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ANÁLISE DE PROJETOS E ORÇAMENTO EMPRESARIAL AULA 3 Prof. Clecio Steinthaler 2 CONVERSA INICIAL Olá, aluno. Nesta aula, vamos estudar o processo de planejamento na elaboração de um projeto, sua análise descritiva, seu processo de diagnóstico e as opções alternativas em função de mudanças de cenários. Também vamos analisar as etapas para a elaboração de um projeto, as propostas representadas de um sistema de informações e a formatação do documento final de um projeto. Na sequência, vamos analisar os fatores que levam ao fracasso dos projetos e seu equilíbrio financeiro representado pela relação entre gastos e retorno desejado. Posteriormente, vamos verificar que a dimensão de um projeto deve estar delimitada pela capacidade de crescimento da própria organização. Analisaremos o processo de integração entre o objetivo do projeto e todas as áreas envolvidas, como custos, recursos humanos e qualidade. Também faremos um retrospecto quanto à mensuração dos riscos inerentes aos projetos e, por fim, estudaremos o escopo de um projeto, como sendo seu objetivo principal, e seus processos integradores. CONTEXTUALIZANDO O que é planejar? Segundo Chiavenato (2004), O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente as atividades que devem ser desempenhadas, além de quais objetivos serão alcançados, visando dar condições para que a empresa se organize a partir de determinadas análises a respeito da realidade atual e futura que se pretende alcançar. Assim, planejar significa visualizar antecipadamente as ações que ocorrerão na empresa e que visam alcançar os objetivos por ela propostos. Então, estudar um projeto é fazer um planejamento voltado para o futuro, antecipando ações e diminuindo riscos. Portanto, o planejamento é uma ferramenta importante, pois a tomada de decisões deve ser feita de modo racional, com informações, sem se basear no empirismo ou em decisões emocionais. Então, quer descobrir essa técnica? 3 TEMA 1 – ELABORAÇÃO DE PROJETOS: PROCESSO DE PLANEJAMENTO Todo processo de planejamento para a elaboração de um projeto deve seguir uma sequência lógica e racional, a qual deve passar obrigatoriamente pela elaboração de um pré-projeto, com sua análise descritiva, na forma de um diagnóstico de viabilidade, opções alternativas em função de mudanças de cenários, propostas representadas pela forma de um sistema de informações e, finalmente, a elaboração final do projeto. Essas etapas são inter-relacionadas e obedecem a uma sequência. Figura 1 – Fases da elaboração de um projeto A seguir, vamos discorrer sobre cada uma dessas fases. 1.1 Fase 1: estudo de viabilidade Esse processo inicia-se com a organização da própria equipe, que deve ter um caráter multidisciplinar, evitando-se um excesso de tecnicismo, ou de euforia prática. O ponto principal é o balanceamento entre o tecnicismo e a vivência prática, mas estabelecendo limites próprios de atuação. Recomenda- se, ainda, que essa equipe seja composta de pessoas distribuídas em escalas hierárquicas, em funções atribuídas, mas todas devem estar envolvidas, direta ou indiretamente, com todas as fases do projeto. Trata-se da utilização de um modelo de gestão participativo, em que cada indivíduo tem a sensação de valorização do próprio trabalho e, por consequência, uma responsabilidade maior com a totalidade do projeto. 1 •Fase 1 •Estudo de viabilidade 2 •Fase 2 •Diagnóstico quanto ao conjunto do projeto 3 •Fase 3 •Alternativas quanto a eventuais mudanças de cenário 4 •Fase 4 •Propostas quanto à implantação 5 •Fase 5 •Plano final 4 Essa fase é extremamente importante, pois ela analisa, de forma global, todo o projeto, delimitando os objetivos a serem alcançados, as fontes de recursos, o tratamento jurídico e contábil do processo, 1.2 Fase 2: diagnóstico É o momento em que se verifica a viabilidade ou não do projeto, ou seja, é feita a aprovação das equipes estruturadas para desenvolvê-lo. E a decisão é tomada em função dos estudos desenvolvidos na fase 1 (estudo de viabilidade), porque, nesse momento, são considerados elementos que não podem ser mensurados com precisão, como decisão estratégica para ampliação de mercados, reposicionamento mercadológico etc. Trata-se de uma análise para fundamentar uma decisão prévia sobre a realidade na qual o projeto se desenvolverá. Em outras palavras, trata-se da leitura técnica do projeto, em que destacamos os possíveis problemas e as dificuldades que possam surgir. 