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PEDAGOGIA Curso de Graduação Online | UNISUAM Neurociência e Aprendizagem UN ID AD E 3 http://www.unisuam.edu.br Disfunções Cerebrais e suas Implicações na Aprendizagem Objetivos: - Definir o que são disfunções cerebrais - Citar as disfunções dos lobos frontal, parietal e temporal. - Descrever os distúrbios da linguagem falada e escrita. - Explicar o que é atraso de linguagem. Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 2 3Disfunções Cerebrais e suas Implicações na Aprendizagem T1 Introdução Na Unidade 2 estudamos outra função mental relacionada à aprendizagem: a linguagem. Aprendemos sobre a memória, os tipos de memória e como a linguagem se desenvolve. Nesta aula, verificaremos algumas disfunções cerebrais e suas implicações na aprendizagem. Veremos algumas disfunções e os distúrbios da linguagem falada e escrita. Como já vimos, o cérebro interliga, recepta, processa e coordena todo estímulo do nosso Sistema Nervoso Central. Logo, qualquer falha por menor que seja nesta “máquina” poderá acarretar alguma dificuldade no processo de aprendizagem. Uma disfunção cerebral origina uma patologia, modificando, naturalmente, a aprendizagem do sujeito. Mas o que é disfunção cerebral? Disfunções Cerebrais As disfunções cerebrais, também denominadas doenças dos hemisférios cerebrais, podem ter origem na formação do embrião e no desenvolvimento do feto, no parto ou em traumatismos posteriores. Estas são chamadas de disfunções orgânicas. Tais disfunções são localizadas em uma ou várias regiões do cérebro, “originando-se, assim, hierarquias de variadas deficiências, anomalias, perturbações ou alterações comportamentais de maiores ou menores dificuldades de recuperação, desenvolvimento integrado, vivência individual e integração social”. (FERNANDES, 2012, p. 153). Por isso, as disfunções orgânicas podem ser focais ou globais. Grande parte das disfunções focais é causada por anormalidades estruturais (lesões expansivas, acidente vascular cerebral, trauma, malformações) que geralmente afetam o cérebro. Já as disfunções globais são provocadas por distúrbios químicos e metabólicos ou lesões estruturais disseminadas (inflamação difusa, vasculopatia ou doenças malignas disseminadas). Além das disfunções orgânicas, há também as disfunções não-orgânicas (de causas desconhecidas). Neste caso, são incluídas as psicoses mais graves e os muitos distúrbios do comportamento. Tanto as disfunções orgânicas quantos as não-orgânicas, no âmbito da aprendizagem, podem provocar os mais variados graus de dificuldades. De acordo 3 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem com Fernandes (2012), a existência destes diferentes graus de dificuldades de aprendizagem está relacionada às causas, áreas ou regiões cerebrais, bem como aos graus de danificação provocados pela lesão ou lesões cerebrais. Vamos conhecer alguns distúrbios neurológicos provocados por disfunções dos lobos cerebrais! Disfunções do Lobo Frontal Já vimos em uma de nossas aulas que o lobo frontal é responsável pelo raciocínio, planejamento, partes da fala e do movimento (córtex motor), e também pelas emoções e soluções de problemas. Ele está localizado na região anterior, acima dos olhos. Os efeitos que uma lesão do lobo frontal podem provocar sobre o comportamento do sujeito variam de acordo com o tamanho e a localização do defeito físico. Geralmente, lesões pequenas não causam alterações comportamentais perceptíveis quando elas afetam apenas um lado do cérebro, embora às vezes produzam convulsões. Já as lesões grandes, da parte posterior dos lóbulos frontais, podem causar apatia, falta de atenção e indiferença. Se essas lesões forem localizadas mais próximas da parte anterior ou lateral dos lobos frontais, o indivíduo apresentará uma propensão a distrair-se facilmente, sente-se eufórico sem motivo aparente, argumenta excessivamente, torna-se vulgar e rude. Além disso, ele pode não ter consciência das consequências de seu comportamento. Fo nt e : a u la d e an at o m ia convulsões Convulsão é um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária de todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas cerebrais. As convulsões podem ser de dois tipos: parciais, ou focais, quando apenas uma parte do hemisfério cerebral é atingida por uma descarga de impulsos elétricos desorganizados, ou generalizadas, quando os dois hemisférios cerebrais são afetados. Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou luzes fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições – febre alta, falta de sono, menstruação e estresse – também podem facilitar a instalação de convulsões, mas não são consideradas gatilhos. Fonte: http://drauziovarella.com.br/letras/c/convulsao-2/ Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 4 http://www.auladeanatomia.com/neurologia/telencefalo.htm Disfunções do Lobo Parietal O lobo parietal responde pela percepção dos estímulos relacionados ao tato, à pressão, à temperatura e à dor, conforme estudamos na Aula 2. Ele está localizado na parte superior central da cabeça. Pequenas lesões do córtex pós-central causam astereognose (perda do reconhecimento tátil), na mão e corpo contralateral. As lesões maiores do lobo parietal inferior no hemisfério dominante (geralmente o esquerdo) estão comumente