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FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 01 
DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Direito de Família 
 
Noções de direito de família: o mais humano dos direitos. As pessoas normalmente 
não perdem o vínculo familiar. 
 
Família em sentido lato sensu: pessoas ligadas por vínculo de sangue, adoção ou 
afinidade. Contempla os cônjuges e os companheiros, parentes e afins. Para o direito 
das sucessões, o conceito de família que interessa é os parentes por linha reta e os 
colaterais até o quarto grau. 
 
Carlos Roberto Gonçalves conceitua o direito de família da seguinte forma: 
 
 “O direito de família constitui o ramo do direito civil que disciplina as relações entre 
pessoas unidas pelo matrimônio, pela união estável ou pelo parentesco, bem como 
pelos institutos complementares da tutela e curatela, visto que, embora tais institutos 
de caráter protetivo ou assistencial não advenham das relações familiares, têm, em 
razão de sua finalidade, nítida conexão com aquele.” 
 
Paulo Lobo define o direito de família como um conjunto de regras que disciplinam 
os direitos pessoais e patrimoniais das relações de família.” Para este autor, o direito 
de família abrange as seguintes matérias: o direito das entidades familiares, o direito 
parental, o direito patrimonial familiar e o direito tutelar. Famílias. São Paulo: Saraiva, 
2008, p.17 e 18. 
 
Conteúdo: surge em razão de alguém pertencer a determinada família na qualidade 
de pai, filho, etc. Não tem valor necessariamente valor pecuniário. Caracteriza-se por 
um fim ético e social. A infração ao direito de família pode resultar em suspensão ou 
extinção do poder familiar, dissolução da sociedade conjugal, perda do direito aos 
alimentos, etc. 
Relações pessoais entre os cônjuges. (casamento, proteção dos filhos e parentesco) 
Relações patrimoniais que se desenvolvem no seio da família. (regime de bens e 
alimentos). O título III cuida da união estável e seus efeitos. 
Relações assistenciais (tutela e curatela) 
Mudanças ocorridas no âmbito do direito da família no século XX e XXI: função, 
natureza, composição, concepção, etc. A rápida evolução social modifica valores e 
tendências que se concretizam a despeito da lei. 
 
Família patriarcal: entra em crise progressiva durante o século XX e, finalmente, é 
seu modelo extinto do ponto de vista legal com o advento da Constituição de 88. 
Função atual da família: afetividade. Enquanto houver affectio, haverá família, 
desde que consolidada na simetria, colaboração e na comunhão de vida. 
1 
anaga
Realce
anaga
Realce
 
 FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 01 
DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Declaração dos Direitos Humanos: art. 16.3 
 
“ A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção 
desta e do Estado.” 
Decorrência do dispositivo acima: 
a) família não é só aquela constituída pelo casamento; 
 b) família não é a célula do Estado, mas da sociedade, não podendo o Estado tratá-la 
como parte sua. 
 
Funções da família ao longo da história: religiosa, política, econômica e 
procracional. 
Estrutura no passado: patriarcal (poder masculino sobre a mulher-poder marital) e 
sobre os filhos (pátrio poder – atualmente a expressão foi substituída por “Poder 
Familiar”. 
 
Estado Liberal do século XIX: limitação do poder político e pela não intervenção 
nas relações privadas e no poder econômico. A liberdade era voltada para a aquisição, 
domínio e transmissão da propriedade. A igualdade ateve-se no campo formal. A 
família ficou esquecida porque à margem dos interesses patrimoniais que passaram a 
determinar as relações civis. 
 
Estado Social: desenvolvido ao longo do século XX: proteção dos mais fracos por 
meio da intervenção do Estado nas relações privadas e no controle dos poderes 
econômicos. Notas predominantes: solidariedade social e promoção da justiça social. 
A 1ª Constituição Social foi a de 1934. 
 
Evolução da família no direito brasileiro: 
I- Direito de família religioso ou canônico: perdurou por quase 400 anos (1500 a 
1889). 
II- Direito de família laico: redução progressiva do modelo patriarcal. 
III- Direito de família igualitário e solidário: instituído pela Constituição de 
1988. 
 
Princípios do direito de família: 
 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho classificam os princípios gerais e os 
princípios especiais aplicáveis ao direito de família. 
Princípios gerais: 
 Dignidade da pessoa humana 
anaga
Realce
 
 FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 01 
DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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 Igualdade 
 Vedação do retrocesso 
 
Princípios especiais: 
 Afetividade; 
 Solidariedade familiar; 
 Função social da família; 
 Plena proteção à criança e ao adolescente; 
 Convivência familiar; 
 Intervenção mínima do Estado; 
 Proteção ao idoso 
 
Os autores acima mencionados preferem deixar a monogamia como uma “nota 
característica do nosso sistema” e não como princípio. Isto em razão da intervenção 
mínima do Estado. Não cabe a este impor a fidelidade como regra absoluta de 
comportamento. O cônjuge ou companheiro tem o direito de perdoar. Sugestão de 
filme: “Eu, tu, eles.” (filme brasileiro produzido em 2000). 
Direito de Família na Constituição Federal: 
 
O artigo 226 e seguintes da Constituição Federal tratam da família nos seguintes 
termos: 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos 
pais e seus descendentes. 
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo 
homem e pela mulher. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 66, de 2010) 
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o 
planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos 
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte 
de instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, 
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
 
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DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente 
e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas 
específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada PelaEmenda Constitucional nº 65, 
de 2010) 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-
infantil; 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras 
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem 
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do 
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as 
formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e 
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas 
portadoras de deficiência. 
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, 
XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; (Redação dada Pela 
Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na 
relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar 
específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de 
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, 
nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou 
abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao 
jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 
65, de 2010) 
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do 
adolescente. 
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e 
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. 
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos 
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o 
disposto no art. 204. 
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda 
Constitucional nº 65, de 2010) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
 
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PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas 
do poder público para a execução de políticas públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, 
de 2010) 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da 
legislação especial. 
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores 
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, 
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-
lhes o direito à vida. 
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. 
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos 
urbanos. 
 
