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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3 2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA .............................................................. 4 2.1 História da Medicina Tradicional Chinesa .................................................. 4 3 BASES TEÓRICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ........................ 7 4 HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS .................................................... 21 4.1 Definição de cuidados paliativos .............................................................. 24 5 A UTILIZAÇÃO DAS TERAPIAS COMPLEMENTARES NOS CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................................................... 33 5.1 Cuidados Paliativos na Medicina Tradicional Chinesa ............................. 35 6 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA ............................... 39 6.1 Técnicas de acupuntura ........................................................................... 42 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 2.1 História da Medicina Tradicional Chinesa Fonte: https://www.clinicaacuvida.com/ Medicina Tradicional Chinesa (MTC), também conhecida como medicina chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué), é o nome geralmente dado ao conjunto de práticas de Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos de sua história. (LIMA, 2018). A medicina chinesa se originou ao longo do rio Amarelo, tendo formado sua estrutura acadêmica há muito tempo. Ao longo dos séculos, sofreu muitas inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos famosos e escolas diferentes. É considerada uma das formas mais antigas da medicina oriental, um termo que também abrange outros medicamentos na Ásia, como os sistemas médicos tradicionais do Japão, Coréia, Tibete, Mongólia e Índia. (LIMA, 2018). A Medicina Chinesa (MTC) é baseada em uma estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Com base no reconhecimento https://www.clinicaacuvida.com/ 5 das leis fundamentais que regem o funcionamento do organismo humano e sua interação com o meio ambiente de acordo com os ciclos da natureza, procura aplicar essa abordagem tanto ao tratamento de doenças quanto à manutenção da saúde através de vários métodos. (LIMA, 2018) Inscrições em ossos e conchas de tartarugas das dinastias Yin e Shang, há 3.000 anos, mostram registros médicos e de saúde e uma dúzia de doenças. De acordo com registros da dinastia Zhou, havia métodos de diagnóstico como: observação facial, audição da voz, questionamento sobre possíveis sintomas, pulsação para observar o Zang-fu (órgãos e vísceras), além de indicações de tratamentos terapêuticos como como acupuntura ou cirurgia. Naquela época, o estudo de Yin-Yang, a teoria dos cinco elementos e o sistema de circulação de energia pelos meridianos do corpo humano estavam incluídos em seus princípios, princípios que foram refinados ao longo dos séculos seguintes. Nas dinastias Qin e Han, trabalhos como "Cânone de Medicina Interna do Imperador Amarelo" (Huangdineijing) foram publicados hoje considerados como obra de referência da medicina chinesa. A acupuntura conhece reformas importantes na dinastia Song (960 aC - 1279 aC), conduzidas principalmente pelo médico Wang Weiyi, que publicou "A acupuntura e os pontos do corpo humano". Moldando duas estátuas de bronze do corpo humano, a fim de ensinar a seus alunos as técnicas de acupuntura, acelerando seu desenvolvimento. No século 20, Mao Tze Tung, oficializou o ensino da medicina chinesa em nível universitário e sua disseminação por toda a China, criando muitas universidades e hospitais para a prática da medicina chinesa, considerados na época um recurso valioso e acessível para a saúde pública. (LIMA, 2018). Atualmente, existem oito métodos principais de tratamento na Medicina Tradicional Chinesa: 1. Fitoterapia chinesa (fármacos) 2. Acupunctura 3. Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa) 4. Dietoterapia (terapia alimentar chinesa) 6 5. Auriculoterapia (tratamento pela orelha) 6. Moxabustão 7. Ventosaterapia 8. Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de energia, e meditação como: Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais) consideradas métodos profiláticos para a manutenção da saúde ou formas de intervenção para recuperá-la. O diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é o legado deixado pelos antigos médicos chineses, que ao longo dos anos melhoraram a anamnese, superando algumas dificuldades e transmitindo seu conhecimento para as gerações futuras. O diagnóstico da medicina chinesa, embora aparentemente simples, é muito eficaz - as observações a serem feitas incluem observação, escuta, olfato, pergunta e toque, a observação da língua e o exame do pulso se destacam no diagnóstico, uma prática que leva alguns anos para ser completamente dominado pelo especialista em MTC, mas fornecendo informações preciosas e precisas sobre a condição de saúde do paciente. Segundo LIMA, 2018 a medicina chinesa, que é bastante conhecida no Ocidente, exceto pelo aspecto muito limitado da acupuntura, merece um lugar muito particular dentro da ampla e diversificada gama de medicamentos alternativos. Vamos ver o porquê: é o único medicamento que tem uma existência contínua, em termos de seus fundamentos há mais de 2000 anos, é reconhecido pelo estado chinês em igualdade com a prática da Medicina Moderna. É reconhecido pela OMS as características da ONU que ele não compartilha com nenhum outro sistema médico, permitindo-se estar dentro das concepções filosóficas e energéticas que o sustentaram ao longo dos tempos e integrar os métodos de validação da ciência moderna. A medicina chinesa possui um amplo campo de aplicação, porque é praticada há muitos séculos no maior país do mundo em termos demográficos. Isso proporciona uma experiência única, primeiro, empírica e depois científica. Finalmente, a Medicina Chinesa é um sistema completo e não uma técnica médica simples, com aplicações limitadas, uma vez que o campo da Medicina 7 Chinesa é extremamente amplo: da farmacopeia à acupuntura, da dietética à cirurgia popular, das massagens à ginecologia, da medicina interna aos métodos de ressuscitação. De fato, são praticamente as mesmas especialidades da Medicina Ocidental, porém, em uma compartimentação menos restrita e limitadora, devido à sua abordagem mais global da doença e de suas causas. Isso nos permite afirmar que a medicina chinesa, como a medicina ocidental,tem uma experiência de status oficial e, ao mesmo tempo, uma abordagem mais humanística e global do ser humano, da saúde e da doença. (LIMA, 2018) 3 BASES TEÓRICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Terapias alternativas ou complementares são termos que se referem a práticas que não fazem parte da medicina convencional ocidental. Essa nomenclatura se deve ao fato de que são empregadas de forma complementar, ou seja, não excluem o tratamento ocidental tradicional. A maioria delas foi desenvolvida a partir de pilares culturais e teóricos próprios. Há algumas décadas, tínhamos apenas a medicina convencional para recorrer, que, como toda racionalidade médica, tem seus êxitos e suas fraquezas. Nos últimos anos, a grande mescla cultural tem sido muito rica tanto na área da medicina quanto na estética. (MACIOCIA, 2016) Percebemos no mercado o interesse da população ocidental nas terapias complementares. Assim, a cada ano, temos novos profissionais aplicando um conjunto de diferentes técnicas com o mesmo objetivo, aumentando a efetividade do tratamento empregado. As terapias complementares não dispensam a medicina convencional, mas enriquecem os protocolos terapêuticos, observando o indivíduo de forma integral, sem fracionar corpo, mente e emoções. (MACIOCIA, 2016) Em geral, o pensamento ocidental tende a observar eventos isoladamente e avaliar sua interação com os demais fenômenos pontualmente, sistematizando seus modelos de estudos para que cada vez mais as variáveis sejam isoladas. O raciocínio oriental se inclina a identificar padrões globais, atentando para o todo, 8 sem foco restrito. Pode-se diferenciar a organização da perspectiva ocidental da oriental, sendo a primeira redutiva e analítica, e a segunda ampla e interpretativa. Enquanto, no ocidente, se foca nos polos opostos, no oriente, observa-se a continuidade de transformação entre eles, o caminho entre um e outro. Segundo Nascimento, Nogueira e Luz (2012), a medicina tradicional chinesa é uma racionalidade médica diferente da medicina ocidental, tem suas próprias bases de morfologia, dinâmica vital, doutrina médica, sistema de diagnose, sistema terapêutico e cosmologia. A medicina tradicional chinesa é um sistema médico complexo, terapêutico, tradicional e complementar, o qual preserva e valoriza o meio ambiente com foco na qualidade de vida. A ótica chinesa em relação ao ser humano é global: uma vida é formada por corpo, mente e emoções — portanto, não podemos segregar doenças da mente e doenças do corpo, além de perceber a relação do indivíduo com o ambiente. A avaliação e proposta de tratamento são feitas de forma completa. O propósito das técnicas orientais, como acupuntura e massagem terapêutica, é estimular determinados pontos em diferentes profundidades na superfície da pele com finalidade terapêutica. Esses recursos visam a desbloquear ou harmonizar o fluxo de Qi (energia) e Xue (sangue), que circulam pelo organismo humano. Ao utilizar essas metodologias, ações locais e sistêmicas se manifestarão, contribuindo para o objetivo final da aplicação do tratamento. (MACIOCIA, 2016) Os conhecimentos milenares acerca da medicina oriental são embasados em teorias. Esses pilares foram descritos nas históricas obras orientais, como o Livro das Mutações (I Ching), o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huangdi Nei Jing, Su Wen e Ling Shu) e o Clássico de Dificuldades (Nei Jing). O Livro das Mutações foi datado por volta de 700 a.C., considerado o mais antigo livro chinês. Trata-se do primeiro registro em que a teoria Yin e Yang é abordada. Foi utilizado como oráculo na antiguidade e, atualmente, já migrou para o ocidente, passando pelas mãos de inúmeros leitores com traduções em diversos idiomas. Mesmo sem citar diretamente a medicina oriental, sabendo que a teoria Yin e Yang é o suporte para tal, a contribuição dessa obra é de suma importância para a medicina oriental. (MACIOCIA, 2016). 