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Rafael Barreto Ramos © 2013 1 Direito Empresarial III Professor: Rodrigo 04/02/13 Bibliografia Recomendada - Manual de Direito Empresarial: Resumido. Não utilizado. - Curso de Direito Empresarial Fran Martins Não recomendados (Autores Falecidos) Rubens Requião Fábio Ulhoa Coelho Bom Marcelo Bertoldi Resumido Alfredo de Assis Gonçalves Neto Melhor – Comenta artigo por artigo Waldo Fazzio Júnior Resumido Wilges Bruscato Bom Luis Emídio da Rosa Júnior Títulos de Crédito Wille Duarte Costa César Fiuza Sucinto (Contratos) Avaliações 01/04 - Trabalho com consulta – 10 pontos 08/04 – Avaliação – 25 pontos 06/05 – Trabalho com consulta – 10 pontos 13/05 – Avaliação Escrita – 25 Pontos Conteúdo programático Títulos e Crédito e Contratos Empresariais Rafael Barreto Ramos © 2013 2 Nota: - Títulos de Crédito: Encontram-se regulados em legislação esparsa. - Contratos empresariais: Leis esparsas. Título¹ de Crédito (1) Título: Documento que contém o crédito. 1. Conceito de Crédito É a troca de uma prestação presente por uma prestação futura. “Compre hoje, pague amanhã.” É a confiança que o credor tem de fornecer a mercadoria anteriormente ao pagamento, ou seja, este se dará no futuro. - Requisitos: I. Confiança; II. Lapso temporal. Nota: O crédito é fundamental para a circulação da riqueza. Quanto mais a população deve, mais rico é o país. IMPORTANTE: A finalidade do título de crédito é possibilitar a CIRCULAÇÃO DO CRÉDITO. Rafael Barreto Ramos © 2013 3 2. Histórico - Período italiano. Na idade média, o comerciante, ao deslocar-se de uma cidade a outra, temia levar suas moedas em virtude dos frequentes roubos. Desta forma, o comerciante entregava suas moedas ao banqueiro, que lhe dava um comprovante de comprometimento a entregar a moeda convertida em outra cidade. Inicialmente, estes títulos eram intransferíveis. - Período Francês Somente se podia emitir um título de crédito se fosse de uma cidade para outra. Surge o endosso, ou seja, os títulos passam a ser transmissíveis. - Período Alemão (Atualidade) O título de crédito pode ser livremente emitido sem nenhuma justificativa. Não é necessário o depósito prévio e pode ser emitido em uma mesma cidade. Rafael Barreto Ramos © 2013 4 07/02/13 3. Conceito de Título de Crédito (Art. 887 do Código Civil) É o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo, nele mencionado. Art. 887. O título de crédito, documento¹ necessário² ao exercício do direito literal4 e autônomo5 nele contido³, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. (1) Documento: O título de crédito deve ser bem corpóreo, palpável. (2) Necessário: O documento deve ser APRESENTADO no momento do exercício de seus direitos. (3) Nele contido: TODOS os direitos garantidos pelo TÍTULO devem estar nele contidos, haja vista que este tem como finalidade circular. (4) Literal: Escrito. (5) Autônomo: Independente, não vinculado a outros obrigados. “Você assinou, por que você quis. Logo, assinou, obrigou-se.” Rafael Barreto Ramos © 2013 5 4. Princípios dos títulos de crédito 4.1. Documentalidade ou cartularidade (Art. 36 do Decreto 2.044/1908 e Art. 885 do CPC) Para ser título de crédito é necessário estar em algo corpóreo, material, palpável. - Crítica Este princípio vem sofrendo muita crítica, vez que na atualidade as compras estão sendo feitas por meios “virtuais” em virtude de sua praticidade e confiabilidade (Ex. Cartões de crédito). Desta forma, os títulos de crédito estão sendo cada vez menos utilizados justamente em virtude do princípio da documentalidade. Surgem então duas correntes: I. Autores conservadores definem que NÃO EXISTEM TÍTULOS DE CRÉDITOS VIRTUAIS. II. A doutrina moderna, por outro lado, define que os princípios estão sujeitos à evolução. Como a documentalidade é exigida para fins probatórios, é definido que se a existência do documento puder ser provada eletronicamente, virtualmente, o requisito do princípio da documentalidade ou cartularidade é preenchido. Art. 36. Justificando a propriedade e o extravio ou a destruição total ou parcial da letra, descrita com clareza e precisão, o proprietário pode requerer ao juiz competente do lugar do pagamento na hipótese de extravio, a intimação do sacado ou do aceitante e dos coobrigados, para não pagarem a aludida letra, e a citação do detentor para apresentá-la em juízo, dentro do prazo de três meses, e, nos casos de extravio e de destruição, a citação dos coobrigados para, dentro do referido prazo, oporem contestação, firmada em defeito de forma do título ou, na falta de requisito essencial, ao exercício da ação cambial. - Interpretação: Se você for proprietário do título e este se extravia ou é destruído, devem-se citar o emitente e todos os que o assinaram para que apresentem sua defesa afim de que seja provado a quem este pertencia e se foi perdido e/ou extraviado. Se a ação for julgada procedente, o juiz determinará que o título seja substituído. Art. 885 - O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou por documento, a entrega do título e a recusa da devolução. - Interpretação: Se você teve o título desapossado, entra-se no judiciário para que o juiz determine a entrega do título. Caso este não seja apresentado, determinará a busca e apreensão do mesmo e aquele que estiver com sua posse será preso por desobediência. Rafael Barreto Ramos © 2013 6 4.2. Literalidade Somente o que está escrito no título é exigível, pois a finalidade do título de crédito é circular. Todavia, nem tudo o que está escrito é VÁLIDO. Toda condição e toda ilicitude contidas nos Títulos de Crédito são consideradas NÃO ESCRITAS. Visa a SEGURANÇA, haja vista que o dono do título saberá quais são seus direitos. IMPORTANTE: NÃO SÃO CONSIDERADAS NULAS, vez que neste caso o título de crédito seria NULO. Esta característica diferencia os títulos de crédito dos contratos. Rafael Barreto Ramos © 2013 7 14/02/13 4.3. Autonomia Cada um que se obriga em um título de crédito assume uma obrigação independente, autônoma, não vinculado aos outros obrigados. “Para fugir de sua obrigação de pagar, não se poderá alegar as relações com terceiro.” “Se você é um possuidor de um título de crédito e é um terceiro de boa-fé, poderá exigir o título de crédito independentemente de ‘seus antecedentes’.” As relações com terceiros NÃO interessam a quem possui o título. Somente poderá alegar a relação com quem está cobrando. Ex. Assinatura de incapazes não desobrigarão o devedor a pagar o título de crédito. O princípio da autonomia possibilita que um título sem valor nenhum passe a ter. Ex. Incapaz assina um título, um terceiro o preenche. Se um capaz endossar este cheque e assiná-lo no verso, a partir deste momento o cheque passa a ter valor. Se porventura um terceiro for possuidor deste cheque, não poderá cobrar do incapaz; no entanto, poderá de todos os que o endossaram. Quanto mais pessoas assinarem os títulos, mais estarão se obrigando. Assim sendo, mais o possuidor deste estará garantido. IMPORTANTE: O devedor do título de crédito tem 3 defesas cabíveis: - Direito pessoal do réu contra o autor: As defesas que o réu tem que são cabíveis contra quem está lhe cobrando o titulo de crédito. - Defeito de forma: Só é título de crédito se preencher os requisitos definidos em lei. - Defesas processuais Nota: - Principio da inoponibilidade de exceções: Não poder opor as exceções contra terceiros. Título de crédito Cessão civil Transfere-se o TÍTULO e os direitos nele contidos. Se este preencher osrequisitos formais, será válido, independentemente de seus antecedentes. Transferem-se DIREITOS. Se houver vícios, mesmo que anteriores, poderão estes serem alegados. Rafael Barreto Ramos © 2013 8 4.4. Formalidade Só será título de crédito se preencher todos os requisitos estabelecidos em lei. Ou seja, se não preenchidos os requisitos, não será considerado como TÍTULO DE CRÉDITO. Todavia, este NÃO será NULO, sendo considerado como título, podendo ser utilizado para fins probatórios da existência da relação. Ex. Cheque que não foi assinado ou datado. Os requisitos devem estar preenchidos no momento da COBRANÇA ou PROTESTO. 4.5. Abstração Os Tribunais Superiores NÃO ADOTAM A ABSTRAÇÃO. O STJ e o STF entendem que este princípio NÃO É APLICADO. Deste forma, este princípio não é adotado no ordenamento jurídico brasileiro. - Definição: A partir do momento que o título é emitido, se desvincula de sua origem, ou seja, a partir do momento que o título existe, não se questiona a sua origem. Nota: A abstração só cabe se o título NÃO circular. Caso este circule, aplicar-se-á o princípio da autonomia. Rafael Barreto Ramos © 2013 9 18/02/13 5. Títulos de crédito no Código Civil (arts. 887 a 926) Parte da doutrina entende que o estudo destes artigos é “perda de tempo”. 5.1. Títulos 5.1. Disposições gerais (art. 887 a 903) Criticadas pela doutrina por já se iniciar com o conceito do instituto, o que acarreta no engessamento deste, que fica imutável no decorrer do tempo. Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. O artigo 903 define que em matéria de título de crédito, deve-se aplicar primeiramente lei especial e, na lacuna desta, o código civil, tornando-o uma lei suplementar. Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código. Segundo o legislador, este fato se justifica pelos seguintes motivos: - Os títulos de créditos estão previstos no código civil para tratar dos títulos atípicos. Crítica Somente é título de crédito se estiver previsto em lei especial. Portanto, não existem títulos atípicos. - Servir de modelo para futuras legislações. Crítica Existem futuras legislações que não seguem o modelo disposto no código civil. 5.2. Título ao portador Circulação por tradição. “Pega-se o título e passa para a mão de outro”. Lei 8.021/90 – proíbe o título ao portador. Estabelece que os títulos somente serão ao portador se houver uma lei específica que o preveja. Desta forma, para que seja exista um título ao portador, a lei 8.021 deverá ser revogada e deverá ser criada uma lei específica regulando-o. Rafael Barreto Ramos © 2013 10 5.3. Título à ordem (art. 910 a 920) Aquele título cuja circulação será feita por endosso¹. (1) Endosso: Transferência através de assinatura. Nos títulos de crédito, os que assinam, se obrigam. Prevê que o endossante não será garante, salvo exceções; o que vai contra o disposto por todas as leis esparsas. 5.4. Título nominativo Aquele em que quem emitiu o título possui um livros com os nomes dos proprietários. Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente. 5.5. Alterações - Aval – Autorização: quando uma pessoa garante outra num título de crédito. Define o código civil que o título de crédito somente é transferível com a autorização do cônjuge, o que vai contra a natureza do desse, que é circular. - Protesto interrompe a prescrição Prescrição da ação de cobrança: 3 anos. Vencido o prazo da cobrança do título de crédito (Ação de execução), tem-se 3 anos para cobrar a obrigação (Ação de Conhecimento). Nota: - Aval x Fiança A invalidade do afiançado acarreta na invalidade do fiador. A invalidade do avalizado não acarreta na invalidade do avalista. Deve-se cobrar primeiramente o afiançado para posteriormente cobrar o fiador. 6. Fonte normativa dos títulos de crédito Normalmente, são tratados internacionais. Ex. A lei do cheque e a lei da nota promissória é quase a mesma em todo o mundo. 7. Importância da letra de câmbio Gerou todos os demais títulos de crédito, contendo todos seus institutos. Desta forma, quem compreende a letra de câmbio, compreende todos os demais títulos crédito. Rafael Barreto Ramos © 2013 11 Letra de Câmbio 1. Histórico 1.1. Período italiano Na idade média, o comerciante, ao deslocar-se de uma cidade a outra, temia levar suas moedas em virtude dos frequentes roubos. Desta forma, o comerciante entregava suas moedas ao banqueiro, que lhe dava um comprovante de comprometimento a entregar a moeda convertida em outra cidade. Inicialmente, estes títulos eram intransferíveis. 1.2. Período francês (das ordenações do comércio de 1673 até 1848) Somente se podia emitir um título de crédito se fosse de uma cidade para outra. Surge o endosso, ou seja, os títulos passam a ser transmissíveis. 1.3. Período alemão O título de crédito pode ser livremente emitido sem nenhuma justificativa. Não é necessário o depósito prévio e pode ser emitido em uma mesma cidade. Título não é mais causal, isto é, não é necessário um motivo para sua emissão. São permitidos lugares distintos. 2. Histórico no Brasil Duas leis sobre Letra de Câmbio: - Decreto 2.044/1908 - Decreto 57.663/66 - Lei Uniforme de Genebra Desde 1966, aplica-se no Brasil o Decreto 57.663, que é um tratado especial, sendo a parte que realmente é legislação é o Anexo I. Tradução de Portugal adaptada, dificultando a interpretação e aplicação deste. Rafael Barreto Ramos © 2013 12 21/02/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado) 3. Conceito de letra de câmbio É uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que este pague a importância consignada a um terceiro denominado tomador. As pessoas podem se repetir em A e B, ou seja, dar a ordem a si mesmo. Esta letra de câmbio originou as notas promissórias. É permitido também que A mande B pagar a A. “Tudo visa colocar o título em circulação.” - Quem fica com o título? TOMADOR, pois será ele quem cobrará o sacado. 4. Natureza Jurídica NÃO SE TRATA DE UM CONTRATO. Trata-se, portanto, de um ATO UNILATERAL DE VONTADE, isto é, depende exclusivamente do sacador (pode emitir). 5. Emissão Ato de criar a letra de câmbio e coloca-la em circulação. Também chamada de saque ou letra passada. Se as informações não couberem na parte frontal da folha, não é permitido que se continue no verso, devendo-se, então, colocar ANEXO ou ALONGO para terminar a ordem de pagamento. Pontes de Miranda dispõe que se deve escrever nas duas folhas ao mesmo tempo, a fim de se evitar desanexo e, com isso, fraudes. Rafael Barreto Ramos © 2013 13 6. Requisitos 6.1. Substanciais ou intrínsecos Presentes em qualquer tipo de obrigação. a. Capacidade Para se obrigar na letra de câmbio deve ser maior de 18 anos ou emancipado (pleno gozo da capacidade civil). Todavia, se houver assinatura falta ou de incapaz só anula esta, ou seja, otodos os outros que assinaram continuam obrigados. b. Objeto lícito Sempre um valor, uma quantia. c. Consentimento Pessoa que emite a letra de câmbio tem que ter vontade livre, não pode ser coagida. 6.2. Formais ou extrínsecos (Arts. 1º e 2º decreto 57.663/66) a. A denominação “Letra de câmbio” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação deste. OBRIGATORIAMENTE, deve estar presente a expressão “LETRA DE CÂMBRIO” no texto do título. “Se colocar em cima, deve repetir embaixo” (?) b. O mandato¹ puro e simples² de pagar uma quantia³ determinada4. (1) Mandato: Ordem (2) Mandato puro e simples: não admite condição, sendo esta, se presente, considerada como NÃO ESCRITA.(3) Quantia: Valor em real para Letras de Câmbio emitidas e a serem pagas no Brasil. Somente é admitida moeda estrangeira em transação internacional. (4) Quantia determinada: A quantia deve ser fixada, pré-definida. Em caso de divergência dos valores escritos, prevalece o escrito por extenso. Entretanto, se a divergência se der entre dois números escritos por extenso, presume-se que parte do valor foi paga, prevalecendo o de menor valor. c. O nome da pessoa que deve pagar. (SACADO). Somente exigido o nome do SACADO, não sendo necessária sua assinatura. São aceitos abreviações e apelidos, desde que sejam suficientes para IDENTIFICAR o indivíduo. d. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem a letra deve ser paga. Também é exigido o nome do tomador/beneficiado. Rafael Barreto Ramos © 2013 14 e. A indicação da data¹ em que a letra é passada. (1) Data: dia, mês² e ano. (2) Mês: NECESSARIAMENTE POR EXTENSO, haja vista que nada diz que o numeral 2 corresponde ao mês de fevereiro, etc. É facultada a inserção de data mundialmente considerada, desde que esta seja fixa. Ex. Natal de 2013, vez que o natal sempre será no dia 25 de dezembro. f. Assinatura do sacador. O sacador é o único obrigado a assinar a letra de câmbio. Art. 1º A letra contém: 1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 4. a época do pagamento; 5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). Art. 2º O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado. A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. Rafael Barreto Ramos © 2013 15 6.3. Requisitos não essenciais¹ (1) Requisitos não essenciais: aqueles cuja falta é, se possível, suprida pela lei. a. Época de pagamento Expressa através de dia, mês e ano. - Falta: Se na letra de câmbio não constar a época de pagamento, a lei considerará que esta deverá ser paga a vista. Se a data inserida for inexistente, a lei considerará o último dia do mês. Ex. Se a data referente ao pagamento 30 de fevereiro de 2013, a lei considerará o último dia do mês. b. Lugar de pagamento Basta a menção à cidade do pagamento. - Falta: Caso não seja explicitado o lugar de pagamento, considerar-se-á o lugar disposto ao lado do nome do sacado (domicílio). c. Lugar de emissão Lugar ao lado do nome do sacador nos casos de inexistência de lugar de emissão. - Falta: Se o lugar for inexistente e/ou esta irregularidade não for suprida, o título em questão deixa de ser letra de câmbio. Rafael Barreto Ramos © 2013 16 25/02/13 IMPORTANTE: 7. Ineficácia da cambial por falta de requisitos essenciais (Rafael Barreto) A letra de câmbio que não tem todos requisitos não será letra de câmbio. Todavia, isto não quer dizer que o título será nulo, ineficaz. Assim sendo, só não produzirá efeito cambial, podendo ser utilizado como documento quirografário, meio probatório. (Rebeca Ribeiro, adaptado) O título que não possui todos os requisitos da letra de câmbio não será considerado como tal, todavia este não será nulo, podendo ser utilizado como meio probatório (documento quirografário¹). (1) Documento quirografário: documento escrito. 