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CUIDADOS-PALIATIVOS-NA-MEDICINA-TRADICIONAL-CHINESA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3 
2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA .............................................................. 4 
2.1 História da Medicina Tradicional Chinesa .................................................. 4 
3 BASES TEÓRICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ........................ 7 
4 HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS .................................................... 21 
4.1 Definição de cuidados paliativos .............................................................. 24 
5 A UTILIZAÇÃO DAS TERAPIAS COMPLEMENTARES NOS CUIDADOS 
PALIATIVOS ......................................................................................................... 33 
5.1 Cuidados Paliativos na Medicina Tradicional Chinesa ............................. 35 
6 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA ............................... 39 
6.1 Técnicas de acupuntura ........................................................................... 42 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 
2.1 História da Medicina Tradicional Chinesa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://www.clinicaacuvida.com/ 
Medicina Tradicional Chinesa (MTC), também conhecida como medicina 
chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué), é o nome geralmente dado 
ao conjunto de práticas de Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvidas 
ao longo dos milhares de anos de sua história. (LIMA, 2018). 
A medicina chinesa se originou ao longo do rio Amarelo, tendo formado 
sua estrutura acadêmica há muito tempo. Ao longo dos séculos, sofreu muitas 
inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos famosos e 
escolas diferentes. É considerada uma das formas mais antigas da medicina 
oriental, um termo que também abrange outros medicamentos na Ásia, como os 
sistemas médicos tradicionais do Japão, Coréia, Tibete, Mongólia e Índia. (LIMA, 
2018). 
A Medicina Chinesa (MTC) é baseada em uma estrutura teórica 
sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Com base no reconhecimento 
https://www.clinicaacuvida.com/
 
 
5 
 
das leis fundamentais que regem o funcionamento do organismo humano e sua 
interação com o meio ambiente de acordo com os ciclos da natureza, procura 
aplicar essa abordagem tanto ao tratamento de doenças quanto à manutenção da 
saúde através de vários métodos. (LIMA, 2018) 
Inscrições em ossos e conchas de tartarugas das dinastias Yin e Shang, 
há 3.000 anos, mostram registros médicos e de saúde e uma dúzia de doenças. 
De acordo com registros da dinastia Zhou, havia métodos de diagnóstico como: 
observação facial, audição da voz, questionamento sobre possíveis sintomas, 
pulsação para observar o Zang-fu (órgãos e vísceras), além de indicações de 
tratamentos terapêuticos como como acupuntura ou cirurgia. Naquela época, o 
estudo de Yin-Yang, a teoria dos cinco elementos e o sistema de circulação de 
energia pelos meridianos do corpo humano estavam incluídos em seus princípios, 
princípios que foram refinados ao longo dos séculos seguintes. Nas dinastias Qin 
e Han, trabalhos como "Cânone de Medicina Interna do Imperador Amarelo" 
(Huangdineijing) foram publicados hoje considerados como obra de referência da 
medicina chinesa. 
A acupuntura conhece reformas importantes na dinastia Song (960 aC - 
1279 aC), conduzidas principalmente pelo médico Wang Weiyi, que publicou "A 
acupuntura e os pontos do corpo humano". Moldando duas estátuas de bronze do 
corpo humano, a fim de ensinar a seus alunos as técnicas de acupuntura, 
acelerando seu desenvolvimento. 
No século 20, Mao Tze Tung, oficializou o ensino da medicina chinesa em 
nível universitário e sua disseminação por toda a China, criando muitas 
universidades e hospitais para a prática da medicina chinesa, considerados na 
época um recurso valioso e acessível para a saúde pública. (LIMA, 2018). 
Atualmente, existem oito métodos principais de tratamento na Medicina 
Tradicional Chinesa: 
1. Fitoterapia chinesa (fármacos) 
2. Acupunctura 
3. Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa) 
4. Dietoterapia (terapia alimentar chinesa) 
 
 
6 
 
5. Auriculoterapia (tratamento pela orelha) 
6. Moxabustão 
7. Ventosaterapia 
8. Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de 
energia, e meditação como: Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais) 
consideradas métodos profiláticos para a manutenção da saúde ou formas de 
intervenção para recuperá-la. 
O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é o legado deixado 
pelos antigos médicos chineses, que ao longo dos anos melhoraram a anamnese, 
superando algumas dificuldades e transmitindo seu conhecimento para as 
gerações futuras. O diagnóstico da medicina chinesa, embora aparentemente 
simples, é muito eficaz - as observações a serem feitas incluem observação, 
escuta, olfato, pergunta e toque, a observação da língua e o exame do pulso se 
destacam no diagnóstico, uma prática que leva alguns anos para ser 
completamente dominado pelo especialista em MTC, mas fornecendo informações 
preciosas e precisas sobre a condição de saúde do paciente. 
Segundo LIMA, 2018 a medicina chinesa, que é bastante conhecida no 
Ocidente, exceto pelo aspecto muito limitado da acupuntura, merece um lugar 
muito particular dentro da ampla e diversificada gama de medicamentos 
alternativos. Vamos ver o porquê: é o único medicamento que tem uma existência 
contínua, em termos de seus fundamentos há mais de 2000 anos, é reconhecido 
pelo estado chinês em igualdade com a prática da Medicina Moderna. É 
reconhecido pela OMS as características da ONU que ele não compartilha com 
nenhum outro sistema médico, permitindo-se estar dentro das concepções 
filosóficas e energéticas que o sustentaram ao longo dos tempos e integrar os 
métodos de validação da ciência moderna. 
A medicina chinesa possui um amplo campo de aplicação, porque é 
praticada há muitos séculos no maior país do mundo em termos demográficos. 
Isso proporciona uma experiência única, primeiro, empírica e depois científica. 
Finalmente, a Medicina Chinesa é um sistema completo e não uma técnica 
médica simples, com aplicações limitadas, uma vez que o campo da Medicina 
 
 
7 
 
Chinesa é extremamente amplo: da farmacopeia à acupuntura, da dietética à 
cirurgia popular, das massagens à ginecologia, da medicina interna aos métodos 
de ressuscitação. De fato, são praticamente as mesmas especialidades da 
Medicina Ocidental, porém, em uma compartimentação menos restrita e 
limitadora, devido à sua abordagem mais global da doença e de suas causas. Isso 
nos permite afirmar que a medicina chinesa, como a medicina ocidental,tem uma 
experiência de status oficial e, ao mesmo tempo, uma abordagem mais 
humanística e global do ser humano, da saúde e da doença. (LIMA, 2018) 
 
3 BASES TEÓRICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 
Terapias alternativas ou complementares são termos que se referem a 
práticas que não fazem parte da medicina convencional ocidental. Essa 
nomenclatura se deve ao fato de que são empregadas de forma complementar, ou 
seja, não excluem o tratamento ocidental tradicional. A maioria delas foi 
desenvolvida a partir de pilares culturais e teóricos próprios. Há algumas décadas, 
tínhamos apenas a medicina convencional para recorrer, que, como toda 
racionalidade médica, tem seus êxitos e suas fraquezas. Nos últimos anos, a grande 
mescla cultural tem sido muito rica tanto na área da medicina quanto na estética. 
(MACIOCIA, 2016) 
Percebemos no mercado o interesse da população ocidental nas terapias 
complementares. Assim, a cada ano, temos novos profissionais aplicando um 
conjunto de diferentes técnicas com o mesmo objetivo, aumentando a efetividade 
do tratamento empregado. As terapias complementares não dispensam a medicina 
convencional, mas enriquecem os protocolos terapêuticos, observando o indivíduo 
de forma integral, sem fracionar corpo, mente e emoções. (MACIOCIA, 2016) 
Em geral, o pensamento ocidental tende a observar eventos isoladamente 
e avaliar sua interação com os demais fenômenos pontualmente, sistematizando 
seus modelos de estudos para que cada vez mais as variáveis sejam isoladas. O 
raciocínio oriental se inclina a identificar padrões globais, atentando para o todo, 
 
 
8 
 
sem foco restrito. Pode-se diferenciar a organização da perspectiva ocidental da 
oriental, sendo a primeira redutiva e analítica, e a segunda ampla e interpretativa. 
Enquanto, no ocidente, se foca nos polos opostos, no oriente, observa-se a 
continuidade de transformação entre eles, o caminho entre um e outro. 
Segundo Nascimento, Nogueira e Luz (2012), a medicina tradicional 
chinesa é uma racionalidade médica diferente da medicina ocidental, tem suas 
próprias bases de morfologia, dinâmica vital, doutrina médica, sistema de diagnose, 
sistema terapêutico e cosmologia. A medicina tradicional chinesa é um sistema 
médico complexo, terapêutico, tradicional e complementar, o qual preserva e 
valoriza o meio ambiente com foco na qualidade de vida. A ótica chinesa em relação 
ao ser humano é global: uma vida é formada por corpo, mente e emoções — 
portanto, não podemos segregar doenças da mente e doenças do corpo, além de 
perceber a relação do indivíduo com o ambiente. A avaliação e proposta de 
tratamento são feitas de forma completa. 
O propósito das técnicas orientais, como acupuntura e massagem 
terapêutica, é estimular determinados pontos em diferentes profundidades na 
superfície da pele com finalidade terapêutica. Esses recursos visam a desbloquear 
ou harmonizar o fluxo de Qi (energia) e Xue (sangue), que circulam pelo organismo 
humano. Ao utilizar essas metodologias, ações locais e sistêmicas se manifestarão, 
contribuindo para o objetivo final da aplicação do tratamento. (MACIOCIA, 2016) 
Os conhecimentos milenares acerca da medicina oriental são embasados 
em teorias. Esses pilares foram descritos nas históricas obras orientais, como o 
Livro das Mutações (I Ching), o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo 
(Huangdi Nei Jing, Su Wen e Ling Shu) e o Clássico de Dificuldades (Nei Jing). 
O Livro das Mutações foi datado por volta de 700 a.C., considerado o mais 
antigo livro chinês. Trata-se do primeiro registro em que a teoria Yin e Yang é 
abordada. Foi utilizado como oráculo na antiguidade e, atualmente, já migrou para 
o ocidente, passando pelas mãos de inúmeros leitores com traduções em diversos 
idiomas. Mesmo sem citar diretamente a medicina oriental, sabendo que a teoria 
Yin e Yang é o suporte para tal, a contribuição dessa obra é de suma importância 
para a medicina oriental. (MACIOCIA, 2016). 
 