9 A primeira exposição completa da medicina tradicional chinesa foi no Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, no qual a experiência clínica foi exposta por meio de perguntas e respostas do imperador da época para seus ministros (médicos). Esse trabalho já passou por edições e inclusão de comentários. Os segmentos que permanecem atualmente são Su Wen, trazendo aspectos da fisiologia, patologia e de como manter saúde evitando doença, e Ling Shu, descrevendo as técnicas de acupuntura. (MACIOCIA, 2016) O Clássico de Dificuldades é uma expansão dos conceitos de patologia, além de trazer princípios de tratamento da medicina tradicional chinesa com explicações mais detalhadas. Foi desenvolvido pelo chinês Bian Que no período dos Estados Combatentes (475 a.C. a 221 a.C.), após testar e sistematizar essas práticas. As bases teóricas da medicina tradicional chinesa são formadas por grandes obras antigas e densas, as quais trazem as três principais teorias para a compreensão e prática da medicina oriental: Yin e Yang, Cinco Elementos e Zang Fu. (MACIOCIA, 2016). Teoria Yin e Yang O grande alicerce teórico de toda a medicina chinesa é a teoria de Yin e Yang, a qual pode ser aplicada para todo e qualquer fenômeno da natureza, não sendo restrita apenas à medicina. As primeiras referências dessa teoria estão no Livro das Mutações, uma das obras chinesas mais antigas. Maciocia (2016) e Auteroche e Navailh (1992) apontam em suas obras a importância da compreensão dos conceitos de Yin e Yang, tendo em vista que esta teoria é essencial para a prática clínica, tanto para avaliar o paciente como também para delinear o tratamento e sugerir o prognóstico. Em resumo, Yin e Yang são etapas opostas, complementares, interdependentes e intimamente relacionadas que estão num constante movimento, assumindo polos cíclicos. Um bom exemplo é a relação entre matéria e energia, sendo cada uma delas identificada como extremidade de algo contínuo e cíclico, no 10 qual matéria pode transforma-se em energia, e vice-versa. Nenhum fenômeno é estático, estando sempre em constante mudança, permeando o Yin e o Yang. Essa capacidade mutante dos eventos justifica a relatividade dos conceitos Yin e Yang. Situações de volatilidade, ascensão, movimento e hiperatividade estão caracterizadas como Yang, ao contrário de alta densidade, degenerações e hipoatividade, que se aproximam do Yin. (MACIOCIA, 2016) • Fenômenos da natureza Yin: noite, escuro, frio, água. • Fenômenos da natureza Yang: dia, claro, calor, fogo. • Fisiologia humana Yin: estruturas dos órgãos, matéria, lentidão, interior. • Fisiologia humana Yang: funções dos órgãos, energia, rapidez, exterior. Teoria dos cinco elementos A teoria dos cinco elementos também é conhecida como teoria das cinco fases, ou teoria dos cinco movimentos — fogo, terra, metal, água e madeira estão organizados e relacionados de forma cíclica e dinâmica, representando os eventos de constante mudança da vida. A categorização dos cinco elementos auxilia no discernimento dos processos fisiológicos e patológicos dos indivíduos e do ambiente. A obra Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos (HICKS; HICKS; MOLE, 2007) traz claramente que cada elemento tem características abstratas e concretas, as quais podem ser aplicadas a todo fenômeno — são as qualidades fundamentais dos eventos do universo. Suas inter-relações podem indicar transformações, fazer com que um deles se sobressaia ou que tenha suas atividades reduzidas. Há um balanço entre eles, sendo que, caso o desequilíbrio seja estabelecido, se inicia o processo patológico. Sinteticamente, um elemento não é algo estático e concreto, ele é parte de um grande processo. 11 As principais relações entre os cinco elementos são a geração e a dominação. Um elemento gera o outro, formando um ciclo de geração. Fogo geraterra, a qual gera o metal que, por consequência, gera a água que gera a madeira e, assim, o fogo é gerado. Essa forma cíclica de produção deve manter-se de forma equilibrada e constante. Caso o fogo deixe de gerar a terra, teremos uma deficiência das características que fazem parte do elemento terra. Esse é um exemplo de um grupo de desarmonias que podem ocorrer a partir do desequilíbrio no ciclo de geração. (MOLE, 2007) Os elementos tem um mecanismo de autorregulação chamado dominação: uns dominam os outros, e assim o equilíbrio é alcançado. Esse ciclo segue o seguinte fluxo: o fogo domina o metal que domina a madeira, a qual domina a terra que domina a água e está regula o fogo. A dominação permite que nenhum conjunto de características vinculado a um elemento sobressaia-se aos demais, causando desequilíbrio. Algumas desarmonias podem ocorrer devido à ineficiência desse fluxo. (MOLE, 2007). A partir dos domínios fogo, terra, metal, água e madeira foi organizado o sistema de órgãos e vísceras, originando a teoria dos Zang Fu. Teoria dos Zang Fu A sistematização dos órgãos internos é descrita pela teoria Zang Fu, sendo a denominação Zang utilizada para “órgãos”, estruturas sólidas encarregadas de armazenar substâncias vitais, como energia, sangue, essência e fluidos corpóreos, têm característica Yin. O termo Fu refere-se às “vísceras”, estruturas ocas responsáveis por transformar alimentos e transportar energia, que têm característica Yang. (MOLE, 2007) Os órgãos Zang são coração (C), pulmão (P), baço (BP), fígado (F), rim (R) e pericárdio (PC). As vísceras Fu são intestino delgado (ID), intestino grosso (IG), estômago (E), vesícula biliar (VB), bexiga (B) e triplo aquecedor (TA). A relação entre os órgãos e as vísceras é baseada na teoria Yin e Yang e na teoria dos Cinco Elementos, como ressaltado em Ross (2003). 12 Os órgãos e as vísceras são segregados em dois grandes grupos, de acordo com suas características Yin e Yang. Os Zang são classificados como Yin , e os Fu como Yang. Eles se organizam em pares dentro de cada um dos cinco elementos, sendo um representante de cada polaridade. Os Zang Fu, que fazem parte do elemento fogo, são C, ID, PC e TA (único elemento que tem dois pares Zang Fu), aqueles pertencentes ao elemento terra são BP, E, P e IG são metal, R e B classificam-se como água, e, compondo o elemento madeira, estão F e VB. Sabendo que conseguimos classificar qualquer fenômeno da natureza nas teorias básicas chinesas, várias características do nosso organismo podem ser vistas na ótica dos Cinco Elementos — e até de uma forma mais específica na teoria dos Zang Fu. Percebemos excesso da expressão do elemento fogo quando observamos calor, febre, sede, urina escassa e fezes ressecadas. O sentimento de euforia, caracterizado por uma alegria intensa e descontrolada, e palpitação estão relacionados à alta atividade do Zang coração. A falta de coragem e a indecisão podem estar atreladas à vesícula biliar, logo são características do tipo madeira. (ROSS 2003). Estudantes, profissionais e pesquisadores refinam as técnicas da medicina tradicional chinesa há mais de 2,5 mil anos, mantendo as teorias básicas ativas e aplicadas na prática da medicina oriental, valorizando não apenas as bases médicas, mas, também, o legado cultural dessa prática milenar. (ROSS 2003). Equilíbrio energético 13 A energia que constitui a matéria fundamental do universo chama-se Qi. É a partir de suas ações, seus movimentos e suas transformações que os eventos da natureza ocorrem. Essa substância sutil e dinâmica é responsável por produzir as funções fisiológicas e manter a vitalidade do organismo. Ela pode ser observada como energia refinada gerada pelos órgãos internos e que assume diferentes formas em diferentes sítios do organismo, ou como atividade funcional de um órgão interno, como a atividade do Qi do fígado (ações que são realizados por este órgão) (ROSS 2003). O ideograma de Qi (Figura 1) indica a ideia de que algo pode ser material e energético ao mesmo tempo, que o denso e o sutil podem estar em constante transição. A porção superior do ideograma significa “vapor”, dando a ideia de sutileza, algo imaterial, enquanto a porção inferior simboliza um “feixe de arroz”, algo material e denso. Qi também pode ser chamado de Chi. (ROSS 2003). Na medicina oriental, percebemos diversas classificações de Qi, que são baseadas na localização ou na função desta energia. As principais funções do Qi são: atividade de transformação, controle, proteção