8. Regularização da cambial incompleta (Súmula 387 do STF) (Rafael Barreto) A letra de câmbio deverá estar com todos os requisitos preenchidos no momento da cobrança ou do protesto, ou seja, a letra de câmbio pode surgir faltando alguns requisitos, todavia, no momento da cobrança ou protesto, deverá preencher todos os requisitos. (Rebeca Ribeiro, adaptado) A letra de câmbio pode apresentar irregularidades quanto a estes requisitos desde sua criação, no entanto, no momento de sua cobrança ou protestos, tais requisitos devem estar supridos. Caso o preenchido na letra seja diverso do combinado, aquele que apresentar tal alegação deve provar em juízo, vez que se parte do pressuposto que deve vigorar aquilo que foi acordado no momento da emissão da mesma. 9. Identificação do devedor nos títulos cambiários (Lei 6.268/76) (Rebeca Ribeiro, adaptado) Devedor de título de câmbio deve ser identificado pelo RG, CPF, Carteira de Trabalho ou Profissional e, caso se trate de pessoa jurídica, CNPJ. Tais requisitos visam evitar a ocorrência de confusão de pessoas homônimas. O sacado deverá ser identificado. Tanto os requisitos do tratado internacional quanto os da lei interna devem ser obedecidos, ou seja, caso sejam preenchidos os requisitos dos artigos 1º e 2º do decreto internacional, tratar- se-á de letra de câmbio; caso contrário, configurar-se-á apenas como um título. Se o sacado não for devidamente identificado, não possuirá nenhum tipo de responsabilidade quanto o pagamento da letra de câmbio. Rafael Barreto Ramos © 2013 17 Nota: - Exemplo de Letra de Câmbio: Ilustríssimo Senhor Fulano de tal¹ pagará Vossa Senhoria por esta via de LETRA DE CÂMBIO² a Siclano de tal³ a importância de dez reais4 no dia 21 de agosto de 20135, na Praça de Belo Horizonte6. Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 20137. Sacador: Beltrano Legenda: (1) Fulano de Tal: Sacado (2) Letra de câmbio: deve constar na ordem de pagamento (3) Sicrano de Tal: Tomador (4) Dez reais: Valor. (5) 21 de agosto de 2013: Data de pagamento. (6) Belo Horizonte: Lugar de pagamento. (7) Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2013: Data de emissão (8) CPF: 003.525.099-88: CPF Sacado Rafael Barreto Ramos © 2013 18 28/02/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado) 9. Institutos da letra de câmbio 9.1. Endosso¹ (1) Endosso: no dorso nas costas no verso É o meio pelo qual se transfere a propriedade de um título de crédito. O endosso é uma declaração formal¹, literal², unilateral³, facultativa4, acessória5, incondicional6, integral7. (1) Formal: A lei quem elenca seus requisitos. (2) Literal: O endosso deve ser realizado, OBRIGATORIAMENTE, no título, não podendo, portanto, ser realizado em outro documento. (3) Unilateral: Depende única e somente da vontade do endossante. (4) Facultativa: Não necessário para a existência da letra de câmbio. (5) Acessória: Está vinculado/ligado a um título de crédito. (6) Incondicional: Qualquer condição será considerada como NÃO ESCRITA. (7) Integral: A transferência condiciona todo o título, não sendo possível a transferência parcial deste. “O valor é integral.” O primeiro endossante da letra é denominado como TOMADOR. 9.1.1. Lançamento do endosso Pode ser realizado no verso (costas) ou no anverso (face). Necessária a assinatura do endossante. Caso seja no anverso, a assinatura do endossante deverá ser acompanhada de uma declaração que disponha que a assinatura em questão refere-se ao endosso. 9.1.2. Data e local de sua outorga Não são necessárias no endosso – não são requisitos essenciais. Rafael Barreto Ramos © 2013 19 9.1.3. Cláusulas do endosso - Cláusula não à ordem é cláusula inserida pelo sacador proibindo a circulação via endosso. A transferência será realizada pela forma e efeito de cessão civil. Nesta transfere direitos, o cedente não é responsável pelo pagamento do título. Deseja-se que o título permaneçacom o tomador, não devendo, portanto, circular. O cedente não possui responsabilidade, sendo esta do cessionário. - Cláusula sem garantia ou endosso “sem garantia”. Cláusula aposta/colocada pelo endossante ao qual ele não se responsabiliza pela aceitação e pagamento da letra de câmbio. Neste caso, C não assume responsabilidade. (Vide acima) - Proibição de endosso (diferente de endosso “sem garantia”) colocada pelo endossante ao qual ele somente se responsabiliza perante o seu endossatário, não assumindo nenhuma responsabilidade perante os futuros endossatários. Se o título não circular, D pode cobrar de C. No entanto, caso este circule, não poderá. 9.1.4. Cancelamento do endosso É realizado simplesmente riscando o endosso ou escrevendo por cima deste a expressão “sem efeito”, “sem valor” ou equivalente, datando e rubricando o endossante. - Quando cancela o endosso? Quando há a desistência no momento do endosso ou então quando o título retorna ao endossante e este decide excluir sua responsabilidade. 9.1.5. “Quem pode endossar?” O PROPRIETÁRIO da letra de câmbio. 9.1.6. Efeitos do endosso a. Transferência do título e dos direitos emergentes da letra (Primeiro efeito) b. Responsabilidade do endossante No momento em que o endossante assina a Letra de Câmbio, torna-se um co-obrigado, assumindo responsabilidade solidária pelo pagamento desta. c. Direito Regressivo O endossatário pode cobrar dos endossados anteriores. E o endossado que pagar pode cobrar dos anteriores. Rafael Barreto Ramos © 2013 20 04/03/13 IMPORTANTE: - Considerações aulas anteriores: O endosso transfere a propriedade. O endossante é um obrigado solidário. O endossatário poderá cobrar tudo de qualquer um. Direito regressivo. - Solidariedade Comum vs. Solidariedade cambiária Solidariedade comum (Código Civil) Solidariedade cambiária - Convenção ou legal; - Causa comum; Ex. As duas partes pretendem se obrigar ao contrato em questão. - Pagamento de um extingue a obrigação - A dívida se reparte (simultâneo) Ex. No caso de dois fiadores, a divida se reparte. - A nulidade de um aproveita os demais - Pode ser condicional - Legal: sempre prevista na lei; - Causa distinta; Ex. D comprou carro de E, E devia a F, etc. - Pagamento de um só extingue a obrigação se for feito pelo obrigado principal (Direito Regressivo) - Obriga-se por tudo (solidariedade sucessiva) - A nulidade de um não contamina as demais - É sempre pura 9.1.7. Modalidades de endosso 9.1.7.1. Endosso em preto É aquele em que se designa o nome do endossatário. Ou seja, designa-se a quem se transfere. 9.1.7.1.1. Transferência A transferência será ou por endosso em branco ou em preto. 9.1.7.2. Endosso em branco É aquele constituído da simples assinatura do endossante, sendo o proprietário quem o porta. 9.1.7.2.1. Transferência A transferência de será ou por tradição manual ou por endosso em branco ou em preto. Rafael Barreto Ramos © 2013 21 IMPORTANTE: “Recebi um título com endosso em branco e estou com medo de perdê-lo em virtude de o portador ser o proprietário. Posso, então ,endossá-lo para mim mesmo, tornando o endosso em preto.” - Deste modo, o endosso em branco pode se tornar endosso em preto. Todavia, o endosso em preto NÃO pode ser transformar em endosso em branco. 9.1.8. Espécies de endosso 9.1.8.1. Endosso-mandato ou endosso-procuração (Art. 18 Decreto 57.663/66 e art. 917 do Código Civil) É o endosso utilizado não para transmitir a propriedade do título ao endossatário, mas para investi-lo na sua posse, a fim de que promova, na condição de mandatário, a sua cobrança e passe a respectiva quitação. Não é um endosso. É um mandato uma procuração assinada. Pode ser em preto ou em branco, sendo, normalmente, em preto. Não se transfere o título, sendo o endossatário-mandatário responsável pela COBRANÇA do título. Assim sendo, NÃO TRANSFERE A PROPRIEDADE DO TÍTULO. Se após o endosso-mandato vier um novo endosso, este endosso será obrigatoriamente um endosso- mandato. Conhecido como endosso IMPRÓPRIO. 9.1.8.1.1. Condições O novo código civil estabeleceu que podem ser estabelecidas condições. (Rebeca Ribeiro) Ex. Casas Bahia Banco (mandatário) Pessoa Art. 18. Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança" (pour encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador. Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao endossante. O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário. Rafael Barreto Ramos © 2013 22 Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. § 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. § 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso- mandato. § 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver contra o endossante. 