associadas à afasia grave. As lesões maiores também podem provocar apraxia e, às vezes, desorientação da percepção esquerda e direita. AFAsIA É um distúrbio de origem central que se manifesta por dificuldade na compreensão ou na expressão escrita e também oral, ou em ambas. A afasia é classificada de diferentes maneiras pelos neurologistas. Um exemplo é a classificação de HEAD em afasia verbal, nominal, sintática ou semântica. Afasia verbal: a característica mais evidente é a dificuldade para se expressar em palavras. O afásico verbal geralmente consegue dizer sim, não e outras palavras monossilábicas, além de expressões emocionais, como droga! Nos casos de menor gravidade é possível a construção correta de frases, embora as palavras apresentem erros. Fica claro, então, que essa limitação na organização das palavras interfere diretamente na expressão escrita de um indivíduo portador de afasia verbal. Você deve ter identificado vários casos como esses em sua prática pedagógica, não é? Afasia nominal: é a dificuldade para nomear alguma coisa. O afásico nominal geralmente usa uma frase descritiva em lugar do nome do qual não consegue se lembrar. É comum encontrarmos crianças e até mesmo alguns adultos com esse distúrbio. Afasia sintática: é caracterizada pela elaboração de frases curtas ou com erros, faltando artigos, conjunções e preposições. Afasia semântica: esse tipo de afasia refere-se à dificuldade para compreender o significado geral daquilo que se ouve. O afásico semântico geralmente usa frases curtas, mas não há erro na pronúncia nem na construção das frases. Fo n te : a u la d e an at o m ia 5 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem http://www.auladeanatomia.com/neurologia/telencefalo.htm Lesões no lobo parietal ainda podem produzir defeitos sutis no aprendizado de tarefas que requerem conhecimento espacial do que os rodeia, bem como o conhecimento das partes do próprio corpo, podendo, inclusive, interferir na memória anteriormente bem conhecida, como saber a hora nos relógios – por exemplo. Por essa razão, uma lesão súbita de algumas partes do lobo parietal, às vezes, faz com que o indivíduo ignore a gravidade de seu problema (anosognosia). Ele pode apresentar confusão mental ou delírios e pode tornar-se incapaz de se vestir sozinho ou de realizar tarefas comuns. Disfunções do Lobo Temporal Também vimos, na nossa Aula 2, que o lobo temporal é a área responsável pela audição, pelas emoções e também pela memória, fornecendoao indivíduo a capacidade de identificar e interpretar objetos ao recuperar informações passadas. Ele está localizado nas regiões laterais da cabeça, por detrás das orelhas. Os indivíduos com uma lesão do lobo temporal direito podem apresentar alterações da personalidade como, por exemplo, a falta de humor, graus incomuns de religiosidade, obsessões e perda da libido. Uma lesão no lobo temporal esquerdo interfere drasticamente na compreensão da linguagem oriunda de fontes externas ou internas e, tipicamente, impede que o indivíduo se expresse através da linguagem. Já que estamos falando de linguagem, vamos conhecer alguns distúrbios da linguagem1 falada e escrita! Comecemos definindo o que é distúrbio da linguagem. 1 Distúrbio de linguagem é toda alteração na emissão, integração ou recepção da linguagem que impede a comunicação ou interfere negativamente nela. prAxIA A apraxia consiste em um distúrbio neurológico caracterizado por causar perda de habilidade para realizar movimentos e gestos precisos. A causa desta condição é uma disfunção dos hemisférios cerebrais, que pode ser resultado de traumas locais, tumores, dentre outros fatores. Fonte: http://www.infoescola.com/doencas/apraxia/ Fo nt e : a u la d e an at o m ia Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 6 http://www.auladeanatomia.com/neurologia/telencefalo.htm Na nossa Aula 1, vimos que a linguagem verbal e escrita está localizada no hemisfério cerebral esquerdo. Nesse hemisfério, encontra-se a área responsável pela compreensão e interpretação da linguagem, a área de wernicke. A elaboração final da palavra falada tem sua origem também em uma área do hemisfério esquerdo conhecida como área de broca. Distúrbios da linguagem sempre se manifestarão quando alguma dessas áreas sofrerem lesões. Vamos seguir em frente! Distúrbios da Linguagem Algumas pessoas, após lesões cerebrais, passam a ter dificuldades em pronunciar palavras ou em estruturar frases na língua materna. Outras falam bem as palavras, mas o que dizem não faz sentido, seja por utilizarem palavras de forma inadequada, seja por má estruturação das sentenças. Algumas leem fluentemente, mas não sabem o que estão falando. Outras, leem, porém não conseguem escrever. Esses fenômenos “corriqueiros” são chamados de distúrbios da linguagem. A seguir, apresentaremos alguns desses distúrbios da linguagem. A) Distúrbios da linguagem escrita T2 Dislexia Disgrafia Disortografia Caracteriza-se pela dificuldade em aprender a ler, acompanhada de erros ortográficos e gramaticais na escrita. As crianças disléxicas apresentam confusão com letras com grafia similar, como "b-d". "d-p", "b-q", "d-b", "d-p", "d-q", "n-u" e "a-e". Caracteriza-se por um distúrbio com a dificuldade na execução dos movimentos necessários à escrita. As letras são maltraçadas e seu tamanho pode ser desigual na mesma palavra. A disgrafia, embora com maior frequência esteja associada a lesões do sistema nervoso central, pode, em alguns casos, ter base emocional. Caracteriza-se pela impossibilidade de visualizar a forma correta da escrita das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala. Por exemplo, em um ditado, a criança ouve a palavra “faca”, mas escreve “vaca”. 