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TEOLOGIA DA PREGAÇÃO Uma Análise Profunda, Objetiva e Clara do Ministério da Pregação OBJETIVOS DO CURSO Seguem-se abaixo os principais objetivos do Curso de Teologia da Pregação: ✓ Reavaliar o significado e as implicações de Teologia e Pregação; ✓ Identificar a relação entre Teologia e Pregação; ✓ Conhecer o desenvolvimento histórico da Pregação e sua influência nos dias atuais; ✓ Reavaliar o significado de Ministério e aplicá-lo ao ofício da Pregação; ✓ Conhecer os principais tipos de Pregação; ✓ Determinar o perfil do Pregador; ✓ Os desafios e a realidade da Pregação nos dias atuais. INTRODUÇÃO A obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado. Se alguém quer conhecer outra razão, eu diria, sem hesitação, que a mais urgente necessidade da igreja cristã, na atualidade, é a pregação autêntica. E, visto que esta é a maior e mais urgente necessidade da igreja, evidentemente ela é também a maior necessidade do mundo. D. Martyn Lloyd-Jones O teólogo é o proclamador da verdade divina e inspirado por Deus, e teologia é a proclamação. Wolfhart Pannenberg Teologia e Pregação são temas centrais e presentes na vida da Igreja. Geralmente estes assuntos são tratados separadamente. Mas como veremos, fazer Teologia é pronunciar as verdades bíblicas (pregação) e Pregação é o anúncio das verdades bíblicas (teologia). Conforme veremos, toda Teologia deve ter como alvo a edificação da Igreja, tendo em vista alcançar os perdidos. E um dos principais meios para que isso se torne possível é o Ministério da Pregação. Veremos ainda que, originalmente falando, a Teologia se propõe a tratar sobre Deus à partir das Escrituras, e a proclamação (Pregação) do Evangelho significa pregar a Cristo e tudo o que se relaciona a Ele (Rm 15.20), pois sem Cristo não há evangelho (Lc 2.9-11). PANORAMA GERAL DO CURSO Apresentaremos os principais pontos que abordaremos neste Curso. ✓ Introdução à Teologia ✓ Panorama Hisótico da Pregação ✓ Pregação e Ministério ✓ Tipos de Pregação ✓ O Pregador INTRODUÇÃO À TEOLGIA Definição do Termo Em linhas gerais, Teologia é a junção de duas expressões gregas “teo” (Deus) e “logia” (palavra, ciência, tratado ou estudo). Não podemos restringir este termo apenas a uma explicação técnica, pois Teologia possui múltiplos significados, tornando extremamente ampla suas implicações. Inicialmente falando, Teologia aponta para o Logos (Palavra) que anuncia verdades referentes a Deus. É por meio da Teologia que a verdade de que Deus é o princípio e a fonte de todas as coisas e o seu Sustentador é fortalecida em nós. Não podemos cometer o grave erro em atribuir ao homem a atividade primária da Teologia, como se a mesma tivesse sua origem na vontade humana. A Teologia é uma resposta ao ato de Deus em se revelar ao homem. “No conceito da teologia sempre já se pressupõe a verdade do discurso teológico como um discurso autorizado pelo próprio Deus. Um discurso a respeito de Deus fundamentado somente a partir do ser humano, a partir de necessidades e interesses e como expressão de concepções humanas de uma realidade divina, não seria teologia, e, sim, somente produto da força imaginativa humana”. Wolfhart Pannenberg A Teologia tem sua origem em Deus e não no homem. A Teologia se fundamenta em Deus e não no desejo humano. O objetivo maior da Teologia é Deus e não os homens. Uma Análise Prática Diante de tudo que temos visto, podemos afirmar que fazemos Teologia quando: ✓ Cantamos um hino sobre Deus ✓ Conversamos, ainda que informalmente, sobre Deus ✓ Participamos de um culto de adoração a Deus ✓ Pregamos ou ouvimos uma Pregação “… Podemos conceber a teologia como Deus falando de si mesmo (o conhecimento que Deus tem de si mesmo) ou o homem falando de Deus (o conhecimento qu temos a respeito de Deus)…” Hermisten Maia Pereira da Costa “É importante que o teólogo conheça seu lugar. Ele não é senhor da situação. Ele não pode construir um sistema teológico com vistas a adequar suas fantasias, mais do que o astrônomo não pode ajustar o mecanismo dos céus segundo sua própria vontade. Como os fatos da astronomia se organizam em determinada ordem, e não admitirão nenhuma outra, assim se passa com os fatos da teologia. Teologia, portanto, é a exposição dos fatos da Escritura em sua ordem própria e relação, com os princípios ou verdades gerais envolvidos nos próprios fatos, os quais complementam e se harmonizam como um todo”. Charles Hodge A teologia se encarrega de buscar conhecer a visão de Deus a respeito de determinado assunto. Fazer teologia é o mesmo que buscar pacientemente o conhecimento que Deus dá de si mesmo nas Escrituras. J. I. Packer diz: “Conhecer a Deus é um relacionamento capaz de fazer vibrar o coração do homem”. Este conhecimento ultrapassa o intelecto, alcançando o coração e todos os sentidos do homem. Isto resulta em integridade e piedade. PREGAÇÃO O que de fato é Pregação? Quando há verdadeira Pregação? O que caracteriza uma Pregação aprovada por Deus? Seria importante definir e estudar sobre Pregação? A Pregação e sua Importância Iniciaremos com uma análise da importância da Pregação, buscando assim exaltar seu papel na obra que Deus está realizando na terra. D. Martyn Lloyd-Jones diz que “as eras decadentes da história da igreja foram aquelas em que a pregação decaiu”. “Admito que pode ser ousado – e até chocante para alguns – dizer que a pregação é o componente central do culto cristão. Mas, como poderia ser de outro modo? É primariamente por meio da pregação da Escritura que chegamos a uma verdadeira visão do Deus vivo, reconhecemos nossa pecaminosidade, ouvimos a proclamação da redenção e somos chamados a responder com fé, arrependimento e serviço”. R. Albert Mohler, Jr. Como afirmou Stuart Olyott: “A obra de Deus no mundo e a pregação estão intimamente ligadas. Onde Deus age, ali a pregação floresce. Em todos os lugares em que a pregação é menosprezada ou está ausente, ali a causa de Deus passa por um tempo de improdutividade. O reino de Deus e a pregação são irmãos siameses que não podem ser separados. Juntos, eles permanecem de pé ou caem”. Historicamente falando, estudar sobre Pregação é extremamente importante, pelas seguintes razões: ✓ Vivemos em um contexto de constantes mudanças ✓ O pregador de hoje enfrenta os maiores desafios da Pregação Bíblica em todos os tempos ✓ O pregador desse tempo desfruta de oportunidades e recursos nunca vistos antes De certa forma, para serem comunicadas à Igreja, todas as doutrinas bíblicas dependem do ministério da Palavra, seja por meio da pregação ou do ensino. Ao contrário do que muitos possam pensar, as pessoas não têm pensamentos tão esclarecidos acerca do que realmente a Pregação é. Martyn Lloyd-Jones contribui mais uma vez, ao dizer: “Não podemos ler a história da igreja, mesmo de forma superficial, sem perceber que a pregação sempre ocupou posição central e predominante na vida da igreja, particularmente no protestantismo”. Definição do Termo “A pregação bíblica é um milagre duplo. O primeiro milagre é Deus usar um homem imperfeito, pecador e cheio de defeitos para transmitir a perfeita e infalível Palavra de Deus. