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Artigo O ENCARCERAMENTO FEMININO UMA ANÁLISE ACERCA DA MULHER TRANS NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

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O ENCARCERAMENTO FEMININO: UMA ANÁLISE ACERCA DA MULHER 
TRANS NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
 
 
Dayane de Souza Jácomo 
Geovana Silva Pereira 
Guilherme Portes Lúcio 
Izabela Paixão Saar 
Maria Fernanda Couto Viana 
Maria Rita Rodrigues Saar 
 
RESUMO 
O presente artigo tem como objetivo discutir acerca da problemática que envolve o 
sistema prisional brasileiro no contexto do encarceramento feminino, dando ênfase à 
mulher transexual. O fio condutor da pesquisa foca na realidade atual, fazendo uma 
ponte entre os princípios constitucionais da dignidade humana e os entendimentos 
recentes acerca da problemática. Assim, inicialmente, se perquiriu tratar dos 
paradoxos da aplicação o Direito Penal no contexto do poder punitivo estatal, e a 
influência que isso traz para os transexuais encarcerados. Ademais, a pesquisa se 
propõe a refletir brevemente sobre os empasses vivenciados pela mulher que cumpre 
pena e a realidade propriamente dita da mulher trans encarcerada, revelando que o 
sistema prisional do nosso país padece de graves problemas estruturais que o tornam 
ilegítimo no contexto do Estado de Direito. Portanto, o artigo procura destrinchar tais 
questões, concluindo pela imperiosa necessidade de se repensar completamente todo 
o Sistema de Justiça Penal e, outrossim, a própria concepção do Poder Punitivo no 
âmbito do sistema prisional. 
Palavras-chave: Encarceramento. Mulher Trans. Execução penal. Presídios. Direito. 
Sociedade. Sistema. Maternidade. Precariedade. 
 
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Sumário: Introdução. 1. Aspectos gerais na realidade da mulher encarcerada no 
Brasil. 2. Conceito de transexualidade feminina. 3. As dificuldades na inserção da 
mulher transexual no atual sistema punitivista. 4. O cumprimento de pena das 
mulheres transexuais no Brasil. Considerações Finais. Referências Bibliográficas. 
 
Introdução 
A presente pesquisa, abordará sobre a situação do encarceramento feminino 
no Brasil dando ênfase a situação da mulher trans na realidade do sistema prisional 
brasileiro, abordando questões que retratem a convivência carcerária que corrobora 
para a violação da dignidade da pessoa humana, a igualdade e demais violações a 
direitos fundamentais dentro desta realidade. 
O objetivo da desenvoltura desta pesquisa é analisar e abordar as 
transgressões sofridas pelas mulheres transgêneros, visto já enfrentarem grande 
preconceito no convívio social e, ainda assim, lidarem diariamente com a 
discriminação pelo fato de ainda estarem em uma sociedade “conservadora”, fazendo 
com que, infelizmente, sejam expostas a todo tipo de violência no ambiente carcerário. 
A situação se precariza ainda mais diante a limitação existente entre a diversidade do 
gênero feminino e masculino, não existindo amparo legal que englobe essa 
comunidade no âmbito do sistema prisional brasileiro. 
Dentro dos presídios, as mulheres trans enfrentam inúmeros problemas de 
inclusão, a começar pela falta de estrutura nos ambientes internos das unidades, visto 
ficarem altamente expostas ao risco de sofrerem estupro, espancamentos, 
humilhações, torturas e inúmeras outras agressões, frutos do preconceito pela sua 
sexualidade. 
Portanto, o tema a que se cuida o presente estudo, embora pouco abordado 
pelos tribunais e mídia, é de extrema relevância social. 
Desse modo, o objetivo principal é demonstrar o tratamento e a realidade da 
população transexual perante o cárcere do sistema prisional brasileiro, onde estima-
se que haja o cumprimento da obrigação do Estado, que tem o dever de garantir o 
mandamento do art. 1.º, inciso III, sendo o princípio basilar da CONSTITUIÇÃO 
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FEDERAL DE 1988 - a dignidade humana, bem como em seu art. 3.º, inciso IV, no 
qual prioriza – “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, dando ênfase que é garantido 
direitos iguais a todos os indivíduos, independentemente de sua orientação sexual, 
bem como o devido respeito a qualquer outra pessoa deste país. 
