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Interferência e Polarização de Microondas Instituto de F́ısica - UFG F́ısica Experimental V Jackeline Ribeiro Figueredo Victor Matheus Oliveira de Andrade Este relatório está dividido em três partes: medir o comprimento de onda de micro-ondas refletidas por uma placa metálica, medir o comprimento de onda de micro-ondas por meio de um interferômetro de Michelson e verificar o estado de polarização da micro-onda analisado nas partes anteriores. O valor do comprimento de onda encontrado na primeira parte foi λ = (3, 47 ± 0, 83) cm e na segunda parte λ = (3, 58 ± 0, 93) cm. Introdução e Objetivo Interferência Um dos fenômenos mais interessantes tratados pela f́ısica é a interferência. A interferência de ondas ocorre quando um ponto do espaço é atingido por ondas dis- tintas ao mesmo tempo. A onda resultante depen- derá de como essas ondas atingem o ponto. Se há um encontro entre vales ou cristas de ondas (amplitu- des mı́nimas ou máximas, respectivamente) as ondas se somam, produzindo uma onda resultante de am- plitude maior que as amplitudes individuais das on- das que produziram a onda resultante. Nesse caso, a interferência é dita do tipo construtiva. Se há um encontro entre vale e crista (amplitude mı́nima e máxima, respectivamente) as ondas se subtraem e a interferência é dita do tipo destrutiva. Encontros in- termediários (entre amplitudes intermediárias) confi- guram interferências parcialmente construtivas ou des- trutivas. A intensidade da onda resultante em uma su- perf́ıcie transversal à direção de propagação da onda é o chamado padrão de interferência. Se as ondas pos- suem a mesma frequência e guardam entre si relações de fase constantes no tempo, a distribuição de energia ao longo de superf́ıcies fixas no espaço é estacionária e o padrão de interferência é constante. As ondas são perturbações que se propagam periodi- camente no espaço e no tempo. Por sua caracteŕıstica de periodicidade pode-se facilmente mostrar que toda onda pode ser descrita por uma equação do tipo: f(x, t) = f(x− vt) (1) Para uma onda se propagando no sentido do eixo x positivo. Por comodidade usaremos a forma mais comum de descrição de ondas dada pela equação: E = A · sen(kx− wt) (2) Figura 1: Desenho esquemático mostrando modelo f́ısico de uma onda. Figura 2: Fenômeno de interferência ocorrendo para a região entre o segundo anteparo e a tela. Em que E é a amplitude da onda no ponto x no instante t, A é a amplitude da onda, k = 2π/λ = w/c (sendo c a velocidade da luz) é o chamado número de onda e w = 2π/T a frequência angular, sendo λ o comprimento de onda e T o peŕıodo. Segundo a teo- ria da interferência, se uma onda é refletida por uma superf́ıcie perpendicular à sua direção de propagação, ambas as ondas incidentes e refletidas se interferem, e esta interferência pode ser descrita pela equação: E = A · sen(kx− wt) −A · sen(kx+ wt) E = 2A · sen(wt)sen(kx) (3) 1 Polarização Define-se como direção de polarização de uma onda eletromagnética a direção em que a componente do campo elétrico da onda oscila. Normalmente, para se obter uma onda polarizada faz-se o uso de filtros polarizadores que permitem a passagem de ondas po- larizadas apenas numa determinada direção. Figura 3: Esquema de uma onda originalmente não polarizada que passa por um filtro e sai polarizada. O interferômetro de Michelson O interferômetro de Michelson é o tipo mais fun- damental de interferômetro de dois feixes. Ele pode ser utilizado para medir comprimentos de onda com grande precisão. Este aparelho foi originalmente cons- trúıdo por Albert Abraham Michelson em 1881 e vi- sava comprovar a existência do éter, o meio no qual se supunha na época deveria se propagar a luz. O objetivo deste relatório é medir o comprimento de onda de micro-ondas refletidas por uma placa metálica e, também, utilizando um interferômetro de Michel- son, e ainda, verificar o estado de polarização da micro-onda. Procedimento Experimental Medida do comprimento de onda com uma placa refletora O aparato experimental usado nesta parte do ex- perimento consiste de uma placa refletora, uma fonte de micro-ondas, um diodo detector, uma régua e um osciloscópio conforme a Figura 4. Primeiramente se posicionou o diodo detector na altura da entrada da fonte de micro-ondas e ligou a fonte e o osciloscópio. Posteriormente se colocou a fonte e a placa refletora ao lado da régua (encostada nesta) e separadas por 60 cm, colocando a base do de- tector em cima da régua. Observando na tela do osci- loscópio uma onda quadrada, ajustando os comandos Figura 4: Interferência de micro-ondas utilizando uma placa refletora. do osciloscópio para que a onda ficasse parada. Movi- mentando o detector em cima da régua se procurou os máximos (1) e mı́nimos (0) da onda quadrada obser- vada no osciloscópio, assim tomou-se nota das posições em que eles ocorrem, fazendo cerca de 30 medidas. Medida do comprimento de onda com o ar- ranjo de Michelson O aparato experimental utilizado nesta parte do experimento consiste de duas placas refletoras, uma fonte de micro-ondas, um diodo detector, duas réguas e um osciloscópio, conforme esquematizado na Figura 5. O experimento foi montando conforme o esquema da Figura 5, com a placa semitransparente P mantida numa posição angular de 45◦. Assim sendo, o detec- tor foi colocado atrás desta placa o semitransparente e as outras duas P1 e P2 sobre as réguas. Aqui se manteve fixos o detector e a placa refletora P2, mo- vimentamos a placa P1 procurando os máximos e os mı́nimos, anotando as posições em que eles ocorreram. Figura 5: Arranjo de Michelson. 