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Módulo 1 - Processo

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Do Processo: Conceito 
Processo é uma palavra com origem no latim procedere, que significa método, 
sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atingir algum 
objetivo. 
Relativamente à sua etimologia, processo é uma palavra relacionada com percurso, 
e significa "avançar" ou "caminhar para a frente". 
No âmbito do direito, é o meio de que se vale o estado para exercer a função 
jurisdicional, compondo-se de um conjunto de atos cuja finalidade é a composição 
da lide. Também podemos dizer que é o método, a técnica, o instrumento de que se 
utiliza o Estado para a solução dos conflitos de interesses submetidos à apreciação 
jurisdicional. 
Objeto do Processo 
De uma breve análise da doutrinária pátria, pode-se perceber que há tempos 
debate-se acerca da concepção de significados sobre o termo "objeto" ou, em 
especial, as expressões objeto do processo e objeto litigioso do processo . 
Hoje, ainda não reina pacificidade sobre a questão terminológica. Alguns autores 
preferem dizer objeto litigioso, em vez de objeto do processo. O objeto do processo 
é o conjunto de todo o material lógico que o espírito do juiz capta e elabora de modo 
a saber se julgará o mérito e como julgará. 
É possível concluir que o sentido mais técnico seria entender por objeto do 
processo, em seu aspecto global de instrumento institucional de jurisdição, é toda 
matéria que nele deva ser apreciada pelo juiz, seja em termos de simples cognitio, 
seja em termos de judicium, envolvendo, pois os pressupostos processuais, as 
chamadas condições da ação e o próprio mérito; quanto a este examinará também 
a defesa do réu e do reconvindo, do chamado ao processo e do litisdenunciado 
(inclusive questões prévias); e que só uma parte do objeto do processo constitui o 
objeto litigioso do processo: é o mérito, assim entendido o pedido do autor 
formulado na inicial e nas oportunidades em que o ordenamento jurídico lhe permita 
a ampliação ou modificação;" e, em suma, o pedido do réu, quando assim lhe 
permita o ordenamento jurídico. 
 