O artigo 226 da Constituição Federal dispõe que a família é a base do Estado. 
Pode o Estado interferir na família? Qual é o limite? Vejam essas situações: 
 
a) é social a obra de higiene, de profilaxia, de educação, de preparação profissional, 
militar e cívica; 
b) alfabetização e educação básica obrigatórias; 
c) política populacional do Estado, podendo estimular a prole mais ou menos numerosa; 
d) o Estado deve assegurar a ajuda recíproca entre pais e filhos e idosos e que o 
abandono familiar seja punido; 
e) eliminação da repressão e da violência dentro da família. 
 
O artigo 226 e 227 trazem como fundamentos o modelo igualitário de família, o 
consenso, a solidariedade e o respeito à dignidade das pessoas. 
 
A Constituição Federal reconhece a união estável e a entidade monoparental, mas 
também protege qualquer entidade familiar, sem restrições. A família assume 
claramente a posição de sujeito de direitos e obrigações. A natureza socioafetiva da 
filiação torna-se gênero, abrangente das espécies biológicas e não biológicas. 
Igualdade entre gêneros e filhos. Liberdade de constituir, manter e extinguir entidades 
familiares e planejamento familiar, sem imposição estatal. Valorização da dignidade 
da pessoa humana dos membros da entidade familiar. 
 
Principais alterações no Direito de Família: igualdade absoluta entre os cônjuges, 
igualdade absoluta entre os filhos, número de componentes, formação das famílias 
(casamento, união estável e monoparental), reconhecimento da família homoafetiva, 
mudanças na adoção, lei de alienação parental, maior proteção à criança e ao 
adolescente, proteção ao idoso. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
 
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DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Perspectivas: o Direito de Família deverá acompanhar, inevitavelmente, sob pena de 
não ser realizada a justiça, as modificações de nossa sociedade. 
 
Sugestão de leitura: 
A Disciplina Civil-Constitucional das Relações Familiares. Gustavo Tepedino 
 
Bibliografias: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito 
civil: direito de família: as famílias em perspectiva constitucional. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
 
 
DO CASAMENTO 
 
Conceito: Para o Cristianismo, um sacramento (“homem e mulher selam a união sob 
as bênçãos do céu, transformando-se numa só entidade física e espiritual e de maneira 
indissolúvel.”) 
 
Conceito de Clóvis Bevilácqua: “O casamento é um contrato bilateral e solene pelo 
qual um homem e uma mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por ele suas 
relações sexuais, estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses, e 
comprometendo-se a criar e educar a prole, que de ambos nascer” 
 
Conceito de José Lamartine Correa de Oliveira: “o negócio jurídico de Direito de 
Família por meio do qual um homem e uma mulher se vinculam através de uma 
relação jurídicatípica, que é a relação matrimonial. Esta é uma relação 
personalíssima e permanente, que traduz a ampla e duradoura comunhão de vida” 
 
Carlos Roberto Gonçalves comunga do conceito acima, mas inevitável uma questão: 
estaria o referido conceito adequado às modificações doutrinárias, jurisprudenciais da 
segunda década do século XXI (STJ Resp. 1.183.378/RS, j. 25.10.11), e em especial, 
ao posicionamento do Conselho Nacional de Justiça (Resolução 175), adotado em 
2013? 
 
Natureza jurídica: 
 
 
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DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Contrato na concepção clássica, em oposição à ideia de sacramento instituído pela 
igreja. Essa concepção foi aderida pelo Código de Napoleão. 
Instituição: defendida pelos elaboradores do Código Civil Italiano. O casamento 
seria uma instituição cujos parâmetros se acham preestabelecidos pelo legislador . 
Natureza mista: para Carvalho Santos, “é um contrato todo especial, que muito se 
distingue dos demais contratos meramente patrimoniais. Porque enquanto estes só 
giram em torno do interesse econômico, o casamento se prende a elevados interesses 
morais e pessoais e de tal forma que, uma vez ultimado o contrato, produz ele efeitos 
desde logo, que não mais podem desaparecer, subsistindo sempre e sempre como que 
para mais lhe realçar o valor.” 
Pode-se afirmar que o casamento apresenta natureza negocial, um contrato com 
características especiais. A possibilidade de realização do divórcio extrajudicialmente 
reforça esta tese. 
 
Caracteres: 
 Ato solene; 
 Normas que o regulam são de ordem pública; 
 Estabelece comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e 
deveres dos cônjuges; 
 Representa união permanente; (?) Esta característica é discutível porque 
poucos são os países do mundo que não admitem o divórcio. No Brasil, foi 
introduzido pela Emenda Constitucional nº 09, de 28 de junho de 1977, que 
deu nova redação ao § 1º do artigo 175 da Constituição Federal. 
 Exige diversidade de sexos; (?) Cumpre esclarecer, no entanto, que no dia 14 
de maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução 
175 que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas 
do mesmo sexo. A referida resolução, no entanto, é de discutível 
constitucionalidade. Doutrina autorizada sustenta que não há necessidade de 
disciplinar o casamento homoafetivo em razão da interpretação do texto 
constitucional; 
 Não comporta termo ou condição; 
 Permite liberdade de escolha do nubente; 
 
Finalidade: 
 
Na concepção canônica, em primeiro lugar, procriação e educação da prole, e 
secundariamente, mútua assistência e satisfação sexual. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Nacional_de_Justi%C3%A7a
 
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DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Citada concepção não explica o casamento das pessoas estéreis ou em idade 
avançada, que já não podem ter filhos. 
Alguns autores citam a mútua assistência, considerando a igualdade entre os 
cônjuges, como a principal finalidade do casamento. Outros, a comunhão de vida. 
Disposições Gerais 
“(...) Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de 
direitos e deveres dos cônjuges. 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos 
de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei. 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão 
de vida instituída pela família. 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, 
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do 
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a 
partir da data de sua celebração. 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para 
o casamento civil. 
§ 1
o
 O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de 
sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de 
qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste 
Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 
§ 2
o
 O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos 
civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia 
habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. 
§ 3
o
 Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados 
houver contraído com outrem casamento civil. (...)” 
Da capacidade: a incapacidade impede o casamento de uma pessoa com qualquer outra. 
“(...) Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se 
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade 
civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único 
do art. 1.631. 
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a 
autorização. (Vide Lei nº 13.146, de 2015) 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a 
idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de 
gravidez. (...)” 
 
DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1631
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
 
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Finalidade: constatar a capacidade para o casamento, inexistência de impedimentos e 
dar publicidade ao ato. 
 
“(...) Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os 
nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes 
documentos: 
I - certidão de nascimento ou documento equivalente; 
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial 
que a supra; 
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e 
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; 
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus 
pais, se forem conhecidos; 
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação 
de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. 
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a 
audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) 
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a 
habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) 
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará 
durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, 
se publicará na imprensa local, se houver. 
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência,poderá dispensar a publicação. 
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem 
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. 
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração 
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde 
possam ser obtidas. 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, 
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. 
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos 
fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. 
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de 
fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. (...)” 
 
Documentos necessários: 
 certidão de nascimento ou documento equivalente; 
 autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem ou ato judicial que o 
supra; 
 declaração de duas pessoas maiores, parentes ou não, que atestam conhecer os 
nubentes e afirmem não existir impedimento; 
 declaração de estado civil, do domicílio e da residência dos contraentes e de seus 
pais, se forem conhecidos; 
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 certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do 
registro de sentença de divórcio; 
 
Fases: requerimento, apresentação da documentação, editais de proclamas e 
expedição da certidão. 
 
DOS IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO 
 
Pressupostos de existência do casamento: diferença de sexo entre os contraentes 
(?), consentimento e celebração na forma da lei. 
 
Pressupostos de validade e regularidade do casamento: de ordem jurídica e ética. 
Inobservância fulmina de nulidade o casamento. As hipóteses estão previstas no 
artigo 1521 do Código Civil. 
 
“(...) Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte. 
 
Impedimentos para o casamento são definidos por Carlos Roberto Gonçalves como 
“as circunstâncias ou situações de fato ou de direito, previstas em lei, que vedam 
a realização do casamento.” 
 
Impedimento é diferente de incapacidade. O impedimento diz referência à 
proibição legal de uma pessoa casar-se com outra pessoa determinada. A 
incapacidade refere-se a impossibilidade de uma pessoa casar-se com qualquer outra. 
Ex: irmão não pode casar com a irmã. Isto é impedimento. Uma criança de 08 anos 
de idade é incapaz para o casamento. Isto é incapacidade. 
Fundamentos dos impedimentos: preservar a eugenia (pureza da raça) e a moral 
familiar, por meio da proibição de casamentos entre parentes consanguíneos, afins ou 
por adoção, das pessoas já casadas e evitar que as uniões tenham raízes no crime. 
 
I - Dos impedimentos decorrentes do parentesco: 
 
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a) Consanguinidade: hipóteses previstas nos incisos I e IV do artigo 1521 do Código 
Civil, in verbis: 
 
“Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco 
natural ou civil (...) IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, 
até o terceiro grau inclusive.” 
 
Inexiste limitação de graus para os parentes em linha reta. Lembrar que a vida, 
todavia, é finita. 
 
O incesto sempre foi combatido. Fundamentos de ordem moral e científica. Está 
comprovado que a endogamia causa maiores deformações oriundas de mutações 
genéticas do que a exogamia. 
 
Tios e sobrinhos são impedidos de casar por serem parentes colaterais de terceiro 
grau. Todavia existe exceção. Atenção ao princípio da especialidade: Decreto-Lei 
3.200/41 e Lei 5.891/73. Assim, não sendo os nubentes insanos e se o casamento não 
colocar em risco suas próprias saúdes, bem como as da prole, tios e sobrinhos 
poderão casar. 
 
Casamento entre primos: possibilidade, pois são parentes de quarto grau. 
Assim, não existe impedimento para a realização do casamento. 
 
Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional: prevê acréscimo de um 
parágrafo único ao artigo 1521 do Código Civil com a seguinte redação: 
 
“Poderá o juiz, excepcionalmente, autorizar o casamento dos 
colaterais de terceiro grau, quando apresentado laudo médico que 
assegure inexistir risco à saúde dos filhos que venham a ser 
concebidos.” 
 
b) Afinidade: hipótese do inciso II do artigo 1521: “não podem casar os afins 
em linha reta.” 
 
 
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Parentesco por afinidade liga um cônjuge ou companheiro aos parentes do outro (CC 
1595). A proibição refere-se somente à linha reta. Impede o casamento do viúvo com 
a enteada ou com a sogra. 
 
Atentar-se ao disposto no CC 1595, § 2º. Não se configura o referido impedimento 
se o casamento ou união estável vier a ser anulada ou declarada nula. Ver o que 
dispõe o § 1º do artigo 1723 do CC. 
 
Não mais existe o parentesco espiritual previsto no direito antigo. Assim, inexiste 
impedimento entre padrinho e madrinha com seus afilhados e entre os pais do 
batizado e os padrinhos. 
 
c) Adoção: hipóteses previstas nos incisos III e V no artigo 1521 do CC. 
 
“Não podem casar: ...III- o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o 
adotado com quem o foi do adotante... V- o adotado com o filho do adotante”. 
 
A razão do impedimento é de ordem moral. Não se deve abalar o respeito e a 
confiança que devem existir no seio familiar. 
Maria Helena Diniz ensina que: “Pelo art. 1521, III, do Código Civil, não podem 
convolar núpcias o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem foi cônjuge do adotante, não em virtude de parentesco civil, que no caso 
inexiste, mas por razões morais, porque, como nos ensina Silvio Rodrigues, a 
adoção procura imitar a natureza, figurando o adotante, em face da viúva do 
adotado, como se fora seu sogro; e a viúva do adotante, ante o adotado, como sua 
mãe. (Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 5, 22. ed. p. 73.) 
 