Todavia, no mundo real, a população transexual segue na luta em busca de 
seu reconhecimento, assim como de seus direitos e garantias fundamentais frente à 
sociedade e, também, aos presídios, diante da triste realidade de insegurança 
vivenciada no ambiente carcerário. 
Por fim, o presente estudo vem discutir e sugerir providências que podem ser 
tomadas para que haja, de fato, a preservação dos direitos humanos e garantias 
fundamentais da Mulher Trans no sistema prisional. 
1. Aspectos gerais na realidade da mulher encarcerada no Brasil 
A Constituição Federal de 1988 traz, em seu artigo 1.º, inciso III, o princípio 
basilar de todos os preceitos jurídicos, qual seja, a dignidade do ser humano, 
prevendo, de igual modo, em seu artigo 3.º, a obrigação do Estado e de toda a 
sociedade em promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. A vista disso, é garantido a todos 
o bem-estar, independentemente de sua escolha sexual. 
Todavia, a população transexual lida com uma realidade diferente, onde a 
discriminação de uma sociedade dita como conservadora se prepondera, refletindo 
diretamente no âmbito carcerário prisional brasileiro, submetendo esta população a 
todos os tipos de violências e desrespeitos constitucionais. 
A situação se intensifica dada a limitada disparidade de gênero entre homens 
e mulheres nas prisões (excluindo pessoas transexuais), e a falta de apoio legal 
concreto na comunidade para regular as unidades prisionais, tendo em vista que é 
dever do Estado garantir a segurança, seja ela física ou psíquica, de todos os 
encarcerados, bem como garantir a reintegração dos presos à sociedade. Durante 
anos, a população transgênero tem lutado pelo reconhecimento social e carcerário de 
seus direitos humanos e garantias básicas. 
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Nesse sentido, tem-se que nos presídios brasileiros, as mulheres trans 
enfrentam diversos desafios, a contar pela ausência de estrutura das celas, ficando 
completamente expostas e suscetíveis às situações de extremo risco, como o estupro, 
agressões físicas, dentre outras ocasiões vexatórias. 
Posto isso, é valido ressaltar que a instituição prisional foi inicialmente criada 
para a população masculina, com a real finalidade de ressocializar para, só então, 
devolvê-los à sociedade como um cidadão transformado. Não obstante, observa-se, 
no âmbito prisional, que esta finalidade não é alcançada, tendo em vista as 
superlotações nos presídios, transformando-os, assim, em uma “escola do crime”, 
ocasionadas pela alta taxa de criminalidade e pela falta de aparato estatal no exercer 
de seu caráter educativo. 
Em meio a isso, tem-se que, para as mulheres, o cárcere é a fonte de opressão 
de gênero e desigualdade. E ainda, para as mulheres transexuais o cenário é ainda 
pior, pois são tratadas como invisíveis em uma realidade cruel, desumana e machista, 
com as celas superlotadas, carecem de materiais higiênicos e roupas íntimas, têm 
condições médicas precárias e a maioria não tem acesso à hormonioterapia, 
preservativos e tratamento para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, 
nem assistência psicológica. Em síntese, a mulher transexual não dispõe da mesma 
oportunidade humana, tendo em vista que, ao serem encarceradas, são duplamente 
penalizadas, isto é, pelo fato delituoso, e por sua orienteção sexual, que nada deveria 
interferir na igualdade enquanto pessoa portadora de direitos. 
Veja-se o relato de Vitória R. Fortes, uma mulher trans, detenta em um presídio 
masculino de Minas Gerais: 
[...] era obrigada a ter relação sexual com todos os homens das celas, em sequência. 
Todos eles rindo, zombando e batendo em mim. Era ameaçada de morte se contasse 
aos carcereiros. Cheguei a ser leiloada entre os presos. Um deles me ‘vendeu’ em troca 
de 10 maços de cigarro, um suco e um pacote de biscoitos. [...]fiquei calada até um 
dia em que não aguentei mais. Cheguei a sofrer 21 estupros em um dia. Peguei hepatite 
e sífilis. Achei que ia morrer. Sem falar que eu tinha de fazer faxina na cela e levar a 
roupa de todos. Era primeira a acordar e a última a dormir [...]. (ROSA, 2016) 
Diante o exposto, fica clara a desumanidade e o tratamento altamente 
degradantes com as mulheres trans na prisão. Podemos afirmar, portanto, que 
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violência contra pessoas trans é uma realidade dentro e fora das prisões e um 
problema social. A falta de respeito pelo outro, mesmo por um grupo, é prova de 
instabilidade social. Além disso, o fato de mulheres trans serem obrigadas a cumprir 
pena dentro do complexo masculino tem levado a violação de seus direitos e diversas 
restrições e desrespeitos, como exposição destas, durante o banho de sol, obrigação 
de cortar o cabelo, a proibição de seguir com tratamento de hormônios, além dos 
diversos abusos cometidos dentro das celas pelos demais presidiários. 
