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Unidade 1 Folha de pagamento Antonia Jairi Brito © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Sumário Unidade 1 Folha de pagamento ...................................................................................... 7 Seção 1 Formalidades e aspectos legais ......................................................... 8 Seção 2 Férias e 13º salário ............................................................................30 Seção 3 Rescisão de contrato de trabalho ....................................................47 Palavras do autor Caro aluno!Seja bem-vindo à disciplina Práticas Contábeis II. A prática contábil tem se mostrado um dos grandes desafios do profissional da contabilidade, quer pelas modificações normativas que fazem parte da rotina contábil, quer pela evolução tecnológica, a rapidez das informações, as transformações e o surgimento de negócios cada vez mais diversos, pois a prática contábil precisa acompanhar constantemente a evolução das empresas. Estamos na era da Indústria 4.0, do RH 4.0 e, conse- quentemente, na era da Contabilidade 4.0. E sabe o que isso significa? Viver em constante atualização e fazer da tecnologia um aliado do seu trabalho e da sua rotina. Para ajudá-lo a começar a viver na era da Contabilidade 4.0, esta disci- plina desenvolverá os conceitos de folha de pagamento, obrigações acessórias da folha de pagamento e tributação. Com estes conhecimentos será hora de vivenciar uma rotina mais próxima da realidade dos escritórios e empresas. Estruturamos esta disciplina conforme indicado a seguir. Na primeira unidade o tema central será a folha de pagamento, serão apresentadas as legislações pertinentes a elaboração e as diretrizes de cálculos dos proventos e descontos da folha de pagamento de uma empresa. Antes disso, porém, serão apresentadas como a admissão de um funcionário afeta a folha de pagamento e quais informações precisam ser prestadas via eSocial desde a contratação do funcionário. Além disso, serão vistos os cálculos das férias e do 13º salário, assim como calcular a rescisão de um funcionário. Na unidade dois serão apresentados os conceitos do eSocial, um novo sistema de registro, elaborado pelo Governo Federal, para facilitar a adminis- tração de informações relativas aos trabalhadores e que eram prestadas separadamente antes do lançamento do eSocial. Também serão apresentados os eventos do eSocial, que precisam ser muito bem entendidos para que as informações prestadas sejam corretamente fornecidas e quais são prestadas quando ocorre um acidente de trabalho. O tema da unidade três será tributação, mais especificamente sobre Lucro Real e Lucro Presumido, temas muito importantes para quem vai trabalhar no departamento fiscal de uma empresa ou escritório contábil. Esta unidade se propõe a apresentar os procedimentos de apuração destes tributos e ressalta a importância de as empresas realizarem planejamento tributário para uma boa gestão de tributos. Também serão apresentadas as formas de contabilização dos tipos tributários e os principais livros que envolvem estas tributações. O Simples Nacional é o tema da unidade quatro. Nela serão apresentados a forma de tributação de acordo com o tipo de atividade e quais tributos e alíquotas são incidentes para cada tipo de atividade, fazendo com que o uso correto dos anexos do Simples Nacional se tornem um ponto de atenção e de correta aplicação. Não deixe de tirar proveito desta disciplina para lapidar conceitos, rever processos e melhorar a sua atuação como profissional da área contábil. Lembre-se que na era da Contabilidade 4.0 o seu trabalho tem que estar além do operacional, você precisa se tornar um cientista contábil. Bons estudos! Unidade 1 Antonia Jairi Brito Folha de pagamento Convite ao estudo Nesta unidade de ensino você aprenderá sobre a rotina de um departa- mento pessoal, como este departamento se organiza e cumpre as suas obriga- ções em uma empresa ou escritório contábil. Não sei se você tem acompanhado as notícias, mas o departamento pessoal foi sacudido recentemente com uma série de mudanças e legislações que alteram várias atividades do seu dia a dia. Para citar alguns exemplos, você ouviu falar da Reforma Trabalhista? Chegou a acompanhar o processo de implementação do eSocial? Quem sabe você não tem visto comentários acerca da Lei de Liberdade Econômica? É claro que as legislações mudam de tempos em tempos e você precisa estar atento para que os processos não sejam feitos de forma equivocada, desde a admissão de um funcionário, passando pelo pagamento mensal dele, até o momento do seu desligamento. Na unidade, você encontrará as atualizações de legislações ocorridas nestes últimos tempos, realizará cálculos de salário mensal, férias e 13º salário. Também vai aprender os trâmites necessários para realizar uma rescisão e sobre como agir em caso de acidente de trabalho. Tudo isso, sempre tendo o eSocial como base da informação, afinal ele chegou como uma das mais detalhistas etapas do ambiente SPED (Sistema Público de Escrituração Digital). Mas sabe o que você ganha com tantos assuntos assim? Uma visão de constante atualização e necessidade de estar sempre amparado(a) pela legis- lação, para jamais colocar em risco os procedimentos executados no depar- tamento pessoal da sua empresa. Vamos começar o aprendizado? 8 Seção 1 Formalidades e aspectos legais Diálogo aberto Caro aluno, Em algum momento da sua carreira você irá se deparar com o tema folha de pagamento, quer seja para aplicar na sua rotina de trabalho, quer seja para conferir os seus proventos em um holerite. Por isso, aproveite esta experi- ência para aumentar seus conhecimentos sobre os conceitos e cálculos reali- zados para o pagamento de salário. Para começar, imagine que você trabalha em um escritório contábil que tem como cliente uma empresa de terceirização de serviços que contratou uma funcionária por um salário de R$2.500,00. Por trabalhar com produtos tóxicos, ela recebe um adicional de periculosidade de 30%, conforme laudo emitido pelo engenheiro de segurança do trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT. A funcionária tem dois dependentes, um filho de quatro anos e outro de 14 anos, convênio médico, pelo qual paga R$ 75,00 mensais, e vale trans- porte, pelo qual paga R$ 30,88 mensais. Neste mês, teve 27 dias úteis e quatro domingos, a funcionária trabalhou cinco dias após o expediente, totalizando 10 horas extras. Quando a funcionária recebeu seu recibo de pagamento este mês, ela não entendeu o valor recebido e pediu que o departamento pessoal explicasse como haviam chegado ao valor líquido que estava sendo pago. Nesta hora, você foi verificar no sistema o valor pago, e além disso decidiu verificar os cálculos no Excel, garantindo que não existiam erros nos cálculos através da conferência por outro método, além da possibilidade de mostrar cada passo do cálculo para a funcionária. Utilize as tabelasde apoio e realize os seguintes procedimentos: a. Calcular o salário base. b. Calcular as horas extras. c. Calcular os valores de INSS e IRPF. d. Elaborar o recibo de pagamento com os cálculos apresentados. Vamos começar? 9 Não pode faltar Os direitos dos trabalhadores estão descritos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que garante a todos os trabalhadores com carteira assinada alguns direitos, que foram sendo revisados a cada alteração dela, normalmente buscando melhorar e garantir direitos. Nesta década, por exemplo, devido a mudanças nas relações de trabalho e nas formas de realizar esses trabalhos, uma crise econômica que gerou muito desemprego e a alteração do perfil do trabalhador, que está cada vez mais idoso, houve a publicação quase simultânea da Lei nº 13.467/17 - Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017c), da Lei nº 13.874/19 - Lei de Liberdade Econômica e a da PEC – 287 (BRASIL, 2019a), a Reforma Previdenciária (2019). Estas legislações alteraram pontos significativos da CLT, como é o caso das férias, das horas extras e dos tipos de contratos permitidos entre as partes. Dica Torne a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) sua parceria constante para verificar os direitos dos trabalhadores. Utilize sempre a versão atualizada e de fonte segura, como a que você consegue acessar no site de busca da Câmara dos Deputados: BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (1943). CLT: Consoli- dação das Leis do Trabalho [recurso eletrônico]. Organizador: Eliezer de Queiroz Noleto. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2018. Com tantas mudanças que afetam os trabalhadores e os seus direitos, está sendo necessário rever muitos processos no departamento pessoal para garantir que as normativas sejam cumpridas e os direitos respeitados, afinal, todas estas mudanças causam reflexo direto na folha de pagamento de uma empresa. Temos os impactos do eSocial sobre os processos de admissão, porque embora o eSocial não tenha trazido mudanças na legislação, ele centralizou diversas infor- mações entregues por diferentes obrigações acessórias e passou a evidenciar de forma mais rápida e digital se os diretos dos trabalhadores estão sendo respeitados. Vocabulário O eSocial é um projeto do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, que tem por objetivo desenvolver um sistema de coleta de informações trabalhistas, previdenciárias e tribu- tárias, armazenando-as em um Ambiente Nacional Virtual, a fim de possibilitar aos órgãos participantes do projeto, na medida da perti- 10 nência temática de cada um, a utilização de tais informações para fins trabalhistas, previdenciários, fiscais e para a apuração de tributos e da contribuição para o FGTS (ESOCIAL, 2018, p. 4). Trataremos do eSocial no papel de centralizador e substituto de diversas obrigações acessórias nas próximas seções. Por enquanto, vamos nos manter nos impactos causados por ele nos processos de admissão, que representa a entrada das informações para gerar uma folha de pagamento, quer seja pelas informações a serem prestadas ao eSocial, quer seja pelo prazo. Lembrando que o eSocial não alterou legislação alguma. Veja as informações necessárias para envio ao eSocial no Quadro 1.1. Quadro 1.1 | Admissão - Documentos e prazos do eSocial Documentos e Informações a serem informadas na admissão Envio ao eSocial Número no Cadastro de Pessoa Física – CPF, data de nascimen- to; data de admissão; matrícula do empregado; categoria do trabalhador; natureza da atividade (urbano/rural); código da Classificação Brasileira de Ocupações - CBO; valor do salário contratual; tipo de contrato de trabalho em relação ao seu prazo, com a indicação do término quando se tratar de contrato por prazo determinado. até o dia anterior ao início das atividades do trabalhador Nome completo, sexo, grau de instrução, endereço e naciona- lidade; descrição do cargo e/ou função; descrição do salário variável, quando for o caso; nome e dados cadastrais dos depen- dentes; horário de trabalho ou informação de enquadramento no art. 62 da CLT; local de trabalho e identificação do estabeleci- mento/empresa onde ocorre a prestação de serviço; informação de empregado com deficiência ou reabilitado; indicação do empregador para o qual a contratação de aprendiz por entidade sem fins lucrativos está sendo computada no cumprimento da respectiva cota, identificação do alvará judicial em caso de contratação de trabalhadores com idade inferior à legalmente permitida, data de opção do empregado pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, nos casos de admissão anterior a 1º de outubro de 2015 para empregados domésticos ou anterior a 5 de outubro de 1988 para os demais empregados; informação relativa a registro sob ação fiscal ou por força de decisão judicial, quando for o caso até o dia 15 (quinze) do mês subsequente ao mês em que o empregado foi admitido Fonte: Portal eSocial – adaptado. Um dos tópicos solicitados pelo eSocial na admissão é a informação do contrato de trabalho. Segundo o Art. 443. da CLT, o contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo deter- minado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. Observe as características de cada contrato no Quadro 1.2. 11 Quadro 1.2 | Tipos de contratos de trabalho CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de servi- ços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a. de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b. de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Fonte: elaborado pela autora. O contrato por prazo determinado e o contrato por prazo indeterminado não tiveram grandes alterações pós Reforma Trabalhista, mas é preciso conhecer as regras do teletrabalho, mais conhecido como home office, e do novo tipo de contrato, o contrato intermitente. • Teletrabalho A CLT determina que teletrabalho é a “prestação de serviços preponderante- mente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo” (BRASIL, 2018, p. 31). Ainda que, eventualmente, o trabalhador vá até as dependências do empregador para realizar atividades específicas, isso não descaracteriza o teletrabalho. O teletrabalho será firmado por contrato individual – e as “disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipa- mentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas por escrito” (BRASIL, 2018, p. 31). A alteração de teletrabalho para regime presencial requer que o empregador avise ao trabalhador com, no mínimo, quinze dias para transição e faça um aditivo contratual. Da mesma forma, será necessário um aditivo de contrato se a alteração for inversa, passando de presencial para teletrabalho, sempre que haja acordo mútuo entre as partes. 12 • Contrato Intermitente Previsto no artigo 452-A da CLT, o contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. (BRASIL, 2018, p. 76) O empregador convoca o empregado e, recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho,a parte que descum- prir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I. remuneração; II. férias proporcio- nais com acréscimo de um terço; III. décimo terceiro salário proporcional; IV. repouso semanal remunerado; V. adicionais legais. O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas. E é isso que gera impacto na folha de pagamento. Reflita Será que o contrato intermitente altera alguma coisa na rotina do depar- tamento pessoal? Como dá para perceber, quer seja pela obrigação de informar, o eSocial deter- mina, ou pelas modificações de contrato de trabalho, existe a necessidade de rever a rotina do departamento pessoal para que ele possa ganhar eficiência e evitar erros. É o caso de uma das rotinas mais comuns das empresas que fazem o fecha- mento de ponto para a folha no dia 20 de cada mês, deixando as horas extras dos demais dias para pagamento no mês subsequente. Essa prática não pode ser feita, como fica evidenciada neste posicionamento do Comitê Gestor do eSocial sobre esse procedimento: 13 o prazo de pagamento das verbas salariais é definido pelo art. 459, §1º, da CLT, não tendo sofrido qualquer alteração com o advento do eSocial. Portanto, qualquer pagamento como contraprestação de serviços prestados no mês, inclu- sive do dia 25 a 30 (p. ex., horas extras, adicional noturno, comissões, etc.) deverá ser efetuado até o 5º dia útil do mês subsequente. (ESOCIAL, 2020, [s.p.]) E como fica a folha de pagamento agora? Como sempre deveria ser, conforme a legislação vigente. Não é culpa do eSocial, nem mudança causada pelo eSocial, isso está na legislação. E por falar na legislação, a folha de pagamento está prevista no art. 225 do Decreto nº. 3.048/99, regulamento da Previdência Social, é um relatório obrigatório que toda empresa, independente do porte, precisa elaborar. A folha de pagamento apresenta os salários brutos, os valores adicionais aos salários, as retenções e as compensações que dão origem ao salário líquido do trabalhador. Segundo este regulamento, a empresa também tem que cumprir as seguintes obrigações: I. preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos. II. lançar mensalmente em títulos próprios de sua conta- bilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. III. prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secre- taria da Receita Federal todas as informações cadas- trais, financeiras e contábeis de interesse, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos neces- sários à fiscalização. IV. informar mensalmente ao instituto nacional do seguro social, por intermédio da guia de recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e informa- ções à Previdência Social, na forma por ele estabe- lecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de 14 contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele instituto. V. encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional mais numerosa entre seus empregados, até o dia dez de cada mês, cópia da Guia da Previdência Social relativamente à competência anterior. VI. afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativa- mente à competência anterior, durante o período de um mês, no quadro de horário. VII. informar, anualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma por ela estabelecida, o nome, o número de inscrição na Previdência Social e o endereço completo dos segurados. (BRASIL, 1999, [s.p.]) A folha de pagamento é elaborada com base em premissas que servirão para que os cálculos de cada rubrica sejam apurados corretamente. A composição da folha de pagamento pode ser entendida conforme Figura 1.1. Figura 1.1 | Resumo da Folha de Pagamento Salário bruto + adicionais - descontos = salário líquido Fonte: elaborado pela autora. Como salário bruto entende-se o valor da remuneração acordada entre empregador e empregado pela remuneração do seu trabalho. É o valor antes de qualquer adicional ou desconto efetuado pela empresa. Essa remuneração é composta de partes integrantes e não integrantes, sendo assim determi- nadas por serem