1.3 Fase 3: alternativas Após a análise diagnóstica do projeto, devem ser propostas alternativas viáveis aos possíveis problemas e às dificuldades elencadas. A moderna administração estratégica não pode ser estrutura em palpites, achismos, ou mera intuição, sem embasamento lógico. É preciso criar métodos que possam oferecer segurança na hora da tomada de decisões e, em especial, minimizar os riscos a que o projeto está submetido. Portanto, as alternativas devem seguir uma metodologia, conforme exposto na figura a seguir. 5 Figura 2 – Metodologia de projeto Alguns autores sugerem que nesse ponto seja utilizada a análise SWOT (sigla oriunda do idioma inglês, que é um acrônimo de Forças (strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats), detectando pontos fortes e fracos do projeto. Outros autores sugerem que seja feito um benchmarking, que é a comparação sistemática dos processos planejados com outros já existentes ou utilizados, a fim de melhorar os padrões e os processos a serem utilizados. Esse processo permite que outro mais fragilizado seja adaptado com outro de maior desempenho, que já tenha sido utilizado. 1.4 Fase 4: propostas As informações obtidas na fase 3 devem ser agrupadas quer seja por tópicos, quer seja por fases de implantação. O importante é que esse sistema de informações esteja disponível aos interessados e aos envolvidos diretamente no projeto. O objetivo nessa fase deve ser transformar um futuro estimado em um futuro possível. Lembre-se de que na fase de planejamento estamos propondo medidas que buscam alterações de cenários, portanto, é recomendável que não se perca jamais de vista a realidade em que o projeto será desenvolvido. “Podemos ter a cabeça nas nuvens, mas os pés devem estar no chão.” Esse quadrante permite que se transcenda de um quadrante previsível para um desejável. Articulação aos vários componentes do projeto. Qualificação que torna executável o projeto. Integração ao projeto. 6 Afinal, cabe ao gestor, nessa fase de planejamento, alinhar as alternativas propostas com os objetivos desejados. Atenção: até esse momento não foi executada nenhuma ação de operacionalização do projeto, trata-se da última fase do planejamento, que deve ser aprovada por todos os envolvidos. A aprovação do projeto pelas partes envolvidas deve ser formal, com protocolos e assinaturas, obtendo-se, assim, o compromisso tácito de implantação. Esse processo não reflete apenas a aceitação do projeto, mas contribui para que todos os envolvidos se sintam compromissados sobre as expectativas e as dificuldades deste. Trata-se de um documento que deve ser semelhante a um contrato, onde as partes estipulam seus direitos e suas obrigações. As informações quanto à descrição do projeto serão objetos de estudo da próxima aula. TEMA 2 – ELABORAÇÃO DE PROJETOS E PROCESSO DE DESCRIÇÃO Já estudamos as etapas para a elaboração de um projeto, agora passaremos para a fase em que o projeto é objetivamente escrito. É imperioso que o projeto seja transcrito na forma de um documento, que não deixe dúvidas quanto às partes envolvidas, quer sejam as pessoas diretamente ligadas a ele, quer sejam investidores. Um índice alto de fracasso em projetosocorre quando não são seguidos adequadamente os passos para sua elaboração. Como consequência, o projeto não é integralmente traduzido em um texto (documento) que formalize sua implantação, sem deixar dúvidas às partes interessadas. Sem esse processo, o projeto pode tornar-se um documento “remendado”, sofrendo várias mutilações, distorcendo seu objetivo original, com as pessoas diretamente envolvidas perdendo a visão nítida e clara do objetivo. No processo de descrição, é fundamental que o projeto seja estruturado na forma de um documento escrito, em todos os seus quesitos, para que não restem dúvidas às partes interessadas envolvidas, quer sejam os elementos que vão operacionalizá-lo, quer sejam os próprios investidores. 