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UC06 - Fundamentos estruturais e funcionais do sistema cardiovascular

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UC06 – 6700008 
 
Fundamentos estruturais e 
funcionais do 
Sistema cardiovascular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
São Paulo 2017 – 2º Semestre 
Sumário 
I. Apresentação do curso ............................................................................................. 3 
II. Anatomia: Morfologia externa do coração ................................................................ 4 
III. Anatomia: Morfologia interna e atividade elétrica do coração ............................... 12 
IV. Anatomia: Vascularização do coração.................................................................... 24 
V. Embriologia: Desenvolvimento do coração e circulação fetal ................................ 34 
VI. Histologia: Parede cardíaca e vascularização ........................................................ 52 
VII. Fisiologia: Eletrofisiologia cardíaca ......................................................................... 62 
VIII. Fisiologia: Princípios gerais do eletrocardiograma ................................................. 80 
IX. Fisiologia: O coração como bomba – Contratilidade e ciclo cardíaco ................... 91 
X. Fisiologia: Débito cardíaco e circulação coronariana ........................................... 110 
XI. Anatomia: Morfologia dos vasos ........................................................................... 123 
 
 
I. Apresentação do curso 
 
Em UC06 – Fundamentos estruturais e funcionais do sistema cardiovasculares, 
temos como principal objetivo estudar aspectos morfofuncionais, em termos de 
anatomia e fisiologia. 
Ao final de cada aula, serão ministradas pequenas apresentações sobre a 
aplicação clínica do conteúdo dado, através de pequenos casos clínicos. 
 
Bibliografia recomendada 
o Moore, KL; Daley, AF; Agur, AMR. Anatomia orientada para a clínica, 6ªED - 
Ed. Guanabara -Koogan, Rio de Janeiro 2011. 
o Drake, RL; Vogl, AW; Mitchel A. Gray’s Anatomia para estudantes, 2ªED – Ed. 
Elsevier, 2010. 
o Netter, FH. Atlas de Anatomia Humana, 5ªED – Ed. Elsevier, 2011. 
 
 
II. Anatomia: Morfologia externa do coração 
(Moore – Anatomia orientada para a Clínica 7ED – PDF página 184) 
 
O coração é um órgão muscular cuja função principal é gerar a diferença de 
pressão necessária para promover um fluxo de sangue através do sistema circulatório. 
Para compreender melhor sua anatomia, é importante conhecer sua localização, seus 
folhetos e seus aspectos morfológicos externos. 
 
Sumário da aula 
✓ Revisão das estruturas do mediastino 
✓ Topografia e localização do coração 
✓ Estrutura do pericárdio 
✓ Estrutura externa do coração 
 
Figura II.1: Desenho anatômico de um coração e seus vasos da base. Retirado de 
https://i.pinimg.com/736x/3e/66/82/3e668238e7930909dd5a1c0a4fc27d98--courage-
dear-heart-flash-art.jpg. 
Revisão das estruturas do mediastino 
➢ Mediastino 
o Mediastino é o compartimento da caixa torácica que se posiciona entre 
as duas cavidades pleuropulmonares. 
▪ Estrutura de passagem: todas as estruturas que passam do 
tórax para o abdome ou vice-versa necessariamente passarão 
pelo mediastino. 
 
➢ Limites do mediastino 
o Limite superior: coincide com a transição entre a região cervical e a 
cavidade torácica, chamada abertura superior do tórax. 
▪ Abertura superior do tórax: anteriormente pela margem 
superior do manúbrio, posteriormente pela margem superior de 
T1 e lateralmente pelas primeiras costelas. 
 
o Limite inferior: músculo diafragma. 
o Limite anterior: osso esterno e as cartilagens costais. 
o Limite posterior: vértebras de T1 a T12. 
o Limites laterais: cavidades pleuropulmonares. 
 
➢ Divisões do mediastino 
o Articulação manúbrio-esternal (ângulo esternal de Louis): ponto de 
referência para passagem de um plano dirigido para posterior. 
▪ Disco intervertebral T4/T5: ponto posterior para passagem do 
plano que começa no ângulo esternal. 
 
o Plano transverso do tórax: definido pelo plano que passa entre o ângulo 
esternal e o disco intervertebral em T4/T5, dividindo o mediastino. 
▪ Mediastino superior: acima do plano transverso do tórax. 
▪ Mediastino inferior: abaixo do plano transverso do tórax. 
 
o Mediastino inferior: possui a estrutura do pericárdio em seu centro, 
dividindo-a em três partes. Por vezes, não se chama mediastino de 
inferior, pois por mediastino anterior, já se entende que é o inferior. 
▪ Mediastino anterior. 
▪ Mediastino médio. 
▪ Mediastino posterior. 
 
Figura II.2: Visão lateral do mediastino, permitindo visualização de suas 
divisões. Retirada de Netter – Anatomia orientada para a clínica 7ED – 
Figura 3-1. 
Topografia e localização do coração 
➢ Mediastino inferior médio 
o Coração está situado no interior de uma bolsa fibrosserosa de pericárdio, 
que se prolonga e que se funde com a túnica externa (adventícia) dos 
grandes vasos que entram e saem de sua base. 
 
o Base do coração: localizada no limite superior do mediastino médio com 
o mediastino superior, a nível de T5, pouco abaixo do plano transverso 
do tórax. 
o Ápice do coração: a nível de T10, apontando em direção à parede 
anterior do tórax em um ângulo aproximado de 45°. 
 
Figura II.3: Anatomia seccional, um corte transversal em nível de T7. Retirado de Netter - Atlas de 
Anatomia 6ED - Prancha 241. 
Figura II.4: Coração in situ. Retirada de Netter - Atlas de Anatomia 6ED - Figura 3-15. 
Estrutura do pericárdio 
➢ Pericárdio 
o Pericárdio é a membrana fibrosserosa que cobre o coração e o início de 
seus grandes vasos. 
▪ Pericárdio fibroso: lâmina externa resistente, contínua com o 
centro tendíneo do diafragma. 
▪ Pericárdio seroso: lâmina interna composta por mesotélio, uma 
camada única de células que revestem a face interna. 
• Lâminas parietal e visceral: membranas serosas 
brilhantes que revestem a face interna do pericárdio 
fibroso, que se reflete nos grandes vasos. 
o Elementos de estática: ligamentos esternopericárdicos entre o pericárdio 
fibroso e face posterior do esterno, e pericardiofrênicos entre o pericárdio 
fibroso e o centro tendíneo do diafragma. 
▪ Pouco movimento do pericárdio: influência dos movimentos do 
coração e dos grandes vasos, do esterno e do diafragma. 
 
o Cavidade do pericárdio: espaço virtual entre as camadas opostas da 
lamina parietal e visceral do pericárdio seroso, que contém uma pequena 
coleção líquida que impede movimento do coração. 
 
Figura II.5: Relação entre pericárdio e coração, demonstrando cada folheto. Retirado de Moore - 
Anatomia orientada para a Clínica 7ED - PDF página 185. 
Figura II.6: Relação do pericárdio e o coração. Retirada de http://2.bp.blogspot.com/-z3jqVl_r-
Rw/U5hzVW20hZI/AAAAAAAAASQ/D31xgrAZEJ0/s1600/preview_html_7e19ab34.jpg. 
➢ Estruturas do pericárdio 
o Epicárdio: camada mais externa do coração, formada pela lâmina 
visceral do pericárdio seroso. 
 
o Seios do pericárdio: dobras ou reflexos do pericárdio com origem na 
divisão dos grandes vasos. 
▪ Seio transverso do pericárdio: passagem transversal dentro da 
cavidade pericárdica entre os grandes vasos do coração e as 
reflexões do pericárdio seroso ao seu redor. 
▪ Seio oblíquo do coração: reflexão do pericárdio seroso ao redor 
das veias pulmonares. 
 
➢ Irrigação arterial do pericárdio 
o Ramo fino da artéria torácica 
interna: artéria pericardiofrênica é a 
principal responsável pela irrigação. 
o Outras artérias: musculofrênica 
(ramo da torácica interna), bronquial, 
esofágica e frênica superior (ramos da 
parte torácica da aorta) e artérias 
coronárias. 
 
➢ Drenagem venosa do pericárdio 
o Veias pericardiofrênicas: tributárias 
das veias braquiocefálicas ou 
torácicas internas. 
o Sistema ázigo e suas tributárias 
também realizam drenagem do 
pericárdio. 
 
➢ Inervação do pericárdio 
o Nervos frênicos: origem primária das 
fibras sensitivas.Figura II.8: Visão da face posterior do pericárdio, após a remoção do coração. Retirado de Netter – 
Atlas de anatomia 6ED – Prancha 212. 
Figura II.7: Estrutura neurovasculares do pericárdio. 
Retirada de Moore – Anatomia orientada para a clínica 
7ED - Figura 1.47. 
Estrutura externa do coração 
➢ Coração 
o Coração é uma bomba dupla, auto ajustável de sucção e pressão, cujas 
partes trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para o corpo. 
▪ Coração direito: recebe sangue venoso (pobre em O2) do corpo 
pelas veias cavas superior e inferior e bombeia para os pulmões. 
▪ Coração esquerdo: recebe sangue arterial (rico em O2) dos 
pulmões pelas veias pulmonares e bombeia para o corpo. 
 
o Quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos, cuja ação sincrônica em 
função de bombas atrioventriculares forma o ciclo cardíaco. 
▪ Diástole: período de alongamento e enchimento ventricular. 
▪ Sístole: período de encurtamento e esvaziamento ventricular. 
 
o Três camadas: da mais profunda para a mais superficial. 
▪ Endocárdio: fina camada interna de endotélio e tecido conjuntivo, 
uma membrana que cobre também suas valvas. 
▪ Miocárdio: camada intermediária de músculos em disposição 
helicoidal e espessa. 
▪ Epicárdio: camada fina de tecido mesotelial, formada pela lâmina 
visceral do pericárdio seroso. 
 
➢ Formações externas do coração 
o Sulco coronário (atrioventricular): sulco entre os átrios e ventrículos. 
o Sulcos interventriculares: separação entre os ventrículos esquerdo e 
direito. 
 
➢ Ápice do coração 
o Ápice é formado pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo, situado 
posterior ao 5° espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular. 
▪ Imóvel durante o ciclo cardíaco: ápice não muda de posição 
com os movimentos cardíacos. 
 
Figura II.9: Base do coração. Retirada de Netter - Atlas de anatomia 6ED - Prancha 211. 
➢ Base do coração 
o Base é formada pela face posterior do coração, oposta ao ápice, formada 
principalmente pelo átrio esquerdo e uma parte pequena do átrio direito. 
▪ Limites: estende-se superiormente até a bifurcação do tronco 
pulmonar e inferiormente o sulco coronário (atrioventricular). 
o Posição: base voltada posteriormente em direção aos corpos vertebrais 
de T6 a T9, separado delas pelo pericárdio, seio oblíquo, esôfago e aorta. 
 