do organismo, ajuste de temperatura corporal e impulsão de matéria. Quanto aos alimentos e fluidos Yin, o Qi realiza sua ação Yang de transformá-los em formas mais sutis de matéria. O Qi 14 é Yang em relação ao Xue (sangue) que, por sua vez, é de natureza Yin. A ação do Qi é fundamental para movimentar o sangue pelos canais do organismo, permitindo que ele execute sua função de nutrir e umedecer o corpo. Qi age transportando e mantendo sangue e fluidos nos seus canais e, também, tem ação protetora, mais conhecido como Wei Qi. Este tipo de Qi transita no espaço entre a pele e os músculos, protegendo o corpo dos fatores patogênicos externos. O Yang Qi promove aquecimento, gerando calor para os processos que precisam dele. A seguir, estão descritos os principais tipos de Qi. (ROSS 2003). Yuan Qi (Qi original) Este tipo de energia é a força motriz do organismo, desperta e movimenta a atividade funcional de todos os órgãos. É a base do Qi do rim, pois todas suas atividades funcionais estão ligadas ao Yuan Qi. Atua na transformação do Zong Qi em Zhen Qi (que gera Ying Qi e Wei Qi) e transforma Qi do alimento (Gu Qi) em sangue. Surge nos pontos fonte e é conduzido por todo o corpo (canais e órgãos internos) pelo triplo aquecedor. (ROSS 2003). GU QI (Qi do alimento) Representa o primeiro estágio de transformação dos alimentos em Qi; é a base para produção do Qi e sangue do corpo. Os alimentos são “decompostos” e “transformados” no estômago em Gu Qi no baço. Sobe até o tórax (com o Qi do baço) e passa pelo pulmão, onde se une ao ar para formar Zong Qi (Qi de reunião); e, no coração, é transformado em sangue. (ROSS 2003). ZONG QI (Qi de reunião) 15 Origina-se a partir união do Gu Qi com o Da Qi (Qi do ar), tornando-se uma forma de Qi mais sutil e refinada. Auxilia o coração e pulmão a empurrarem Qi e sangue para os membros. (ROSS 2003). ZHEN QI (Qi verdadeiro) Zong Qi é transformado em Zhen Qi a partir da ação do Yuan Qi. Este é o último estágio do processo de refinamento e transformação do Qi. É ele que circula nos canais. Origina-se no pulmão, que é o órgão responsável por governá-lo. (ROSS 2003). YING QI (Qi nutritivo) Ying Qi é a essência refinada que nutre os órgãos internos e todo o organismo. Está em íntima relação com o sangue e flui com ele pelos canais e vasos sanguíneos. (ROSS 2003). WEI QI (Qi defensivo) Flui nas camadas mais externas do corpo, entre a pele e os músculos. Age protegendo o organismo do ataque de fatores patogênicos exteriores. Aquece, hidrata e nutre parcialmente a pele e os músculos. Ajusta a abertura e o fechamento dos poros e regula a temperatura do corpo. O pulmão pulveriza Wei Qi no espaço entre a pele e os músculos. Deficiência de Wei Qi enfraquece as defesas do organismo contra fatores patogênicos exteriores. Qi defensivo circula 50 vezes em 24 horas, 25 durante o dia e 25 à noite (nos órgãos Yin). (ROSS 2003). ZHONG QI (Qi central) 16 Zhong Qi é outra maneira de definir o Qi do estômago e do baço. É um termo eventualmente utilizado para a função de transporte e transformação realizada pelo baço. Implica na função de subida do Qi do baço. Os pontosde acupuntura são locais específicos de grande concentração de energia Qi, e, tendo em vista que Qi é a força motriz da fisiologia da vida, alterações em suas funções caracterizam-se em desarmonias energéticas, as quais são as fontes do desenvolvimento das patologias. A medicina tradicional chinesa dispõe de diversas técnicas para reestabelecer o equilíbrio energético de um indivíduo. Os recursos mais comuns são acupuntura, eletroacupuntura, ventosaterapia, moxabustão, auriculoterapia, técnicas manuais, laser, fitoterapia e dietoterapia. (ROSS 2003). Sistema de meridianos energéticos O sistema de meridianos energéticos também pode ser chamado de sistema de canais e colaterais, que são segmentos energéticos que percorrem todo o organismo, formando uma imensa e unificada rede energética. Por meio desta rede, um sistema de comunicação é estabelecido entre órgãos, vísceras e extremidades do corpo, como pele, músculos e órgãos dos sentidos. O termo em chinês Jing Luo refere-se aos meridianos e às suas ramificações. Qi e Xue estão intimamente ligados, o sangue movimenta-se com o impulso da energia, e essa dupla de substâncias vitais percorre os meridianos inseparavelmente. Essa teia energética faz a comunicação entre alto e baixo, exterior e interior, superficial e profundo, direita e esquerda. Entre suas principais funções estão ligar internamente os Zang Fu e conectá-los aos membros e às demais porções periféricas do corpo, como tecidos e orifícios sensoriais, permitir circulação de Qi e Xue por todo o organismo, integrando-o, e participar do mecanismo de defesa. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) O sistema de meridianos pertence ao exterior do corpo, mas consegue estabelecer uma eficiente comunicação com o interior, mais especificamente com os órgãos internos. Esse sistema e os órgãos internos formam uma unidade 17 energética indivisível, de forma que, a qualquer desequilíbrio em um determinado meridiano, o órgão correspondente pode ser afetado, e vice-versa. (ROSS 2003). Meridianos regulares (Jing Mai) Meridianos principais (Jing Zheng) Os meridianos principais estão intimamente relacionados com os Zang Fu, apresentam trajeto superficial e profundo. Os 12 meridianos (Quadro 1) se organizam em pares acoplados de natureza Yin e Yang, a fim de manter a comunicação entre um órgão (Zang - Yin) e uma víscera (Fu - Yang). Estão dispostos no corpo bilateralmente, e suas orientações dependem da natureza Yin, seguindo o fluxo de baixo para cima (três meridianos se originam dos pés para o tórax, e outros três do tórax para as mãos) ou Yang seguindo o fluxo de cima para baixo (três meridianos se originam nas mãos para a cabeça, e outros três da cabeça para os pés). O fluxo energético ordenado que passa através dos meridianos principais forma a grande circulação. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) Zang (Yin) / Fu (Yang) Meridiano principal Yin Meridiano principal Yang Ponto de união dos pares acoplados Cinco elementos C / ID Coração ( Xin ) Intestino delgado ( Xiao Chang ) VC17 Fogo PC / TA Pericárdio ( Xin Bao ) Triplo aquecedor ( San Jiao ) TA16 Fogo BP / E Baço- - pâncreas ( Pi ) Estômago ( Wei ) E9 Terra Quadro 1. Relação entre os 12 meridianos energéticos principais e as teorias básicas da medicina tradicional chinesa 18 Meridianos divergentes ou distintos (Jing Bie) Os 12 meridianos divergentes estão organizados em seis pares, que se originam nos meridianos principais e se tornam dependentes deles energeticamente. Eles complementam a função do meridiano principal, transportando Qi e Xue para locais em que não há distribuição pelos principais, principalmente para as regiões torácica e abdominal e, também, unindo internamente os pares acoplados Yin e Yang. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) Meridianos extraordinários (Qi Jing Ba Mai) Mole, 2007 afirma que os oito meridianos extraordinários também são conhecidos como vasos maravilhosos, segregados em quatro meridianos de natureza Yin e quatro meridianos Yang. Entre diversas funções, destaca-se a habilidade de reforçar a conexão entre os meridianos principais, regulando as quantidades de Qi e Xue presentes em cada um. Du Mai e o Ren Mai são os únicos Quadro 1. Relação entre os 12 meridianos energéticos principais e as teorias básicas da medicina tradicional chinesa Zang (Yin) / Fu (Yang) Meridiano principal Yin Meridiano principal Yang Ponto de união dos pares acoplados Cinco elementos P / IG Pulmão ( Fei ) Intestino grosso ( Da Chang ) IG18 Metal R / B Rim ( Shen ) Bexiga ( Pang Guang ) B10 Água F / VB Fígado ( Gan ) Vesícula biliar ( Dan ) VB1 Madeira ( Continuação ) 19 meridianos extraordinários que têm pontos próprios, sendo que os demais utilizam pontos dos meridianos principais. Esses dois meridianos formam a pequena circulação, a qual mantém o equilíbrio energético da grande circulação composta pelos 12 meridianos principais, por meio de vasos secundários que conectam uma à outra. Uma obra recente de Paulo Lima, chamada Manual de Acupuntura: Direto ao Ponto, descreve a localização e a função dos principais pontos de acupuntura dentro dos seus meridianos energéticos (Quadro 2). Meridianos tendinomusculares (Jing Jin) Os 12 meridianos tendinomusculares são bilaterais, superficiais, de natureza Yang e grandes. Originam-se no ponto mais extremo dos meridianos Fonte: Adaptado de Lima (2018). Meridiano extraordinário Ponto de abertura Meridiano extraordinário ( par acoplado ) Ponto de abertura do meridiano extraordinário acoplado Yin Vaso diretor ( Ren Mai ) P7 Vaso Yin do calcanhar ( Yin Qiao Mai ) R6 Yang Vaso governador Du Mai ) ( ID3 Vaso Yang do calcanhar ( Yang Qiao Mai ) B62 Yin Vaso penetrador ( Chong Mai ) BP4 Vaso Yin de conexão ( ) Yin Wei Mai CS6 Yang Vaso da cintura Dai Mai ) ( VB41 Vaso Yang de conexão ( Yang Wei Mai ) TA5 Quadro 2. Pontos de abertura e natureza dos meridianos extraordinários agrupados em seus pares acoplados 20 principais, localizados nos pés ou nas mãos, chamados pontos Ting. Atuam diretamente nos músculos, nos tendões e nas articulações. (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) Meridianos secundários (Luo Mai) Os 12 meridianos secundários acompanham os Zang Fu, subdividem-se em 16 meridianos de conexão longitudinais e 12 