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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO CURSO DE DIREITO RAQUEL PIMENTEL DOS SANTOS TEORIA DA ESCADA PONTEANA BRASÍLIA 2020 2 RAQUEL PIMENTEL DOS SANTOS TEORIA DA ESCADA PONTEANA Trabalho apresentado como exigência parcial para conclusão da disciplina Direito Civil II, do Curso de Direito, pelo Instituto de Ensino Superior Planalto - IESPLAN. Professor: GUSTAVO DAYAHN BRASÍLIA 2020 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 2 CONCEITUAÇÃO DE FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO ................................... 5 2.1 Fato Jurídico ............................................................................................... 5 2.2 Ato Jurídico ................................................................................................. 6 2.2.1 Ato jurídico lícito ............................................................................... 6 2.2.2 Ato jurídico ilícito ............................................................................... 6 2.3 Negócio Jurídico ......................................................................................... 7 3 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: EXISTÊNCIA ................................................. 7 4 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: VALIDADE .................................................... 8 5 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: EFICÁCIA ..................................................... 8 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 10 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 11 4 1 INTRODUÇÃO Em rápida pesquisa em fontes jurídicas, observa-se que a contribuição de Pontes de Miranda é muito rica no campo do Direito. Segundo a Academia Brasileira de Letras, Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda nasceu em Maceió-AL, em 23 de abril de 1892, e faleceu aos 87 anos, em 22 de dezembro de 1979, no Rio de Janeiro- RJ. Em sua brilhante vida profissional Pontes de Miranda consagrou-se advogado, jurista, professor, diplomata e ensaísta. Ocupante da Cadeira 07 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1979, sucedendo Hermes Lima, foi premiado em 1921 e em 1925 com as obras “A Sabedoria dos Instintos e Láurea de Erudição” e “Introdução à Sociologia Geral, respectivamente. Na sua obra imensa, a parte mais numerosa é a bibliografia jurídica, dominada pelas perspectivas perenes do seu espírito múltiplo: concepção científica do Direito, progresso científico, liberdade, humanismo, visão poética, antitotalitarismo, senso da democracia, inspiração filosófica, preocupação ética. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS). Pontes de Miranda deixou um vasto legado publicado sobre direito público e privado. A obra de 60 volumes “Tratado de Direito Privado” merece particular destaque, sendo considerado por muitos como seu livro mais célebre e importante como jurista. A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – CONAMP em escrito sobre o jurista nos traz a informação que Miranda “exerceu o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) até o ano de 1939 e foi então transferido para a carreira diplomática, como embaixador da Colômbia”. Como grande estudioso, Pontes de Miranda tinha uma biblioteca grandiosa composta por mais de 16 mil volumes que hoje compõe parte do acervo do Supremo Tribunal Federal. Ao estudar a seara do Direito Civil, mais especificamente o campo dos negócios jurídicos, a citação de Pontes de Miranda é quase que obrigatória como fundamentação do estudo. Este trabalho visa, portanto, o estudo da Teoria da Escada Ponteana com abordagem nos seus três planos: Existência, Validade e Eficácia. 5 2 CONCEITUAÇÃO DE FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO Antes de adentramos no estudo da Teoria da Escada Ponteana, faz-se necessário a conceituação do que vem a ser Fato, Ato e Negócio Jurídico. 2.1 Fato Jurídico De acordo com o civilista Sílvio de Salvo Venosa, São fatos jurídicos todos os acontecimentos, eventos que, de forma direta ou indireta, acarretam efeito jurídico. Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como o usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com maior ou menor profundidade, consequências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos se apresentarem consequências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo. Assim também ocorre com os fatos relacionados com o homem, mas independentes de sua vontade, como o nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos em razão do trabalho. Depreende-se dessa conceituação que todos os acontecimentos que decorrem alguma consequência jurídica deixa de ser considerado um fato comum e recebe a caracterização de um fato jurídico. São os acontecimentos aptos a ocasionar efeitos jurídicos, tais como aquisição, modificação, transferência, conservação ou extinção de direitos. Pontes de Miranda (apud ALMEIDA, 2019, p. 16) conceitua o fato jurídico como (...) o fato jurídico é o que fica do suporte fáctico suficiente, quando a regra jurídica incide e porque incide. Tal precisão é indispensável ao conceito e fato jurídico (...) no suporte fáctico se contém, por vezes, o fato ou complexo de fatos sobre o qual incidiu a regra jurídica; portanto, o fato que dimana, agora, ou mais tarde, talvez condicionalmente, ou talvez não diname, eficácia jurídica. Não importa se é singular, ou complexo, desde que, conceptualmente, tenha unidade. 6 2.2 Ato Jurídico Ato jurídico é a ação humana, em sentido amplo, dividindo-se em lícitos e ilícitos. 2.2.1 Ato jurídico lícito Carlos Roberto Gonçalves, em sua obra Direito Civil Esquematizado (2011, p. 251), subdivide os atos jurídicos lícitos em 03 categorias: a) ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; b) ato-fato jurídico; c) e negócio jurídico. No ato jurídico em sentido estrito (stricto sensu) ou meramente lícito a consequência jurídica decorre da lei, como exemplo temos o reconhecimento da paternidade, não há qualquer margem de escolha da categoria jurídica. Entende-se no ato-fato jurídico que o ação humana decorrente não leva em consideração a vontade do agente, mas a lei sanciona a conduta não importando para a norma se o agente teve ou não a intenção de praticar o ato. Leva-se em conta a consequência do ato do indivíduo ignorando-se o intento. Atos-fatos jurídicos, de acordo com Pontes de Miranda (1970, p. 83 apud SCHREIBER, 2020, p. 318), “são atos humanos, em que não houve vontade, ou dos quais se não leva em conta o conteúdo de vontade, aptos, ou não, a serem suportes fáticos de regras jurídicas”. No que se refere ao negóciojurídico a conduta humana visa um fim permitido em lei, há um intuito negocial. Faz-se necessária uma vontade dos indivíduos envolvidos. 2.2.2 Ato jurídico ilícito Os atos jurídico ilícitos são as condutas humanas que violam a ordem jurídica causando dano a terceiro. Em preceito positivado no art. 186 do Código Civil Brasileiro “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 7 2.3 Negócio Jurídico Como explicitado anteriormente, negócio jurídico é toda conduta humana que visa um fim permitido em lei com intuito negocial onde faz-se necessária uma manifestação de vontade dos indivíduos envolvidos com efeitos de aquisição, modificação, transferência, conservação ou extinção de direitos. Considera-se o contrato como sendo a principal manifestação de vontade das partes envolvidas no negócio jurídico. Pontes de Miranda, ao lecionar sobre negócio jurídico, dividiu o instituto em três pilares os quais a doutrina denominou como escada ponteana. Abarca a existência, a validade e a eficácia dos negócios jurídicos. 3 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: EXISTÊNCIA O jurista alagoano Pontes de Miranda, em sua obra Tratado de Direito Privado, leciona que: Existir, valer e ser eficaz são conceitos tão inconfundíveis que o fato jurídico pode ser, valer e não ser eficaz, ou ser, não valer e ser eficaz. As próprias normas jurídicas podem ser, valer e não ter eficácia. O que se não pode dar é valer e ser eficaz, ou valer, ou ser eficaz, sem ser, porque não há validade, ou eficácia do que não é. A Teoria da Escada Ponteana, nome este atribuído devido ao seu célebre criador, Pontes de Miranda, é amplamente adotada pela doutrina e trata dos requisitos para a formação do negócio jurídico, quer seja: a existência, a validade e a eficácia. Segundo o jurista, ao debruçar o estudo sobre este instituto, deve-se analisar os requisitos mínimos para que o negócio jurídico realmente exista, sem os quais, torna- se inexistente. Para tal, é essencial, dentro do âmbito da existência, a presença dos seguintes elementos: agente, forma, objeto e vontade. É a análise pura do plano do ser. Ao analisar esse degrau da Escada Ponteana, é feita a verificação tão somente da existência ou não dos elementos agente, forma, objeto e vontade do negócio jurídico. Não há análise de validade ou invalidade do ato. “Pontes, resume bem que a manifestação de vontade é elemento essencial do suporte fáctico, que é o negócio; com a entrada desse no mundo jurídico, tem-se o negócio jurídico”. (ALMEIDA, 2019, p. 18). 