2. Conceito de transexualidade feminina 
O conceito trans abrange três gêneros: Transgênero, transexual e travesti. O 
conceito transgênero se dá por uma pessoa que está em discordância com 
determinado sexo biológico que nasceu e como se identifica. Contudo, também 
existem aquelas que, além de não se identificarem com o gênero, optam pelo 
consumo de hormônios (estrogênio e testosterona), e cirurgia de redesignação sexual, 
que são chamados de transexuais. As travestis, são homens que se caracterizam 
como mulheres, apesar de, atualmente, ser um termo político. Além das 
classificações, vale ressaltar sobre as identidades de gêneros, que se caracterizam 
por como as pessoas se apresentam perante a sociedade. 
O termo “transgênero” surgiu em meados do século XX, através dos estudos 
da psicologia americana, para descrever o “transtorno de gênero”. Em textos sumérios 
e acádios antigos, relatam sacerdotes transgêneros e travestis, que foram conhecidos 
com gala. No Império Romano, Heliogábalo, que era um imperador conhecido por 
seus escândalos religiosos e sexuais, que preferia ser chamado de “senhora” e 
cogitada por cirurgia de redesignação de sexo, sendo assim, uma das primeiras 
figuras trans conhecida. 
A Organização Mundial da Saúde, retirou a transexualidade da lista de 
transtornos mentais em 2018, que antes, na Classificação Internacional de Doenças 
(CID), era considerada como transtorno de identidade de gênero, e atualmente, sendo 
conhecido como incongruência de gênero. 
De acordo com a ONG Transgender Europe, em uma pesquisa feita em 2016, 
o Brasil foi considerado o país onde acontecem mais assassinatos contra travestis. 
Além de toda a violência, existe um sofrimento em relação a oportunidades, tendo em 
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vista o preconceito, que dificultam a inserção dessa classe na sociedade e nas 
atividades laborais. 
A luta por direitos LGBT é um a data simbólica em todo o mundo, sendo 
comemorada no dia 28 de junho. Neste dia, em 1969, iniciou diversas manifestações 
e protestos nos Estados Unidos, contra práticas abusivas de autoridades policiais. 
Confrontando a repressão, deu origem ao Dia da Liberdade Gay e surgiu a famosa 
Parada Gay que acontecem em diversos países todos os anos. 
3. As dificuldades na inserção da mulher transexual no atual sistema punitivista 
As últimas décadas do século XX e o início do século XI deixaram claro que as 
sociedades em um mundo globalizado estavam em uma verdadeira crise no que diz 
respeito aos poderes punitivos e à capacidade dos Estados de prevenir e coibir o 
crime. Claramente, o direito penal, o sistema penal e toda a lógica relacionada aos 
poderes punitivistas estão em crise. De fato, a ideologia punitiva há muito tempo 
justifica a oposição aos direitos humanos porque a realidade mostra que, de acordo 
com a teoria jurídica atual, as funções clássicas de repressão e sanções penais nunca 
atingem plenamente seus objetivos. Especialmente quando se trata de minorias 
sociais, neste caso a comunidade transsexual. 
No Brasil, a punição tem três finalidades: a) a conjectura absoluta entende a 
punição como meio de fazer justiça, e não apenas como punição; b) a conjectura 
relativa visa prevenir novos crimes e prevenir a reincidência; e c) a conjectura mista, 
mesclando as conjecturas anteriores, busca castigar o infrator e atuar para prevenir 
novas condutas criminosas. 