Natureza Jurídica do Processo 
Muitas teorias existem sobre a natureza jurídica do processo, e revelam a visão 
privatista e publicista. 
É de suma importância o estudo dessas teorias porque se alguém demonstrar 
algum dia que o processo é um contrato, daí decorrerão consequências práticas de 
grande importância. Mesmo porque o legislador formula hipóteses, prevê certas 
situações e, na falta de alguma norma reguladora do processo, as normas 
subsidiárias (secundárias) seriam as do direito civil, que regulam o contrato, quando 
analisado o processo no seu sentido contratual. 
As teorias Privatistas referem-se ao sentido de processo como contrato e quase 
contrato. 
Em se tratando de processo como contrato, a concepção do processo era 
contratual, ou seja, a relação que interliga autor e réu no processo era vista como 
em tudo idêntica à que une as partes contratantes. No contrato, existe um acordo de 
vontades, um titular do interesse subordinante e outro titular do interesse 
subordinado. O primeiro tem o direito de exigir do segundo que satisfaça uma 
prestação, que lhe é assegurada por lei. 
Já se referindo ao processo como quase-contrato, a doutrina traz que segundo o 
artigo 1.371 do Código Civil francês, o famoso Código de Napoleão, o 
quase-contrato é o encontro de fatos voluntários do homem de que resultam 
obrigações recíprocas entre as partes. Enquanto no contrato as obrigações dele 
decorrentes são determinadas, diretamente, pela própria vontade das partes, no 
quase-contrato as obrigações são determinadas pela lei, com base na presumível 
vontade das partes. A vontade das partes só é exigida para a prática do ato e não 
para a produção das obrigações jurídicas dele resultantes, que são determinadas 
pela lei. 
Estas teorias são contratualistas (contrato e quase-contrato), porque o processo 
resultaria de um contrato ou algo semelhante a um contrato e, pois, de um acordo 
de vontades. Mas, se na litiscontestatio a vontade não era totalmente livre, que 
acordo de vontades seria esse que, se o réu não comparecesse, o autor poderia 
fazê-lo comparecer à força? Tal pensamento era sem dúvida inconsistente, tanto 
que no próprio Código Napoleônico indicava-se uma outra fonte de obrigações: a lei. 
Já as teorias Publicistas, construíram teorias do processo como da relação jurídica; 
do processo como procedimento e a teoria do processo como da situação jurídica. 
Dessa forma, segundo a teoria do processo como relação jurídica, o processo 
contém uma relação jurídica entre as partes e o estado-juiz, a chamada relação 
jurídica processual. 
Várias foram as críticas sobre essa teoria, tanto que surgiu então um concepção 
mais elaborada, na qual o processo é um procedimento, ou seja, é uma série 
ordenada de atos previstos normativamente tendentes à produção de um efeito 
jurídico final. Por conseguinte, a natureza jurídica do processo é ser um 
procedimento, isto é, uma cadeia de atos, previstos por normas, necessários à 
produção de um efeito jurídico final. A "essência" do processo está, pois, nesse 
encadeamento ou nexo entre os atos determinados por normas, atos que são 
necessários para a produção de um efeito jurídico final. 
Até que surge a teoria da situação jurídica, em que o processo não é uma relação 
jurídica, que é o estado de uma pessoa enquanto faz valer o direito material 
afirmado em juízo. Por outras palavras, para essa teoria, o processo é o modo, ou 
situação, em que a pessoa se encontra enquanto espera a sentença. E esta 
situação em que a pessoa se encontra é a de ter a possibilidade de praticar atos, ou 
a necessidade de praticá-los, para ganhar a ação etc. 
Essas três teorias correspondem a três conhecidas concepções do direito em geral, 
que não se excluem, mas, pelo contrário, se complementam por cuidarem de três 
aspectos particulares do fenômeno jurídico. Assim, essas três teorias, apesar de 
aparentemente diversas, na verdade são complementares, pois cuidam de três 
aspectos particulares do fenômeno jurídico. 
Após observadas as diferentes teorias sobre a natureza jurídica do processo, é 
possível sustentar que é a da relação processual que mais se encaixa com a 
realidade processual. 
São relações jurídicas, por exemplo, o nexo existente entre credor e devedor e 
também o que interliga os membros de uma sociedade anônima. O processo 
também, como complexa ligação jurídica entre os sujeitos que nele desenvolvem 
atividades, é em si mesmo uma relação jurídica, a qual vista em seu conjunto, 
apresenta-se composta de inúmeras posições jurídicas ativas e passivas de cada 
um dos seus sujeitos: poderes, faculdades, deveres, sujeição, ônus. 
É relevante observar, no entanto, que a aceitação desta teoria não significa dizer 
que o processo seja a própria relação processual, ou melhor, que processo e 
relação processual sejam a mesma coisa. 
Tipos de Processo 
No CPC de 1971, existiam três tipos de processo. 
No atual CPC (2015), foram contemplados somente dois tipos de processo. 
Esses tipos de processos levam em conta o conteúdo da prestação jurisdicionalalmejada. 
Processo de Conhecimento: A parte busca uma sentença de mérito voltada ao 
reconhecimento de um direito, haja vista a existência de um conflito de interesses. 
Temos então a cognição da causa pelo juiz e a declaração do direito material 
aplicável ao caso concreto. O juiz irá conhecer das alegações das partes e das 
provas produzidas, proferindo uma sentença voltada a compor a lide. A sentença 
nesse tipo de processo sempre terá uma carga declaratória. 
O processo de conhecimento apresenta uma subclassificação, tendo em vista a 
natureza do provimento pretendido pelo autor. 
Pode ser meramente declaratório, condenatório e constitutivo. 
O processo meramente declaratório tem como objetivo remover a incerteza reinante 
acerca da existência ou inexistência de uma relação jurídica ou ainda quanto à 