9.8.1.2. Endosso caução ou pignoratício ou em garantia (Art. 19 e 918 do Código Civil) É aquele em que o endossante transfere o título ao endossatário em garantia de obrigação assumida. Aquele em que o endossante transfere ao endossatário escrevendo “em garantia”, “pignoratício” ou equivalente com o objetivo de garantir outra OBRIGAÇÃO. (Rebeca Ribeiro) Ex1. F vende carro para E e este dá em garantia a letra de câmbio. O título ainda é de E, contudo os direitoes estão com F e são direitos provisórios. Deste modo, a qualquer momento F pode ser obrigado a devolver (“Penhor”). Se F cobrar de C, este não quiser pagar, cobra suas relações com F, pois este está com os direitos. Se F endossar para G, somente poderá ser o endosso mandato ou procuração. Ex2. E transfere para F título quase vencido e são 10 prestações. F cobra dos outros. C pagou. O dinheiro que F ganhou de C continua em garantia de E, mas em posse de F. Art. 19. Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de procuração. Os coobrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título. § 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador. § 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé. Rafael Barreto Ramos © 2013 23 07/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado) 9.8.1.3. Endosso parcial (Art. 12, alínea II) Transfere-se parte da letra de câmbio. TRATA-SE DE UM ENDOSSO NULO, vez que não há como transferir parte do título. Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é nulo. O endosso ao portador vale como endosso em branco. 9.8.1.4. Endosso fiduciário DIFERENTE DE CAUÇÃO. DIFERENTE DE MANDATO. Não existe, pios a lei não prevê. Seria o endosso em garantia. 9.8.1.5. Endosso póstumo ou tardio (Art. 20) É aquele realizado apóso prazo para fazer o protesto ou após o protesto. Letra de câmbio é regulamentada pelo DIREITO CAMBIÁRIO desde a emissão até o protesto. Logo, TUDO QUE OCORRER APÓS O PROTESTO SERÁ REGIDO PELO DIREITO CIVIL. O endosso póstumo ou tardio é uma CESSÃO CIVIL (transfere direitos). O cede, ao transferir, não assume nenhuma responsabilidade. Para saber se é tardio, o endosso deve ser datado, caso contrário, será presumido antes do protesto. Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. Rafael Barreto Ramos © 2013 24 9.2. Aceite É o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada. Sacador assina, sendo o ÚNICO RESPONSÁVEL. Todavia, até que assine, não possui nenhuma responsabilidade. Se o sacado¹ não aceitar, o dono do título deve protestar, sendo facultado a este a cobrança aos outros, desde que esta se dê antes do vencimento. (1) Sacado: Aquele que aceita a letra de câmbio. Se após o protesto surgir um terceiro ou mesmo um obrigado que queira fazer o aceite por intervenção (B2) e tiver a anuência do proprietário, este terceiro tomará o lugar do sacado, tendo em vista que este não quis se obrigar. No entanto, quando B2 toma o lugar do sacado, o título de crédito (letra de câmbio) somente poderá ser cobrado no vencimento. 9.2.1. Apresentação da letra para aceite (Até quando?) Até o vencimento, pois neste momento apresenta para pagamento. 9.2.1.1. Apresentação obrigatória (Letra de câmbio a certo termo da vista) O vencimento começa a partir do aceite. O aceite é de apresentação obrigatória para estabelecer o prazo de vencimento. Se não aceitar, o dono protesta e cobra de outro. 9.2.1.2. Letra de câmbio à vista¹ (1) Letra de Câmbio à vista: Vence no momento que é apresentada. Desta forma, não é apresentada para aceite e sim diretamente para pagamento. Na letra de câmbio à vista o aceite é facultativo. 9.2.2. Letra de câmbio não aceitável É aquela através da qual o sacador proíbe a apresentação para aceite do sacado. No momento em que o sacador emite a letra de câmbio, “escreve que não é aceitável”. Tem como efeito a possibilidade de cobrança da letra de câmbio somente no momento do vencimento. Deste modo, não há o risco desta ser cobrada anteriormente ao vencimento. Se o sacado não aceitar, protesta e cobra dos demais obrigados. Ex. F apresenta para B antes de vencer se F aceitar, se obriga e paga no vencimento; se F não aceitou, tem que esperar o vencimento. Após este, vai no cartório e protesta tem que pagar perdas e danos, pois o título não é aceitável. Rafael Barreto Ramos © 2013 25 11/03/13 9.2.3. Requisitos O aceito pode ser dado no verso¹ ou no anverso². (1) Verso: Além da assinatura, deve-se deixar claro que se trata do aceite para que não se confunda com o endosso. (2) Anverso: Simples assinatura. 9.2.4. Falta & recusa 9.2.4.1. Falta Falta ocorre nos casos em que, por um motivo superveniente qualquer, a letra não foi apresentada ao sacado. Não há o elemento da vontade. Ex. Enchente. 9.2.4.2. Recusa A recusa, por outro lado, é um ATO DELIBERADO do sacado em recusar a letra de câmbio, seja tática ou expressamente. Há o elemento da vontade. 9.2.4.3. Consequência Tanto na falta quanto na recusa, verifica-se a mesma consequência: O sacado não vai se obrigar e o portador terá que protestar a letra de câmbio. 9.2.5. Limitação do aceite Ocorre nos casos em que o sacado aceita somente parte do valor da letra de câmbio. A limitação do aceite é considerada uma recusa, mas o sacado obriga-se pela parte aceita. (Rebeca Ribeiro) Ele protesta e, ao cobrar de outro, cobra somente a parte não aceita. Se o C pagar a parte não aceita, o dono do título não transfere, mas uma letra de câmbio autenticada dizendo que aquela parte já foi paga por C e este pode cobrar dos outros. Ele não transfere para cobrar daquele que aceitou, mas ainda não pagou (Tem que esperar o vencimento porque protestou). C fica com a cópia. 9.2.6. Modificação do aceite Ocorre naqueles casos em que o sacado, ao aceitar, altera algum dos requisitos da letra de câmbio. A modificação é considerada uma recusa, mas o sacado obriga-se pela alteração. A limitação do aceite, na verdade, trata-se de uma modificação do mesmo. Ex. Troca-se a data de pagamento. Rafael Barreto Ramos © 2013 26 9.2.7. Aceite domiciliado Ocorre quando o sacado, no ato do aceite, indica um outro domicílio para nele ser efeituado o pagamento. Deve ser na mesma cidade. (Rebeca Ribeiro) Lei: aceite domiciliar. Outro lugar: mesma cidade. “Coloca o lugar e o sacador altera.” 9.2.8. Letra domiciliada Quando o sacador indica um lugar de pagamento diverso do domicílio do sacado. Não há o requisito da cidade. IMPORTANTE: - No aceite domiciliado o sacador colocou o lugar e o sacado vem e altera. - Na letra domiciliada, o próprio sacador já coloca um lugar diferente. 9.2.9. Prova da falta ou recusa do aceite O PROTESTO é a prova da falta ou recusa do aceite. 9.2.10. Efeitos do aceite Torna o sacado aceitante e obrigado principal. Rafael Barreto Ramos © 2013 27 9.3. Aval É a garantia de pagamento da letra de câmbio dada por um terceiro ou mesmo por um de seus signatários. É uma declaração cambial escrita na própria cártula ou em seu alongamento por cujo meio o seu subscritor, seja ou não um estranho à relação cambial, assume uma obrigação solidária1, autônoma2, direta3 e pessoal4, que tem por finalidade garantir o pagamento integral ou parte da obrigação pecuniária. “Acontece nos casos em que surge um terceiro que vai garantir o pagamento da letra de câmbio. É uma garantia PESSOAL.” (1) Solidária: O avalista responde por tudo. (2) Autônoma: Mesmo se a assinatura do avalizado der algum problema, o avalista continuará obrigado. (3) Direta: Pode-se cobrar a obrigação DIRETAMENTE do avalista. (4) Pessoal: Fidejussória. (Rebeca Ribeiro) Avalista é um coobrigado surgimento de um terceiro que garantirá pessoalmente o pagamento da letra de câmbio. O avalizado não pode cobrar do seu próprio avalista, mas este pode cobrar daquele. Avalista pode garantir apenas parte do valor, mas pode-se cobrar diretamente deste. 9.3.1. Partes A pessoa que avaliza/garante é o avalista e o garantido é o avalizado. O avalista pode cobrar de seu avalizado, todavia o inverso não aplica. O avalista é obrigado posterior em relação ao avalizado. Rafael Barreto Ramos © 2013 28 9.3.2. Natureza jurídica O aval é uma garantia pessoal. Aval Fiança - Vinculado ao título de crédito autônomo; “Só existe no título de crédito autônomo.” - Não pode substituir; - Não tem o benefício de ordem - Não tem prazo - Ligado ao contrato acessório e vinculado ao principal; “Só existe no contrato.” - Pode substituir; - Tem o benefício de ordem; - Tem prazo. (Rebeca Ribeiro) Aval só existe em título de crédito e fiança só existe no contrato. O avalista é autônomo. A fiança, por sua vez, depende. Substituição em casos de falência, morte proibido no aval, permitido na fiança. “Benefício de ordem” não existe no aval, isto é, pode-se cobrar do avalista antes do avalizado. Rafael Barreto Ramos © 2013 29 14/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado) 9.3.3. Aval do cônjuge (Art. 1.647, III do Código Civil) Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiançaou aval; - Interpretação: Para o aval, se o indivíduo for casado, o cônjuge deve outorgar, exceto no regime de separação universal de bens. Exige autorização do cônjuge, pois o Direito protege o patrimônio do casal. O cônjuge que assina torna- se obrigado também, ou seja, seu patrimônio também é envolvido. Aval dado sem a outorga do cônjuge é válido, mas o que não assinou pode pedir ANULAÇÃO da assinatura. Caso a anulação se caracterize, o cônjuge que assinou poderá sofrer ação de perdas e danos. Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. IMPORTANTE: União estável é equiparada ao regime de comunhão parcial. Destarte, a OUTORGA É NECESSÁRIA. Tratando-se de casais homossexuais, a OUTORGA TAMBÉM É NECESSÁRIA. Nota: - Qual é a forma do cônjuge outorgar sem se obrigar? Dar a outorga em um documento separado. 9.3.4. Forma do aval Poderá ser dado na frente (anverso¹) ou no verso². (1) Aval no anverso: Tem como requisito a ASSINATURA DO AVALISTA. (2) Aval no verso: Tem como requisitos a assinatura do avalista, uma declaração constando que a assinatura é por aval e uma declaração constando a quem se está avalizando (caso contrário, considera- se que o aval foi dado ao sacador). 9.3.5. Responsabilidade do avalista Assume a mesma obrigação do AVALIZADO (a quem garante), entretanto é um obrigado posterior. Se pagar o avalizado, não se pode cobrar do avalista. Rafael Barreto Ramos © 2013 30 9.3.6. Aval antecipado Ocorre naqueles casos em que o aval é dado ao endossatário¹ ou ao sacado. (1) Endossatário: atual proprietário da Letra de Câmbio. “Enquanto não for endossado, F e f’ não têm responsabilidade.” - Sacado: indicado para pagar, mas ainda não pagou: não possui responsabilidade. Com o advento do avalista para o sacado: I. Se o avalista assume a mesma obrigação do avalizado avalista somente assume obrigação se o avalizado se obrigar (AVAL CONDICIONAL). II. O aval típico título crédito, no qual vigora o princípio da autonomia: ASSINOU, OBRIGOU-SE. Se o avalista assinar, se obriga, ainda que o sacado não tenha assinado.Oco 9.3.7. Aval limitado Ocorre nos casos em que o avalista garante apenas parte do valor do título. Para o aval ser caracterizado como limitado, deve haver declaração EXPRESSA de que apenas PARTE da letra de câmbio foi garantida. Caso contrário, supõe-se que a letra de câmbio foi garantida em sua totalidade. 9.3.8. Aval simultâneo (Súmula 189 do STF) Ocorre quando vários avalistas garantem um mesmo avalizado. Em aval a A: a’ Quando é expresso na letra de câmbio desta forma, supõe-se o aval simultâneo. Para o a’’ proprietário da mesma não há problema, vez que este pode cobrar de todos avalistas. a’’’ STF Súmula nº189 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 97. Avais em Branco e Superpostos - Simultâneos ou Sucessivos Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos¹. (1) Aval sucessivo: vide abaixo. Rafael Barreto Ramos © 2013 31 9.3.9. Aval sucessivo (Aval do aval) Quando um avalista garante outro avalista. - Súmula 189 – STF (vide acima): aval superposto com número de ordem presume-se aval sucessivo. Se não houver número de ordem, presume-se aval simultâneo. Em aval a C: 1º c’ Quando é expresso na letra de câmbio desta forma, supõe-se o aval sucessivo. Deste 2º c’’ modo, dever-se-á cobrar primeiramente c’, em segundo lugar c’’, para somente então 3º c’’’ cobrar c’’’. - Problema relação avalistas (1) Situação 1: F cobra tudo de a’. Neste caso, a’, por sua vez, somente poderá cobrar de a’ e a’’ a quota parte de 1/3, pois vigora a solidariedade do Direito Civil. (2) Situação 2: Se F cobrar de c’’, não poderá cobrar de c’’’, mas pode cobrar de c’, ou seja, pode cobrar do avalista, mas não do avalizado. 9.3.10. Avalista do aceitante Obrigação: mesma de quem ele é avalista. Se for do obrigado principal, também o será. 9.3.11. Relação entre avalista e avalizado Avalista pode cobrar do avalizado. Avalizado, por outro lado, não pode cobrar do avalista. Rafael Barreto Ramos © 2013 32 10. Ordem de obrigados ao pagamento da Letra de Câmbio É preciso saber o número de ordem para cobrar dos obrigados anteriores, nunca dos posteriores. Ex. Se cobrou do 11º, somente pode cobrar do 10º para baixo. Rafael Barreto Ramos © 2013 33 18/03/13 11. Vencimento É um momento em que a letra de câmbio poderá ser cobrada. 11.1. Modalidades de vencimento a. Vencimento à vista É aquela em que o vencimento ocorre com a apresentação da letra de câmbio ao sacado. Aquela que está condicionada a um evento: a apresentação. Com o objetivo de evitar obrigações eternas, a lei define que a letra de câmbio à vista deve ser apresentada ao sacado no prazo de 1 ano. O sacador, ao emitir, pode aumentar ou diminuir o prazo de 1 ano. Os endossantes, por outro lado, somente podem reduzir o prazo de 1 ano. O sacador também poderá definir um lapso temporal no qual a letra não poderá ser apresentada. O prazo passa a correr após este lapso. b. Vencimento a certo termo de vista É aquela em que o prazo de vencimento começa a correr a partir do aceite do sacado. Logo, o aceite deve ser DATADO. Também condicionada a evento. Desta forma, a lei define que a letra de câmbio seja apresentada para aceite em 1 ano. Cabe ressaltar, que o prazo passa a correr APÓS O ACEITE. Deste modo, o prazo de 1 ano para o portador apresentar ao sacado, para que somente então, caso ocorra o aceite, o prazo comece a contar. Caso o aceite se der sem data, deve-se realizar o protesto mencionando que não houve data. Lei admite cláusula de juros, pois não se sabe o dia que vai pagar, já que está condicionado a um evento: apresentação. c. Vencimento de certo termo/tempo de data É aquele em que o prazo de vencimento começa a correr a partir da emissão. Ex. Vencimento daqui a 72 dias. d. Vencimento a dia certo É aquele no qual é colocada uma data precisa para o vencimento. Rafael Barreto Ramos © 2013 34 11.2. Contagem de prazos A mesma considerada no Direito Civil. Não se conta a data de emissão e se conta na data de vencimento. Se a data de vencimento for de duas semanas, considerar-se-á o mesmo dia da semana em duas semanas. Ex. Segunda-feira duas semanas após. Se for de mês, considerar-se-á o mesmo dia do mês. Se for de um mês e meio, primeiro se contará os inteiros, para somente então contar as frações. 11.3. Vencimento antecipado a. Na hipótese de falta ou recusa do aceite b. Nos casos de falência/insolvência do sacado, quer tenha aceito ou não, ou ter sido promovida, sem resultado, a execução de seus bens. Somente está sujeito a falência quem é empresário. Não empresários são considerados como insolventes. c. Na hipótese de falência do sacador de uma letra não aceita Conforme o professor, configurar-se-ia a hipótese da letra a. 11.4. Efeitos do Vencimento Possibilita ao portador a cobrança da lei de câmbio. 12. Pagamento 12.1. Espécies de pagamento a. Extintivo O pagamento realizado pelo aceitante ou pelo sacador de uma letra não aceita. b. Recuperatório É aquele feito pelos endossantes ou avalistas ou sacador de uma letra aceita. Rafael Barreto Ramos © 2013 35 12.2. Pagamento de juros a. Moratórios Juros devidos a partir do vencimento. Os juros moratórios atuais são definidos pelo governo e estão estabelecidos em 1% ao mês. b. Compensatórios ou remuneratórios É aquele acordado, aceito pelo fato de credor ficar por certo tempo sem o seu dinheiro. IMPORTANTE: - Questão de prova: E possível que uma letra de câmbio possua as duas formasde juros? Sim. Se esta tiver vencido e forem acordados juros, haverá incidência dos dois. 12.3. Pagamento total e parcial Ao vencer a letra de câmbio, as pessoas são obrigadas a pagar a letra de câmbio em sua totalidade. Há, todavia, uma exceção: O aceitante, no vencimento, tem o direito de pagar apenas parte do valor. Continua devendo o restante. Após o vencimento, deverá pagar somente a quantia integral. 12.4. Efeitos do pagamento Se o pagamento for extintivo, extingue a letra de câmbio. Se for recuperatório, gera o direito de regresso em relação aos demais obrigados. 12.5. Pagamento por intervenção Hipóteses em que surge um terceiro que honra a dívida pelo obrigado. a. Pode ocorrer quando o portador tem direito de ação à data do vencimento ou quando a lei admite o vencimento antecipado A letra de câmbio deve estar vencida. b. Deve abranger a totalidade da importância devida por honra de quem se realiza Deve ser paga em sua totalidade. c. Deve ser feito o mais tardar no dia seguinte ao último em que é permitido fazer o protesto por falta de pagamento (2 dias após o vencimento). Rafael Barreto Ramos © 2013 36 21/03/13 13. Ressaque Consiste no saque, pelo portador, de uma nova letra de câmbio, à vista, contra o obrigado de quem deseja obter a soma cambial. - São condições para o ressaque: a. Que o portador tenha o direito de ação regressiva b. Que a nova letra emitida seja à vista. O portador da letra de câmbio pode cobrar de qualquer um dos obrigados. Este emite então uma nova letra de câmbio O “E” não quer cobrar das pessoas, ou porque não têm dinheiro ou porque tem outras relações comerciais. A letra de câmbio já está vencida. Se a letra for continuar a circular, não poderá ser por endosso, pois após o vencimento esta se dá por cessão civil. O “E” então emitirá uma nova letra de câmbio, sendo então sacador, e elencará como sacado um dos devedores. 