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ANALISANDO ALEIJADINHO: Estudos e Reflexões Profª: Gina Dinucci Disciplina: História da Arte V Aldenisse Albino Silva do Carmo - RGM 19138954 Beatriz Martins Evangelista Fernandes - RGM 19624018 Samanta Gonçalves Carlos RGM - 18746357 Vinicius Batista - RGM 1823867-3 ARTES VISUAIS 2020 Nascido em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, (antiga Vila Rica), Minas Gerais, no dia 29 de agosto de 1730 de acordo com a maioria dos pesquisadores, (pois sua data de nascimento ainda é um enigma). Antônio Francisco Lisboa, que devido a uma doença degenerativa, ficou mais conhecido como Aleijadinho, era filho do português Manuel Francisco Lisboa, o mestre de carpintaria, que chegou a Minas Gerais em 1728 e de sua escrava africana, na qual só se sabe o primeiro nome: Isabel. Observando o trabalho de seu pai que esculpiu em madeira uma grande variedade de imagens religiosas, e de seu tio Antônio Francisco Pombal, importante entalhador de Vila Rica, Aleijadinho aprendeu a esculpir e entalhar ainda criança, e no decorrer de sua vida artística, foi considerado o maior representante do barroco mineiro, sendo conhecido por suas esculturas em pedra-sabão, entalhes em madeira, altares e igrejas e também o mais importante artista brasileiro do período colonial. Na segunda metade do século XVIII, graças ao ouro, surgiram as ricas construções em pedra e alvenaria, foi nessa época, quando Minas Gerais liderava o movimento artístico da colônia, que Aleijadinho desenvolveu sua atividade de arquiteto e escultor. Tudo que aprendeu vem de experiência com seu pai, não teve formação acadêmica, apenas algumas aulas de latim e das primeiras letras. Em 1766, a primeira vez na carreira artística de Aleijadinho em que é mencionado, quando recebe a importante encomenda do projeto da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. Neste período seu reconhecimento era baixo, já que existia um grande preconceito contra mestiços e muitos de seus trabalhos foram feitos para confrarias e irmandades de brancos. Por tanto, já que Aleijadinho era mestiço, lhe foi proibido assinar suas obra e os livros de registro de pagamentos. Em 1777, no auge de sua fama, surgiram os primeiros sinais da lepra ou da sífilis, não se sabe ao certo a doença que o debilitou e deformou suas mãos e pés. Tancredo Furtado, num elaborado estudo, chega a estas conclusões: "A lepra nervosa é a única afecção capaz de explicar a mutilação (perda dos dedos dos pés e alguns das mãos), a deformidade (atrofia e curvamento das mãos) e a desfiguração facial, as quais lhe valeram a alcunha de Aleijadinho. A lepra nervosa (tipo tuberculóide da moderna classificação) é uma forma clínica não contagiosa, em que as manifestações cutâneas podem ser discretas ou mesmo ausentes. É relativamente benigna, poupa os órgãos internos e tem evolução crônica. Compreende-se assim, que Antônio Francisco Lisboa tenha vivido quase 40 anos após haver-se manifestado a doença que não o impediu de completar sua volumosa obra artística". (FURTADO, Tancredo. 1970) Apesar de suas limitações, devido a saúde afetada, Aleijadinho continuou com suas atividades, um ajudante o levava para toda parte e atava-lhe às mãos o cinzel, o martelo e a régua. Mesmo sofrendo com sua doença e com vários preconceitos pela sua condição de mestiço, sua genialidade acabou por consagrá-lo como escultor e projetista admirável, o maior gênio na arte colonial do Brasil. Ele veio a falecer em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 18 de novembro de 1814. Seu corpo foi sepultado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição do bairro de Antônio Dias, junto ao altar da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte. Nota-se que todo reconhecimento que ele adquiriu foi muito merecido, infelizmente ele sofreu muito por conta de sua raça, mas não se apegou a isso e venceu as barreiras que impediam o sucesso e valorização de suas obras. Além de preconceitos ele ainda foi acometido por uma doença que o debilitou, porém não o impediu de continuar sua arte, e por isso hoje é lembrando e chamado de grande mestre, seu legado carrega força, determinação e especialmente muita paixão por seu trabalho. Todas as obras de Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho podem ser encontradas no Estado de Minas Gerias, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João Del – Rei em Congonhas. Os principais monumentos que contam com as suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Outo Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. As obras de