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito como seu porta-voz. Só um milagre pode tornar isso possível. O segundo milagre é Deus fazer que os ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem a mensagem por intermédio do pecador e finalmente sejam transformados por essa mensagem. Esse é o grande milagre da pregação! Robson M. Marinho É de admirar a grandeza da Pregação, principalmente quando pensamos que ela éa escolha de Deus (I Co 1.21). Por meio da Pregação o que é divino se move por meio do que é humano; o eterno por meio do que é passageiro; o infinito pelo que é finito; o perfeito por vias imperfeitas; e o que é santo por meio do que é pecador. Para John Stott, “expor as Escrituras é esclarecer o texto inspirado com tal fidelidade e sensibilidade que a voz de Deus seja ouvida e seu povo lhe obedeça”. “A pregação é a manifestação do Verbo encarnado, a partir do verbo escrito, por meio do verbo falado”. Bernard Manning “A pregação é, acima de tudo, o testemunho do Deus que fala, do Filho que salva e do Espírito que ilumina”. Michael Duduit Para Phillips Brookes a pregação é a “verdade mediada pela personalidade”. Os principais objetivos da Pregação O sucesso de qualquer empreendimento depende diretamente de suas motivações e seus objetivos. Sendo uma escolha de Deus, quais seriam os objetivos estabelecidos por Deus para a Pregação? Quais os requisitos para que uma Pregação seja aprovada por Deus? Agradar a Deus Sendo Soberano, todas as coisas estabelecidas por Deus têm o objetivo máximo de agradá-lo. Sendo uma escolha de Deus, a Pregação não tem como objetivo principal a salvação do perdido ou a edificação da Igreja, mas glorificar a Deus. Atentemos para as palavras de Jay E. Adams: “Pregar a Palavra de Deus do modo de Deus deveria ser o alvo de pregadores fiéis. Como soberano, Deus nos diz o que pregar e como fazer isso. Ministros da Palavra não têm o direito de se desviar de suas instruções. Idéias e especulações humanas, portanto, precisam ser estranhas ao púlpito”. Salvação de Almas A salvação do perdido está no âmago do propósito divino para a Pregação. “Estamos buscando erguer o mundo para salvá-lo da maldição de Deus, aperfeiçoar a criação, atingir os propósitos da morte de Cristo, salvar a nós mesmos e os outros da condenação, vencer o Diabo, destruir seu reino, estabelecer o reino de Cristo, alcançar e ajudar outros a alcançarem o reino de glória”. Richard Baxter Ser chamado a Pregar é um chamado a trabalhar incansavelmente entre os perdidos. Ser chamado a Pregar é ser desafiado a ir além das fronteiras da comunidade da igreja. Mark Dever nos adverte veementemente: “Eu geralmente sei que alguém não foi chamado para o ministério quando ele gosta de trabalhar somente com os crentes e fazer coisas da igreja”. Se como Pregador você não tem como objetivo a salvação do perdido, significa que você não possui o amor de Deus no coração, e fatalmente revela que você não é chamado ao ministério da Palavra. “Ache um homem chamado e você descobrirá uma rede de não crentes que ele está evangelizando”. Dave Harvey Alcançar a Igreja A Pregação visa também edificar, consolar e exortar a igreja do Senhor Jesus. Robertson McQuilkin nos ensina: “… existem os mais novos modelos de formação espiritual – compartilhar em grupos pequenos e mentorear uns aos outros. Ou a última forma de discipulado pessoal – novo para os protestantes ao menos; recrutar um diretor espiritual. Mas a pregação ungida pelo Espírito Santo é o meio que parece o mais bem designado para ajudar na formação espiritual”. Por meio da Pregação a igreja passa a existir e também experimenta o verdadeiro crescimento. A PREGAÇÃO NA HISTÓRIA A complexidade do estudo da História da Pregação repousa sobre a diversidade de personalidade dos pregadores. Falar de Pregação é entrar na história da própria igreja. A História da Pregação e a do Cristianismo caminham juntas, isto é, uma é parte da outra, conforme afirmou Michael Quicke: “A história da pregação, com sua procissão de personalidades e escolas de pregação, é tão rica e complexa quanto a própria história do cristianismo”. A História da Pregação não pode e não está limitada a um período apenas; portanto, devemos entender que ela encontra-se exatamente onde Deus se revela ao homem. Uma importante pergunta: “O que Deus está fazendo no mundo”? A resposta é dada pelos pastores australianos Colin Marshal e Tony Payne: “Deus está chamando um povo para o seu reino, por meio da pregação do evangelho guiada pelo Espírito. Ele está realizando um grande crescimento mundial da videira, que é Cristo e as pessoas unidas a ele”. A história da pregação se estende desde o Antigo Testamento, passando pelo Novo Testamento, tendo Cristo como seu ponto alto, em seus discípulos e a igreja em todos as suas épocas. Pregação no Antigo Testamento A Pregação tem seu início no momento mais sombrio e triste da raça humana e de toda a criação. “… a primeira promessa de um Redentor que está para vir é de tremenda relevância. Essa promessa foi feita a toda a raça humana. Gênesis 3.15, o proto-evangelismo, a estrela da manhã em meio à mais escura noite da humanidade, é uma promessa de importância universal. George W. Peters Não pode haver dúvida de que a Pregação tem suas raízes no Antigo Testamento. E a quem tiver dúvida, o maior argumento é: os profetas foram verdadeiros pregadores. David Larsen afirma: “A redescoberta deste livro perdido nos dias do jovem rei Josias e sua leitura e interpretação pela profetisa Hulda, levou a um dos mais notáveis despertamentos espirituais na história do povo de Deus da Antiguidade (cf. 2 Cr 34:14ss)”. O reverendo Hernandes Dias Lopes nos fornece um bom panorama sobre Pregação no Antigo Testamento: “Josué pregou e explicou a Palavra de Deus a Israel (Js 23.2-26; 24.2- 27). Samuel também ensinou a Palavra de Deus a Israel, chamando o povo ao arrependimento (I Sm 7.2-17). Os Salmos de Davi revelam Deus em sua majestade de forma poética. Os Provérbios de Salomão nos oferecem igualmente um rico tesouro de instruções práticas. Ele foi chamado de o pregado´r (Ec 1.1)”.` Algumas características da Pregação no Antigo Testamento ✓ A explicação e a exposição da Palavra visava reformar e consertar a Casa do Senhor (II Rs 22-23) ✓ Estudo e ensino da lei (Ed 7.10) ✓ Comentários e exposições da lei (Ne 8.1-8) ✓ Explicação de assuntos escatológicos (Dn 9) ✓ Os profetas foram pregadores instrutores (I Sm 12.23; Is 30.9; Jr 32.33; Ml 2.9) Pregação no Novo Testamento A doutrina da igreja é um daqueles assuntos que são apresentados de forma processual no Antigo Testamento e seu ponto alto no Novo Testamento. A Pregação encontra-se na natureza da igreja e sua existência, que são apresentadas no Novo Testamento com clareza e riqueza de detalhes. Na igreja primitiva não somente os apóstolos pregavam, mas todos aqueles que se convertiam (At 8.1,4), e isso porque a Pregação fazia parte de sua essência. A pregação é uma característica do Cristianismo. O povo de Deus é centrado na Bíblia. John A. Broadus Jesus Cristo Sem dúvida, Jesus Cristo é a fonte, o fundamento e o alvo da Pregação. Dargan afirma: “O fundador do Cristianismo foi, pessoalmente, o