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Paper Introdução à Pesquisa

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1 Nome do acadêmico 
2 Nome do Professor tutor externo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras Inglês (PED3952) – Prática do Módulo I - 
14/07/2020 a 28/07/2020 
INTRODUÇÃO À PESQUISA 
 
 
Maria Beatriz Macedo Soares¹ 
Cássio Costa Pinheiro² 
 
RESUMO 
 
Este estudo discorre sobre o exercício da pesquisa científica na etapa da Educação Básica. Faz-se 
um contraponto entre a metodologia de ensino da pesquisa na educação formal tradicional 
brasileira e a metodologia ideal de orientação para conduzir o aluno à aquisição de conhecimento, 
de modo a garantir sua independência intelectual. Discute-se o conceito de conhecimento 
científico, pesquisa científica, a definição de método, a prática do plágio enquanto entrave para o 
desenvolvimento da independência de pensamento e as soluções propostas para amenizar os 
empecilhos da tradicional forma de conduzir o trabalho de pesquisa nas salas de aula. Além do 
que, traz a perspectiva do ensinar a pesquisar atualmente com o domínio da internet como recurso 
facilitador de busca de informações científicas, como também o papel da intervenção do professor 
orientador diante da apuração da veracidade dos dados obtidos. Dessa forma, o presente trabalho 
analisa como ocorre o processo de pesquisa nas escolas e propõe intervenções para melhoria de 
tal atividade no contexto contemporâneo da educação básica brasileira. 
 