autenticidade ou falsidade de um documento (v. art. 4º do CPC de 1973). No CPC 
de 2015, o artigo 19, no inciso I, contempla uma ampliação das chamadas ações 
“meramente declaratórias”, constando que o interesse do autor pode também 
envolver a declaração “do modo de ser de uma relação jurídica”. Essa ampliação 
decorre do entendimento da jurisprudência, no sentido de que é admissível ação 
declaratória visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula 
contratual (v. Súmula 181 do STJ); logo, esse tipo de ação se presta também a 
declarar de que maneira a obrigação deve ser cumprida pelos contratantes. Como 
se vê, a simples declaração judicial já esgota a finalidade da ação. Normalmente, 
não será necessária a execução da sentença. Ex.: ação de investigação de 
paternidade, ação declaratória de nulidade do negócio jurídico por incapacidade 
absoluta do contratante, ação de usucapião, etc. 
O processo condenatório é aquele em que se postula a declaração do direito 
material aplicável, mais a aplicação de uma sanção, ou seja, a imposição do 
cumprimento de uma obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia 
certa. A sentença condenatória atribui ao vencedor um título executivo, podendo 
instaurar-se então a fase de execução na mesma relação processual (e nos próprios 
autos em que ela foi proferida), caso a obrigação não seja cumprida voluntariamente 
pelo devedor. Ex.: ação de cobrança, ação de indenização, ação de obrigação de 
fazer (fornecimento pelo Estado de medicamentos para pessoas carentes), etc... 
Finalmente, o processo constitutivo é aquele que além da declaração do direito 
material aplicável, se postula uma inovação específica no mundo jurídico. A 
sentença constitutiva presta-se a criar, modificar ou extinguir um estado (da pessoa) 
ou uma relação jurídica. Essa sentença também não comporta execução ulterior. 
Ex.: ação de rescisão de contrato, ação de divórcio, ação anulatória de negócio 
jurídico por vício no consentimento, etc... 
Importante notar que podemos ter no mesmo processo a cumulação de pedidos, 
objetivando provimentos de natureza distinta; o autor, por exemplo, pode postular 
declaração de paternidade (pretensão meramente declaratória), mais a condenação 
do réu a pagar alimentos (pretensão condenatória). 
Processo de Execução: Visa a satisfação de uma obrigação expressa em título 
produzido em processo de conhecimento (títulos executivos judiciais) ou em negócio 
jurídico documentado (títulos executivos extrajudiciais). 
No CPC de 1973 o rol dos títulos executivos judiciais se encontra no artigo 475-N e 
dos extrajudiciais no artigo 585. 
No CPC de 2015 o rol dos títulos executivos judiciais se encontra no artigo 515 e 
dos extrajudiciais no artigo 784. 
No processo de execução, não temos sentença de mérito, mas apenas uma 
sentença extintiva do processo, em razão do cumprimento integral da obrigação, 
remissão total da dívida, renúncia ao crédito, etc. (v. arts. 794 e 795 do CPC de 
1973; 924 (traz novas hipóteses de extinção) e 925 do CPC de 2015). 
Na execução, não temos, portanto, atividades de cognição e de declaração do 
direito por parte do juiz. O direito do credor já está explicitado no título judicial ou 
extrajdicial, sendo necessária, então, a prática de atos materiais coativos voltados à 
realização concreta da obrigação existente. O exequente busca, portanto, a 
realização concreta do direito material. 
Na atualidade, quando se trata de execução ou cumprimento de sentença, não se 
instaura processo autônomo de execução com a citação do executado para cumprir 
a obrigação. Os atos materiais de execução representam uma nova fase do 
processo instaurado (temos então fase de conhecimento e fase de execução); essa 
nova fase se processa, destarte, nos próprios autos em que foi proferida a sentença 
exequenda. O processo de execução pode tramitar de modo diferente se o título 
em que se funda for judicial ou extrajudicial. O procedimento também varia 
dependendo da natureza da prestação devida, ou seja, se a obrigação é de fazer, 
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa. 
Processo Cautelar: Ao postular uma tutela cautelar, o requerente objetiva uma 
proteção emergencial e provisória de bens jurídicos envolvidos em um litígio, de 
modo a preservar a situação de fato, enquanto se aguarda a obtenção da tutela 
definitiva. 
No CPC de 1973, essa tutela de urgência normalmente deve ser requerida em 
processo cautelar autônomo, sendo que a tutela definitiva, de caráter satisfativo, é 
obtida em outro processo, denominado de processo principal, que pode ser de 
conhecimento ou de execução. Pretende-se, portanto, nessa sistemática, 
assegurar a eficácia e utilidade do processo principal. Trata-se então de um 
processo acessório voltado à concessão de uma tutela de garantia, ou seja, de 
caráter preventivo. 
No CPC de 1973, temos a previsão de medidas típicas ou nominadas (v. art. 813 a 
899), mas o juiz pode conceder outras medidas com base no seu poder geral de 
cautela (v. arts. 796 a 812). 
No CPC de 2015, se apresenta alteração radical na disciplina das tutelas provisórias 
de urgência (de natureza satisfativa ou cautelar). 
Temos a extinção do processo cautelar em livro próprio; há agora apenas previsão 
das denominadas tutelas de urgência e de evidência, submetidas às mesmas 
disposições gerais, passando a constar da parte geral do CPC (v. arts. 294 a 311). 
Foram abolidas todas as medidas cautelares típicas ou nominadas; todas as 
medidas agora serão atípicas ou inominadas, sejam elas tutelas de urgência 
cautelares ou satisfativas; tais medidas podem ser concedidas em caráter 
antecedente (antes da apresentação do pedido principal ou de tutela final) ou 
incidental (caso em que já está em andamento o processo relativo ao pedido de 
tutela final – normalmente um processo de conhecimento). 
 