meridianos de conexão transversais. Os meridianos longitudinais auxiliam aumentando a rede de distribuição de Qi e Xue para o corpo, e o Wei Qi também circula auxiliando no sistema de defesa do organismo. Os meridianos transversais fazem a reunião externa dos meridianos principais acoplados. Estes meridianos recebem Qi e Xue dos meridianos principais, por meio de pontos Luo (pontos de passagem ou conexão). (HICKS, A.; HICKS, J.; MOLE, 2007) As zonas cutâneas (Pi Bu) representam a porção superficial dos meridianos energéticos, não sendo um meridiano propriamente dito. 21 4 HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS Fonte: http://oncologiadevita.com.br/ O primeiro marco da história dos CP, de forma estruturada, aliando cuidados clínicos, pesquisa e formação, foi por meio de Cicely Saunders com um paciente acometido por um câncer terminal, no final dos anos de 1950, em Londres. Ela teve o desafio de tentar conduzir adequadamente o controle da dor e dos demais sintomas que o afetavam e, desse encontro, criou-se o primeiro hospice na cidade, em 1967, o Christopher’s Hospice. No entanto, deve-se revisitar também os cuidados com pessoas em processo de terminalidadeantes dessa constituição estruturada e investigativa da história moderna. (AMARAL JB, SILVA MJP, 2013) Por muito tempo, nos séculos a.C., considerava-se perigoso tratar ou cuidar de um paciente em leito de morte, pois havia a crença de que poderia se receber um castigo por desafiar as leis da natureza. A morte não poderia ser desafiada e, por isso, não era ético que os médicos atendessem esse tipo de doente. Após a difusão do cristianismo, passou-se a acolher e ajudar pessoas doentes e desfavorecidas como um compromisso cristão. Portanto, foram criados lugares que abrigavam peregrinos e, ao longo do tempo, aceitavam moribundos nos hospititium, termo em latim do qual derivou a palavra hospice dando o sentido de http://oncologiadevita.com.br/ 22 hospitalidade e atendimento aos pacientes em terminalidade, como se entende na atualidade. (AMARAL JB, SILVA MJP, 2013) Já no século XI, os cruzados pensavam ter criado as primeiras casas para pacientes incuráveis por meio da Ordem dos Cavaleiros Hospitaleiros. No período da Idade Média, surgiram diversas instituições para abrigar doentes terminais, sendo sua maioria de carisma religioso. Essa expansão teve seu ápice por quase quatro séculos até a diminuição da influência das ordens religiosas devido à Reforma Protestante. (SILVA MJP, 2013) Apenas no século XIX surgiram locais próprios para o cuidado de pacientes em terminalidade, os quais seguiram associados às ordens religiosas, tendo duas grandes referências: Mary Aikenhead e Jeane Garnier. Garnier fundou a ordem Association des Dames du Calvaire, que, em 1843, instituiu o primeiro local especializado para doentes moribundos localizado em Lyon. Já Aikenhead, da ordem Irish Sisters of Charity, fundou a Our Ladys´s Hospice for the Dying em Dublin, em 1879. Posteriormente, em 1893 e 1905, fundou-se o St. Kuke’s Home e o St. Joseph’s Hospice em Londres. Em todas essas instituições, o foco era o alívio sintomático das doenças do ponto de vista clínico. Foi no século XX que Cicely Saunders, focando o cuidado e tratamento direto para o doente, observou e concluiu que a terminalidade da vida estava sendo ocultada do prognóstico, bem como a forma de lidar com a morte, negada pela sociedade. Assim, Saunders engajou-se no movimento moderno dos hospices e, em 1969, criou o programa de CP domiciliários, que teve como diferencial o foco em novas competências além do controle da dor, compreendendo outros problemas associados à terminalidade, incluiu a família nos cuidados do paciente e forneceu meios de formação e investigação do CP. Na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um programa de CP para pacientes oncológicos, iniciando o Cancer Pain and Palliative Care e o Palliative Cancer Care, sendo estes as primeiras recomendações sobre cuidados terminais para pessoas com câncer. Ainda nesse período, surgiram iniciativas em diversos países, como Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, China, 23 Polônia, Reino Unido e Romênia. No Zimbábue e África do Sul, foram criadas as primeiras unidades de CP. Em 1999, criou-se a International Association for Hospice and Palliative Care, a Hospice Association of South Africa e a European Association for Palliative Care. Já neste século, são fundadas a Foundation for Hospices in Sub-Saharan Africa, a Latin American Association for Palliative Care e o United Kingdom Forum for Palliative Care Worldwide, pela organização Help the Hospices. A OMS, em 2002, lançou a mais recente definição de CP, consensual até hoje, afirmando que visam à qualidade de vida dos pacientes, e seus familiares, com doenças sem possibilidade de cura e que ameacem a vida, respeitando e priorizando os aspectos físicos, sociais, emocionais, mentais e espirituais. Em razão desse conceito, foram elaborados os documentos Better Palliative Care for Older People e Palliative Care: The Solid Facts, incluindo doenças crônicas progressivas nas políticas de saúde para o envelhecimento. Já em 2014, após a 67ª assembleia da OMS, foi elaborado o documento sobre CP com um componente que compreende o cuidado ao longo da vida, o qual se tornou muito relevante para os princípios dos CP, pois amplia sua compreensão e passa a dar igual atenção às necessidades do paciente desde o diagnóstico até o pós-morte. Há um movimento amplo em direção à integralidade do cuidado voltado para a pessoa e não apenas para a patologia e as consequências esperadas. Nesse ano, surge ainda a Declaração Europeia de Cuidados Paliativos. Ao longo da história, o cuidado com o doente em terminalidade se desenvolveu de forma local até ser disseminado por todos os continentes, contando, atualmente, com mais de 115 países que têm serviços de CP. Em todas as antigas e atuais iniciativas de cuidado voltadas ao paliativismo, nota-se que o paciente sempre necessitou de mais de um profissional e seus cuidados para que pudesse ter um tratamento melhor qualificado. (SILVA MJP, 2013) Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu, pela primeira vez, os cuidados paliativos como o cuidado total aos pacientes cuja doença não é responsiva ao tratamento de cura, essa definição foi revisada em 2002 e teve acréscimos de controle de dor e outros sintomas, além de problemas psicossociais 24 e espirituais. Assim, o cuidado paliativo visa proporcionar a melhor qualidade de vida possível aos pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a vida. 4.1 Definição de cuidados paliativos Paliação é toda estratégia que objetive o alívio de sofrimento de um paciente, e sua ação abrange qualquer assistência não curativa para diminuir, em ambiente hospitalar ou domiciliar, as consequências da doença sobre o bem-estar desse indivíduo. Ela é considerada parte integrante da prática do profissional de saúde, independentemente da doença ou de seu estágio de evolução (OLIVEIRA, 2008). Os cuidados paliativos baseiam-se em conhecimentos de diversas especialidades, nas possibilidades de intervenções clínica e na assistência na área da saúde, bem como em conhecimentos específicos da equipe multiprofissional. Em 1986, a OMS publicou princípios que regem a atuação dessa equipe, os quais foram reafirmados, em 2002, na sua revisão (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002, tradução nossa): • promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; • afirmar a vida e considerar a morte um processo normal; • não acelerar nem adiar a morte; • integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; • oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte; • oferecer um sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e o luto; • oferecer uma abordagem multiprofissional para focar nas necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto; • melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente no curso da doença; 25 • iniciar o mais precocemente possível o cuidado paliativo, juntamente às outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para compreender e controlar melhor situações clínicas estressantes. Os cuidados paliativos devem ser iniciados a partir do diagnóstico da doença potencialmente terminal, a fim de cuidar do paciente em diferentes momentos da sua evolução, portanto, não se pode privá-lo dos recursos diagnósticos e terapêuticos que estiverem disponíveis. (OLIVEIRA, 2008). O tratamento em cuidados paliativos precisa reunir as habilidades de uma equipe multiprofissional para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças impostas pela doença e promover condições necessárias para o enfrentamento dessa nova condição de vida para doentes e familiares. (OLIVEIRA, 2008). Indicação de cuidados paliativosComo já visto, sabe-se que a OMS estabeleceu um modelo de intervenção em cuidados paliativos no qual as ações têm início no momento do diagnóstico, desenvolvendo-se juntamente às medidas terapêuticas capazes de melhorar as condições gerais do paciente no decorrer do adoecimento. À medida que a doença avança e o tratamento curativo fica menos viável, esses cuidados crescem em significado e surgem como uma necessidade absoluta na fase em que a terminalidade se torna uma realidade (CARVALHO; PARSONS, 2012). Na fase final da vida, vista como um processo de morte que se desencadeia de forma