ou não consideradas no cálculo dos encargos trabalhistas e previdenciários. • Remuneração Segundo o artigo 457 da CLT, “na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais devem ser considerados, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas 15 que receber”, a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comis- sões pagas pelo empregador (BRASIL, 2018, p. 77). No entanto, vale ressaltar que existem outros valores, ainda que pagos de forma habitual, que não integram a remuneração do trabalhador. Estes valores não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário, é o caso da ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos. Assimile A remuneração não deve ser confundida com salário in natura ou salário utilidade, representado pela alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornece habitualmente ao empregado (CLT, art. 458). Não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I. vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II. educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compre- endendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III. transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV. assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde; V. seguros de vida e de acidentes pessoais; VI. previdência privada; VIII. o valor correspondente ao vale-cultura. Os adicionais são os valores acrescidos ao salário em virtude de força de lei ou gratificações acordadas no contrato de trabalho. Os descontos na folha de pagamento podem acontecer em virtude de retenções obrigatórias, como é o caso do Imposto de Renda retido pela empresa e compensações de valores antecipadamente já pagos ao trabalhador, como é o caso do adiantamento de salário. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre alguns dos adicionais e descontos que podem ocorrer na folha de pagamentos de um trabalhador. Vamos começar pelo salário-família • Salário-família Inicialmente concedido a todos os trabalhadores, o salário-família foi instituído pela lei 4266/63. Trata-se de benefício atualmente pago para família de baixa renda, com filhos com idade até 14 anos incompletos ou filhos inválidos, sem limite de idade. Este valor é pago para segurados empre- gados, inclusive os domésticos e trabalhadores avulsos, que passaram a ter 16 este direito a partir de 2015. Para ter direito ao benefício é preciso também ter uma remuneração mensal abaixo do limite da faixa determinada pelo INSS, que é atualizada anualmente através de portaria ministerial. Com relação aos valores, observe o Quadro 1.3. Quadro 1.3 | Salário-família – Ano 2019d PERÍODO FAIXA 1 (em R$) FAIXA 2 (em R$) A partir de 1º/01/2019 Até 907,77 cota 46,54 de 907,77 a 1.364,43 cota 32,80 Fonte: Brasil (2017a, [s.p.]). Para o pagamento do benefício a Previdência Social não exige tempo mínimo de contribuição, assim como não há limitação quanto aonúmero de filhos. No entanto, para renovação do salário-família é necessário apresentar anualmente a carteira de vacinação dos dependentes de até 6 anos de idade, sempre no mês de novembro, sendo suspenso o pagamento até que se regula- rize o envio das documentações. Os dois pais têm direito ao benefício, caso ambos satisfaçam os requisitos para a concessão. • Salário-maternidade O salário-maternidade é concedido às seguradas nos 120 dias em que ficam afastadas após o parto. O direito também é concedido para seguradas que adotam os seus filhos, no entanto a idade da criança interfere no tempo em que será pago o benefício, sendo 120 dias para crianças de até um ano de idade, 60 dias para crianças entre 1 e 4 anos de idade, 30 dias para crianças com idade entre 4 e 8 anos. Assim como acontece com o salário-família, a Previdência Social não exige tempo mínimo de contribuição, mas é preciso comprovar o afastamento por parto ou adoção. Além dos casos que acabamos de discutir, devem ser acrescidos ao salário: horas extras, descanso semanal remunerado, adicional de insalu- bridade, adicional de periculosidade, vale transporte e quaisquer gratifica- ções adicionais que o funcionário possa vir a ter, como é o caso das gorjetas. Vamos entender um pouco sobre esses adicionais? • Horas extras Horas extras são valores pagos a mais pelo tempo que o empregado perma- nece à disposição do empregador, além do horário acordado no contrato de trabalho. Seu conceito alterado pela Lei nº 13.467/17, a Reforma Trabalhista, conforme inciso 1º do art. 59 da CLT. Com esta alteração, a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de duas horas diárias, mediante acordo 17 individual entre empregador e empregado, ou mediante acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho, devendo obrigatoriamente o empregador pagar, pelo menos, mais 50% sobre a hora normal. Exemplificando Para o cálculo de horas extras, utiliza-se como base a hora trabalhada acrescida de 50% do valor. Ou seja, se um trabalhador tem como valor hora o montante de R$10,00, será acrescido o valor de R$ 5,00 (R$ 10,00 x 50%) no valor da hora adicional trabalhada. • Cálculo da hora extra: R$ 10,00 × 50% = R$ 5,00 • Hora extra = R$ 10,00 + R$ 5,00 = R$ 15,00 • Hora extra = R$ 15,00 No entanto, é importante ressaltar que com a publicação da Lei 13.467/17 não será considerada hora extra quando o empregado permanecer na empresa por escolha própria para (i) práticas religiosas; (ii) descanso; (iii) lazer; (iv) estudo; (v) alimentação; (vi) atividades de relacionamento social; (vii) higiene pessoal; (viii) troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Reflita Será que o trabalhador com contrato de trabalho intermitente tem direito a hora extra? • Descanso semanal remunerado O descanso semanal remunerado (DSR) foi criado em 1949 e está previsto no artigo 66 da CLT e determina que entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso. O descanso semanal remunerado será pago de acordo com a jornada de trabalho acordada entre empregador e trabalhador, quer seja mensalista ou horista. O descanso semanal remunerado (DSR) está inserido no valor pago aos trabalhadores mensalistas e, caso o trabalhador não cumpra a sua jornada de trabalho, este valor pode ser descontado do seu salário. Se o trabalhador receber por hora, o DSR pode ser encontrado com base no salário-hora do trabalhador e precisa ser incluído na remuneração. O DSR também precisa ser calculado sobre as horas extras. 18 Outros adicionais que podem ser acrescentados ao salário do trabalhador são: adicional de insalubridade, adicional de periculosidade e adicional noturno. Descritos nos artigos 189 a 197 da CLT, são itens relacionados à saúde do trabalhador. Maiores detalhes no Quadro 1.4. Quadro 1.4 | Adicional de insalubridade – Adicional de Periculosidade – Adicional Noturno ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE ADICIONAL NOTURNO Pago aos trabalhadores que são expostos à agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos. As atividades e operações insalubres estão mencionadas na Portaria no 3.214, de 8-6-1978, conheci- da como NR 15. Existem três graus de risco: mínimo, médio e máximo e de acordo com eles será pago pelo empregador os percen- tuais de 10%, 20% e 40% do salário mínimo. Pago aos trabalhadores que são expostos às atividades consideradas perigosas, que são as regulamentadas pelo Ministério do Trabalho, as que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato per- manente com inflamáveis ou explosivos, em condições de risco acentuado. Será pago ao trabalhador exposto a essas atividades o adicional de 30% sobre o salário efetivo, não inci- dindo esse percentual sobre gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Pago ao trabalhador que tra- balha no período entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, deve receber um adicional de 20% sobre a hora diurna trabalhada. Fonte: elaborado pela autora. É importante lembrar que, se o empregado trabalhar em serviço insalubre e perigoso, deverá optar por um dos dois tipos de adicional, não podendo recebê-los simultaneamente. E os descontos sobre o salário do trabalhador, como são tratados na folha de pagamento? • Descontos sobre a folha de pagamento A CLT determina no artigo 462 que é vedado ao empregador efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Os descontos podem ser divididos em dois grupos: retenções e compensações. As retenções são valores que devem ser retidos dos trabalhadores em função de disposições legais ou ordem judicial. Neste caso, a empresa tem a responsabilidade legal de descontar os valores dos trabalhadores e repassar a terceiros. É o caso do 19 INSS parte do empregado, do IRPF parte do empregado e da pensão por decisão judicial. Já as compensações são valores que representam adiantamentos ou valores que devem ser descontados, mas que não serão repassados a terceiros. É o caso dos adiantamentos e dos empréstimos feitos aos empregados. Para o cálculo das retenções são utilizadas as seguintes tabelas de apoio: Tabela 1.1 | Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF - 2019 BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA PARCELA A DEDUZIR DO IR (R$) Até 1.903,98 - - De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15% 354,80 De 3751,06 até 4.664,68 22,5% 636,13 Acima de 4.664,68 27,5% 869,36 DEDUÇÃO POR DEPENDENTE 189,59 Fonte: Brasil (2015, [s.p.]).Tabela 1.2 | Tabela INSS TABELAS PARA EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO 2019 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO - em Reais ALÍQUOTA Até 1.751,81 8% De 1.751,82 a 2.919,72 9% De 2.919,73 até 5.839,45 11% Fonte: Brasil (2017b, [s.p.]). Tabela 1.3 | Salário-família - 2019 REMUNERAÇÃO VALOR DA COTA SALÁRIO-FAMÍLIA Até R$ 907,77 R$ 46,54 De R$ 907,78 a R$ 1.364,43 R$ 32,80 Acima de 1.364,43 Não tem direito Fonte: Brasil (2017a, [s.p.]). As faltas e atrasos também fazem parte dos descontos a serem lançados na folha de pagamento. Esses valores serão deduzidos da remuneração bruta. As faltas 20 serão calculadas por salário-dia e, no caso do atraso, será descontado com base no salário-hora do funcionário. Após a apuração dos proventos e dos descontos da folha de pagamento, deverá ser calculado pelo empregador o valor do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS. O valor apurado sobre o salário-base não será descontado do funcionário, mas sim depositado em uma conta vinculada ao trabalhador na Caixa Econômica Federal. Esta é uma obrigação patronal, mas deve ser apresentada no recibo de pagamento do trabalhador.Acerca do pagamento, a CLT também determina, no art. 464, que salário deverá ser efetuado contrarrecibo, assinado pelo trabalhador; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo possível, a seu rogo. A Lei nº 9.528/97 acrescentou que o comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimentos de crédito próximos ao local de trabalho, tenha força de recibo. O recibo a ser entregue ao trabalhador deve discriminar todas as parcelas pagas, as horas/dias trabalhados, as faltas injustificadas e os repousos semanais de forma a facilitar a compreensão dos empregados quanto aos proventos e descontos recebidos. O recibo deverá ser apresentado em duas vias para efeito de compro- vação do pagamento do salário, ficando a primeira via em poder do empregador e a segunda com o empregado. Vamos praticar os cálculos dos proventos e descontos vistos até aqui? Exemplificando Uma pequena empresa tem seis funcionários. Ela atua na área de venda de tintas residenciais e automotivas. A empresa tem um pintor, dois auxiliares administrativos, um vendedor, um coordenador e uma assistente de vendas que possuem as premissas de renumeração conforme Quadro 1.5. Quadro 1.5 | Grade de salário – funcionários empresa de tintas Funcio nário Admis são Cargo CBO Estado civil Dep. IRPF Salário bruto Tipo de adicional % Adicional Salário-base 1 6-jan Pintor de estruturas metálicas 72331 5 casado 2 R$ 2.969,00 Periculosidade 30% R$ 3.859,70 2 6-jan Auxiliar administrativo 41101 0 casado 0 R$ 1.150,00 Periculosidade 10% R$ 1.265,00 3 6-jan Auxiliar administrativo 41101 0 casado 0 R$ 1.050,00 Periculosidade 10% R$ 1.155,00 4 6-jan Vendedor 52110 solteiro 1 R$ 2.041,20 Não tem 0% R$ 2.041,20 5 2-abr Coordenador 52011 0 casado 2 R$ 3.532,00 Não tem 0% R$ 3.532,00 6 2-abr 35412 5 casado 0 R$ 1.312,00 Não tem 0% R$ 1.312,00 Fonte: elaborada pela autora. 21 No mês em questão, em função da demanda, o pintor fez 5 horas extras, sendo pago um adicional de 50% sobre o salário-hora. Os funcionários pagam R$ 125,00 a título de plano de saúde compartilhado e R$35,00 do plano odontológico. O mês teve 27 dias úteis e 4 domingos. Para saber o salário líquido do pintor precisamos realizar os seguintes cálculos: • SALÁRIO-BASE: salário bruto + adicional, que neste caso é periculo- sidade de 30%. Então teremos: Salário-base = R$2.969,00 + R$ 890,70 = R$ 3.859,70 • HORA EXTRA: salário-base /220 horas + adicional de hora extra de no mínimo de 50%. Neste caso teremos: HORA EXTRA = (R$ 3.859,70/220) *50% = R$ 26,31 HORA EXTRA = R$ 26,31 x 5 = R$ 131,55 • DSR SOBRE A HORA EXTRA: o valor da hora extra, dividido pelo número de dias úteis e multiplicado pelos domingos. Neste caso teremos: DSR S/ HE = Valor hora extra / dias úteis x domingos DSR S/ HE = R131,55/27*4=19,49 • INSS: salário-base, aplicado sobre alíquota da tabela de INSS. Neste caso teremos: INSS = (R$ 2969,00 + R$ 890,70 + R$ 131,55 + R$ 19,49) x 11,00% = R$ 441,18 • IRRF, que é calculado com base no salário-base menos o valor do INSS, menos o valor dedutível de cada DEPENDENTE. O valor encontrado é multipli- cado pela alíquota e descontado o valor de dedução da tabela de IRRF. Neste caso teremos: IRRF = (R$ 2969,00 + R$ 890,70+ R$ 131,55 + R$ 19,49) - R$ 441,18 (INSS) – R$379,18 (dependentes) = R$ 3.190,38 x (15% - dedução = R$ 478,56 - R$ 354,80) = R$123,76 • FGTS: salário-base x 8%. Neste caso teremos: FGTS = R$ 4.010,74 x 8% = R$ 320,86 Então, o recibo deste funcionário será conforme Quadro 1.6. 22 Quadro 1.6 | Modelo de recibo de pagamentos RECIBO/DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTOS D ec la ro te r r ec eb id o a i m po rtâ nc ia lí qu id a d isc rim in ad a n es te re cib o D at a / / _ __ __ __ __ __ Empregador: CNPJ: Empregado: CTPS: Cargo: Depto.: Período: Cod. Descrição Referência Proventos Descontos Salário normal 30 R$ 2.969,00 Adicional de periculosidade 30% R$ 890,00 Horas extras 5 R$ 131,55 DSR H/E 5 R$ 19,49 Convênio médico R$ - R$ 125,00 Convênio odontológico R$ - R$ 35,00 INSS 11% R$ 441,18 IRPF 15% R$ 123,76 Sal. Cont. INSS R$ 4.010,74 Base IR R$4.010,74 R$ 724,94 Base FGTS R$ 4.010,74 Valor FGTS 320,86 Líquido R$ 3.285,80 Fonte: elaborada pela autora. Apesar da tecnologia dos cálculos serem realizados com base nas premissas parametrizadas nos sistemas contábeis, você precisa treinar a forma de calcular manualmente a folha de pagamento, porque essa técnica será muito útil para a auditoria na folha, que tem sido muito útil devido à necessidade de conferência dos arquivos do eSocial. Aproveite e faça esse treino com os demais funcionários do exemplo acima. Nos vemos na próxima seção! Sem medo de errar É normal que os funcionários não entendam muito bem o valor que recebem mensalmente porque não estão familiarizados com os cálculos realizados para chegar ao valor líquido que receberam. Normalmente não entendem quanto pagam de INSS e Imposto de Renda. 23 Com a funcionária da empresa de terceirização não foi diferente, afinal, ela tinha feito horas extras e não considerou que sobre as horas extras incidiam tributos. Para esclarecer o valor que a funcionária recebeu, você pode realizar os cálculos em um sistema informatizado, em uma planilha de cálculos ou até manualmente, mas como a funcionária tem dúvidas do valor apresentado, a melhor forma é demonstrar como foram feitos os cálculos. Para isso, você vai ter que: a. Calcular o salário-base. b. Calcular as horas extras. c. Calcular os valores de INSS e IRPF. d. Elaborar o recibo de pagamento com os cálculos apresentados. Vamos começar! Para saber o salário líquido realize os cálculos: • CALCULANDO SALÁRIO-BASE Salário Base = salário normal + adicional Salário Base = R$ 2.500,00 + R$ 750,00 (periculosidade) = R$ 3.250,00 • CALCULANDO DSR H/E HORA EXTRA = Salário base /220 horas HORA EXTRA = (R$ 3.250,00/220)*50% = R$ 22,16 HORA EXTRA = R$ 22,16 *10 = R$ 221,60 DSR S/ HE = valor hora extra / dias úteis x domingos DSR S/ HE = R$221,60 /27*4= R$ 32,82 Obs: • CÁLCULO INSS SALÁRIO-BASE * % TABELA INSS = R$ 3.504,42 x 11,00% = R$385,49 • CÁLCULO IRRF SALÁRIO-BASE - INSS - DEPENDENTE x alíquota - dedução IRRF = R$ 3.504,42 - R$ 385,49 (INSS) – R$379,18 (dependentes) x (15% - R$ 354,80) = R$56,16 24 • FGTS: salário-base x 8%. Neste caso teremos: FGTS = R$ 3.504,42 x 8% = R$ 280,35 Lembre-se que o FGTS será depositado em conta apropriada, criada para este fim. Então, o recibo deste funcionário será demonstrado conforme Quadro 1.7. Quadro 1.7 | Recibo de pagamento calculado RECIBO/DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTOS D ec la ro te r r ec eb id o a im po rt ân ci a líq ui da d isc rim in ad a ne st e r ec ib o D at a / / _ __ __ __ __ __ Empregador: CNPJ: Empregado: CTPS: Cargo: Depto.: Período: Cod. Descrição Referência Proventos Descontos Salário normal 30 R$ 2.500,00 Adicional de periculosidade 30% R$ 750,00 Horas extras 10 R$ 221,00 DSR H/E 10 R$ 32,83 Vale-transporte 6% R$ - R$ 125,00 Convênio odontológico 11% R$ - R$ 75,00 INSS 15% R$ 385,18 IRPF R$ 56,16 Sal. Cont. INSS R$ 3.504,42 Base IR R$ 3.504,42 R$ 547,53 Base FGTS R$ 3.504,42 Valor FGTS 280,35 Líquido R$ 2.956,89 Fonte: elaborada pela autora. Parabéns! Agora você pode treinar os cálculos para pagamento de salário com outras situações de remunerações. Avançando na prática Políticas trabalhistas e o eSocial Desde a aprovação da reforma trabalhista, uma empresa de prestação de serviços solicitou ao seu escritório contábil alteração nos procedimentos de 25 desligamento