primeiro dos seus pregadores; mas foi antecedido pelo seu precursor e seguido pelos seus apóstolos, e na pregação destes a proclamação e ensino da Palavra de Deus por meio de discursos públicos ficaram sendo características essenciais e permanentes da religião cristã”. Cristo é o exemplo supremo na prática da Pregação que foi central em Seu ministério. Jesus iniciou Seu ministério com a Pregação (Lc 4.17-21); a Pregação e o Ensino foram centrais em Seu ministério (Mt 4.23); a Pregação contribuiu com a autenticação do ministério de Jesus (Mt 11.4-5); a Pregação esteve presente até os últimos momentos do ministério terreno de Jesus (Lc 24.27). Stuart Olyott escreve: “Como um comunicador, o encarnado Filho de Deus é um gênio”.Paulo Por que Paulo? ✓ A riqueza de informações que a Bíblia nos fornece a respeito de Paulo como pregador ✓ O fundamento de sua mensagem ✓ Os resultados de seu ministério da Pregação O apóstolo Paulo, literalmente deixou-se gastar pelo Evangelho; dedicou sua vida toda à Pregação, desde que encontrou com o Senhor Jesus no caminho de Damasco. Quais foram suas motivações? ✓ A imposição divina (I Co 9.16) ✓ O constrangimento do amor divino (II Co 5.14) ✓ O desejo em pregar Cristo e nada mais (I Co 2.1-5) ✓ O amor que tinha pelos seus ouvintes (II Tm 2.10) Martyn Lloyd-Jones expõe a característica da Pregação de Paulo, revelando assim sua principal motivação: “Se não há poder não há pregação. A verdadeira pregação, afinal de contas, é uma atividade de Deus. Não se trata apenas de pronunciamentos humanos; é Deus fazendo uso do homem. Ele está sendo utilizado por Deus. Está sob influência do Espírito Santo; é o que Paulo chama em I Coríntios 2 de “pregação em demonstração do poder do Espírito”. Este é um elemento essencial da verdadeira pregação”. O apóstolo Paulo era capaz de equilibrar razão e emoção; teoria e prática; técnica e lágrimas. Ele era um pregador completo e equilibrado. Quanto ao alcance e resultados de seu ministério como pregador, ninguém pode questioná-lo. Conforme afirma Roland Allen: “Em menos de dez anos, Paulo estabeleceu a Igreja em quatro províncias do império: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Antes de 47 d.C. não havia igrejas nessas províncias; em 57 d.C. Paulo pôde falar como se o seu trabalho já estivesse feito. (…) Este é um fato realmente espantoso. Igrejas serem estabelecidas tão rapidamente, tão solidamente, parece quase incrível para nós que estamos hoje acostumados às dificuldades, incertezas, fracassos, relapsos desastrosos de nosso trabalho missionário. Muitos missionários em épocas mais recentes tiveram um número maior de convertidos do que Paulo; muitos pregaram numa área mais ampla do que ele, mas nenhum estabeleceu tantas igrejas”. Uma das principais razões pelas quais Paulo obteve êxito em seu ministério, inclusive em termos numéricos e de durabilidade, se dá pelo seu comprometimento com seu chamado para Pregar e sua fidelidade à mensagem do Evangelho. Pregação no Período Pós-Apostólico Este período foi marcado por muitos desafios, principalmente em dois aspectos especiais: interno e externo. O interno diz respeito à morte dos apóstolos e a expectativa que havia quanto ao futuro da igreja com a falta de seus principais e maiores representantes. O externo diz respeito aos ataques que a igreja estava recebendo dos falsos ensinamentos que estavam minando as raízes doutrinarias da igreja. É neste período em que todos esperavam o fracasso da igreja, principalmente no campo da exposição das Escrituras, que mais uma vez a Soberania de Deus prevaleceu, conforme as palavras de Olavo Moesch: “Suas pregações atingem a realidade. Talvez em época alguma a igreja produziu tão grandes teólogos, que foram ao mesmo tempo, em muitos casos, tão grandes pregadores”. Neste período que surge aqueles que – merecidamente – tem sido chamados de “Os Pais da Igreja”. Duas características da Pregação neste período: ✓ Com vista a expansão e o crescimento da igreja (externo) ✓ Com vista a edificação e fortalecimento da igreja (interno) Uma triste realidade Diante dos ferozes ataques que a igreja enfrentou neste período, resultou em alguns pontos desagradáveis quanto à estrutura da igreja. James F. Stitzinger nos põe à par desta realidade: “Uma das principais causas da deterioração foi a importação da filosofia grega para o pensamento cristão pelos pais da igreja (…) Os três produtos da mente grega eram a metafísica abstrata (filosofia), a lógica (os princípios do raciocínio) e a retórica (o estudo da literatura e da expressão literária) (…) Uma indicação significativa desta adaptação foi pôr de lado a pregação, o ensino e o ministério da Palavra. Em seu lugar entrou a ‘arte do sermão’, mais envolvida com a retórica do que com a verdade”. De uma maneira bem prática e objetiva, o pastor Hernandes Dias Lopes escreve: “A forma do sermão tornou-se mais importante do que o seu conteúdo”. Em especial no século IV alguns nomes se destacaram como pessoas levantadas por Deus para sinalizar o caminho de volta à verdade das Escrituras, tais como: Ambrósio, Basílio, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzeno, João Crisóstomo e Agostinho. Dois gigantes deste período João Crisóstomo Sobre este grande “Pai da Igreja”, o Rev. Hernandes Dias Lopes testemunha: “João Crisóstomo (347-407 d.C.) pregou durante doze anos na 398 d.C.. Foi o maior pregador da igreja grega. O papa Pio X referiu-se a ele como o santo patrono dos pregadores cristãos. Clarence E. Macartney considerou João Crisóstomo, o boca de ouro, como o mais famoso pregador da história do cristianismo depois dos apóstolos”. As palavras de John Broadus contribui muito para nossa compreensão do perfil e da importância deste extraordinário pregador: “Admita o que quiser, critique o que quiser, e permanece o fato de Crisóstomo nunca ter tido quem o superasse, e pode ser seriamente posto em dúvida que ele tenha tido um igual na história da pregação”. Seu perfil de mensagem é descrito pelo grande teólogo John Stott: “Era bíblica. Pregava sistematicamente por vários livros bíblicos em sequência, bem como recheava seus sermões de citações e alusões bíblicas. Sua interpretação era singela e direta. Seguia a escola de exegese literal de Antioquia em contraste com a de alegorização de Alexandria. Suas aplicações morais eram pertinentes à vida diária prática”. Agostinho É impossível ler ou contar a história do cristianismo sem dar uma atenção especial ao nome, obra e ministério de Agostinho. Lawless nos fornece uma resumida, porém abrangente biografia de Agostinho: “Ele estudou retórica em Cartago. Mais tarde, em Milão, deixou-se influenciar por Ambrósio. Foi feito sacerdote em 391. Continuou como bispo de Hipo até sua morte em 430. Agostinho foi o primeiro teórico da homilética. Seu livro De Doctrina Christiana foi o primeiro livro didático sobre o assunto. O quarto tomo da De Doctrina Christiana trata exclusivamente da arte da pregação. Agostinho enfoca a mensagem fundamental do cristianismo, como decodificá-la e finalmente, como comunicá-la a outros”. Broadus comenta o perfil do ministério de Pregação de Agostinho, afirmando: “Seus sermões eram