7 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem Esses distúrbios da linguagem escrita podem ser provenientes de fatores orgânicos (fisiológicos), ambientais, ou mesmo emocionais. É importante que tais distúrbios sejam descobertos, a fim de se auxiliar o desenvolvimento do processo educativo. Os professores têm um papel fundamental no processo de identificação e descoberta desses distúrbios, embora não possuam formação específica para realizar o diagnóstico. Este deve ser feito por médicos, psicólogos e psicopedagogos. Sendo assim, todos os envolvidos no processo educativo precisam estar atentos a tais distúrbios, observando se eles são temporários ou se persistem. Vamos conhecer agora alguns distúrbios da linguagem falada?! Porém, antes é importante entendermos sobre o atraso de linguagem oral. O que é atraso de linguagem? Considera-se atraso de linguagem quando a aquisição se faz de forma típica, embora mais tarde do que a idade habitual para cada etapa. Crianças que até 1 ano e ½ não falam palavras isoladas e que a partir dos 2 anos não formam frases podem estar com atraso de linguagem. Na imagem a seguir, você pode visualizar as etapas de desenvolvimento da linguagem falada e alguns sinais de alerta quando ocorre uma ausência ou um retardo no surgimento da linguagem oral. Vale mencionar que nem sempre o processo de aquisição da linguagem acontece de forma ordenada e sequencial. Há variações nos padrões do crescimento do vocabulário inicial de cada criança, uma vez que nem todas as crianças apresentam as mesmas respostas, em termos de aquisição de linguagem. Quer saber mais sobre: Dislexia – Clique no link! http://www.ipodine.pt/dislexia.php Disgrafia e disortografia – Clique link! ht t p : //e d u c a j a . co m . b r/2 0 1 0 /0 5 / disgrafia-e-disortografia-exercicios.html saiba mais? Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 8 http://www.ipodine.pt/dislexia.php http://educaja.com.br/2010/05/disgrafia-e-disortografia-exercicios.html http://educaja.com.br/2010/05/disgrafia-e-disortografia-exercicios.html Vários são os motivos que podem ocasionar o atraso na linguagem. Esses motivos são de natureza orgânica, emocional, ou ambiental. Quantos aos de origem orgânica, citam-se: baixa auditiva, autismo, problemas neurológicos e visuais. Dentre os de origem emocional, o mais comum é o trauma oriundo da separação dos pais, que afeta a comunicação oral da criança. E em relação aos motivos de natureza ambiental, todos sabem que a aprendizagem é resultante dos estímulos que o indivíduo recebe no decorrer de sua vida. Crianças que têm pouco estímulo nas fases iniciais da vida não formam certos circuitos neuronais, o que pode comprometer o desenvolvimento da linguagem, dentre outras habilidades físicas e motoras. Daí a importância de ficar atento ao desenvolvimento da criança e à intenção comunicativa dela! Aprofunde seus conhecimentos sobre atraso de linguagem. Clique no link! http://neuropediatria.pt/para-os-pais/ atraso-na-linguagem saiba mais? 9 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem http://neuropediatria.pt/para-os-pais/atraso-na-linguagem http://neuropediatria.pt/para-os-pais/atraso-na-linguagem B) Distúrbios da linguagem falada Vejamos cada um dos distúrbios da linguagem falada. Disnomia Disfasia Dislalia Dislogia Disartria Disfonia É uma incapacidade em nomear pessoas ou objetos, mesmo quando estes são completamente percebidos e compreendidos, ou seja, mesmo quando a pessoa sabe como se chama determinado objeto. Trata-se de crianças que apresentam um transtorno da integração da linguagem sem sensorial ou fonatória; que podem, embora com dificuldade, comunicar-se verbalmente e cujo nível mental é considerado normal. São crianças que não elaboram frases, expressam somente as partes finais das palavras (por exemplo, “eta” por borboleta). É um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas. Um exemplo é o caso da personagem Cebolinha da banda desenhada, que confunde/troca o som R por L. É uma perturbação (doentes mentais) que ocasiona a parada súbita em meio a uma frase com linguagem deturpada em seu sentido, com desvio da realidade. É caracterizada por um distúrbio da articulação das palavras que consiste, sobretudo, na dificuldade em pronunciar as consoantes labiais (m, b, p) e linguais (t, d, l). A disartria perturba também o ritmo e a entonação das palavras, afetando, assim, a produção escrita de seu portador. É o distúrbio do timbre e da intensidadedo som, sendo portanto, uma alteração na emissão natural da voz. As disfonias ocorrem por afecções do aparelho vocal, e podem ser de natureza orgânica ou funcional, e têm como conseqüência alterações na elaboração dos sons que serão articulados. O distúrbio é de timbre e de intensidade do som produzido. A voz é rouca, bitonal ou de falsete. Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 10 A identificação precoce desses distúrbios sensibiliza os educadores para o exercício de um olhar mais cuidadoso e participativo na vida escolar das crianças. Os distúrbios da linguagem falada, assim como os da linguagem escrita, podem provocar distúrbios mais gerais do desenvolvimento e da aprendizagem da criança, como a cognição, o comportamento e até mesmo as habilidades de interação social. Uma série de sinais e sintomas, que ocasionam uma dificuldade de aprendizagem por parte da criança, podem sugerir a suspeita de algum distúrbio da linguagem e levar a procura de profissionais especializados para tal diagnóstico. Fique atento! Aprofunde seus conhecimentos! Leia o texto Os distúrbios de aprendizagem e os distúrbios específicos de leitura e da escrita, de Jaime Luiz Zorzi. Clique no link! http://www.cefac.br/library/artigos/2405 420cdd61d3c9ba0387897e1316ed.pdf saiba mais? Correção dos distúrbios da linguagem Certamente, o tratamento adequado de um distúrbio da linguagem pressupõe um diagnóstico correto. Para tanto é necessário o serviço de especialistas, geralmente um fonoaudiólogo e um psicólogo. Porém, dependendo do tipo de distúrbio, conforme já comentamos, o tratamento envolverá um ou mais dos seguintes profissionais: psicólogos, fonoaudiólogos, dentistas, neurologistas e psicopedagogos, além da participação dos pais. Tais profissionais devem estar em contato com a escola e com o professor, realizando um trabalho conjunto. Por exemplo, no caso do fonoaudiólogo e do psicopedagogo, estes poderão orientar o professor a efetuar as adaptações pedagógicas tendo em vista o distúrbio de linguagem identificado. Não se trata de alfabetizar a criança, uma vez que essa é uma função do professor. Mas de explorar atividades de aprendizagem com objetivo de promover o desenvolvimento da leitura e da escrita na criança. T3 11 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem http://www.cefac.br/library/artigos/2405420cdd61d3c9ba0387897e1316ed.pdf http://www.cefac.br/library/artigos/2405420cdd61d3c9ba0387897e1316ed.pdf O tratamento é realizado em clínicas, consultórios ou na própria escola. O ideal seria que toda escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental mantivesse um serviço de diagnóstico e tratamento para os distúrbios da linguagem, ou convênios com especialistas. Assim, quando exequível, na própria escola em logoterapeuta faria o tratamento dos casos difíceis e orientaria os professores na condução dos casos mais fáceis. Infelizmente, poucas escolas brasileiras possuem estrutura desse tipo e, consequentemente, o psicopedagogo tem atuação reduzida no processo terapêutico. Além disso, em muitas regiões o educador é o único que pode prestar alguma ajuda à criança portadora de distúrbio da escrita. continuando ... A aprendizagem depende da integridade do cérebro, interesse, atenção e funcionalidade adequada de cada parte dele. Disfunções orgânicas e não- orgânicas podem provocar problemas de aprendizagem. Lesões grandes lobo frontal podem causar apatia, falta de atenção e indiferença. No lobo parietal, afasia, apraxia, interferência na memória e no conhecimento das partes do corpo. Já lesões no lobo temporal podem ocasionar alterações na personalidade do sujeito e dificuldades na compreensão da linguagem. O uso da linguagem (falada e escrita) é uma habilidade social e cultural vital em nossos dias. Nesse sentido, os diferentes distúrbios tanto da linguagem escrita (dislexia, disgrafia e disortografia) quanto da linguagem falada (disnomia, disfasia, dislalia, dislogia, disartria e disfonia) devem ser identificados e tratados por especialistas para que não haja dificuldades na aprendizagem da criança devido a tais distúrbios. No Brasil, existem alguns laboratórios vinculados a Universidades que estudam a linguagem infantil, inclusive identificando e corrigindo distúrbios de linguagem em crianças. Dentre eles, podemos citar o Laboratório de Estudos das Alterações da Linguagem Infantil - LEALI da UNESP/ Marília e o Laboratório de Psicolinguística e Aquisição da Linguagem – LAPAL da PUC-Rio. Pesquise sobre esses e outros laboratórios para enriquecer seus estudos! Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 12 Transtornos Mentais e do Comportamento e a Aprendizagem No tópico anterior, tivemos a oportunidade de conhecer algumas disfunções cerebrais do lobo frontal, do lobo parietal e do lobo temporal e, também, alguns distúrbios da linguagem falada e escrita. O nosso foco, nesta aula, será os transtornos mentais e do comportamento e suas implicações na aprendizagem. Sabemos que existem vários fatores que podem comprometer o trabalho educacional: emocionais (ansiedade, insegurança...); orgânicos (baixa visão/ audição...); neurológicos (lesão cerebral, paralisia cerebral...); comportamentais (TDAH, Asperger...) e muitos outros. Aqui, estudaremos apenas alguns transtornos do desenvolvimento psicológico, do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência. Vamos lá?! T4 13 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem O que é um transtorno? Dentre as preocupações que cercam o cotidiano da escola e, especialmente, dos pais, está o Transtorno. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS): Transtorno não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID-10, 1992, p. 5). Existem diferentes tipos de transtorno. A OMS criou um documento intitulado Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde –também conhecido como Classificação Internacional de Doenças – CID 10, agrupando os diferentes transtornos mentais. Um desses agrupamentos corresponde aos Transtornos Mentais e Comportamentais, objeto do nosso estudo. Vale destacar que, além da CID-10, existem outros manuais que também organizam o entendimento das doenças. Entre eles, o Manual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM), que é relativamente bem parecido com o CID-10. Baseado na Organização Mundial de Saúde (OMS), podemos caracterizar os transtornos mentais e comportamentais como alterações do modo de pensar e/ou do humor (emoções), e/ou por alterações mórbidas do comportamento associadas à angústia expressiva e/ou deterioração do funcionamento psíquico global. Embora existam todas essas classificações, aqui, estudaremos apenas alguns Transtornos do Desenvolvimento Psicológico e os Transtornos do Comportamento e Transtornos Emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência. Os Transtornos Mentais e Comportamentais são classificados, de acordo com a CID, em: • Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos • Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa • Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes • Transtornos do humor [afetivos] • Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos somatoformes • Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores físicos • Distorções da personalidade e do comportamento adulto • Transtornos do desenvolvimento psicológico • Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência • Transtorno mental não especificado Neurociencia e AprendizagemGraduação | UNISUAM 14 Transtornos do Desenvolvimento Psicológico Apresentaremos, a seguir, algumas considerações sobre o Autismo, a síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno de Rett – considerados Transtornos do Desenvolvimento Psicológico. Na nova edição, do DSM (edição V), lançada em 2013, não existem mais a diferenciação entre essas categorias. Todas são denominadas Transtornos do Espectro Autista. Por fins didáticos, elas serão vista aqui separadamente. A - Autismo O autismo é um transtorno bem mais comum do que se possa imaginar. Um estudo realizado, em 2012 – pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos –, revelou que ele afeta uma em cada 88 crianças. Esse estudo dá uma ideia da proporção de casos existentes. Porém, apesar da frequência, ainda há pouca informação sobre o transtorno. Entenda melhor o autismo, assistindo à entrevista com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, no programa Sem Censura. Clique no link do vídeo abaixo para assisti-lo! http://youtu.be/n6mlEpjRISw Depois de assistir ao vídeo, você já sabe que o Autismo é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado pela dificuldade de interagir socialmente e pela dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos. Também já sabe que os autistas possuem um padrão de comportamento restritivo e repetitivo e que há vários graus de autismo. T5 Para saber mais sobre o Autismo, leia o material Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem - Autismo, elaborado pelo MEC por intermédio da Secretaria de Educação Especial, para servir de orientação e fonte de consulta a professores da rede de ensino regular. Clique no link : http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/ pdf/educacao%20infantil%203.pdf saiba mais? 15 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem http://youtu.be/n6mlEpjRISw B - síndrome de Asperger É também considerado um transtorno invasivo do desenvolvimento, mas, diferentemente do autista, a pessoa com Síndrome de Asperger não apresenta atraso no desenvolvimento cognitivo e intelectual. Comparado com jovens com outras formas de autismo, os autistas possuem maior probabilidade de converter-se em adultos independentes, com uma vida absolutamente normal. AUTISMO ASPERGER - Coeficiente intelectual geralmente abaixo do normal. - Coeficiente intelectual geralmente acima do normal. - Normalmente o diagnóstico se realiza antes dos 3 anos. - Normalmente o diagnóstico se realiza depois dos 3 anos. - Atraso no aparecimento da linguagem. - Aparecimento da linguagem em tempo normal. - Cerca de 25% são não-verbais. - Todos são verbais. - Gramática e vocabulário limitados. - Gramática e vocabulário acima da média. - Desinteresse geral nas relações sociais. Não desejam ter amigos. - Interesse geral nas relações sociais. Desejam ter amigos e se sentem frustrados pelas suas dificuldades sociais. - Um terço representa convulsões. - As queixas dos pais são os problemas de linguagem, ou em socialização e conduta. - Nenhum interesse obsessivo de “alto nível”. - Um terço apresenta convulsões. - Os pais detectam problemas por volta dos 18 meses de idade. - Interesse obsessivo de “alto nível”. - As queixas dos pais são os retardos da linguagem. - Os pais detectam problemas por volta dos dois anos e meio. Fonte: guiainfantil.com Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 16 Que tal aprender vendo um bom filme? A dica é a animação “Mary e Max – Uma Amizade Diferente” que mostra os problemas dos “aspies”. Na ficção, Mary, de 8 anos, uma menina gordinha e solitária, que mora na Austrália, torna-se amiga de Max, um homem de 44 anos, que tem síndrome de Asperger