 
9 
 
A primeira exposição completa da medicina tradicional chinesa foi no 
Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, no qual a experiência clínica 
foi exposta por meio de perguntas e respostas do imperador da época para seus 
ministros (médicos). Esse trabalho já passou por edições e inclusão de comentários. 
Os segmentos que permanecem atualmente são Su Wen, trazendo aspectos da 
fisiologia, patologia e de como manter saúde evitando doença, e Ling Shu, 
descrevendo as técnicas de acupuntura. (MACIOCIA, 2016) 
O Clássico de Dificuldades é uma expansão dos conceitos de patologia, 
além de trazer princípios de tratamento da medicina tradicional chinesa com 
explicações mais detalhadas. Foi desenvolvido pelo chinês Bian Que no período 
dos Estados Combatentes (475 a.C. a 221 a.C.), após testar e sistematizar essas 
práticas. 
As bases teóricas da medicina tradicional chinesa são formadas por 
grandes obras antigas e densas, as quais trazem as três principais teorias para a 
compreensão e prática da medicina oriental: Yin e Yang, Cinco Elementos e Zang 
Fu. (MACIOCIA, 2016). 
 
Teoria Yin e Yang 
 
O grande alicerce teórico de toda a medicina chinesa é a teoria de Yin e 
Yang, a qual pode ser aplicada para todo e qualquer fenômeno da natureza, não 
sendo restrita apenas à medicina. As primeiras referências dessa teoria estão no 
Livro das Mutações, uma das obras chinesas mais antigas. 
Maciocia (2016) e Auteroche e Navailh (1992) apontam em suas obras a 
importância da compreensão dos conceitos de Yin e Yang, tendo em vista que esta 
teoria é essencial para a prática clínica, tanto para avaliar o paciente como também 
para delinear o tratamento e sugerir o prognóstico. 
Em resumo, Yin e Yang são etapas opostas, complementares, 
interdependentes e intimamente relacionadas que estão num constante movimento, 
assumindo polos cíclicos. Um bom exemplo é a relação entre matéria e energia, 
sendo cada uma delas identificada como extremidade de algo contínuo e cíclico, no 
 
 
10 
 
qual matéria pode transforma-se em energia, e vice-versa. Nenhum fenômeno é 
estático, estando sempre em constante mudança, permeando o Yin e o Yang. Essa 
capacidade mutante dos eventos justifica a relatividade dos conceitos Yin e Yang. 
Situações de volatilidade, ascensão, movimento e hiperatividade estão 
caracterizadas como Yang, ao contrário de alta densidade, degenerações e 
hipoatividade, que se aproximam do Yin. (MACIOCIA, 2016) 
 
• Fenômenos da natureza Yin: noite, escuro, frio, água. 
• Fenômenos da natureza Yang: dia, claro, calor, fogo. 
• Fisiologia humana Yin: estruturas dos órgãos, matéria, lentidão, 
interior. 
• Fisiologia humana Yang: funções dos órgãos, energia, rapidez, 
exterior. 
 
 
Teoria dos cinco elementos 
 
A teoria dos cinco elementos também é conhecida como teoria das cinco 
fases, ou teoria dos cinco movimentos — fogo, terra, metal, água e madeira estão 
organizados e relacionados de forma cíclica e dinâmica, representando os eventos 
de constante mudança da vida. A categorização dos cinco elementos auxilia no 
discernimento dos processos fisiológicos e patológicos dos indivíduos e do 
ambiente. 
A obra Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos (HICKS; HICKS; 
MOLE, 2007) traz claramente que cada elemento tem características abstratas e 
concretas, as quais podem ser aplicadas a todo fenômeno — são as qualidades 
fundamentais dos eventos do universo. Suas inter-relações podem indicar 
transformações, fazer com que um deles se sobressaia ou que tenha suas 
atividades reduzidas. Há um balanço entre eles, sendo que, caso o desequilíbrio 
seja estabelecido, se inicia o processo patológico. Sinteticamente, um elemento não 
é algo estático e concreto, ele é parte de um grande processo. 
 
 
11 
 
As principais relações entre os cinco elementos são a geração e a 
dominação. Um elemento gera o outro, formando um ciclo de geração. Fogo geraterra, a qual gera o metal que, por consequência, gera a água que gera a madeira 
e, assim, o fogo é gerado. Essa forma cíclica de produção deve manter-se de forma 
equilibrada e constante. Caso o fogo deixe de gerar a terra, teremos uma deficiência 
das características que fazem parte do elemento terra. Esse é um exemplo de um 
grupo de desarmonias que podem ocorrer a partir do desequilíbrio no ciclo de 
geração. (MOLE, 2007) 
Os elementos tem um mecanismo de autorregulação chamado dominação: 
uns dominam os outros, e assim o equilíbrio é alcançado. Esse ciclo segue o 
seguinte fluxo: o fogo domina o metal que domina a madeira, a qual domina a terra 
que domina a água e está regula o fogo. A dominação permite que nenhum conjunto 
de características vinculado a um elemento sobressaia-se aos demais, causando 
desequilíbrio. Algumas desarmonias podem ocorrer devido à ineficiência desse 
fluxo. (MOLE, 2007). 
A partir dos domínios fogo, terra, metal, água e madeira foi organizado o 
sistema de órgãos e vísceras, originando a teoria dos Zang Fu. 
 
Teoria dos Zang Fu 
 
A sistematização dos órgãos internos é descrita pela teoria Zang Fu, sendo 
a denominação Zang utilizada para “órgãos”, estruturas sólidas encarregadas de 
armazenar substâncias vitais, como energia, sangue, essência e fluidos corpóreos, 
têm característica Yin. O termo Fu refere-se às “vísceras”, estruturas ocas 
responsáveis por transformar alimentos e transportar energia, que têm 
característica Yang. (MOLE, 2007) 
Os órgãos Zang são coração (C), pulmão (P), baço (BP), fígado (F), rim (R) 
e pericárdio (PC). As vísceras Fu são intestino delgado (ID), intestino grosso (IG), 
estômago (E), vesícula biliar (VB), bexiga (B) e triplo aquecedor (TA). A relação 
entre os órgãos e as vísceras é baseada na teoria Yin e Yang e na teoria dos Cinco 
Elementos, como ressaltado em Ross (2003). 
 
 
12 
 
Os órgãos e as vísceras são segregados em dois grandes grupos, de 
acordo com suas características Yin e Yang. Os Zang são classificados como Yin , 
e os Fu como Yang. Eles se organizam em pares dentro de cada um dos cinco 
elementos, sendo um representante de cada polaridade. Os Zang Fu, que fazem 
parte do elemento fogo, são C, ID, PC e TA (único elemento que tem dois pares 
Zang Fu), aqueles pertencentes ao elemento terra são BP, E, P e IG são metal, R 
e B classificam-se como água, e, compondo o elemento madeira, estão F e VB. 
Sabendo que conseguimos classificar qualquer fenômeno da natureza nas 
teorias básicas chinesas, várias características do nosso organismo podem ser 
vistas na ótica dos Cinco Elementos — e até de uma forma mais específica na teoria 
dos Zang Fu. Percebemos excesso da expressão do elemento fogo quando 
observamos calor, febre, sede, urina escassa e fezes ressecadas. O sentimento de 
euforia, caracterizado por uma alegria intensa e descontrolada, e palpitação estão 
relacionados à alta atividade do Zang coração. A falta de coragem e a indecisão 
podem estar atreladas à vesícula biliar, logo são características do tipo madeira. 
(ROSS 2003). 
Estudantes, profissionais e pesquisadores refinam as técnicas da medicina 
tradicional chinesa há mais de 2,5 mil anos, mantendo as teorias básicas ativas e 
aplicadas na prática da medicina oriental, valorizando não apenas as bases 
médicas, mas, também, o legado cultural dessa prática milenar. (ROSS 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equilíbrio energético 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A energia que constitui a matéria fundamental do universo chama-se Qi. É 
a partir de suas ações, seus movimentos e suas transformações que os eventos da 
natureza ocorrem. Essa substância sutil e dinâmica é responsável por produzir as 
funções fisiológicas e manter a vitalidade do organismo. Ela pode ser observada 
como energia refinada gerada pelos órgãos internos e que assume diferentes 
formas em diferentes sítios do organismo, ou como atividade funcional de um órgão 
interno, como a atividade do Qi do fígado (ações que são realizados por este órgão) 
(ROSS 2003). 
O ideograma de Qi (Figura 1) indica a ideia de que algo pode ser material e 
energético ao mesmo tempo, que o denso e o sutil podem estar em constante 
transição. A porção superior do ideograma significa “vapor”, dando a ideia de 
sutileza, algo imaterial, enquanto a porção inferior simboliza um “feixe de arroz”, 
algo material e denso. Qi também pode ser chamado de Chi. (ROSS 2003). 
Na medicina oriental, percebemos diversas classificações de Qi, que são 
baseadas na localização ou na função desta energia. As principais funções do Qi 
são: atividade de transformação, controle, proteção do organismo, ajuste de 
temperatura corporal e impulsão de matéria. Quanto aos alimentos e fluidos Yin, o 
Qi realiza sua ação Yang de transformá-los em formas mais sutis de matéria. O Qi 
 
 
14 
 
é Yang em relação ao Xue (sangue) que, por sua vez, é de natureza Yin. A ação do 
Qi é fundamental para movimentar o sangue pelos canais do organismo, permitindo 
que ele execute sua função de nutrir e umedecer o corpo. Qi age transportando e 
mantendo sangue e fluidos nos seus canais e, também, tem ação protetora, mais 
conhecido como Wei Qi. Este tipo de Qi transita no espaço entre a pele e os 
músculos, protegendo o corpo dos fatores patogênicos externos. O Yang Qi 
promove aquecimento, gerando calor para os processos que precisam dele. A 
seguir, estão descritos os principais tipos de Qi. (ROSS 2003). 
 