exposições dos livros bíblicos, mais notavelmente os Salmos e o Quarto Evangelho. Agostinho pregou tanto sermões lectio selecta como lectio continua. Todos falados diretamente ao povo, insistindo sobre a necessidade de examinar suas vidas à luz do evangelho e de conformá-las a ele. Não pregou para impressionar o povo, mas para levá-los para o céu”. Hernandes Dias Lopes trata de nos informar sobre a vida devocional de Agostinho e o valor que dava à oração como base para o ministério da Pregação: “Em seu livro, Doctrina Christiana, Agostinho reforça fortemente a necessidade de orar e sublinha a importância de uma vida perseverante”. Pregação na Reforma Quem poderá minimizar a grandeza de importância deste período da história? Quem poderá dizer que a Pregação não foi essencial e central neste período do cristianismo? A Reforma foi marcada pelo reavivamento da Pregação; e a Pregação foi o grande instrumento para a proclamação e efetivação da Reforma. Falar sobre a Reforma sempre nos levará ao tema da Pregação. Tratar sobre a Pregação sempre nos levará ao período da Reforma. A preparação para este grande acontecimento foi antecedido pelo período conhecido como “Pré-Reforma” que também foi marcado por grandes pregadoreslevantados por Deus, conforme afirma o pastor Hernandes Dias Lopes: “Deus sempre teve um remanescente fiel na história. Depois de um longo período de apostasia, o Senhor Todo-Poderoso levantou vários líderes no período da pré-Reforma, comprometidos com a pregação expositiva. Entre eles achava-se John Wycliffe (1330-1384), que se preocupava profundamente com a divulgação da Palavra de Deus. Ele acusou a pregação de seus contemporâneos, declarando que todos os sermões que não tratassem das Escrituras deviam ser rejeitados. Outros, inclusive John Huss (1373-1415) e Girolamo Savonarola (1452-98), tornaram-se estudiosos e pregadores das Escrituras. Todos foram perseguidos por causa da sua pregação, mas Huss e Savonarola foram mortos pela igreja”. Uma característica marcante da Pregação na Reforma foi o que é chamado de lectio continua que se trata em pregar ou ensinar a Bíblia de forma sistemática à partir de um capítulo ou mesmo um livro inteiro, versículo-por-versículo. Por exemplo, Ulrich Zwingli (1484-1531) se dedicou inteiramente à pregação expositiva. Sempre começava com o evangelho de Mateus e o pregava inteiro, versículo-por-versículo, dia após dias, durante o ano todo. Sua contribuição com a Reforma foi com seu ministério da Pregação com esta característica, isto é, pregando livro por livro. Dois gigantes da Reforma Lutero (1484-1546) Sem dúvida, o que levou Lutero a ser o grande expoente da Reforma foi sua paixão e submissão à Palavra de Deus, sua grande motivação de luta pela Reforma. Ele mesmo falou: “Minha consciência é cativa da Palavra de Deus”, ele ainda disse: Eu simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; nada fiz além disso (…) A Palavra fez tudo”. À semelhança de Paulo, Lutero definia a pregação como o meio escolhido por Deus para salvar o homem, já que a salvação é pela fé e este vem por meio do ouvir a Palavra. Hernandes Dias Lopes apresenta-nos um resumo das obras de Lutero e sua contribuição como pregador da Palavra: “Mais da metade dos 4.000 sermões – ou mais – pregados por Lutero foram preservados e publicados. Embora não fosse o pastor da igreja e apenas um dentre os muitos que ali pregavam, foi um dos pregadores mais frequentes e certamente o que tinha mais autoridade. Ele costumava frequentemente pregar até quatro vezes no domingo. Salientava a importância da pregação para os simples e não para os cultos. Lutero também enfatizava a preparação espiritual do pregador, insistindo que orar bem é estudar bem”. Calvino No que diz respeito à exposição das Escrituras e pregador, Calvino foi a figura mais importante no período da Reforma, principalmente por ter tido duas características predominantes: capacidade de interpretação e desenvoltura na exposição daquilo que interpretava. Sobre o perfil da Pregação de Calvino, o teólogo J. I. Parker escreveu: “Domingo após domingo, dia após dia, Calvino subia as escadas do púlpito. Ali, ele guiava pacientemente sua congregação, versículo-por- versículo, livro após livro da Bíblia. O que o levava a pregar e pregar como fazia? O impulso ou compulsão de pregar era teológico. Calvino pregava porque cria. Pregava como fazia por acreditar no que fazia. Para Calvino, a Pregação fiel da Palavra é a primeira e principal marca de uma verdadeira igreja. David Larsen também fala sobre o valor da Pregação no ministério de Calvino: “Durante os quatro anos de Calvino em Strasburgo, quando pastoreou a igreja francesa, ele pregava quase todos os dias e duas vezes aos domingos. Até sua morte o púlpito foi o coração do seu ministério. Ao ser chamado de volta a Genebra, em 1541, retomou sua exposição no versículo seguinte de onde havia parado. O hábito de pregar duas vezes nos domingos e em semanas alternadas em um serviço noturno diário continuou em Genebra. Ele pregava de improviso, isto é, sem um manuscrito. Um estenógrafo pago registrava os seus sermões. Ele consecutivamente passava de livro para livro”. Seguem-se abaixo algumas informações sobre o ministério de Calvino como pregador: ✓ Genebra era bem alimentada pela Palavra ✓ As duas igrejas maiores recebiam três sermões, enquanto a terceira dois ✓ Haviam também sermões às segundas, quartas e sextas-feiras ✓ Calcula-se que ele pregava em média 290 sermões por ano, e muitos deles se perderam ✓ Durante sua vida, apenas 800 sermões foram publicados ✓ Pouco menos de 1100 estão publicados em edições modernas ✓ Estima-se que mais de 1000 sermões foram perdidos Pregação e os Puritanos Assim como na Reforma, é impossível falar de Pregação sem sermos tocados e influenciados pelo extremo zelo que os Puritanos tiveram na exposição das Escrituras. Em linhas gerais, o Puritanismo foi um movimento que visava a Reforma na igreja inglesa, e isso por meio de um movimento de renovação e incentivo ao povo para voltar-se para Deus, e sempre com base na Pregação fiel da Palavra. Algumas características importantes do Puritanismo: a) viveram numa era de grandes conflitos; b) diante de perseguições, opressões e até martírios, os puritanos se fortaleceram; c) criam na soberania de Deus; d) criam na supremacia das Escrituras; e) exaltavam a importância da Pregação. Martyn Lloyd-Jones fala com maestria sobre os Puritanos e a importância da Pregação para eles: “Os puritanos primavam pela pregação. Sua visão da pregação (…) era governada pela teologia. John Wycliffe foi um grande pregador e seus seguidores, os Lolardos, costumavam viajar por todo este país pregando ao povo ao ar livre e em outros lugares. Se considerar John Wycliffe como “a estrela da manhã” da Reforma verá que, no seu caso, seu despertamento pelo Espírito levou a uma grande ênfase na pregação. Esta foi sempre a principal característica de um período de reforma e reavivamento. Martinho Lutero foi preeminentemente um grande pregador, assim como João Calvino. Não nos esqueçamos disto. Esses homens foram, acima de tudo, pregadores regulares e grandes pregadores. Não é possível pensar