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Thaís Pires 1 Problema 9 1. Descrever o amadurecimento hormonal na puberdade; A adolescência é um período marcado por MUDANÇAS CORPORAIS DA PUBERDADE e pelas MUDANÇAS NA ESFERA PSICOSSOCIAL – A fase PUBERAL representa o ESTÁGIO FINAL DO CRESCIMENTO ESTATURAL e é quando a preocupação com o crescimento é mais frequente → O crescimento estatural apresenta fases DISTINTAS, com VELOCIDADES DISTINTAS, resultado da AÇÃO HORMONAL PREDOMINANTE EM CADA FASE, bem como das influencias do AMBIENTE, ASPECTOS PSICOSSOCIAIS Durante a fase puberal, a velocidade com a qual as mudanças ocorrem é muito GRANDE, além do que as modificações CORPORAIS acontecem paralelamente a modificações na PERSONALIDADE, SOCIALIZAÇÃO, INTERESSES, dentre outros, não permitindo que sejam avaliados INDIVIDUALMENTE O CRESCIMENTO ESTATURAL depende do crescimento LINEAR DOS OSSOS LONGOS, especialmente na cartilagem de crescimento, sendo CONTROLADO POR DIVERSOS HORMÔNIOS GONADAIS E ADRENAIS, que, embora tenham ações individuais, INTERAGEM para o ESTIRÃO DE CRESCIMENTO NORMAL e para a MATURAÇÃO SEXUAL Velocidade de Crescimento – é o aumento da estatura em 1 ano, não devendo ser aferida essa medida com intervalo menor do que 6 meses, uma vez que o crescimento sofre influências SAZONAIS / Até os 4 anos de idade, as MENINAS > MENINOS com relação à velocidade de crescimento, depois dessa idade, ambos crescem em uma velocidade de 5-6 cm/ano Alvo Genético – o cálculo dele avalia a herança na determinação da faixa de estatura final Hormônios – Além de haver uma importância dos HORMÔNIOS TIREOIDIANOS para o crescimento, há um PROTAGONISMO dos HORMÔNIOS GONADAIS em interação, obviamente, com o EIXO GH-IGF, bem como com o AUMENTO DA RESISTÊNCIA À INSULINA / A puberdade é caracterizada pelo aumento da AMPLITUDE dos pulsos de secreção de LH e FSH → a elevação desses hormônios promove o DESENVOLVIMENTO DAS CARACTERÍSTICAS SEXUAIS SECUNDÁRIAS e da COMPOSIÇÃO CORPORAL Thaís Pires 2 Na puberdade, o aumento da secreção de GH é mais acentuado no SEXO MASCULINO, explicando a diferença na velocidade de crescimento entre os sexos → ao final do desenvolvimento puberal, os níveis de GH e IGF retornam aos valores pré-puberais O processo pubertário INICIA NA VIDA INTRAUTERINA com a diferenciação sexual e a produção de esteroides sexuais → nos lactentes, pela imaturidade dos TRATOS INIBITÓRIOS DO SNC, os níveis séricos de LH e FSH são altos e elevados no sexo feminino, declinando no FIM DA LACTÂNCIA e permanecendo baixo pelo período PRÉ-PUBERAL até o início da puberdade ° Na fase puberal, ocorrem 3 eventos principais: • ADRENARCA – aumento da secreção de andrógenos suprarrenais • Ativação (ou desinibição) dos neurônios hipotalâmicos secretores de LHRH • GODANARCA – aumento dos esteroides sexuais produzidos pelos testículos e ovários Esses eventos hormonais são resultantes da MATURAÇÃO CEREBRAL, principalmente da região BASAL EXTRAMEDIAL DO HIPOTÁLAMO, DA HIPÓFISE, GÔNADAS e os ÓRGÃOS-ALVO dos esteroides gonadais → entre 6-8 anos de idade óssea, há um aumento progressivo dos níveis de andrógenos suprarrenais DHEA (desidroepiandrosterona) e DHEAS (desidroepiandrosterona-sulfato) (ADRENARCA) que é resultante da LIBERAÇÃO DE ACTH, aparentemente independente do EIXO HIPOFISÁRIO-GONADAL ° Durante o período PRÉ-PÚBERE, há uma SUPRESSÃO DO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GONADAL