Yuan Qi (Qi original) 
 
Este tipo de energia é a força motriz do organismo, desperta e movimenta 
a atividade funcional de todos os órgãos. É a base do Qi do rim, pois todas suas 
atividades funcionais estão ligadas ao Yuan Qi. Atua na transformação do Zong Qi 
em Zhen Qi (que gera Ying Qi e Wei Qi) e transforma Qi do alimento (Gu Qi) em 
sangue. Surge nos pontos fonte e é conduzido por todo o corpo (canais e órgãos 
internos) pelo triplo aquecedor. (ROSS 2003). 
 
GU QI (Qi do alimento) 
 
Representa o primeiro estágio de transformação dos alimentos em Qi; é a 
base para produção do Qi e sangue do corpo. Os alimentos são “decompostos” e 
“transformados” no estômago em Gu Qi no baço. Sobe até o tórax (com o Qi do 
baço) e passa pelo pulmão, onde se une ao ar para formar Zong Qi (Qi de reunião); 
e, no coração, é transformado em sangue. (ROSS 2003). 
 
 
 
 
ZONG QI (Qi de reunião) 
 
 
 
15 
 
Origina-se a partir união do Gu Qi com o Da Qi (Qi do ar), tornando-se uma 
forma de Qi mais sutil e refinada. Auxilia o coração e pulmão a empurrarem Qi e 
sangue para os membros. (ROSS 2003). 
 
ZHEN QI (Qi verdadeiro) 
 
Zong Qi é transformado em Zhen Qi a partir da ação do Yuan Qi. Este é o 
último estágio do processo de refinamento e transformação do Qi. É ele que circula 
nos canais. Origina-se no pulmão, que é o órgão responsável por governá-lo. 
(ROSS 2003). 
 
YING QI (Qi nutritivo) 
Ying Qi é a essência refinada que nutre os órgãos internos e todo o 
organismo. Está em íntima relação com o sangue e flui com ele pelos canais e vasos 
sanguíneos. (ROSS 2003). 
 
 
WEI QI (Qi defensivo) 
Flui nas camadas mais externas do corpo, entre a pele e os músculos. Age 
protegendo o organismo do ataque de fatores patogênicos exteriores. Aquece, 
hidrata e nutre parcialmente a pele e os músculos. Ajusta a abertura e o fechamento 
dos poros e regula a temperatura do corpo. O pulmão pulveriza Wei Qi no espaço 
entre a pele e os músculos. Deficiência de Wei Qi enfraquece as defesas do 
organismo contra fatores patogênicos exteriores. Qi defensivo circula 50 vezes em 
24 horas, 25 durante o dia e 25 à noite (nos órgãos Yin). (ROSS 2003). 
 
 
 
 
ZHONG QI (Qi central) 
 
 
16 
 
Zhong Qi é outra maneira de definir o Qi do estômago e do baço. É um 
termo eventualmente utilizado para a função de transporte e transformação 
realizada pelo baço. Implica na função de subida do Qi do baço. 
Os pontosde acupuntura são locais específicos de grande concentração de 
energia Qi, e, tendo em vista que Qi é a força motriz da fisiologia da vida, alterações 
em suas funções caracterizam-se em desarmonias energéticas, as quais são as 
fontes do desenvolvimento das patologias. A medicina tradicional chinesa dispõe de 
diversas técnicas para reestabelecer o equilíbrio energético de um indivíduo. Os 
recursos mais comuns são acupuntura, eletroacupuntura, ventosaterapia, 
moxabustão, auriculoterapia, técnicas manuais, laser, fitoterapia e dietoterapia. 
(ROSS 2003). 
 
Sistema de meridianos energéticos 
 
O sistema de meridianos energéticos também pode ser chamado de 
sistema de canais e colaterais, que são segmentos energéticos que percorrem todo 
o organismo, formando uma imensa e unificada rede energética. Por meio desta 
rede, um sistema de comunicação é estabelecido entre órgãos, vísceras e 
extremidades do corpo, como pele, músculos e órgãos dos sentidos. O termo em 
chinês Jing Luo refere-se aos meridianos e às suas ramificações. Qi e Xue estão 
intimamente ligados, o sangue movimenta-se com o impulso da energia, e essa 
dupla de substâncias vitais percorre os meridianos inseparavelmente. Essa teia 
energética faz a comunicação entre alto e baixo, exterior e interior, superficial e 
profundo, direita e esquerda. Entre suas principais funções estão ligar internamente 
os Zang Fu e conectá-los aos membros e às demais porções periféricas do corpo, 
como tecidos e orifícios sensoriais, permitir circulação de Qi e Xue por todo o 
organismo, integrando-o, e participar do mecanismo de defesa. (HICKS, A.; HICKS, 
J.; MOLE, 2007) 
O sistema de meridianos pertence ao exterior do corpo, mas consegue 
estabelecer uma eficiente comunicação com o interior, mais especificamente com 
os órgãos internos. Esse sistema e os órgãos internos formam uma unidade 
 
 
17 
 
energética indivisível, de forma que, a qualquer desequilíbrio em um determinado 
meridiano, o órgão correspondente pode ser afetado, e vice-versa. (ROSS 2003). 
 
Meridianos regulares (Jing Mai) 
 
Meridianos principais (Jing Zheng) 
 
Os meridianos principais estão intimamente relacionados com os Zang Fu, 
apresentam trajeto superficial e profundo. Os 12 meridianos (Quadro 1) se 
organizam em pares acoplados de natureza Yin e Yang, a fim de manter a 
comunicação entre um órgão (Zang - Yin) e uma víscera (Fu - Yang). Estão 
dispostos no corpo bilateralmente, e suas orientações dependem da natureza Yin, 
seguindo o fluxo de baixo para cima (três meridianos se originam dos pés para o 
tórax, e outros três do tórax para as mãos) ou Yang seguindo o fluxo de cima para 
baixo (três meridianos se originam nas mãos para a cabeça, e outros três da cabeça 
para os pés). O fluxo energético ordenado que passa através dos meridianos 
principais forma a grande circulação. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zang (Yin) 
/ Fu (Yang) 
Meridiano 
principal 
Yin 
Meridiano 
principal 
Yang 
Ponto 
de união 
dos pares 
acoplados 
Cinco 
elementos 
C / ID Coração ( Xin ) Intestino 
delgado ( Xiao 
Chang ) 
VC17 Fogo 
PC / TA Pericárdio 
( Xin Bao ) 
Triplo 
aquecedor 
( San Jiao ) 
TA16 Fogo 
BP / E Baço- 
- pâncreas ( Pi ) 
Estômago 
( Wei ) 
E9 Terra 
Quadro 1. Relação entre os 12 meridianos energéticos principais e as teorias básicas da 
medicina tradicional chinesa 
 
 
 
18 
 
 
 
Meridianos divergentes ou distintos (Jing Bie) 
 
Os 12 meridianos divergentes estão organizados em seis pares, que se 
originam nos meridianos principais e se tornam dependentes deles 
energeticamente. Eles complementam a função do meridiano principal, 
transportando Qi e Xue para locais em que não há distribuição pelos principais, 
principalmente para as regiões torácica e abdominal e, também, unindo 
internamente os pares acoplados Yin e Yang. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) 
 
Meridianos extraordinários (Qi Jing Ba Mai) 
 
Mole, 2007 afirma que os oito meridianos extraordinários também são 
conhecidos como vasos maravilhosos, segregados em quatro meridianos de 
natureza Yin e quatro meridianos Yang. Entre diversas funções, destaca-se a 
habilidade de reforçar a conexão entre os meridianos principais, regulando as 
quantidades de Qi e Xue presentes em cada um. Du Mai e o Ren Mai são os únicos 
Quadro 1. Relação entre os 12 meridianos energéticos principais e as teorias básicas da 
medicina tradicional chinesa 
Zang (Yin) 
/ Fu (Yang) 
Meridiano 
principal 
Yin 
Meridiano 
principal 
Yang 
Ponto 
de união 
dos pares 
acoplados 
Cinco 
elementos 
P / IG Pulmão ( Fei ) Intestino 
grosso ( Da 
Chang ) 
IG18 Metal 
R / B Rim ( Shen ) Bexiga ( Pang 
Guang ) 
B10 Água 
F / VB Fígado ( Gan ) Vesícula 
biliar ( Dan ) 
VB1 Madeira 
( Continuação ) 
 
 
19 
 
meridianos extraordinários que têm pontos próprios, sendo que os demais utilizam 
pontos dos meridianos principais. Esses dois meridianos formam a pequena 
circulação, a qual mantém o equilíbrio energético da grande circulação composta 
pelos 12 meridianos principais, por meio de vasos secundários que conectam uma 
à outra. Uma obra recente de Paulo Lima, chamada Manual de Acupuntura: 
 
Direto ao Ponto, descreve a localização e a função dos principais pontos de 
acupuntura dentro dos seus meridianos energéticos (Quadro 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meridianos tendinomusculares (Jing Jin) 
 
Os 12 meridianos tendinomusculares são bilaterais, superficiais, de 
natureza Yang e grandes. Originam-se no ponto mais extremo dos meridianos 
Fonte: Adaptado de Lima (2018). 
Meridiano 
extraordinário 
Ponto de 
abertura 
Meridiano 
extraordinário 
( par acoplado ) 
Ponto de 
abertura do 
meridiano 
extraordinário 
acoplado 
Yin Vaso diretor 
( Ren Mai ) 
P7 Vaso Yin do 
calcanhar 
( Yin Qiao Mai ) 
R6 
Yang Vaso 
governador 
Du Mai ) ( 
ID3 Vaso Yang do 
calcanhar 
( Yang Qiao Mai ) 
B62 
Yin Vaso penetrador 
( Chong Mai ) 
BP4 Vaso Yin de 
conexão 
( ) Yin Wei Mai 
CS6 
Yang Vaso da cintura 
Dai Mai ) ( 
VB41 Vaso Yang de 
conexão 
( Yang Wei Mai ) 
TA5 
Quadro 2. Pontos de abertura e natureza dos meridianos extraordinários agrupados em 
seus pares acoplados 
 
