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05/04/2020 1 Fármacos que atuam no Sistema Nervoso Central Curso: Farmácia Disciplina: Química Farmacêutica Profa. Me. Flaviane Guzzo Soliani TEORIAS NEUROQUÍMICAS: DOPAMINÉRGICA: • Dopamina: neurotransmissor associado às sensações de prazer e de recompensa . • Pessoas saudáveis → liberada em quantidades equivalentes para os lobos frontal e temporal sendo que o primeiro é responsável pela elaboração do pensamento, e o segundo, pela percepção e pela memória; • Esquizofrenia → menos dopamina no lobo frontal e mais no lobo temporal. Essa falta provoca apatia e lentidão de pensamento. Já o excesso de dopamina na região temporal provoca delírios e alucinações. 1 2 05/04/2020 2 Outras teorias: • Glutamatérgica → glutamato (principal neurotransmissor excitatório do SNC); ✓ Antagonistas dos receptores NMDA→ sintomas psicóticos em humanos; ✓ Baixas concentrações de glutamato e do receptor NMDA em cérebros de esquizofrênicos; • Serotonérgica→ 5-HT: efeito modulador sobre as vias dopaminérgicas. neurônio GABAérgico neurônio dopaminérgico neurônio glutamatérgico GABA: inibição do SNC (hiperpolarização – Cl-) → Resumindo: falta de glutamato e excesso de dopamina. Mesolímbica (vigília, memória, processamento de estímulos, motivação): efeitos terapêuticos dos antipsicóticos; Mesocortical (cognição, comunicação, memória, aprendizado, atividade social): efeitos terapêuticos (?); Nigro-estriatal (controle motor) – efeitos adversos extrapiramidais; Tuberoinfundibular (controle da secreção hormonal) → dopamina: inibe a liberação de prolactina pela hipófise. Receptores dopaminérgicos – 5 subtipos: • D1 (D1 e D5): ativa a adenilatociclase • D2 (D2, D3 e D4): inibe a adenilatociclase → As funções da dopamina parecem ser, em sua maioria, mediadas por receptores da família D2. 3 4 05/04/2020 3 A - Ativação dos receptores D2: em condições normais a dopamina se liga ao receptor D2 que ativa a subunidade alfa da proteína G que se desloca e liga-se à adenilciclase, inibindo-a. Este mecanismo impede a conversão do ATP em AMPc e a sinalização de segundos mensageiros, no caso a proteína cinase C (PKC). Esta cascata de eventos mantém os canais de K+ abertos, o que resulta na hiperpolarização da membrana celular (efeito inibitório). O incremento da função dopaminérgica promove os sintomas característicos da esquizofrenia. B - Bloqueio de receptores D2: não ocorre a ativação da proteína G e ligação da subunidade alfa à adenilciclase. O ATP passa a ser convertido em AMPc e este aumenta a atividade da PKC. A PKC por sua vez fosforila os canais de íons K+, determinando seu fechamento e a repolarização da membrana sináptica. O resultado destes eventos é o favorecimento dos processos de despolarização da membrana com a consequente inibição dos sintomas positivos da doença. ANTIPSICÓTICOS REAÇÕES ADVERSAS Bloqueio de receptores histaminérgicos*: ▪ sedação; ▪ aumento do apetite; ▪ ganho de peso. Bloqueio de receptores α- adrenérgicos*: ▪ hipotensão ortorstática; ▪ bracardia; ▪ congestão nasal; ▪ impotência. Bloqueio de receptores muscarínicos* ▪ boca seca; ▪ visão turva; ▪ constipação; ▪ dificuldade miccional. Bloqueio de receptores dopaminérgicos na via nigro-estriatal: ▪ efeitos extrapiramidais: distonia e discinesia aguda (espasmos MM língua, rosto, pescoço e dorso), parnkinsonismo (rigidez, tremor, marcha arrastada), catatonia (estupor), acatisia (inquietação motora), discinesia tardia (movimentos repetitivos buco-maxilo faciais) Bloqueio de receptores dopaminérgicos na via tuberoinfundibular: ▪ hiperprolactinemia; ▪ ginecomastia. Bloqueio de receptores dopaminérgicos nos gânglios da base: ▪ síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, alteração do nível de consciência, hipertonia, disfunção autonômica e insuficiência respiratória) – principalmente: haloperidol e clorpromazina *A tolerância aos efeitos anticolinérgicos, sedativos e hipotensivos leva semanas ou meses 5 6 05/04/2020 4 CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIPSICÓTICOS • Derivados fenotiazínicos; • Derivados tioxantênicos; • Butirofenonas; • Difenilbutaminas; • Agentes antipsicóticos diversos/atípicos. 