14. Protesto É o ato formal e solene¹ pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. (1) Ato formal e solene: A lei estipula como se dará o protesto. Ato mediante o qual o portador do título demonstra que tentou receber, mas, apesar da tentativa, o devedor não cumpriu sua obrigação no prazo. O protesto é o aviso ao obrigado que ele deveria pagar e, apesar do aviso, não pagou. O protestado sempre será o sacado ou aceitante. 14.1. Natureza jurídica Probatória, ou seja, serve como meio de prova contra o protestado. 14.2. Regime jurídico Lei 9492/97¹ e At. 202, III² do Código Civil (1) Lei 9.492/97: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9492.htm (2) Art. 202, III Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; Rafael Barreto Ramos © 2013 37 14.3. Efeitos do protesto 14.3.1. Garante do direito de regresso O protesto é necessário para poder cobrar dos coobrigados. Contra o obrigado principal, não é necessária a realização do protesto. IMPORTANTE: - Contra o avalista do aceitante, é necessário fazer o protesto? Não, pois ele assume a mesma obrigação de quem avaliza. Isto é, se avaliza obrigado principal, será considerado como obrigado principal. - O E, possuidor, apresentou a letra de Câmbio pro B. O sacado não aceitou. O E deveria protestar para garantir o direito de regresso. O E se esqueceu de realizar o protesto. Deste modo, poderá cobrar de quem? NÃO PODERÁ COBRAR DE NINGUÉM. 14.3.2. Comprova a impontualidade e inadimplência do devedor cambiário É um meio probatório. Comprova a inadimplência. 14.3.3. Interrompe a prescrição Se interrompe, o prazo começa a ser contado do 0. 14.4. Protesto necessário a. No caso de falta de aceite ou de pagamento b. No caso da letra pagável a certo termo de vista¹, em que houver falta de data. (1) No caso da letra pagável a certo termo de vista: É aquele que o prazo de vencimento começa a correr a partir do aceite. Logo, o aceite deve ser datado. Em caso de esquecimento da data, deve-se realizar o protesto para começar a contar o prazo. c. No de ter sido a letra aceita por interveniente e não foi paga Surge uma pessoa como interveniente. Uma pessoa vem e diz “eu prometo pagar”. Porem na época do pagamento, não paga. Deve-se realizar um protesto por falta de pegamento. d. No de pluralidade de exemplares, para o portador poder exercer seu direito de regresso, quando o que enviar ao aceite uma das vias a pessoa em outras se contra não entregue essa via no portador legítimo. Rafael Barreto Ramos © 2013 38 14.5. Prazos do protesto a. Por falta de pagamento: no primeiro dia útil seguinte ao do vencimento. Perdeu esse prazo, prescreveu. O decreto 57.663 elenca o prazo de 2 dias, todavia, deve-se considerar o prazo da lei. b. Por falta de aceite: no prazo fixado para a apresentação ao aceite. (Rebeca Ribeiro) Rafael Barreto Ramos © 2013 39 04/04/13 IMPORTANTE: A assinatura da letra de câmbio pode ser a lápis, contudo o portador corre o risco, se esta assinatura for apagada, de perder parte de sua garantia. 14.6. Procedimento O portador, não tendo o título aceitou ou pago, entrega ao tabelião. O tabelião no prazo de 3 dias úteis, citará o aceitante para este aceitar ou pagar. E este terá o prazo de 3 dias úteis para aceitar ou pagar. O sacado não aceitando ou não pagando em 3 dias úteis, o tabelião vai “tirar o protesto”, ou seja, “realizar o protesto”, que nada mais que uma declaração que o sacado/aceitante não aceitou/pagou. Devolve a letra de câmbio para portador para que este tome as devidas providências. Após o recebimento da letra de câmbio, o portador terá 4 dias para informar ao sacador e os demais endossantes que título não foi aceito. E, então, regressivamente, os endossantes terão 2 dias para comunicar os demais. Não realizando as comunicações, aquele que não realizou poderá responder por perdas e danos. Contudo, isto dificilmente ocorre, pois se devem provar as perdas e danos. IMPORTANTE: O sacado, MESMO QUE NÃO ACEITE, será protestado. Deste modo, pode-se ter um título protestado sem dever NADA. Rafael Barreto Ramos © 2013 40 14.7. Dispensa do protesto O sacador, os endossantes e os avalistas podem apor¹ a expressão “dispensa do protesto” ou equivalente. Se a cláusula foi colocada pelo sacador, terá efeito erga omnes², mas se colocada pelos avalistas ou endossantes, somente para eles a cláusula valerá³. (1) Apor: colocar. (2) Efeito erga omnes: Poder-se-á cobrar de todas. (3) Somente para os avalistas ou endossantes valerá: Poder-se-á cobrar somente daqueles que colocaram a cláusula. Contra os demais, dever-se-á realizar o protesto para que seja garantido o direito de regresso. 14.8. Cancelamento do protesto (Arts. 26 e 27,§2º da Lei 9492/97) Ocorre nos casos em que o protesto já foi realizado. “Uma vez tirado o protesto, pode-se pedir o seu cancelamento.” - 3 formas de cancelamento do protesto: I. Através do pagamento do título e a apresentação do título pago ao tabelião; (Forma usual) II. Se não houver mais o título, dever-se-á apresentar um documento com firma reconhecida em cartório de quem realizou o protesto pedindo que o protesto seja cancelado; III. Mediante decisão judicial. Uma vez cancelado o protesto, não constará mais nenhuma informação de que a pessoa teve o título protestado, salvo por ordem judicial ou pedido daquele que teve o título protestado. Rafael Barreto Ramos © 2013 41 14.8.1. Previsão legal Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada. § 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título ou documento de dívida protestado, seráexigida a declaração de anuência, com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no registro de protesto como credor, originário ou por endosso translativo. § 2º Na hipótese de protesto em que tenha figurado apresentante por endosso-mandato, será suficiente a declaração de anuência passada pelo credor endossante. § 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em outro motivo que não no pagamento do título ou documento de dívida, será efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos devidos ao Tabelião. § 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial, o cancelamento do registro do protesto poderá ser solicitado com a apresentação da certidão expedida pelo Juízo processante, com menção do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de dívida protestado. § 5º O cancelamento do registro do protesto será feito pelo Tabelião titular, por seus Substitutos ou por Escrevente autorizado. § 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma de microfilme ou gravação eletrônica, o termo do cancelamento será lançado em documento apartado, que será arquivado juntamente com os documentos que instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo. Art. 27. O Tabelião de Protesto expedirá as certidões solicitadas dentro de cinco dias úteis, no máximo, que abrangerão o período mínimo dos cinco anos anteriores, contados da data do pedido, salvo quando se referir a protesto específico. § 1º As certidões expedidas pelos serviços de protesto de títulos, inclusive as relativas à prévia distribuição, deverão obrigatoriamente indicar, além do nome do devedor, seu número no Registro Geral (R.G.), constante da Cédula de Identidade, ou seu número no Cadastro de Pessoas Físicas (C.P.F.), se pessoa física, e o número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes (C.G.C.), se pessoa jurídica, cabendo ao apresentante do título para protesto fornecer esses dados, sob pena de recusa. § 2º Das certidões não constarão os registros cujos cancelamentos tiverem sido averbados, salvo por requerimento escrito do próprio devedor ou por ordem judicial. Rafael Barreto Ramos © 2013 42 14.9. Sustação do protesto (Art. 17 da Lei 9492/97) É uma cautelar¹ que visa a impedir a realização do protesto. Num prazo de 30 dias, o sacado/aceitante terá que propor ação principal alegando a inexistência da dívida. (1) Cautelar: é uma medida protetiva, precária que visa somente evitar o dano. Art. 17. Permanecerão no Tabelionato, à disposição do Juízo respectivo, os títulos ou documentos de dívida cujo protesto for judicialmente sustado. § 1º O título do documento de dívida cujo protesto tiver sido sustado judicialmente só poderá ser pago, protestado ou retirado com autorização judicial. § 2º Revogada a ordem de sustação, não há necessidade de se proceder a nova intimação do devedor, sendo a lavratura e o registro do protesto efetivados até o primeiro dia útil subseqüente ao do recebimento da revogação, salvo se a materialização do ato depender de consulta a ser formulada ao apresentante, caso em que o mesmo prazo será contado da data da resposta dada. § 3º Tornada definitiva a ordem de sustação, o título ou o documento de dívida será encaminhado ao Juízo respectivo, quando não constar determinação expressa a qual das partes o mesmo deverá ser entregue, ou se decorridos trinta dias sem que a parte autorizada tenha comparecido no Tabelionato para retirá-lo. IMPORTANTE: Em regra, deve-se efetuar o depósito judicial para se peticionar a cautelar. Pode-se, ao invés de propor a cautelar, ajuizar a ação principal com pedido de liminar pedindo a sustação. 15. Ação cambial (Qual a ação proposta se o título não foi pago?) Ação de execução. 