8 Flávio Tartuce (2014, p. 201) dita que no plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. 4 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: VALIDADE Outro degrau da análise da Teoria Ponteana é a verificação da validade do negócio jurídico. Esse elemento encontra respaldo no art. 104 do Código Civil Brasileiro. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Como descrito no Código Civil, para que um negócio jurídico seja considerado válido o agente tem que ser capaz, o objeto do ato negocial deve ser lícito, possível, determinado ou determinável e a forma deve ser prescrita ou não proibida em lei. Um degrau não existe sem o outro, são complementares, tendo uma relação de dependência em relação ao outro “porque para que o negócio seja eficaz, é preciso primeiro que seja válido, e para que seja válido, é preciso que exista”. (ALMEIDA, 2019, p. 20). Mello (2014 apud ALMEIDA, 2019, p. 24) esclarece que neste plano é onde o direito fará a triagem entre o que é perfeito (que não tem qualquer vício invalidante) e o que está eivado de defeito invalidante. 5 TEORIA DA ESCADA PONTEANA: EFICÁCIA No que se refere ao último degrau da escada ponteana, há a análise do plano da eficácia. Mello (2014 apud ALMEIDA, 2019, p. 9) assevera que o plano da eficácia [...] é a parte do mundo jurídico onde os fatos jurídicos produzem seus efeitos, criando as situações jurídicas, as relações jurídicas, com todo o seu conteúdo eficacial representado pelos direitos ↔ deveres, pretensões ↔ obrigações, ações e exceções, ou os extinguindo. 9 Entende-se por eficaz o negócio que consegue atingir os efeitos pretendidos e a finalidade proposta pelas partes envolvidas. É quando há a produção de efeitos jurídicos por parte dos atos negociais Existir, valer e ser eficaz são conceitos tão inconfundíveis que o fato jurídico pode ser, valer e não ser eficaz, ou ser, não valer e ser eficaz. As próprias normas jurídicas podem ser, valer e não ter eficácia. O que não se pode dar é valer e ser eficaz, sem ser, porque não há validade, ou eficácia do que não é. (MIRANDA, 2000, t. 4, p. 49 apud BASHO NETO, 2019). 10 6 CONCLUSÃO Face ao exposto, conclui-se que o legado do jurista Pontes de Miranda contribuiu de forma significativa para o enriquecimento do Direito no Brasil e sua brilhante Teoria da Escada Ponteana a qual atribui a ideia de degraus aos planos de existência, validade e eficácia dos negócios jurídicos, mudou sobremaneira o entendimento acerca desse instituto. Ao estudar a seara do Direito Civil, mais especificamente o campo dos negócios jurídicos, a citação de Pontes de Miranda é quase que obrigatória como fundamentação do estudo. Por meio desse esquema lógico proposto pelo jurista, pode-se compreender a autonomia dos elementos formadores do negócio judicio e ao mesmo tempo a dependência de um degrau em relação ao outro. Pontes (1974, p. 15) leciona sobre os três degraus que existir, valer e ser eficaz são conceitos tão inconfundíveis que o fato jurídico pode ser, valer e não ser eficaz, ou ser, não valer e ser eficaz. As próprias normas jurídicas podem ser, valer e não ter eficácia. O que se não pode dar é valer e ser eficaz, ou valer, ou ser eficaz, sem ser; porque não há validade, ou eficácia do que não é. 11 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Diogo Krub de. A validade e a eficácia dos negócios jurídicos realizados por Blockchain. Revista de Direito da Empresa e dos Negócios, São Leopoldo-RS, v. 3, n. 01, 2019. Disponível em: <http://revistas.unisinos.br/index.php/rden/article/view/19998>. Acesso em: 03 maio 2020. BASHO NETO, Ken. 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