e vive em Nova York. Ambos têm dificuldade de fazer amigos e passam a trocar correspondências onde compartilham alegrias e decepções. Na animação, Max é um homem de 44 anos que tem síndrome de Asperger (foto). Um bom filme para você! c - Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno de rett No Transtorno Desintegrativo da Infância, a criança tem um desenvolvimento normal, em média, até os dois anos, depois se inicia uma deterioração das habilidades adquiridas que segue um curso contínuo e, na maioria dos casos, vitalício. As dificuldades sociais, comunicativas e comportamentais permanecem relativamente constantes durante toda a vida. Antes do surgimento da doença, a criança apresenta alguns sintomas, como: irritabilidade, ansiedade e hiperatividade. Em seguida, ocorre a perda significativa da linguagem e da fala. Além de prejuízo na interação social, comunicação e atividades. O Transtorno Desintegrativo da Infância também é chamado de Síndrome de Heller ou Psicose Desintegrativa. Já o Transtorno Global de Rett é caracterizada pela perda progressiva das funções neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento aparentemente normal, que vai de 6 a 18 meses de idade – época em que nosso cérebro é obrigado a exibir a mais importante de suas habilidades: a plasticidade condicionada pela experiência. Em um vídeo Rett Syndrome (2010), criado por Arnold Worldwide em Boston, um menino lê um poema que escreveu para a sua irmã contando como é a história dela com a Síndrome de Rett. Leia! Ela (irmã) é forte, mas silenciosa. Ela vai crescer, mas sua voz não. Ela precisa de ajuda, mas ajuda os outros ainda mais. É poética, mas não consegue fazer uma rima. Ela ouve, mas não pode ser ouvida. Por dentro ela pode ajuda, mas ninguém ouve. Ela é cheia de respostas, mas está guardando para a hora certa de responder. Ela está procurando uma voz, mas não consegue achar a certa para usar. Ela é uma lutadora, mas não tem comando. Essa é a vida sem ser ouvida! 17 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem A partir do poema, podemos perceber algumas características da Síndrome de Rett: perda das habilidades adquiridas (como fala, capacidade de andar e uso intencional das mãos), surgindo estereotipias manuais (movimentos repetitivos e involuntários das mãos). É comum também que a criança com essa Síndrome apresente desaceleração do crescimento e distúrbios respiratórios e do sono, especialmente entre os 2 e os 4 anos de idade. Ainda não há cura ou tratamento para as manifestações clínicas subjacentes à Síndrome de Rett. No entanto, há muitas intervenções que podem ajudar pacientes com tal Síndrome a ter um ciclo de vida significativamente mais saudável. Como o Autismo, a síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno de Rett possuem um conjunto comum de sintomas e que nem sempre é possível determinar se o quadro é compatível com Autismo, Asperger etc, admite-se que eles sejam melhor representados por uma única categoria. Por isso, englobaram todos esses transtornos em uma só categoria chamada de Transtornos do Espectro Autista. Pense no quanto os Transtornos do Espectro Autista podem afetar a aprendizagem de uma criança! Vale à pena uma pesquisa! Assista ao vídeo Rett Syndrome (2010), criado por Arnold Worldwide em Boston. Clique no link! http://youtu.be/BuGs7hE5dig Você também pode se aprofundar mais sobre: Transtorno Desintegrativo da Infância.Clique no link! http://www.indicedesaude.com/artigos_ver. php?id=2443 Síndrome de Rett. Clique no link! http://www.abrete.org.br/sindrome_rett.php saiba mais? Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 18 http://youtu.be/BuGs7hE5dig http://www.indicedesaude.com/artigos_ver.php?id=2443 http://www.indicedesaude.com/artigos_ver.php?id=2443 http://www.abrete.org.br/sindrome_rett.php Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência De acordo com a OMS, os Transtornos de Comportamentos e Emocionais são aqueles que têm início, precocemente, nos primeiros cinco anos de vida. Eles são, normalmente, acompanhados de déficit cognitivo e de retardo específicodo desenvolvimento da motricidade e da linguagem. Incluem nestes tipos de transtornos: Transtorno de conduta, Transtornos emocionais com início especificamente na infância, Transtorno Hipercinético (Hiperatividade). A - Transtorno de conduta Manifestações excessivas de agressividade e de tirania; crueldade com relação a outras pessoas ou a animais; destruição dos bens de outrem; condutas piromaníacas; roubos; mentiras repetidas; faltar aulas e fugir de casa; crises de birra e de desobediência anormalmente frequentes e graves, podem ser diagnosticados como Transtornos de Conduta. Os Transtornos de Conduta são caracterizados por padrões persistentes de conduta dissocial, agressiva ou desafiante. Veja a classificação dos transtornos de conduta! Classificação dos Transtornos de Conduta TIPO dE TRAnSTORnO CARACTERíSTICA Distúrbio de conduta restrito ao contexto familiar Comportamento dissocial e agressivo que se manifesta exclusiva ou quase exclusivamente em casa e nas relações com os membros da família nuclear. Distúrbio de conduta não-socializado Comportamento dissocial e agressivo que se manifesta na relação com outras crianças. Distúrbio de conduta do tipo socializado Comportamento dissocial e agressivo que se manifesta em indivíduos habitualmente bem integrados com seus companheiros. Distúrbio desafiador e de oposição Caracterizados essencialmente por um comportamento provocador, desobediente ou perturbador e não acompanhado de comportamentos delituosos ou de condutas agressivas ou dissociais graves. 