por mecanismos ainda não esclarecidos, porém sabe-se que a secreção de GONADOTROFINAS está sob o controle de FB negativo dos ESTEROIDES GONADAIS no GONADOSTATO hipotalâmico O início da puberdade é marcado pela REDUÇÃO DA SENSIBILIDADE DO GONADOSTATO aos esteroides gonadais, que é resultante da ELEVAÇÃO DE ANDRÓGENOS SUPRARRENAIS, permitindo a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal → essa ativação favorece o aumento da FREQUÊNCIA e da AMPLITUDE dos pulsos do LHRH noturno, com posterior secreção de LH!!! Além da elevação de andrógenos suprarrenais, a LEPTINA secretada pelas células adiposas (cujos receptores estão no hipotálamo e ovários) estimula o PULSO DE LHRH, além de garantir a reserva calórica para o crescimento ° Foram reconhecidas novas formas ISOMÉTRICAS DAS GONADOTROFINAS, que são as liberadas durante a PUBERDADE – B-FSH e B-LH – essas possuem maior POTÊNCIA BIOATIVA, i.e., maior capacidade de INDUÇÃO da síntese dos ESTEROIDES GONADAIS, sendo B-LH a mais correlacionada com as mudanças somáticas puberais Os esteroides gonadais determinam o aumento da liberação de GH e IGF, responsáveis pela ação direta na CARTILAGEM, estimulando a síntese de fatores locais que determinam a MATURAÇÃO DOS CONDRÓCITOS E OSTEOBLASTOS → o estrógeno parece ter maior importância no processo de maturação epifisária e incorporação da massa óssea Outros hormônios, como os da tireoide, a prolactina, a melatonina, a inibina e a ativina, também participam do processo pubertário. A tiroxina influencia na síntese e na secreção de GH e tem ação permissiva sobre o crescimento ósseo. A inibina, produzida nas células de Sertoli (testículos) e nas células da granulosa (ovários), Thaís Pires 3 exerce ação de retroalimentação negativa sobre a secreção do FSH hipofisário, enquanto a ativina estimula a biossíntese e a secreção da fração B-FSH 2. Identificar a avaliação do grau de desenvolvimento pubertário segundo critérios de Tanner; A maturação sexual normal segue uma cronologia e pode ser classificada em CINCO ESTÁDIOS (1 a 5) de acordo com os CRITÉRIOS DE MARSHALL E TANNER, que segue critérios de acordo com o SEXO: Feminino ▪ Desenvolvimento Mamário ▪ Quantidade de Pelos Púbicos Masculino ▪ Aspecto da Genitália ▪ Distribuição dos Pelos Púbicos O MOMENTO INICIAL, a SEQUÊNCIA DE EVENTOS e a VELOCIDADE com que se sucedem são importantes para determinar a NORMALIDADE DA PUBERDADE Puberdade Masculina – marcada pelo AUMENTO DO VOLUME TESTICULAR (início médio aos 10,9 anos [DP= 9 a 14 anos]), que é seguido pelo SURGIMENTO DOS PELOS PÚBICOS (início médio aos 11,9 anos) e, por fim, pelo AUMENTO PENIANO VOLUME TESTICULAR → PELOS PÚBICOS → AUMENTO PENIANO O volume testicular pode ser medido pelo ORQUIDÔMETRO DE PRADDER, sendo o volume maior que 4mL considerado o padrão para o INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL / Entre os 12 e 14 anos, ocorre o surgimento do BROTO MAMÁRIO em cerca de 65-70% dos adolescentes = GINECOMASTIA Thaís Pires 4 PUBERAL → tende a desaparecer em 2 ANOS EM 75% dos indivíduos e em 3 ANOS EM 90% - caso o desenvolvimento mamário seja maior que 5cm de diâmetro, a involução é IMPROVÁVEL A PRIMEIRA EJACULAÇÃO (espermarca) ocorre quando o volume testicular está em torno de 10-12 mL – os primeiros sêmens costumam ter BAIXA COSTUMAM TER BAIXA [SPTZ] OU NÃO OS TEM – após 12- 24 meses da espermarca, atinge-se o PADRÃO DO HOMEM ADULTO O aparecimento mais tardio é