irreversível, cujo prognóstico pode ser definido em dias ou semanas, a paliação se torna imprescindível e complexa. Assim, ela demanda uma atenção específica e contínua ao paciente e à sua família, promovendo um morrer com qualidade e sem maiores sofrimentos. (CARVALHO; PARSONS, 2012). No entanto, estabelecer que uma doença esteja de fato curada ou não é uma tarefa complexa e implica em duas situações: todo paciente deveria estar em cuidados paliativos, ou somente se poderia encaminhá-lo aos cuidados em suas 26 últimas horas de vida. A segunda situação, a mais comum, provoca um equívoco, que se trata de pensar que esses cuidados se resumem apenas aos dispensados à fase final da vida, quando não há mais nada a fazer (OLIVEIRA, 2008). Há um grande risco ao se avaliar ou predizer o tempo de sobrevida de uma pessoa, determinando sua morte social antes da física propriamente dita. Ao estabelecer que um paciente tenha a expectativa de vida pequena, em dias ou semanas, há o risco de subestimar suas necessidades e negligenciar a possibilidade de conforto real dentro da sua avaliação e de sua família. Em geral, a avaliação prognóstica de indivíduos em fases avançadas de doenças graves ainda apresenta um erro considerável, principalmente as crônicas. (OLIVEIRA, 2008). Devido à dificuldade de avaliar e cuidar do sofrimento, foram estabelecidos critérios de recomendação para cuidados paliativos, considerando sua indicação para pacientes que esgotaram todas as possibilidades de tratamento de manutenção ou prolongamento da vida, que apresentam sofrimento moderado a intenso e optam por manutenção de conforto e dignidade da vida. (OLIVEIRA, 2008). Um dos critérios mais discutidos se refere ao prognóstico de tempo do paciente. O limite designado em seis meses de expectativa de vida poderia ser utilizado para indicação de cuidados paliativos exclusivos, pois foi importado do Medicare norte-americano, que estabelece o tempo de sobrevida esperado como um dos critérios de indicação para assistência de hospice. São critérios do Medicare: • a expectativa de vida avaliada é menor ou igual a seis meses; • o paciente deve fazer a opção por cuidados paliativos exclusivos e abrir mão dos tratamentos de prolongamento da vida; • o paciente deve ser beneficiário do Medicare. 27 Já para o cuidado paliativo brasileiro, os critérios devem ser adaptados à realidade cultural do país, e os serviços oferecidos possuem propostas diferentes de outros locais, por isso, não há uma padronização de como oferecê-los. Segundo os dados da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), sua maior demanda é dos pacientes oncológicos, porém, os cuidados não estão somente indicados para os pacientes com câncer, esse tratamento pode ajudar qualquer pessoa com doença sem possibilidade de cura (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009). Várias doenças degenerativas remetem aos cuidados paliativos, como a esclerose múltipla, a esclerose lateral amiotrófica e as outras neurológicas progressivas, a bronquite crônica (doença pulmonar obstrutiva crônica) com dependência de oxigênio, os quadros de demências (independentemente da doença de base), a pneumopatia crônica com quadro de hipoxemia grave, os pacientes com insuficiência cardíaca terminal sem indicação de transplante ou com vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo (CARVALHO; PARSONS, 2012). Critérios para indicação de cuidados paliativos Uma das ferramentas disponíveis na avaliação de prognóstico é a capacidade funcional do paciente, mas sabe-se que esta pode estar diretamente relacionada a uma condição de sofrimento intensa, não avaliada ou não tratada de forma adequada, prejudicando a avaliação. Por exemplo, um indivíduo com câncer de próstata pode ter sua funcionalidade comprometida devido à dor óssea intensa não tratada anteriormente, e não pela disfunção sistêmica causada pela doença de base. Assim, essa disfunção se deve ao sofrimento, e não ao avanço da doença para órgãos vitais. (CARVALHO; PARSONS, 2012). Outra ferramenta possível é a avaliação de capacidade para atividades básicas de vida diária (ABVD), nas quais há as recomendações de cuidados paliativos para pacientes dependentes em algumas atividades. 28 As principais dependências funcionais (ABVD) são: • incontinências urinária e fecal; • alimentação por tubos enterais ou incapacidade de alimentar- se/hidratar- -se sem auxílio; • imobilização permanente em leito ou poltrona Já a escala de performance Karnofsky, desenvolvida para pacientes com câncer, objetiva documentar o declínio clínico e avaliar a capacidade de realizar determinadas atividades básicas. A maioria das pessoas com escala inferior a 70% tem indicação precoce de assistência de cuidados paliativos, e performance de 50% indica terminalidade, reafirmando que elas são elegíveis para os cuidados, a menos que exista uma possibilidade confirmada para se manter uma terapia para a doença de base que o paciente possa tolerar. (CARVALHO; PARSONS, 2012). No Quadro 1, você pode visualizar a escala de performance Karnofsky. Já no Quadro 2, há a escala de performance paliativa Fonte: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (2009, p. 24). % 100 Sem sinais ou queixas, sem evidência de doença % 90 Mínimos sinais e sintomas, capaz de realizar suas atividades sem esforço % 80 Sinais e sintomas maiores, realiza suas atividades com esforço 70 % Cuida de si mesmo, não é capaz de trabalhar 60 % Necessita de assistência ocasional, é capaz de trabalhar % 50 Necessita de assistência considerável e cuidados médicos frequentes 40 % Necessita de cuidados médicos especiais 30 % Extremamente incapacitado, necessita de hospitalização, mas sem iminência de morte 20 % Muito doente, necessita de suporte 10 % Moribundo, morte iminente Quadro 1. Escala de performance: Karnofsky 29 Em 2006, a revista Critical Care Medicine publicou um número exclusivo dedicado ao tema cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva (UTI), contemplando os dilemas vividos nesse setor. Um dado muito interessante foi a dificuldade de os profissionais da saúde perceberem que não se atua mais com o objetivo de cura para o paciente. Além disso, nota-se a insuficiência da abordagem de paliativismo, morte e finitude nesse meio acadêmico, dando aos futuros profissionais pouco conhecimento sobre o processo natural de morte do ser humano. O sentimento de impotência e frustração, com frequência, acompanha-os em situações de terminalidade. (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009) Outro ponto relevante são os problemas ético-legais que permeiam as decisões necessárias na paliação, que se tornam difíceis dilemas. Entre os dilemas 30 de comunicação, tem-se (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009, p. 29): • Comunicação insuficiente sobre as decisões de fim de vida; • Incapacidade dos pacientes de participar das discussões sobre seu tratamento; • Expectativas não realistas por parte dos pacientes e seus familiares sobre o prognóstico ou a eficácia do tratamento na UTI; • Falta de oportunidades para discussão sobre a forma como eles desejam receber os cuidados no final davida. Pode-se, ainda, considerar algumas situações encontradas em UTI que auxiliam a identificar pacientes que teriam benefício em receber atenção de cuidados paliativos (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009, p. 29): • Duas ou mais estadias na UTI na mesma internação; • Tempo prolongado de ventilação mecânica ou falha na tentativa de desmame; • Falência de múltiplos órgãos; • Paciente candidato à retirada de suporte ventilatório com possibilidade de óbito; • Câncer metastático; • Encefalopatia anóxica; • Sofrimento familiar que comprometa a tomada de decisões. Entre os critérios de indicação para cuidados paliativos, há múltiplos fatores na decisão médica, porém, é imprescindível que a equipe multiprofissional esteja envolvida e discuta com a equipe médica sobre a história e a avaliação criteriosa de todos os pontos de saúde do paciente. (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2009) 31 A complexidade dos cuidados paliativos e da prestação de assistência com esse objetivo gera mudanças importantes na vida do paciente e seu familiar, bem como um preparo precoce para conhecer e lidar com o processo de adoecimento, morte e luto. Portanto, além da clínica, é necessário que se considere aspectos sociais, emocionais, mentais e espirituais para iniciar seus cuidados com qualidade, tempo e efetividade. Dificuldades na indicação de cuidados paliativos Pediatria Ao prestar assistência ao paciente pediátrico, deve-se lembrar que, além de ter características diferentes dos adultos, ele está em processo de desenvolvimento, aprendizagem, crescimento e amadurecimento físico, emocional, cognitivo, social e espiritual. Essas condições afetam diretamente seus sintomas gerais em doenças mais graves. Muitas crianças são restringidas desnecessariamente, mesmo que elas sejam capazes de maiores graus de atividade e independência. O excesso de zelo, medo dos pais e familiares e da equipe de saúde podem afetar sua interação quando estão diante de uma doença grave, sendo afastadas da convivência com outras crianças da mesma idade, seja no ambiente escolar, domiciliar ou social (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017). Os cuidados paliativos em pediatria têm desafios para a equipe multiprofissional e os familiares, que envolvem, principalmente, comunicação e idade dos pacientes. Crianças pequenas que ainda não podem se comunicar precisam dos pais ou responsáveis legais para tomar decisões, o que, muitas vezes, se torna um grande dilema para eles. Essa sensibilização quanto à sua terminalidade afeta consideravelmente o emocional de familiares e profissionais de saúde pela associação com o início de vida, e não a morte. (CARVALHO; PARSONS, 2012). 