 
20 
 
principais, localizados nos pés ou nas mãos, chamados pontos Ting. Atuam 
diretamente nos músculos, nos tendões e nas articulações. (HICKS, A.; HICKS, J.; 
MOLE, 2007) 
 
Meridianos secundários (Luo Mai) 
 
Os 12 meridianos secundários acompanham os Zang Fu, subdividem-se em 
16 meridianos de conexão longitudinais e 12 meridianos de conexão transversais. 
Os meridianos longitudinais auxiliam aumentando a rede de distribuição de Qi e Xue 
para o corpo, e o Wei Qi também circula auxiliando no sistema de defesa do 
organismo. Os meridianos transversais fazem a reunião externa dos meridianos 
principais acoplados. Estes meridianos recebem Qi e Xue dos meridianos principais, 
por meio de pontos Luo (pontos de passagem ou conexão). (HICKS, A.; HICKS, J.; 
MOLE, 2007) 
As zonas cutâneas (Pi Bu) representam a porção superficial dos meridianos 
energéticos, não sendo um meridiano propriamente dito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
4 HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://oncologiadevita.com.br/ 
O primeiro marco da história dos CP, de forma estruturada, aliando 
cuidados clínicos, pesquisa e formação, foi por meio de Cicely Saunders com um 
paciente acometido por um câncer terminal, no final dos anos de 1950, em Londres. 
Ela teve o desafio de tentar conduzir adequadamente o controle da dor e dos demais 
sintomas que o afetavam e, desse encontro, criou-se o primeiro hospice na cidade, 
em 1967, o Christopher’s Hospice. No entanto, deve-se revisitar também os 
cuidados com pessoas em processo de terminalidadeantes dessa constituição 
estruturada e investigativa da história moderna. (AMARAL JB, SILVA MJP, 2013) 
Por muito tempo, nos séculos a.C., considerava-se perigoso tratar ou cuidar 
de um paciente em leito de morte, pois havia a crença de que poderia se receber 
um castigo por desafiar as leis da natureza. A morte não poderia ser desafiada e, 
por isso, não era ético que os médicos atendessem esse tipo de doente. 
Após a difusão do cristianismo, passou-se a acolher e ajudar pessoas 
doentes e desfavorecidas como um compromisso cristão. Portanto, foram criados 
lugares que abrigavam peregrinos e, ao longo do tempo, aceitavam moribundos nos 
hospititium, termo em latim do qual derivou a palavra hospice dando o sentido de 
http://oncologiadevita.com.br/
 
 
22 
 
hospitalidade e atendimento aos pacientes em terminalidade, como se entende na 
atualidade. (AMARAL JB, SILVA MJP, 2013) 
Já no século XI, os cruzados pensavam ter criado as primeiras casas para 
pacientes incuráveis por meio da Ordem dos Cavaleiros Hospitaleiros. No período 
da Idade Média, surgiram diversas instituições para abrigar doentes terminais, 
sendo sua maioria de carisma religioso. Essa expansão teve seu ápice por quase 
quatro séculos até a diminuição da influência das ordens religiosas devido à 
Reforma Protestante. (SILVA MJP, 2013) 
Apenas no século XIX surgiram locais próprios para o cuidado de pacientes 
em terminalidade, os quais seguiram associados às ordens religiosas, tendo duas 
grandes referências: Mary Aikenhead e Jeane Garnier. Garnier fundou a ordem 
Association des Dames du Calvaire, que, em 1843, instituiu o primeiro local 
especializado para doentes moribundos localizado em Lyon. Já Aikenhead, da 
ordem Irish Sisters of Charity, fundou a Our Ladys´s Hospice for the Dying em 
Dublin, em 1879. Posteriormente, em 1893 e 1905, fundou-se o St. Kuke’s Home e 
o St. Joseph’s Hospice em Londres. Em todas essas instituições, o foco era o alívio 
sintomático das doenças do ponto de vista clínico. 
Foi no século XX que Cicely Saunders, focando o cuidado e tratamento 
direto para o doente, observou e concluiu que a terminalidade da vida estava sendo 
ocultada do prognóstico, bem como a forma de lidar com a morte, negada pela 
sociedade. Assim, Saunders engajou-se no movimento moderno dos hospices e, 
em 1969, criou o programa de CP domiciliários, que teve como diferencial o foco 
em novas competências além do controle da dor, compreendendo outros problemas 
associados à terminalidade, incluiu a família nos cuidados do paciente e forneceu 
meios de formação e investigação do CP. 
Na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um 
programa de CP para pacientes oncológicos, iniciando o Cancer Pain and Palliative 
Care e o Palliative Cancer Care, sendo estes as primeiras recomendações sobre 
cuidados terminais para pessoas com câncer. Ainda nesse período, surgiram 
iniciativas em diversos países, como Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, China, 
 
 
23 
 
Polônia, Reino Unido e Romênia. No Zimbábue e África do Sul, foram criadas as 
primeiras unidades de CP. 
Em 1999, criou-se a International Association for Hospice and Palliative 
Care, a Hospice Association of South Africa e a European Association for Palliative 
Care. Já neste século, são fundadas a Foundation for Hospices in Sub-Saharan 
Africa, a Latin American Association for Palliative Care e o United Kingdom Forum 
for Palliative Care Worldwide, pela organização Help the Hospices. 
A OMS, em 2002, lançou a mais recente definição de CP, consensual até 
hoje, afirmando que visam à qualidade de vida dos pacientes, e seus familiares, 
com doenças sem possibilidade de cura e que ameacem a vida, respeitando e 
priorizando os aspectos físicos, sociais, emocionais, mentais e espirituais. Em razão 
desse conceito, foram elaborados os documentos Better Palliative Care for Older 
People e Palliative Care: The Solid Facts, incluindo doenças crônicas progressivas 
nas políticas de saúde para o envelhecimento. 
Já em 2014, após a 67ª assembleia da OMS, foi elaborado o documento 
sobre CP com um componente que compreende o cuidado ao longo da vida, o qual 
se tornou muito relevante para os princípios dos CP, pois amplia sua compreensão 
e passa a dar igual atenção às necessidades do paciente desde o diagnóstico até 
o pós-morte. Há um movimento amplo em direção à integralidade do cuidado 
voltado para a pessoa e não apenas para a patologia e as consequências 
esperadas. Nesse ano, surge ainda a Declaração Europeia de Cuidados Paliativos. 
Ao longo da história, o cuidado com o doente em terminalidade se 
desenvolveu de forma local até ser disseminado por todos os continentes, contando, 
atualmente, com mais de 115 países que têm serviços de CP. Em todas as antigas 
e atuais iniciativas de cuidado voltadas ao paliativismo, nota-se que o paciente 
sempre necessitou de mais de um profissional e seus cuidados para que pudesse 
ter um tratamento melhor qualificado. (SILVA MJP, 2013) 
Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu, pela primeira 
vez, os cuidados paliativos como o cuidado total aos pacientes cuja doença não é 
responsiva ao tratamento de cura, essa definição foi revisada em 2002 e teve 
acréscimos de controle de dor e outros sintomas, além de problemas psicossociais 
 
 
24 
 
e espirituais. Assim, o cuidado paliativo visa proporcionar a melhor qualidade de 
vida possível aos pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a vida. 
4.1 Definição de cuidados paliativos 
Paliação é toda estratégia que objetive o alívio de sofrimento de um 
paciente, e sua ação abrange qualquer assistência não curativa para diminuir, em 
ambiente hospitalar ou domiciliar, as consequências da doença sobre o bem-estar 
desse indivíduo. Ela é considerada parte integrante da prática do profissional de 
saúde, independentemente da doença ou de seu estágio de evolução (OLIVEIRA, 
2008). 
Os cuidados paliativos baseiam-se em conhecimentos de diversas 
especialidades, nas possibilidades de intervenções clínica e na assistência na área 
da saúde, bem como em conhecimentos específicos da equipe multiprofissional. 
Em 1986, a OMS publicou princípios que regem a atuação dessa equipe, os quais 
foram reafirmados, em 2002, na sua revisão (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2002, tradução nossa): 
 
• promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; 
• afirmar a vida e considerar a morte um processo normal; 
• não acelerar nem adiar a morte; 
• integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; 
• oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão 
ativamente quanto possível até o momento da sua morte; 
• oferecer um sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a 
doença do paciente e o luto; 
• oferecer uma abordagem multiprofissional para focar nas 
necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto; 
• melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente no curso da 
doença; 
 
 
25 
 
• iniciar o mais precocemente possível o cuidado paliativo, juntamente 
às outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e 
incluir todas as investigações necessárias para compreender e controlar melhor 
situações clínicas estressantes. 
 
Os cuidados paliativos devem ser iniciados a partir do diagnóstico da 
doença potencialmente terminal, a fim de cuidar do paciente em diferentes 
momentos da sua evolução, portanto, não se pode privá-lo dos recursos 
diagnósticos e terapêuticos que estiverem disponíveis. (OLIVEIRA, 2008). 
O tratamento em cuidados paliativos precisa reunir as habilidades de uma 
equipe multiprofissional para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças impostas 
pela doença e promover condições necessárias para o enfrentamento dessa nova 
condição de vida para doentes e familiares. (OLIVEIRA, 2008). 
 