7 Sua descrição mínima deve conter: apresentação, justificativa, objetivos, metas, estudos preliminares, pontos fortes e fracos, cronograma e orçamento. Trata-se de um documento que reflete a aceitação final ou não do próprio projeto. Quanto à apresentação propriamente dita, é a última fase do projeto a ser feita. Recomenda-se que seja na forma de um resumo, contendo todos os principais elementos que o compõem, como: objetivos, onde será desenvolvido, operacionalidade, cronograma, pontos fortes e pontos fracos, alternativas de cenários etc. Uma boa apresentação é o início da constituição da imagem do projeto. Portanto, deve ser, no mínimo, boa para que a imagem dele também o seja. Convém destacar que a apresentação do projeto deve ser iniciada com uma justificativa, uma proposição de sua importância, descrevendo um cenário onde será realizado. Essa descrição deve ser objetiva, descrevendo precisamente as características do projeto, registrando cada detalhe com fidelidade fotográfica, sem o uso de subjetividade e, especialmente, isentar-se do uso de qualquer termo que possibilite múltiplas interpretações. Na área pública, essa apresentação pode ser chamada de plano diretor, pois é a razão de ser do próprio projeto. Essa justificativa deve conter os elementos essenciais que justifiquem a implantação do projeto, portanto, sua descrição deve conter dois elementos básicos: 1. importância; 2. abrangência. A importância trata da descrição dos benefícios que serão gerados pela execução do projeto. Já a abrangência delimita, de forma espacial e temporal, a ação que será demandada e, em especial, nomeia os beneficiários do próprio projeto. São inúmeros os tópicos a serem abordados nesses dois quesitos, como a própria organização, que pode passar a ter uma maior participação de mercado, ou ainda atingir novos mercados, aumentar seus lucros e sua rentabilidade etc. Do lado funcional, o ganho pode ser retratado na forma da geração de novos empregos, com todos os ganhos sociais advindos (férias, 13º salário, planos de saúde e odontológico). 8 No campo social, o crescimento econômico é gerado pelo aumento de impostos a serem pagos e pelo aumento da própria renda da população, que, ao ganhar mais, passa a gastar mais, impulsionando a economia e gerando novos empregos indiretos. Atenção: Quando a justificativa é falha em seu conteúdo, quer seja por excesso de otimismo, quer seja de pessimismo, ela pode provocar desconfiança com o projeto e, por consequência, com as pessoas nele envolvidas. Trata-se de uma simples questão: Teremos ou não credibilidade? Quanto aos objetivos, eles devem expressar o que o projeto determina e quais serão os resultados desejados. Por via de regra, devem estar alinhados com: a missão da empresa; os objetivos da empresa; os objetivos organizacionais, como cultura, imagem etc.; os objetivos do projeto. Esse encadeamento lógico mostra de que forma o projeto está consolidado nas diretrizes estratégicas da empresa, pois cada um deve ter seus próprios objetivos, não sendo recomendado a elaboração de projetos que apenas copiem elementos de outro existente. Cada projeto deve manter sua característica de ser único e original. Atenção: uma simples cópia não é benchmarking, pois não apresenta uma análise das melhores práticas identificadas nos concorrentes. Os objetivos de um projeto devem ser determinados em sua quantidade e conteúdo em função da realidade que se pretende intervir, obedecendo as características da empresa que o desenvolveu. Vamos contextualizar essa questão? Imagine o caso de uma empresa que deseja aumentar sua participação de mercado em 10%. Para isso, desenvolve um projeto agressivo de expansão de mercado, com estratégias fortes de marketing, mas esqueceu de analisar que esse aumento de participação no mercado representa um aumento em sua linha de produção na ordem de 40%, e não possui uma planta produtiva flexível para atender a essa nova demanda. Como consequência, haverá novos pedidos com atrasos de entregas, problemas de logística e, por final, a imagem da empresa será atingida. 