II – Impedimento decorrente de casamento anterior: hipótese do inciso VI do 
artigo 1521, VI, do Código Civil. 
 
“Não podem casar: “as pessoas casadas.” 
 
Desaparecimento do impedimento: após a morte de um dos cônjuges, invalidade 
do casamento, divórcio ou morte presumida dos ausentes. (CC, art. 1571, § 1º). 
Tal dispositivo foi criado pelo CC de 02. Trata-se, portanto, de inovação 
legislativa. 
 
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Relembrar artigos 6º, 7º, 37, 38 e 39 do CC. 
 
III – impedimento decorrente de crime: hipótese do inciso VII, do CC: 
 
“ não podem casar: ... VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por 
homicídio ou tentativa dehomicídio contra o seu consorte.” 
 
O impedimento refere-se exclusivamente ao homicídio doloso. Inexiste tentativa 
de homicídio culposa. Exige-se a condenação criminal. Se ocorreu absolvição ou 
se houve prescrição, inexistirá o impedimento. 
 
Questão de relevo: expressão “cônjuge sobrevivente”. Impedimento terá lugar 
somente no caso de viuvez? E na hipótese de tentativa de homicídio, poderiam os 
cônjuges divorciar-se e um deles casar-se com o condenado por tentativa de 
homicídio de seu consorte? 
 
Projeto no Congresso Nacional: nova redação ao inciso VII do artigo 1521 do CC: 
 
“o cônjuge com o condenado por homicídio doloso ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte.” 
 
CAUSAS SUSPENSIVAS PARA O CASAMENTO 
 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, “causas suspensivas são determinadas 
circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento, se 
arguidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo, mas que não 
provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade. O casamento é 
apenas considerado irregular, tornando, porém, obrigatório o regime de separação de 
bens (CC, 1641, I), como sanção imposta ao infrator.” 
Oposição: até quinze dias da publicação dos editais para sustar a realização do 
casamento. 
 
Finalidade: proteção de terceiros, principalmente da prole e do leito anterior (por 
meio da confusão de patrimônios e de sangue), do ex-cônjuge e da pessoa 
influenciadas pelo abuso de confiança ou de autoridade exercida pelo outro (tutela e 
curatela). 
 
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Hipóteses legais: 
 
1 - Confusão de patrimônio: hipótese prevista no inciso I do artigo 1523 do Código 
Civil, in verbis: 
 
“Não devem casar: I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, 
enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.” 
 
Ver outra sanção prevista no artigo 1489, II do CC. 
 
E se o inventário bem como a partilha forem realizados na vigência do segundo 
casamento? Afastamento do rigor da imposição do regime de separação de bens. 
 
Inventário negativo: admitido para fins de afastar a causa suspensiva em estudo. 
 
2 - Confusão de sangue: hipótese prevista no inciso II do artigo 1523 do Código 
Civil, in verbis: 
 
“ Não devem casar: ...II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser 
nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal,” 
 
Causa suspensiva imposta à mulher. A finalidade é evitar dúvida sobre a paternidade. 
Evidentemente se a criança nascer na fluência do prazo, indigitada causa suspensiva 
deixa de existir a partir do nascimento. 
 
Como fica a referida causa suspensiva à luz da emenda constitucional 66/2010 que 
dispôs sobre o novo divórcio? 
 
3 - Divórcio: hipótese prevista no inciso III do artigo 1523 do Código Civil. 
“Não devem casar: ....III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada 
ou decidida a partilha dos bens do casal” 
 
Partilha homologada= para os casos de divórcio consensual; 
Partilha decidida = para os casos de divórcio litigioso. 
 
 
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A referida causa suspensiva poderá ser afastada se restar comprovada a inexistência 
de prejuízo para o ex-cônjuge. 
 
4 – Tutela e curatela: hipótese prevista no inciso IV do artigo 1523 do Código Civil. 
 
“Não devem casar: ...IV- o tutor ou o curador e os seus descendentes, 
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou 
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas.” 
 
Finalidade: “afastar a coação moral que possa ser exercida por pessoa que tem 
ascendência e autoridade sobre o ânimo do incapaz.” 
 
As contas são prestadas em juízo e deverão ser aprovadas pelo Judiciário, não 
valendo o recibo dado pelo próprio tutelado ou curatelado. 
 
As restrições não são absolutas. Ver o que dispõe o artigo 1523 do Código Civil. 
 
Existem outras hipóteses, na prática impedimentos, que são específicos aos membros 
das Forças Armadas e autoridades diplomáticas, implementados por meio de lei. 
 
Oposição dos impedimentos e das causas suspensivas: 
 
Carlos Roberto Gonçalves ensina que a oposição dos impedimentos “é a 
comunicação escrita feita por pessoa legitimada, antes da celebração do casamento, 
ao oficial do registro civil perante quem se processou a habilitação, ou ao juiz que 
preside a solenidade, sobre a existência de um dos empecilhos mencionados na lei.” 
 
Já as causas suspensivas “são circunstâncias ou situações capazes de suspender a 
realização do casamento, quando opostas tempestivamente, mas que não provocam, 
quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade.” 
 
Pessoas legitimadas: 
 
“(...) Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do 
casamento, por qualquer pessoa capaz. 
 
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Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum 
impedimento, será obrigado a declará-lo. 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos 
parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em 
segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. (...)” 
 
E o MP pode opor impedimento? E as causas suspensivas? 
Quanto aos impedimentos sim; quanto às causas suspensivas, não. Impedimentos 
são previstos em lei de ordem pública, cuja inobservância interessa a toda a 
sociedade, ao passo que as causas suspensivas interessam apenas à família e 
eventualmente a terceiros. 
 
Consequência da oposição: sustação do casamento até decisão final. Se o 
casamento se realizar, poderá ser alegada sua nulidade por iniciativa de qualquer 
interessado ou do MP. 
 