Palavras-chave: Pesquisa. Educação Básica. Produção do Conhecimento. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A atividade de pesquisa científica é uma fonte de aquisição de conhecimento. Considerando 
a escola como ambiente de aprendizagem do conhecimento científico, é essencial ponderar a 
iniciação científica nas etapas iniciais da educação formal, isto é, na Educação Básica, sobretudo 
nos Ensinos Fundamental e Médio. 
A partir desta explanação, este trabalho apresenta o panorama de como ocorre 
tradicionalmente o processo de pesquisa na Educação Básica brasileira e levanta o seguinte 
problema: como tal processo deveria ocorrer a fim de tornar os alunos independentes 
intelectualmente? 
Com base nesta problemática, este trabalho busca estudar a produção de conhecimento na 
escola a partir do exercício da pesquisa, além de delinear a forma ideal de se realizar pesquisa na 
Educação Básica, considerando o contexto contemporâneo no qual está inserida: a era da 
informação digital. 
O presente estudo foi efetuado por meio de pesquisa bibliográfica em livros e artigos de 
revistas científicas que tratam sobre pesquisa na escola e o processo de produção do conhecimento. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
O presente trabalho foi respaldado nos livros: “Pesquisa na escola: o que é, como se faz”, do 
linguista Marcos Bagno; e “Fundamentos de Metodologia Científica”, das autoras Eva Maria 
Lakatos e Marina de Andrade Marconi. Além de ser fundamentado nos artigos “A pesquisa na 
escola na Era Digital”, de Melo e Wiederkehr (2019); e “A pesquisa: recepção da informação e 
produção do conhecimento”, de Tálamo (2004). 
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Bagno (2005) critica o desgastado método tradicional da educação brasileira de orientar a 
atividade de pesquisa nas escolas de Educação Básica. Segundo o autor, é prática comum no Brasil 
o professor estabelecer a atividade de pesquisa em sala de aula exigindo que o aluno cumpra aquilo 
que foi prescrito, contudo, sem orientá-lo minuciosamente no desenvolvimento da pesquisa. Em 
suma, o que tem ocorrido na educação brasileira há muitos anos é o estabelecimento de “comandos” 
os quais o aluno tem que cumprir, como tema e data de entrega, sem saber a metodologia, o 
caminho para produzir conhecimento por meio do exercício da pesquisa. 
Para compreender como conduzir o processo de pesquisa da forma eficiente, é necessário 
apreender os conceitos de conhecimento científico e pesquisa científica, discutidos por Lakatos e 
Marconi (2003). O conhecimento científico é aquele saber de validade universal, obtido por meio de 
experimento que segue um método. É classificado como factual, contingente, sistemático e 
verificável (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 80). Dessa forma, considerando que a escola é o 
ambiente onde o aluno tem acesso ao conhecimento científico e um dos meios de consolidar este 
conhecimento é o exercício da pesquisa científica, a pesquisa é então definida como “um 
procedimento formal com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e 
se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.” 
(LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 155). Considerando que o conhecimento científico é passível de 
verificação e substituição, tais características devem ser compreendidas e enfatizadas pelos docentes 
para que incentivem seus alunos a buscar novas respostas para questões que em alguns livros 
didáticos ou materiais digitais encontram-se “prontas”. Isso contribui para o desenvolvimento do 
senso crítico do aluno e, por conseguinte, sua independência de pensamento – que será discutida 
posteriormente. 
É imprescindível trabalhar a pesquisa estabelecendo etapas e cumprindo os objetivos 
propostos no início da atividade. Para isso, a pesquisa é mais bem organizada quando segue um 
método que “proporciona concentração de esforços e segurança para a obtenção de um fim, o qual, 
no caso da investigação, é o conhecimento que se propõe como interpretação adequada e pertinente 
ao problema posto de início.” (TÁLAMO, 2004, p. 2). Todo trabalho formal de pesquisa, por mais 
básico que seja, necessita de um projeto para organizar sua execução. E isso é importante que seja 
trabalhado desde o Ensino Fundamental, embora da forma mais basilar, a fim de que o aluno trate o 
procedimento de pesquisa com seriedade e não seja um mero repetidor de informações. 
A respeito da repetição literal de informações, Melo e Wiederkehr (2019) problematizam a 
questão da pesquisa na era digital, constatando que com o advento da internet, o plágio se tornou 
prática comum nos trabalhos escolares – o que compromete o desenvolvimento da independência 
intelectual do aluno. Sobre o método da pesquisa enquanto fomentador da independência de 
pensamento, Perini (1996) analisa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relembremos primeiro que as habilidades de raciocínio, de observação, de formulação e 
testagem de hipóteses – em uma palavra, de independência de pensamento – são pré-
requisito à formação de indivíduos capazes de aprender por si mesmos, criticar o que 
aprendem e criar conhecimento novo [...] e é neste setor que nosso sistema educacional 
se tem mostrado particularmente falho: se há algo que nossos alunos em geral não 
desenvolvem durante sua vida escolar é exatamente a independência de pensamento. O 
estudante brasileiro (e, muitas vezes, também o professor) é tipicamente dependente, 
submisso à autoridade acadêmica, convencido de que na verdade se encontra, pronta e 
acabada, nos livros e na cabeça das sumidades. Daí, em parte, a perniciosa ideia de que 
educação é antes de tudo transmissão de conhecimento – quando deveria ser em 
primeiro lugar procura de conhecimento e desenvolvimento de habilidades. (PERINI, 
1996, p. 31 apud BAGNO, 2005, p. 9) 
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Por “procura de conhecimento” entende-se o processo de pesquisar informações acerca de 
um determinado tema a fim de formar um conhecimento novo sobre aquele objeto. A ideia de 
“conhecimento novo” é a análise e interpretação dos dados obtidos na pesquisa, a respeito disso, o 
professor orientador “deve ensinar seu aluno a pesquisar sem copiar as ideias alheias como se 
fossem suas.” (MELO; WIEDERKEHR, 2019, p. 7). Para que isso seja efetuado de modo eficiente, 
Bagno (2005) sugere que o professor deve transparecer ao aluno cada etapa da pesquisa. No caso do 
Ensino Básico, como o trabalho não é desenvolvido com o rigor acadêmico do Ensino Superior, o 
autor indica a orientação da atividade da pesquisa transformando cada parte do trabalho em 
perguntas:título – o que fazer?, objetivo – por que fazer?, justificativa – para quê fazer?, 
metodologia – como fazer?, produto final – qual foi o resultado?, referências – o que foi consultado 
para chegar ao resultado final?. Dessa forma, fica mais claro ao aluno o que ele deve responder em 
cada seção do trabalho. As perguntas tornam o trabalho mais prático e induzem a escrita a fluir 
melhor. 
Provavelmente, o aluno pode encontrar na internet ou em livros as respostas prontas para as 
perguntas estabelecidas. Contudo, cabe ao professor ensiná-lo a filtrar as informações obtidas e 
verificá-las comparando diversas fontes, escrevendo de forma sintética o que se pôde apreender de 
tais dados, estimulando assim o senso crítico dele e desenvolvendo sua independência de 
pensamento. Somado a isso, é imprescindível que o exercício da pesquisa desperte nos alunos a 
aspiração à busca de novas informações e à reorganização de saberes os quais já haviam sido 
apresentados como “prontos” seja nos livros didáticos, seja em materiais digitais. 
Destarte, o desafio atual da Educação Básica brasileira quanto à aquisição de conhecimento, 
no contexto da era digital, é levar o aluno a ter um olhar crítico sobre as informações que recebe da 
internet. Sendo assim, o docente deve conduzi-lo a questionar se o que foi obtido é um dado 
verídico e analisar as demais perspectivas acerca do assunto. Como na internet as informações são 
facilmente manipuladas, é essencial que o orientador aponte para fontes confiáveis e diante delas, 
saiba apreender o que está sendo discutido e não apenas copiar literalmente o que o teórico constata. 
Sobre a segurança na veracidade da informação, Melo e Wiederkehr (2019) apontam a plataforma 
Google Acadêmico como buscador mais confiável justamente por ser mais seletivo nos resultados, 
expondo apenas fontes acadêmicas, livros e artigos científicos. É importante reiterar que deve ser 
desenvolvido no aluno o senso crítico, a capacidade de questionar o que ele recebe como 
informação. 
Portanto, é papel do professor orientar, ensinar o passo-a-passo de uma pesquisa científica 
por meio de método efetivo, incentivar o aluno a ter um olhar crítico diante dos conhecimentos que 
se apresentam como prontos e definitivos. Como foi dito, o conhecimento científico é passível de 
verificação e substituição. Sendo assim, o professor deve estimular o aluno a buscar novas respostas 
para questões que superficialmente foram encerradas, sistematizar as informações obtidas de um 
modo inédito, para assim estimulá-lo a ser um pesquisador independente e potencialmente ser 
solucionador de problemas que até então não obtiveram intervenção tecnológica. 
 