9 Vamos falar das metas? Os objetivos descrevem as pretensões que um projeto visa atender no futuro, e as metas são os pontos que se pretende atingir ao longo da execução do próprio objetivo. Imagine uma empresa que deseja aumentar suas vendas totais em 5% num prazo de 5 meses. Para tanto, ela desenvolve um projeto que contemple esse objetivo (aumento das vendas em 5% no prazo de 150 dias), mas estabelece metas que devem ser atingidas ao longo do processo de execução do projeto. Figura 3 – Metas A quantificação e a qualificação, com prazos e percentuais de crescimento definidos, permitem acompanhar o projeto e fazer intervenções específicas entre as fases, a fim de corrigir desvios que possam comprometer o resultado final do projeto. O importante é que as metas sejam distribuídas uniformemente e atendam aos recursos disponibilizados para cada fase do projeto, para que não fujam do objetivo final proposto. E quanto aos estudos preliminares e ao cronograma? Eles são importantes para se conhecer o ambiente onde o projeto pretende intervir. Os dados colhidos nessa fase devem ser apresentados na introdução, pois retratam a relação do projeto com o ambiente onde ele estará inserido. O cronograma é a consolidação do período temporal com os resultados esperados. Se não houver um cronograma bem elaborado, que estipule o início e o fim de cada fase, todos os recursos do projeto poderão ser consumidos antes de seu término, gerando a questão: Novos investimentos a serem alocados, ou o fim do projeto sem sua conclusão final? O cronograma pode ser entendido como um gráfico, onde estão descritos os procedimentos e as metas a serem alcançadas ao longo da execução do projeto. 10 Para Luck (2003, p. 124), o cronograma correlaciona o tempo com os resultados intermediários e finais, possibilitando um parâmetro de monitoramento e avaliação para as diversas fases do projeto. Elaborar um cronograma é desenvolver um documento que possa distribuir o tempo necessário para cada fase. Portanto, fases mais longas e de maior complexidade demandam um tempo maior; as mais simples, um tempo menor. Segundo a autora, para a elaboração de um cronograma, devemos estruturá-lo conforme a resposta dada a estas questões básicas: Sabemos, então, que um cronograma é a representação gráfica da distribuição das atividades do projeto, sempre considerando o tempo e os recursos necessários para sua execução. Os tipos comumente utilizados de cronograma são o gráfico de Gantt ou cronograma de barras. Sua composição é bastante prática, pois trata-se de uma lista na vertical, onde estão descritas as atividades, e no topo, na horizontal, o período de duração dessas mesmas atividades. E quanto à dimensão do projeto, como otimizá-lo? Vamos ver como tratar desse assunto? TEMA 3 – TAMANHO DO PROJETO E SUA OTIMIZAÇÃO O equilíbrio financeiro é fundamental para a existência das organizações, e essa regra tambémé válida para o desenvolvimento de um projeto. Não se pode criar um projeto sem levar em conta a relação entre gastos, retorno desejado e dimensão do mercado que se deseja atingir. A sustentabilidade do equilíbrio financeiro de uma organização somente pode ser atingida em níveis exatos de produção, portanto, a escala que se deseja atingir – quer seja na Qual é o melhor momento para a realização de determinada tarefa? Qual é a melhor sequência de procedimentos a ser seguida? Qual é o tempo necessário para que cada objetivo seja cumprido? Como podem ser organizadas as atividades em função das suas prioridades e do tempo disponível para o projeto? O cronograma e o tempo destinados atendem aos objetivos do projeto? 11 produção, quer seja em serviços – é o fator delimitador de um projeto e, até mesmo, o definidor de sua continuidade ou não. Logo, a dimensão de um projeto deve estar delimitada pela capacidade produtiva da organização em oferecer produtos/serviços. Portanto, seu tamanho é o reflexo do quanto a empresa pode aumentar sua produção. Vamos imaginar que um marceneiro possa produzir apenas uma cadeira por dia e tenha contratado um especialista em marketing para um projeto de aumento de vendas. Com o projeto, teve um aumento de vendas e, para atender aos pedidos, deve fazer cinco cadeiras por dia. Como controlar a qualidade em um trabalho onde o valor está exatamente na característica limitada de produção? Qual é o quesito principal que o projeto não atendeu? (Delimitar seu objetivo.) Com isso, entende-se que o tamanho de um projeto é o reflexo da capacidade de produção de bens ou serviços que serão ofertados. Mas como resolver esse problema? De uma forma bastante prática! Por meio da economia de escala. Ao estruturar um projeto com uma escala de produção de produtos/serviços de forma gradativa, já diretamente relacionada com os elementos fundamentais de objetivos, escopo, metas etc., estamos garantindo sua sustentabilidade ao longo das fases, pois os custos estarão detalhados de forma fracionada, segundo cada fase a ser implantada. Na verdade, trata-se do processo de economia de escala (detalhamento dos custos, vinculados ao tamanho do projeto). Segundo Cosenza (2002, p. 106), as economias de escala podem ser classificadas em duas categorias, conforme exposto a seguir. 