Mesmo não existindo mais castigos corporais, novas configurações de punição 
continuam a aparecer, porém, não mais de forma estritamente física, entendendo o 
corpo como figura política, padronizando-o de acordo com a aceitação social, e 
entendendo a prática como uma instituição submissa, esta é uma característica da 
intervenção criminal moderna. Como as prisões são consideradas punitivas e 
privativas de liberdade, a Lei de Execução Penal foi promulgada para promover 
princípios e regras que regem a execução das penas para resguardar os direitos e 
garantias dos sentenciados. Ele ainda oferece que o condenado ou detido receberá 
todos os direitos não afetados pela sentença ou pela lei (Brasil, 1984), sem contar que 
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trouxe nova redação ao código penal ao certificar que todos os direitos não afetados 
pela perda para de sua liberdade. 
Porém, essa não é a realidade observada nas prisões, o Brasil possui uma das 
maiores taxas de encarceramento do mundo. Se os presídios têm apresentado uma 
série de sofrimentos, graves violações de direitos humanos aos presos, sejam eles 
homens, mais gravemente mulheres, sem falar nos transexuais, pessoas que 
escolhem a identidade e até mesmo a forma de se expressar, diferente daquelas que 
lhes são atribuídas ao nascimento. 
A Constituição Federal estabelece em seu art. 5. Inciso XLVI, que garante que 
a punição dos infratores varia de pessoa para pessoa, levando-se em conta todas as 
suas peculiaridades, de modo que não seja apenas aplicáveis, mas também 
efetivadas. O que ocorreu, porém, foi uma homogeneização do assunto, sem levar em 
conta sua especificidade. Portanto, os presos devem ser considerados como 
indivíduos no verdadeiro sentido, como sujeitos de direitos. Embora o Estado tenha 
estabelecido a igualdade para todos, não vê discriminação de pontos. A Resolução 
Conjunta nº 1, de 15 de abril de 2014, que estabelece os parâmetros para a aceitação 
da privação de liberdade LGBT no Brasil, cujo artigo 4º estipula que homens e 
mulheres transexuais devem ser encaminhados para presídios femininos, ou seja, 
estipula que todos trans se enquadram na mesma categoria, o que confirma a lógica 
normativa heterossexual da sociedade. Da mesma forma, existe a ADPF 527, por 
meio de decisão proferida pelo ministro Luis Roberto Barroso, em suma, as mulheres 
trans podem decidir se serão colocadas em presídio masculino ou feminino. 
Os Fatores condicionantes, "gênero" e "sexo" são considerados fatores 
decisivos levados em consideração dentro do sistema penal no momento da prisão. 
A discussão acerca da padronização de gênero e a caracterização de sua essência 
vale não só para as mulheres cisgênero, mas também para as mulheres transexuais. 
Após inúmeros debates e campanhas sobre o assunto, houve um foco na alocação 
de pessoas trans para celas apropriadas, apropriadas e separadas por gênero para 
melhor proteger sua integridade física e mental. Os juízes carecem de orientação 
sobre os aspectos sociais das pessoas trans, de modo que preconceitos, estereótipos 
e bom senso são amplamente percebidos, como sendo classificados como agentes 
ainda atuantes na aplicação do direito penal. 
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Vale ressaltar que para essa parcela social, o preconceito está arraigado há 
muito tempo, e a negligência do direito penal inevitavelmente trará transtornos ao 
indivíduo. Notadamente, há a necessidade de estimular a visibilidade trans, uma das 
formas de discriminação que ocorre cotidianamente na sociedade e é fortemente 
replicada na atuação do judiciárioe de outras instituições estatais. Ao longo do último 
século, as mulheres tiveram sucesso na luta para alcançar a segregação de gênero 
nas prisões. Então, as pessoas trans enfrentam a mesma situação e têm lutado por 
seus direitos e respeito. A partir da representação do movimento LGBTQI+, 
começaram as mudanças, aumentando a visibilidade do grupo denunciado. A 
investigação das respostas à opressão e desrespeito aos direitos no âmbito do 
encarceramento, tornaram-se necessárias no reconhecimento de tratamentos 
específicos e importantes para a comunidade trans. 
É importante salientar que todos os que participam do sistema social prisional, 
como presos, agentes penitenciários, parentes ou conviventes, estão sujeitos ao 
preconceito por a prisão ser vista como local de abandono, principalmente quando 
surgem questões de gênero, a situação da população transgênero encarcerada é 
exacerbada. Se fora do presídio a população trans é severamente marginalizada, 
dentro do regimento é ainda pior. Do ponto de vista jurídico, nenhuma norma 
inconstitucional dedicada às minorias transgêneros foi imposta no sistema prisional, 
ou seja, o direito penal e as prisões reproduzem os valores da cultura burguesa de 
exclusão social sob o guarda-chuva da exclusão social. A violência contra pessoas 
trans é uma realidade dentro e fora das prisões e é, em primeiro plano, uma questão 
social. 