Momento da oposição: para o impedimento é a qualquer tempo. Se for oposto 
até a celebração, susta o casamento. 
Para as causas suspensivas: até quinze dias da publicação dos editais no processo 
de habilitação. 
 
Formas de oposição: 
 
“(...) Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em 
declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar 
onde possam ser obtidas. 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, 
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. 
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos 
fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. (...) 
 
A forma de oposição é complementada pelo art. 67, § 5º da Lei de Registros 
Públicos (Lei 6015/73), in verbis: 
 
“(...) § 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, 
para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; 
produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do 
Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, 
decidirá o Juiz em igual prazo.” 
 
 
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E se os cônjuges residirem em Comarcas diferentes? Veja-se o disposto no § 6º 
do artigo 67 da Leide Registros Públicos (Lei 6015/73), in verbis: 
 
(...) § 6º Quando o casamento se der em circunscrição diferente daquela da habilitação, o 
oficial do registro comunicará ao da habilitação esse fato, com os elementos necessários às 
anotações nos respectivos autos. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). (...)” 
 
Vejam que os nubentes têm a prerrogativa de promoverem ações civis e 
criminais contra os oponentes de má-fé. 
 
E se houver culpa leve ou levíssima dos oponentes? Ainda assim ficaria 
caracterizada a má-fé? A condenação por danos morais em valores elevados é medida 
que se impõe para desistimular ações desta natureza? 
 
Do certificado de habilitação e do prazo para o casamento: 
 
“(...) Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência 
de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído 
o certificado. (...)” 
 
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO 
 
Vale lembrar que o casamento é negócio jurídico solene e isto tem razão de ser: 
atribuir seriedade e certeza aos referidos atos, facilitar a prova e resguardar o 
interesse de terceiros por meio da publicidade. 
 
Do local, dia e horário da celebração: 
 
“(...) Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela 
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem 
habilitados com a certidão do art. 1.531. 
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas 
abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as 
partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. 
§ 1
o
 Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. 
§ 2
o
 Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes 
não souber ou não puder escrever. (...)” 
 
Do consentimento e do momento da formalização do casamento: 
 
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“(...) Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente 
com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de 
que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes 
termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes 
por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados. (...)” 
 
Do assento do casamento no livro de registro: 
 
“(...) Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de 
registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do 
registro, serão exarados: 
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos 
cônjuges; 
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual 
dos pais; 
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento 
anterior; 
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; 
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; 
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; 
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada 
a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente 
estabelecido. 
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura 
antenupcial. (...)” 
 
Da suspensão da cerimônia: 
 
“(...) Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos 
contraentes: 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
III - manifestar-se arrependido. 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à 
suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. (...)” 
 
Moléstia grave 
 
“(...) Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá 
celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas 
testemunhas que saibam ler e escrever. 
§ 1
o
 A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á 
por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado 
pelo presidente do ato. 
§ 2
o
 O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro 
em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
 
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Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a 
presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento 
ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em 
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade 
judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; 
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por 
marido e mulher. 
§ 1
o
 Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias 
para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os 
interessados que o requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2
o
 Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade 
competente, com recurso voluntário às partes. 
§ 3
o
 Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos 
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. 
§ 4
o
 O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos 
cônjuges, à data da celebração. 
§ 5
o
 Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer 
e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. (...)” 
 
Casamento por procuração: 
 
“(...) Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, 
com poderes especiais. 
§ 1
o
 A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, 
celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, 
responderá o mandante por perdas e danos. 
§ 2
o
 O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no 
casamento nuncupativo. 
§ 3
o
 A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 
§ 4
o
 Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. (...)” 
 
DAS PROVAS DO CASAMENTO 
 
Algumas consequências do casamento: cônjuge pode ser meeiro e herdeiro 
legítimo, presunção dos filhos havidos durante o casamento, comunhão de bens 
adquiridos na sua constância, obrigação de prestar alimentos ao consorte, 
estabelecimento de regime de bens entre eles, etc. 
 
Prova específica: certidão de casamento. A lei admite exceções se for considerada a 
perda do registro civil. 
 
“(...) Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.anaga
Nota
casamento muncupativo
 
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Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de 
prova. (...)” 
 
Exemplos de situações que podem justificar a perda do registro: incêndio e inundação 
do cartório, fraude, negligência do cartorário, etc. 
Primeiramente deve-se provar um dos fatos acima e na sequencia, poderão ser 
admitidas outras provas, como testemunhas, registros de carteira de trabalho, 
passaporte, certidão de nascimento dos filhos, etc. 
 
Meio adequado: ação declaratória. 
 
Posse de casados: “é a situação de duas pessoas que vivem como casadas (more 
uxório) e assim são consideradas por todos.” Não se presume a celebração do 
casamento, a não ser excepcionalmente em benefício da prole comum. Requisitos: 
uso do nome; como ambos se tratavam na sociedade; fama de que gozavam de 
pessoas casadas. 
 
“(....) Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam 
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo 
mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o 
casamento impugnado. 
 
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o 
registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no 
que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento. 
 
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os 
cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. 
(....)” 
 
ESPÉCIES DE CASAMENTO VÁLIDO 
 
CASAMENTO PUTATIVO 
 
“(...) Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o 
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença 
anulatória. 
§ 1
o
 Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e 
aos filhos aproveitarão. 
 
§ 2
o
 Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos 
filhos aproveitarão. (...)” 
 
 
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Efeitos ex nunc, sem retroatividade, semelhante à dissolução do casamento pelo 
divórcio. 
 
Carlos Roberto Gonçalves ensina: “desse modo, se o casal não tem filhos nem 
ascendentes vivos, e um dos cônjuges morre antes da sentença anulatória transitar em 
julgado, o sobrevivo herda, além de receber a sua meação, ou concorrerá com eles, se 
existirem e se o regime de bens adotado o permitir (art. 1829, I).” 
 
“(...) Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: 
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente; 
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial. (...)” 
 