32 Em crianças maiores e adolescentes, a comunicação deve ser feita de forma clara e criteriosa. O grande foco nesse grupo é a aquisição de sua máxima autonomia, com início o mais precocemente possível — se esse objetivo for alcançado até a terminalidade, a equipe terá contribuído bastante na vida desses jovens. Além disso, precisa-se preservar os desejos deles sempre que possível. Já a participação de familiares nos atendimentos fica, preferencialmente, a critério da criança ou do adolescente, porém, deve-se incentivar a família a participar de atividades que forem possíveis, cuidados e orientações, estimulando a convivência entre eles e vinculando-os aos profissionais da equipe. (CARVALHO; PARSONS, 2012). Adultos e idosos Ao lidar com o extremo do ciclo da vida, as pessoas idosas podem apresentar condições de fragilidade intensa, sem diagnóstico específico, mas que aparentam estar em declínio progressivo de vitalidade, bem como desenvolvendo uma trajetória previsível em direção à morte nos próximos meses. Nessas condições, a indicação de cuidados paliativos tem o objetivo de atingir a condição de bem-estar integral. Suas indicações não convencionais, como a síndrome da fragilidade, incluem indivíduos idosos com comprometimento funcional e perda de peso progressivos e que podem ter várias doenças crônicas simultâneas (hipertensão arterial, doença coronariana, diabetes, etc.), mas sem condição fatal iminente. Esses pacientes tiveram uma aceleração recente dos declínios cognitivo e funcional ou tomaram a decisão de não prosseguir com o tratamento agressivo devido à idade avançada, à má saúde em geral, ao estado cognitivo ou aos custos excessivos. (CARVALHO; PARSONS, 2012). O modelo de atenção à saúde demonstrado na graduação das escolas de medicina e outras profissões da área da saúde no Brasil se baseia em prevenção, diagnóstico, tratamento efetivo e cura de doenças, porém, diante da impossibilidade de cura, esse modelo se torna ineficaz, levando à seguinte reflexão: o que fazer com o paciente quando não existe mais a probabilidade de cura? 33 O pouco conhecimento sobre os princípios dos cuidados paliativos e as dificuldades na sua avaliação e indicação, além da precariedade de comunicação entre as equipes médica e multiprofissional, são fatores que podem comprometer a assistência. Deve-se conscientizar profissionais e sociedade para esse trabalho, como um tratamento promissor de qualidade de vida para pessoas que convivem com doenças crônicas e sua importância como uma melhora na adaptação de vida desses pacientes e seus familiares. Deve-se, ainda, realizar um trabalho formativo junto às diferentes equipes e especialidades em saúde, desde a graduação até a atuação profissional, a fim de fortalecer a interdisciplinaridade e a relevância dos cuidados paliativos, buscando garantir avanços nos atendimentos e nas práticas em saúde. 5 A UTILIZAÇÃO DAS TERAPIAS COMPLEMENTARES NOS CUIDADOS PALIATIVOS Atualmente, o conceito de incurabilidade de uma doença não indica o fim do tratamento, mas a necessidade, na abordagem, de mudar a metas. Os princípios dos cuidados paliativos apresentar elementos fundamentais e ideais para atender à demanda real da população afetada, principalmente devido a doenças crônicas e não transmissível Organização Mundial da Saúde (OMS) cuidados paliativos definidos como abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, ao enfrentarem doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. 34 Assim, a OMS destaca, nesse conceito atualizado, a participação da família e cuidados direcionados à multidimensionalidade pessoas. Considerando a necessidade de um cuidados ativos e totais, terapias complementares são úteis em cuidados paliativos, pois visam fornecer assistência abrangente ao indivíduo, contemplando o físico, social, emocional e espiritual. O uso de terapias complementares é mais e mais comum, pessoas enfrentando desafio de doenças incuráveis são atraídos por oportunidade de ter outras possibilidades de Cuidado. Diante dessa perspectiva, a demanda essas terapias tem como objetivo ajudar o tratamento convencional e melhorar a qualidade de vida. O seu uso não deve ser exclusivo ou excluindo, mas integrando, uma vez que as terapias são compatível com os princípios do cuidado paliativos e porque estão relacionados à autonomia do indivíduo No final da década de 1970, a fim de incentivar a criação de políticas direcionadas práticas complementares, a OMS instituiu o Programa de Medicina Tradicional. Por meio de relatórios e resoluções, divulgou seu interesse ao incentivar os Estados-Membros a legislar políticas públicas de uso racional e integrado medicina tradicional e complementar / alternativa nos sistemas nacionais de saúde a saúde. Ao mesmo tempo, foi incentivado realização de estudos científicos para promover conhecimento sobre segurança, eficácia equalidade desta terapia Em 2003, no Brasil, iniciou-se a construção da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) com a finalidade de atender às diretrizes e indicações de várias Conferências Nacionais de Saúde e às recomendações da OMS. A PNPIC, no Sistema Único de Saúde (SUS), foi aprovada em fevereiro de 2006 e publicada na forma das Portarias Ministeriais n. 971 em 03 de maio de 2006 e n. 1.600, de 17 de julho de 2006. A partir dessas observações; do cenário saúde atual; aumentando número significativo de pessoas com incurável e progressivo, o que exige cuidados integrante; abordagem holística das terapias cuidados complementares e paliativos, a importância desta pesquisa foi identificada, com o objetivo de analisar o uso de terapias complementar em cuidados paliativos, por instituições brasileiras 35 credenciadas no Associações nacionais e latino-americanas de Cuidado paliativo. (OMS, 2003) 5.1 Cuidados Paliativos na Medicina Tradicional Chinesa A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida, em vez de procurar acelerar ou adiar a morte. Através dos cuidados paliativos, você pode controlar os sintomas do paciente, não a doença, mas os sintomas do paciente, para que o último dia de vida seja digno, de bom gosto e cercado por parentes. Portanto, esse conceito também se concentra na família, além do próprio paciente, mas também inclui o tomador de decisão. (OMS, 2003) O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida do paciente, que trabalhará com seu médico e sua família para decidir quando iniciar os cuidados paliativos. Um dos possíveis problemas é que eles geralmente são informados do atraso e, às vezes, médicos, pacientes ou familiares se recusam a ser hospitalizados porque ele acha que dessa maneira o paciente está "se rendendo" ou não está mais esperançoso. No entanto, se a condição do paciente melhorar ou a doença for aliviada, ele receberá alta e continuará a tomar uma série de medidas contra o câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003) define os Cuidados Paliativos como medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Segundo Ferrel e Coyle (2001) a introdução de Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde é um fenômeno relativamente novo, estando associados aos processos oncológicos ou aos pacientes com AIDS, o que resulta numa visão incompleta visto a enorme variedade de doenças que podem cronificar e levar ao óbito. 36 A chance de morrer com dignidade é considerada pelos profissionais de saúde como um dos direitos humanos mais básicos. O que geralmente é esquecido é o momento da morte tem conceitos diferentes em cada cultura, raça e indivíduo, Causa mal-entendidos e insensibilidade entre profissionais médicos (GATRAD, 2003). Cuidados Paliativos implica uma visão holística, que considera não apenas a dimensão preocupações físicas, mas também psicológicas, sociais e espirituais. Por exemplo, pacientes com câncer avançado geralmente apresentam dor oncológica, característica intenso, que é acompanhado por um "comportamento doloroso" que deve estar situado contexto cognitivo e emocional para a explicação do comportamento. Vários estudos avaliaram os fatores psicológicos que influenciam a gravidade da dor em pacientes com Câncer. Esses fatores são os principais determinantes do curso da dor com doença avançada. Uma o sentimento de desesperança e o medo da morte podem acentuar a dor (PESSINI, 2003). Atualmente, há grande interesse dos pacientes em relação ao uso de terapias complementares como adjuvantes ao tratamento convencional. Nesse contexto, a acupuntura destaca-se por ser a terapia complementar mais estudada cientificamente. A acupuntura é uma tratamento de saúde milenar, baseado na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que vem sendo resgatado e valorizado pelo oeste. As evidências atuais sugerem que a acupuntura ser uma terapia segura e eficaz para o controle dos sintomas do câncer ou associada a tratamento disso (INANA, 2010). O MTC considera a função do corpo e da mente como resultado da interação de certas substâncias vitais. Essas substâncias se manifestam