Aleijadinho são Movimento Barroco e Rococó, e faz parte da nossa arte colonial Brasileira. Nesta pesquisa vou comentar algumas obras de Aleijadinho, e uma que destaca entre várias são as 06 capelas dos Passos da Paixão na cidade de Congonhas em Bom Jesus de Matosinhos. Elas foram construídas bem depois de terminada a igreja, em 1796 é registrada a atividade de Aleijadinho e sua oficina na elaboração das 66 estátuas que compõem o conjunto, são divididas em seis capelas, que apresentam sete dos Passos da Paixão. A igreja fica no topo de uma colina e as capelas em uma descida, este cenário nos leva a semelhança do modelo do Sacro Monte, uma tipologia urbanística que busca reproduzir o caminho de Jesus em seus últimos dias, desde a Santa Ceia até dia morte na cruz. Fotografia 1 - Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Fonte: Wikipédia, 2010 Fotografia 2 - Santuário do Bom Jesus de Matosinhos Fonte: Samanta G. Carlos, 2018 Esta tipologia se desenvolveu a partir da conquista de Constantinopla pelos mouros em 1453, que dificultavam o acesso dos cristãos á terra Santa. Nesses montes estatuas em tamanho natural facilitavam a imitação da realidade e a identificação dos devotos com os eventos. O Sacro Monte conheceu grande impulso durante o período Barroco, em que se enfatizavam os aspectos da fé através de cenografias impactantes, dramáticas e luxuosas, destinadas a seduzir e arrebatar os devotos e levá-los por esses meios físicos à contemplação das glórias espirituais, tendo um propósito eminentemente didático e doutrinal. No Santuário de Congonhas o caminho de Jesus até o Calvário desenvolve-se em ziguezague, subindo por uma ladeira na qual organizavam-se procissões de penitência para expiar as culpas da sociedade opulenta do final do século XVIII neste importante centro minerador do Novo Mundo. Esta arquitetura foi desenvolvida para que o peregrino sentisse em seu próprio corpo as dificuldades que Cristo enfrentou, e ao mesmo tempo a medida que o devoto sobe vê as imagens na capela e a dor de Cristo perante seus últimos dias. Fotografia 3 – A Última Ceia Fonte: Wikipédia, 2010 Capela 1: A última Ceia. Este cenário nos remete a última ceia de Jesus com seus apóstolos. Conseguimos ver a presença teatral dos personagens, dramatização quando João reclina sua cabeça sobre o ombro de Jesus. Judas está sentado ao lado direito com uma bolsa de mordas, é o momento que Jesus vai anunciar que será traído. Todas as característica nos remetem ao Barroco Brasileiro. Fotografia 4 – Agonia no Horto das Oliveiras Fonte: Wikipédia, 2010 Capela 2: Agonia no Horto das Oliveiras. Neste cenário vemos João e Tiago, seus discípulos deitados ao chão dormindo, enquanto Jesus conversa com o anjo, nos levando a um sentimento de agonia, na expressão dramática do personagem. Fotografia 5 – Prisão de Jesus Fonte: Wikipédia, 2010. Capela 3: Prisão de Jesus. Este cenário composto por oito personagens bastante teatral e dramatização (característica muito forte do Barroco) nos leva a prisão de Jesus. Quem está ao seu lado direito é Pedro que levanta a espada para defender Jesus e corta a orelha do soldado, a orelha está na mão de Jesus pronto para fazer o milagre de recoloca-la, e Judas ao seu lado esquerdo faz cena que de surpreso. Fotografia 6 – Flagelaçãoe Coroação de Espinhos Fonte: Wikipédia, 2010 Capela 4: Flagelação e Coroação de Espinhos. Esta capela tem um diferencial porque é composta por duas cenas. Jesus está machucado no pescoço porque o levaram com uma corda, mas calmo e pacifico rodeado de soldados. Jesus está despido de suas roupas e de sua túnica, ficando coberto apenas por um pano. Nesta representação de Jesus conseguimos ver como Aleijadinho era detalhista e dominava o corpo humano, riqueza de detalhes e formas nos músculos do braço, do joelho. Na segunda cena temos Jesus sentado, vestido com um manto vermelho, coroa de espinho e segurando a guisa de cetro. Veja que um dos soldados segura uma placa escrita INRI, que significa Jesus Nazareno Rei dos Judeus. Todos esses objetos tem um sentido de ridicularizá-lo. Fotografia 7 – Subida do Calvário Fonte: Wikipédia, 2010 Capela 5: Subida do Calvário. Neste cenário temos 11 personagens, sendo a central Jesus carregando a cruz, duas crianças, uma mulher que chora e outra com a criança no colo, e seis soldados. Conseguimos ver no rosto de Jesus uma expressão de sofrimento olhando para mulher que chora, a criança em seu lado direito segura um cravo e como se fosse se soltar da mão do soldado e ir em direção a Jesus. Quando você olha pra foto, a colocação dos personagens, seu olho te leva a uma caminhada, parece que andam em direção ao calvário. Aleijadinho dominava esta teatralidade, essas cenas cheias de detalhes e curvas que o barroco remete. Fotografia 8 – Detalhe de Jesus na Subida do Calvário Fonte: Wikipédia, 2010. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aleijadinho_-_Senhor_dos_Passos.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aleijadinho_-_Senhor_dos_Passos.jpg Neste detalhe conseguimos ver a expressão de Jesus olhando para mulher que chora, a criança sem eu lado direito como se fosse se soltar da mão do soldado e ir em direção a Jesus. Fotografia 9 - Crucificação Fonte: Wikipédia, 2010. Capela 6: Crucificação Esta cena é composta por onze imagens. Jesus no centro deitado ao chão sendo pregado na cruz e um soldado que traz a cena pregando seus pés na madeira. Jesus nesta cena é comparado aos ladrões que estão ao seu lado direito, um com expressão de “coitado” e outro irritado. Perto dele se encontra uma mulher chorando e pedindo clemência a Deus, dois soldados a esquerda lançam dados para disputar os pertences que sobram de Jesus. Este cenário se completa na parede com a paisagem e duas cruz desenhadas. O Barroco está muito presente neste cenário com toda sua teatralidade, sua riqueza em detalhes e formas, expressão dramática nos personagens, o exagero de sentimentos, preferência pelas curvas e o tema religioso. Nesta parte do trabalho após decorrer sobre a vida e história desse artista que foi o mestre colonial mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, veremos as suas influências, o que o levou a esculpir e entalhar trabalhos que marcaram a história da arte, sobretudo a arte no Brasil. Vemos em Aleijadinho o carinho, zelo e cuidado para com o Sagrado, com as coisas litúrgicas, os detalhes e a forma com que tratou cada imagem, pois ali saberia eu estava retratando o mais profundo do sagrado e eliminando qualquer resquício de aresta sobre o profano. Tendo sua vida com tantos altos e baixos, idas e vindas isso não fez com que o artista brasileiro deixasse com que suas obras ficassem fracassadas ou caíssem no esquecimento, um acervo com diversas obras do artista retrata o quão o cuidado e expressão do artista eram depositados na obra. Resta, contudo, precisarem-se as origens de formação do escultor, um aspecto primordial em sua produção artística e que interessam diretamente ao estudo de suas obras. E como indicações de suas obras alguns biógrafos se destacam tais como Francisco Xavier de Brito, e de José Coelho Noronha, ambos artistas entalhadores de renome no período, e que atuaram como mestres de Aleijadinho. Não se pode deixar de mencionar, a influência de gravuras europeias, principalmente registros de Santos de origem germânica, e com as quais as imagens do Aleijadinho apresentam afinidade estilística. Vindo do período barroco e com a influência da igreja Católica, fez com que Aleijadinho tivesse esse olhar cuidadoso para suas obras, o olhar de um filho para com uma mãe ao esculpir os detalhes que foram entalhados para que realçassem a beleza de cada peça, de cada uma de suas obras. É possível identificar o estilo único de Aleijadinho, na deformação dos corpos, nos olhos amendoados e no esmero dos panos, isso era uma de suas marcas influenciadas por momentos em que o mesmo passou em sua vida. As influências trazidas de Lisboa, período em que o artista viveu também contam muito para a formação e criação de suas obras. Influências europeias e africanas também podem ser observadas em algumas de suas obras, que mais uma vez ressalta aquilo que aqui mesmo foi citado sobre o cuidado do artista. Toda a sua bagagem de vida, toda sua trajetória é claro que contou muito para a formação de seus projetos, a influência do pai, arquiteto de grande projeção na época, e do pintor e desenhista João Gomes Batista, que exercia as funções de abridor de cunhos da Casa de Fundição da então Vila Rica, também foram fundamentais para compor esse artista que hoje vemos. Referências SANTUÁRIO DO BOM JESUS DE MATOSINHOS. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <https://cutt.ly/XgjQJVu>. Acesso em: 18 out. 2020. EscritórioDeArte.Com. Aleijadinho. Disponível em: <https://www.escritoriodearte.com/artista/aleijadinho> Acesso em: 17 de Out. de 2020. DIANA. Daniela. Aleijadinho. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/aleijadinho/> Acesso em: 17 de Out. de 2020. GIRON, Luís Antônio. A Inspiração de Aleijadinho. Isto É, 2018. Disponível em: <https://istoe.com.br/a-inspiracao-de-aleijadinho/>. Acesso em: 18 de out. 2020
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