O cônjuge de má-fé perde o direito da meação ao patrimônio do outro de boa-fé, se o 
casamento realizou-se pelo regime da comunhão universal de bens. Assim, o cônjuge 
inocente terá direito à meação dos bens trazidos pelo cônjuge culpado, se o regime 
era o da comunhão universal. Os bens adquiridos na constância do casamento e pelo 
esforço comum, deverão ser divididos entre ambos, com fundamento no princípio que 
veda o enriquecimento ilícito. 
 
Alimentos: decisão do STF (RTJ, 89/495) diz que o cônjuge tem direito a alimentos, 
se dele necessitar, por tempo indeterminado. 
 
A 3ª Turma do STJ assim entendeu: “Casamento putativo. Boa-fé. Direito a 
alimentos. Reclamação da mulher. A mulher que reclama alimentos a eles em direito, 
mas até a data da sentença. Anulado ou declarado nulo o casamento, desaparece a 
condição de cônjuges.” REsp 69108 
 
CASAMENTO NUNCUPATIVO E EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
Moléstia grave, segundo Carlos Roberto Gonçalves, “deve ser reputada aquela que 
pode acarretar a morte do nubente em breve tempo, embora o desenlace não seja 
iminente, e cuja remoção o sujeita a riscos.” 
 
“(...) Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo 
onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que 
saibam ler e escrever. 
§ 1
o
 A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por 
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo 
presidente do ato. 
§ 2
o
 O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em 
cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. (...)” 
 
 
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Casamento nuncupativo - Iminente risco de vida ocorre, segundo Arnaldo 
Rizzardo, “quando um dos nubentes é ferido por disparo de arma de fogo, ou sofre 
acidente, ou, ainda, é vítima de mal súbito, em que não há a mínima esperança de 
salvação, e a duração da vida não poderá ir além de alguns instantes ou horas. Nestas 
desesperadoras circunstâncias, pode a pessoa desejar a regularização da vida conjugal 
que mantém com outra ou pretender se efetive o casamento já programado e 
decidido, mas ainda não providenciado o encaminhamento.” 
 
“(...) Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a 
presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento 
ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em 
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. 
 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial 
mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; 
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por 
marido e mulher. 
§ 1
o
 Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para 
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que 
o requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2
o
 Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade 
competente, com recurso voluntário às partes. 
§ 3
o
 Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos 
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. 
§ 4
o
 O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à 
data da celebração. 
§ 5
o
 Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e 
puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. (...)” 
 
Tratamento da matéria na Lei de Registros Públicos: 
 
“(...) Art. 76. Ocorrendo iminente risco de vida de algum dos contraentes, e não sendo possível a 
presença da autoridade competente para presidir o ato, o casamento poderá realizar-se na presença 
de seis testemunhas, que comparecerão, dentro de 5 (cinco) dias, perante a autoridade judiciária 
mais próxima, a fim de que sejam reduzidas a termo suas declarações. (Renumerado do art. 77, 
com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 § 1º Não comparecendo as testemunhas, espontaneamente, poderá qualquer interessado 
requerera sua intimação. 
 § 2º Autuadas as declarações e encaminhadas à autoridade judiciária competente, se outra for a 
que as tomou por termo, será ouvido o órgão do Ministério Público e se realizarão as diligências 
necessárias para verificar a inexistência de impedimento para o casamento. 
 § 3º Ouvidos dentro em 5 (cinco) dias os interessados que o requerem e o órgão do Ministério 
Público, o Juiz decidirá em igual prazo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
 
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 § 4º Da decisão caberá apelação com ambos os efeitos. 
 § 5º Transitada em julgado a sentença, o Juiz mandará registrá-la no Livro de Casamento. (...) 
 
Há de se ter cuidado com o casamento nuncupativo para não prejudicar os herdeiros 
daquele que faleceu. 
 
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO 
 
“(...) Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com 
poderes especiais. 
§ 1
o
 A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado 
o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá 
o mandante por perdas e danos. 
§ 2
o
 O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento 
nuncupativo. 
§ 3
o
 A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 
§ 4
o
 Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. (...)” 
 
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS 
 
Até 1890, no Brasil, o casamento era religioso. Isto mudou com a promulgação do 
Decreto 181, de 24/01/1890, que instituiu o casamento civil. A Constituição de 1981 
assim dispunha: “A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será 
gratuita.” A Constituição de 1934, dispôs em seu artigo 146, in verbis: 
 
“(...) Art 146 - O casamento será civil e gratuita a sua celebração. O casamento perante ministro de 
qualquer confissão religiosa, cujo rito não contrarie a ordem pública ou os bons costumes, 
produzirá, todavia, os mesmos efeitos que o casamento civil, desde que, perante a autoridade civil, 
na habilitação dos nubentes, na verificação dos impedimentos e no processo da oposição sejam 
observadas as disposições da lei civil e seja ele inscrito no Registro Civil. O registro será gratuito e 
obrigatório. A lei estabelecerá penalidades para a transgressão dos preceitos legais atinentes à 
celebração do casamento. 
 Parágrafo único - Será também gratuita a habilitação para o casamento, inclusive os documentos 
necessários, quando o requisitarem os Juízes Criminais ou de menores, nos casos de sua 
competência, em favor de pessoas necessitadas. (...)” 
 
A Constituição de 1946 admitiu expressamente as duas formas de casamento: civil e 
religioso. 
 
“(...) Art 163 - A família é constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à 
proteção especial do Estado. 
 § 1º - O casamento será civil, e gratuita a sua celebração. O casamento religioso equivalerá ao 
civil se, observados os impedimentos e as prescrições da lei, assim o requerer o celebrante ou 
qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no Registro Público. 
 
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 § 2º - O casamento religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, terá efeitos civis, se, 
a requerimento do casal, for inscrito no Registro Público, mediante prévia habilitação perante a 
autoridade competente. (...)” 
 
A Constituição de 1988 tratou do casamento civil e religioso no artigo 226, §§ 1 e 2º, 
in verbis: 
 
“(...) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. (...)” 
 