em John Knox na Escócia, nem por um momento, sem pensar na sua esplêndida pregação. O mesmo se aplica a Zwínglio na Suíça”. O Puritano Thomas Watson diz: “Os ministros batem à porta do coração dos homens, o Espírito Santo vem com uma chave e abre a porta”. Os Puritanos eram extremamente zelosos quanto à fidelidade do texto sagrado, conforme afirma Hernandes Dias Lopes: “Alguns pregadores puritanos importantes, tais como Joseph Hall (1574-1656), Thomas Goodwin (1600-1680), Richard Baxter (1615-1691) e John Owen (1616-1683) demonstraram grande habilidade como expositores: não colocaram doutrina acima da Palavra – não começaram com doutrina e depois encontraram um texto que se ajustasse a ela – pelo contrário, começando pela Palavra encontravam a doutrina no texto”. A aplicação à vida prática das pessoas era uma característica forte da Pregação Puritana. Eles eram veementes e apaixonados na entrega da mensagem, conforme percebido nas palavras do extraordinário puritano Richard Baxter: ““Preguei como se nunca mais fosse pregar novamente, como um moribundo a outro moribundo”. Pregação no Século XVIII Características predominantes desta época: ✓ Declínio da fé evangélica ✓ Colonização e suas consequências ✓ Violência ✓ Declínio espiritual e moral dos ministros Neste cenário de declínio, indiferença e frieza espirituais ocorreram grandes avivamentos, tendo como figuras importantes pregadores fiéis à exposição das Escrituras. Sobre John Wesley e George Witefield – os dois pregadores mais famosos da Inglaterra neste época – John Stott diz: “Embora John Wesley tenha ficado mais conhecido do público do que seu contemporâneo mais moço George Whitefield, (provavelmente por causa da conhecida denominaçãocristã que leva o nome de Wesley), Whitefield foi, certamente, o pregador mais poderoso. Na Grã-Bretanha e na América (que visitou sete vezes), dentro e fora de casa, ele fez uma média de cerca de vinte sermões por semana durante 34 anos. Eloquente, zeloso, dogmático, fervoroso, ele enriquecia sua pregação com metáforas vívidas, ilustrações simples e gestos dramáticos”. É impossível ler sobre Pregação neste período sem nos depararmos com o admirável pastor e pregador Jonathan Edwards que tem sido chamado por muitos de o maior e mais ilustre de todos os pregadores americanos. D. Martyn Lloyd-Jones dá o seguinte testemunho de Edwards: “Talvez seja tolice, mas sou tentado a comparar os puritanos aos Alpes, Lutero e Calvino ao Himalaia e Jonathan Edwards ao Monte Everest! Para mim, ele sempre foi o homem mais parecido com o apóstolo Paulo”. Ele foi extremamente influenciado por George Whitefield, tornando-se um defensor e incansável batalhador pela busca de avivamento. Dentre outras grandes mensagens, “pecadores nas Mãos de um Deus Irado” é a mais famosa por seus resultados imediatos e por ter marcado o ápice do avivamento em sua região. J. I. Packer diz o seguinte sobre Jonathan Edwards: “Por toda a sua vida, alimentou sua alma com a Bíblia; por toda sua vida, alimentou seu rebanho com a Bíblia”. Pregação no Século XIX No campo da Pregação, esta época teve duas marcas predominantes, uma negativa (terrível ataque à autoridade das Escrituras) e outra positiva (grandes despertamentos espirituais). A lista de grandes e importantes pregadores levantados por Deus neste século é grande, assim como suas contribuições com o trabalho no Reino de Deus. Mas nenhum supera a Charles H. Spurgeon, no que tange ao alcance de sua fama, e nem mesmo em grandeza de contribuição espiritual e durabilidade. O Rev. Hernandes Dias Lopes traça um perfil extremamente válido sobre este que tem sido chamado de “O Príncipe dos Pregadores”: “Spurgeon foi, na realidade, o pregador mais popular do século XIX no mundo de fala inglesa. Ele não só pregou para congregações maiores do que qualquer outro ministro na América ou Inglaterra, como também seus sermões dominicais apareciam no exemplar do dia seguinte de uma cadeia de jornais norte-americanos e australianos. De fato, ele foi uma das últimas celebridades do púlpito da Inglaterra; muito admirado e frequentemente imitado. Foi uma glória para o púlpito batista”. Pregação no Século XX Mesmo não tendo sido uma época de tão grandes expositores das Escrituras, o século XX teve seus pregadores de destaque que muito contribuíram com o avanço da igreja. Seguem-se abaixo as principais características do século XX: ✓ Avanço da ciência ✓ O homem se colocando como centro de todas as coisas ✓ Avanço do humanismo ✓ Arrogância e orgulho humano em virtude da prosperidade de algumas nações ✓ Duas guerras mundiais marcaram também este período Mas, conforme as palavras do pastor Hernandes Dias Lopes: “Nesse período turbulento de bancarrota da credibilidade humana, a Palavra de Deus permaneceu sólida como uma mensagem única e digna de confiança para produzir transformação”. Com em todas as épocas, o Senhor da Seara continuou levantando ceifeiros na área da Pregação Bíblica, e um dos principais foi Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), teólogo alemão e pregador que foi morto por mãos nazistas em 9 de abril de 1945 que sempre destacou a importância da pregação: “O mundo existe com todas as suas palavras por causa da Palavra proclamada. No sermão, é colocado o fundamento para um novo mundo. Nele a palavra original se torna audível. Não é possível fugir nem afastar da palavra dita no sermão; nada nos livra da necessidade deste testemunho nem sequer o culto ou a liturgia. O pregador deve estar seguro de que Cristo entra na congregação mediante essas palavras da Escritura por ele proclamada”. Além deste, poderíamos citar outros, por exemplo William Edwin Sangster (1900-1960) que considerava a tarefa de pregar como a mais elevada de todas as funções aqui na terra, assim como Andrew Blackwood (1882-1966) que merecidamente é chamado de “Sr. Homilética”. A Pregação Hoje O pastor e professor Robson M. Marinho faz uma pergunta instigante e desafiadora aos pregadores deste tempo: “Será que um formato de pregação que foi consagrado como uma bênção poderosa na vida de uma geração deve por isso permanecer inalterado para todas as gerações posteriores”? O pregador que verdadeiramente deseja contribuir com a igreja e com o mundo de sua época, precisa conhecer o seu tempo e seus desafios. Pregação na Pós-Modernidade Em linhas gerais, a Pós-Modernidade é uma resposta que resulta da decepção humana com a ciência e a razão levantada no período Moderno. As principais características da Pós-Modernidade são: ✓ Cada pessoa escolhe sua própria verdade ✓ Ninguém tem autoridade sobre ninguém ✓ Moralidade é questão de gosto ✓ Espiritualidade sem religião ✓ Anseio por comunidade e relacionamento Uma frase que define bem o papel do pregador neste período de tamanhos desafios: “A pregação que transforma não fala às pessoas acerca da Bíblia, e sim acerca delas mesmas – suas dúvidas, feridas, temores e lutas – a partir da Bíblia”. Haddon Robinson A maior dificuldade da exposição bíblica em nossos dias não está no ouvinte, mas no pregador, pois sempre encontrará barreiras quanto aos preconceitos existentes em si mesmo. É verdade que o conteúdo do Evangelho é sagrado e