➢ Quatro faces do coração 
o Face esternocostal (anterior): formada pelo ventrículo direito. 
o Face diafragmática (inferior): formada pelo ventrículo esquerdo e 
direito, relacionada principalmente ao centro tendíneo do diafragma. 
o Face pulmonar direita: formada pelo átrio direito. 
o Face pulmonar esquerda: formada pelo ventrículo esquerdo, formando 
a impressão cardíaca no pulmão esquerdo. 
 
➢ Margens do coração 
o Forma trapezoide do coração quando na visão anterior e posterior, 
levando ao surgimento de quatro margens: 
▪ Margem direita: formada pelo átrio direito, estendendo-se entre 
as veias cavas inferior e superior. 
▪ Marfem inferior: formada pelo ventrículo direito e por uma 
pequena parte do ventrículo esquerdo. 
▪ Margem esquerda: formada pelo ventrículo esquerdo e pela 
aurícula esquerda. 
▪ Margem superior: formada pelos átrios e suas aurículas, em 
parte também pelos grandes vasos. 
Figura II.10: Base e face diafragmática do coração. Retirada de Netter - Atlas de anatomia 6ED - Prancha 211. 
 
Figura II.11: Visão geral do coração. Retirado de Moore - Anatomia orientada para a Clínica 7ED - Figura 1.52. 
III. Anatomia: Morfologia interna e atividade elétrica do coração 
(Moore – Anatomia orientada para a clínica 7ED – PDF página 197) 
 
Uma vez que conhecemos a estrutura externa do coração, devemos estudar 
suas estruturas internas, que são fundamentais para sua função como bomba. O 
coração possui quatro câmaras que, para funcionarem adequadamente, precisam ser 
isoladas e necessitam de comunicações mediadas por válvulas. 
 
Sumário da aula 
✓ Esqueleto fibroso do coração 
✓ Câmaras cardíacas e suas estruturas internas 
✓ Valvas do coração e dos grandes vasos 
✓ Complexo estimulante do coração 
✓ Inervação autônoma do coração 
 
Figura III.1: Desenho das estruturas internas do coração. Retirada de https://embibe-
cdn.s3.amazonaws.com/resources/images/Internal_Structure_of_Heart.jpg. 
Esqueleto fibroso do coração 
➢ Estrutura do esqueleto fibroso 
o Esqueleto fibroso é a estrutura complexa de colágeno denso que forma 
a estrutura de sustentação do coração. 
▪ Anéis fibrosos: quatro anéis 
formados pelo esqueleto fibroso, 
que circundam os óstios das 
valvas. 
▪ Trígonos fibrosos: estruturas 
formadas pelas conexões entre 
os anéis fibrosos. 
 
o Função de sustentação: permitem a 
fixação e sustentação das estruturas 
musculares do coração. 
▪ Fixação das válvulas das valvas 
cardíacas e do miocárdio, 
permitindo a organização das 
fibras. 
o Função isolante: tecido conjuntivo 
separa os estímulos conduzidos 
mioentericamente dos átrios e 
ventrículos, permitindo que essas 
câmaras tenham contração independente. 
 
o Organização helicoidal do miocárdio: 
espirais de miocárdio organizadas ao redor 
do esqueleto fibroso do coração. 
▪ Espiral basal externa: parte 
externa do ventrículo direito (sd) e a 
camada externa da parede externa 
do ventrículo esquerdo (se). 
▪ Espiral apical: camada interna da 
parede externa do ventrículo 
esquerdo. 
▪ Septo interventricular é formado 
pelas fibras entrecruzadas das 
espirais apicais e basais. 
▪ Contração efetiva: disposição 
helicoidal permite a contração de 
ejeção de sangue com maior 
eficiência. 
 
Figura III.2: Estrutura do anel fibroso do coração. 
Retirada de Moore - Anatomia orientada para a Clínica 
7ED - PDF página 195 - Figura 1.51. 
Figura III.3: Estrutura do miocárdio em 
relação ao esqueleto fibroso do coração. 
Retirada de Moore - Anatomia orientada para a 
Clínica 7ED - PDF página 195 - Figura 1.51. 
Câmaras cardíacas e suas estruturas internas 
➢ Átrio direito 
o Átrio direito forma a margem direita do coração, recebendo sangue do 
corpo através das veias cava inferior e superior, e do seio coronário. 
o Aurícula direita: bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito 
como uma câmara adicional, aumentando sua capacidade. 
 
o Seio das veias cavas: parte posterior lisa da câmara, na qual se abrem 
as veias cavas superior e inferior e o seio coronário. 
o Músculos pectíneos: músculos que formam uma parede anterior 
muscular rugosa. 
o Crista terminal: crista vertical que marca o óstio atrioventricular, a 
comunicação entre o átrio direito e o ventrículo direito. 
 
o Fossa oval: depressão no septo interatrial, a estrutura remanescente do 
forame oval do desenvolvimento embrionário. 
o Aberturas atriais: uma para cada veia cava e um terceiro para o seio 
coronário (retorno venoso das câmaras cardíacas). 
 
 
Figura III.4: Átrio direito em corte. Retirada de Netter - Anatomia clínica - Capítulo 3, secção 5 - Figura 3-17. 
➢ Ventrículo direito 
o Ventrículo direito: forma a maior parte da face esternocostal do coração, 
uma parte da face diafragmática e toda a margem inferior. 
▪ Infundíbulo: cone arterial formado pela parte superior do 
ventrículo direito, que conduz ao tronco pulmonar. 
 
o Trabéculas cárneas: elevações musculares irregulares na face interna 
do ventrículo direito. 
o Crista supraventricular: crista muscular espessa que separa a parede 
muscular rugosa da parte da entrada da câmara de parede lisa do cone 
arterial, ou parte de saída. 
o Óstio atrioventricular direito: passagem que comunica o átrio direito 
com o ventrículo direito, protegido pela valva tricúspide. 
 
o Músculos papilares: projeções musculares cônicas, em cujo ápice estão 
fixas as cordas tendíneas, de forma que sua contração gera tensão nelas. 
▪ Três músculos papilares: anterior, posterior e septal, importantes 
para impedir o prolapso da valva quandoa pressão dentro do 
ventrículo aumenta (sístole ventricular). 
o Cordas tendíneas: estruturas que se fixam às margens livres e às 
superficiais ventriculares das válvulas da tricúspide. 
 
o Trabécula septomarginal (banda moderadora): crista muscular que 
conduz o fascículo atrioventricular do septo para a base do ventrículo no 
local do músculo papilar anterior. 
o Aberturas ventriculares: uma para o tronco da artéria pulmonar e outra 
para receber o sangue do átrio direito. 
Figura III.5: Ventrículo direito em corte. Retirada de Netter - Anatomia clínica - Capítulo 3, secção 5 - Figura 3-17. 
➢ Átrio esquerdo 
o Átrio esquerdo: forma a maior parte da base do coração, sendo a 
câmara que recebe os pares de veias pulmonares esquerda e direita. 
o Aurícula esquerda: bolsa muscular tubular, cuja parede anterior é 
rugosa devido aos músculos 
 
o Parede atrial: parede um pouco mais espessada do que a do átrio direito, 
que apresenta paredes finas. 
o Aberturas atriais: normalmente, há quatro aberturas para as artérias 
pulmonares, sem presença de válvulas. 
 
 
Figura III.6: Átrio esquerdo em corte. Retirada de Netter - Anatomia clínica - Capítulo 3, secção 5 - Figura 3-18. 
➢ Ventrículo esquerdo 
o Ventrículo esquerdo: forma o ápice do coração, quase toda sua face 
esquerda (pulmonar), a margem esquerda e a maior parte da face 
diafragmática. 
 
o Músculos papilares: músculos fixos às paredes do ventrículo esquerdo, 
sendo mais fortes e potentes que os do ventrículo direito. 
▪ Dois músculos papilares: anterior e posterior, que acompanham 
as válvulas, de tamanho maior que os do ventrículo direito. 
o Cordas tendíneas: cordas fibrosas que conectam os ápices dos 
músculos papilares às margens das válvulas da valva bicúspide. 
o Parede ventricular: parede miocárdica mais espessa que a do ventrículo 
direito devido à maior atividade contrátil 
o Septo interventricular: porção superior fina do septo interventricular, 
local onde ocorrem mais frequentemente defeitos e malformações. 
o Aberturas ventriculares: uma para a artéria aorta e outra para receber 
o sangue do átrio esquerdo através da valva bicúspide. 
 
Figura III.7: Ventrículo esquerdo em corte. Retirada de Netter - Anatomia clínica - Capítulo 3, secção 5 - Figura 3-18. 
Valvas do coração e dos grandes vasos 
➢ Estrutura das valvas 
o Valvas: formações membranosas 
importantes para impedir o refluxo de 
sangue de um compartimento para o 
outro durante o ciclo cardíaco. 
▪ Atrioventriculares: tricúspide e 
bicúspide. 
▪ Semilunares: aórtica e pulmonar. 
 
o Válvulas ou cúspides (diminutivo de 
valva): folhetos de tecido conjuntivo que 
formam as valvas. 
▪ Lúnula: margem espessa da válvula. 
▪ Nódulo: ápice da margem espessa livre da válvula. 
▪ Seios: dilatações nas paredes das origens dos grandes vasos, 
superiormente a cada valva semilunar. 
 
o Corduárias tendíneas estão presentes apenas nas valvas 
atrioventriculares, dado que não são necessárias nas semilunares. 
 
Figura III.9: Estrutura geral do coração aberto, demonstrando as valvas cardíacas. Retirada de 
https://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/ciracaointerior.jpg?x73185. 
Figura III.8: Estrutura da valva cardíaca. Retirada de 
https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sist
ema-cardiovascular/coracao/. 
➢ Valvas atrioventriculares 
o Valva atrioventricular direita (tricúspide): localizada no óstio 
atrioventricular direito, cujas bases estão fixadas ao anel fibroso do 
coração, formada por três válvulas (anterior, posterior e septal). 
o Valva atrioventricular esquerda (bicúspide): localizada no óstio 
atrioventricular esquerdo, formada por duas válvulas, uma anterior e 
outra posterior. 
 