Indicação de cuidados paliativosComo já visto, sabe-se que a OMS estabeleceu um modelo de intervenção 
em cuidados paliativos no qual as ações têm início no momento do diagnóstico, 
desenvolvendo-se juntamente às medidas terapêuticas capazes de melhorar as 
condições gerais do paciente no decorrer do adoecimento. À medida que a doença 
avança e o tratamento curativo fica menos viável, esses cuidados crescem em 
significado e surgem como uma necessidade absoluta na fase em que a 
terminalidade se torna uma realidade (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
Na fase final da vida, vista como um processo de morte que se desencadeia 
de forma irreversível, cujo prognóstico pode ser definido em dias ou semanas, a 
paliação se torna imprescindível e complexa. Assim, ela demanda uma atenção 
específica e contínua ao paciente e à sua família, promovendo um morrer com 
qualidade e sem maiores sofrimentos. (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
No entanto, estabelecer que uma doença esteja de fato curada ou não é 
uma tarefa complexa e implica em duas situações: todo paciente deveria estar em 
cuidados paliativos, ou somente se poderia encaminhá-lo aos cuidados em suas 
 
 
26 
 
últimas horas de vida. A segunda situação, a mais comum, provoca um equívoco, 
que se trata de pensar que esses cuidados se resumem apenas aos dispensados à 
fase final da vida, quando não há mais nada a fazer (OLIVEIRA, 2008). 
Há um grande risco ao se avaliar ou predizer o tempo de sobrevida de uma 
pessoa, determinando sua morte social antes da física propriamente dita. Ao 
estabelecer que um paciente tenha a expectativa de vida pequena, em dias ou 
semanas, há o risco de subestimar suas necessidades e negligenciar a 
possibilidade de conforto real dentro da sua avaliação e de sua família. Em geral, a 
avaliação prognóstica de indivíduos em fases avançadas de doenças graves ainda 
apresenta um erro considerável, principalmente as crônicas. (OLIVEIRA, 2008). 
Devido à dificuldade de avaliar e cuidar do sofrimento, foram estabelecidos 
critérios de recomendação para cuidados paliativos, considerando sua indicação 
para pacientes que esgotaram todas as possibilidades de tratamento de 
manutenção ou prolongamento da vida, que apresentam sofrimento moderado a 
intenso e optam por manutenção de conforto e dignidade da vida. (OLIVEIRA, 
2008). 
Um dos critérios mais discutidos se refere ao prognóstico de tempo do 
paciente. O limite designado em seis meses de expectativa de vida poderia ser 
utilizado para indicação de cuidados paliativos exclusivos, pois foi importado do 
Medicare norte-americano, que estabelece o tempo de sobrevida esperado como 
um dos critérios de indicação para assistência de hospice. 
 
São critérios do Medicare: 
 
• a expectativa de vida avaliada é menor ou igual a seis meses; 
• o paciente deve fazer a opção por cuidados paliativos exclusivos e 
abrir mão dos tratamentos de prolongamento da vida; 
• o paciente deve ser beneficiário do Medicare. 
 
 
 
27 
 
Já para o cuidado paliativo brasileiro, os critérios devem ser adaptados à 
realidade cultural do país, e os serviços oferecidos possuem propostas diferentes 
de outros locais, por isso, não há uma padronização de como oferecê-los. 
Segundo os dados da Academia Nacional de Cuidados 
Paliativos (ANCP), sua maior demanda é dos pacientes 
oncológicos, porém, os cuidados não estão somente 
indicados para os pacientes com câncer, esse tratamento 
pode ajudar qualquer pessoa com doença sem possibilidade 
de cura (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS 
PALIATIVOS, 2009). 
Várias doenças degenerativas remetem aos cuidados paliativos, como a 
esclerose múltipla, a esclerose lateral amiotrófica e as outras neurológicas 
progressivas, a bronquite crônica (doença pulmonar obstrutiva crônica) com 
dependência de oxigênio, os quadros de demências (independentemente da 
doença de base), a pneumopatia crônica com quadro de hipoxemia grave, os 
pacientes com insuficiência cardíaca terminal sem indicação de transplante ou com 
vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
 
Critérios para indicação de cuidados paliativos 
 
Uma das ferramentas disponíveis na avaliação de prognóstico é a 
capacidade funcional do paciente, mas sabe-se que esta pode estar diretamente 
relacionada a uma condição de sofrimento intensa, não avaliada ou não tratada de 
forma adequada, prejudicando a avaliação. Por exemplo, um indivíduo com câncer 
de próstata pode ter sua funcionalidade comprometida devido à dor óssea intensa 
não tratada anteriormente, e não pela disfunção sistêmica causada pela doença de 
base. Assim, essa disfunção se deve ao sofrimento, e não ao avanço da doença 
para órgãos vitais. (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
Outra ferramenta possível é a avaliação de capacidade para atividades 
básicas de vida diária (ABVD), nas quais há as recomendações de cuidados 
paliativos para pacientes dependentes em algumas atividades. 
 
 
 
 
28 
 
As principais dependências funcionais (ABVD) são: 
 
• incontinências urinária e fecal; 
• alimentação por tubos enterais ou incapacidade de alimentar-
se/hidratar- -se sem auxílio; 
• imobilização permanente em leito ou poltrona 
 
Já a escala de performance Karnofsky, desenvolvida para pacientes com 
câncer, objetiva documentar o declínio clínico e avaliar a capacidade de realizar 
determinadas atividades básicas. A maioria das pessoas com escala inferior a 70% 
tem indicação precoce de assistência de cuidados paliativos, e performance de 50% 
indica terminalidade, reafirmando que elas são elegíveis para os cuidados, a menos 
que exista uma possibilidade confirmada para se manter uma terapia para a doença 
de base que o paciente possa tolerar. (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
 
No Quadro 1, você pode visualizar a escala de performance Karnofsky. 
Já no Quadro 2, há a escala de performance paliativa 
 
 
 
Fonte: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (2009, p. 24). 
% 100 Sem sinais ou queixas, sem evidência de doença 
% 90 Mínimos sinais e sintomas, capaz de realizar 
suas atividades sem esforço 
% 80 Sinais e sintomas maiores, realiza suas atividades com esforço 
70 % Cuida de si mesmo, não é capaz de trabalhar 
60 % Necessita de assistência ocasional, é capaz de trabalhar 
% 50 Necessita de assistência considerável e 
cuidados médicos frequentes 
40 % Necessita de cuidados médicos especiais 
30 % Extremamente incapacitado, necessita de 
hospitalização, mas sem iminência de morte 
20 % Muito doente, necessita de suporte 
10 % Moribundo, morte iminente 
Quadro 1. Escala de performance: Karnofsky 
 
 
29 
 
 
 
 
 
Em 2006, a revista Critical Care Medicine publicou um número exclusivo 
dedicado ao tema cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva (UTI), 
contemplando os dilemas vividos nesse setor. Um dado muito interessante foi a 
dificuldade de os profissionais da saúde perceberem que não se atua mais com o 
objetivo de cura para o paciente. Além disso, nota-se a insuficiência da abordagem 
de paliativismo, morte e finitude nesse meio acadêmico, dando aos futuros 
profissionais pouco conhecimento sobre o processo natural de morte do ser 
humano. O sentimento de impotência e frustração, com frequência, acompanha-os 
em situações de terminalidade. (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS 
PALIATIVOS, 2009) 
Outro ponto relevante são os problemas ético-legais que permeiam as 
decisões necessárias na paliação, que se tornam difíceis dilemas. Entre os dilemas 
 
 
30 
 
de comunicação, tem-se (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 
2009, p. 29): 
 
• Comunicação insuficiente sobre as decisões de fim de vida; 
• Incapacidade dos pacientes de participar das discussões sobre seu 
tratamento; 
• Expectativas não realistas por parte dos pacientes e seus familiares 
sobre o prognóstico ou a eficácia do tratamento na UTI; 
• Falta de oportunidades para discussão sobre a forma como eles 
desejam receber os cuidados no final davida. 
 
Pode-se, ainda, considerar algumas situações encontradas em UTI que 
auxiliam a identificar pacientes que teriam benefício em receber atenção de 
cuidados paliativos (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009, p. 
29): 
 
• Duas ou mais estadias na UTI na mesma internação; 
• Tempo prolongado de ventilação mecânica ou falha na tentativa de 
desmame; 
• Falência de múltiplos órgãos; 
• Paciente candidato à retirada de suporte ventilatório com possibilidade 
de óbito; 
• Câncer metastático; 
• Encefalopatia anóxica; 
• Sofrimento familiar que comprometa a tomada de decisões. 
 
Entre os critérios de indicação para cuidados paliativos, há múltiplos fatores 
na decisão médica, porém, é imprescindível que a equipe multiprofissional esteja 
envolvida e discuta com a equipe médica sobre a história e a avaliação criteriosa de 
todos os pontos de saúde do paciente. (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS 
PALIATIVOS, 2009) 
 
 
31 
 
A complexidade dos cuidados paliativos e da prestação de assistência com 
esse objetivo gera mudanças importantes na vida do paciente e seu familiar, bem 
como um preparo precoce para conhecer e lidar com o processo de adoecimento, 
morte e luto. Portanto, além da clínica, é necessário que se considere aspectos 
sociais, emocionais, mentais e espirituais para iniciar seus cuidados com qualidade, 
tempo e efetividade. 
 
Dificuldades na indicação de cuidados paliativos 
 
Pediatria 
 
Ao prestar assistência ao paciente pediátrico, deve-se lembrar que, além de 
ter características diferentes dos adultos, ele está em processo de desenvolvimento, 
aprendizagem, crescimento e amadurecimento físico, emocional, cognitivo, social e 
espiritual. Essas condições afetam diretamente seus sintomas gerais em doenças 
mais graves. 
Muitas crianças são restringidas desnecessariamente, mesmo que elas 
sejam capazes de maiores graus de atividade e independência. O excesso de zelo, 
medo dos pais e familiares e da equipe de saúde podem afetar sua interação 
quando estão diante de uma doença grave, sendo afastadas da convivência com 
outras crianças da mesma idade, seja no ambiente escolar, domiciliar ou social 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017). 
Os cuidados paliativos em pediatria têm desafios para a equipe 
multiprofissional e os familiares, que envolvem, principalmente, comunicação e 
idade dos pacientes. Crianças pequenas que ainda não podem se comunicar 
precisam dos pais ou responsáveis legais para tomar decisões, o que, muitas vezes, 
se torna um grande dilema para eles. Essa sensibilização quanto à sua 
terminalidade afeta consideravelmente o emocional de familiares e profissionais de 
saúde pela associação com o início de vida, e não a morte. (CARVALHO; 
PARSONS, 2012). 
 