insubstituível; todavia, não existe um formato sagrado estabelecido nas Escrituras. Por esta razão, o pregador deve sempre adaptar a forma e não o conteúdo da mensagem com vista alcançar as necessidades daqueles que o ouvem. Alcançando o Ouvinte Pós-Moderno Com base no perfil desta geração de pessoas e considerando suas preferências, seguem-se abaixo uma pequena lista de ideias que poderão cooperar com a eficácia da Pregação neste tempo: ✓ Interatividade com os ouvintes (emocional, mental e verbal) ✓ O uso de histórias ✓ Uma abordagem jornalística ✓ Drama e arte O MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO O pregador (...) não é um profissional; seu ministério não é uma profissão; é uma instituição divina, uma devoção divina. E. M. Bounds Somos loucos por causa de Cristo, mas os profissionais são sensatos; somos fracos, os profissionais, porém, são fortes. Eles são sempre honrados, mas ninguém nos respeita. Não tentamos garantir um estilo de vida profissional; antes, passamos fome, sede, nudez e falta de morada. John Piper Infelizmente, muitos têm sido os nomes dados àqueles que trabalham na exposição das Escrituras, entretanto, do ponto de vista bíblico, pregar é ministério e nada mais. Portanto, se queremos conhecer a natureza da Pregação, precisamos consultar a Bíblia acerca do que ela tem a nos dizer sobre Ministério. Ministério é servir; ajudar; auxiliar; cuidar; desempenhar um papel em favor de outro. No Novo Testamento a palavra Ministério vem do grego diakonia e indica algum tipo de serviço ou trabalho. Conforme vemos nas palavras dos apóstolos: “... e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério (diakonia) da palavra.” (At 6.4) Portanto, a Pregação deve ser vista como um serviço ao próximo, mas que visa em primeiro lugar a glória de Deus. As palavras de John Piper e Wayne Gruden definem bem esta verdade: “O pregador que concede vida é um homem de Deus, cujo coração está sempre sedento de Deus, cuja alma está sempre seguindo com afinco a Deus; cujos olhos estão fixos em Deus e em quem, pelo poder do Espírito de Deus, a carne e o mundo têm sido crucificados e seu ministério se apresenta como a corrente abundante de um rio doador de vida”. Uma visãoclara, pura e bíblica do que verdadeiramente é o Ministério da Pregação é capaz de evitar erros que resultam em males à vida espiritual da igreja. Motivações equivocadas têm sido as causas principais de ministérios falidos espiritualmente e que, por sua vez têm sido responsáveis por inúmeros escândalos de todas as naturezas. Uma motivação impura resultará em um Ministério da Pregação impuro; contudo, uma motivação pura conduzirá um Ministério da Pregação a ser puro. Para que haja motivação pura no exercício do Ministério da Pregação é indispensável uma visão correta do que verdadeiramente é Ministério. O mundo estabelece a agenda do homem profissional; Deus estabelece a agenda do homem espiritual. John Piper O pregador verdadeiramente escolhido por Deus tem na verdade um chamado diário: negar-se a si mesmo em favor de Deus e dos outros. O grande balizador do Ministério de um pregador deve ser a cruz de Cristo. D. A. Carson contribui nesse sentido, ao escrever: “A cruz estabelece não somente o que devemos pregar, mas também a maneira como pregamos. Ela prescreve o que os líderes cristãos têm de ser e como devem ser vistos pelos membros das igrejas. A cruz nos diz como servir e nos atrai a prosseguir no discipulado, até que entendamos o que significa ser cristãos transculturais”. O pregador é servo da igreja e não o contrário. Ele deve servir a igreja e não ser servido por ela. Pregação como Treinamento Uma motivação pura e uma consciência ministerial equilibrada levarão o pregador a exercer seu ministério a favor dos outros, e nunca com propósitos pessoais. Além de outras funções, o pregador é instrumento divino com vista o aperfeiçoamento (treinamento) dos santos. Transmitir a Palavra de Deus é o mesmo que compartilhar verdades espirituais, e o treinamento cristão tem em sua base esse objetivo, conforme escrevem Colin Marshal e Tony Payne: “O âmago do treinamento não é transmitir capacidade, e sim transmitir sã doutrina. Bom treinamento bíblico resulta em vida piedosa baseada em sã doutrina que produz maturidade”. A maturidade cristã da igreja e a salvação do perdido são os maiores resultados do Ministério da Pregação. O treinamento cristão baseia-se em três pilares: ✓ Mente (convicção) ✓ Caráter (estilo de vida) ✓ Coração (sentimento e motivação) Definindo pregação, Peter Adam escreve: “Explicação e aplicação da Palavra à congregação de Cristo, a fim de produzir preparação coletiva para serviço, unidade de fé, maturidade, crescimento e edificação”. É importante o pregador procurar conhecer os resultados posteriores à sua Pregação. Afinal de contas, o pregador não pode limitar-se apenas naquilo que está pregando ou ensinando, mas também na forma com que os ouvintes estão aprendendo e aplicando. Um verdadeiro Ministério da Pregação é marcado pelo interesse que o pregador têm pelas pessoas e seu desenvolvimento espiritual. Mais uma vez cito Colin Marshal e Tony Payne: “A ideia de ministério pessoal em conjunto com o ministério de pregação é admirável e difícil de alguém discordar. É também completamente bíblica. Paulo disse aos presbíteros de Éfeso que ele jamais deixara “de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” (At 20.20). INTRODUÇÃO À HOMILÉTICA Uma breve definição Etimologicamente, o termo homilética vem do grego “hehomilia” (“homilêtike”). O verbo “homilein” era usado pelos gregos sofistas para expressar o sentimento de relacionar-se, conversar; ou ainda, “discurso com a finalidade de agradar”. Do ponto de vista técnico, a homilética é a ciência que ensina os princípios fundamentais dos discursos públicos, que proclamam o ensino da verdade. Numa visão do Novo Testamento “hehomilia” sinaliza para o estar junto, o relacionamento com a finalidade de anunciar e compartilhar a verdade divina em cultos cristãos em seus mais variados aspectos. No século XVII a igreja cristã se aproveitou dos recursos criados pelos gregos na retórica, levando-os para a prática da entrega da mensagem do Evangelho. Basicamente, os recursos da Homilética contribui – e muito – com uma melhor entrega da mensagem por parte daqueles que têm esta responsabilidade. Há uma ligação muito forte entre Homilética (a arte de pregar) e a Hermenêutica (a arte de interpretar). A Homilética se propõe a facilitar a entrega daquilo que a Hermenêutica contribui para interpretar, tornando assim a mensagem compreensível e eficaz. Principais elementos técnicos da Homilética Oratória É a técnica de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa. Eloquência É o dom natural da palavra desenvolvido de forma coordenada, coerente e fluente com vistas a persuasão do ouvinte. Leon Fletcher nos apresenta dois grandes segredos para o sucesso na eloquência: ✓ Não tentar imitar nenhuma outra pessoa, mas ser orador com personalidade própria, independente e natural ✓ Não fazer nenhum discurso sem se preparar devidamente Duan Litfin nos concede uma boa definição de eloquência, ao escrever: “A eloquência