19 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem Como, geralmente, as condutas aparecem na infância e podem evoluir negativamente, é importante que se caracterize os limites do que seja “normal” do que seja um Transtorno de conduta. O diagnóstico deve ser feito somente se o comportamento anti-social continuar por um período de pelo menos seis meses, e assim representar um padrão repetitivo e persistente. B - Transtornos emocionais com início especificamente na infância Ter ciúmes do irmão, certa vergonha de conversar com alguém que acabou de conhecer, pavor de separar-se dos pais, são comportamentos naturais da infância, saudável para o amadurecimento, uma vez que é nessa fase que o sujeito se desenvolve, tanto física quanto emocionalmente. Tais comportamentos podem ser considerados normais, em termos de faixa etária (início da infância), até certo ponto. Mas se esses comportamentos são frequentes podem ser indícios de algum transtorno emocional. Os Transtornos emocionais com início especificamente na infância constituem uma exacerbação de manifestações normais do desenvolvimento, mais do que um fenômeno qualitativamente anormal por si próprio. Veja a lassificação dos transtornos emocionais com início especificamente na infância! Classificação dos transtornos emocionais com início especificamente na infância TIPO dE TRAnSTORnO CARACTERíSTICA Transtorno ligado à angústia de separação Caracteriza-se pelo temor relacionado com a separação, ocorrendo pela primeira vez durante os primeiros anos da infância. Neste tipo de transtorno, as crianças têm pavor de separar-se dos pais, por exemplo, para ir à escola, dormir na casa de parentes, ou amigos, viajar sem os pais etc. Transtorno fóbico ansioso da infância Caracteriza-se pela presença de medos da infância, altamente específicos de uma fase do desenvolvimento, e ocorrendo, num certo grau, na maioria das crianças, mas cuja intensidade é anormal. Distúrbio de ansiedade social da infância Caracteriza-se pela presença de retraimento com relação a estranhos e temor ou medo relacionado com situações novas, inabituais ou inquietantes. Transtorno de rivalidade entre irmãos Caracteriza-se pela perturbação decorrente do nascimento de um irmão ou de uma irmã. Neste transtorno, a reação emocional é evidentemente excessiva. Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 20 Para que o tratamento tenha sucesso, é fundamental diagnosticar a causa básica ou específica que leva a criança a adotar certo comportamento. Dentre as possíveis causas podem ser destacadas: • Perda de um dos pais (morte ou divórcio) • Urinar na sala de aula • Perder-se; ser deixado sozinho • Ser ameaçado por crianças mais velhas • Ser o último do time • Ser ridicularizado na classe • Brigas dos pais • Mudar de classe ou de escola • Novo bebê na família O tratamento inclui terapia tanto para a criança quanto para a família, podendo ser utilizado também medicamentos. c - Transtorno Hipercinético (Hiperatividade) Garanto que poucos associam os adjetivos: criativo, trabalhador, energético, sensível, leal, divertido, prático e observador às pessoas que têm TDAH. Você já vivenciou uma realidade dessas? Conhece alguém que seja portador desse distúrbio? Vamos pensar por um minuto em Thomas Edison, que inventou a lâmpada; em Benjamim Franklin, que descobriu a eletricidade; em Magic Johnson, que tanto fez pelo basquete mundial; em Ziraldo e seu Menino Maluquinho... Quem nunca riu com as piadas de Whoopi Goldberg e Robin Williams? E quem nunca ouviu a maravilhosa música de Mozart e Beethoven? O que essas pessoas têm em comum? Você imagina? Pense um pouco! Pois é, todos têm TDAH. Entenda melhor esse transtorno assistindo ao vídeo a seguir. Clique no link do vídeo abaixo para assisti-lo! Fonte: http://youtu.be/c9PXlqMnsgA No vídeo, você deve ter notado que nem toda instabilidade que surja de repente pode ser diagnosticada como hiperatividade. Isso porque a criança hiperativa nasce hiperativa. Uma criança não se torna TDAH. Ela é hiperativa desde que nasce. A Hiperatividade, ou Transtorno Hipercinético – atualmente classificada pelo DSM como Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) –, é um distúrbio causado por diversos fatores, como ambientais, genéticos, traumatismos cranianos, corantes, drogas, entre outros. Tem início na infância, mas pode perpetuar na vida adulta. Afeta a conduta emocional, a adaptação social e o rendimento escolar. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. 21 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem file:///C:\Users\paginasHTML\Psicopedagpgia\pos-psico_m02_d02_a03_p02_THOMAS%20EDISON.htm file:///C:\Users\paginasHTML\Psicopedagpgia\pos_psico_m02_d02_a03_p01_%20ziraldo.htm file:///C:\Users\paginasHTML\Psicopedagpgia\pos-psico_m02_d02_a03_p02_Mozart.htm file:///C:\Users\paginasHTML\Psicopedagpgia\pos_psico_m02_d02_a03_p02_%20Beethoven.htm http://youtu.be/c9PXlqMNsgA Você deve estar pensando: “Conheço várias crianças que são hiperativas!” Cuidado! Não podemos rotular uma criança de hiperativa, sem antes conhecer bem seus sintomas. sintomas de Hiperatividade (TDAH) Três fatores principais ajudam a distinguir o hiperativo da criança que tem apenas um distúrbio de atenção mais leve e daquela que busca apenas chamar a atenção: 1 Impulsividade. 