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TRABALHO DE PARTO COM DISTOCIAS HABILIDADES PROFISSIONAIS IV PROFª ME. JHENNYFER BARBOSA OBJETIVOS DA AULA • Definir e caracterizar os diferentes tipos de distocia; • Relacionar a distocia intraparto com possíveis desfechos maternos e neonatais; • Apresentar as condutas recomendadas para resolução de distocias. O QUE É UMA DISTOCIA? É uma perturbação/ complicação no bom andamento do trabalho de parto com implicação em 3 fatores: 1. Força motriz ou contratilidade uterina – Distocia Funcional 2. Feto – Distocia do objeto 3. Bacia e partes moles – Distocia do trajeto O pronto diagnóstico e a adequada condução das distocias intraparto são determinantes para garantir o bem estar materno e fetal. DISTOCIA É importante também considerar, ao se diagnosticar uma distocia: • Ambiente onde a mulher está sendo assistida • Atitude da mulher - se postura mais ativa ou não • Estado emocional da mulher • O tipo de apoio e suporte físico e emocional que ela estiver recebendo • Paridade • Dilatação e mudanças cervicais, além da altura da apresentação • Contrações uterinas • Necessidade de referência ou solicitação de assistência profissional apropriada (BRASIL, 2017) DISTOCIA FUNCIONAL DISTOCIA FUNCIONAL Caracterizada como a alteração na força motriz durante o trabalho de parto. Pode estar presente em até 37% das nulíparas com gestações de baixo risco. Utiliza-se a Classificação de Goff para descrever as Distocias funcionais: • Distocia por hipoatividade uterina • Distocia por hiperatividade uterina • Distocia por hipertonia • Distocia por hipotonia uterina • Distocia de dilatação (FESBRASGO, 2017) CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA • Distocia por hipoatividade uterina • Os elementos da contração encontram-se abaixo do normal, gerando um parto lento. • Para classificar o parto como lento, não é recomendado considerar a evolução da dilatação do colo uterino de 1 cm/h. As definições atuais para avaliar a progressão do trabalho de parto são: • Fase latente: caracteriza-se por contrações dolorosas, irregulares, com alterações variáveis na cérvice e dilatação inferior a 5 cm. Tem duração indeterminada, devendo-se evitar internação nessa fase para que não se avalie como progressão lenta um trabalhode parto que não iniciou efetivamente. Não se recomenda uso de ocitocina ou amniotomia para acelerar a fase latente. • Fase ativa: caracteriza-se por contrações dolorosas, regulares, com aumento da velocidade de dilatação a partir e 5 cm. • Considera-se a necessidade de intervenção nessa fase quando não há progressão da dilatação cervical por pelo menos 4 horas com contrações adequadas ou melo menos 6 horas sem mudança cervical e administração de ocitocina com contrações inadequadas. • Pode-se utilizar também a amniotomia na tentativa de corrigir uma distócia funcional, se as membranas estiverem íntegras. Nesse caso, espera-se evolução da dilatação após duas horas do procedimento. (OMS 2018; Ehsanipoor e Santin, 2022) Todas as intervenções devem ser explicadas e consentidas pela parturiente. Distocia por hiperatividade uterina • Os elementos da contração estão acima do normal, porém não geram necessariamente um parto rápido. • Hiperatividade com obstrução, como devido à desproporção cefalopélvica, tumor de trajeto prévio, ou sinéquia do colo uterino; • Hiperatividade sem obstrução– a hiperatividade é intrínseca, levando a um parto rápido, ao que se conceitua um parto em 3 horas ou menos– desde o início do trabalho de parto até o nascimento e