1. DERIVADOS FENOTIAZÍNICOS • Derivados da fenotiazina; • Anel tricíclico, sendo o central com 6 ou 7 membros, cadeia lateral de 3 membros e grupo amino terminal terciário. • Mecanismo de ação: bloqueio dos receptores dopaminérgicos pós- sinápticos. • Também produzem efeito bloqueador α-adrenérgico; • Bloqueio receptor muscarínico; • Bloqueio receptor histamínico; • Efeito antiemético e sedativo; • Efeito antipsicótico é gradual (levando até semanas) e variável; •Via oral, subcutânea, IM ou IV. 7 8 05/04/2020 5 REA - FENOTIAZÍNICOS Sistema anelar tricíclico com 6 ou 7 membros no anel central Cadeia lateral* de 3 átomos entre o anel central e o grupo amino terminal Átomo ou grupo que atrai elétrons na posição 2 (Cl, metoxi: OCH3, trifluormetila: CF3, etc). * Cadeia lateral – geralmente: Piperidínica → potência baixa Alifática → potência intermediária Piperazínica → potência alta piperidina piperazina FENOTIAZÍNICOS COMERCIALIZADOS NO BRASIL Novo derivado piperidínico: pipotiazina (Piportil®) → 1 injeção a cada 4 semanas → Fenotiazínico mais potente 9 10 05/04/2020 6 *Os efeitos colaterais extra-piramidais são, geralmente, diretamente proporcionais aos efeitos antipsicóticos: Piperidínicos < Alifáticos < Piperazínicos. Perfenazina – derivado piperazínico: comercializada em associação à amitriptilina (Mutabon®) – ansiedade + depressão ou esquizofrênicos com sintomas depressivos 2. DERIVADOS TIOXANTÊNICOS • Estreitamente aparentados aos fenotiazínicos: substituição isostérica da clorpromazina e análogos; • Ações farmacológicas e efeitos advervos ~ aos fenotiazínicos. • Brasil: zuclopentixol ou cis(Z)clopentixol (Clopixol®); •Mecanismo de ação: bloqueio dos receptores D1 e D2; • Também possui atividade atropínica e α-adrenolítica. R → grupo que atrai elétrons 11 12 05/04/2020 7 3. BUTIROFENÔNICOS (BUTIROFENONAS) • Ação farmacológica semelhantes aos fenotiazínicos, mas com menor toxicidade; • Mecanismo de ação: inibem seletivamente os receptores dopaminérgicos D2; • Indicações: esquizofrenia, psicoses agudas, síndrome de Tourette (haloperidol), náuseas e vômitos. REA - BUTIROFENONAS Cadeia trimetilênica entre Z e R Átomo de flúor na posição para do anel benzênico aumenta a potência Substituintes CF3, Cl ou CH3 no anel do grupamento R aumentam a potência Z – geralmente grupo benzoíla (C=O) 13 14 05/04/2020 8 4. DIFENILBUTILAMÍNICOS • Isósteros ou duplicações parciais da molécula de haloperidol; • Farmacologicamente, são idênticos às butirofenonas e aos fenotiazínicos piperazínicos, mas sua ação é mais prolongada; • Brasil: pimozida (Orap®); • Indicação: supressão de tiques fônicos e motores em pacientes com síndrome de Tourette; • Efeitos adversos semelhantes aos outros antipsicóticos. 5. ANTIPSICÓTICOS DIVERSOS OU ATÍPICOS a) DERIVADOS DIBENZODIAZEPÍNICOS • Possuem uma estrutura tricíclica que os diferem das fenotiazinas e dos tioxantênicos por possuírem um anel central com sete membros; • Indicações: apenas no controle de pacientes esquizofrênicos gravemente enfermos que não respondem a outros antipsicóticos ou que não toleram seus efeitos adversos; • Mecanismo de ação: Age preferencialmente nos receptores límbicos da dopamina no cérebro, interefrindo com sua ligação aos receptores D1 e D2; •Complexa-se primariamente com locais não-dopaminérgicos (receptores α- adrenérgicos, colinérgicos, histaminérgicos e serotonérgicos) → efeitos adversos ~ aos fenotizínicos e tioxantênicos; • Outros efeitos adversos graves: agranulocitose, trombose, sangramento, maior risco de convulsões do que os antipsicóticos tradicionais; • Brasil: clozapina (Leponex®). 