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Filosofia Modulo 1 1. Questões de escolha múltipla: Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A palavra filosofia significa, de acordo com a sua origem etimológica: 1. A posse do conhecimento. 2. O amor ou amizade pela sabedoria. 3. O saber completo e definitivo. 4. O amor ou amizade por algo transcendente. 1.2. O filosofar espontâneo é comum a todos os seres humanos que questionam a vida e o mundo. Esta afirmação é: 1. Verdadeira, porque filosofar implica ter conhecimento da filosofia. 2. Falsa, porque filosofar é uma atividade espontânea e sistemática. 3. Verdadeira, porque é próprio do ser humano questionar, em alguma fase da sua vida, o mundo que o rodeia sem para tal precisar do conhecimento da história da filosofia. 4. Falsa, porque nem todos os seres humanos questionam a vida e o mundo. 1.3. O filosofar sistemático é um saber: 1. Rigoroso, apresentado sob a forma da argumentação crítica. 2. Empírico, que se baseia na verificação experimental. 3. Lógico, porque é baseado em cálculos rigorosos. 4. Vago, porque nunca se sabe definir a filosofia. 1.4. Existe uma definição universal da filosofia partilhada por todos os filósofos. Esta afirmação é: 1. Verdadeira, porque todos os filósofos comungam da ideia de a que a filosofia é o estudo racional acerca do ser humano. 2. Falsa, porque apesar de existir uma definição universal da filosofia, a mesma não é partilhada por todos os filósofos. 3. Verdadeira, porque todos os filósofos sabem o que é a filosofia. 4. Falsa, porque cada filósofo apresenta a sua própria definição de filosofia de acordo com a sua atividade filosófica. 1.5. O objeto de estudo da filosofia é: 1. O ser humano enquanto ser imortal. 2. Uma parte específica da realidade. 3. O conjunto dos problemas filosóficos. 4. A existência de Deus. 1.6. O método da filosofia baseia-se na verificação experimentação.Esta afirmação é: 1. Falsa, porque a filosofia, apesar de ser uma ciência experimental, baseia-se no exercício reflexivo e racional. 2. Verdadeira, porque sem verificação experimental as teorias filosóficas não teriam qualquer validade. 3. Falsa, porque a filosofia se baseia no exercício reflexivo e crítico, assente na argumentação racional. 4. Verdadeira, porque a verificação experimental é um procedimento fundamental para qualquer área do saber. Questões de escolha resposta aberta: 2. Distinga filosofar espontâneo de filosofar sistemático. O filosofar espontâneo, comum a todos os seres humanos, está vinculado a uma reflexão imediata e pouco aprofundada que os indivíduos produzem no seu quotidiano, reflexão essa que ocorre face aos problemas que a vida lhes vai colocando (por exemplo, questionar o sentido da vida). O filosofar espontâneo está associado a um saber empírico, que varia de cultura para cultura, e que se transmite de geração para geração. Habitualmente, quem assim filosofa, fá-lo de modo pontual, pouco rigoroso, sem grande aprofundamento concetual ou sentido crítico apurado. Por outro lado, o filosofar sistemático pressupõe a necessidade de aprofundar as questões, de as encarar de forma coerente e rigorosa, recorrendo-se a conceitos bem articulados, a teorias sustentadas por justificações e argumentos sólidos, e a uma exigência crítica típica dos filósofos profissionais, que não se contenta com as impressões imediatas das coisas ou com ideias assimiladas à pressa, de modo superficial e pouco consistente. 3. Caraterize, em termos gerais, o método filosófico, distinguindo-o dos métodos das outras ciências. O método da filosofia tem como base a problematização e a análise concetual, e culmina com a avaliação da argumentação. Os argumentos usados no método filosófico não podem ser defendidos ou refutados recorrendo a métodos empíricos de prova, daí que as respostas não sejam passíveis de qualquer demonstração formal, como na Matemática, ou de qualquer experimentação laboratorial, como na Física ou na Biologia. Na filosofia, as provas são puramente racionais, exibidas por via da argumentação usada como reflexão crítica dos problemas. O método da ciências empíricas, por outro lado, assenta na experimentação e na verificação das hipóteses que são apresentadas como possíveis soluções para os problemas. “(...) As descobertas da ciência tornam mais fácil a tarefa dos cientistas posteriores, en- quanto os contributos dos filósofos tornam cada vez mais complexo (ainda que também mais rico) o empenho de quem se põe a pensar a seguir a eles. Provavelmente, foi por isso que Kant afirmou não se poder ensinar filosofia, mas apenas a filosofar.” Fernando Savater, As Perguntas da Vida 4. Porque defende Kant que não se pode ensinar Filosofia? Ensinar a Filosofia consiste não em apresentar um conjunto de doutrinas construídas ou respostas pré-fabricadas sobre um determinado problema, mas ensinar os indivíduos a pensar de modo autónomo, num esforço pessoal de formular por si próprio questões gerais que interessam a todos os seres humanos, a avaliar as respostas já dadas com sentido crítico e a procurar respostas racionais e coerentes para os mesmos, tendo como objetivo a busca pela verdade e não a repetição do que os outros consideram ser verdadeiro. «A filosofia, se bem que incapaz de nos dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito.» Bertrand Russell (2001), Os Problemas da Filosofia, Coimbra, Livraria Almedina, p. 148. 5. Explique este texto à luz do problema da utilidade da filosofia. Neste excerto, Bertrand Russell reconhece que, embora «incapaz de nos dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca», a filosofia «sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos». Com efeito, ela satisfaz, antes de mais, as necessidades intelectuais e espirituais. Trata-se de uma atividade que confere autonomia e liberdade ao nosso pensamento, ampliando a nossa compreensão do mundo e expandindo os nossos horizontes intelectuais. Neste sentido, ela liberta-nos da «tirania do hábito», podendo também ajudar-nos a desenvolver a capacidade de ver o mundo a partir da perspetiva de outros indivíduos e culturas e a de exercer o pensamento crítico. Por fim, ela permite desenvolver competências que são comuns a outras áreas e disciplinas: resolução de problemas, capacidade de comunicação oral e escrita, e poder de persuasão.