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ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DE EXAME NEUROLÓGICO 1) Resenha e anamnese: · Raça do paciente e idade que iniciou os sintomas auxiliam na identificação dos problemas. · Na anamnese também pode ser descoberto se teve ocorrência de algum trauma, se o paciente já foi diagnosticado com outra patologia... 2) Exame físico geral: · Exame físico completo do animal, verificando o funcionamento de todos os sistemas, finalizando com o sistema nervoso. · Alterações nos demais sistemas podem indicar que os sinais clínicos neurológicos não necessariamente podem ser originados do sistema nervoso. 3) Exame neurológico: · Tem os objetivos de localizar a lesão, descobrir a magnitude do dano sofrido, auxiliar no fechamento do diagnóstico e prescrição de tratamento. a) Estado mental e comportamento: · Anormalidades da consciência: · Nível de consciência: · Alerta: responde bem a qualquer estimulo externo · Obnubilação: variação entre alerta e deprimido · Depressão/embotamento: animal relativamente não responsivo ao ambiente, tendendo a dormir quando não incomodado. · Estupor: variação entre deprimido e comatoso, apresenta estado de consciência mas é responsivo a estímulos. · Coma: animal inconsciente, não respondendo a nenhum estímulo. · Conteúdo de consciência: · Demência · Delírio b) Atitude e postura: · Atitude: posição dos olhos e da cabeça em relação ao corpo. · Postura: posição do corpo em relação a gravidade. · Através da atitude e postura pode ser possível localizar a região lesionada da coluna. c) Função dos nervos cranianos: I. Olfatório: relacionado ao olfato. Pode ser testado tapando os olhos do paciente e oferecendo algo que ele possa cheirar (ração, por exemplo). A ausência deste sentido é chamado de anosmia. II. Óptico: relacionado a visão. Realiza-se teste de percepção visual, colocando algum objeto na frente do paciente para observar se ele vai desviar ou não, pode associar o teste de reação de ameaça junto, quando se faz o movimento de ameaça e se o animal piscar, significa reação de ameaça positiva. III. Oculomotor: relacionado ao movimento do globo ocular. Pode ser realizado o teste de reflexo pupilar a luz, lesões afetando o nervo oculomotor causarão pupila dilatada do lado afetado não responsiva à luz, mas com contração pupilar no outro globo ocular, não afetado; se a luz for incidida no outro globo ocular teremos a resposta direta presente e ausência de resposta consensual, isto é, no globo ocular afetado. IV. Troclear: relacionado ao movimento do globo ocular. Lesão do nervo troclear promoverá rotação discreta do globo ocular afetado perceptível em espécies com pupilas não arredondadas. No cão, a avaliação poderá ser realizada com o uso de um oftalmoscópio, a fim de verificarmos o posicionamento da veia retiniana dorsal. V. Trigêmeo: nervos mistos, relacionado ao componente motor e sensorial. Seu componente motor complementa a função sensorial do nervo facial. Pode ser testado encostando uma pinça ou o dedo no lábio do paciente e observar se ele movimenta o lábio em decorrência deste toque, o reflexo palpebral também pode ser testado. VI. Abducente: relacionado ao movimento do globo ocular. Realiza-se movimentação da cabeça nos planos horizontal e vertical para avaliação desse nervo, tocando-se levemente na córnea para verificar retração do globo ocular. Alterações nesse nervo incluem estrabismo medial do globo ocular afetado, abdução alterada do mesmo lado e perda da capacidade de retração do globo ocular. VII. Facial: nervos mistos, relacionados ao componente motor e sensorial. Seu componente motor complementa a função sensorial do nervo trigêmeo. Aplica-se os mesmos testes que para o trigêmeo. VIII. Vestibulococlear: relacionado com audição e equilíbrio. Os testes para a avaliação da porção coclear são subjetivos na sua interpretação. Esses testes podem ser grosseiramente testados jogando-se objetos perto de um animal vendado ou batendo-se palmas por trás dele. A resposta normal é o animal virar a cabeça para o lado da origem do som, piscar os olhos ou mover as orelhas (reflexo de Pryer). É importante evitar vibrações, sombras ou correntes de ar que possam prover interpretações não auditivas. Lesões em núcleos vestibulares e estruturas associadas podem causar nistagmo em qualquer direção, podendo mudar a sua direção quando da movimentação da cabeça. IX. Glossofaríngeo: possui relação direta com a enervação da orofaringe. Testa-se este nervo por meio do reflexo de deglutição ou reflexo de engasgo. Em relação ao reflexo de deglutição, avalia-se comprimindo-se externamente a garganta na região dos ossos hioides. Essa manobra provoca movimentos de deglutição em animais