é a arte de dizer tudo o que deveria ser dito, e não tudo o que poderia ser dito”. Retórica Do termo rhetorike, que significa a arte de falar bem, de comunicar-se de forma clara e conseguir transmitir verdades com convicção. Quanto mais retórica, mais claro e convincente o discurso. Seguem-se abaixo os Seis Processos Retóricos: ✓ Narração ✓ Interpretação ✓ Ilustração ✓ Aplicação ✓ Argumentação ✓ Exortação Perguntas básicas da lógica ✓ Quem? ✓ Que/Qual? ✓ O quê? ✓ Por quê? ✓ Quando? ✓ Onde/Aonde? ✓ Como? Palavra Chave Podendo ser um substantivo, adjetivo ou um verbo, é a palavra que norteará todo o sermão, evitando que o pregador se perca na linha de seu raciocínio, tornando assim a mensagem clara ao ouvinte. Diferentes abordagens Segue-se abaixo uma lista das principais abordagens que o pregador deve conhecer com a finalidade de facilitar a compreensão daqueles que o ouvem. ✓ Do ponto de vista do ouvinte ✓ Do ponto de vista de personagens ✓ Do ponto de vista de Deus ✓ Cronológica ✓ Espacial ✓ Ética ✓ Jurídica ✓ Psicológica Sete apelos da Pregação Conforme temos visto, a Pregação sempre deve ser acompanhada de uma convocação aos ouvintes; ela sempre irá requerer uma resposta do ouvinte, seja ela negativa ou positiva. Numa Pregação é possível encontrar sete tipos diferentes de apelos, como segue. ✓ Apelo para o altruísmo ✓ Apelo para a aspiração ✓ Apelo para a curiosidade ✓ Apelo para o dever ✓ Apelo para o temor ✓ Apelo para o amor ✓ Apelo para a razão Tipos de Sermões Como escreveu o pastor Luiz Antonio da Luz: “Nem todo sermão religioso é uma pregação bíblica, mas toda a pregação bíblica é um sermão religioso. Um sermão identifica-se como tal quando possui início, meio e fim devidamente concatenados”. Os sermões podem ser classificados de diversas formas, sendo algumas mais comuns e outras não. Geralmente os sermões são classificados com base no assunto ou ainda em seu conteúdo geral. Por exemplo: ✓ Interpretativos ✓ Éticos ✓ Devocionais ✓ Doutrinarios ✓ Filosóficos ou apologéticos ✓ Sociais (família, educação, etc.) ✓ Evangelísticos Estrutura do Sermão Seguem-se abaixo quatro tipos de estruturas de um sermão: ✓ Exposição (um texto, uma passagem, um livro, uma biografia ou uma cena) ✓ Argumento (dedutivo ou indutivo) ✓ Enfoque múltiplo (diferentes ângulos de um assunto) ✓ Analogia (comparação, parábola, etc.) Métodos Psicológicos de um Sermão Seguem-se abaixo quatro tipos de métodos psicológicos de umsermão: ✓ Normativos (visam levar à obediência) ✓ Persuasivos (visam levar à convicção) ✓ Cooperativos (visam a busca de soluções para os problemas mútuos, do pregador e da congregação) ✓ Interrogativos (levantam uma dúvida e procuram esclarecê-la) Os tipos de sermões mais usados são três: temático, textual e expositivo. Num resumo básico Robson m. Marinho afirma: “O temático é aquele cujas ideias básicas se originam de um tema, independentemente do texto. No textual, as ideias básicas originam-se de um breve texto da Bíblia. No expositivo, as ideias básicas originam-se numa passagem ou num texto mais longo, que é interpretado em relação a um assunto”. O Sermão Temático Este tipo de sermão tem suas divisões principais do tema e não do texto. O pregador determina o assunto que quer abordar e então busca na Bíblia os textos que servirão de base para o devido assunto. A preparação do Sermão Temático ✓ Escolha do assunto ✓ Estudar o assunto ✓ Selecionar o tema a ser colocado com base no assunto geral ✓ Definir a ideia central do sermão ✓ Pode usar diferentes formas de organizar ✓ Distribuir as divisões ✓ Determinar a sequência de acordo com o propósito O Sermão Textual Este sermão tem como base e fonte uma pequena porção da Bíblia. O assunto é extraído de um pequeno texto bíblico, geralmente de um só verso, de onde provém a ideia central e suas principais divisões. No temático o assunto sai da mente do pregador, enquanto no textual o tema sai do texto bíblico. No temático o tema vem antes do texto; no textual, o texto vem antes do tema. A preparação do Sermão Textual ✓ Defina a ideia central do texto (ele pode conter mais que um tema) ✓ Defina a sequência das divisões principais que podem vir conforme o texto ou como o pregador desejar ✓ Sempre buscar o ponto alto do sermão O Sermão Expositivo Robson M. Marinho contribui mais uma vez: “No sermão expositivo todas as ideias saem do texto e do contexto. A ideia central, as divisões principais e todas as subdivisões originam-se de uma passagem maior da Bíblia e são interpretadas à luz do contexto, o qual fornece o tema as aplicações do sermão... É a exposição do texto propriamente dita”. Qual a diferença entre o Sermão Textual e o Expositivo? O pastor Luiz Antônio da Luz nos responde: “A diferença básica está no fato de que o textual tece seu comentário no texto sem fazer a exegese do mesmo, enquanto o expositivo esmera-se em fazer a exposição do significado de cada palavra ou frases do texto que serve de base ao sermão”. O sermão expositivo não dá ao pregador a oportunidade de impor nada ao texto escolhido, mas somente expor as verdades contidas nele. A preparação do Sermão Expositivo ✓ Estudar sistematicamente a passagem bíblica, buscando descobrir seu significado real ✓ Atentar para palavras ou frases do texto que podem sinalizar ou formar as divisões do esboço ✓ As divisões devem ser extraídas das verdades expostas no texto ✓ Examine o contexto histórico e cultural da passagem ✓ Os detalhes do texto devem ser examinados corretamente ✓ Aplicar as verdades do texto à realidade atual O PREGADOR É inevitável que ao falar sobre a vida do pregador o assunto do chamado pessoal apareça. Ao se referir a um chamado divino, Dave Harvey diz: “... uma convocação é uma chamada para deixar uma coisa em direção a outra”. O Pregador e sua Vida Devocional Um chamado divino não começa no homem, mas em Deus. Antes de ser chamado para o ministério, o pregador é chamado para Deus, conforme escreve Edmund P. Clowney: “Não há chamada para o ministério que não seja primeiramente uma chamada para Cristo. Não ouse levantar sua mão para colocar o nome de Deus na invocação de bênção sobre pessoas, se você mesmo ainda não as ergueu em oração penitente em clamor pela graça salvadora. Até que você tenha feito isso, a questão com que você se depara não é realmente uma chamada para o ministério. É a sua chamada para Cristo”. Os dois fundamentos de um ministério frutífero são: Palavra e Oração. É fato que um ministério centrado em Deus, profundamente moldado por Sua Palavra e pela Oração, produz frutos aprovados. A Oração aproxima o pregador de Deus. A Palavra aproxima Deus do pregador. Uma pergunta central: “Se faltar-lhe o púlpito, o que restará de sua vida com Deus”? Dave Harvey diz: “Um homem descobre onde está verdadeiramente a sua identidade quando ele não pode mais realizar o ministério que se sentiu chamado a realizar”. Algo que todo pregador precisa saber: “Nenhum homem se torna pregador por suas próprias capacidades ou seu potencial. Ele é feito pregador pela graça de Deus que já está atuando nele”. Características do pregador piedoso ✓ Convertido ✓ Servo ✓ Exemplo de sua mensagem ✓ Vida de oração ✓ Apego à Palavra ✓ Consagrado O Pregador e sua Vida Familiar De acordo com a Bíblia, o lar de um obreiro confirma ou não sua chamada e autoridade no exercício do ministério. John Kitchen afirma: “A vida que você leva em particular determina o ministério que você pode ter em público”. O lugar mais desafiador para se viver uma vida cristã é no convívio do lar. Como escreve Dave Harvey: “... O lar oferece a maior exposição que revela se você satisfaz as qualidades de caráter para o ministério apresentadas nas Escrituras. Nesse sentido, o lar é essencial à análise da chamada. Acho que isso acontece porque Deus sabe algo que ignoramos frequentemente. Você pode fingir no trabalho ou se mostrar religioso na igreja, mas sua família sabe e revela a sua verdadeira condição”. Use sua casa, seu convívio familiar como um laboratório onde você pode ser moldado com o propósito de honrar a Deus e ter autoridade na entrega da mensagem. É inadmissível alguém que se julgue pregador que compartilha o Evangelho com várias pessoas, mas não é capaz de fazê-lo na comunhão de seu lar. Em I Timóteo 3.2 está escrito: “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher”. Ser irrepreensível é o mesmo que não ter nada que possa ser motivo de repreensão. Essa é uma qualificação essencial ao ministro (pregador), e o ambiente onde isso é primeiramente aplicado é no casamento. Sua família demonstrará se verdadeiramente você é chamado por Deus ao ministério. Ser perfeito é impossível; ser diligente é indispensável ao pregador. Dedique-se em estruturar sua família. Coloca-la na direção para a qual ela foi criado por Deus. A Vida do Pregador A autoridade do pregador consiste no que ele é, não no que ele faz ou de que forma o faz. A Pregação eficaz requer do pregador qualidades técnicas e um estilo de vida fora do comum. Caráter Isso diz respeito à moralidade, , honestidade, critério e integridade. Isso dá ao pregador autoridade que fará com que as pessoas lhe ouça. Cativar as pessoas enquanto prega é necessário mais que qualidades técnicas; é preciso uma vida atraente que seja capaz de conquistar o respeito e a aprovação dos ouvintes. Entusiasmo Isso impulsiona a expressão verbal. O pregador precisa ser vibrante na entrega da mensagem, demonstrando empolgação com aquilo que ele está compartilhando. Se o que o pregador está falando não é capaz de empolga-lo, como poderá empolgar que o ouve? Falar com entusiasmo é resultado de uma vida entusiasmada. Vibrar com as ideias é resultante de vibração com a vida. Determinação É a vontade incontrolável de conquistar o que se deseja. Se não houver determinação na vida, não haverá no púlpito. Inspiração É a busca de melhores ideias. É a forma com o pregador cria o seu sermão. A inspiraçãopara o pregador é sobrenatural. Resulta de uma comunhão plena com Deus, do estudo incansável da Bíblia, da vontade de ser um porta-voz de Deus. O pregador precisa ser também uma inspiração aos outros. Sensibilidade É a capacidade de adaptar a mensagem à realidade dos ouvintes. Isso só será possível se o pregador tiver contato com as pessoas e pensar em seu bem-estar. Não pode cometer o erro de negociar a mensagem em nome da sensibilidade. Capacidade de Síntese Habilita o pregador a dizer tudo o que for preciso, somente com o que for preciso, e nada mais do que preciso. Como diz Robson M. Marinho: “Se tudo que você falar for consistente e objetivo, o ouvinte terá menos oportunidade de desvia a atenção. A melhor comunicação é a que expressa mais ideias com menos palavras”. Imaginação e Criatividade A imaginação serve como instrumento da criatividade. A Bíblia é a maior fonte de imaginação. Ao contar parábolas, Jesus dá exemplo da importância do uso da imaginação. Memória O pregador precisa cultivar e trabalhar sua memória. O pregador precisa também de uma mente capaz de manter a finalidade da mensagem e a ordem das ideias. Boa aparência O pregador precisa ser discreto. Ele deve se vestir de acordo com o ambiente, hora e assunto. Vocabulário O melhor vocabulário é aquele que se adapta a qualquer auditório. Humildade Humidade leva o pregador a ser dependente de Deus. Humildade não se finge. A igreja sempre saberá se o pregador é humilde ou não. Isso é demonstrado no semblante e expressões. Para ser humilde no púlpito é preciso ser humilde na vida pessoal e no relacionamento com as pessoas. O Pregador e seu Preparo Segue abaixo alguns preparos fundamentais ao pregador que deseja ser eficaz em seu ministério: ✓ Físico ✓ Social ✓ Intelectual ✓ Personalidade ✓ Psicológico ✓ Espiritual ✓ Ministerial Preguei... E Agora? Um grande risco no processo do Ministério da Pregação é pensar que, após o preparo e a entrega da mensagem, o pregador não tem mais compromisso com os ouviram o sermão. Existem pelo menos dois grandes compromissos que o pregador têm após a entrega da mensagem: ele precisa ter um círculo de pessoas que ele esteja treinando para Deus; orar por aqueles que ouviram a mensagem por ele entregue. CONCLUSÃO Para a conclusão deste Curso, separei duas exposições de dois grandes homens e que definem bem aquilo que vem a ser o Ministério da Pregação e tudo o que envolve a sua prática. “Uma boa pregação exige trabalho árduo... Estou convencido de que o motivo básico das pregações pobres é a falta de gastar o devido tempo e energia na preparação”. Jay Adams “É comum sermos negligentes em nossos estudos. São poucos os que se preocupam em ser bem informados e preparados para a realização progressista da obra. Alguns não têm prazer nenhum em seus estudos, tomando para isso uma hora aqui, uma hora ali, e ainda como uma tarefa não bem-vinda, que são forçados a fazer. Alegram-se quando podem escapar desse jugo. Que precisamos para manter-nos apegados aos nossos estudos e fazermos a nossa árdua busca da verdade? Será o desejo natural de aprender? Será o impulso espiritual para conhecermos a Deus? Será a consciência da nossa grande ignorância e fraqueza? Ou será o senso do solene dever que temos para com a obra ministerial? Nem o desejo natural do conhecimento, nem o desejo espiritual de se conhecer a Deus e as coisas divinas, nem a consciência de nossa grande ignorância e fraqueza, nem o peso de nosso ministério – nenhuma dessas coisas deve privar-nos de nossos estudos e impedir-nos de procurar a verdade. Na verdade, quantas coisas há que o ministro tem de compreender! Quão defeituoso é ignorá-las! Quanto perdemos, quando não utilizamos esse conhecimento em nosso ministério! Muitos ministros só estudam o bastante para o preparo dos seus sermões e pouca coisa mais. Todavia, existem muitos livros que podem ser lidos e vários assuntos com os quais podemos nos familiarizar. Mesmo em nossos sermões, muitas vezes negligenciamos o estudo mais apurado e deixamos de ir mais fundo, para ver como poderemos fazer com que essas questões invadam os corações das pessoas. Devemos estudar as maneiras de persuadir os outros, de conquistar-lhes o íntimo e de expor a verdade ao vivo – não deixá-la no ar. A experiência nos diz que não podemos ser cultos ou sábios sem um estudo árduo, trabalho incansável e exercício constante”. Richard Baxter
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