Apresentado pedido específico de tutela de urgência (de natureza satisfativa ou 
cautelar), portanto em caráter antecedente, o mesmo processo instaurado será 
aproveitado para deduzir o pedido de tutela final ou principal, sem incidência de 
novas custas processuais; se o processo de conhecimento já está em curso, a tutela 
provisória, fundada em urgência ou evidência, pode ser requerida nos próprios 
autos; não há maisnecessidade de instaurar processo cautelar autônomo para 
requerer tutela preventiva de urgência de caráter incidental; no CPC de 1973, a 
medida cautelar incidental também deve ser requerida em processo autônomo. 
Ação, Processo e Procedimento 
Como já é sabido, o conceito de Ação está ligado à própria história do Direito 
Processual. 
Ainda na Grécia Antiga, o Direito de ação, umbilicalmente ligado ao Direito material, 
não tinha qualquer autonomia conquanto ramo do Direito e era visto sob a ótica 
puramente civilista, pois, como dito, era totalmente dependente do direito material 
eventualmente buscado, o que durou até meados do século XIX. 
A partir deste século XIX o direito de ação começou a ser estudado de forma mais 
sistemática, surgindo a primeira teoria acerca deste instituto - Teoria Imanentista, de 
Savigny. Ainda no século XIX, dos debates travados entre Windscheid e Muther (a 
polêmica sobre a actio e a invenção da ideia de autonomia processual), começou-se 
a se distinguir o Direito de ação do Direito Material, aparecendo diversas terias, 
como a Teoria Concreta da Ação. Posteriormente, em 1877 na Alemanha, surgiu a 
Teoria Abstrata da Ação, criada por Degenkolb. Em seguida surgiu a Teoria Eclética 
da Ação que foi além e considerou o Direito de ação como um direito subjetivo e 
abstrato e que pode ser exercido por seu titular independentemente da existência do 
Direito Material. 
Atualmente é consenso que o de direito de ação é direito público subjetivo que 
confere ao cidadão de exigir do Estado uma prestação jurisdicional a cargo do 
Poder Judiciário que seja capaz de albergar qualquer pretensão para o pronto 
restabelecimento da ordem eventualmente violada. 
Durante a fase imanenista ou civilista, o processo era visto como sendo um 
procedimento constituído por uma série de atos sequenciais e o seu estudo 
limitava-se à definição de seus atos ou formas que o compunha, era a fase 
denominada de fase do procedimento. 
Nesta fase, portanto, o que se evidencia é que não existia, ainda, uma diferenciação 
entre processo e procedimento. 
Como o próprio termo indica, processo significa ação de avanço, dar andamento, 
marchar, seguir em frente, ao passo que procedimento significa o modo como se 
desenvolve os atos e fatos necessários para que se produza algum efeito ou se 
atinja algum objetivo ou se chegue a algum resultado específico. 
Por conta disso, o processo, por muito tempo, foi absorvido pelo direito material, 
considerado como simples meio de exercício dos direitos ou como mera sucessão 
de atos que compunham o rito da aplicação judicial dos mesmos. 
Essa fase foi superada e surgiu a teoria contratualista em que se considera o 
processo como sendo um contrato; posteriormente essa teoria deu lugar à teoria do 
processo como quase-contato, criada ainda no século XIX. Essa teoria foi criada 
por um jurista Francês do século XIX e se baseava na ideia de que o processo 
deveria ser enquadrado, a todo custo, entre as categorias de direito privado. 
Por fim, da obra de Oskar Von Bülow, surgiu a teoria do processo como uma 
relação jurídica, sendo considerada como marco inicial para se considerar o estudo 
do processo como uma ciência. Tivemos ainda, entre outras: a teoria da relação 
processual, com a concepção do direito como uma relação entre dois ou mais 
sujeitos regulada pelas regras jurídicas; a teoria da situação jurídica, que se opõe à 
teoria da relação jurídica, pois, para essa última teoria, o processo não encerra uma 
relação jurídica entre sujeitos, uma vez que não existem deveres jurídicos entre 
eles. 
Tendo em vista a doutrina corrente, e no sentido do que aqui é estudado, ou seja, 
dentro do direito processual, pode-se afirmar que processo é o meio pelo o qual se 
vale o Estado para o exercício de sua função jurisdicional e dizer o direito no caso 
concreto, é meio de pacificação social para a solução de conflitos. É, portanto, 
instrumento de jurisdição, é forma de atuação do Estado para o cumprimento de 
uma missão constitucional. 
Em resumo o direito de Ação é o Direito Público Subjetivo que tem o cidadão de 
provocar o Estado e exigir deste uma prestação jurisdicional, e que o processo, que 
se desenvolve por meio de procedimentos, vem a ser a forma de que dispõe o 
Estado para prestar a atuação jurisdicional, ou, melhor, é o meio que se vale o 
Estado para dar a resposta buscada pelo cidadão através do Direito de Ação. 
Ao que se verifica das lições acima, o processo é o meio de atuação da jurisdição, 
ao passo que o procedimento, ou procedimentos, são os atos praticados no 
desenvolver do processo, ou seja, dentro do processo, para se chegar ao resultado 
final buscado no exercício do direito de ação. 
Procedimento, portanto, é o mecanismo pelo qual se desenvolvem os processos de 
órgãos da jurisdição, é o modo de se mover e a forma de se proceder ao ato. 
 