em vários níveis de “substancialidade”, de modo que alguns deles são muito rarefeitos e outros são totalmente imateriais. O corpo e o não são vistos como um mecanismo, mas como um círculo de energia e substâncias elementos vitais interagindo entre si para formar o organismo (MACIOCIA, 1996). Cuidados Paliativos desenvolve atendimento a pacientes sem possibilidades terapêuticas cura que procura controlar ou melhorar os sintomas e 37 sinais físicos, psicológicos e espirituais destes. Devido ao grande número de indivíduos com processos de câncer sem disponibilidade de tratamento curativo, os cuidados paliativos são extremamente importantes para o atendimento integrado a esses pacientes (MARCUCCI, 2005). De acordo com a OMS (2003) é de extrema importância a participação da família e amigos próximos no processo de aceitação e suporte do paciente, além de toda uma equipe multiprofissional, a família e os amigos trazem sempre uma resposta positiva porque eles oferecem segurança, confiança para este paciente em relação aos cuidados que estão sendo tomados para sua patologia e também participa ativamente das decisões do tratamento e do cuidado em si. Notamos que Rezende (2005), comenta sobre a necessidade de otimização das intervenções em todas as áreas: alterações físicas, psicológicas, suporte social e familiar, esperança e expectativas, necessidades econômicas e crenças espirituais, embora os sintomas psicológicos, assim como outros sintomas dos pacientes e seus cuidadores sejam pouco conhecidos. Tradicionalmente, os cuidados paliativos eram vistos como aplicáveis exclusivamente no momento em que a morte era iminente. Hoje, são oferecidos no estágio inicial do curso de uma determinada doença progressiva, avançada e incurável (SEPÚLVEDA, 2005). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002), redefiniu o conceito de cuidados paliativos: “Cuidados paliativos é uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meios de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”. São princípios da Medicina Paliativa: Valorizar a vida e considerar a morte como um processo normal, não abreviando e nem prolongando a morte prover alívio da dor e outros sintomas estressantes, integrar os aspectos psicológicos e espirituais nos cuidados ao paciente oferecer um sistema de suporte para ajudar o paciente viver o mais ativo possível até a morte oferecer ainda um sistema de ajuda 38 e suporte aos familiares para conviverem com a doença do paciente e com suas próprias perdas (DRIVER e BRUERA, 2000). De acordo com Bruera (2008), os sintomas mais importantes, físicos e psicossociais, dos pacientes em cuidados paliativos são: dor, dispneia, náuseas e vômitos, fadiga, tristeza, angústia, solidão, problemas de convivência com a família, problemas econômicos e espirituais. Práticas integrativas e complementares No final da década de 1970, a fim de incentivar o desenvolvimento de políticas para práticas complementares, a OMS (Organização Mundial da Saúde) desenvolveu um plano para a medicina tradicional. Por meio de relatórios e resoluções, ele expressou interesse em incentivar os Estados Membros a legislar para formular políticas públicas para o uso racional e abrangente de medicina tradicionale complementar / alternativa no sistema nacional de saúde. Ao mesmo tempo, incentiva-se a pesquisa científica para melhorar o entendimento da segurança, eficácia e qualidade dessas terapias. Em 2003, começou a construção da Política Nacional de Práticas Integradas e Complementares (PNPIC) no Brasil, com o objetivo de atender às diretrizes e diretrizes de várias recomendações da Assembleia Nacional de Saúde e da OMS. O PNPIC no Sistema Único de Saúde (SUS) foi aprovado em fevereiro de 2006 e emitido na forma do Decreto Ministerial nº 971, de 3 de maio de 2006, e do Decreto Ministerial nº 1600, de 17 de julho de 2006. 39 6 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA A medicina tradicional chinesa (MTC) é uma das práticas integrativas inseridas no SUS. Ela defende que o corpo humano possui 12 principais meridianos através dos quais a energia vital flui (chamada Qi), que precisa ser equilibrada em suas duas polaridades naturais, yin e yang. A acupuntura trabalha para promover esse equilíbrio. Atualmente, as técnicas da medicina tradicional chinesa têm sido utilizadas como tratamento integrado de patologias crônicas, além das ortopédicas, neurológicas, reumatologias e ginecológicas, auxiliando na recuperação de funções, quando possível, ou como analgésico e / ou anti- inflamatório ação. Em pacientes com câncer ou em cuidados paliativos, é usado para controlar dor, ansiedade, fadiga, náusea e depressão e efeitos colaterais produzidos por radioterapia e / ou quimioterapia. A acupuntura relacionada aos cuidados paliativos é de grande importância, porque enquanto os pacientes terminais são restritos, por muitas vezes desnecessariamente, inclusive pelos membros da família, a acupuntura contribui para a melhoria da qualidade de vida e possível retorno às atividades cotidianas, dando novos objetivos para os pacientes, quando sua conduta é baseada em sintomas e desconforto específico de patologia. Portanto, a acupuntura tem um grande significado na dor câncer e cuidados paliativos, uma ferramenta que está sendo explorada gradualmente melhor qualidade de vida para pacientes terminais. Os profissionais de saúde devem valorizar pequenas realizações e compartilhá-las com seus pacientes, por isso é necessário manter uma abrir linha de contato com o paciente. 40 Os cinco elementos Como a teoria do yin-yang, a teoria dos cinco elementos também forma um dos fundamentos da medicina tradicional chinesa. A teoria dos cinco elementos tem muitas facetas, pois representam cinco qualidades diferentes do fenômeno natural, cinco movimentos e cinco fases do ciclo das estações. De acordo com a passagem de Shang Sfu, “os cinco elementos são água, fogo, madeira, metal e terra. A água umedece em descida, o fogo acende em ascensão, a madeira pode ser dobrada e esticada, o metal pode ser moldado e endurecido e a terra permite a disseminação, crescimento e colheita. Ele absorve e desce (a água) é salgada, que queima em descida (fogo) é amarga, que pode ser dobrada e esticada (madeira) é azeda, que pode ser moldada e endurecida (metal) é picante e permite espalhar, crescer e colher (solo) é doce”. (MACIOCIA, 1996). Essencial para o conceito dos cinco elementos são as várias inter-relações entre eles ao longo das sequências de geração, controle, excesso de trabalho, lesões e cosmologia. As relações de geração e controle mútuos entre os elementos são processos de equilíbrio autorreguláveis que podem ser encontrados na natureza e no organismo. A essência (Jing) das relações dos cinco elementos está em equilíbrio: as sequências de geração e controle mantêm um equilíbrio dinâmico entre os elementos. Quando esse equilíbrio é afetado por um longo período de tempo, podem ocorrer patologias. (MACIOCIA, 1996). Cada elemento pode ficar desequilibrado de quatro maneiras: (1) está em excesso e supera o outro ao longo da sequência de excesso de trabalho; (2) é deficiente, sendo ferido por outro ao longo da sequência da lesão; (3) é excessivo e consome excessivamente seu elemento pai, (4) é deficiente e falha em nutrir seu filho. 41 O modelo de correspondência dos cinco elementos é amplamente utilizado no diagnóstico, baseando-se principalmente na correspondência entre os elementos e odor, cor, sabor e som. A teoria dos cinco elementos pode ser aplicada através do tratamento de acordo com várias sequências ou através do tratamento de acordo com os cinco pontos de transporte. No tratamento de acordo com várias seqüências, deve-se ter em mente as várias relações de um elemento, juntamente com outras seqüências de geração, controle, excesso de trabalho, lesões e cosmologia. (MACIOCIA, 1996). Se o fígado estiver em excesso e o paciente apresentar sintomas e sinais de estagnação do Qi do fígado (Gan) ou do fogo do fígado (Gan), deve-se verificar se esse excesso é decorrente do metal (avó) falhando para controlar a madeira (neto). Isso acontece frequentemente na debilidade constitucional crônica do pulmão (Fei). Se o fígado (Gan) estiver em excesso por causa do elemento metal que não o controla, deve-se tonificar o metal [o pulmão (Fei)], assim como sedar o fígado (Gan). Se o excesso do fígado (Gan) estiver afetando e deprimindo o elemento terra, nesse caso o baço (Pi) requer a tonificação. Se o fígado estiver em excesso e retirando muito do seu elemento-mãe, deve-se também tonificar o rim (Shen). (MACIOCIA, 1996). A base de tudo é o Qi: todas as outras substâncias vitais são manifestações do Qi em vários graus de materialidade, variando do completamente material, tal como fluidos corpóreos (Jin Ye), para o totalmente imaterial, tal com a Mente (Shen) (MACIOCIA, 1996). O Qi modifica-se em sua forma de acordo com a localização e função. Embora seja fundamentalmente o mesmo, o Qi coloca “diferentes vestimentas” em diversos lugares e assume inúmeras funções (MACIOCIA, 1996). A circulação debilitada pode resultar na condensação excessiva de Qi, o que significa que o Qi se transforma patologicamente em denso, formando tumores, massas ou aumentos de volume (MACIOCIA, 1996). A acupuntura é uma das técnicas de tratamento da medicina tradicional chinesa antiga (MTC), na qual agulhas de metal são usadas como uma ferramenta aplicada à pele do paciente em pontos estratégicos (pontos de acupuntura), com 42 o objetivo de melhorar a função dos pacientes. Órgãos, vísceras e glândulas, diminuem ou eliminam a dor e trazem equilíbrio às emoções. A aplicação dessa prática vem crescendo nos últimos 20 anos, inclusive no tratamento de mulheres com câncer ginecológico. Foi descrito pelos chineses há 5.000 anos e durante muito tempo foi negado, no mundo ocidental, devido à dificuldade de entender a escrita chinesa e de entender seu mecanismo de ação. Mas o fato de a acupuntura ter um desempenho muito bom no alívio da dor aguda e da dor crônica significava que não era esquecida para sempre. (MACIOCIA, 1996). Com o avanço da medicina e diferentes especialidades paralelas, como bioquímica, neurotransmissores, como serotonina, endorfina B, dinorfina e muitas outras substâncias foram detectadas, o que possibilitou a descoberta de que a acupuntura pode diminuir ou terminar com a dor de liberar essas substâncias endógenas. Substâncias analgésicas. Às vezes, a acupuntura pode curar, em uma única sessão, dores que atormentavam a vida de pacientes que sofriam há horas, dias, meses ou anos. (MACIOCIA, 1996). 