1. Reais ou técnicas Atendem a todos os fatores técnicos que possam influenciar no processo produtivo. Ex.: fator trabalho (mão de obra x tempo de produção) e fator capital (equipamentos x insumos). 2. Pecuniária Tratam das estratégias que possam permitir ganhos, ou economia de recursos financeiros. Ex.: aquisições em grandes lotes para redução de preços; programas de capacitação que reflitam melhores práticas, com redução de custos. 12 É importante lembrar que, no processo que determina o tamanho do projeto, existe um componente puramente financeiro. Resumidamente, devemos saber medir para poder gerenciar. Esse equilíbrio deve ser estruturado na própria elaboração do projeto, antes de qualquer atividade que o operacionalize, pois, caso ocorram projeções pessimistas, ele pode ser cancelado sem perdas significativas. Woilert e Mathias (1996, p. 134) alertam que os valores de custo devem se relacionar com as produções a médio e longo prazos, influenciando a viabilidade econômica do projeto. Considere, ainda, os fatores econômicos, como mão de obra, gastos de infraestrutura etc., procurando manter o valor do projeto o mais próximo possível da realidade em que vai ser desenvolvido. Para isso, pode-se utilizar um sistema de informações eletrônico, ou mesmo simples planilhas, com gráficos de gastos e cronogramas de prazos. Atualmente, há diversos softwares que fazem esse trabalho com muita exatidão, como o Project, da Microsoft, e vários outros. É interessante notar que esses recursos já trazem embutidos em sua estrutura o modelo de gráfico de Gantt, que é um cronograma que correlaciona as atividades com seu tempo de execução, relacionando-as com os recursos disponibilizados, o que, tecnicamente, é conhecido como histograma de recursos. Você sabe como dimensionar os custos em um projeto? Vamos dar uma rápida olhada nesse processo? Os gastos são todas as despesas não vinculadas diretamente ao setor produtivo, como marketing, salários da administração, despesas de telefone do escritório etc. Já os custos estão vinculados diretamente à produção, como salários dos funcionários, matéria-prima, luz gasta na produção etc. Como os custos são vinculados à produção, podem ser: fixos – Não variam conforme a quantidade de produção da empresa, sendo também chamados de custos invariáveis. Ex.: aluguel do barracão de uma fábrica. 13 variáveis – Variam segundo a quantidade produzida. Ex.: matéria-prima, luz empregada no uso de máquinas de produção etc. Realmente não é fácil determinar o tamanho ideal de um projeto, mas, se não esquecermos de vincular o tamanho do projeto a seus custos, essa decisão fica mais fácil. Um roteiro bem simples pode ser elaborado da seguinte forma: Essa relação surge pelo simples fato de que toda organização está sempre em um processo hostil de sobrevivência, pautando-se ora em função de eficiência técnica, ora em função de suas necessidades financeiras. Em um projeto, recomenda-se que os custos variáveis sejam vinculados ao aumento de produção estimado, enquanto os custos fixos devem permanecer constantes. Os custos podem ser o fator determinante para definir o tamanho de um projeto. O procedimento é simples: cruzar os custos com os possíveis recursos disponíveis. 14 Nesse cenário competitivo, um projeto bem elaborado é como um diálogo social, permitindo que as organizações criem sistemas sociotécnicos que promovem mudanças e transformações, possibilitando adaptações constantes aos ambientes onde estão inseridas. TEMA 4 – GESTÃO DE PROJETOS: PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO, COMUNICAÇÕES E RECURSOS HUMANOS O controle é parte fundamental na gestão de processos de um projeto. Quando falamos das áreas de conhecimento de um projeto, estamos nos referindo a todas em que está fundamentado o projeto. Trata-se de um processo de integração entre o objetivo do projeto e todas as áreas que estejam envolvidas, como custos, recursos humanos, qualidade e mensuração dos riscos. Figura 4 – Integração Assim, a gestão de um projeto está no gerenciamento de sua integração