15.1. PrescriçãoSe for prescrita a ação de execução, cabe: Ação de cobrança: cobra-se o que gerou o título. Neste caso, a letra de câmbio poderá ser utilizada como prova. Ex. Venda de um automóvel. Ação de enriquecimento sem causa: Alega-se que se tem um título e que este não foi pago. Logo, alguém enriqueceu em prol do empobrecimento de outrem. Monitória Ação que se propõe e cita do devedor. SE o devedor não se pronunciar, o juiz proferirá uma sentença. Cobra-se então o título executivo. Caso o devedor se pronuncie/conteste, esta se tornará uma ação de cobrança. Rafael Barreto Ramos © 2013 43 IMPORTANTE: Alguns autores afirmam ERRONEAMENTE que a monitória ressurge o título de crédito.. Esta afirmação está errada em virtude do fato de que na ação monitória cobra-se o título executivo judicial (SENTENÇA) e não o título de crédito. 15.1. Objeto da ação cambiária (O que se deve requerer na ação cambial?) Requere-se: - O valor do título; - Juros - Correção monetária; - Valor do protesto. 15.2. Defesa do executado a. Direito pessoal do réu contra o autor b. Defeito de forma c. Defesas processuais Rafael Barreto Ramos © 2013 44 11/04/13 15.3. Pluralidade de exemplares 15.3.1. Duplicata É solicitada pelo portador da letra de câmbio, ao sacador para que faça novas letras de câmbio em várias vias. O pagamento de qualquer das vias libera aquele que pagou de pagar qualquer uma das outras vias. 15.3.2. Cópias É a reprodução via mecanográfica da letra de câmbio original, ou seja, o xerox. Somente o pagamento da letra original liberará o emitente do pagamento das demais vias. 15.4. Prescrição 15.4.1. Contra o aceitante 3 anos a partir do vencimento 15.4.2. Contra o sacador 1 ano do protesto 15.4.3. Dos endossantes uns contra os outros 6 meses do pagamento ou do acionamento em juízo 15.4.4. Dos endossantes contra o sacador 6 meses do pagamento ou do acionamento em juízo. 15.5.5. Do portador contra os endossantes Um ano do protesto. IMPORTANTE: - Contra cada um dos intervenientes, o prazo prescricional é diferente. E contra os avalistas, qual é o prazo prescricional? Seria o mesmo prazo prescricional destinado ao avalizado. Rafael Barreto Ramos © 2013 45 Nota promissória 1. Conceito Título de crédito mediante o qual o seu emitente se obriga a pagar a seu beneficiário, ou à sua ordem, a quantia em dinheiro nele declarada. “É uma promessa de pagamento. A pessoa que emite a nota promissória promete a pagar ao beneficiário a importância nela declarada.” Emitente Beneficiário/tomador “Dá ordem a ele mesmo a pagar a terceiro.” O A é o obrigado principal e, ao emitir, já está assinando, tornando-se, automaticamente, o obrigado principal. Contanto, não é necessário o protesto para cobrar deste. 2. Legislação Decreto 57.663/66 3. Natureza jurídica Ato unilateral de vontade, ou seja, sua emissão depende única e somente da vontade do emitente. Rafael Barreto Ramos © 2013 46 4. Requisitos essenciais 4.1. A denominação “Nota promissória” expressa na língua empregada para redação do título. A Expressão nota promissória expressa na ordem de pagamento. 4.2. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada. No caso de duas quantias, prevalece a por extenso e, caso ainda haja dúvida, a de menor valor. 4.3. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga 4.4. Data de emissão Mês por extenso. 4.5. Assinatura do emitente 5. Requisitos não essenciais (Em caso de falta, a lei tentará suprir) 5.1. Época de pagamento - Falta: Considerar-se-á o pagamento à vista. 5.2. Lugar de pagamento - Falta: Será considerado o lugar ao lado do nome do emitente. 5.3. Lugar de emissão - Falta: Será considerado o lugar ao lado do nome do emitente. 6. Aplicação das normas sobre a letra de câmbio às notas promissórias Todos os institutos da letra de câmbio são aplicáveis à nota promissória, exceto o aceite e duplicata. Rafael Barreto Ramos © 2013 47 Cheque 1. Conceito É uma ordem de pagamento à vista, dada a um banco ou instituição assemelhadapor alguém que tem fundos disponíveis¹ no mesmo, em favor próprio ou de terceiro. (1) Fundos disponíveis: dinheiro depositado pelo emitente ou crédito garantido pelo banco. (1) Emitente: obrigado principal; (2) Sacado: A princípio, NÃO TEM OBRIGAÇÃO NENHUMA. Somente será responsável se, ao realizar a compensação do cheque, cometer algum erro. IMPORTANTE: - Diferença do cheque para a letra de câmbio: I. O pagamento do cheque será sempre à vista; II. O emitente deve ter fundos disponíveis no banco; III. O sacado é sempre o banco ou a instituição financeira. Nota: Cheque pré-datado é aquele no qual se insere uma data futura para o pagamento. Todavia, por conceito, o cheque deve ser pago à vista. Se o cheque for apresentado antes da data estipulada, este será descontado, pois seu pagamento deve ser à vista. Em contrapartida, os tribunais tem entendido que aquele que descontou o cheque realizou uma quebra contratual, cabendo perdas e danos. - Crítica: Professor é contra este ponto de vista, pois se transforma o cheque numa nota promissória. 2. Legislação Lei 7.357/85 O cheque é regulado por um tratado internacional. Todavia, o Brasil já elaborou uma lei conforme o tratado (7.357/85). Rafael Barreto Ramos © 2013 48 3. Pressupostos de emissão do cheque a. Ser o sacado em banco ou instituição financeira a ele equiparada¹ (1) Instituição financeira a ele equiparada: Instituições de crédito, financiamento e investimento, caixas econômicas e cooperativas de crédito. b. Provisão do sacador Proveniente de efetivo depósito do emitente ou de um crédito conferido pela instituição financeira. “Tem que ter saldo.” c. Disponibilidade sobre a provisão O valor não pode estar bloqueado. d. Haver entre o emitente o banco sacado uma convenção para que o emitente disponha dos fundos por meio de cheque. Deverá haver um contrato de abertura de conta na qual as movimentações financeiras poderão ser realizadas por meio de cheque. IMPORTANTE: - Requisito: condição de validade. - Pressuposto: condição de existência. Rafael Barreto Ramos © 2013 49 15/04/13 4. Validade do cheque em que faltam os pressupostos de emissão Se praticado um ato no qual não se preenche determinado pressuposto, este ato será inexistente. Conduto, a lei determina que, neste caso, o cheque ainda existirá, sendo considerado como cheque irregular. “Continua a existir, sendo cheque irregular.” Nota: Emitir cheque sem fundo caracteriza o crime de estelionato (Artigo 171, Código Penal). 5. Requisitos essenciais a. A denominação “cheque” inserta no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido b. A ordem incondicional¹ de pagar quantia determinada (1) Ordem incondicional: Aquela na qual não se podem impor condições. Caso haja alguma condição, esta será considerada não escrita. IMPORTANTE: O CHEQUE NÃO ADMITE CLÁUSULA DE JUROS. c. O nome do banco ou instituição financeira que deve pagar (sacado) Não se pode colocar dois sacados. d. A assinatura do sacador A pessoa somente se obriga no momento em que assina. O emitente sempre assina, sendo o obrigado principal. e. Data do cheque A data do cheque é composta de dia, mês e ano, devendo o mês, obrigatoriamente, ser expresso por extenso. É fundamental, pois é a partir da data que começa a contar o prazo prescricional de apresentação. Rafael Barreto Ramos © 2013 50 6. Requisitos não essenciais¹ (1) Requisitos não essenciais: Aquele que, em caso de falta, a lei tentará suprir sua falta. a. Lugar de pagamento - Falta: Será considerado o lugar escrito ao lado do sacado. b. Lugar de emissão - Falta: Será considerado o lugar escrito ao lado do sacador. 7. Cheque nominal acima de 100 btns¹ (Lei 9069/95, Art. 69) (1) BTN: Bônus do tesouro nacional Cheque até 100 reais não necessita de ter o nome do beneficiário. Por outro lado, acima de 100 reais deve ser nominal, ou seja, deve conter o nome beneficiário. Art. 69. A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem REAIS), sem identificação do beneficiário. Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo. 8. Modelo oficial de cheque Atualmente o modelo do cheque é padronizado, o que permite a existência de máquinas de preenchimento automático do cheque. 9. Responsabilidade do sacador O sacador é o obrigado principal. Rafael Barreto Ramos © 2013 51 10. Formas do cheque a. A pessoa nomeada com ou sem a expressão “à ordem” Permite o endosso. b. A pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem” A transferência não é feita por meio de endosso e sim por meio de cessão civil. c. Cheque ao portador (Lei 8088/90, Art. 19) NÃO EXISTE MAIS. NÃO MAIS PERMITIDO. Art. 19. Todos os títulos, valores mobiliários e cambiais serão emitidos sempre sob a forma nominativa, sendo transmissíveis somente por endosso em preto. § 1° Revestir-se-ão de forma nominativa os títulos, valores mobiliários e cambiais em circulação antes da vigência desta lei, quando, por qualquer motivo, reemitidos, repactuados, desdobrados ou agrupados. § 2° A emissão em desobediência à forma nominativa prevista neste artigo torna inexigível qualquer débito representado pelo título, valor mobiliário ou cambial irregular. § 3° A Comissão de Valores Mobiliários regulamentará o disposto neste artigo em relação aos valores mobiliários. 