e, por isso, não está fazendo mais exame demissionalde seus funcionários. A empresa justificou que isso representaria uma redução de custo, uma vez que não há mais a obrigação de homologação no sindicato. Imagine que você foi contratado pelo escritório e passou por um treina- mento relacionado à implementação do eSocial. Você iniciou uma análise das políticas praticadas pelo cliente e apontou que ele precisaria ajustar sua política relacionada ao exame demissional. Aproveitando que faria a análise, você solicitou à empresa que encaminhasse um resumo de suas políticas trabalhistas, para verificar se algo mais precisaria ser alterado. As informações foram encaminhadas e estão compiladas no Quadro 1.8. Agora você precisa avaliar os riscos no cumprimento das regras trabalhistas e apresentar um relatório ao dono da empresa, apontando as devidas corre- ções e as legislações que não estão sendo seguidas e serão evidenciadas com a entrega do eSocial. Quadro 1.8 | Políticas Trabalhistas para Análise de Riscos ■ A empresa contrata seus funcionários por indicação. Por isso, solicita no ato da contrata- ção CPF, RG, assim evita o acúmulo de papel. ■ No ato da contratação, a empresa pede que o funcionário assine um documento onde se responsabiliza por informar à empresa possíveis mudanças nos seus dados. ■ Na definição dos cargos e salários a empresa criou uma regra: se for bem avaliado na entrevista, já começa com salário nível 2, que é para motivar o novo funcionário. Isso ocorre, mesmo que outro funcionário tenha mais tempo de casa. O que importa é a produtividade. ■ Segundo o RH da empresa, não há necessidade do Exame Admissional ou Periódico por- que a empresa quer apenas um registro de que eles estavam bem quando foram demitidos. ■ A empresa não se preocupa com a formação do funcionário, basta apenas ele ter expe- riência profissional na área, por isso tem no seu quadro de funcionários vários gerentes e profissionais classificados com CBO diferentes da sua formação. Fonte: elaborado pela autora. Resolução da situação-problema Com as mudanças trazidas pelo eSocial, fizemos uma análise dos seus processos de admissão e demissão, seguem algumas informações acerca das práticas utilizadas por sua empresa e uma análise de risco quanto ao cumpri- mento da legislação trabalhista e previdenciária. No que se refere à admissão de funcionários, e segundo o eSocial solicita, é necessário apresentar no momento da admissão os seguintes documentos inicialmente: a. número no Cadastro de Pessoa Física – CPF 26 b. data de nascimento c. data de admissão d. matrícula do empregado e. categoria do trabalhador f. natureza da atividade (urbano/rural) g. código da Classificação Brasileira de Ocupações - CBO h. valor do salário contratual; i. tipo de contrato de trabalho em relação ao seu prazo, com a indicação do término quando se tratar de contrato por prazo determinado. [...] (BRASIL, 2019, [s.p.]) Acerca desta documentação, é importante ressaltar que o CBO do funcio- nário tem que estar de acordo com a qualificação da atividade a ser exercida pelo funcionário, diferente do que se tem feito atualmente. Também precisamos ressaltar que em todas contratações e demissões a empresa precisa fazer o exame admissional e demissional, independente da necessidade de homologação no sindicato, porque esta é uma solicitação da legislação trabalhista e não sindical. Sem o cumprimento destas regras, o risco da empresa ser multada aumenta consideravelmente, ainda mais com a implementação do eSocial que torna a fiscalização mais efetiva e rápida. Atenciosamente, Contador – CRC xxxxxx-x . Faça valer a pena 1. Segundo o Art. 2º da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. [Acres- centa-se no § 2º que] sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou adminis- tração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada 27 uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. (BRASIL, 2018, [s.p.]) De acordo com o texto-base referente à CTL (Consolidação das Leis do Trabalho) pós-reforma trabalhista, o que é considerado como serviço efetivo? a. O período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expres- samente consignada. b. O tempo à disposição do empregador, o tempo computado como período extraordinário que exceder a jornada normal, mesmo que ultrapasse o limite de cinco minutos previstos para atividades reali- zadas por escolha do empregado. c. O tempo de trabalho à disposição da empresa, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares. d. Apenas o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, não podendo ser considerado o trabalho executado no domicílio do empregado e o realizado a distância. e. O tempo de descanso, estudo, alimentação, atividades de relaciona- mento social, higiene pessoal, troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa 2. Com a evolução da tecnologia e como forma de redução de custos, foi aprovada pela Reforma Trabalhista a prestação de serviços na modalidade de teletrabalho, que é a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Acerca do teletrabalho, considere as seguintes afirmativas: I. A responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. 28 II. A alteração do regime de teletrabalho para o presencial poderá ocorrer por determinação do empregador, sem necessidade de registro de aditivo contratual, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias. III. Não é responsabilidade do empregador instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. IV. O comparecimento às dependências do empregador para a reali- zação de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em: a. I e II, apenas. b. I e IV, apenas. c. I, II e III, apenas. d. II, III e IV, apenas. e. I, II, III e IV. 3. Segundo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), contrato indivi- dual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Poderá ser acordado verbalmente ou por escrito, por prazo deter- minado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as características referentes ao contrato de trabalho. a. O contrato de trabalho por prazo indeterminado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de prazo. b. O contrato por prazo determinado é aquele contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado. c. Contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo. 29 d. O contrato de trabalho por prazo determinado deve conter especifica- mente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo. e. Contrato de trabalho intermitenteé o contrato que for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de prazo. 30 Seção 2 Férias e 13º salário Diálogo aberto Após um ano de trabalho, o trabalhador anseia por férias e, no final de cada ano, aguarda pelo 13º salário. Será que você já pensou nas particula- ridades do cálculo de férias e o 13º salário? Isso já faz parte da sua exper- tise ou será um aprendizado novo para o seu desenvolvimento profissional? Em qualquer situação, lembre-se que essas particularidades de conceitos e cálculos contribuirão para o seu conhecimento e podem se tornar um diferencial de carreira. Por isso, dedique-se ao estudo! Para ajudar neste processo, conheça a situação que ocorreu com uma empresa de terceirização, que tem sete anos de mercado e uma equipe formada por profissionais treinados e atenciosos. Apesar da rotatividade, eles têm alguns funcionários que estão desde o começo da empresa na equipe. Dentre esses fiéis funcionários, existe uma auxiliar de serviços gerais que começou a trabalhar na empresa no dia 27/05/20x1, ano de fundação da empresa. A funcionária tem salário de R$2.500,00 e recebe adiantamento de 40% no dia 20 do mês. Por trabalhar com produtos tóxicos, recebe um adicional de periculosidade de 30%, tem dois filhos, de quatro e seis anos respectivamente. Optou por receber o vale transporte via cartão recarregável e paga 4 passagens por dia, ao custo de R$4,95 cada passagem. Como a empresa ganhou uma nova licitação para atender um grande hospital da cidade e com a correria das contratações da nova equipe para este local, o responsável pelo Departamento Pessoal da empresa esqueceu de enviar para o escritório de contabilidade a solicitação do aviso de férias dessa funcionária, o que gerou uma certa apreensão, com receio de ter passado o tempo máximo para gerar férias sem precisar pagar o dobro, mas não era o caso desta funcionária. Você está sendo convidado a ajudar a equipe do escritório contábil da empresa a elaborar o aviso de férias, apresentando o valor a ser pago para a funcionária, considerando que ela vai gozar de 20 dias de férias e vender 10 dias. Para tanto, elabore uma planilha para cálculo das férias, conforme modelo a seguir, utilizando as informações da situação problema e considerando os valores que fazem parte da remuneração de férias. 