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Projeção e fantasia - Melaine Klein

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1.1 Projeção
A projeção é um mecanismo importante para a formação das relações de objetos, assim como a construção do mundo interno e a personalidade. Sua utilização tem inicio desde a primeira infância nos primeiro meses de vida, perdurando durante a vida adulta na adaptação das relações de objeto juntamente com a introjeção. Eles são mecanismos fundamentais para a vida emocional e cognitiva (Oliveira, 2007).
O conceito de projeção está intimamente ligado com o conceito de introjeção e juntos formam dois mecanismos de um só processo durante a tenra infância e se estendem para a vida adulta. Para Melanie Klein, na identificação projetiva o bebê utiliza de mecanismos de defesas e projeta (escinde) partes do self em um objeto (seio bom e seio mau) diante de uma ansiedade persecutória para alívio do ego. Ao passo que certos aspectos do self estão projetados no objeto ainda há certa ligação libidinal entre o objeto e o psiquismo, fazendo com que ocorra a introjeção integrada do seio bom e partes cindidas do seio mau por meio de impulsos orais. Esse tipo de introjeção está ligado à fase que chamamos de narcisismo, mas não se limita a ela (Klein, 1946).
Ao passo que a criança se defronta com as ansiedades persecutórias, o ego lança mão de certos mecanismos de defesas por meio da projeção como: cisão, idealização e negação. Esses mecanismos de defesas arcaicos são utilizados para o alivio das ansiedades persecutórias e como proteção do ego (Klein, 1946).
Na cisão, a criança cinde o objeto (seio materno) entre seio bom e seio mau, projetando aspectos maus do self no seio frustrador, sentindo-o como fragmentado e o tornando alvo de ataques por meio de impulsos sádicos orais e sádico anais e uretrais. O seio bom permanece integrado e visto como fonte de satisfação de suas necessidades e é tomado para dentro por meio da sucção. Ao cindir o objeto, o ego também é cindido ao passo que se torna necessário um seio bom que contrabalança esses processos de cisão e dispersão do ego. Aqui, a projeção se origina da deflexão da pulsão de morte para fora e ajuda o ego a superar a ansiedade livrando-o do perigo (Klein, 1946). 
Na idealização ocorre a exaltação de aspectos do seio bom, o tornando como único e negando o seio mau. Aqui, o exagero dos aspectos do seio bom (seio idealizado) surge como proteção contra o seio perseguidor. A negação do seio perseguidor está intimamente relacionada com a cisão do objeto e os fortes sentimentos de onipotência da mentalidade arcaica (Klein, 1946).
Como vemos, o mecanismo da projeção é importante para a vida psíquica como forma de aliviar as ansiedades persecutórias que aflige o ego durante a tenra infância, porém não se limita à essa fase. A projeção está presente em qualquer relação de objeto durante a vida adulta e compreendê-la se torna imprescindível na técnica psicanalítica.
1.2 Fantasia
Um dos pressupostos básicos de Klein é que o bebê, mesmo no nascimento, possui uma vida de fantasia ativa. Enquanto Freud enfatizava os primeiros anos de vida, Klein destacava a importância dos primeiros 4 a 6 meses. Para ela, os bebês não começam a vida com uma tela em branco, mas com uma predisposição herdada de reduzir a ansiedade que experimentam em consequência do conflito produzido pelas forças do instinto de vida e do instinto de morte.
Essa vida de fantasia ativa proposta por Klein, já desde o nascimento do bebê, são representações psíquicas dos instintos inconscientes do id; portanto, não devem ser confundidas com as fantasias conscientes das crianças mais velhas e dos adultos.
Quando Klein (1932) escreveu sobre a dinâmica vida de fantasia dos bebês, ela não sugeriu que os recém-nascidos conseguissem colocar os pensamentos em palavras. Ela simplesmente queria dizer que eles possuem imagens inconscientes de “bom” e “mau”. Por exemplo, um estômago cheio é bom; um vazio é mau. Assim, Klein dizia que os bebês que adormecem enquanto sugam os dedos estão fantasiando ter o seio bom da mãe dentro deles. Da mesma forma, os bebês com fome que choram e esperneiam estão fantasiando chutar ou destruir o seio mau. 
À medida que o bebê amadurece, as fantasias inconscientes conectadas com o seio continuam a exercer um impacto na vida psíquica, mas também surgem novas fantasias. Uma dessas fantasias envolve o complexo de Édipo, ou o desejo da criança de destruir um dos pais e possuir sexualmente o outro. Como essas fantasias são inconscientes, elas podem ser contraditórias. Por exemplo, um menino pode fantasiar que está batendo em sua mãe e tendo bebês com ela. Essas fantasias se originam, em parte, das experiências do menino com a mãe e, em parte, das predisposições universais de destruir o seio mau e incorporar o bom. 
Referencias:
Klein, M. (1946). Nota sobre alguns mecanismos esquizóides.
Oliveira, M. P. (2007). Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Sociedade Winnicott.

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