires 7 Embolização Arterial – consiste em uma alternativa segura e efetiva à cirurgia – essa decisão demanda mais tempo, mobilização pessoal e equipamentos apropriados → caso a pct não esteja estável o suficiente para aguardar a embolização OU caso descompense durante a embolização, prosseguir para a LAPAROTOMIA A embolização percutânea é realizada sob visão fluoroscópica na sala de radiologia, sob anestesia apropriada. Pela técnica de Seldinger, introduz-se um cateter angiográfico na artéria femoral, progredindo-se o cateter até a bifurcação da aorta e, desta, até a artéria ilíaca interna ou até a artéria uterina. Uma angiografia diagnóstica é então realizada para a visualização do(s) local(is) de sangramento, evidenciado(s) pelo extravasamento do contraste radiológico. Utilizam-se diferentes agentes embolizantes, como a esponja de gelatina absorvível (gelfoam), o álcool polivinílicoe, mais recentemente, as microsferas Laparotomia – deve ser realizada pela INCISÃO MEDIANA INFRAUMBILICAL, para melhor exposição do campo cirúrgico – a atonia uterina e os locais de sangramento extrauterinos podem ser facilmente visualizados → se um PEQUENO VASO FOR RESPONSÁVEL pelo sangramento, deve ser CLAMPEADO Ligadura de artérias uterinas – são artérias de fácil acesso - Após a identificação do ureter, um fio de sutura com agulha curva (categute cromado 0 ou Vicryl® 0) é passado de cada lado da margem lateral do segmento inferior do útero, tão próximo quanto possível do colo uterino, retornando lateralmente pelo ligamento largo e passando rente aos vasos uterinos. Após a ligadura bilateral das artérias uterinas, observa- se o sangramento. Se essa medida não for suficiente para contê-lo, os vasos uterovarianos também devem ser ligados distalmente ao corno uterino, passando o fio de sutura pelo miométrio, medialmente a esses vasos Sutura de B-lynch – essa sutura COMPRIME O ÚTERO de forma semelhante à compressão uterina bimanual - Uma agulha grande de categute cromado 2 é usada para entrar e sair lateralmente na face anterior do segmento inferior do útero. O fio é levado posteriormente ao útero, passando a agulha nessa altura e convergindo de uma porção lateral à outra, agora na face posterior do segmento inferior. Ao sair, o fio é levado novamente para a porção anterior, passando pelo fundo uterino, e ancorado na face anterior do segmento inferior, paralelo e do lado oposto ao ponto inicial. Os fios são ligados, havendo efeito de compressão uterina Thaís Pires 8 Ligadura das Artérias Ilíacas Internas - ligadura das artérias ilíacas internas deve ser considerada somente quando a ligadura das artérias uterinas não surtir o efeito desejado. Se o obstetra não tiver muita experiência no manejo do retroperitônio, ele deverá omitir esse passo e realizar a histerectomia a seguir, a não ser que possa consultar prontamente algum cirurgião oncológico ou outro cirurgião familiarizado com essa técnica. Histerectomia – ÚLTIMO RECURSO Thaís Pires 9 2. Descrever as vias de acesso e a anatomia da parede abdominal A parede abdominal NÃO POSSUI PROTEÇÃO ÓSSEA, sendo a coluna lombar a única parte do esqueleto situada nessa região – as porções POSTERIOR E ANTEROLATERAL, que são eminentemente musculares, sofrem as ALTERAÇÕES IMPOSTAS PELA GRAVIDEZ A parede abdominal pode ser dividida superficialmente em 3 ANDARES, COM 2 LINHAS IMAGINÁRIAS HORIZONTAIS E 2 VERTICAIS → forma 9 áreas - • Linha superior – tangencia os arcos costais, sendo o limite inferior do epigástrio e sua divisão com o mesogástrio • Linha Inferior – passa pela EIAS bilateralmente • Linhas Verticais – continuam da linha hemiclavicular até a horizontal