➢ Valvas semilunares 
o Valva pulmonar: composta por três válvulas (anterior, direita e 
esquerda), com formato côncavo. 
o Valva aórtica: também composta por três válvulas (posterior, direita e 
esquerda), com formato côncavo. 
Figura III.10: Valvas do coração e dos grandes vasos. Retirada de Moore - Anatomia orientada para a Clínica 7ED - PDF 
página 199 (Figura 1.55). 
Complexo estimulante do coração 
➢ Estrutura do complexo estimulante do coração 
o Complexo estimulante do coração é constituído por células 
musculares cardíacas especializadas, formando nós e vias de condução. 
▪ Ciclo cardíaco: complexo estimulante gera e transmite impulsos 
que produzem as contrações coordenadas do coração. 
▪ Tecido nodal: inicia os batimentos cardíacos e coordena a ação 
das quatro câmaras. 
▪ Fibras condutoras: fibras especializadas para condução rápida 
para diferentes áreas do coração. 
 
o Nó sinoatrial ou marca-passo (SA): pequena coleção de tecido nodal e 
fibras musculares especializadas que iniciam o potencial de ação. 
▪ Localização: extremidade superior da crista terminal, próximo à 
entrada da veia cava superior, na extremidade superior do sulco 
terminal (anterolateralmente no coração). 
 
o Nó atrioventricular (AV): conjunto de tecido nodal menor que o nó SA 
que recebe seu estímulo e o transmite para o fascículo atrioventricular. 
▪ Localização: região posteroinferior do septo interatrial, próximo à 
abertura do seio coronário. 
 
o Fascículo atrioventricular (feixe de Hiss) e seus ramos: grupo de 
células miocárdicas especializadas para condução do estímulo elétrico 
▪ Ramos esquerdo e direito: ramos do fascículo que seguem para 
baixo, em direção ao septo interventricular. 
 
o Ramos subendocárdicos (rede de Purkinje): ramificações do fascículo 
atrioventricular que chegam aos ventrículos por meio de uma rede de 
ramos subendocárdicos de células de condução 
Figura III.11: Complexo estimulante do coração. Retirada de 
https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-
cardiovascular/coracao/ 
 
Figura III.12: Correlação anatômica do complexo estimulante com sua 
repercussão eletrocardiográfica. Retirada de Netter - Anatomia Clínica 
3ED - Figura 3-20. 
Figure III.13: Complexo estimulante do coração. Retirada de Netter - Atlas de Anatomia 6ED - Prancha 222. 
Inervação autônoma do coração 
➢ Inervação do coração 
o Plexo cardíaco: fibras nervosas autônomas, divididas em ramos 
profundos e ramos superficiais. 
▪ Fibras: plexo cardíaco é formado por fibras simpáticas e 
parassimpáticas que seguem em direção ao coração e também 
por fibras aferentes viscerais. 
 
➢ Inervação simpática do coração 
o Fibras pós-ganglionares: corpos celulares nos gânglios paravertebrais 
cervicais e torácicos superiores dos troncos simpáticos. 
▪ Nervos esplâncnicos cardiopulmonares atravessados pelas 
fibras pós-ganglionares, terminando nos nós sinoatrial e 
atrioventricular. 
 
o Resultado do estímulo simpático: 
▪ Efeito cronotrópico positivo: aumento da frequência cardíaca. 
▪ Efeito inotrópico positivo: aumento da força de contração. 
▪ Vasoconstrição coronariana mínima, aumentando a resistência 
vascular. 
 
➢ Inervação parassimpática do coração 
o Fibras pré-ganglionares: corpos celulares nas colunas celulares 
intermediolaterais (IML) dos cinco ou seis segmentos torácicos 
superiores da medula espinal. 
▪ Nervo vago (NC X): formam sinapses com neurônios pós-
ganglionares no plexo cardíaco ou no interior da parede do 
coração. 
 
o Resultados do estímulo parassimpático: resposta geral de 
relaxamento (“rest and digest”), colocando o corpo em uma situação de 
menor alerta. 
▪ Efeito cronotrópico negativo: diminuição da frequência cardíaca. 
▪ Efeito inotrópico negativo: diminuição da força de contração. 
▪ Vasodilatação dos vasos coronarianos, diminuindo a resistência 
vascular. 
Figure III.2: Sistema de condução elétrica do coração. Retirada de Moore - Anatomia orientada para 
a Clínica 7ED. 
 
Figure III.14: Inervação do coração. Retirada de Netter - Atlas de Anatomia 6ED - Prancha 223. 
IV. Anatomia: Vascularização do coração 
(Moore – Anatomia Orientada para a Clínica7ED – PDF página 202) 
 
Os vasos sanguíneos do coração correspondem às artérias coronárias e as 
veias cardíacas, que conduzem o sangue que entra e sai do miocárdio. O endocárdio, 
diferente do miocárdio, é vascularizado pela microvascularização direta das câmaras 
cardíacas. Os vasos cardíacos atravessam o coração logo abaixo do pericárdio, 
normalmente associados ao tecido adiposo, apresentando também resposta aos 
estímulos da inervação simpática e parassimpática. 
 
Sumário da aula 
✓ Estrutura das artérias coronarianas 
✓ Padrões de circulação coronária 
✓ Irrigação do sistema de condução cardíaco 
✓ Drenagem venosa do coração 
✓ Drenagem linfática do coração 
 
Figure IV.1: Angiografia do coração saudável. Retirada de 
http://images.nationalgeographic.com/wpf/media-
live/photos/000/009/cache/heart-angiogram_986_990x742.jpg. 
Estrutura das artérias coronarianas 
➢ Características das artérias coronárias 
o Artérias coronárias: artérias superficiais em aspecto de coroa, que 
emitem ramos menores bifurcados e que penetram no miocárdio. 
 
o Origem nos seios da aorta correspondentes na região proximal da parte 
ascendente da aorta, imediatamente superiores às valvas semilunares. 
▪ Seio aórtico: espaço formado pela válvula e pela parede da 
aorta, sendo eles direito, esquerdo e posterior. 
▪ Óstios das artérias coronárias: abertura na parede da aorta, 
sendo o início das artérias coronárias direita e esquerda. 
 
o Variações anatômicas: assim como todos os vasos do corpo humano, 
existem grandes variações nas coronárias, o que tem grande relevância 
clínica para as doenças de origem cardíaca. 
 
o Circulação colateral coronariana: artérias coronárias geralmente 
emitem ramos terminais funcionais, ou seja, artérias que irrigam regiões 
do miocárdio que não tem anastomoses suficientes com outros grandes 
ramos para manter a viabilidade do tecido em caso de oclusão). 
Figure IV.3: Artérias coronárias e seus ramos. Retirada 
da aula da Profa. Silvia Lacchini - 2° Semestre - 2017. 
Figure IV.2: Valva aórtica, permitindo visualização dos 
óstios coronários. Retirada da aula da Profa. Silvia 
Lacchini - 2° Semestre - 2017. 
Figure IV.4: Aberturas para as artérias coronárias. Retirada de Moore - Anatomia 
orientada para a Clínica 7ED - PDF página 202 (Figura 1.58). 
➢ Artéria coronária direita (ACD) 
o Origem no seio coronário direito em 97% dos indivíduos, seguindo no 
sulco coronário passando ao lado direito do tronco pulmonar. 
o Atravessa o crux cordis: artéria coronária direita atravessa o ponto de 
encontro dos quatros sulcos posteriores do coração. 
▪ Crux cordis: ponto de intersecção entre o sulco interventricular e 
interatrial, entre as quatro câmaras cardíacas. 
 
o Ramificação: depois de passar pelo crux cordis, a artéria coronária direita 
se divide em 4 a 5 ramos ventriculares. 
▪ Artéria do nó sinoatrial: tem origem na artéria coronária direita 
em 60% dos indivíduos. 
▪ Artéria marginal direito: irrigação da margem direita do coração, 
seguindo em direção ao ápice, mas sem alcançá-lo. 
▪ Artéria do nó atrioventricular: após a passagem do crux cordis, 
na face anterior do coração. 
▪ Artéria interventricular posterior: irrigação do septo interventricular, 
após a passagem pelo sulco coronário (atrioventricular). 
 
o Estruturas irrigadas pela artéria coronária direita: irrigação de toda 
parede livre do ventrículo direito, terço posterior do septo, parede inferior 
do ventrículo esquerdo e todo átrio direito. 
▪ Átrio direito: pela parte proximal da artéria coronária direita. 
▪ Maior parte do ventrículo direito: pela artéria marginal direita. 
▪ Face diafragmática do ventrículo esquerdo: pelo ramo 
interventricular posterior (descendente posterior). 
▪ Terço posterior do septo interventricular: pela artéria 
coronária direita média. 
▪ Nó sinoatrial: pela artéria do nó sinoatrial. 
▪ Nó atrioventricular: pela artéria do nó atrioventricular. 
 
Figure IV.5: Vascularização do coração da face esternocostal. Retirada de Netter - Atlas de Anatomia - 
Capítulo 3 - Seção 5. 
➢ Artéria coronária esquerda (ACE) 
o Origem no seio coronário esquerdo da parte ascendente da aorta, 
passando entre a aurícula esquerda e o lado esquerdo do tronco 
pulmonar, passando pelo sulco coronário (atrioventricular). 
 
o Ramificação: artéria coronária esquerda é formada por um segmento 
curto (tronco), que depois se divide em ramos circunflexo e 
interventricular anterior. 
▪ Artéria interventricular anterior (descendente anterior): segue 
ao longo do sulco interventricular até o ápice do coração. 
• Anastomose: com o ramo interventricular posterior da 
artéria coronária direita. 
• Artéria diagonal: ramo lateral, que desce sobre a face 
anterior do coração. 
▪ Artéria circunflexa: ramo menor da artéria coronária esquerda, 
acompanha o sulco coronário ao redor da margem esquerda até 
a face posterior do coração. 
• Artéria marginal esquerda: acompanha a margem 
esquerda, suprindo o ventrículo esquerdo. 
 
o Estruturas irrigadas pela artéria coronária esquerda: irrigação de 
todo o átrio esquerdo, os dois terços anteriores do septo interventricular, 
a margem esquerda da parede livre do ventrículo direito e a parede 
anterior e lateral do ventrículo esquerdo. 
▪ Átrio esquerdo: pela parte proximal da artéria coronária 
esquerda e pelos ramos marginais esquerdos. 
▪ Maior parte do ventrículo esquerdo: pelos ramos marginais 
esquerdos. 
▪ Parte do ventrículo direito: pela parte proximal da artéria 
coronária esquerda. 
▪ Maior parte do septo interventricular: pela artéria interventricular 
anterior ou descendente anterior. 
▪ Nó sinoatrial: em cerca de 40% dos indivíduos, o nó SA é irrigado 
pela artéria circunflexa da artéria coronária esquerda. 
Figure IV.6: Vascularização do coração da face diafragmática. Retirada de Netter - Atlas de Anatomia - 
Capítulo 3 - Secção 5. 
 