normais. O reflexo de engasgo é realizado colocando-se um dedo na base da língua por dentro da cavidade oral, promovendo, no animal, mímica de vômito ou engasgos X. Vago: idem ao glossofaríngeo, são avaliados juntos. XI. Acessório: enerva a musculatura cervical. Este nervo é de difícil avaliação e raramente se torna um problema clínico. Anormalidade desse nervo promoverá paralisia do músculo trapézio, que poderá ser avaliado mediante palpação cuidadosa dos músculos atrofiados na região do pescoço XII. Hipoglosso: relacionado com a motricidade da língua. A língua pode ser examinada esfregando-se ou molhando-se o focinho, o que induzirá o animal a lambê-lo. A força de retração também poderá ser avaliada puxando-se a língua com uma compressa de gaze. Lesão unilateral produzirá desvio da língua para o lado oposto devido à flacidez ocorrida, permitindo que os músculos normais se contraiam sem resistência. Se houver atrofia a língua apresentará um aspecto enrugado e o desvio ocorrerá do lado afetado. d) Locomoção: · De preferência avaliar o animal em um piso liso. · Ataxia: incoordenação motora, pode ser espinhal (proprioceptiva), cerebelar ou vestibular. · Paresia: fraqueza muscular, mesmo que o animal tenha uma musculatura forte. Pode ser mono, hemi, para ou tetra · Paralisia: ausência de movimento voluntário. O animal pode não estar caminhando voluntariamente mas apresentar o reflexo normal. Pode ser mono, hemi, para ou tetra. Mono: um único membro. Hemiparesia: membro torácico e pélvico de um mesmo lado. Para: quando há comprometimento dos membros pélvicos. Tetra: quando há comprometimento dos 4 membros. · Movimentos anormais: nem sempre acontecem, mas pode ter tremores, mioclonias, claudicação... e) Testes de reações posturais: · Posicionamento proprioceptivo: · Propriocepção consciente: realiza-se encostando a superfície dorsal do membro na mesa, e o resultado esperado é o retorno para a posição normal. Pode ser uni ou bilateral. · Propriocepção consciente proximal: coloca-se um papel/papelão embaixo da pata e afasta, aumentando o ângulo do membro, e espera-se que haja retorno a posição normal. · Resposta de posicionamento: · Posicionamento visual: suspende-se o animal pelo tórax e o direciona para a mesa, é esperado que ele antecipe o movimento para se apoiar na mesa. · Apoio tátil: semelhante ao posicionamento visual, porém neste teste os olhos do animal são vendados e apoia-se a superfície dorsal do membro na parte de baixo da mesa e se espera que ele posicione a pata na mesa. · Impulso postural extensor: o animal também é segurando pelo tórax, mas aproxima-se apenas os membros posteriores da mesa/chão, e espera-se que ele tente apoiar na superfície. · Hemilocomoção, hemissaltitante e carrinho de mão: também podem ser aplicados para determinar a presença de alterações em membros específicos. f) Reflexos espinhais ou medulares: · Resposta frente a estímulos promovidos. · As respostas normais podem variar de acordo com espécie, raça, idade, porte... · Para avaliar os reflexos é indicado que o animal esteja relaxado, de preferência em decúbito lateral · Classificação dos reflexos espinhais: Graduação Avaliação dos reflexos 0 Arreflexia ou reflexo abolido +1 Presente mas com hiporreflexia +2 Normorreflexia +3 Hiperreflexia +4 Hiperreflexia com presença de clono · Reflexo patelar: é o mais fácil e confiável de ser avaliado, tanto em cães quanto em gatos. Normalmente o segmento avaliado com este teste é L4 e L6. Com o membro flexionado e relaxado, se realiza uma percussão no ligamento patelar com o plexímetro e a resposta normal será a extensão do joelho. · Tônus muscular: · Atonia · Hipotonia · Normotonia · Hipertonia · Localização da lesão: Sinais de lesão no NMS: Sinais de lesão no NMI: Reflexos normais ou aumentados Reflexos diminuídos ou ausentes Tônus muscular normal ou aumentado Tônus muscular diminuído ou ausente Atrofia muscular suave, por desuso Atrofia muscular grave, por denervação Paresia/paralisia espástica Paresia/paralisia flácida Bexiga tensa e de difícil compressão Bexiga grande, flácida e de fácil compressão Segmento Membro torácico Membro pélvico C1-C5 NMS NMS C6-T2 Intumescência cervical NMI NMS T3-L3 Normal NMS L4-S3 Intumescência lombar Normal NMI · Avaliação da gravidade da lesão: Sinais clínicos Grau I Dor nas costas sem déficits neurológicos Grau II Paresia dos membros posteriores, ataxia, episódios recorrentes de dor nas costas, deficiência proprioceptiva consciente Grau III Paraplegia, com percepção de dor profunda intacta, podendo ou não apresentar dor nas costas Grau IV Paraplegia, com ausência de dor profunda (paralisia), podendo ou não apresentar dor nas costas
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