dequitação. (FESBRASGO, 2017) Distocia por hipertonia • Gera um parto lento, causado normalmente por: • Uso indevido de ocitocina – causa mais frequente de hipertonia. Deve-se suspender seu uso imediatamente. • Sobredistensão uterina – por gemelidade ou polidramnia, por exemplo. Deve- se tentar amniodrenagem ou rotura de uma das bolsas amnióticas, se clinicamente possível e consentido. Distocia por hipotonia uterina • Não possui relevância clínica durante a dilatação ou no período expulsivo, mas pode acarretar em uma dequitação retardada. Deve ser corrigida com medidas ocitócicas. (OMS 2018; Febrasgo, 2017) Distocia de dilatação Seu diagnóstico é feito por eliminação. São casos em que a atividade uterina e o tônus são normais, mas a evolução ainda assim não é favorável. O quadro clínico pode se apresentar de duas formas: • Com parturiente ansiosa – a liberação de catecolaminas na circulação decorrente do estresse pode levar à incoordenação uterina. São recomendadas técnicas de relaxamento (respiração, música, atenção plena e outras técnicas), técnicas manuais (massagens, compressas de calor), suporte contínuo no trabalho de parto, além de analgesia medicamentosa (regional, inalatória, endovenosa). • Quando não se trata de ansiedade, pode estar ocorrendo inversão de gradiente ou incoordenação de primeiro grau idiopáticos. Deve-se adotar medidas ocitócicas, visto que a ocitocina sensibiliza o marcapasso uterino. (Febrasgo, 2017) DISTOCIA DE OBJETO DISTOCIA DE OBJETO • São as anormalidades que ocorrem no trabalho de parto atribuídas ao feto, como o tamanho do bebê, apresentação (pélvica, transversa) ou posição da apresentação, como os assinclitismos. TAMANHO FETAL O tamanho do feto pode prejudicar uma boa evolução do trabalho de parto quando este for estimado em mais de 4kg ou quando, mesmo não tendo um peso aumentado, a bacia materna não apresenta diâmetros que permitam a sua passagem, ao que se denomina desproporção cefalopélvica. Deve-se tentar identificar uma distócia pelo tamanho fetal preferencialmente antes do trabalho de parto efetivamente, o que pode ser evidenciado de diversas maneiras: • Altura uterina acima do percentil 95 para idade gestacional; • Presença de edema suprapúbico e membros inferiores sem insinuação do pólo cefálico no estreito superior da bacia; • Estimativa do peso fetal por meio de ultrassonografia obstétrica; • Prova de trabalho de parto – caracteriza-se a parada secundária de dilatação pelo partograma. • Distócia de biacromial Esse é um tipo de complicação mais grave que pode ocorrer no trabalho de parto. Embora o bebê esteja posicionado corretamente com a cabeça para baixo, após a passagem da cabeça, os ombros não se desprendem. Sinal de tartaruga PROTOCOLO ALEERTA DISTOCIA DE TRAJETO DEFINIÇÃO As anormalidades do trajeto se traduzem pela presença de distocias ósseas ou de partes moles e representam estreitamentos da pelve capazes de diminuir sua capacidade e, com isso, dificultar ou impedir a passagem fetal. DISTOCIAS DO TRAJETO MOLE • Podem ser ocasionadas pelas anomalias localizadas em qualquer uma das porções do canal do parto (colo, vagina, vulva) e por tumorações prévias, genitais ou extragenitais. • Distocias do colo • Distocias da vagina • Distocias da vulva • Tumorações prévias • Miomas uterinos • Cistos e tumores do ovário Aglutinação de Colo Saculações do Colo A. Anterior B. Posterior Distocia por mioma uterino DISTOCIAS DO TRAJETO MOLE Vu lv a: c on di lo m a ac um in ad o Colo: Edema de Colo Vulvar: Bartolinite DISTOCIAS DO TRAJETO DURO (VICIOS PÉLVICOS) • A