com todas as áreas e pessoas envolvidas. Deve ser um processo participativo, em que o projeto deve estar incorporado por inteiro entre todas as partes. O gestor deve “vender” o projeto entre as áreas. Vamos conceituar essa ideia? A gestão está vinculada a um processo de administração. Já a integração, como o próprio nome diz, trata de um processo integrativo. A junção dos dois objetivos – gestão e integração – refere-se ao processo de administrar algo de Integração Custos Recursos Humanos Qualidade Riscos 15 modo a atender e consolidar um todo, um objetivo maior, e não uma relação fragmentada e desconexa de partes. Percebeu a importância do gestor em promover a integração entre as partes? O todo sempre será maior que uma de suas partes, mas, se uma delas não estiver funcionando direito, apresentará problemas, e não cumprirá seu objetivo. Todo projeto que passa a ter uma administração fragmentada, sem um gestor objetivo e determinado, comprometido com sua missão, normalmente tem um resultado desastroso, seja pelo abandono completo do projeto, seja pelo descontrole de tempo e de custos que também tendem a encerrar um projeto antes de sua conclusão. Outra questão importante na gestão integrativa de projetos é a manutenção da equipe, pois a troca constante de seus elementos não forma uma equipe madura suficiente para uma gestãoeficaz e eficiente de um projeto. Deve-se entender que cada projeto gera um aprendizado, que capacita as pessoas, portanto, a cada novo projeto, as pessoas devem trazer seu histórico de aprendizado. Figura 5 – Estrutura usual de implantação de um projeto Outro fator importante para a gestão e a integração de um projeto é defini- lo dentro de um espaço físico. Assim, a equipe e todos os envolvidos, de forma direta ou indireta, passam a ter um referencial, uma localização espacial para onde se dirigirem em caso de dúvidas ou problemas. Normalmente, esse local deve ser onde está o gestor, porque a função dele é estar nos locais onde o projeto é desenvolvido. 16 Definido o espaço gerencial, temos, então, o escritório de gestão, local apropriado para dialogar com os diversos setores organizacionais e de onde sairá três documentos extremamente importantes para a condução do projeto. 1. Termo de abertura do projeto: documento que registra a existência formal do projeto e que delimita os poderes e a competência do gestor. Escala hierárquica da equipe (supervisor, encarregado etc.). Podemos chamar esse documento de “certidão de nascimento do projeto”. 2. Declaração de escopo do projeto: documento que diz exatamente o que, quando e como deve ser realizada cada fase do projeto. 3. Plano de gerenciamento do projeto: documento que retrata e define como o projeto é executado, monitorado, controlado e encerrado. Existem ferramentas que auxiliam e podem simplificar esse processo, mas o bom desempenho dessa atividade está centrada basicamente na criatividade e no comprometimento da equipe e todo seu acompanhamento pode ser desenvolvido em planilhas e documentos, os quais devem ser estruturados pelos envolvidos no projeto. Figura 6 – Visão geral dos principais processos integradores de um projeto Fonte: Adaptado de PMI, 2004, p. 79. O gestor do projeto exerce a autoridade compartilhando sua responsabilidade nos processos de tomada de decisão, mas cabe a ele a função da divulgação dos resultados da equipe. Para facilitar essa função, deve adotar 17 indicadores de desempenho em todas as fases do projeto, a fim de corrigir anomalias existentes. Esse sistema de informações pode ser desenvolvido pelo próprio gestor, mas deve ser simples e eficiente para que a equipe perceba de imediato seu desempenho. Pode ser utilizado um gráfico de barras, que mede o desempenho do projeto em termos percentuais (%), ou ainda sinalizadores em cores (vermelho, amarelo e verde) para destacar o desempenho. Muita atenção Pouca atenção Satisfatórios Todo processo de gestão sempre será garantido pelas relações humanas. Por esse motivo, deve-se definir o papel de cada um na equipe, de modo que seja possível trabalhar livremente, orientando-os apenas quanto ao resultado obtido, ou seja, a medição entre o que havia sido previsto e o que foi realizado. Esse processo de gestão deve intermediar os interesses e os objetivos da empresa com os dos funcionários, gerando motivação, crescimento e desenvolvimento. TEMA 5 – GESTÃO DE PROJETOS: ESCOPO, QUALIDADE E RISCOS O escopo pode ser resumido como sendo o objetivo principal do projeto e está contido nos processos integradores deste, quando é elaborado o termo de abertura e o escopo propriamente dito. Sua composição deve conter três elementos básicos, conforme descrito a seguir. 