Ao estigmatizar esse grupo, não só incentiva a violência ou agressão contra 
elas, como também deixa de promover as condições necessárias para sua segurança, 
física, mental e psicológica, bem como o estabelecimento de parâmetros de saúde 
para quem vive nas prisões. Em todos os abusos que as prisões representam contra 
as pessoas LGBT, fica evidente o desrespeito à identidade de gênero e o descaso 
com suas situações de vulnerabilidade. Embora a Resolução 11 tenha estendido o 
uso de nomes sociais (já garantidos pelo Decreto 8.727) ao sistema prisional, as 
diretrizes não foram respeitadas, gerando burocracia e invisibilizando as 
necessidades da população LGBT nos presídios. Embora as pessoas trans tenham 
conquistado alguns direitos, dadas as realidades de preconceito e discriminação, 
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ainda há muitas questões a serem discutidas quando se trata de fornecer garantias 
legais para essa população marginalizada, especialmente quando se trata de 
aplicação da lei. 
Assim, esta análise se justifica pelo crescente debate sobre as questões de 
identidade de gênero em relação às pessoas trans e a luta pelo reconhecimento no 
campo jurídico múltiplas identidades inseridas na sociedade, indivíduos que se 
manifestaram de forma diferente do “heterotradicionalismo” no campo da sexualidade 
batalham há muito tempo. A era evolutiva dos verdadeiros direitos humanos suprimiu 
o ímpeto avassalador dessa minoria e deu voz àqueles que requeriam ficar em silêncio 
por longos períodos. É salutar repensar a estrutura carcerária de forma a preservar os 
direitos fundamentais dos cidadãos pois o aparato jurídico contemporâneo acabará 
contribuindo para a manutenção de um sistema de segregação, principalmente contra 
mulheres trans. Não atender às suas características únicas, as diferenças serão mais 
mascaradas e isso pode levar a mais violência e vingança. 
O fato é que a realidade do sistema prisional apresenta muitas falhas, levando 
em consideração as necessidades específicas das questões de gênero, a dificuldade 
de acesso aos itens femininos, entendidos como roupas, cosméticos, produtos para 
cabelo e unhas; e outros relacionados, por exemplo, acesso aos hormônios. Questões 
igualmente relevantes merecem destaque, envolvendo a convivência com outros 
detentos e até mesmo com agentes penitenciários diante de situações vexatórias, 
quanto mais violência, tanto física quanto psicológica. 
Dessa forma, pode-se dizer que as pessoas trans nos presídios são vítimas de 
todas as formas de violência, não só de quem convive com elas, mas de todo o 
sistema prisional, pois suas necessidades não estão sendo atendidas, o respeito a 
elas. à identidade de gênero é virtualmente invisível. 
É claro que o sistema atual não protege os direitos das pessoas trans, muito 
menos leva em conta os homens. Notadamente, além de todas as violações sofridas, 
o sistema penal também o vê como invisível devido à falta de dados oficiais sobre a 
população carcerária LGBT na Pesquisa Nacional de Informações Penitenciárias do 
Ministério da Justiça e Segurança Pública. A falta dessas informações dificulta a 
implementação de programas voltados para esse tema. 
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A violência que sofreram não começou na prisão. Mesmo a marginalização de 
pessoas trans é um fator em seu encarceramento. Em decisão recente, o ministro Luis 
Roberto Barroso decidiu que mulheres trans devem cumprir pena em presídios 
femininos. A medida cautelar foi proposta pela Associação Brasileira de Lésbicas, 
Gays e Transexuais, pedindo ao STF que decida enviar transgêneros e travestis para 
presídios femininos. Em fevereiro de 2018, Barroso já havia ordenado a transferência 
de duas travestis do Presídio Presidente Prudente para um presídio feminino. Essa 
decisão poderia suprir a falta de uma ala específica para pessoas LGBT na maioria 
das prisões e reduzir a violência contra detentos e funcionários prisionais. Em 2014, 
a Comissão Nacional de Combate à Discriminação emitiu uma resolução federal 
acolhendo a privação de liberdade da população LGBT, mas não foi suficiente. 
Mulheres trans detidas em presídios masculinos sofrem diversos tipos de violência, 
como estupro, violência psicológica e física, discriminação e todo tipo de humilhação. 