o APARECIMENTO DOS PELOS AXILARES por volta de 12,9 anos e dos PELOS FACIAIS por volta de 14,5 anos – a pilificação facial inicia nos CANTOS DO LÁBIO SUPERIOR e na REGIÃO LATERAL SUPERIOR DA FACE, geralmente surge no ESTÁDIO 3 dos pelos púbicos A mudança no timbre da voz coincide com o ESTÁDIO 5 dos pelos púbicos, sendo resultante da ação da TESTOSTERONA nas cartilagens da laringe Puberdade Feminina – A GONADARCA precede a ADRENARCA, por isso o primeiro sinal da puberdade é o APARECIMENTO DO BROTO MAMÁRIO (telarca), precedido do aumento das células superficiais observadas no urocitograma seguido pelo surgimento dos PELOS PÚBICOS (pubarca) e AXILARES, posteriormente da MENARCA → no início, a telarca pode ser ASSIMÉTRICA ou UNILATERAL Thaís Pires 5 Os primeiros ciclos menstruais constumam ser IRREGULARES, ANOVULATÓRIOS e mais PROLONGADOS, consequência do inadequado desenvolvimento folicular / Após 12-18 meses do início dos ciclos, iniciam os OVULATÓRIOS, consequênciada interação HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIOS Entre a telarca e a menarca, geralmente há um tempo de 2 a 5 ANOS - A velocidade de progressão de um estádio para outro é similar entre as mamas e os pelos púbicos, variando de 0,5 a 0,9 ano, para cada um, entre os estádios 1 a 430. No Brasil, segundo dados de Colli et al.30, a telarca surge habitualmente a partir dos 8 anos (mas pode variar entre 8 e 13 anos); a pubarca, por volta dos 9,6 anos; os pelos axilares, em torno dos 10,4 anos; e a menarca, aos 12,2 anos (estádio 4), podendovariar dos 9 aos 16 anos. Alguns autores americanos relatam que meninas afro-americanas e brancas podem iniciar telarca ou pubarca a partir dos 6 e 7 anos, respectivamente 3. Descrever as diferenças de personalidade segundo o estágio de maturação sexual. Meus filhos gêmeos de quatro anos são parecidos em muitos aspectos. Ambos são sociáveis, levados e amorosos. Mas já é possível notar algumas diferenças entre eles. → O menino, por exemplo, é mais consciente em relação ao tempo e muito curioso sobre o futuro. A menina, por sua vez, se mostra mais determinada a se virar sozinha Neurocientista cognitiva britânica Sarah-Jayne Blakemore, especialista em cérebro adolescente, descreveu recentemente o desafio dessa etapa do desenvolvimento humano como "uma tempestade perfeita", graças ao aumento súbito e simultâneo de "alterações hormonais, neurais, sociais e de pressões da vida" Ao longo da infância, nossa personalidade e temperamento se consolidam à medida que adotamos um modo de pensar, agir e sentir mais consistente. A solidificação da personalidade volta a ser reforçada novamente no fim da adolescência até a chegada da idade adulta Estudos de longo prazo mostram que características que surgem durante a adolescência anteveem uma série de acontecimentos no decorrer da vida, incluindo sucesso acadêmico e risco de desemprego. O cérebro adolescente é um bom ponto de partida. Nas últimas duas décadas, Sarah-Jayne Blakemore e outros especialistas mostraram como o desenvolvimento dos jovens é marcado por importantes mudanças no cérebro, incluindo uma "poda" do excesso de massa cinzenta, associada à aprendizagem Esse fator poderia contribuir para os padrões de mudança da personalidade na adolescência, de acordo com um estudo norueguês de 2018, baseado em imagens cerebrais. Os pesquisadores examinaram os cérebros de dezenas de jovens duas vezes, ao longo de um período de dois