1. Termo de abertura: deve comtemplar os tópicos abaixo. a. designação do gerente de projetos e seu nível de autoridade; b. designação do supervisor e demais componentes; c. objetivo do projeto; d. objetivos e justificativas do projeto; e. cronograma sumarizado; f. orçamento sumarizado. 2. Documentação dos requisitos A documentação dos requisitos descreve como cada necessidade exigida pelo projeto será atendida e como elas estão atreladas aos objetivos finais desejados. 18 3. Ativos de processos organizacionais Estão relacionados aos processos que vão contribuir para o sucesso do projeto. Os ativos de processos organizacionais referem-se à estrutura para a gestão do projeto, podendo ser: localização de um escritório/local para a gestão do projeto; planos formais, diretrizes e procedimentos, normas e políticas internas da organização; requisitos de comunicação, gerenciamento de questões, controles financeiros e tratamento de riscos; procedimentos de qualidade, auditorias, listas de verificação e acompanhamento do projeto arquivos com base de conhecimento dos projetos antigos (lições aprendidas, dados históricos etc.). Em resumo, gerenciar o escopo é atender previamente a todas as necessidades do projeto. Tendo identificado as principais fases, subfases e programas específicos de um projeto, o passo seguinte é estabelecer uma sequência lógica para a realização das tarefas. Quando estabelecemos um processo sequencial lógico, estipulamos o tempo necessário para cada fase, afinal, todo projeto tem datas inicial e final, cabendo ao gestor fatiar o período intermediário entre as diversas fases, atribuindo um tempo, conforme a complexidade de cada operação. Resumindo: detalhado o conteúdo do projeto, o próximo passo é o processo de coordenação do tempo. Menezes (2009, p.148-149) propõe, por motivos estratégicos, a aplicação de quatro datas, conforme exposto a seguir. PDI Tempo de execução PDT UDI Tempo de execução UDT 19 Onde: PDI = Primeira Data de Início PDT = Primeira Data de Término UDI = Última Data de Início UDT = Última Data de Término Assim, no PDI, temos a primeira data em que o projeto deve ser iniciado e, por consequência, o estabelecimento de sua data final (PDT). Refere-se a uma programação normal, sem qualquer tipo de problema maior. Mas, se houver atrasos na implantação do projeto, por qualquer motivo, ou durante sua fase de execução, o gestor conseguirá, de imediato, reajustar todo o cronograma, atendendo ao último período limite estabelecido (UDT) de forma rápida e eficiente, não comprometendo o resultado final nem fazendo uso desnecessário de recursos adicionais. Em um projeto, todo atraso pode comprometer sua rede de distribuição de disponibilidades dos recursos. A minimização desse problema está no estabelecimento prioritário das atividades, em que uma atividade específica só pode ser iniciada quando todas as precedentes estiverem concluídas. Trata-se de vincular pré-requisitos para cada atividade. Quando a UDI não for respeitada, deve-se repensar todo o cronograma do projeto, pois todos os demais prazos estarão comprometidos, uma vez que as fases devem ser interdependentes. Em caso da possibilidade de não se conseguir respeitar a UDT, a equipe de gestão deve adotar medidas corretivas imediatas, a fim de evitar o iminente fracasso generalizado do projeto. A elaboração de um cronograma, com a inclusão dessas datas, é um importante documento de trabalho, pois permite flexibilizar e coordenar a execução do projeto ao longo do tempo, garantindo, de forma harmoniosa, sua execução. Vimos a formação das equipes, sua organização e o controle do tempo, mas e os recursos? Os recursos demandam dinheiro, então podemos conceituá-los como os custos a serem administrados pela organização. Há dois modelos usados para o estabelecimento dos custos de um projeto e os investimentos necessários: 1. Método top down (de cima para baixo); 2. Método bottom-up (de baixo para cima). 