 
 
 
 
 
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3 CONCLUSÃO 
 
 Este estudo analisou a forma como o trabalho de pesquisa ocorre tradicionalmente na 
educação brasileira. Outrossim, foram discutidos os conceitos de conhecimento científico, pesquisa 
e método – fundamentais para a boa condução da atividade de pesquisa em sala de aula. Ademais, 
problematizou-se a metodologia comum de ensino da pesquisa nas salas de aula e foram propostas 
soluções para tal problemática com base nos estudos dos teóricos referenciados. 
Em síntese, o método tradicional de ensino de pesquisa nas salas de aula brasileiras não 
promove o senso crítico do aluno acerca do tema proposto e a má-formação do docente reflete na 
precária orientação do trabalho de pesquisa na Educação Básica. Tal problemática pode ser 
superada por meio do processo de ensinar a pesquisar. O que pode ser resumido como a ideia de 
traduzir as etapas formais da pesquisa numa linguagem familiar ao aluno. Logo, foi proposto que as 
partes do trabalho de pesquisa fossem simplificadas por meio de perguntas, a fim de tornar claro ao 
aluno o que cada etapa pede e incentivar a fluidez da escrita do resultado de todo o processo. 
Por fim, é necessário melhorar o processo de iniciação científica desde a base para que o 
aluno aprimore seu senso crítico e, por conseguinte, desenvolva o pensamento independente. 
Destarte, é primordial incentivar a pesquisa na base educacional pois, sem pesquisa não há ciência e 
sem ciência não há tecnologia, e sem estes dois elementos, não há como solucionar os problemas 
que surgem na vivência em sociedade. Logo, incentivar a pesquisa de maneira correta desde cedo é 
garantir que os alunos que na escola se formam são capazes de adquirir conhecimento e aplicá-lo 
em soluções de problemas futuros. 
 
 
REFERÊNCIAS 
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. São Paulo. Edições Loyola, 2005. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia 
científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
MELO, Pedro; WIEDERKEHR, Alessandro. A Pesquisa na Escola na Era Digital. São Paulo, 
ago. 2019. Disponível em: 
https://www.academia.edu/15478466/A_PESQUISA_NA_ESCOLA_NA_ERA_DIGITAL. Acesso 
em: 30 abr. 2020. 
TÁLAMO, Maria de Fátima GM. A pesquisa: recepção da informação e produção do 
conhecimento. DataGramaZero: revista de ciência da informação, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, 
2004.

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