Com isso, apesar das muitas mudanças que permitiram que transgêneros e travestis 
usufruíssem de um ambiente mais digno e inclusivo, o sistema punitivo persiste em 
não aceitar a causa, criando um ambiente de desigualdade e preconceito. 
4. O cumprimento de pena das mulheres transexuais no Brasil 
Após compreender o conceito de mulher transexual, é possível analisar seus 
direitos e as previsões legais que resguardam suas concretudes. Visto isso, sabe-se 
que o Estado Brasileiro reconhece na esfera cível através de suas políticas de 
afirmações e decisões judiciais a mulher transexual como pertencendo ao gênero 
feminino. No entanto, na esfera criminal ainda há discussões, ao cometer um ato 
delitivo, por exemplo, ocorre à condenação ao comprimento de uma pena privativa de 
liberdade e a observância deste direito não é analisado, na maioria das vezes o 
transexual é encaminhado para um estabelecimento masculino para efetivar o 
cumprimento da execução penal, o que acarreta uma série de problemas, gerando 
violação expressa à dignidade da pessoa humana. Nesse sentido Alexandre de 
Moraes, em sua obra “Direito Constitucional”, conceitua dignidade como: 
“Um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na 
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a 
pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo 
invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de modo que, somente 
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, 
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mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas 
enquanto seres humanos e a busca ao Direito à Felicidade” 
Assim, visando justamente compreender a singularidade da aplicação de tal 
princípio basilar do Direito, é que a discussão em torno da execução da pena de 
mulheres transexuais se mostra pertinente. 
Em sede de uma possível adaptação, em 2014 uma Resolução conjunta nº1 de 
15 de Abril da Presidência da República e do conselho ao combate à discriminação 
prevê que pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas 
para as unidades prisionais femininas, já que, por óbvio, tal entendimento visa coibir 
que abusos, violências e mortes ocorram com mulherestransexuais em presídios 
masculinos, pois o maior índice de discriminação e abusos está concentrado 
justamente nestes. 
Apesar disso, por falta de recursos e até mesmo capacitação e entendimento 
dos próprios diretores presidiários, nem sempre esta regra é seguida. No mesmo 
sentido, o Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2018, se posicionou a favor da 
transferência de transexuais para o presídio feminino, devendo ser tratadas pelo nome 
social, tendo direitos e garantias conforme o gênero, como peças íntimas, ter o direito 
de manter o cabelo na altura dos ombros, de modo que garanta, de alguma forma a 
dignidade do transexual na prisão, tendo fundamento na resolução conjunta, que 
estabelece novos parâmetros de acolhimento a membros da comunidade LGBT – 
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais. (Jurídico, 2018) 
Em 26 de julho de 2019, o então ministro Luiz Roberto Barroso, determinou, 
em sede de liminar, que presas transexuais que são identificadas como mulheres tem 
o direito de cumprir suas penas em prisões femininas 
Barroso diz: 
“Trata-se de providência necessária a assegurar a sua integridade física e psíquica, 
diante do histórico de abusos perpetrados contra essas pessoas em situação de 
encarceramento. Não há, no caso, uma opção aberta ao Poder Público sobre como 
tratar esse grupo, mas uma imposição que decorre dos princípios constitucionais da 
dignidade humana, da liberdade, da autonomia, da igualdade, do direito à saúde e da 
vedação ao tratamento cruel e à tortura.” 
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Assim, analisando detidamente às decisões, entende-se que hodiernamente é 
possível apenas a transferência de transexuais mulheres e homens para presídios 
femininos, mas não é possível a transferência de transexuais masculinos para as 
prisões masculinas, devido, principalmente, a vulnerabilidade nestas unidades 
prisionais. Conforme a 46 Reunião Ordinária do CNCD/LGBT, realizada em 23 e 24 
de agosto de 2018, na qual diz que: 
ART. 5°. Transexuais e travestis devem ser encaminhadas para unidades prisionais, 
de acordo com os parágrafos abaixo: 
[...] 
Parágrafo 2° Os homens trans devem ser encaminhados a unidades prisionais 
femininas, devido a situação de vulnerabilidade dentro das Unidades masculinas. 