11. Cheque com vários beneficiários O cheque pode ter vários beneficiários e, a depender da cláusula inserida, faz-se necessária a presença de todos os beneficiários no ato do recebimento deste. (Thâmara Laís) Endosso de vários beneficiários todos devem assinar. - Pessoa jurídica beneficiária: Somente o representante pode receber. Para que outra pessoa receba é necessária procuração. 12. Beneficiário designado pela função Permitido, todavia a problemática consiste em provar que exerce tal função. 13. Capacidade do beneficiário Em princípio, para ser beneficiário do cheque, deve-se estar em pleno gozo da capacidade civil, isto é, ser maior de 18 anos ou emancipado. Todavia, o relativamente incapaz que pode emitir cheque (deve possuir conta) também pode ser beneficiário. E toda vez que o cheque for em benefício do incapaz, este terá valor. (Thâmara Laís) Se o cheque for para benefício do incapaz, será válido, ainda que este não tenha conta. Rafael Barreto Ramos © 2013 52 18/04/13 (Thâmara Laís, adaptado) 14. Endosso Forma normal de circulação do cheque. 14.1. A quem pode ser feito Pode ser feito a qualquer um que pode se obrigar no cheque. Se o cheque sustado chega em mãos de terceiro de boa-fé, este poderá cobrar de quem está obrigado, que, por sua vez, somente não terá a obrigação de pagar se comprovada a má-fé daquele que está cobrando (autonomia). 14.2. Endosso mandato (Art. 26, Lei 7.357) Utilizado para que o endossatário-mandatário proceda a cobrança para o endossante- mandante, ou seja, o título pertence ao endossante-mandante. Escreve-se “por procuração”, “por mandato”. Art. 26 Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor em cobrança’’, ‘’para cobrança’’, ‘’por procuração’’, ou qualquer outra que implique apenas mandato, o portador pode exercer todos os direitos resultantes do cheque, mas só pode lançar no cheque endosso-mandato. Neste caso, os obrigados somente podem invocar contra o portador as exceções oponíveis ao endossante. Parágrafo único. O mandato contido no endosso não se extingue por morte do endossante ou por superveniência de sua incapacidade. 14.3. Endosso pignoratício Transfere o cheque em garantia de outra obrigação. Ex. Cheque caução com beneficiário diverso do emitente. - Forma correta – Cheque endossado pelo emitente em garantia. Rafael Barreto Ramos © 2013 53 14.4. Endosso póstumo É aquelerealizado após o prazo de apresentação do cheque. Válido como CESSÃO CIVIL. - Prazos: I. 30 dias – mesma praça; II. 60 dias – praças diferentes. IMPORTANTE: O endosso não pode ser feito ao sacado (“B” – banco/instituição financeira), pois pode ser confundido com o aceite. O endosso realizado ao banco será considerado como quitação. - Exceção: Pode ser realizado endosso para outra agência¹ que não a referente à do sacado. (1) Outra agência: A possibilidade de descontar o cheque em outra agência é gentileza, pois, em regra, o cheque deve ser descontado na agência a qual foi estipulada para tal. 14.5. Endosso condicional NÃO EXISTE, sendo permitido, portando, somente o ENDOSSO PURO E SIMPLES. 14.6. Endosso parcial NÃO EXISTE, somente se permitindo o ENDOSSO INTEGRAL. Contudo, nada impede que o endosso seja feito para mais de uma pessoa em simultâneo. 14.7. Modo e lugar do endosso - Verso: Apenas assinatura; - Anverso: Assinatura e declaração de que se trata de endosso para que NÃO SEJA CONFUNDIDA COM AVAL. 14.8. Espécies de endosso - Em preto, pleno, nominativo: coloca-se para quem se está endossando. - Ao portador: PROIBIDO. - Em branco: Não designa endossatário. Rafael Barreto Ramos © 2013 54 IMPORTANTE: - Divergência doutrinária em relação ao endosso em branco: I. Corrente majoritária: A lei 8021 proibiu o título ao portador. Como o endosso em branco não designa o endossatário, o título será do portador. Assim, em caso de endosso em branco, O ÚLTIMO DEVERÁ SER EM PRETO. II. Corrente minoritária: Válido, sem qualquer condição ou restrição. Nota: - Em caso de endosso de cheque com vários beneficiários, TODOS DEVERÃO ASSINAR como endossantes para que este seja endossado. - Em caso de endosso para um dos beneficiários de cheque com vários beneficiários, todos os beneficiários deverão assinar para endossar (inclusive o endossatário, que, neste momento, assina como endossante) e o endossatário deverá assinar novamente (desta vez, como endossatário). 14.9. Direitos transferidos pelo endosso O título e seus direitos. - Descontar cheque: não é necessário assinar, pois não se está endossando. O banco exige a assinatura com o intuito de se proteger em casos de problemas. 14.10. Responsabilidade do endossante (IMPORTANTE) Coobrigado. 14.10.1. Isenção da responsabilidade do endossante a) Endosso sem garantia O endossante não tem responsabilidade. b) Proibição do endosso O endossante só se responsabiliza perante seu endossatário. 14.11. Cancelamento do endosso Possível riscar ou escrever “sem efeito”, “sem valor”. Deve ser datado. 14.12. Proteção à aquisição de boa-fé Rafael Barreto Ramos © 2013 55 22/04/13 15. Aval O cheque admite o aval. Todavia, existe pouco aval em virtude do fato de o cheque ter um prazo curto de apresentação. 15.1. Aval do cônjuge (Arts. 1649, II; 1.642, IV, e 1646 do Código Civil) Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado. Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647; II - administrar os bens próprios; III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial; IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos; VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente. Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros. - Interpretação: Atualmente, conforme o código civil de 2002, quem é casado, exceto no regime de separação absoluta, somente poderá prestar aval com a anuência do outro cônjuge. Caso o aval seja prestado sem a autorização do cônjuge, o outro poderá pedir a invalidação do aval. Todavia, conseguida a invalidação do aval, o terceiro prejudicado poderá entrar com perdas e danos, voltando-se, portanto, ao ponto de origem. 15.2. Aval Limitado O aval pode ser limitado/parcial. Contudo, deverá ser descrito o valor limitado, qual a parcela a ser avalizada. Rafael Barreto Ramos © 2013 56 15.3. Quem pode avalizar Qualquer pessoa capaz, com exceção do SACADO (“B” – Banco ou instituição financeira), vez que, se este avalizar, o aval será confundido com a figura do aceite. 15.4. Avais simultâneos Quando várias pessoas avalizam uma mesma pessoa. 15.5. Avais sucessivos São os avais de avais. 15.6. Forma do aval - Verso: simples assinatura e declaração constando que a assinatura é por aval para que não seja confundida com o endosso. - Anverso: Assinatura. Caso não se especifique a quem será dado o aval, presumir-se-á que este foi dado ao SACADOR. 15.7. A quem se dá o aval Pode ser dado ao OBRIGADO ou ao COOBRIGADO. NÃO PODE SER DADO AO SACADO, vez que este não é obrigado. 15.8. Responsabilidade do avalista A mesma do AVALIZADO. 15.9. Direitos do avalista que paga Assume a titularidade/propriedade do título e poderá cobrar dos obrigados anteriores e do seu avalizado. 16. O cheque não admite aceite O cheque não admite aceite para não se transformar em letra de câmbio. Rafael Barreto Ramos © 2013 57 17. Cheque marcado NÃO EXISTE MAIS NO BRASIL. a) O valor do cheque será desde logo debitado à conta do emitente b) O sacado se tornará o único responsável por seu pagamento c) Inadmissibilidade de contra-ordem, pois o cheque marcado, em relação ao emitente opera efeitos idênticos do seu pagamento No ato do desconto do cheque, o banco não tem o dinheiro referente e, assim, o banco assina o cheque garantindo que depois de certo tempo pagará ao beneficiário. Porém, já debitava o valor da conta do emitente, tornando-se o único obrigado. Foi proibido porque o banco não pode ser obrigado, como também porque os bancos estavam utilizando o cheque marcado como forma de lucro (períodos de alta inflação). 18. Cheque visado (Art. 7º) O emitente ou o portador solicita ao gerente um visto datado num cheque não endossado e não ao portador. Com o visto, o valor do cheque será debitado da conta do emitente e separado para o pagamento deste durante o prazo de apresentação. “Aquele cheque cujo portador ou emitente apresenta o cheque no banco e, no ato da apresentação, o gerente dará um visto no cheque, datando, tendo este visto a finalidade de dizer que o emitente tem fundos e que o valor do cheque ficou bloqueado para o pagamento deste. Deste modo, durante o prazo de apresentação do cheque, o valor ficará bloqueado para que seja realizado o pagamento deste.” - Problemática: Cancelamento é burocrático. Art. 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. § 1º A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no
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