31 Quadro 1.9 | Modelo de planilha de folha de pagamento – Férias FOLHA DE PAGAMENTO – CÁLCULO FÉRIAS PREMISSAS Dias de férias (gozo) Dias de férias (abono pecuniário) Remuneração base Valores adicionais %INSS %IRPF Dependentes CÁLCULOS VALORES CALCULADOS PREMISSA Proventos PREMISSA Descontos Valor de férias 1/3 de férias Abono pecuniário 1/3 abono pecuniário INSS IRPF Totais Valor de férias líquido Fonte: elaborado pela autora. Para execução desta atividade siga os seguintes passos: 1. Analise quais informações serão utilizadas para realizar o cálculo das férias. 2. Elabore uma planilha com o cálculo da remuneração de férias. 3. Calcule os tributos incidentes sobre as férias consultando a tabela de incidência. 4. Apresente o valor líquido de férias a ser pago para a funcionária. Para a realização dos cálculos de INSS e IRPF, utilize as tabelas auxiliares. Vamos começar? 32 Não pode faltar Considerados direitos fundamentais dos trabalhadores, tanto as férias como o 13º salário apresentam o mesmo tratamento contábil ao longo do ano, sendo contabilizados mês a mês como despesas do período e com incidência de INSS, IRPF e FGTS. Para as férias há ainda o lançamento adicional de 1/3 do valor mensal, também considerado para cálculo de INSS, IRPF e FGTS. Segundo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. Como as faltas interferem na quantidade de dias de férias, a CLT no artigo 130 determina um limite de faltas x dias de férias. Veja esta proporção no Quadro 1.10. Quadro 1.10 | Proporção de limites de faltas x dias de férias DIAS DE FÉRIAS 30 24 18 12 LIMITE DE FALTAS ATÉ 5 de 6 a 14 de 15 a 23 de 24 a 32 Fonte: Brasil (2018, art. 130). Vale ressaltar que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), no artigo 473, determina que não são consideradas faltas as ausências de: • Até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que viva sob sua depen- dência econômica na CTPS. • Até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento. • Por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana. • Até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva. • Por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada. • No período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar. • Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. 33 • Nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. • Pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de represen- tante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. • Até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira. • Por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. • Até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada. Além das situações listadas, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) considera que não serão considerados como falta para cálculo de férias o licenciamento compulsório da empregada por motivo de maternidade ou aborto, a ausência por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a ausência justifi- cada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário, ausência durante a suspensão preven- tiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido e ausência nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inciso III do art. 133. Segundo o artigo 133 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), não tem direto de férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: • Deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 dias subse- quentes à sua saída. • Permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 dias. • Deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa. • Tiver percebido prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-do- ença por mais de 6 meses, embora descontínuos. Após a Reforma Trabalhista alguns pontos precisam ser observados com atenção. O fracionamento das férias é um desses pontos. Se antes o empre- gador deveria garantir o direito de 30 dias de férias corridos, podendo, excep- cionalmente, fracionar as férias em dois períodos, com a Reforma Trabalhista, 34 desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Além disso, o período de férias não pode iniciar quando o período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Assimile Após a Reforma Trabalhista é possível fracionar as férias em até três períodos, conforme descrito no artigo 134 Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e detalhado na Figura 1.2. Figura 1.2 | Períodos de férias aprovados na ReformaTrabalhista 1º Período nunca inferior a 14 dias 2º Período nunca inferior a 5 dias 3º Período nunca inferior a 5 dias Fonte: elaborado com base em Brasil (2018). Exemplos de fracionamento de períodos: • 15 dias + 15 dias • 14 dias + 10 dias + 6 dias • 14 dias + 5 dias + 11 dias Vale destacar que a CLT determina que poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa, ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa, mas, no que se refere ao fracionamento, as férias poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. Vale destacar que a CLT determina que poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa, ou de determinados estabe- lecimentos ou setores da empresa, mas, no que se refere ao fracionamento, as férias poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. Você sabia? O trabalhador intermitente recebe imediatamente o valor referente às férias depois de completar o serviço. Como não pode trabalhar de forma ininterrupta, a cada doze meses este trabalhador não poderá ser convocado pelo mesmo empregador para prestar serviços, uma vez que 35 ele recebe o pagamento das férias, dando-lhe o direito de ficar um mês sem trabalhar. Conforme exige a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) no artigo 135, a concessão das férias será participada ao empregado, por escrito, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias, mediante assinatura do recibo de férias. Também deverá ser anotada no livro ou nas fichas de registro dos empregados o período de gozo de férias, que tem época definida de acordo com os interesses do empregador. Essas regras são válidas tanto para trabalha- dores com jornada integral, quanto parcial, que com a Reforma Trabalhista passaram a ter as mesmas regras de concessão de férias. Além do valor da remuneração das férias, o artigo 7º da Constituição Federal prevê o pagamento adicional de 1/3 (um terço) do valor da remune- ração ao trabalhador. Após a Reforma Trabalhista essa regra passa a valer tanto para os trabalhadores com jornada de trabalho integral quanto parcial. Dica Não perca o prazo das férias, elabore anualmente uma escala progra- mada de férias. O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, do abono serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, devendo ser pago em dobro sempre que as férias forem concedidas após o prazo. Quanto ao cálculo, este deverá levar em consideração se o salário é pago em horas, por tarefa ou percentagem. Veja como são apuradas as remunera- ções no Quadro 1.11. Quadro 1.11 | Remuneração de férias por tipo de salário POR HORA COM JORNADAS VARIÁVEIS PAGO POR TAREFA PAGO POR PERCENTAGEM Apurar-se-á a média do perí- odo aquisitivo, aplicando-se o valor do salário. Tomar-se-á por base a média da produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da remuneração da tarefa. Apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem. Fonte: elaborado pela autora. 36 Além disso, os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias e a parte do salário paga em utilidades será compu- tada de acordo com a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social. Exemplificando Um funcionário tem um salário de R$ 3.000,00, recebeu um valor médio de R$ 1.200,00 de horas extras no período, tem dois dependentes, não teve falta injustificada no período, portanto tem direito a 30 dias de férias. Vamos calcular as férias desse funcionário? Para calcular 1/3 de férias você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver) e dividir por 3. • Remuneração de férias = (R$ 3.000,00 + R$1.200,00)/3 = R$1.400,00 Para calcular os valores do INSS você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver) + 1/3 de férias e aplicar % da tabela • INSS = (R$ 3.000,00+ 1.200,00 + R$ 1.400,00) x 11% = 616,00 Para calcular o IRPF sobre as férias você deve achar a base de cálculo, descontar o INSS retido do empregado e o valor referente aos depen- dentes, então aplicar a alíquota da tabela e deduzir a parcela da tabela. • IRRF = (R$ 3.000,00 + R$ 1.200,00 + R$ 1.400,00) – R$ 616,00 (INSS) – (R$189,59 * 2) (dependentes) = R$ 4.604,82 * 22,5% = 1.036,08 - R$ 616,13 (parcela a deduzir) = R$ 399,95 Tabela 1.4 | Cálculo de férias sem abono pecuniário EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS Férias 30 DIAS 3.000,00 Média Horas Extras 1.200,00 1/3 Férias 1.400,00 INSS 11% 616,00 IRPF 22,5% 399,95 Total 5.600,00 1.015,95 Valor líquido de férias R$ 4.584,05 Fonte: elaborada pela autora. Vamos considerar que este funcionário requereu abono pecuniário de 10 dias de suas férias e que a empresa, no ato das férias, antecipe 37 a primeira parcela do décimo terceiro. Vamos ver como ficariam os valores