 
32 
 
Em crianças maiores e adolescentes, a comunicação deve ser feita de 
forma clara e criteriosa. O grande foco nesse grupo é a aquisição de sua máxima 
autonomia, com início o mais precocemente possível — se esse objetivo for 
alcançado até a terminalidade, a equipe terá contribuído bastante na vida desses 
jovens. Além disso, precisa-se preservar os desejos deles sempre que possível. Já 
a participação de familiares nos atendimentos fica, preferencialmente, a critério da 
criança ou do adolescente, porém, deve-se incentivar a família a participar de 
atividades que forem possíveis, cuidados e orientações, estimulando a convivência 
entre eles e vinculando-os aos profissionais da equipe. (CARVALHO; PARSONS, 
2012). 
 
Adultos e idosos 
 
Ao lidar com o extremo do ciclo da vida, as pessoas idosas podem 
apresentar condições de fragilidade intensa, sem diagnóstico específico, mas que 
aparentam estar em declínio progressivo de vitalidade, bem como desenvolvendo 
uma trajetória previsível em direção à morte nos próximos meses. 
Nessas condições, a indicação de cuidados paliativos tem o objetivo de 
atingir a condição de bem-estar integral. Suas indicações não convencionais, como 
a síndrome da fragilidade, incluem indivíduos idosos com comprometimento 
funcional e perda de peso progressivos e que podem ter várias doenças crônicas 
simultâneas (hipertensão arterial, doença coronariana, diabetes, etc.), mas sem 
condição fatal iminente. Esses pacientes tiveram uma aceleração recente dos 
declínios cognitivo e funcional ou tomaram a decisão de não prosseguir com o 
tratamento agressivo devido à idade avançada, à má saúde em geral, ao estado 
cognitivo ou aos custos excessivos. (CARVALHO; PARSONS, 2012). 
O modelo de atenção à saúde demonstrado na graduação das escolas de 
medicina e outras profissões da área da saúde no Brasil se baseia em prevenção, 
diagnóstico, tratamento efetivo e cura de doenças, porém, diante da impossibilidade 
de cura, esse modelo se torna ineficaz, levando à seguinte reflexão: o que fazer 
com o paciente quando não existe mais a probabilidade de cura? 
 
 
33 
 
O pouco conhecimento sobre os princípios dos cuidados paliativos e as 
dificuldades na sua avaliação e indicação, além da precariedade de comunicação 
entre as equipes médica e multiprofissional, são fatores que podem comprometer a 
assistência. Deve-se conscientizar profissionais e sociedade para esse trabalho, 
como um tratamento promissor de qualidade de vida para pessoas que convivem 
com doenças crônicas e sua importância como uma melhora na adaptação de vida 
desses pacientes e seus familiares. 
Deve-se, ainda, realizar um trabalho formativo junto às diferentes equipes e 
especialidades em saúde, desde a graduação até a atuação profissional, a fim de 
fortalecer a interdisciplinaridade e a relevância dos cuidados paliativos, buscando 
garantir avanços nos atendimentos e nas práticas em saúde. 
 
 
5 A UTILIZAÇÃO DAS TERAPIAS COMPLEMENTARES NOS CUIDADOS 
PALIATIVOS 
 
Atualmente, o conceito de incurabilidade de uma doença não indica o fim 
do tratamento, mas a necessidade, na abordagem, de mudar a metas. Os 
princípios dos cuidados paliativos apresentar elementos fundamentais e ideais 
para atender à demanda real da população afetada, principalmente devido a 
doenças crônicas e não transmissível 
Organização Mundial da Saúde (OMS) cuidados paliativos definidos como 
abordagem que promove a qualidade de vida de 
pacientes e de seus familiares, ao enfrentarem 
doenças que ameacem a continuidade da vida, por 
meio da prevenção e do alívio do sofrimento. 
Requer identificação precoce, avaliação e 
tratamento da dor e outros problemas de natureza 
física, psicossocial e espiritual. 
 
 
 
34 
 
Assim, a OMS destaca, nesse conceito atualizado, a participação da 
família e cuidados direcionados à multidimensionalidade pessoas. Considerando 
a necessidade de um cuidados ativos e totais, terapias complementares são úteis 
em cuidados paliativos, pois visam fornecer assistência abrangente ao indivíduo, 
contemplando o físico, social, emocional e espiritual. 
O uso de terapias complementares é mais e mais comum, pessoas 
enfrentando desafio de doenças incuráveis são atraídos por oportunidade de ter 
outras possibilidades de Cuidado. Diante dessa perspectiva, a demanda essas 
terapias tem como objetivo ajudar o tratamento convencional e melhorar a 
qualidade de vida. O seu uso não deve ser exclusivo ou excluindo, mas integrando, 
uma vez que as terapias são compatível com os princípios do cuidado paliativos e 
porque estão relacionados à autonomia do indivíduo 
No final da década de 1970, a fim de incentivar a criação de políticas 
direcionadas práticas complementares, a OMS instituiu o Programa de Medicina 
Tradicional. Por meio de relatórios e resoluções, divulgou seu interesse ao 
incentivar os Estados-Membros a legislar políticas públicas de uso racional e 
integrado medicina tradicional e complementar / alternativa nos sistemas 
nacionais de saúde a saúde. Ao mesmo tempo, foi incentivado realização de 
estudos científicos para promover conhecimento sobre segurança, eficácia equalidade desta terapia 
Em 2003, no Brasil, iniciou-se a construção da Política Nacional de Práticas 
Integrativas e Complementares (PNPIC) com a finalidade de atender às diretrizes e 
indicações de várias Conferências Nacionais de Saúde e às recomendações da 
OMS. A PNPIC, no Sistema Único de Saúde (SUS), foi aprovada em fevereiro de 
2006 e publicada na forma das Portarias Ministeriais n. 971 em 03 de maio de 2006 
e n. 1.600, de 17 de julho de 2006. 
A partir dessas observações; do cenário saúde atual; aumentando número 
significativo de pessoas com incurável e progressivo, o que exige cuidados 
integrante; abordagem holística das terapias cuidados complementares e 
paliativos, a importância desta pesquisa foi identificada, com o objetivo de analisar 
o uso de terapias complementar em cuidados paliativos, por instituições brasileiras 
 
 
35 
 
credenciadas no Associações nacionais e latino-americanas de Cuidado paliativo. 
(OMS, 2003) 
 
5.1 Cuidados Paliativos na Medicina Tradicional Chinesa 
 
A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da 
vida, em vez de procurar acelerar ou adiar a morte. Através dos cuidados 
paliativos, você pode controlar os sintomas do paciente, não a doença, mas os 
sintomas do paciente, para que o último dia de vida seja digno, de bom gosto e 
cercado por parentes. Portanto, esse conceito também se concentra na família, 
além do próprio paciente, mas também inclui o tomador de decisão. (OMS, 2003) 
O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida do paciente, que 
trabalhará com seu médico e sua família para decidir quando iniciar os cuidados 
paliativos. 
Um dos possíveis problemas é que eles geralmente são informados do 
atraso e, às vezes, médicos, pacientes ou familiares se recusam a ser 
hospitalizados porque ele acha que dessa maneira o paciente está "se rendendo" 
ou não está mais esperançoso. No entanto, se a condição do paciente melhorar 
ou a doença for aliviada, ele receberá alta e continuará a tomar uma série de 
medidas contra o câncer. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003) define os Cuidados 
Paliativos como medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus 
familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do 
sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor 
e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Segundo Ferrel e Coyle 
(2001) a introdução de Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde é um fenômeno 
relativamente novo, estando associados aos processos oncológicos ou aos 
pacientes com AIDS, o que resulta numa visão incompleta visto a enorme variedade 
de doenças que podem cronificar e levar ao óbito. 
 
 
36 
 
A chance de morrer com dignidade é considerada pelos profissionais de 
saúde como um dos direitos humanos mais básicos. O que geralmente é 
esquecido é o momento da morte tem conceitos diferentes em cada cultura, raça 
e indivíduo, Causa mal-entendidos e insensibilidade entre profissionais médicos 
(GATRAD, 2003). 
Cuidados Paliativos implica uma visão holística, que considera não apenas 
a dimensão preocupações físicas, mas também psicológicas, sociais e espirituais. 
Por exemplo, pacientes com câncer avançado geralmente apresentam dor 
oncológica, característica intenso, que é acompanhado por um "comportamento 
doloroso" que deve estar situado contexto cognitivo e emocional para a explicação 
do comportamento. Vários estudos avaliaram os fatores psicológicos que 
influenciam a gravidade da dor em pacientes com Câncer. Esses fatores são os 
principais determinantes do curso da dor com doença avançada. Uma o 
sentimento de desesperança e o medo da morte podem acentuar a dor (PESSINI, 
2003). 
Atualmente, há grande interesse dos pacientes em relação ao uso de 
terapias complementares como adjuvantes ao tratamento convencional. Nesse 
contexto, a acupuntura destaca-se por ser a terapia complementar mais estudada 
cientificamente. A acupuntura é uma tratamento de saúde milenar, baseado na 
Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que vem sendo resgatado e valorizado pelo 
oeste. As evidências atuais sugerem que a acupuntura ser uma terapia segura e 
eficaz para o controle dos sintomas do câncer ou associada a tratamento disso 
(INANA, 2010). 
O MTC considera a função do corpo e da mente como resultado da 
interação de certas substâncias vitais. Essas substâncias se manifestam em vários 
níveis de “substancialidade”, de modo que alguns deles são muito rarefeitos e 
outros são totalmente imateriais. O corpo e o não são vistos como um mecanismo, 
mas como um círculo de energia e substâncias elementos vitais interagindo entre 
si para formar o organismo (MACIOCIA, 1996). 
Cuidados Paliativos desenvolve atendimento a pacientes sem 
possibilidades terapêuticas cura que procura controlar ou melhorar os sintomas e 
 