Figure IV.7: Artérias coronárias pelo padrão de distribuição mais comum de dominância direita. Retirada de Moore - Anatomia orientada 
para a Clínica 7ED - PDF página 204 - Figura 1.59 
 
 Trajeto Distribuição Anastomoses 
Artéria 
coronária 
direita 
Do nó sinoatrial 
Ascende até o nó 
sinoatrial 
Tronco pulmonar e 
nó sinoatrial 
- 
Marginal direita 
Até margem inferior 
do coração e ápice 
Ventrículo direito e 
ápice do coração 
Ramos 
interventriculares 
Interventricular 
posterior 
Sulco interventricular 
posterior até o ápice 
Ventrículo direito e 
esquerdo, terço 
posterior do septo 
interventricular 
Ramo interventricular 
anterior da artéria 
coronária esquerda 
no ápice 
Do nó atrioventricular 
Até o nó 
atrioventricular 
Nó atrioventricular - 
Artéria 
coronária 
esquerda 
Do nó sinoatrial 
Ascende na face 
posterior do átrio 
esquerdo até o nó 
sinoatrial 
Átrio esquerdo e nó 
sinoatrial 
- 
Marginal esquerda 
Margem esquerda do 
coração 
Ventrículo esquerdo 
Ramos 
interventriculares 
Interventricular 
anterior 
Segue ao longo do 
sulco interventricular 
anterior até o ápice 
do coração 
Ventrículos direito e 
esquerdo e dois 
terços anteriores do 
septo interventricular 
Ramo interventricular 
posterior da artéria 
coronária direita no 
ápice 
Circunflexa 
Segue para esquerda 
no sulco 
atrioventricular até a 
face posterior do 
coração 
Átrio esquerdo e 
ventrículo esquerdo 
Artéria coronária 
direita 
Interventricular 
posterior 
Sulco interventricular 
posterior até o ápice 
Ventrículos direito e 
esquerdo e terço 
posterior do septo 
interventricular 
Ramo interventricular 
anterior da artéria 
coronária esquerda 
no ápice 
Padrões de circulação coronária 
➢ Variações anatômicas das artérias coronárias 
o Variações das artérias coronárias são comuns, devido ao processo de 
formação do coração. 
o Importância: situações de infarto agudo do miocárdio tem resposta 
individual e prognóstico determinados pela estruturados vasos. 
 
o Dominância direita (70-85%): artéria coronária direita estende-se além 
do crux cordis, dando origem aos ramos descendente posterior e 
ventricular posterior. 
 
o Dominância esquerda (8-15%): ramos descendente posterior e 
ventricular posterior tem origem na porção distal da artéria circunflexa, 
ramificação da artéria coronária esquerda. 
 
o Codominância ou padrão balanceado (7%): artéria coronária direita dá 
origem ao ramo descendente posterior e a artéria circunflexa da 
coronária esquerda aos ramos ventriculares posteriores e, 
eventualmente, a outro ramo descendente posterior. 
 
 
Figure IV.8: Padrões de circulação coronária. Retirada da aula da Profa. Silvia Lacchini - 2° Semestre - 2017. 
Figure IV.9: Variações no padrão de circulação coronária. Retirada de Moore - Anatomia 
orientada para a Clínica 7ED - PDF página 205 (Figura 1.60). 
Irrigação do sistema de condução cardíaco 
➢ Irrigação do nó sinoatrial 
o Artéria coronária direita: dá origem ao 
ramo do nó sinoatrial em 60% dos casos. 
o Outros: nó sinusal é irrigado por um ramo 
atrial esquerdo da artéria circunflexa, ramo 
da coronária esquerda. 
 
➢ Irrigação do nó atrioventricular 
o Artéria coronária direita dá origem ao ramo 
do nó atrioventricular quando a dominância 
é direita. 
o Artéria circunflexa dá origem ao ramo do 
nó atrioventricular quando a dominância é 
esquerda. 
 
 
Figure IV.11: Vasos do coração. Retirada de https://image.slidesharecdn.com/anatomiahumanasistemacirculatrio-
090923112956-phpapp01/95/anatomia-humana-sistema-circulatrio-48-728.jpg?cb=1253706190. 
Figure IV.10: Irrigação do nó atrioventricular. 
Retirada da aula da Profa. Silvia Lacchini - 2° 
Semestre - 2017. 
Drenagem venosa do coração 
➢ Estruturas venosas do coração 
o Principais veias percorrem os mesmos trajetos das principais artérias, 
recebendo também mesmos nomes. 
 
o Seio coronário: canal venoso que atua como principal veia do coração, 
seguindo da esquerda para a direita na parte posterior do sulco coronário. 
▪ Tributárias: recebe veia cardíaca magna pela esquerda e a veia 
interventricular posterior e veia cardíaca parva pela direita. 
 
o Veias cardíacas maiores: principal tributária do seio coronário, são 
veias superficiais (epicárdicas) que drenam quase todo o sangue que 
irrigou átrios e ventrículos. 
▪ Magna: tem como primeira parte a veia interventricular anterior, 
que começa perto do ápice e ascende com o ramo da artéria 
coronária esquerda. 
▪ Média: localizada no sulco interventricular posterior, atua na 
drenagem do sulco. 
▪ Parva: acompanha o ramo marginal direito da ACD, drenando 
junto com a veia intraventricular posterior. 
 
o Veia oblíqua de Marshall: vaso pequeno e de importância relativamente 
pequena após o nascimento. 
 
o Veias cardíacas mínimas de Thebesius: pequenas veias que drenam 
diretamente para o ventrículo direito e para o átrio direito, sendo elas 
vasos de menor importância para a drenagem cardíaca. 
 
Figure IV.12: Veias do coração. Retirada de 
http://www.daviddarling.info/images/coronary_veins.jpg. 
Drenagem linfática do coração 
➢ Vasos linfáticos cardíacos 
o Vasos linfáticos do miocárdio e do tecido conjuntivo subendocárdico 
seguem até um plexo linfático subepicárdico. 
 
o Três tipos de vasos 
▪ Subendocárdicos: logo abaixo da camada interna do coração. 
▪ Intramiocárdicos: vasos penetrantes da camada muscular. 
▪ Subepicárdicos: vasos superficiais. 
 
o Linfonodos do tórax: mediastinais anteriores, mediastinais posteriores 
e traqueobronquiais. 
 
Figure IV.13: Linfonodos torácicos. Retirado de Netter - Atlas de Anatomia 6ED - Prancha 235. 
V. Embriologia: Desenvolvimento do coração e circulação fetal 
(Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Evolution Secção 23) 
 
O sistema cardiovascular é o primeiro sistema funcional no embrião 
humano, o que ocorre entre a 3ª e 8ª semana do desenvolvimento. Os vasos sanguíneos 
se formam no 20º dia e os batimentos iniciam-se no 22º dia, quando o embrião tem 
cerca de 25mm e o coração 3mm. 
A circulação sanguínea estabelece-se próximo ao 29º dia, de forma precoce 
porque o rápido crescimento embrionário não pode mais satisfazer às demandas 
metabólicas e energéticas através da difusão simples. 
 
Sumário da aula 
✓ Desenvolvimento inicial do coração e dos vasos sanguíneos 
✓ Desenvolvimento final do coração 
✓ Derivados das artérias dos arcos faríngeos 
✓ Circulação fetal e neonatal 
✓ Malformações congênitas do desenvolvimento cardiovascular 
 
Figure V.1: Cronologia do desenvolvimento do coração. Retirada de 
http://www.jnsci.org/files/html/e71_files/image001.jpg. 
Desenvolvimento inicial do coração e dos vasos sanguíneos 
➢ Primórdios do coração 
o Esplancnopleura: folheto do mesoderma lateral que dá origem a quase 
todos os componentes do coração. 
 
o Tubos endocárdicos: tubos formados a partir do folheto visceral de 
células mesenquimais, que mais tarde se unem, devido ao dobramento 
embrionário lateral, em um tubo cardíaco único. 
 
o Primeiro campo cardíaco: células progenitoras do mesoderma faríngeo, 
localizadas anteriormente ao tubo cardíaco primitivo, que dá origem ao 
miocárdio ventricular e à parede miocárdica do trato de fluxo de saída. 
o Segundo campo cardíaco: outra onda de células progenitoras do 
mesoderma faríngeo, localizadas posteriormente ao tubo cardíaco, que 
dá origem ao miocárdio do ventrículo esquerdo e o polo anterior do tubo. 
 
Figure V.2: Desenvolvimento inicial do coração. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-1. 
A: Visão dorsal de embrião com aproximadamente 18 dias. 
B: Secção transversal do embrião com cordões angioblásticos no mesoderma cardiogênico e suas relações com o celoma pericárdico. 
C: Secção longitudinal do embrião, demonstrando a relação entre os cordões angioblásticos e a membrana bucofaríngea. 
Figure V.3: Sistema cardiovascular do embrião de 26 dias. Note a veia umbilical, que realiza o transporte de sangue rico 
em O2 e nutrientes do saco coriônico para o embrião. Já as artérias umbilicais transportam o sangue do embrião pobre em 
nutrientes para o saco vitelínico. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-2. 
➢ Desenvolvimento das veias associadas ao coração primitivo 
o Três veias pareadas drenam para o coração primitivo do embrião em 
sua 4ª semana de desenvolvimento. 
 
o Veias vitelinas: retornam o sangue pobre em oxigênio da vesícula 
umbilical em direção ao coração. 
▪ Acompanha o ducto onfaloentérico: tubo estreito conectado à 
vesícula umbilical com o intestino médio. 
▪ Seio venoso: ponto de entrada das veias vitelinas, localizada na 
extremidade venosa do coração. 
▪ Destino das veias vitelinas: veia vitelínica esquerda regride, 
enquanto a direita forma o sistema porta hepático. 
 
o Veias umbilicais: transportam o sangue bem oxigenado do saco 
coriônico para receber nutrientes, correndo de cada lado do fígado. 
▪ Transformação das veias umbilicais: veia umbilical direita 
desaparece durante a sétima semana, deixando apenas a 
esquerda como transporte de sangue oxigenado. 
 
o Veias cardinais comuns: retornam o sangue pobre em oxigênio do 
corpo do embrião para o coração, sendo elas o principal sistema de 
drenagem venosa do embrião. 
▪ Veia cava superior é formada a partir da veia cardinal anterior 
direita e da veia cardinal comum direita. 
 
o Veia cava inferior: formada durante alterações de veias primitivas de 
vários segmentos do corpo. 
▪ Segmento hepático deriva da veia hepática 
▪ Segmento pré-renal deriva da veia subcardinal direita 
▪ Segmento renal deriva da anastomose subcardinal-supracardinal. 
▪ Segmento pós-renal deriva da veia supracardinal direita. 
Figure V.4: Origens das veias primitivas do corpo. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-2. 
➢ Destinosdas artérias vitelinas e umbilicais 
o Derivados da artéria vitelina: artéria que passa para a vesícula 
umbilical e depois para o intestino primitivo. 
▪ Intestino anterior: tronco arterial celíaco. 
▪ Intestino médio: artéria mesentérica superior. 
▪ Intestino posterior: artéria mesentérica inferior. 
 
o Derivados da artéria umbilical: artérias que passam através do 
pedículo de conexão (cordão umbilical primitivo) e se tornam contínuas 
no córion. 
▪ Porção proximal: tornam-se as artérias ilíacas internas e as 
artérias vesicais superiores. 
▪ Porção distal: artérias umbilicais obliteradas formam os 
ligamentos umbilicais médios. 
 