6.1 Técnicas de acupuntura Além das técnicas mencionadas pela OMS (Ministério da Saúde - Brasil. Instituto Nacional de câncer, 2001), ressalta-se a referência de outras terapêuticas para o alívio da dor em casos oncológicos, tais como: a acupuntura. Esta técnica ameniza os espasmos musculares e vesicais por meio da estimulação de locais específicos da pele, os acupontos,com a penetração de agulhas finas aplicadas manualmente com ou sem estimulação elétrica. Possui como objetivo a correção de desequilíbrios energéticos do corpo. Pode ocorrer também à estimulação das áreas por moxabustão (acupuntura térmica realizada por combustão de ervas), pressão, calor e laser (KANDU e BERMAN, 2007). O acuponto é definido como um ponto da pele de sensibilidade espontânea ao estímulo e à resistência elétrica reduzida. Possui um diâmetro de 0,1 a 5cm, 43 entretanto é uma área de condutividade elétrica amplamente aumentada comparada às áreas da pele ao redor (SCHWARTZ, 2008). Estes estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, vasos, nervos e septos intramusculares, na ligação músculo-tendínea, nos locais de maior diâmetro do músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele (DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). Quando um ponto de acupuntura é puncionado, ocorre sensação de parestesia elétrica ou calor. Essa sensação é denominada como De Qi. O ponto de acupuntura pode ser estimulado por acupressão, moxabustão, laserpuntura, aquapuntura e eletroacupuntura, dentre outras técnicas (LUNA, 2002; LIN, 2006). A acupressão consiste na aplicação de pressão sobre a superfície do corpo de uma forma geral (massagem) ou em pontos específicos. A moxabustão é o aquecimento do ponto de acupuntura com a queima de bastões de uma planta chamada Artemisia vulgaris. A técnica pode ser realizada de forma direta, queimando os bastões diretamente sobre a pele, ou indireta (ALTMAN, 2006). Outro método não invasivo consiste na utilização de Laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation), com rendimento de 1 a 10mW cm-2 (softlaser), em acupontos analgésicos (DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). A aplicação do soft-laser aumenta a síntese de adenosina trifosfato (ATP) na célula, causando hiperpolarização e bloqueio de estímulos menores, diminuindo a transmissão de impulsos dolorosos. SHEN et al. (2008) verificaram que o estímulo do acuponto E35 por aplicação de laser em pacientes com osteoartrite no joelho resultou em redução da dor clínica em 49%. A auriculoterapia é indicada nas doenças agudas e reversíveis, para analgesia e adjuvante nas doenças crônicas (DRAEHMPAHEL e ZOHMANN, 1997). ALIMI et al. (2003) comprovaram a eficácia da auriculoterapia como tratamento auxiliar na dor crônica neuropática em pacientes oncológicos. Apesar dos resultados promissores, as evidências para o uso da auriculoacupuntura no controle da dor ainda são inconclusivas (USICHENKO, LEHMANN e ERNST, 2008). A MTC, portanto, basicamente auxilia na remoção da causa da enfermidade e revitaliza ou reforça a resistência natural do corpo às doenças. Esta também 44 contempla as queixas subjetivas do paciente através da prescrição de pontos de acupuntura baseados no conjunto de sintomas subjetivos e objetivos (HONG JIN PAI, 2003). As indicações da acupuntura e moxabustão podem, de modo geral, ser classificadas em três aspectos significativos: analgesia, regulação e sistema imunológicos (QUI MAO-LIANG, 1993). A acupuntura dentro da medicina ocidental também tem sido utilizada no tratamento de sintomas vasomotores, como por exemplo, os fogachos decorrentes do climatério, em mulheres com história prévia de câncer de mama e que, portanto, não utilizam o tratamento com hormônios (TUKMACK, 2000; HICKEY et al., 2005). Segundo Kandu e Berman (2007), há mais de dois milhões de indivíduos que utilizam regularmente da acupuntura, principalmente para amenizar queixas musculoesqueléticas e para o manejo da dor em geral. Em países da Ásia e Europa, a acupuntura foi incorporada ao sistema público de saúde como técnica redutora de dor. Estudos recentes apontam vários benefícios do uso da acupuntura no manejo da dor em situações específicas, tais como: dores na região lombar (Barnes et al., 2008; Chou e Huffman, 2007; Manheimer, White, Berman, Forys, e Ernst, 2005; Slade e Keating, 2007); dores nos joelhos (Kwon, Pittler e Ernst, 2006; Bjordal et al., 2007). Outros estudos também demonstram a eficácia desta técnica para pacientes que apresentam insônia (Chen et al., 2007), náuseas e vômito (Dune e Shiao, 2006; EZZO ET AL., 2005). Thoresen (2003) obteve sucesso em 80% dos casos de câncer, havendo desaparecimento total ou redução significante do tumor, sendo que nos 20% restantes não houve progressão da doença. Segundo este autor, o processo mais eficiente para estimular o processo de controle das células cancerosas pelo organismo é através do Ciclo Ko (Controle), utilizando somente canais Yin que promovem controle do órgão afetado, independente se o órgão afetado (ou a parte afetada deste) é Yin ou Yang. No Ciclo Ko, os pares de órgãos Yin-Yang relativos aos elementos são: - Meridiano do Fígado: para controlar câncer de baço (ou estômago, seu parceiro Yang), ou de tecidos ao longo de seus Meridianos, como por exemplo, 45 câncer abaixo da porção média da tíbia (por onde passa o Meridiano do baço) ou câncer mamário (por onde passa o Meridiano do estômago) (THORESEN, 2003). - Meridiano do Baço: para controlar câncer de rim (ou bexiga, seu parceiro Yang), ou de glândla adrenal, ovário, oviduto, útero, cérvix, vagina, testículo, ducto espermático, vesícula seminal, próstata e pênis. Todos esses cânceres estão relacionados com o rim. O meridiano do baço também é utilizado para cânceres de tecidos ao longo do Meridiano da bexiga e rim, por exemplo, câncer de sacro (THORESEN, 2003). Segundo He (1987), o uso da acupuntura como método de alívio da dor baseia-se em grande número de ensaios clínicos e não há dúvida de que a acupuntura tem um efeito potente e confirmado no tratamento da dor. No ocidente, a acupuntura ganhou credibilidade principalmente por causa de seu efeito no alívio da dor, seja de várias fontes. A aceitação do efeito a acupuntura para alívio da dor foi facilitada pela descoberta de opióides endógenos. que descoberta trouxe uma explicação lógica em termos ocidentais para o efeito sensibilidade à dor. Além de aliviar a dor, a acupuntura é comumente usada em medicina Chinês tradicional para tratar várias doenças. A acupuntura não tem apenas um efeito analgésico, provoca múltiplas respostas biológicas. O efeito analgésico e anestésico da hoje, a acupuntura é concebida a partir de pesquisas científicas, como um processo de excitação que libera endorfinas (HU, 1975). Nas últimas décadas, muitos estudos foram realizados para esclarecer os mecanismos de ação e os fenômenos neuroquímicos que ocorrem durante a analgesia e anestesia por acupuntura, o que levou à compreensão da importância dos reflexos espinais como importante mecanismo de ação desta modalidade de tratamento (WU, 1990). Não se pode mais duvidar da eficácia terapêutica da acupuntura como ferramenta adicional no tratamento da dor. Atualmente é possível compreender cientificamente como uma agulha de acupuntura promove analgesia. A participação de vias aferentes e eferentes do sistema nervoso e das estruturas encefálicas assim como a identificação de diferentes tipos de neurotransmissores envolvidos nos 46 efeitos da acupuntura tem sido bem evidenciada em pesquisas que investigam o efeito desta técnica (HE, 1987) e (DHOND ET AL., 2007). Por essa Dessa forma, a acupuntura tem sido muito bem aceita no Ocidente, melhorando nosso arsenal e potencial terapêutico. De acordo com Carneiro (2002) e Rhodes e McDaniel (2001) a pressão sobre o ponto PC6 tem se mostrado uma terapia simples e eficaz, que não apresenta efeitos colaterais dos medicamentos convencionais, podendo levar a redução da dosagem desses. Há evidências científicas apoiando o uso da acupressão do ponto PC6 para prevenção e tratamento de náusea e vômito de diversas etiologias, incluindo: pós-operatório, segundo Agarwal et al. (2002) e Turgut et al.
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