Relação jurídica processual 
Conceito; Relação Jurídica Processual e relação material 
Conforme os ensinamentos do mestre Moacyr Amaral Santos, “o processo é uma 
relação entre os sujeitos processuais juridicamente regulada. 
Já mostramos que no processo, como série ordenada de atos, tendentes a um fim, 
que é a provisão jurisdicional, se compreendem direitos, deveres e ônus das partes, 
além de poderes, direitos e deveres dos órgãos jurisdicionais, prescritos e regulados 
pela lei processual. 
Como os sujeitos da relação são os sujeitos processuais, e ainda porque os direitos 
e deveres, poderes e ônus, que nela vivem e se realizam são regulados pela lei 
processual. 
Importante sempre ter em mente que a relação jurídica processual é distinta e 
independente da relação jurídica de direito material. 
A relação jurídica processual independe, para ter validade, da existência da relação 
de direito substancial controvertida. Instaurado o processo, sua validade vai 
depender de requisitos próprios, pouco importando que esta exista ou não. 
E tanto isso é verdade, que existem sentenças que julgam improcedente a ação 
intentada, sendo indubitavelmente atos processuais válidos, válida manifestação do 
poder jurisdicional, e sendo aptas a passar em julgado. 
Características 
A doutrina é quase que unânime ao apontar as características da relação jurídica 
processual, são elas: 
1) autonomia; 
2) natureza pública ou caráter público; 
3) progressividade, continuidade, dinamicidade; 
4) complexidade; 
5) unicidade ou unidade; 
6) trilateralidade. 
AUTONOMIA ​– diz-se que a relação jurídica processual é autônoma porque é 
distinta da relação jurídica de direito material. Ambas existem no processo, mas 
cada qual tem seus pressupostos próprios. São reguladas por normas distintas: as 
relações jurídicas processuais são reguladas por normas de direito processual 
enquanto as relações jurídicas substanciais são regidas por normas de direito 
substantivo. 
Como já se conclui acima, a relação jurídica processual independe, para ter 
validade, da existência da relação de direito substancial controvertida. Instaurado o 
processo, sua validade vai depender de requisitos próprios, pouco importando que 
esta exista ou não. 
NATUREZA PÚBLICAOU CARÁTER PÚBLICO – A relação jurídica processual é 
pública porque o processo é instrumento de uma função estatal, a função 
jurisdicional. O juiz no processo age em nome do Estado, não está em litígio com as 
partes, mas exerce autoridade soberana. A relação entre o juiz e as partes é 
tipicamente de direito público. 
PROGRESSIVIDADE, CONTINUIDADE, DINAMICIDADE – é progressiva porque 
se desenvolve através de atos que vão se sucedendo até o provimento final, ou 
seja, a sentença. Os atos têm uma finalidade única, constituem uma relação 
progressiva, que se desenvolve de grau em grau para o mesmo fim. 
COMPLEXIDADE – é complexa a relação jurídica processual porque nela as partes 
exercem direitos, obrigações, ônus e poderes. Não há apenas uma posição, o 
processo apresenta uma série de posições ativas e passivas, derivado daí seu 
caráter complexo. 
UNICIDADE OU UNIDADE ​– Liga-se ao princípio da imutabilidade. A relação 
processual permanece e continua a mesma do começo ao fim, as partes tem por 
objetivo a resolução do conflito. A relação jurídica processual é sempre a mesma, 
em, que pese a modificação subjetiva ou objetiva que possa passar no curso do seu 
desenvolvimento. 
Caracteriza-se na relação jurídica processual a formalidade do processo; nela, os 
atos jurídicos entrosam-se, aparecem como algo de homogêneo, de unitário, e não 
só de unidade, sem que se deixem de ver de per si e em suas funções próprias. 
TRILATERALIDADE – a relação jurídica processual é trilateral, não se está aqui 
afirmando que a mesma é triangular, mas sim destacando o seu caráter tríplice, a 
presença de três partes, onde autor, réu e Estado aparecem como sujeitos 
principais. 
 