considerando o abono pecuniário? Para calcular as férias basta utilizar o salário base + adicionais (se houver) e dividir pelo número de dias de gozo. E no caso do abono pecuário, pelos dias vendidos. Neste caso teremos: • Remuneração de férias 20 dias = (R$ 3.000,00 + R$1.200,00)/30 dias x 20 dias = R$ 2.800,00 • Remuneração de férias 10 dias (abono pecuniário) = (R$ 3.000,00 + R$1.200,00)/30 dias x 10 dias = R$ 1.400,00 Lembre-se que os valores precisam aparecer separadamente para o trabalhador. O mesmo tem que ocorrer com o 1/3 de férias. Para calcular 1/3 de férias você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver) e dividir por 3. Remuneração de férias 20 dias = R$ 2.800,00/3 = R$ 833,33 Remuneração de férias 10 dias = R$ 1.400,00/3 = R$ 466,67 Tabela 1.5 | Cálculo de férias com abono pecuniário EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS Valor das férias 20 dias 2.800,00 1/3 Férias 20 dias 933,33 Abono Pecuniário 10 dias 1.400,00 1/3 abono pecuniário 10 dias 466,67 Adiantamento 13º salário 1.500,00 INSS 11% 410,67 IRPF 15% 86,72 Total 7.100,00 497,39 Valor líquido 6.602,61 Fonte: elaborada pela autora. Perceba que a diferença do cálculo anterior foi apenas para separar o valor das férias do valor do abono pecuniário e acrescentar o valor de uma parcela do 13º salário. Importante notar que não há incidência dos tributos (INSS e IRPF) no cálculo do abono pecuniário. Também é importante destacar que os descontos dos tributos sobre o 13º salário são realizados na segunda parcela do 13º, sobre o valor total. O décimo terceiro foi instituído pela lei 4.090/62 e constitui uma gratificação salarial e deve ser paga até o dia 20 de dezembro de cada ano a trabalhadores com carteira assinada, quer seja considerado trabalhador urbano, doméstico ou rural. 38 Aposentados, pensionista e jovem aprendiz também têm direito ao décimo terceiro salário. O estagiário receberá 13º salário quando a empresa decidir pagar de forma voluntária, pois não existe a obrigatoriedade de pagamento. A gratificação do décimo terceiro salário corresponderá a 1/12 avos da remune- ração devida em dezembro, por mês de serviço, e deve ser calculada levando-se em consideração que o empregado tenha trabalhado fração igual ou superior a quinze dias de trabalho, será havida como mês integral e, caso tenha trabalhado fração menor que quinze dias, o trabalhador perde o direito ao avo do mês, é o caso do trabalhador que teve faltas injustificadas. A lei prevê, ainda, o pagamento de gratificação proporcional quando da extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro e na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro. Atenção Colaboradores afastados por acidente de trabalho e mulheres em licença maternidade recebem a proporcionalidade de avos relativas ao período efetivamente trabalhadono ano da empresa e os demais serão pagos pelo INSS. Quanto ao pagamento, o décimo terceiro salário deverá ser pago em parcela única até 20 de dezembro ou em duas parcelas, pagas conforme descrito na Figura 1.3: Figura 1.3 | Pagamento de décimo terceiro em parcelas 1ª a. de fevereiro a novembro b. por ocasião das férias 2ª a. até o dia 20 de dezembro b. ajustes de comissões devem ser pagas até 10 de janeiro Caso opte pelo pagamento em duas parcelas, o empregador pagará metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior na primeira parcela. O valor pago deve ser calculado sem descontos. Quando do pagamento da segunda parcela, a remuneração paga na primeira parcela deverá ser compensada a título de adiantamento e serão descontados os valores de INSS, IRPF sobre o montante. Sobre o valor do décimo terceiro salário a empresa é obrigada a depositar o equiva- lente a 8% de FGTS. 39 Exemplificando O funcionário foi admitido em 19/02/x1, com um salário de R$3.000,00, tem dois dependentes. A empresa costuma pagar o décimo terceiro salário em duas parcelas. Para começar, siga os seguintes passos: 1. Analisar as informações para calcular os meses que o funcionário teria direito ao pagamento. 2. Verificar a existência de faltas injustificadas no período. 3. Calcular o período que ele tem direito e os descontos de INSS e IRPF. 4. Elaborar o demonstrativo de pagamento para o funcionário. Tabela 1.6 | Cálculo Décimo Terceiro - Primeira parcela EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS 13º SALÁRIO PRIMEIRAPARCELA 1.500,00 INSS IRPF Total Valor líquido 1.500,00 Fonte: elaborada pela autora. Tabela 1.6 | Cálculo Décimo Terceiro - Primeira parcela EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS 13º SALÁRIO SEGUNDA PARCELA 1.500,00 INSS 11% 330,00 IRPF 7,5% 57,45 Total 387,45 Valor líquido 1.112,55 Fonte: elaborada pela autora. Segundo a Nota Orientativa nº 13/2018, “o eSocial possui dois tipos de eventos periódicos de folha de pagamento: mensal (AAAA-MM) e de 13º salário (período de apuração anual – AAAA). Ambas folhas serão informadas por meio do evento S-1200 respectivo no mês de dezembro” (ESOCIAL, 2018, [s.p.]). 40 Ou seja, em dezembro serão lançadas uma folha para o salário mensal e outra para o pagamento do 13º salário. Desta forma, no adiantamento a empresa vai informar o valor líquido do 13º salário no evento S-1200, no mês em que o pagamento foi feito, e na parcela final vai enviar o evento S-1200 (periodicidade anual), com o valor líquido zerado, isso para refletir o desconto do adiantamento integral, da contribuição previdenciária e do imposto de renda, se houver. Reflita O eSocial vai mudar a cultura do pagamento do décimo terceiro salário? Você verá mais sobre os eventos do eSocial na Unidade 2. Agora que você já aprendeu as particularidades do cálculo de férias e décimo terceiro é hora de resolver a situação problema. Vamos lá? Sem medo de errar Calcular as férias dos funcionários requer alguns pontos de atenção porque, dos proventos que fazem parte da folha de pagamento, alguns itens não são consi- derados na base de cálculo. Na situação apresentada há uma série de informações sobre os valores recebidos pela funcionária. Será que todas as informações fazem parte da base de cálculos das férias? Portanto, leia novamente o case e siga os seguintes passos: 1. Analisar quais informações serão utilizadas no cálculo. 2. Elaborar uma planilha com o cálculo da remuneração de férias. 3. Calcular os tributos incidentes sobre as férias. 4. Apresentar o valor líquido de férias a ser pago para a funcionária. Vamos começar? Passo 1: Informações utilizadas no cálculo A elaboração de uma planilha de pagamento de férias é feita com base no mesmo procedimento da folha de pagamento mensal, no entanto, nem todos os valores pagos mensalmente serão utilizados para formar a base de cálculo, é o caso do valor recebido de vale transporte e gratificações. Por isso, o primeiro passo para calcular o valor de férias de um funcionário é analisar as informações que fazem parte do cálculo de férias e, após a realização da análise das informações, efetuar os cálculos. 41 Passo 2: Cálculo da remuneração de férias e o abono pecuniário A base de cálculo das férias da funcionária em questão será formada pelo valor da remuneração mensal + adicional de periculosidade de 30%. E, neste caso, teremos: • Remuneração de férias 20 dias: (R$ 2.500,00 + R$ 750,00)/30 dias x 20 dias = R$2.166,67 • Renumeração abono pecuniário (10 dias) = (R$ 2.500,00 + R$ 750,00)/30 dias x 10 dias = R$ 1.083,33 Para calcular 1/3 de férias você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver) e dividir por 3, um terço. Este valor deve ser apresentado separadamente da remuneração de férias. E, neste caso, teremos: • Remuneração 1/3 de férias (20 dias) = R$ 3.250,00/3 = R$ 1.083,33 • Remuneração 1/3 de férias abono pecuniário (10 dias) = R$ 361,11 Passo 3: Tributos sobre as férias Para o cálculo os valores referentes ao INSS você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver) e utilizar % da tabela de acordo com a faixa salário. Lembre-se que quando ocorre a transformação do 1/3 em abono pecuniário, não haverá incidência de INSS e IRPF para o abono pecuniário, como pode verificar na tabela de incidências. E, neste caso, teremos: • INSS sobre 20 dias de férias = (R$ 2.166,67 + R$ 1.083,33) x 11,00% = 357,50 • IRPF sobre 20 dias de férias = R$ 3.250,00 – R$ 357,50 (INSS) - R$379,18 (dependentes) x 7,5% - R$ 142,80 = R$45,70 Vamos ver como ficaram os cálculos na planilha? 