Figure V.5: Visões dorsais do coração em desenvolvimento. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – 
Capítulo 13 – Figura 13-5. 
Desenvolvimento final do coração 
➢ Organização da estrutura do coração 
o Miocárdio primitivo: formado pelo mesoderma esplâncnico ao redor da 
cavidade pericárdica, precursor do campo cardíaco secundário. 
o Endocárdio, o revestimento interno do coração, é formado pelo tubo 
endotelial. 
o Epicárdio e pericárdio visceral têm origem em células mesoteliais que 
surgem da superfície externa do seio venoso e se espalham sobre o 
miocárdio. 
 
o Formação das câmaras cardíacas: coração tubular primitivo se alonga 
e desenvolve dilatações e constrições alternadas. 
▪ Bulbo cardíaco: composto pelo tronco arterioso, cone arterioso 
e cone cardíaco. 
▪ Seio venoso: estrutura no coração que recebe as veias 
vitelínicas, umbilicais e cardinais. 
 
 
Figure V.6: Fusão dos tubos cardíacos. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 
– Figura 13-7. 
➢ Circulação através do coração primitivo 
o Primeiras contrações do coração são 
miogênicas, ou seja, tem atividade 
iniciada no próprio músculo. 
▪ Semelhantes ao peristaltismo: 
como ondas peristálticas entre as 
porções contínuas do coração, 
iniciando no seio venoso. 
 
o Drenagem venosa do embrião: entrada 
pelo seio venoso ocorre pelos três pares 
de veias do embrião. 
▪ Veias cardinais comuns: 
drenam o sangue de todo 
embrião. 
▪ Veias umbilicais drenam o 
sangue da placenta. 
▪ Veias vitelinas drenam o sangue 
das veias umbilicais. 
 
o Percurso do sangue no coração 
primitivo 
▪ Átrio primitivo: recebe o sangue 
em fluxo controlado pelas 
válvulas sinoatriais. 
▪ Canal atrioventricular controla a 
passagem do sangue vindo do 
átrio para o ventrículo primitivo. 
▪ Sangue bombeado através do 
bulbo cardíaco e do tronco 
arterioso para o saco aórtico. 
▪ Saco aórtico: permite a redistribuição do sangue para as artérias 
do arco faríngeo, passando para a aorta dorsal, onde será 
redistribuído para o embrião. 
 
Figure V.7: Estrutura do coração e sua drenagem 
venosa nos dias 24°, 26° e 34° de desenvolvimento. 
Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – 
Capítulo 13 – Figura 13-10. 
Figure V.8: Percurso do sangue no coração durante a 4a e 5a semanas de 
desenvolvimento. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 
13 – Figura 13-11. 
➢ Septação do coração primitivo 
o Septação do coração começa na 4ª semana e termina na 8ª, ocorrendo 
com a divisão do canal atrioventricular, do átrio primitivo e o trato de saída 
de forma simultânea. 
 
o Divisão do canal atrioventricular: coxins endocárdicos atrioventriculares 
se aproximam-se e fundem-se dividindo o canal atrioventricular. 
▪ Coxins endocárdicos: surgem de uma matriz extracelular 
chamada geleia cardíaca e do tecido da crista neural. 
• Função de valva atrioventricular: os dois coxins 
começam a funcionar como valvas. 
▪ Separação do canal atrioventricular significa separar o átrio 
primitivo do ventrículo primitivo. 
 
 
Figure V.9: Divisão do canal atrioventricular, separando o átrio primitivo do ventrículo 
primitivo. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-12. 
o Septação do átrio primitivo: divisão do átrio primitivo em átrios 
esquerdo e direito ocorre ao final da 4ª semana de desenvolvimento, 
fenômeno dependente da fusão dos septum primum e secundum. 
▪ Septo primum: fina membrana que cresce em direção aos coxins 
endocárdicos a partir do assoalho do átrio primitivo. 
• Foramen primum: grande abertura localizada entre as 
margens crescentes livres dos coxins endocárdicos que 
surgem durante o crescimento do septo primum. 
• Foramen primum é um desvio que permite a passagem 
do sangue oxigenado do átrio direito para o esquerdo. 
• Foramen secundum: segunda abertura formada pela 
fusão do septo primum com os coxins endocárdicos, uma 
segunda abertura que mantem o fluxo do átrio direito para 
o esquerdo. 
▪ Septo secundum: dobra muscular espessa crescente a partir da 
parede do átrio direito, adjacente ao septo primum. 
• Sobreposição do forame secundum: crescimento do 
septo promove sobreposição da perfuração. 
• Forame oval: perfuração no septo secundum, resultado 
da divisão incompleta entre o átrio e o ventrículo. 
• Antes do nascimento: forame oval permite que a maior 
parte do sangue oxigenado que entra no átrio direito a 
partir da VCI passe para o átrio esquerdo, prevenindo 
também a passagem de sangue na direção oposta. 
• Depois do nascimento: fechamento funcional do forame 
oval devido à maior pressão no átrio esquerdo, deixando 
apenas a fossa oval. 
 
Figure V.10: Relações do septo primum com o forame oval e o septo secundum. Retirado de Moore – Embriologia 
Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-14. 
A: Antes do nascimento, o sangue bem oxigenado do AD é desviado através do forame oval para o AE quando a pressão 
aumenta. Quando a pressão diminui no átrio direito, o septo primum atua como valva para fechar o forame oval. 
 
B: Depois do nascimento, a pressão no átrio esquerdo aumenta, de forma a manter a forame oval fechado pelo septo 
primum, deixando apenas a fossa oval no átrio direito. 
 
Figure V.11: Estágios progressivos da divisão do átrio primitivo. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – 
Capítulo 13 – Figura 13-13. 
A-H: Desenvolvimento do septo interatrial em visão lateral direita, demonstrando o crescimento do septo secundum 
sobrepondo o septo primum, formando uma valva sobre o forame oval. 
G-H: Pressão aumentada no átrio direito, quando maior que a pressão no átrio esquerdo, faz o sangue oxigenado seguir 
do átrio direito para o esquerdo. 
➢ Alterações no seio venoso 
o Estrutura primária do seio venoso: 
abertura no centro da parede dorsal do 
átrio primitivo, com o crescimento maior 
do corno direito. 
▪ Crescimento do corno direito 
resulta em desvios de sangue da 
esquerda para a direita. 
• Primeiro desvio: 
resultado da 
transformação das veias 
vitelínicas e umbilicais. 
• Segundo desvio: 
resultado da anastomose 
das veias cardinais 
anteriores, formando a 
veia braquiocefálica 
esquerda e a veia cava 
superior. 
 
o Destinos do seio venoso: ao final da 
4ª semana de desenvolvimento, o corno 
direito do seio venoso é muito maior que 
o esquerdo. 
▪ Corno direito: incorporado à 
parede do átrio direito. 
▪ Corno esquerdo: formação do 
seio coronário. 
 
o Veia pulmonar e átrio esquerdo: 
▪ Parede lista do átrio direito é uma consequência da absorção 
da veia pulmonar primitiva. 
▪ Formação dos quatro ramos da veia pulmonar é resultado da 
incorporação da veia pulmonar primitiva à parede do átrio. 
 
o Septação do ventrículo primitivo: iniciada pelo septo interventricular 
muscular, localizado no assoalho do ventrículo próximo ao seu ápice. 
 
o Septação do bulbo cardíaco e tronco arterioso: formação de cristas 
bulbares após a proliferação das células mesenquimais do bulbo 
cardíaco. 
▪ Incorporação do bulbo cardíaco às paredes do ventrículo: 
formação do cone arterioso do ventrículo direito e do vestíbulo 
aórtico do ventrículo esquerdo. 
 
o Desenvolvimento das valvas cardíacas: 
▪ Valvas semilunares: formadas a partirde três brotamentos do 
tecido subendocárdico ao redor dos orifícios da aorta e tronco 
pulmonar. 
▪ Valvas atrioventriculares: desenvolvimento a partir de tecido ao 
redor dos canais atrioventriculares. 
Figure V.12: Destinos do seio venoso. Retirado de 
Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – 
Figura 13-15. 
 
Figure V.13: Absorção da veia pulmonar pelo 
átrio direito. Retirado de Moore – Embriologia 
Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-16. 
Figure V.15: Divisão do coração primitivo. Retirado de Moore – Embriologia 
Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-17. 
Figure V.14: Incorporação do bulbo cardíaco nos ventrículos e a divisão 
do bulbo cardíaco ao tronco arterioso na aorta e tronco pulmonar. Retirado 
de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-16. 
Circulação fetal e neonatal 
➢ Circulação fetal 
o Sistema cardiovascular fetal: desenvolvido para suprir necessidades 
pré-natais e para permitir as modificações ao nascimento que 
estabelecem o padrão circulatório do neonato. 
▪ Três estruturas importantes para a transição da circulação pré-
natal para neonato: ducto venoso, forame oval e ducto arterioso. 
 
o Veia umbilical recebe sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes 
da placenta para o embrião. 
▪ Veias hepáticas: tributárias da veia umbilical que passam pelos 
sinusoides hepáticos. 
 
o Ducto venoso: vaso fetal que conecta a veia umbilical a veia cava 
inferior, sem a passagem de sangue pelo fígado. 
▪ Controle esfincteriano do fluxo através do ducto venoso: 
contração do esfíncter promove desvio do sangue para a veia 
porta e para os sinusoides hepáticos e menos para o ducto. 
 
o Veia cava inferior: recebe sangue do ducto venoso, em direção ao átrio 
direito, contendo também sangue pobre em oxigênio vindo dos membros 
superiores, abdome, pelve, mas ainda assim mantendo alto oxigenação. 
 
o Ducto arterioso: comunicação entre o arco da aorta e o tronco pulmonar, 
que promove um desvio do sangue dos pulmões em direção a aorta 
descendente. 
▪ Função do ducto arterioso: proteção dos pulmões da 
sobrecarga circulatória gerada pelo ventrículo direito. 
Figure V.17: Visão do curso da veia umbilical a partir do cordão umbilical 
para o fígado. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – 
Figura 13-48. 
Figure V.16: Fluxo de sangue através dos átrios na 
circulação fetal. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 
10ED – Capítulo 13 – Figura 13-50. 
➢ Circulação neonatal transitória 
o Transformações circulatórias: importantes ajustes ocorrem ao 
nascimento quando a circulação do sangue fetal através da placenta é 
interrompida e os pulmões começam a funcionar. 
 
o Primeira respiração limpa as 
vias aéreas do líquido amniótico, 
reduzindo a pressão no interior 
dos leitos vasculares do pulmão. 
o Baixa pressão intrapulmonar 
permite o fluxo de sangue em 
direção aos pulmões, em vez de 
fluxo do ducto arterial para o arco 
aórtico. 
o Fechamento do forame oval: 
sangue sai dos pulmões 
aumentando a pressão no átrio 
esquerdo, fechando o forame 
oval com o septo primum contra 
o septo secundum. 
o Espasmo das artérias 
umbilicais: níveis maiores de 
oxigênio causam espasmo das 
artérias umbilicais. 
o Fluxo de sangue da placenta 
para o feto por ação das 
contrações uterinas, colapsando 
as veias umbilicais. 
 
o Fechamento do ducto arterioso: fechamento da comunicação entre o 
tronco pulmonar e o arco aórtico entre 24 e 48 horas de vida. 
 