2 Contínua agitação motora. 3 Impossibilidade de se concentrar, seja em brincadeiras ou em atividades pedagógicas. Essas atitudes devem ser constantes durante pelo menos seis meses seguidos. Para a criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo – muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode estar estressada. A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, ela pode sofrer de estresse, tristeza e baixa autoestima. Hoje sabemos que o TDAH é um distúrbio neurológico sério, mas tratável, embora de difícil diagnóstico e acompanhamento, devido à necessidade de um trabalho multidisciplinar contínuo. A maneira mais eficiente de trataro TDAH é exatamente o trabalho em grupo, que envolve tanto abordagens individuais com o portador (medicação, acompanhamento psicológico, terapias específicas, técnicas pedagógicas adequadas), como estratégias para as outras pessoas que convivem com ele (terapia para os pais ou família, esclarecimento sobre o assunto para pais e educadores e treinamento de profissionais especializados). É possível afirmar que as pessoas portadoras de TDAH, apesar das dificuldades decorrentes, podem aprender a tirar o melhor partido das suas características e a explorar todo o seu potencial. Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 22 Faça o teste, a seguir, para identificar se o seu filho sofre de TDAH. Clique no link a seguir, para responder o questionário! https://dda-deficitdeatencao.com.br/testesonline/tdah-infantil.html Qual foi o resultado? Vale lembrar que o resultado deste teste é apenas um indicativo. Sempre é bom buscar ajuda de um profissional para realizar o diagnóstico e um possível tratamento do TDAH. Pense no quanto os Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância podem afetar a aprendizagem de uma criança! Vale à pena uma pesquisa! Conclusão Os Transtornos Mentais e do Comportamento são caracterizados por uma alteração nos modos de agir, de interagir com o outro ou das funções mentais. Porém, nem sempre um comportamento anormal sinaliza que uma pessoa esteja com um transtorno mental ou de comportamento. Para que isso ocorra, esse comportamento deve persistir por mais de 6 meses, causando perturbação ao sujeito. A origem dos Transtornos Mentais e Comportamentais pode ser biológica, psicológica, social e, também, genética, mesmo que isso ainda não seja comprovado. Esses transtornos afetam o sistema nervoso central, trazendo modificação ao sistema cognitivo (memória, atenção, concentração, pensamentos), bem como distúrbios relacionados às emoções e ao stress. Para saber mais sobre TDAH, le ia o texto Transtorno de Déficit de Atenção – Hiperatividade na Criança e no Adolescente: Diagnóstico e Tratamento, de Marcelo Gomes e Luiz Celso Pereira. Clique no link! http://www.revistaneurociencias.com.br/ edicoes/1999/RN%2007%2003/Pages%20 from%20RN%2007%2003-8.pdf saiba mais? 23 Unidade 03 Disfunções Cerebrais e Suas Implicações na Aprendizagem http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/1999/RN%2007%2003/Pages%20from%20RN%2007%2003-8.pdf http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/1999/RN%2007%2003/Pages%20from%20RN%2007%2003-8.pdf http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/1999/RN%2007%2003/Pages%20from%20RN%2007%2003-8.pdf Os Transtornos Mentais e Comportamentais são classificados em vários outros transtornos, de acordo com a CID. Dentre tais transtornos, destacam-se: os Transtornos do Desenvolvimento Psicológico (que englobam os Transtornos do Espectro Autista – Autismo, Síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno de Rett) e os Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência (Transtorno de conduta, Transtornos emocionais com início especificamente na infância, Transtorno Hipercinético – Hiperatividade). Diagnosticam-se os Transtornos Mentais e Comportamentais através de entrevistas feitas com o próprio paciente e com pessoas próximas a ele, incluindo a própria família; de exames clínicos para avaliar o estado mental e as condições físicas do paciente; de outros testes e exames especializados que forem necessários. Um diagnóstico preciso é fundamental para que seja feita uma intervenção apropriada. Na próxima aula, falaremos sobre a Inteligência. Até lá! Referências Bibliográficas COLLARES, C. A. L. e MOYSÉS, M. A. A. A História não Contada dos Distúrbios de Aprendizagem. Cadernos CEDES no 28, Campinas: Papirus, 1993. FERNANDES, Evaristo Vicente. Aprendizagem humana e suas dificuldades: cérebro, emoção, mente e ação. Clube dos Autores, 2012. COLLARES, C. A. L. e MOYSÉS, M. A. A. A História não Contada dos Distúrbios de Aprendizagem. Cadernos CEDES no 28, Campinas: Papirus, 1993. FERNANDES, Evaristo Vicente. Aprendizagem humana e suas dificuldades: cérebro, emoção, mente e ação. Clube dos Autores, 2012. ZORZI, J.L. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: questões clínicas e educacionais. Porto Alegre: ArtMed, 2003. Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM 24
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