inferior Parede Anterolateral do Abdome Suas principais funções são PROTEÇÃO DOS ÓRGÃOS ABDOMINAIS; MANUTENÇÃO DA POSIÇÃO ERETA; ESTABILIZAÇÃO DA PELVE → Para realizar essas funções, a parede possui ALTA RESISTÊNCIA E O MÍNIMO DE ESPESSURA Três pares de músculos laminares se sobrepõem nessa região com fibras em sentidos opostos → OBLÍQUO EXTERNO; OBLÍQUO INTERNO; OBLÍQUO TRANSVERSO Além dos oblíquos, existem o RETO DO ABDOME e o PIRAMIDAL, que estão em um plano antero medial Bainha do reto do abdome O reto do abdome é o músculo de maior extensão na formação da parede abdominal e, por possuir diversos ventres musculares separados por intersecções tendíneas, é denominado um MÚSCULO POLIGÁSTRICO → essas intersecções tem função de PRODUÇÃO DE FORÇA MUSCULAR acima da cicatriz umbilical / O reto do abdome é envolvido por uma CAPA APONEURÓTICA = BAINHA DO RETO DO ABDOME formada pelos OBLÍQUOS A bainha tem características diferentes acima e abaixo da linha arqueada: Acima da linha arqueada – na porção anterior, a bainha é formada pela FUSÃO DA APONEUROSE DO OBLÍQUO EXTERNO com o prolongamento anterior da divisão da aponeurose do OBLÍQUO INTERNO Thaís Pires 10 – na região posterior, há fusão da APONEUROSE DO TRANSVERSO com a PORÇÃO POSTERIOR DA APONEUROSE DO OBLIQUO INTERNI Abaixo da linha arqueada - as APONEUROSES DO OBLÍQUO EXTERNO, DO OBLÍQUO INTERNO E DO TRANSVERSO SE FUNDEM e formam anteriormente a bainha do reto do abdome. Posteriormente ao músculo reto do abdome, encontra se uma membrana fibrosa chamada FÁSCIA TRANSVERSAL. Assim, abaixo da linha arqueada, a bainha do reto é composta pelas aponeuroses dos três músculos da parede anterolateral, e abaixo da linha arqueada, na porção posterior ao músculo, só resta a fáscia transversal. Incisão Abdominal O tipo de incisão na pele é escolhido para OTIMIZAR O ACESSO AO EVENTO cirúrgico com mínima morbidade materna e máximo efeito estético Incisão Vertical – infraumbilical – executada facilmente e de forma rápida, causando trauma mínimo ao tecido subcutâneo – NÃO HÁ SEPARAÇÃO DO PLANO MUSCULAR em relação a aponeurose – após abertura da aponeurose, atinge-se o plano muscular e os músculos reto do abdome e piramidais – a fascia transversal e a gordura pré-peritoneal são dissecadas, atingindo-se o peritônio parietal Incisão Transversa Incisão de Pfannenstiel – a mais utilizada – diminuição da incidência de hérnias incisionais em comparação à técnica vertical - Em contrapartida, essa incisão predispõe potencialmente a hematomas subaponeuróticos quando da hemostasia inadequada dos vasos perfurantes. Outra desvantagem é a parestesia prolongada provocada pela secção dos nervos sensitivos superficiais / Nessa técnica, a incisão na pele é transversa, suprapúbica (1 a 2 cm acima da borda do púbis), levemente arciforme com concavidade superior e tem extensão de 10 a 12 cm Incisão de Maylard – A incisão de Maylard é outro tipo de incisão transversa, escolhida para se ter acesso pélvico lateral exuberante. Possibilita manter boa estética, mas predispõe a risco maior de hematoma causado pela lesão de vasos epigástricos. Essa técnica inclui incisão muito ampla, com extremidades próximas às espinhas ilíacas e secção dos músculos retos do abdome. A incisão é mais alta quando comparada com a técnica de Pfannenstiel. Incisão de Cherney – gfd - permite ampla exposição da pelve da mulher, especialmente do espaço de Retzius. A priori, é utilizada para cirurgias oncológicas, e só excepcionalmente é utilizada para a cesárea. Diferencia-se da técnica de Pfannenstiel porque há secção dos músculos retos do abdome
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