Figure V.18: Sistema circulatório do feto. Retirada da aula da 
Profa. Silvia Lacchini - 2° Semestre - 2017. 
 
Figure V.20: Circulação fetal. Note a presença de três desvios que 
permitem que a maioria do sangue seja desviada dos fígados e dos 
pulmões: ducto venoso (1), forame oval (2) e ducto arterioso (3). O 
sangue pobre em oxigênio retorna à placenta para oxigenação e nutrição 
através das artérias umbilicais. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 
10ED – Capítulo 13 – Figura 13-46. 
Figure V.19: Circulação neonatal. Os derivados dos vasos e estruturas 
fetais que perdem função no momento do nascimento são representados 
também. Após o nascimento, os três desvios que encurtam o caminho do 
sangue durante a vida fetal cessam sua função, permitindo a separação 
da circulação pulmonar e sistêmica. Retirado de Moore – Embriologia 
Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-51. 
➢ Derivados de vasos e estruturas fetais 
o Veia umbilical e ligamentos redondos do fígado: porção intra-
abdominal da veia umbilical torna-se o ligamento redondo do fígado, que 
passa do umbigo à porta hepática. 
 
o Ducto venoso e ligamento venoso: ducto venoso regride, formando o 
ligamento venoso que passa através do fígado a partir do ramo esquerdo 
da veia porta e se liga à veia cava inferior. 
 
o Artérias umbilicais e ligamentos abdominais: formação dos 
ligamentos umbilicais mediais pelas partes intra-abdominais e 
persistência das partes proximais como artérias vesicais superiores (que 
irrigam a bexiga). 
 
o Forame oval e fossa oval: ao nascimento, o forame oval se fecha 
funcionalmente e o fechamento anatômico ocorre no 3º mês como 
resultado de proliferação tecidual e adesão dos septos primum e 
secundum. 
 
o Ducto arterial e ligamento arterial: fechamento funcional do ducto 
arterial ocorre em poucos dias após o nascimento, sendo completo na 
12ª semana de vida, formando um ligamento curto e espesso entre a 
artéria pulmonar esquerda e o arco aórtico. 
 
Malformações congênitas do desenvolvimento cardiovascular 
➢ Tetralogia de Fallot 
o Grupo de quatro defeitos no coração: 
▪ Estenose de artéria pulmonar: obstrução do fluxo de saída do 
ventrículo direito durante a sístole. 
▪ Defeito do septo ventricular: comunicação entre os ventrículos 
esquerdo e direito (CIV), geralmente única e ampla. 
▪ Dextraposição da aorta: substituição ou sobreposição da aorta, 
com conexão da aorta biventricular. 
▪ Hipertrofia ventricular direita: hipertrofia geralmente concêntrica 
como tentativa de vencer a resistência da artéria pulmonar. 
 
 
 
➢ Transposição das grandes artérias 
o Transposição de grandes artérias (TGA): causa comum de cianose 
congênita do neonato, frequentemente associada a outras malformações 
congênitas do coração. 
o Defeito anatômico promove 
o fluxo de sangue venoso 
sistêmico e desoxigenado 
que retorna ao átrio direito vá 
para o corpo através da 
aorta, ligada incorretamente 
ao ventrículo direito. 
▪ Aorta e artéria 
pulmonar 
invertidas: formação 
de dois sistemas 
circulatórios sem 
comunicação. 
 
Figure V.22: Transposição de grandes artérias. Retirado de Moore 
– Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 – Figura 13-32. 
Figure V.21: Tetralogia de Fallot explicada esquematicamente. Retirada de 
https://www.nhlbi.nih.gov/sites/www.nhlbi.nih.gov/files/images_301 
➢ Defeito no septo atrial 
o Defeitos de septo atrial (DSA) é um defeito congênito do coração 
comum, sendo mais frequente nas mulheres do que nos homens. 
▪ Quatro defeitos clinicamente significantes: defeitos do óstio 
secundário, defeito do coxim endocárdico com defeito do óstio 
primário, defeito do seio venoso e defeito do átrio comum. 
 
o Defeito de óstio secundário: defeitos de septum primum e septo 
secundum, localizados na região da fossa oval. 
▪ Quadro clínico: tolerados na infância, cursam com hipertensão 
pulmonar na idade adulta. 
▪ Forame oval patente: resultado da reabsorção anormal do septo 
primum durante a formação do forame secundum. 
• Septo primum fenestrado: semelhante a uma rede, que 
permite a comunicação entre átrio direito e esquerdo. 
 
o Defeito do coxim endocárdico: formas menos comuns de defeito no 
septo atrial, que correspondem a um grupo de defeitos agrupados por 
defeito no foramen primum. 
▪ Pleiotropia: defeito septal atrioventricular é comum em pacientes 
com síndrome de Down, sendo concomitante em20% dos casos. 
 
Figure V.23: Defeito do foramen secundum, resultando em comunicação interatrial. Retirada da aula da 
Profa. Silvia Lacchini - 2° Semestre - 2017. 
 
Figure V.24: Defeitos do septo interatrial. Retirado de Moore – Embriologia Clínica 10ED – Capítulo 13 
– Figura 13-26. 
VI. Histologia: Parede cardíaca e vascularização 
(Kierzenbaum – Histologia e Biologia celular 4ED – PDF página 363) 
(Junqueira & Carneiro – Histologia Básica, Texto e Atlas 12ED – PDF página 219) 
 
 O sistema cardiovascular é essencialmente um grande circuito composto de 
células endoteliais, através do qual o sangue circula, movido por diferenças de pressão 
geradas pelo coração. Sua função principal é manter a perfusão dos leitos capilares que 
permeiam todos os órgãos em uma faixa de pressão hidrostática mantida. 
 O coração é um grande tubo endotelial dobrado, cuja parede é muscular e 
espessa, de maneira a funcionar como uma bomba regulada, determinando a pressão 
sanguínea sistêmica. 
Sumário da aula 
✓ Histologia do epicárdio 
✓ Histologia do miocárdio 
✓ Sistema de condução elétrica do coração 
✓ Histologia do endocárdio 
✓ Estrutura histológica geral dos vasos sanguíneos 
✓ Estrutura da microcirculação 
 
Figure VI.1: Esquema da estrutura da histologia cardíaca. Retirada de 
https://oimedicina.files.wordpress.com/2012/03/corac3a7c3a3o.jpg?w=714. 
Figure VI.2: Mapeamento de conceitos. Retirada de Kierzenbaum – 
Histologia e Biologia Celular 4ED – Evolution. 
Estrutura do epicárdio 
➢ Histologia do epicárdio 
o Epicárdio é a camada externa do coração, composta por um mesotélio 
em contato com o espaço pericárdico e o folheto seroso. 
 
o Camada visceral do pericárdio seroso: composto de mesotélio, um 
epitélio pavimentoso simples. 
o Camada subepicardial: tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e 
estruturas neurovasculares (coronárias). 
 
o Pericárdio: dupla membrana serosa que envolve todo o coração no 
mediastino médio. 
▪ Folheto parietal: camada fibrosa do pericárdio. 
▪ Folheto visceral: localizado mais próximo ao epicárdio. 
 
Figure VI.4: Camadas do coração envolto pela dupla camada fibrosserosa de 
pericárdio. Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° Semestre - 2017. 
Figure VI.3: Histologia do epicárdio. Note a presença de vasos 
coronarianos no tecido conjuntivo frouxo abaixo da cavidade pericárdica. 
Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° Semestre - 2017. 
Estrutura do miocárdio 
➢ Histologia do músculo cardíaco 
o Miocárdio: camada muscular do 
coração, composta por células 
musculares estriadas ramificadas com 1 
a 2 núcleos centrais. 
▪ Fibras de morfologia variada: 
orientação irregular das fibras, 
diferentes no átrio, ventrículo e 
no sistema de condução elétrica. 
 
o Cardiomiócitos: células alongadas e 
ramificadas com grande quantidade de 
retículos sarcoplasmáticos, glicogênio, 
lipídeos e mitocôndrias. 
▪ Discos intercalares: complexos 
juncionais entre as interfaces de 
cardiomiócitos adjacentes, 
formando um aspecto em 
escada. 
• Sincício cardíaco: aspecto 
das células musculares de 
formação de uma massa 
multinucleada. 
▪ Três junções: zônulas de adesão, 
desmossomos e junções 
comunicantes, permitindo a 
adesão e a continuidade iônica da 
célula. 
▪ Estrutura de díades: formada por 
um túbulo T (comunicação iônica 
entre células) e uma cisterna de 
retículo sarcoplasmático. 
 
o Célula muscular atrial: célula muscular menor, que não possui túbulos 
T, mas que é rica em junções comunicantes. 
▪ Contração rápida: sendo células menores e sem túbulos T, 
essas células entram em equilíbrio iônico com o meio externo 
mais rapidamente, gerando uma contração mais rápida. 
 