15 16 05/04/2020 9 b) DERIVADOS DIBENZOTIAZEPÍNICOS • Caracterizam-se por não promover sintomas extrapiramidais e por não apresentarem aumento de prolactina; • Mecanismo de ação: antagonistade receptores 5-HT1A e 5-HT2, dopaminérgicos D1 e D2, histaminérgicos H1 e adrenérgicos α1 e α2; • Não possuem afinidade por receptores muscarínicos ou benzodiazepínicos; • Indicações: esquizofrenia; • Efeitos adversos: sonolência, tontura, exantema, anorexia, constipação, etc; • Brasil: quetiapina (Seroquel®). c) TIENOBENZODIAZEPÍNICOS • Brasil: olanzapina (Axonium®, Opinox®, Zyprexa®); • Diferencia-se da clozapina (dibenzodiazepínico) por apresentar um anel tieno no lugar no benzeno, além de não ser halogenada; • Mecanismo de ação (?): antagonista dopaminérgico; • Também tem alta afinidade pelos receptores 5-HT2A e 5-HT2C, histaminérgicos H1 e adrenérgicos α1; • Efeitos anticolinérgico → antagonista de receptores muscarínicos. • Não possuem afinidade por receptores muscarínicos ou benzodiazepínicos; • Indicações: esquizofrenia; • Efeitos adversos: sonolência, tontura, ganho de peso, sintomas extrapiramidais, edema, hipotensão ortostática, infarto, taquicardia, morte súbita, galactorreia, ginecomastia, etc. 17 18 05/04/2020 10 d) ORTOPRAMIDAS •Mecanismo de ação: bloqueio seletivo dos receptores dopaminérgicos D2 centrais e dos auto-inibitórios pré-sinápticos; • Efeitos adversos: sonolência, tontura, ganho de peso, sintomas extrapiramidais, galactorreia, ginecomastia, etc; sulpirida (Dogmatil®, Equilid®) amilssulpirida (Socian®) tiaprida (Tiapridal®) veralprida (Agreal®) e) PIRIMIDINONAS • Nova classe de antipsicóticos para tratamento da esquizofrenia – mais eficazes e com menos efeitos adversos que os outros; • Mecanismo de ação: atuam centralmente como potentes antagonistas dos receptores dopaminérgicos D2 e serotonérgicos 5-TH2; • Apresentam afinidade por receptores histaminérgicos H1 e α-2 adrenérgicos; • Efeitos adversos: sonolência, tontura, ganho de peso, sintomas extrapiramidais (mas menos que os clássicos); • Grupamento pirimidona fundido com anel homocíclico ou heterocíclico de 5 ou 6 membros, ligado a uma longa cadeia carbônica contendo um anel piperidínico e um ou mais átomos de flúor. risperidona - pirimidona+longa cadeia (fluorbenzisoxazolilpiperidiniletilmetila) (Esquidon®, Respidon®,Risperdal®, Risperidon®, Zargus® ) paliperidona (Invega® ) Metabólito ativo da risperidona 19 20 05/04/2020 11 f) BENZOTIAZOLILPIPERAZÍNICOS • Brasil: ziprasidona (Geodon®); • Mecanismo de ação: antagonistas dos receptores dopaminérgicos D2 e serotonérgicos 5-TH2A e 5-TH2A. Agonista do 5-TH1A; • Inibe moderadamente a recaptação de 5-HT e NOR; • Afinidade mínima por receptores muscarínicos e moderada por H1 e α1; • Tratamento de esquizofrenia com melhora dos sintomas negativos, do humor e com a vantagem de produzir menos efeitos extrapiramidais, sedação e alterações cognitivas.; • Resposta clínica rápida – 1 semana; • Atividade comparável ao haloperidol, porém muito eficaz na prevenção da exacerbação da doença. g) QUINOLINÔNICOS • Brasil: aripiprazol (Abilify®, Aristab®); •Mecanismo de ação: agonista parcial dos receptores dopaminérgicos D2 e D3 serotonérgicos 5-TH1A. Antagonista 5-TH2A; • Afinidade moderada por receptores H1 e α1; • Tratamento de esquizofrenia; • Efeitos adversos semelhantes aos outros antipsicóticos. 21 22 05/04/2020 12 h) DIBENZO-OXIPENO PIRRÓIS • Brasil: asenapina (Saphris®); •Mecanismo de ação (?): antagonista dos receptores D2 e 5-TH2A; • Alta afinidade por outros receptores serotonérgicos, dopaminérgicos, adrenérgicos α1 e α2 e histamínicos H1. Sem afinidade por receptores muscarínicos; • Tratamento de esquizofrenia e episódios maníacos; • Efeitos adversos semelhantes aos outros antipsicóticos, mas menos efeitos extrapiramidais. Bibliografia: • KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H. Química Farmacêutica. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 1988, p. 223-232. • KOROLKOVAS, A; CARNEIRO, F.F; Dicionário Terapêutico Guanabara 2014-2015. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. • WILIAMS, D.A.; LEMKE, T.L. Foye’s Principles of Medicinal Chemistry. 7th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2012. p. 449 – 467. 23 24
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