Elementos da relação processual: Sujeitos e Objeto da relação processual 
Sujeitos da Relação Processual 
Sendo o processo instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que se 
verificam na vida social, na clássica definição, apresenta pelo menos três sujeitos: 
nos polos contrastantes da relação processual, como sujeitos parciais, o autor e o 
réu; e, como sujeito imparcial, representante do interesse coletivo orientado para a 
justa resolução do litígio, o juiz. 
Entretanto, a clássica definição num quadro extremamente simplificado não esgota 
a realidade referente aos sujeitos que atuam no processo, podendo ser realçados os 
seguintes pontos: 
a) Além do juiz, do autor e do réu são também indispensáveis os órgãos auxiliares 
da Justiça, como sujeitos atuantes no processo; 
b) Os juízes podem suceder-se e funcionalmente no processo, ou integrar órgãos 
jurisdicionais colegiados que praticam atos processuais subjetivamente complexos – 
confirmando que ele próprio não é sujeito processual, nem o é sempre em caráter 
singular; 
c) Pode haver pluralidade de autores (litisconsórcio ativo), de réus (litisconsórcio 
passivo), ou de autores e réus simultaneamente (litisconsórcio misto), além da 
intervenção de terceiros em processo pendente, com a consequente maior 
complexidade do processo. 
d) É indispensável também a participação do advogado, uma vez que as partes, não 
o sendo, são legalmente proibidas de postular judicialmente por seus direitos. 
Autor e réu são os principais sujeitos parciais do processo, sem os quais não se 
completa a relação jurídica processual. Se todo processo se destina a produzir um 
resultado (provimento jurisdicional) influente na esfera jurídica de pelo menos duas 
pessoas (partes), é indispensável que a preparação desse resultado seja feita na 
presença e mediante a possível participação desses sujeitos interessados. 
Autor é aquele que deduz em juízo uma pretensão, é o protagonista; e réu aquele 
em face de quem aquela pretensão é deduzida, é o antagonista. 
O juiz se apresenta como sujeito imparcial do processo, investido de autoridade 
para dirimir a lide se coloca entre as partes. Sua superior virtude, exigida legalmente 
e cercada de cuidados constitucionais destinados a resguardá-la, é a 
imparcialidade. 
A qualidade de terceiro estranho ao conflito em causa é essencial à condição de 
juiz. No exercício da jurisdição, função estatal, o juiz não pode eximir-se de atuar no 
processo, desde que tenha sido regularmente provocado. 
 