o Outros tipos celulares do miocárdio: 
▪ Células endócrinas miocárdicas 
atriais: produção de peptídeos 
natriuréticos (ANP e BNP), que 
estimulam a diurese quando há distensão 
do músculo cardíaco. 
▪ Fibras cardíacas de condução elétrica: 
fibras cardíacas modificadas, 
especializadas na condução do estímulo 
miogênico para a contração cardíaca. 
Figure VI.5: Histologia do coração, com visualização 
dos discos intercalares. Retirada da aula do Prof. Sérgio 
Ferreira de Oliveira - 2° Semestre - 2017. 
Figure VI.6: Junções intercelulares nos discos 
intercalares. Retirada de Junqueira & Carneiro -
Histologia Atlas e Texto 12ED - PDF página 215 - 
Figura 10.26. 
Figure VI.7: Esquema da estrutura do 
miócito. Retirada da aula do Prof. Sérgio 
Ferreira de Oliveira - 2° Semestre - 2017. 
Sistema de condução elétrica do coração 
➢ Histologia do sistema condutor cardíaco 
o Dois sistemas de condução elétrica: sistema elétrico especializado na 
geração e na condução de estímulos elétricos do coração. 
▪ Nós (nodos): sinusal ou sinoatrial, gerador de impulsos que 
causam a contração rítmica do músculo cardíaco. 
▪ Feixes de condução: vias internodais, feixes atrioventriculares 
(de His), ramos direito e esquerdo, fibras de Purkinje. 
o Células com junções comunicantes: o sistema de condução elétrico é 
conectado de tal forma que permita a condução do estímulo. 
 
o Nó sinoatrial: células musculares 
cardíacas especializadas e 
fusiformes, menores que as células 
musculares do átrio e com menos 
miofibrilas. 
o Nó atrioventricular: células com 
estrutura semelhante à do nó 
sinoatrial, porém com ramificações e 
projeções citoplasmáticas em várias 
direções, formando uma rede. 
o Feixe atrioventricular: formado por 
células semelhantes às dos nodos, 
mas que distalmente tornam-se 
maiores e adquirem formato típico. 
▪ Células de Purkinje: células 
com um ou mais núcleos 
centrais e citoplasma rico em 
mitocôndrias e glicogênio. 
▪ Tecido subendocárdico: conjunto de fibras cardíacas 
localizadas abaixo do endocárdio. 
▪ Diferenças das fibras cardíacas: número reduzido de miofibrilas, 
diâmetro maior, alta quantidade de glicogênio, não apresentam 
discos intercalares e são riscos em desmossomos e junções 
comunicantes. 
 
Figure VI.8: Células dos nós cardíacos em vermelho. Note 
o aspecto vacuolizado, devido à presença de glicogênio. 
Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° 
Semestre – 2017. 
Figure VI.9: Fibras de Purkinje do sistema de condução elétrica, vistas em detalhe à direita. As fibras de 
Purkinje têm células com miofibrilas predominando na periferia. Retirada de Junqueira & Carneiro – 
Histologia Atlas e Texto 12ED – PDF página 234 - Figura 11.20. 
Histologia do endocárdio 
➢ Histologia do endocárdio 
o Endocárdio: tecido homólogo à camada íntima dos vasos sanguíneos, 
formado pelo endotélio e um tecido conjuntivo subendocárdico. 
 
o Valvas cardíacas: estruturas revestidas por endotélio preenchidas por 
um eixo de tecido conjuntivo denso (camada fibrosa) e tecido fibroelástico 
(camada esponjosa e ventricular). 
 
o Esqueleto fibroso do coração: estrutura colagenosa de sustentação 
para as valvas cardíacas e o miocárdio. 
▪ Tecido conjuntivo denso: formando o septo membranoso, 
trígonos e aberturas atrioventriculares e os anéis fibrosos. 
▪ Funções do esqueleto fibroso: estrutura de sustentação para 
miocárdio e valvas cardíacas, isolamento elétrico para controle da 
condução elétrica dos átrios para o ventrículos. 
Respostas do coração ao estresse 
1) Hipertrofia fisiológica ou compensatória 
o Aumento do número de sarcômeros. 
o Aumento do número de mitocôndrias. 
o Aumento do número de túbulos T. 
o Aumento da quantidade de tecido conjuntivo entre cardiomiócitos. 
o Aumento da ramificação da circulação coronariana. 
2) Hipertrofia patológica ou não-compensatória 
o Aumento desproporcional de fibras elásticas e colágenas. 
o Aumento desproporcional de proteínas do citoesqueleto. 
o Desarranjo de sarcômeros. 
o Vacuolização das células musculares cardíacas. 
 
Figure VI.10: Estrutura histológica da valva cardíaca. Retirada da aula do Prof.Sérgio Ferreira de 
Oliveira - 2° Semestre – 2017. 
Estrutura histológica geral dos vasos sanguí neos 
➢ Características gerais do sistema circulatório 
o Origem mesodérmica: angioblastos são as células mesenquimais 
indiferenciadas que formam os vasos sanguíneos no embrião. 
▪ Vasculogênese: formação de vaso novo no embrião. 
▪ Angiogênese: formação de vaso a partir de outro preexistente. 
 
o Componentes do sistema circulatório: duas divisões de sistema 
circulatório, cada um carregando fluidos em sentido específico. 
▪ Sistema circulatório: artérias, capilares e veias. 
▪ Sistema linfático: vasos linfáticos carregando linfa. 
 
o Divisão do sistema circulatório sanguíneo: 
▪ Macrocirculação: vasos acima de 0,1mm em diâmetro, sendo 
eles as grandes artérias elásticas, pequenas e médias artérias 
musculares e grandes e pequenas veias. 
▪ Microcirculação: vasos visíveis apenas em microscopia, ou seja, 
arteríolas, metarteríolas, capilares, vênulas pós-capilares e 
vênulas. 
 
➢ Estrutura geral dos vasos 
o Túnica íntima: formado pelo endotélio, sua lâmina elástica interna e um 
tecido conjuntivo subendotelial. 
▪ Endotélio é um tecido epitelial especializado que forma uma 
barreira semipermeável que separa o interstício do 
compartimento vascular. 
 
o Túnica média: camada muscular formada por músculo liso, sua lâmina 
elástica e a inervação vasomotora 
▪ Células musculares lisas: organização helicoidal, envoltas por 
uma lâmina basal, ligadas por junções comunicantes (tipo gap). 
▪ Tecido conjuntivo: tecido rico em fibras colágenas tipo I, III e IV, 
promovendo resistência ao estiramento. 
 
o Túnica adventícia: tecido conjuntivo com passagem de estruturas 
neurovasculares dos vasos (vasa vasorum e vasa nervorum). 
▪ Estruturas neurovasculares: pequenas estruturas que 
permitem a manutenção das funções metabólicas e o controle fino 
de vasomotricidade. 
Figure VI.11: Estrutura histológica dos vasos. Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° 
Semestre – 2017. 
➢ Estrutura histológica das artérias 
o Artérias: vasos que conduzem sangue do coração em direção aos 
capilares, com capacidade de armazenar parte do sangue bombeado a 
cada sístole para garantir fluxo contínuo de sangue. 
 
o Artérias elásticas: vasos importantes para estabilizar o fluxo de sangue, 
atuando como condutores do coração para artérias distribuidoras de 
médio calibre. 
▪ Estrutura: presença de lâminas elásticas em toda camada média 
e pequenos vasos nutridores na camada adventícia. 
▪ Características: recebem sangue em alta pressão e mantem o 
fluxo de sangue constante enquanto o coração bombeia. 
▪ Exemplos: aorta e seus principais ramos (artérias 
braquiocefálicas, carótidas comuns, subclávias e ilíacas comuns). 
 
o Artérias musculares: vasos distribuidores que controlam o fluxo de 
sangue para os órgãos de forma seletiva. 
▪ Estrutura: túnica íntima com lâmina elástica interna, uma faixa 
fenestrada acima da camada muscular média. 
▪ Exemplos: artérias radial, poplítea, tibial, axilar, esplênica, 
mesentérica e intercostal. 
 
 
Figure VI.12: Estrutura comparada entre artérias musculares e elásticas. Retirada de Junqueira & Carneiro – 
Histologia Atlas e Texto 12ED – PDF página 222 - Figura 11.3. 
➢ Estrutura histológica das veias 
o Veias: sistema venoso tem início no final do leito capilar com as vênulas 
pós-capilares, seguindo em direção ao coração. 
▪ Alta capacitância: veias tem grande capacidade de acomodar 
volumes sem gerar grandes diferenças de pressão. 
▪ Túnica média e adventícia: divisão pouco aparente, sem lâmina 
elástica interna distinguível. 
▪ Túnica muscular mais fina: células musculares lisas em 
orientação irregular, quase circular. 
 
➢ Estrutura dos vasos linfáticos 
o Vasos linfáticos: vasos formados em fundo cego nos tecidos, nas 
proximidades dos capilares sanguíneos. 
▪ Capilares linfáticos: camada única de células endoteliais sem 
lâmina basal completa. 
▪ Vasos coletores: segmentos bulbosos, separados por valvas 
luminais que garantem o fluxo unidirecional, em direção ao ducto 
torácico e ao ducto linfático direito menor. 
o Funções gerais: condução de células do sistema imune, drenagem de 
fluído acumulado no interstício, transporte de partículas lipídicas. 
 
Figure VI.13: Divisão entre veias e artérias do sistema circulatório sanguíneo. Retirada da aula do 
Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° Semestre – 2017. 
Estrutura da microcirculação 
➢ Estrutura histológica dos capilares 
o Arteríolas: ramos finais do sistema arterial, que funcionam como vasos 
de resistência. 
▪ Vasomotricidade: arteríolas são adaptadas para gerar resposta 
de vasoconstrição e vasodilatação, sendo elas consideradas os 
principais determinantes da pressão sanguínea sistêmica. 
▪ Metarteríolas: segmento além da arteríola propriamente dita, um 
ramo terminal do sistema arterial. 
• Comunicação direta entre arteríola e vênula pode ser 
regulada por metarteríolas. 
 
o Capilares: vasos extremamente finos formados por uma camada única 
de células endoteliais permeáveis circundadas por uma lâmina basal. 
▪ Leito capilar: sítio da microcirculação, que é formado por uma 
arteríola terminal (metarteríola), capilares e vênulas pós-capilares. 
▪ Pericitos: células mesenquimal multipotente capaz de diferenciar 
em endotélio e em células do tecido conjuntivo. 
 
o Vênulas pós-capilares e vênulas: vasos estruturalmente muito 
semelhantes aos capilares, mas com lúmens maiores. 
▪ Função imunológica: vênulas pós-capilares são os sítios 
preferenciais para a diapedese e Homing linfocitário. 
 