2 Resultados e Discussão Com as medidas das posições dos máximos e mı́nimos da intensidade da micro-ondas se calculou o comprimento de onda λ que separa as cristas (1) não- consecutivas e os vales (0) não-consecutivos, pois se sabe que o comprimento de onda da micro-onda vale o dobro da onda de intensidade elétrica. Nas tabelas 1 e 2 constam os resultados obtidos para o arranjo de placa refletora e para o arranjo de Michelson. Analisando a tabela 1, referente ao experimento com somente uma placa (placa refletora), é posśıvel notar que o comprimento de onda apresentou variação durante as medidas, o que é evidente pelo valor calcu- lado do desvio percentual σ% = 9 e pelo desvio padrão σp = 0,57 cm, com base no valor esperado de 3,18 cm. O resultado encontrado para a primeira parte do ex- perimento foi λ = (3,47 ± 0,83) cm. A representação gráfica do dados da tabela 1 está no gráfico 1. Máx/Min Posição (cm) λ (cm) 1 0 - 0 0,8 - 1 1,6 - 0 2,4 - 1 3,3 3,1 0 4,1 2,7 1 4,9 4,3 0 5,6 3,7 1 6,5 3,5 0 7,3 2,9 1 8,0 3,2 0 8,9 2,8 1 9,7 4,0 0 10,4 3,8 1 11,2 3,1 0 12,0 3,8 1 12,7 3,2 0 13,6 3,6 1 14,2 4,1 0 15,1 3,5 1 15,9 3,9 0 16,9 3,6 Máx/Min Posição (cm) λ (cm) 1 17,5 3,2 0 18,4 2,9 1 19,3 3,4 0 19,9 3,3 1 20,7 3,1 Tabela 1: Medidas usando uma placa refletora. Gráfico 1: Distribuição das intensidades na reflexão de micro-ondas em função da distância para o arranjo de uma placa refletora. Em relação a tabela 2, referente ao experimento com o arranjo de Michelson, as medidas apresentaram va- lores próximos do experimento anterior, porém, houve menor flutuação, o que resultou no desvio percentual de σp = 2,3 e um desvio padrão de σ = 0,27 cm, usando como referência o valor de 3,18 cm. O valor do com- primento de onda da micro-ondas para esse caso foi de λ = (3,28 ± 0,93) cm. A representação dos dados da tabela 2 está no gráfico 2. Máx/Min Posição (cm) λ (cm) 1 0 - 0 1,0 - 1 1,9 - 0 2,7 - 1 3,4 3,4 0 4,4 3,1 1 5,1 3,6 0 5,9 3,5 1 6,7 3,5 0 7,6 3,7 1 8,3 2,9 3 Máx/Min Posição (cm) λ (cm) 0 9,2 3,2 1 9,9 3,5 0 10,8 3,2 1 11,6 3,4 0 12,5 3,2 1 13,1 3,4 0 13,9 3,2 1 14,7 3,5 0 15,7 3,4 1 16,3 3,6 0 17,3 3,5 1 18,0 4,0 0 18,7 3,0 1 19,4 3,7 0 20,4 3,5 1 21,1 3,50 21,9 3,2 Tabela 2: Medidas usando o arranjo de Michelson. Gráfico 2: Distribuição das intensidades na reflexão de micro-ondas em função da distância para o arranjo de Michelson. Como terceira parte do experimento usamos uma grade metálica onde procuramos investigar o estado de polarização da onda emitida pela fonte de micro- ondas, observamos que quando a grade era colocada horizontalmente na frente da fonte, a mesma não in- terferiu na intensidade do sinal gerado pelo diodo de- tector, e quando foi usado a grade na vertical, o sinal detector era nulo. Isso indica que o estado de pola- rização da micro-onda era horizontal, pois quando a direção de oscilação do campo elétrico coincide com a direção da grade, são geradas correntes elétricas no metal que dissipam parte da energia da onda por efeito Joule, e a outra parte é refletida, como sabe-se da teo- ria eletromagnética. O uso da grade metálica mostrou que é posśıvel bloquear a micro-onda combinando a posição da grade hora horizontal e hora vertical. Conclusão Os dois experimentos realizados permitiram calcu- lar o comprimento de onda da micro-ondas geradas pela fonte. De forma anaĺıtica, a precisão dos resulta- dos foi satisfatória em ambos os casos, apresentando desvios percentuais inferiores a 10% embora a dificul- dade de manter o arranjo experimental corretamente posicionado tenha interferido negativamente nas me- didas do primeiro experimento (arranjo de placa re- fletora), foi ainda posśıvel verificar com facilidade a polarização das ondas com uso das grades metálicas. Também observamos perfeitamente como podemos re- lacionar o comprimento de onda com o número de máximos ou mı́nimos e a distância entre os refleto- res utilizados nesse experimento. Por sua vez, vimos de forma prática a caracterização de uma onda ele- tromagnética polarizada por meio da conservação do vetor campo elétrico no plano de polarização (plano de oscilação) que evidenciou o comportamento das micro- ondas quando estas passam entre planos que não estão na mesma direção que do vetor campo elétrico. Bibliografia [1] J.F. Carvalho, L.J. Queiroz, R.C. Santana. Ro- teiros dos Experimentos. IF-UFG, 2020. [2] J.R. Reitz, F.J. Milford, and R.W. Christy. Fun- damentos da teoria eletromagnética. Editora Campus, 1982 [3] SEARS, Francis Weston, Hugh D. YOUNG, and Mark W. ZENANSKY. F́ısica 2: mecânica dos flui- dos, calor e movimento ondulatório. Rio de Janeiro: Livros (1984). 4
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