 
37 
 
sinais físicos, psicológicos e espirituais destes. Devido ao grande número de 
indivíduos com processos de câncer sem disponibilidade de tratamento curativo, 
os cuidados paliativos são extremamente importantes para o atendimento 
integrado a esses pacientes (MARCUCCI, 2005). 
De acordo com a OMS (2003) é de extrema importância a participação da 
família e amigos próximos no processo de aceitação e suporte do paciente, além de 
toda uma equipe multiprofissional, a família e os amigos trazem sempre uma 
resposta positiva porque eles oferecem segurança, confiança para este paciente em 
relação aos cuidados que estão sendo tomados para sua patologia e também 
participa ativamente das decisões do tratamento e do cuidado em si. 
Notamos que Rezende (2005), comenta sobre a necessidade de otimização 
das intervenções em todas as áreas: alterações físicas, psicológicas, suporte social 
e familiar, esperança e expectativas, necessidades econômicas e crenças 
espirituais, embora os sintomas psicológicos, assim como outros sintomas dos 
pacientes e seus cuidadores sejam pouco conhecidos. 
Tradicionalmente, os cuidados paliativos eram vistos como aplicáveis 
exclusivamente no momento em que a morte era iminente. Hoje, são oferecidos no 
estágio inicial do curso de uma determinada doença progressiva, avançada e 
incurável (SEPÚLVEDA, 2005). 
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002), redefiniu o conceito de 
cuidados paliativos: “Cuidados paliativos é uma abordagem que aprimora a 
qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados 
com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, 
por meios de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros 
problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”. 
São princípios da Medicina Paliativa: Valorizar a vida e considerar a morte 
como um processo normal, não abreviando e nem prolongando a morte prover alívio 
da dor e outros sintomas estressantes, integrar os aspectos psicológicos e 
espirituais nos cuidados ao paciente oferecer um sistema de suporte para ajudar o 
paciente viver o mais ativo possível até a morte oferecer ainda um sistema de ajuda 
 
 
38 
 
e suporte aos familiares para conviverem com a doença do paciente e com suas 
próprias perdas (DRIVER e BRUERA, 2000). 
De acordo com Bruera (2008), os sintomas mais importantes, físicos e 
psicossociais, dos pacientes em cuidados paliativos são: dor, dispneia, náuseas e 
vômitos, fadiga, tristeza, angústia, solidão, problemas de convivência com a família, 
problemas econômicos e espirituais. 
 
Práticas integrativas e complementares 
 
No final da década de 1970, a fim de incentivar o desenvolvimento de 
políticas para práticas complementares, a OMS (Organização Mundial da Saúde) 
desenvolveu um plano para a medicina tradicional. Por meio de relatórios e 
resoluções, ele expressou interesse em incentivar os Estados Membros a legislar 
para formular políticas públicas para o uso racional e abrangente de medicina 
tradicionale complementar / alternativa no sistema nacional de saúde. Ao mesmo 
tempo, incentiva-se a pesquisa científica para melhorar o entendimento da 
segurança, eficácia e qualidade dessas terapias. 
Em 2003, começou a construção da Política Nacional de Práticas 
Integradas e Complementares (PNPIC) no Brasil, com o objetivo de atender às 
diretrizes e diretrizes de várias recomendações da Assembleia Nacional de Saúde 
e da OMS. O PNPIC no Sistema Único de Saúde (SUS) foi aprovado em fevereiro 
de 2006 e emitido na forma do Decreto Ministerial nº 971, de 3 de maio de 2006, 
e do Decreto Ministerial nº 1600, de 17 de julho de 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
6 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA 
A medicina tradicional chinesa (MTC) é uma das práticas integrativas 
inseridas no SUS. 
 Ela defende que o corpo humano possui 12 principais meridianos através 
dos quais a energia vital flui (chamada Qi), que precisa ser equilibrada em suas 
duas polaridades naturais, yin e yang. A acupuntura trabalha para promover esse 
equilíbrio. 
Atualmente, as técnicas da medicina tradicional chinesa têm sido 
utilizadas como tratamento integrado de patologias crônicas, além das 
ortopédicas, neurológicas, reumatologias e ginecológicas, auxiliando na 
recuperação de funções, quando possível, ou como analgésico e / ou anti-
inflamatório ação. Em pacientes com câncer ou em cuidados paliativos, é usado 
para controlar dor, ansiedade, fadiga, náusea e depressão e efeitos colaterais 
produzidos por radioterapia e / ou quimioterapia. 
A acupuntura relacionada aos cuidados paliativos é de grande 
importância, porque enquanto os pacientes terminais são restritos, por muitas 
vezes desnecessariamente, inclusive pelos membros da família, a acupuntura 
contribui para a melhoria da qualidade de vida e possível retorno às atividades 
cotidianas, dando novos objetivos para os pacientes, quando sua conduta é 
baseada em sintomas e desconforto específico de patologia. Portanto, a 
acupuntura tem um grande significado na dor câncer e cuidados paliativos, uma 
ferramenta que está sendo explorada gradualmente melhor qualidade de vida para 
pacientes terminais. Os profissionais de saúde devem valorizar pequenas 
realizações e compartilhá-las com seus pacientes, por isso é necessário manter 
uma abrir linha de contato com o paciente. 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
Os cinco elementos 
 
Como a teoria do yin-yang, a teoria dos cinco elementos também forma 
um dos fundamentos da medicina tradicional chinesa. A teoria dos cinco 
elementos tem muitas facetas, pois representam cinco qualidades diferentes do 
fenômeno natural, cinco movimentos e cinco fases do ciclo das estações. 
De acordo com a passagem de Shang Sfu, “os cinco elementos são água, 
fogo, madeira, metal e terra. A água umedece em descida, o fogo acende em 
ascensão, a madeira pode ser dobrada e esticada, o metal pode ser moldado e 
endurecido e a terra permite a disseminação, crescimento e colheita. Ele absorve 
e desce (a água) é salgada, que queima em descida (fogo) é amarga, que pode 
ser dobrada e esticada (madeira) é azeda, que pode ser moldada e endurecida 
(metal) é picante e permite espalhar, crescer e colher (solo) é doce”. (MACIOCIA, 
1996). 
Essencial para o conceito dos cinco elementos são as várias inter-relações 
entre eles ao longo das sequências de geração, controle, excesso de trabalho, 
lesões e cosmologia. As relações de geração e controle mútuos entre os 
elementos são processos de equilíbrio autorreguláveis que podem ser 
encontrados na natureza e no organismo. A essência (Jing) das relações dos cinco 
elementos está em equilíbrio: as sequências de geração e controle mantêm um 
equilíbrio dinâmico entre os elementos. Quando esse equilíbrio é afetado por um 
longo período de tempo, podem ocorrer patologias. (MACIOCIA, 1996). 
 
Cada elemento pode ficar desequilibrado de quatro maneiras: 
(1) está em excesso e supera o outro ao longo da sequência de excesso 
de trabalho; 
(2) é deficiente, sendo ferido por outro ao longo da sequência da lesão; 
(3) é excessivo e consome excessivamente seu elemento pai, 
(4) é deficiente e falha em nutrir seu filho. 
 
 
41 
 
O modelo de correspondência dos cinco elementos é amplamente 
utilizado no diagnóstico, baseando-se principalmente na correspondência entre os 
elementos e odor, cor, sabor e som. 
A teoria dos cinco elementos pode ser aplicada através do tratamento de 
acordo com várias sequências ou através do tratamento de acordo com os cinco 
pontos de transporte. 
No tratamento de acordo com várias seqüências, deve-se ter em mente as 
várias relações de um elemento, juntamente com outras seqüências de geração, 
controle, excesso de trabalho, lesões e cosmologia. (MACIOCIA, 1996). 
Se o fígado estiver em excesso e o paciente apresentar sintomas e sinais 
de estagnação do Qi do fígado (Gan) ou do fogo do fígado (Gan), deve-se verificar 
se esse excesso é decorrente do metal (avó) falhando para controlar a madeira 
(neto). Isso acontece frequentemente na debilidade constitucional crônica do 
pulmão (Fei). Se o fígado (Gan) estiver em excesso por causa do elemento metal 
que não o controla, deve-se tonificar o metal [o pulmão (Fei)], assim como sedar 
o fígado (Gan). Se o excesso do fígado (Gan) estiver afetando e deprimindo o 
elemento terra, nesse caso o baço (Pi) requer a tonificação. Se o fígado estiver 
em excesso e retirando muito do seu elemento-mãe, deve-se também tonificar o 
rim (Shen). (MACIOCIA, 1996). 
A base de tudo é o Qi: todas as outras substâncias vitais são manifestações 
do Qi em vários graus de materialidade, variando do completamente material, tal 
como fluidos corpóreos (Jin Ye), para o totalmente imaterial, tal com a Mente (Shen) 
(MACIOCIA, 1996). O Qi modifica-se em sua forma de acordo com a localização e 
função. Embora seja fundamentalmente o mesmo, o Qi coloca “diferentes 
vestimentas” em diversos lugares e assume inúmeras funções (MACIOCIA, 1996). 
A circulação debilitada pode resultar na condensação excessiva de Qi, o 
que significa que o Qi se transforma patologicamente em denso, formando tumores, 
massas ou aumentos de volume (MACIOCIA, 1996). 
A acupuntura é uma das técnicas de tratamento da medicina tradicional 
chinesa antiga (MTC), na qual agulhas de metal são usadas como uma ferramenta 
aplicada à pele do paciente em pontos estratégicos (pontos de acupuntura), com 
 
 
42 
 
o objetivo de melhorar a função dos pacientes. Órgãos, vísceras e glândulas, 
diminuem ou eliminam a dor e trazem equilíbrio às emoções. A aplicação dessa 
prática vem crescendo nos últimos 20 anos, inclusive no tratamento de mulheres 
com câncer ginecológico. Foi descrito pelos chineses há 5.000 anos e durante 
muito tempo foi negado, no mundo ocidental, devido à dificuldade de entender a 
escrita chinesa e de entender seu mecanismo de ação. Mas o fato de a acupuntura 
ter um desempenho muito bom no alívio da dor aguda e da dor crônica significava 
que não era esquecida para sempre. (MACIOCIA, 1996). 
Com o avanço da medicina e diferentes especialidades paralelas, como 
bioquímica, neurotransmissores, como serotonina, endorfina B, dinorfina e muitas 
outras substâncias foram detectadas, o que possibilitou a descoberta de que a 
acupuntura pode diminuir ou terminar com a dor de liberar essas substâncias 
endógenas. Substâncias analgésicas. Às vezes, a acupuntura pode curar, em uma 
única sessão, dores que atormentavam a vida de pacientes que sofriam há horas, 
dias, meses ou anos. (MACIOCIA, 1996). 
 