pelve viciada apresenta acentuada redução de um ou mais de seus diâmetros, ou modificação apreciável de forma. DIAGNÓSTICO: • Os vícios pélvicos de grande porte são facilmente diagnosticados durante os exames pré-natais, pela pelvimetria externa ou à simples inspeção; causam transtornos já durante as últimas fases da gravidez Para diagnosticá-las, o principal meio de avaliação ainda é clínico, através da pelvimetria, apesar da possibilidade de realização de radiografias de quadril ou ressonância magnética da pelve, para as quais reservamos os casos mais dúbios. Ginecoide Andróide Platipelóide Antropóide DISTOCIA DE TRAJETO DISTOCIA DE TRAJETO • Estreito Superior – Borda superior da sínfise púbica – asas do sacro e promontório; • Estreito Médio – Região central da sínfise púbica e espinhas isquiáticas;• Ponto de menor diâmetro da bacia • Estreito Inferior – Borda inferior da sínfise púbica até o cóccix • Quando o feto já passou aqui, é porque já está nascendo. DISTOCIAS DO TRAJETO DURO (VICIOS PÉLVICOS) Tabela 1 – Topografias das distócias ósseas, avaliação pelvimétrica e quadros clínicos correspondentes. DISTOCIAS DO TRAJETO DURO (VICIOS PÉLVICOS) DISTOCIAS DO TRAJETO DURO Embora não sejam tão frequentes, as distocias intraparto representam grande risco para a mulher e seu bebê. Para que ela seja identificada e tratada precocemente, é fundamental que os profissionais de saúde estejam treinados e habilitados para intervir quando necessário. MANOBRAS intraparto • Vamos praticar? REFERÊNCIAS REZENDE: obstetrícia fundamental / Carlos Antonio Barbosa Montenegro, Jorge de Rezende Filho. – 14. ed. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. ZUGAIB, M. Obstetrícia. 1ª ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2008. FEBRASGO POSITION STATEMENT. Manejo da distocia de ombro. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/images/pec/posicionamentos-febrasgo/FPS--- N7---Julho-2022---portugues.pdf. FEBRASGO. Distocias. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/184-distocias. Ehsanipoor RM, Satn AJ. Labor: overview of normal and abnormal progression. Uptodate, 2022 Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Shoulder dystocia.Protocols for High Risk Pregnancies. London. 2012;(2):18. Amorim MMR, Duarte AC, Andreucci CB, Knobel R, Takemoto ML . Distocia de ombro: proposta de um novo algorítmo para conduta em partos em posições não supinas FEMINA | Maio/Junho 2013 | vol 41 | no 3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA3.0 IGO. https://www.febrasgo.org.br/images/pec/posicionamentos-febrasgo/FPS---N7---Julho-2022---portugues.pdf https://www.febrasgo.org.br/images/pec/posicionamentos-febrasgo/FPS---N7---Julho-2022---portugues.pdf https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/184-distocias Slide 1: TRABALHO DE PARTO COM DISTOCIAS Slide 2: OBJETIVOS DA AULA Slide 3 Slide 4: DISTOCIA Slide 5: DISTOCIA FUNCIONAL Slide 6: DISTOCIA FUNCIONAL Slide 7: CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12: DISTOCIA DE OBJETO Slide 13: DISTOCIA DE OBJETO Slide 14 Slide 15 Slide 16: PROTOCOLO ALEERTA Slide 17: DISTOCIA DE TRAJETO Slide 18: DEFINIÇÃO Slide 19: DISTOCIAS DO TRAJETO MOLE Slide 20 Slide 21: DISTOCIAS DO TRAJETO MOLE Slide 22: DISTOCIAS DO TRAJETO DURO (VICIOS PÉLVICOS) Slide 23 Slide 24: DISTOCIA DE TRAJETO Slide 25: DISTOCIA DE TRAJETO Slide 26: DISTOCIAS DO TRAJETO DURO (VICIOS PÉLVICOS) Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30: DISTOCIAS DO TRAJETO DURO Slide 31 Slide 32: MANOBRAS intraparto Slide 33: REFERÊNCIAS