Objeto da relação jurídica processual 
O objeto da relação jurídica processual é o serviço jurisdicional que o Estado tem o 
dever de prestar, mediante o provimento final em cada processo. 
O objeto nada mais é que o “mérito” da causa, o objetivo que se busca com a ação. 
 
Autonomia da Relação Processual 
Conforme já destacado anteriormente, quando do estudo das características da 
relação jurídica processual, tem-se que é autônoma, distinta da relação jurídica 
material (ou substancial), sobre a qual divergem as partes, como supracitado. 
Conforme se pôde inferir, o juiz, em seu poder estatal, deve direcionar seus poderes 
apenas para a relação processual, uma vez que interferir em favor das partes 
materialmente seria ir contra o princípio da parcialidade do juiz, e talvez da inércia 
também. O juiz não deve interferir na litigância do objeto de forma a ferir os 
princípios do devido processo legal. 
Registra-se novamente que a relação jurídica processual é autônoma porque é 
distinta da relação jurídica de direito material. Ambas existem no processo, mas 
cada qual tem seus pressupostos próprios. São reguladas por normas distintas: as 
relações jurídicas processuais são reguladas por normas de direito processual 
enquanto as relações jurídicas substanciais são regidas por normas de direito 
substantivo. 
Novamente, a relação jurídica processual independe, para ter validade, da 
existência da relação de direito substancial controvertida. Instaurado o processo, 
sua validade vai depender de requisitos próprios, pouco importando que esta exista 
ou não. 
 
 
 
 
 
 
Exercícios 
 
 
 
Os tipos de processo existentes e previstos no CPC vigente são: 
A Condanatório, Execução e Cautelar. 
B Conhecimento e Execução. 
C Conhecimento, Exceução e Cautelar. 
D Conhecimento, Execução e Constitutivo. 
E Nenhuma das alternativas anteriores. 
Quanto aos tipos ou espécies de processo de conhecimento, 
podemos afirmar que: 
A O processo de conhecimento se classifica em meramente 
declaratório, condenatório e constitutivo. 
B O processo de conhecimento se classifica em meramente 
declaratório, condenatório e executivo. 
C O processo de conhecimento se classifica em condanatório, 
executivo e cautelar. 
D O processo de conhecimento se classifica em condenatório e 
executivo. 
E Nenhuma das alternativas anteriores. 
Quanto aos tipos de processo de conhecimento, assinale a 
alternativa correta: 
 
 
A O processo condenatório tem como objetivo remover a incerteza 
reinante acerca da existência ou inexistência de uma relação 
jurídica ou ainda quanto à autenticidade ou falsidade de um 
documento; 
 
B O processo constitutivo é aquele em que se postula a declaração 
do direito material aplicável, mais a aplicação de uma sanção, ou 
seja, a imposição do cumprimento de uma obrigação de fazer, 
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa. 
 
C o processo meramente declaratório é aquele que além da 
declaração do direito material aplicável, se postula uma inovação 
específica no mundo jurídico. A sentençaconstitutiva presta-se a 
criar, modificar ou extinguir um estado (da pessoa) ou uma 
relação jurídica. 
 
D O processo meramente declaratório é aquele em que se postula a 
declaração do direito material aplicável, mais a aplicação de uma 
sanção, ou seja, a imposição do cumprimento de uma obrigação 
de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa. 
 
E Nenhuma das alternativas anteriores. 
A respeito do processo e procedimento, assinale a alternativa 
correta: 
 
 
A Não existe em nossa legislação procesusal, distinção entre as 
espécies de processo; 
B Do ponto de vista científico, processo e procedimento são 
conceitos idênticos, tendo o mesmo significado; 
C Processo é o instrumento de que dispõe o Estado para solução 
da lide; Procedimento é a maneira ou a forma pela qual o 
processo de desenvolve (aspecto formal do processo). 
D Procedimento, também denominado comumente de rito, está 
intimamente ligado ao processo e compõe, juntamente com ele, 
meio idôeno de composição da lide. 
E Nenhuma das alternativas anteriores. 
Quanto ao processo cautelar e o Código de Processo Civil de 
2015, podemos afirmar que: 
A O Novo CPC eliminou, definitivamente, a existência do processo 
cautelar, e também da tutela cautelar; 
B O Novo CPC não mais contemplou o processo cautelar como 
forma autônoma de processo, mas manteve a disciplina e a 
previsão para concessão de tutela cautelar; 
C O CPC de 1973 não mais fazia referência ao processo cautelar, 
sendo que em nada inovou o CPC de 2015. 
D Tanto o CPC de 1973 como o CPC de 2015 não consideravam o 
processo cautelar como uma forma autônoma e diferenciada dos 
demais processos (conhecimento e execução). 
E Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
Situação Hipotética: Se você é credor de uma determinada 
quantia, e o devedor, quando do dia do vencimento da obrigação, 
não adimpliu o pagamento e, não existindo contrato ou 
documento escrito repreentaivo da dívida, o processo a ser 
instaurado para a cobrança do referido crédito, segundo nossa 
legislação processual, será o: 
A Processo de Conhecimento Constitutivo; 
B Processo de Conhecimento Meramente Declaratório; 
C Processo de Execução; 
D Processo Cautelar; 
E Processo de Conhecimento Condenatório.

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