A matéria é tratada no artigo 1516 do Código Civil: 
 
“Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o 
casamento civil. 
§ 1
o
 O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua 
realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer 
interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. 
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 
§ 2
o
 O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis 
se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia 
habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. 
§ 3
o
 Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados 
houver contraído com outrem casamento civil.” 
 
Lei de Registros Públicos - Do Registro do Casamento Religioso para Efeitos Civis 
 “Art. 71. Os nubentes habilitados para o casamento poderão pedir ao oficial que lhe forneça a 
respectiva certidão, para se casarem perante autoridade ou ministro religioso, nela mencionando o 
prazo legal de validade da habilitação. (Renumerado do art. 72 pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 Art. 72. O termo ou assento do casamento religioso, subscrito pela autoridade ou ministro que 
o celebrar, pelos nubentes e por duas testemunhas, conterá os requisitos do artigo 71, exceto o 
5°. (Renumerado do art. 73, pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 Art. 73. No prazo de trinta dias a contar da realização, o celebrante ou qualquer interessado 
poderá, apresentando o assento ou termo do casamento religioso, requerer-lhe o registro ao oficial 
do cartório que expediu a certidão. (Renumerado do art. 74, pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 § 1º O assento ou termo conterá a data da celebração, o lugar, o culto religioso, o nome do 
celebrante, sua qualidade, o cartório que expediu a habilitação, sua data, os nomes, profissões, 
residências, nacionalidades das testemunhas que o assinarem e os nomes dos contraentes. (Redação 
dada pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 § 2º Anotada a entrada do requerimento o oficial fará o registro no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas. (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 § 3º A autoridade ou ministro celebrante arquivará a certidão de habilitação que lhe foi 
apresentada, devendo, nela, anotar a data da celebração do casamento. 
 Art. 74. O casamento religioso, celebrado sem a prévia habilitação, perante o oficial de registro 
público, poderá ser registrado desde que apresentados pelos nubentes, com o requerimento de 
registro, a prova do ato religioso e os documentos exigidos pelo Código Civil, suprindo eles 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
 
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eventual falta de requisitos nos termos da celebração. (Renumerado do art. 75, pela Lei nº 6.216, de 
1975). 
 Parágrafo único. Processada a habilitação com a publicação dos editais e certificada a 
inexistência de impedimentos, o oficial fará o registro do casamento religioso, de acordo com a 
prova do ato e os dados constantes do processo, observado o disposto no artigo 70. 
 Art. 75. O registro produzirá efeitos jurídicosa contar da celebração do 
casamento. (Renumerado do art. 76, pela Lei nº 6.216, de 1975).(...) ” 
 
CASAMENTO CONSULAR 
 
“(...) Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas 
autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da 
volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua 
falta, no 1
o
 Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. (...)” 
 
CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO 
 
“Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros 
ao juiz e assento no Registro Civil.” 
 
A Lei 9278/96 previa que o pedido de conversão deveria ser feito diretamente ao 
Oficial do Registro Civil, veja-se: 
 
“(...) Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a conversão 
da união estável em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da Circunscrição de 
seu domicílio. (...)” 
 
Conversão em casamento da união homoafetiva: possibilidade. 
Quem tiver interesse no assunto poderá achar informações, jurisprudências, projetos 
de lei, etc. no seguinte endereço eletrônico: 
 
http://www.direitohomoafetivo.com.br/index.php 
 
Da inexistência e da invalidade do casamento 
 
I - Casamento inexistente 
 
Elementos essenciais: diferença de sexo (?), consentimento e celebração na forma da 
lei (falta de autoridade celebrante). 
Teoria do negócio jurídico inexistente: criada no século XIX por Zachariae Von 
Lingenthal (1808) e Saleilles (1911). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
 
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A ausência absoluta de consentimento (e não o consentimento defeituoso) traz como 
consequência a inexistência do casamento e não a sua nulidade. 
E se, apesar do nada jurídico que é o casamento inexistente, o casamento for lavrado? 
Será necessário uma ação judicial para cancelamento do registro. 
A inexistência não está sujeita a prazo de prescrição ou decadência. 
 
1 - Diversidade de sexo: 
 
Constituição Federal 
 
“(...) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo 
homem e pela mulher. (...)” 
 
Código Civil 
 
“(...) Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, 
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de 
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único 
do art. 1.631. 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família. 
§ 1
o
 Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2
o
 O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção 
por parte de instituições privadas ou públicas. (...)” 
 
Entendimento predominante na doutrina é que não se configura mais como requisito 
a diversidade de sexo para a existência do casamento, tendo em vista a nova 
orientação jurisprudencial trazida pelos Colendos STF e STJ, respectivamente, no 
julgamento da Adin 4277/DF e Resp 1.183.378/RS. 
 
Questão polêmica: transexual que adquiriu na justiça o direito de mudar o nome e o 
sexo no Registro Civil. 
E se a cirurgia para tornar o cônjuge transexual ocorre após a celebração do 
casamento? Seria caso de inexistência de casamento? Entendemos que não é caso 
 
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para declaração da nulidade do casamento. Caso a parte não concorde em conviver 
com um transexual, deverá ajuizar o divórcio. 
 
2 - Falta de consentimento: procuração outorgada sem poderes específicos, 
completo silêncio ou resposta negativa a perguntada autoridade celebrante. Não se 
pode confundir com defeitos do consentimento (erro, coação, etc) 
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald citam como exemplo o casamento da 
Princesa Margot com Henrique de Navarra (antes de se tornar Henrique IV da 
França). Não era desejo da noiva casar-se com um protestante e péssima fama de não 
querer tomar banho. Diante do silêncio da noiva, ao ser inquirida se desejava se casar 
com o noivo, sua mãe, Catarina de Médice, deu-lhe um empurrão que a fez balançar 
positivamente a cabeça. Caso típico de ausência de consentimento. (Curso de Direito 
Civil: famílias. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p, 200) 
 
3- Ausência de celebração na forma da lei: casamento realizado por quem não é 
autoridade celebrante assim reconhecida pela Lei. Ex: casamento realizado por 
Promotor de Justiça, Delegado de Polícia, Defensor Público, etc. Não confundir falta 
de autoridade com incompetência da autoridade. Na Bahia, por exemplo, o Juiz de 
Direito da vara de família pode realizar casamento. Se um juiz de direito da área 
criminal realizar o casamento, este poderá ser inválido, mas não inexistente. 
 