20 Independentemente dos valores a serem investidos, devem estar vinculados a um projeto de retorno (objeto de estudo na unidade de viabilidade econômica). Os fatores que interferem na linha dos custos devem ter monitoramento permanente, evitando-se mudanças incorretas ou bruscas de custos que possam impactar no resultado final estimado. Agora, vamos falar do risco. A palavra risco apresenta a ideia do “perigo iminente”,ou seja, algum evento que pode interferir na vida das pessoas. Quando falamos em risco, não estamos nos referindo ao presente, mas projetando, pois o risco projeta-se no futuro, e nossa missão é minimizá-lo. Os principais fatores de risco em um projeto são: falta de recursos; falta de capacidade técnica; ambiente de implantação hostil ao projeto; falta de estrutura administrativa; falta de acompanhamento e supervisão. Para se avaliar os riscos de um projeto, deve-se considerar: a natureza de eventuais riscos; os fatores potenciais de risco; as consequências advindas de cada risco detectado. O monitoramento e o controle de riscos devem ser atos constantes e permanentes em cada projeto, e os prováveis riscos devem ser identificados e mapeados seguindo uma ordem de prioridades. Riscos de prioridade 1: são os mais danosos, de grande intensidade, que podem ameaçar o projeto pela sua somatória. Podem ocorrer de uma única forma, ou se repetirem em mais de um evento. Os custos são elaborados conforme a necessidade de cada departamento. Pelo seu somatório, é estabelecido o valor total do investimento. São identificados os custos gerais do projeto e determinado o investimento a ser feito. Esse montante deve ser rateado entre os departamentos do projeto. M ét o d o b o tt o m -u p M éto d o to p d o w n 21 Risco de prioridade 2: aqueles passíveis de saneamento, ainda na fase de planejamento, exigindo poucos recursos para isso, ou, ainda, podem ser administrados de forma eficiente. Risco de prioridade 3: aqueles que, se tratados de forma isolada, não oferecem prejuízos ao projeto, pela sua simplicidade, devem ser tratados e resolvidos de forma imediata, para evitar que seu somatório se torne um risco de prioridade 1. Portanto, a gestão de risco depende, de forma fundamental, de instrumentos de planejamento e controle, capazes de gerar documentos que monitorem os possíveis riscos em cada fase do projeto, permitindo ações corretivas preventivas, a fim de garantir o sucesso do empreendimento. TROCANDO IDEIAS Vimos a importância do projeto, sua elaboração, sua análise e seu acompanhamento, mas, se esses princípios não forem aplicados, como responder as perguntas abaixo? Por que o planejamento sem controle é inócuo? Por que o planejamento estratégico deve ser desenvolvido antes do começo do orçamento? Que tipo(s) de problema(s) ocorreria(m) se uma empresa desenvolvesse o orçamento sem antes elaborar o plano estratégico? NA PRÁTICA Vamos colocar em prática o que vimos até agora? Imagine que a empresa em que você trabalha deseja aumentar sua participação no mercado em 20% no prazo de um ano. Preencha o quadro abaixo para compor um projeto inicial do que deve ser analisado para atingir o objetivo proposto. 22 Quadro 1 – Projeto inicial FINALIZANDO Estudamos o processo de planejamento na elaboração de um projeto, sua análise descritiva, seu processo de diagnóstico e as opções alternativas em função de mudanças de cenários. Também analisamos as etapas para a elaboração de um projeto, as propostas representadas de um sistema de informações e a formatação do documento final de um projeto. Discutimos os fatores que levam ao fracasso dos projetos e seu equilíbrio financeiro representado pela relação entre gastos e retorno desejado. Verificamos, ainda, que a dimensão de um projeto deve estar delimitada pela capacidade de crescimento da própria organização. Analisamos o processo de integração entre o objetivo do projeto e todas as áreas envolvidas, como custos, recursos humanos e qualidade. Também fizemos um retrospecto quanto à mensuração dos riscos inerentes aos projetos. Por fim, estudamos o escopo de um projeto como sendo seu objetivo principal, bem como seus processos integradores. 23 REFERÊNCIAS MACEDO, J. J. et al. Análise de projeto e orçamento empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2013. JUNIOR, M. R. C. Gestão de projetos – da academia à sociedade. Curitiba: InterSaberes, 2013.
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