42 Quadro 1.12 | Cálculos de férias FOLHA DE PAGAMENTO – CÁLCULO FÉRIAS PREMISSAS Dias de férias (gozo) 20 Dias de férias (abono pecuniário) 10 Remuneração base 2.500 Valores adicionais 30% %INSS 11% %IRPF 7,5% Dependentes 2 CONFIRA O RESULTADO DOS CÁLCULOS Remuneração de férias 20 dias (R$ 2.500,00 + R$ 750,00)/30 dias x 20 dias = R$ 2.166,67 Remuneração abono pecuniário (10 dias) = (R$ 2.500,00 + R$ 750,00)/30 dias x 10 dias = R$ 1.083,33 Remuneração 1/3 de férias (20 dias) = R$ 3.250,00/3 = R$ 1.083,33. Remuneração 1/3 de férias abono pecuniário (10 dias) = R$ 361,11 INSS sobre 20 dias de férias = (R$ 2.166,67 + R$ 1.083,33) x 11,00% = R$ 357,50 INSS sobre 20 dias de férias = R$ 3.250,00 – R$ 357,50 (INSS) – R$ 379,18 (dependentes) x 7,5% – R$ 142,80 = R$ 45,70 VALORES CALCULADOS PREMISSA Proventos PREMISSA Descontos Valor de férias 20 R$ 2.166,67 1/3 de férias R$ 1.083,33 Abono pecuniário 10 R$ 1.083,33 1/3 abono pecuniário R$ 361,11 INSS 11% R$ 357,50 IRPF 7,5% R$ 45,70 Totais R$ 4.694,44 R$ 403,20 Valor de férias líquido R$ 4.291,24 Fonte: elaborado pela autora. Avançando na prática Décimo terceiro parcela única Uma empresa do comércio varejista tem um sério problema com rotati- vidade de seus funcionários e isso tem reflexo direto no pagamento dos funcionários, que sempre têm o recebimento do 13º proporcional aos meses trabalhados. Por isso, você está sendo convidado a calcular o valor do décimo terceiro proporcional de um funcionário de acordo com as informações dadas para pagamento do 13º de 20x1: • Admissão 02/05/20x1. • Salário fixo: R$ 6.000,00. 43 • Teve 10 faltas injustificadas no mês de outubro quando fez uma viagem ao exterior, que havia sido comprada antes da contratação. • Optante pelo Vale transporte com cartão recarregável - valor das passagens: R$ 4,95 por passagem, o funcionário utiliza 4 passagens por dia. • Tem dois filhos, com idade de 2 e 16 anos respectivamente. • A empresa paga o décimo terceiro em parcela única. Vamos calcular o valor a ser pago para o funcionário? Resolução da situação-problema Para começar, vamos confirmar algumas informações: 1. Quantos meses o funcionário trabalhou? Período trabalhado: de maio a dezembro = 8 meses Como o funcionário trabalhou 8 mesestem direito a 8/12 avos de décimo terceiro. 2. Existem faltas injustificadas acima de 15 dias que afetem a contagem para pagamento da proporcionalidade? O funcionário teve 10 faltas injustificadas em outubro, mas isso não o faz perder o mês. Para calcular o décimo terceiro salário, você deve utilizar o salário base + adicionais (se houver), dividir o valor por 12 meses e multiplicar pelo número de meses que o funcionário tem direito. E neste caso teremos: • 13º SALÁRIO: R$ 6.000,00/ 12 meses x 8 meses = R$ 4.000,00 Vamos ver como ficam esses valores em uma planilha? Não se esqueça de lançar os descontos de INSS e IRPF sobre o décimo terceiro. Tabela 1.8 | Cálculo de décimo terceiro – parcela única EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS 13º SALÁRIO – PARCELA ÚNICA 8 meses 4.000,00 INSS 11% 440,00 IRPF 15% 122,32 44 EVENTO REFERÊNCIA PROVENTOS DESCONTOS Total Valor líquido 3.437,68 Fonte: elaborada pela autora. Este é o valor a ser pago para o trabalhador! Se você ficou com dúvida, refaça os cálculos, aproveite e treine com outros valores. Faça valer a pena 1. O décimo terceiro foi instituído pela Lei 4.090/62 e constitui uma gratifi- cação salarial que deve ser paga até o dia 20 de dezembro de cada ano a traba- lhadores com carteira assinada, seja urbano, doméstico ou rural, aposen- tados, pensionistas, jovem aprendiz. A gratificação do décimo terceiro salário corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço e deve ser calculada levando-se em consideração que o empregado tenha trabalhado fração igual ou superior a quinze dias de trabalho será havida como mês integral e, caso tenha trabalhado fração menor que quinze dias, o trabalhador perde o direito ao avo do mês, é o caso do trabalhador que teve faltas injustificadas. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as características das faltas injustificadas: a. Até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei. b. Por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana. c. Até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento. d. No período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar. e. Até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez da filha. 2. Segundo o artigo 179 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): “Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração” (BRASIL, 2018, p. 33). 45 De acordo com Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), considere as afirmativas a seguir: I. Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a sete dias corridos, cada um. II. Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. III. O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para serviço militar obrigatório não será computado no período aquisi- tivo, desde que ele compareça ao estabelecimento dentro de 90 (noventa) dias da data em que se verificar a respectiva baixa. IV. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, desde que não tenha tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas. Considerando o contexto apresentado, é correto apenas o que se afirma em: a. I. b. II. c. I e III. d. II e IV. e. I, III e IV. 3. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias que, segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), correspondem a um período de descanso, sem prejuízo da remuneração. Considere as seguintes afirmações acerca do direito a férias: I. O trabalhador que deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 dias subsequentes à sua saída garante o pagamento de férias proporcionais. II. Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabele- cimento ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço. 46 III. O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para serviço militar obrigatório será computado no período aquisitivo, desde que ele compareça ao estabelecimento dentro de 120 (cento e vinte) dias da data em que se verificar a respectiva baixa. 47 Seção 3 Rescisão de contrato de trabalho Diálogo aberto As relações de trabalho podem ser extintas tanto a pedido da empresa como a pedido do trabalhador, mas isso altera os valores a serem pagos na rescisão do contrato. Saber efetuar os cálculos rescisórios é fundamental para sua carreira e abre portas para oportunidades de trabalho. Para motivar a sua aprendizagem, imagine que você trabalha em um escritório contábil que tem como cliente uma empresa do ramo de construção civil, que sofre com elevada rotatividade de seus empregados e tem, com certa frequência, casos de assédio moral. Infelizmente, alguns gestores ainda acreditam ser necessário tratar os funcionários de maneira rude, o que traz muitos problemas para as empresas. Para evitar processos trabalhistas decorrentes desse tipo de situação, a empresa adotou como regra realizar as suas rescisões sem justa causa e com acréscimo de valores adicionais para agradar quem está sendo demitido. No mês passado, no entanto, a empresa demitiu um ajudante geral, que ficou afastado do trabalho por oito meses depois de sofrer uma crise de stress devido à pressão do mestre de obras. Para substitui-lo, a empresa contratou outra pessoa para executar o trabalho. No seu retorno, o funcionário foi designado a realizar outras atividades e não teve mais contato com o antigo chefe. No entanto, passado um certo tempo a empresa o dispensou. O funcionário não aceitou ser demitido alegando perseguição por parte da empresa, mas como não tinha provas, mudou a tática e passou a questionar os valores pagos na rescisão e avisou que vai entrar com um processo contra a empresa se os valores pagos não forem corrigidos. Como o gestor não sabe calcular uma rescisão, ligou para o escritório de contabilidade onde você trabalha, para saber se existe algum erro no cálculo da rescisão desse funcionário. O valor pago foi de R$ 4.310,07. Quando você foi levantar as informações solicitadas, descobriu que aconteceu uma falha no software e os cálculos das rescisões foram perdidos, mas encontrou informações suficientes para refazer o cálculo. Veja a seguir: • Data de admissão do funcionário: 14/05/20x7 • Contrato por prazo indeterminado. • Data de afastamento do funcionário: 25/09/20x8 • Salário fixo: R$ 1.378,00, já com o adicional de periculosidade incluso. • Não tem dependente para IRRF 48 • Tem férias vencidas de 30 dias. • O aviso será trabalhado. • Saldo do FGTS: R$ 1.543,36. • A empresa tem liminar para recolher 40% de multa. • O plano de saúde do trabalhador será mantido por 24 meses. Você está sendo convidado a ajudar a equipe do escritório a enviar um detalha- mento do valor pago para o funcionário. Para tanto você deve: a. Identificar o tipo de rescisão. b. Determinar o tempo de serviço do trabalhador. c. Verificar os direitos do trabalhador neste tipo de rescisão. d. Calcular as verbas rescisórias e apresentar o Termo de Quitação e Rescisão Contratual. e. Elaborar um e-mail informando ao gestor se o valor pago ao trabalhador está ou não correto. Você percebeu que são vários os detalhes que precisam ser observados nas rescisões trabalhistas e será o domínio destes pontos que fará o cálculo ser mais assertivo. Fique de olho em cada um deles e vamos começar a resolver essa situação! Não pode faltar Como descrito por Amauri Mascaro Nascimento, no livro Iniciação ao direito do trabalho, “a relação
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