II - Casamento inválido: pode ser nulo ou anulável. 
 
Casamento nulo: quando o casamento se realiza violando norma de ordem pública, 
ameaçando a estrutura da sociedade. Cabível ação declaratória de nulidade. Os efeitos 
da sentença são ex tunc, retroagindo a data da celebração. 
 
Casamento anulável: não atenta contra a ordem pública, mas fere o interesse das 
pessoas que o Estado quer proteger. Cabível ação de anulabidade. A sentença produz 
efeitos somente a partir da sua prolação, produzindo assim efeitos ex nunc. Todavia, 
esse entendimento não é pacífico entre os doutrinadores. 
 
A ação declaratória de nulidade de casamento e a anulatória são ações de estado 
e versam sobre direitos indisponíveis. Assim, é obrigatória a participação do 
Ministério Público como fiscal da lei (artigo 176 do NCPC), in verbis: 
 
“(...) Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir 
como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos 
processos que envolvam: 
I - interesse público ou social; 
II - interesse de incapaz; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
 
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III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.(...)” 
 
Não se operam os efeitos da revelia (344 NCPC) nas hipóteses do artigo 345 do 
NCPC, in verbis: 
 
“(....) Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão 
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. 
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: 
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; 
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere 
indispensável à prova do ato; 
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em 
contradiçãocom prova constante dos autos. (...)” 
 
Prazo para propositura da ação de nulidade: não existe. Não se há de falar em 
prescrição. 
Prazo para propositura da ação anulatória: decadencial (artigo 1560 CC) 
 
“(....) Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data 
da celebração, é de: 
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; 
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; 
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; 
IV - quatro anos, se houver coação. 
§ 1
o
 Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de 
dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do 
casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 
§ 2
o
 Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e 
oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.(...)” 
 
Casamento nulo: hipóteses 
 
“(...) Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I – revogado pela lei 13.146/2015; 
II - por infringência de impedimento. 
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo 
antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério 
Público. (...)” 
Os impedimentos, como já visto, estão previstos no artigo 1521 do Código 
Civil. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art344
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1550
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1557
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1550
 
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“(...) Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra 
o seu consorte. 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, 
por qualquer pessoa capaz. 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum 
impedimento, será obrigado a declará-lo. (...)” 
 
Ação declaratória de nulidade: 
Possibilidade de se pedir a separação de corpos no Código Civil: 
 
“(...) Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação 
judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, 
comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível 
brevidade.(...) 
 
Possibilidade de se pedir alimentos. 
 
Efeitos da sentença previsto no Código Civil: 
“(...) Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua 
celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a 
resultante de sentença transitada em julgado. (...)” 
Lei de Registros Públicos 
 
 “(...) Art. 100. No livro de casamento, será feita averbação da sentença de nulidade e anulação de 
casamento, bem como do desquite, declarando-se a data em que o Juiz a proferiu, a sua conclusão, 
os nomes das partes e o trânsito em julgado. (Renumerado do art. 101 pela Lei nº 6.216, de 1975). 
 § 1º Antes de averbadas, as sentenças não produzirão efeito contra terceiros. 
 § 2º As sentenças de nulidade ou anulação de casamento não serão averbadas enquanto sujeitas 
a recurso, qualquer que seja o seu efeito. 
 § 3º A averbação a que se refere o parágrafo anterior será feita à vista da carta de sentença, 
subscrita pelo presidente ou outro Juiz do Tribunal que julgar a ação em grau de recurso, da qual 
constem os requisitos mencionados neste artigo e, ainda, certidão do trânsito em julgado do 
acórdão. 
 § 4º O oficial do registro comunicará, dentro de quarenta e oito horas, o lançamento da 
averbação respectiva ao Juiz que houver subscrito a carta de sentença mediante ofício sob registro 
postal. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
 
 FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 01 
DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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 § 5º Ao oficial, que deixar de cumprir as obrigações consignadas nos parágrafos anteriores, 
será imposta a multa de cinco salários-mínimos da região e a suspensão do cargo até seis meses; em 
caso de reincidência ser-lhe-á aplicada, em dobro, a pena pecuniária, ficando sujeito à perda do 
cargo. 
 Art. 101. Será também averbado, com as mesmas indicações e efeitos, o ato de 
restabelecimento de sociedade conjugal. (Renumerado do art. 102 pela Lei nº 6.216, de 1975). (...)” 
Causas de anulabilidade: dispostas no artigo 1550 do CC. 
 
“(...) Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do 
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. 
(...)” 
 
Nubente que não completou a idade mínima: 
 
“(...) Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de 
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade 
núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
(...)” 
 
CC de 16 fazia diferenciação entre idade mínima do homem (18 anos) e mulher (16 
anos), o que não mais ocorre no CC de 2002. 
 
Nubente em idade núbil sem autorização para o casamento. 
 
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a 
autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. (...)” 
 
O artigo 1518 trata de um direito potestativo, definido por Francisco Amaral aqueles 
que “conferem ao respectivo titular o poder de influir ou determinar mudanças na 
esfera jurídica de outrem, por ato unilateral, sem que haja dever correspondente, 
apenas uma sujeição.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
 
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DISCIPLINA: Direito Civil VI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 6º SEMESTRE -2018/2 
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Defeitos do negócio jurídico: são imperfeições que podem surgir decorrentes de 
anomalias na formação da vontade ou na sua declaração. 
 
Vícios da vontade: 
 
“(...) Art. 1.550. É anulável o casamento: 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
(...) 
 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos 
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
 
Art. 1.557. Considera-se

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