Vale salientar, que de modo diverso, por meio de ADPF (Ação de 
Descumprimento de Preceito Fundamental) 527 Distrito Federal o ministro Barroso 
STF (Supremo Tribunal Federal), excluiu as travestis do direito ao cumprimento de 
pena em presidio feminino, argumentando que sua tipologia se diferencia das 
transexuais visto que, as transexuais não seguem seu sexo biológico e desejam 
assim, modificá-los. 
Apesar de tudo, essas resoluções e entendimentos não são capazes de 
extinguir todas as dificuldades relacionadas às mais diversas violações sofridas pelas 
mulheres transexuais, no entanto, se demonstram como um começo essencial, um 
caminho fundamental para a visibilidade dos direitos da mulher transexual, devendo o 
Estado se atentar para que sejam aplicadas, na prática, todas as garantias. 
Considerações Finais 
Como visto, o tema aqui desenvolvido é, sem sombra de dúvidas, de grande 
relevância, em que pese ser ignorado pela sociedade. Como sabido, a falta de 
aceitação daqueles rotulados como “diferentes” pelos que se dizem “normais”, é 
gigantesca, resultando na imediata exclusão dessas pessoas. 
A transexualidade que, em tempos remotos, já foi considerada um transtorno 
mental pela Organização Mundial da Saúde, ainda hoje é encarada com estranheza 
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e repúdio no Brasil, país este que já foi considerado campeão em assassinatos de 
travestis. 
Ocorre que, por serem duramente discriminadas em seu convívio social e ante 
a falta de oportunidades, pessoas LGBTQIA+ acabam sendo levadas a cometer 
crimes para que possam sobreviver ou, até mesmo, são lançadas à margem da 
sociedade por outros motivos, inclusive por vício em entorpecentes. 
Por outro lado, no âmbito dos presídios brasileiros, o problema se agrava ainda 
mais, vez que o sistema prisional é falho em proteger essa minoria das agressões, 
dos abusos sexuais e de outras barbaridades que são praticadas com grande 
frequência em tais estabelecimentos. Isso porque ainda há mulheres trans e travestis 
ocupando as mesmas celas que homens cisgêneros, o que faz com que elas se sintam 
sempre inseguras diante do preconceito vivenciado. 
É cediço que a Constituição Federal de 1988, ao elencar os direitos e garantias 
fundamentais, previu direitos iguais à todas as pessoas, sem permitir que haja 
qualquer tipo de discriminação, sendo que a atual realidade do sistema prisional 
brasileiro, de forma gritante, vem passando por cima do princípio mais importante da 
Carta Magna: o da dignidade da pessoa humana. 
Apesar de algumas mulheres trans já cumprirem pena em presídios femininos, 
fato é que a grande maioria ainda sofre em estabelecimentos prisionais masculinos 
com o desrespeito, bem como violência física e psicológica, motivo pelo qual se faz 
extremamente necessário que o governo crie políticas de inclusão, tanto fora, como 
dentro dos presídios. 
Lamentavelmente, o que se vê hoje em dia é uma sociedade machista, incapaz 
de ofertar respeito àqueles que não atendem aos requisitos preconceituosos definidos 
por seus antepassados, estes que viveram em uma época de escasso conhecimento 
e, praticamente, nenhum acesso à informação. 
Concluindo, o que se espera é um país seguro para todos, principalmente para 
as mulheres trans e travestis que passam pelo processo de ressocialização, estas 
que, apesar de seus crimes, são detentoras de direitos e merecem ter sua dignidade 
preservada, além de uma reinserção adequada em uma sociedade inclusiva. 
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Referências: 
CONTEÚDO JURIDICO – MULHERES TRANGENEROS ENCARCERADAS E AS 
VIOLAÇÕES DE DIREITOS SOFRIDAS NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO - 
POR JOBERTH VINICIUS ALMONDES SILVA- 03 dez2021 ( DISPONIVEL 
EM:https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/57810/mulheres-
transgneros-encarceradas-e-as-violaes-de-direitos-sofridas-no-sistema-prisional-
brasileiro) https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/57810/mulheres-
transgneros-encarceradas-e-as-violaes-de-direitos-sofridas-no-sistema-prisional-
brasileiro 
 
BONINI, LUCI MENDES DE MELO, BARBOSA, JAQUELINE DE SOUZA- 
TRANSEXUALIDADE NO CARCERE – 09/11/2020- (DISPONIVEL EM: 
https://jus.com.br/artigos/86607/transexualidade-no-carcere 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE1988 
 
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