anos e meio, e pediram que os pais avaliassem as personalidades dos filhos em ambas as ocasiões. Eles descobriram que quem tinha pontuações mais altas em termos de conscienciosidade apresentava uma taxa maior de afinamento da área cortical em várias regiões do cérebro - sinal de uma "poda" mais eficiente da massa cinzenta e maior maturidade. O mesmo foi observado em relação às avaliações mais altas no quesito estabilidade emocional. Freud - Numa perspetiva muito próxima, Anna Freud (1969) considera que o processo fisiológico de maturação sexual exerce uma influência direta no domínio psicológico, provocando um distúrbio do desenvolvimento. Assim, a adolescência é o fruto da puberdade, ou seja, as mudanças no organismo durante a puberdade têm efeitos diretos no desenvolvimento psicológico e, particularmente, no processo Thaís Pires 6 de construção da identidade do sujeito. Esta identidade (masculino e feminino) afirma-se, na teoria clássica do desenvolvimento sexual, a partir dos fundamentos biológicos, anatómicos e embriológicos, dos processos de identificação e das posições edipianas (Afonso, 2007). Nesta perspetiva, as etapas do desenvolvimento psicossexual são geneticamente determinadas e independentes de fatores ambientais, ainda que a perspetiva psicanalítica não negue a importância desses fatores. A adolescência aparece determinada pelas transformações da puberdade, que decidem a passagem da sexualidade infantil à sexualidade adulta, que se caracteriza pelo primado da genitalidade e pela escolha heterossexual do objeto de amor fora da família. De acordo com a perspetiva psicanalítica, a maturação adolescente consistiria na retirada do investimento afetivo objetal em benefício do investimento no próprio eu, desligando-se afetivamente dos anteriores objetos de amor, nomeadamente dos pais (Cunha, 2008). Os adolescentes procuram, pela “fuga” ou pelo “isolamento”, reencontrar-se, concentrando-se sobre os seus próprios afetos, apaixonando-se pelas suas reflexões, os seus sonhos e ideais. Este processo de autonomia do adolescente é muito semelhante ao processo de separação-individuação da criança em relação à mãe, descrito por Margareth Mahler (1982). A criança desliga-se do objeto materno pela sua internalização, enquanto o adolescente se desliga dos objetos internalizados para amar os objetos exteriores e extra-familiares, traduzindo-se, tantas vezes, em comportamentos regressivos. No referente à reativação do complexo de Édipo, os psicanalistas destacam o facto de que o acesso à genitalidade renova os desejos e conflitos infantis, mas na adolescência, dada a possibilidade da sua realização, maiores são os riscos, o medo e a culpabilidade inerentes a essa concretização (Afonso, 2007). Encontramos aqui a origem do comportamento adolescente que procura sair ou afastar-se da família e procura fora dela, quer os objetos de investimento afetivo, quer os objetos de identificação, através dos quais vai construir o self. Ao longo da adolescência, a autonomia, a individuação e a formação da identidade são fenómenos intimamente ligados e interdependentes: a individuação envolve a separação psicológica da “realidade” familiar; o processo de individuação decorre ao longo da vida e envolve mudanças no grau de autonomia versus ligação; subsiste a necessidade de ligação aos pais tal como subsiste a ambivalência sobre a autonomia.
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