 
Figure VI.14: Estrutura da microcirculação. Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira de Oliveira - 2° 
Semestre – 2017. 
➢ Tipos de capilares 
o Contínuo ou somático: revestidos por um endotélio 
completo e lâmina basal, com pericitos entre a essas 
duas camadas. 
▪ Localização: encéfalo e tecido nervos o, 
tecido conjuntivo, pele, timo, glândulas 
exócrinas. 
 
o Fenestrado ou visceral: presença de poros ou 
fenestras com ou sem diafragmas, permitindo a 
passagem de fluido entre compartimentos. 
▪ Localização: intestinos e glândulas 
endócrinas. 
▪ Capilar do glomérulo renal: capilares 
fenestrados sem diafragmas é um tipo 
especial do glomérulo renal. 
 
o Sinusoide ou descontínuo: revestimento endotelial 
e lâmina basal incompletos, com pequenos espaços 
entre e dentro do endotélio. 
▪ Localização: órgãos em que é necessário um 
contato íntimo entre o sangue e o parênquima 
do órgão (fígado e baço). 
 
➢ Funções das células endoteliais do capilar 
o Conversão de peptídeos vasoativos: presença da 
enzima conversora de angiotensina, formando 
bradicinina e prostaglandinas também. 
o Produção de prostaciclinas: produção de uma 
prostaglandina importante para impedir a adesão 
plaquetária. 
o Modulação da atividade do músculo liso vascular: 
fatores de contração (endotelinas I) e de relaxamento 
(NO). 
o Controle do crescimento vascular: expressão de 
fatores de crescimento para angiogênese (VEGF e FGF). 
o Início da cascata de coagulação: sangue em contato com células 
endoteliais ativa a cascata pela conversão de fator X em Xa. 
o Regulação do tráfego de células inflamatórias: expressão de 
moléculas de adesão (E-selectina) para passagem de neutrófilos. 
o Lipólise de lipoproteínas: formação de colesterol e triglicérides a partir 
da síntese de esteroides para a membrana. 
 
Figure VI.15: Tipos de capilares. 
Retirada da aula do Prof. Sérgio Ferreira 
de Oliveira - 2° Semestre – 2017. 
VII. Fisiologia: Eletrofisiologia cardíaca 
(Berne & Levy – Fisiologia 6ED – Capítulo 16 – PDF página 293) 
 
 O sistema circulatório tem como função o transporte e distribuição de 
substâncias essenciais, além de participar de outros processos homeostáticos como a 
temperatura corporal, o balanço de fluídos. Para que essas funçõesocorram, são 
necessárias uma bomba (coração) e uma série de tubulações (vasos) 
O coração é composto por um tecido muscular com células excitáveis e capazes de 
gerar potenciais de ação. A eletrofisiologia cardíaca tem quatro propriedades 
essenciais para compreender como o coração funciona. 
1) Excitabilidade do miocárdio: compreender como é gerado o potencial de ação 
nas diferentes regiões do coração e suas peculiaridades. 
2) Automatismo cardíaco: análise dos mecanismos que geram um potencial sem 
necessidade de estímulos externos, mediados pela corrente de marcapasso (If) 
e os efeitos do sistema nervoso autônomo. 
3) Contratilidade e inotropismo: estudo do acoplamento entre excitabilidade e 
contratilidade, reforçando a importância da concentração intracelular de cálcio e 
os demais mecanismos que modulam o inotropismo cardíaco. 
4) Condutibilidade do estímulo: compreender o mecanismo de condução de uma 
célula a outra e a razão da estrutura do sincício funcional. 
 
Sumário da aula 
✓ Conceitos anatomofuncionais do sistema circulatório 
✓ Excitabilidade do miocárdio 
✓ Automatismo cardíaco 
✓ Contratilidade e o inotropismo cardíaco 
✓ Condutibilidade do estímulo cardíaco 
 
Figure VII.1: A condução do estímulo elétrico cardíaco, representada graficamente. Retirada de 
MedComics. 
Conceitos anatomofuncionais do sistema circulatório 
➢ Estrutura funcional do sistema cardiovascular 
o Dois componentes principais: uma bomba 
muscular (coração) e os vasos que conduzem o 
sangue para o organismo. 
o Função do sistema cardiovascular: manter a 
perfusão tecidual e a constância do meio interno 
através de processos homeostáticos. 
▪ Fisiologia cardiovascular: consiste no 
estudo dos mecanismos que garantem a 
eficiência da circulação. 
 
➢ Anatomia funcional do coração 
o Fibra cardíaca (cardiomiócito): uma única 
célula muscular, com formato dicotomizado e com 
grande interação entre outras células. 
o Interface entre cardiomiócitos: garantem que a 
contração do músculo ocorra de forma 
organizada e sincrônica. 
 
o Estrutura dos cardiomiócitos: células cardíacas 
que possuem estruturas e organização típica para 
garantir contração efetiva. 
▪ Estruturas celulares típicas: presença 
de sarcolema (membrana plasmática) e 
mitocôndrias em grande volume. 
▪ Invaginações: reentrâncias nas 
células que permitem que fenômenos 
elétricos de despolarização atinjam a 
superfície e o interior das células 
rapidamente. 
▪ Discos intercalares: regiões de 
contato e interface entre as células, 
formados por junções intercelulares. 
• Desmossomos: garantem a 
coesão mecânica entre as 
células, impedindo a perda de 
contiguidade do músculo 
cardíaco durante as 
contrações. 
• Junções comunicantes: 
possuem mecanismos de 
transporte para garantir a 
constância iônica entre 
miócitos, formando um 
sincício funcional. 
• Justaposição de conexinas 
nas junções comunicantes formam uma estrutura 
semelhante a um poro, garantindo a contiguidade elétrica 
da célula. 
Figure VII.2: Estrutura geral do sistema 
cardiovascular. Retirada de berne & Levy - 
Fisiologia 6ED - Capítulo 21, página 290 
(Figura 15-1). 
Figure VII.3: Estrutura dos cardiomiócitos. 
Retirada da aula da Profa. Lisete C. Michelini - 2° 
Semestre - 2017. 
Excitabilidade do miocárdio 
➢ Revisão de conceitos da eletrofisiologia 
o Potencial de membrana: voltagem ou diferença de 
potencial entre as membranas plasmáticas de uma 
célula. 
o Potencial de ação: impulsos elétricos breves 
produzidos pelas células, por ação de abertura e 
fechamento de canais iônicos. 
▪ Resposta tudo ou nada: potencial de ação 
ocorre apenas quando há um estímulo forte 
suficiente. 
▪ Período refratário: tempo em que a célula 
não gera mais potenciais de ação (absoluto), 
ou gera apenas com estímulos mais 
potentes (relativo). 
 
➢ Gênese do potencial de repouso e de ação no miocárdio de trabalho 
o Gênese do potencial celular: depende da permeabilidade celular a 
diferentes íons e das diferenças de constituição iônica entre os meios 
intracelular e extracelular, gerados pela bomba Na+/K+-ATPase. 
 
o Potencial de repouso cardíaco: membrana celular permeável ao 
potássio e baixa permeabilidade para sódio e cálcio. 
▪ Tendência à saída de potássio: devido ao gradiente químico e 
ao gradiente elétrico (potencial de membrana Vm). 
 
o Fases do potencial de ação determinada por permeabilidade iônica: 
principalmente ao Na+, K+ e Ca2+. 
▪ Variações na permeabilidade de membrana altera a intensidade 
do movimento desses íons através da membrana, modificando a 
voltagem da membrana (Vm). 
 
o Canais de potássio: presentes em diversos tipos, como canais 
dependentes de voltagem (Vm) ou de sinais químicos (Ex: acetilcolina). 
▪ Corrente retificadora de tardia de K+ (IK1): canal regulado por 
voltagem que controla fluxo de potássio na fase de repouso (fase 4). 
 
Figure VII.4: Potencial de ação de um 
cardiomiócito. Retirada da aula da 
Profa. Lisete C. Michelini - 2° Semestre 
– 2017. 
Figure VII.5: Concentrações dos íons sódio, potássio e cálcio em situação 
de repouso (fase 4). Adaptado da aula da Profa. Lisete C. Michelini – 2° 
Semestre – 2017. 
➢ Sequência de eventos do potencial de ação cardíaco 
o Fase 0 (despolarização rápida): situação em que um estímulo supera o 
limiar para estimulação do miócito, iniciando o potencial. 
▪ Influxo de sódio é o principal evento na despolarização rápida, 
movido por forças elétricas e químicas através de canais rápidos. 
▪ Aumento abrupto da condutância ao sódio (↑gNa): abertura dos 
canais de sódio ocorre em cerca de 0,1ms. 
▪ Inativação rápida dos canais de sódio: canais de sódio fecham-
se em 1 a 2ms, levando à queda abrupta da condutância (↓gNa), 
permanecendo inativos até a membrana iniciar a repolarização. 
• Período refratário do cardiomiócito: tem origem no 
fechamento dos canais de sódio, o qual pode ser aberto 
por outro aumento do potencial de membrana (Vm). 
• Período refratário absoluto ocorre quando os canais de 
sódio estão fechados e não respondem a novos estímulos. 
▪ Amplitude do potencial de ação, ou seja, a variação no 
potencial durante a fase 0 depende da concentração extracelular 
de sódio. Dessa forma, se a concentração de sódio extracelular 
for baixa demais, não haverá potencial de ação. 
▪ Variação no potencial celular: a entrada de sódio faz o potencial 
celular Vm subir de -90mV para +30mV. 
▪ Bloqueio pela tetradotoxina: toxina do peixe baiacu impede a 
abertura dos canais de sódio dependente de voltagem, o que 
consiste no princípio de tratamento de arritmias cardíacas. 
 
o Fase 1 (repolarização transitória): breve período inicial de repolarização 
limitada, resultado do fim da despolarização e início do platô. 
▪ Ativação da corrente transiente de efluxo (Ito) de potássio: 
gera um breve efluxo de potássio movido por forças elétricas e 
químicas. 
▪ Amplitude variável entre as células cardíacas, sendo mais 
proeminente em regiões epicárdicas e mesocárdicas da parede 
ventricular esquerda e nas fibras de Purkinje ventriculares. 
 
o Fase 2 (platô de despolarização): equilíbrio de entrada de cálcio e saída 
de potássio da célula cria um período em que o potencial celular está 
estável em cerca de 0mV. 
▪ Abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem: 
ativação e desativação ocorre muito mais lentamente que nos 
canais de sódio. 
• Canal de cálcio tipo L: lentamente inativados, que geram 
uma corrente de cálcio de longa duração. 
• Canal de cálcio tipo T: canais do tipo transiente, ativados 
em potenciais mais negativos e inativados mais rápido. 
▪ Efluxo de potássio: através de canais que conduzem as 
correntes de efluxo transitório (Ito) e as correntes IK e IK1 
(retificadores tardios). 
• Retificação para dentro: evita a perda excessiva de 
potássio com uma corrente de K+ diminuída. 
▪ Duração do

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