6.1 Técnicas de acupuntura 
 
Além das técnicas mencionadas pela OMS (Ministério da Saúde - Brasil. 
Instituto Nacional de câncer, 2001), ressalta-se a referência de outras terapêuticas 
para o alívio da dor em casos oncológicos, tais como: a acupuntura. Esta técnica 
ameniza os espasmos musculares e vesicais por meio da estimulação de locais 
específicos da pele, os acupontos,com a penetração de agulhas finas aplicadas 
manualmente com ou sem estimulação elétrica. Possui como objetivo a correção de 
desequilíbrios energéticos do corpo. Pode ocorrer também à estimulação das áreas 
por moxabustão (acupuntura térmica realizada por combustão de ervas), pressão, 
calor e laser (KANDU e BERMAN, 2007). 
O acuponto é definido como um ponto da pele de sensibilidade espontânea 
ao estímulo e à resistência elétrica reduzida. Possui um diâmetro de 0,1 a 5cm, 
 
 
43 
 
entretanto é uma área de condutividade elétrica amplamente aumentada 
comparada às áreas da pele ao redor (SCHWARTZ, 2008). 
Estes estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, 
vasos, nervos e septos intramusculares, na ligação músculo-tendínea, nos locais de 
maior diâmetro do músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da 
pele (DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). Quando um ponto de acupuntura é 
puncionado, ocorre sensação de parestesia elétrica ou calor. Essa sensação é 
denominada como De Qi. 
O ponto de acupuntura pode ser estimulado por acupressão, moxabustão, 
laserpuntura, aquapuntura e eletroacupuntura, dentre outras técnicas (LUNA, 2002; 
LIN, 2006). A acupressão consiste na aplicação de pressão sobre a superfície do 
corpo de uma forma geral (massagem) ou em pontos específicos. A moxabustão é 
o aquecimento do ponto de acupuntura com a queima de bastões de uma planta 
chamada Artemisia vulgaris. A técnica pode ser realizada de forma direta, 
queimando os bastões diretamente sobre a pele, ou indireta (ALTMAN, 2006). Outro 
método não invasivo consiste na utilização de Laser (Light Amplification by 
Stimulated Emission of Radiation), com rendimento de 1 a 10mW cm-2 (softlaser), 
em acupontos analgésicos (DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). 
A aplicação do soft-laser aumenta a síntese de adenosina trifosfato (ATP) 
na célula, causando hiperpolarização e bloqueio de estímulos menores, diminuindo 
a transmissão de impulsos dolorosos. SHEN et al. (2008) verificaram que o estímulo 
do acuponto E35 por aplicação de laser em pacientes com osteoartrite no joelho 
resultou em redução da dor clínica em 49%. A auriculoterapia é indicada nas 
doenças agudas e reversíveis, para analgesia e adjuvante nas doenças crônicas 
(DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). ALIMI et al. (2003) comprovaram a eficácia 
da auriculoterapia como tratamento auxiliar na dor crônica neuropática em 
pacientes oncológicos. Apesar dos resultados promissores, as evidências para o 
uso da auriculoacupuntura no controle da dor ainda são inconclusivas 
(USICHENKO, LEHMANN e ERNST, 2008). 
A MTC, portanto, basicamente auxilia na remoção da causa da enfermidade 
e revitaliza ou reforça a resistência natural do corpo às doenças. Esta também 
 
 
44 
 
contempla as queixas subjetivas do paciente através da prescrição de pontos de 
acupuntura baseados no conjunto de sintomas subjetivos e objetivos (HONG JIN 
PAI, 2003). As indicações da acupuntura e moxabustão podem, de modo geral, ser 
classificadas em três aspectos significativos: analgesia, regulação e sistema 
imunológicos (QUI MAO-LIANG, 1993). A acupuntura dentro da medicina ocidental 
também tem sido utilizada no tratamento de sintomas vasomotores, como por 
exemplo, os fogachos decorrentes do climatério, em mulheres com história prévia 
de câncer de mama e que, portanto, não utilizam o tratamento com hormônios 
(TUKMACK, 2000; HICKEY et al., 2005). 
Segundo Kandu e Berman (2007), há mais de dois milhões de indivíduos 
que utilizam regularmente da acupuntura, principalmente para amenizar queixas 
musculoesqueléticas e para o manejo da dor em geral. Em países da Ásia e Europa, 
a acupuntura foi incorporada ao sistema público de saúde como técnica redutora de 
dor. Estudos recentes apontam vários benefícios do uso da acupuntura no manejo 
da dor em situações específicas, tais como: dores na região lombar (Barnes et al., 
2008; Chou e Huffman, 2007; Manheimer, White, Berman, Forys, e Ernst, 2005; 
Slade e Keating, 2007); dores nos joelhos (Kwon, Pittler e Ernst, 2006; Bjordal et 
al., 2007). Outros estudos também demonstram a eficácia desta técnica para 
pacientes que apresentam insônia (Chen et al., 2007), náuseas e vômito (Dune e 
Shiao, 2006; EZZO ET AL., 2005). 
Thoresen (2003) obteve sucesso em 80% dos casos de câncer, havendo 
desaparecimento total ou redução significante do tumor, sendo que nos 20% 
restantes não houve progressão da doença. Segundo este autor, o processo mais 
eficiente para estimular o processo de controle das células cancerosas pelo 
organismo é através do Ciclo Ko (Controle), utilizando somente canais Yin que 
promovem controle do órgão afetado, independente se o órgão afetado (ou a parte 
afetada deste) é Yin ou Yang. No Ciclo Ko, os pares de órgãos Yin-Yang relativos 
aos elementos são: 
- Meridiano do Fígado: para controlar câncer de baço (ou estômago, seu 
parceiro Yang), ou de tecidos ao longo de seus Meridianos, como por exemplo, 
 
 
45 
 
câncer abaixo da porção média da tíbia (por onde passa o Meridiano do baço) ou 
câncer mamário (por onde passa o Meridiano do estômago) (THORESEN, 2003). 
- Meridiano do Baço: para controlar câncer de rim (ou bexiga, seu parceiro 
Yang), ou de glândla adrenal, ovário, oviduto, útero, cérvix, vagina, testículo, ducto 
espermático, vesícula seminal, próstata e pênis. Todos esses cânceres estão 
relacionados com o rim. O meridiano do baço também é utilizado para cânceres de 
tecidos ao longo do Meridiano da bexiga e rim, por exemplo, câncer de sacro 
(THORESEN, 2003). 
Segundo He (1987), o uso da acupuntura como método de alívio da dor 
baseia-se em grande número de ensaios clínicos e não há dúvida de que a 
acupuntura tem um efeito potente e confirmado no tratamento da dor. No ocidente, 
a acupuntura ganhou credibilidade principalmente por causa de seu efeito no alívio 
da dor, seja de várias fontes. A aceitação do efeito a acupuntura para alívio da dor 
foi facilitada pela descoberta de opióides endógenos. que descoberta trouxe uma 
explicação lógica em termos ocidentais para o efeito sensibilidade à dor. Além de 
aliviar a dor, a acupuntura é comumente usada em medicina Chinês tradicional 
para tratar várias doenças. 
A acupuntura não tem apenas um efeito analgésico, provoca múltiplas 
respostas biológicas. O efeito analgésico e anestésico da hoje, a acupuntura é 
concebida a partir de pesquisas científicas, como um processo de excitação que 
libera endorfinas (HU, 1975). 
Nas últimas décadas, muitos estudos foram realizados para esclarecer os 
mecanismos de ação e os fenômenos neuroquímicos que ocorrem durante a 
analgesia e anestesia por acupuntura, o que levou à compreensão da importância 
dos reflexos espinais como importante mecanismo de ação desta modalidade de 
tratamento (WU, 1990). 
Não se pode mais duvidar da eficácia terapêutica da acupuntura como 
ferramenta adicional no tratamento da dor. Atualmente é possível compreender 
cientificamente como uma agulha de acupuntura promove analgesia. A participação 
de vias aferentes e eferentes do sistema nervoso e das estruturas encefálicas assim 
como a identificação de diferentes tipos de neurotransmissores envolvidos nos 
 
 
46 
 
efeitos da acupuntura tem sido bem evidenciada em pesquisas que investigam o 
efeito desta técnica (HE, 1987) e (DHOND ET AL., 2007). Por essa Dessa forma, a 
acupuntura tem sido muito bem aceita no Ocidente, melhorando nosso arsenal e 
potencial terapêutico. 
De acordo com Carneiro (2002) e Rhodes e McDaniel (2001) a pressão 
sobre o ponto PC6 tem se mostrado uma terapia simples e eficaz, que não 
apresenta efeitos colaterais dos medicamentos convencionais, podendo levar a 
redução da dosagem desses. Há evidências científicas apoiando o uso da 
acupressão do ponto PC6 para prevenção e tratamento de náusea e vômito de 
diversas etiologias, incluindo: pós-operatório, segundo Agarwal et al. (2002) e 
Turgut et al.

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