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Saúde do idoso

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· Explicar senescência e senilidade.PROBLEMA 1 
Senescência resulta do somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhecimento normal, e senilidade, que é caracterizada por modificações determinadas por afecções que frequentemente acometem a pessoa idosa. O exato limite entre esses dois estados não é preciso e caracteristicamente apresenta zonas de transição frequentes, o que dificulta discriminar cada um deles.
REF: Freitas, Elizabete Viana de. Tratado de geriatria e gerontologia – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Senescência também pode ser dita como o envelhecer como um processo progressivo de diminuição de reserva funcional e senilidade como o desenvolvimento de uma condição patológica por estresse emocional, acidente ou doenças.
REF: Senescência e senilidade: novo paradigma na Atenção Básica de Saúde, 2011.
O envelhecimento fisiológico pode ser subdividido em dois tipos: bem-sucedido e usual. No envelhecimento bem-sucedido, o organismo mantém todas as funções fisiológicas de forma robusta, semelhante à idade adulta. No envelhecimento usual, observa-se uma perda funcional lentamente progressiva, que não provoca incapacidade, mas que traz alguma limitação à pessoa. Ainda dentro do envelhecimento fisiológico, podemos encontrar idosos com alterações fisiológicas mais expressivas, o que caracteriza a síndrome da fragilidade ou frailty.
REF: Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, FIOCRUZ. 2008.
CARACTERÍSTICAS COMUNS DA SENSCÊNCIA
	Aumento da taxa de mortalidade
	Alterações bioquímicas pouco compreendidas
	Declínio progressivo das respostas fisiológicas e habilidades adaptativas ao ambiente
	Aumento da suscetibilidade a doenças
REF: Freitas, Elizabete Viana de. Tratado de geriatria e gerontologia – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
· Discutir as mudanças promovidas pelo aumento do número de idosos no perfil epidemiológico e assistência à saúde do idoso.
É necessário buscar os determinantes das condições de saúde e de vida dos idosos e conhecer as múltiplas facetas que envolvem a velhice e o processo de envelhecimento. 
É relevante a visão global do envelhecimento como processo e do idoso como ser humano. No Brasil, o impacto social é com alguma frequência mais importante que o biológico. Paralelamente às modificações demográficas que estão ocorrendo, cresce também a necessidade de profundas transformações socioeconômicas nos países do Terceiro Mundo, que, além de serem política e economicamente dependentes de outras nações, possuem uma estrutura socioeconômica arcaica que privilegia alguns em detrimento da maioria. O quadro atual de crescimento da população idosa, acompanhado de falta de disponibilidade de riqueza ou, o que é mais comum, de sua perversa distribuição de renda. À precária condição socioeconômica exposta associam-se as múltiplas afecções concomitantes, as perdas não raras de autonomia e independência, a dificuldade de adaptação do idoso às exigências do mundo moderno, que levam o velho ao isolamento social, e o impacto para a sociedade, que tem que enfrentar esse desafio dentro de curto período. 
Já o envelhecimento populacional ocorre quando aumenta a participação de idosos no total da população. É acompanhado pelo aumento da idade média da população, um processo que pode ser revertido se a fecundidade aumentar. Ressaltasse que o processo do envelhecimento é muito mais amplo do que uma modificação de proporções de determinada população, pois altera a vida dos indivíduos, as estruturas familiares, a demanda por políticas públicas e a distribuição de recursos na sociedade. 
Como já alertavam há mais de 10 anos, Hoskins et al. (2005): “lamentavelmente se calcula que o envelhecimento da população se dará em um ritmo mais acelerado que o crescimento econômico e social dos países em desenvolvimento. Em outras palavras, as populações destes países se tornarão mais velhas antes que os países se tornem mais ricos”. De fato, estimasse que no período entre 2000 e 2050 a proporção das despesas do governo alocadas para a população com 60 anos ou mais deverá crescer de 38 para 68% (Turra e RiosNeto, 2001) o que representará um desafio para a gestão das contas públicas. A prevenção ou o controle das “doenças evitáveis” por meio de procedimentos de baixa complexidade possibilitará a redução dos gastos com internações hospitalares e seu redirecionamento para os programas de saúde de nível ambulatorial. Estas ações contribuiriam não só para a redução adicional dos custos, mas principalmente para a melhora da qualidade de vida dos idosos.
Realmente, segundo Perrot e Holland (1940): “a solução dos problemas associados ao envelhecimento da população vai requerer a aplicação intensiva dos métodos já existentes para prevenção de doenças para uma parcela muito maior da população do que aquela que hoje vem recebendo os benefícios da medicina preventiva.” O envelhecimento da população tem criado novas demandas diante das quais o sistema de saúde deverá se reorganizar.
Em 2030, ao alcançar os 60 anos, os brasileiros conseguirão viver duas décadas adicionais; as decisões sobre prevenção e tratamento de doenças, portanto, deverão se basear não na idade, mas na expectativa de vida dos indivíduos, como já ocorre na América do Norte e Europa (Tanner, 2015).
REF: Freitas, Elizabete Viana de. Tratado de geriatria e gerontologia – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
O Brasil caminha velozmente rumo a um perfil demográfico cada vez mais envelhecido; fenômeno que, sem sombra de dúvidas, implicará na necessidade de adequações das políticas sociais, particularmente daquelas voltadas para atender às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social.
REF: Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento, ministério da saúde, 2012
· Discutir sobre as principais alterações fisiológicas do processo de envelhecimento.
Em idosos, os déficits sensoriais podem se instalar gradualmente ao longo de vários anos, sendo pouco percebidos de início, mas causando restrição nas atividades rotineiras e redução da funcionalidade e da independência. Indivíduos que sofrem essas privações têm maior risco de desenvolver declínio cognitivo, isolamento social e transtorno depressivo, com queda na qualidade de vida.
A idade avançada, por si só, é um fator de risco para o surgimento de transtornos do paladar. Há elevações dos limiares para gosto e cheiro, redução da sensibilidade para estímulos supralimiares (gostos e odores são sentidos com menor intensidade), diminuição da capacidade discriminatória e sensações distorcidas. Ageusia (perda da gustação); hipogeusia (redução da sensibilidade a estímulos gustativos) e disgeusia (sensações gustativas distorcidas) são comuns em idosos usuários de medicamentos. Tais mudanças no paladar e no olfato podem causar perda do apetite, escolhas alimentares erradas e desnutrição.
Em idosos, as performances em testes de capacidade olfatória correlacionam-se às de testes de função cognitiva. A habilidade de identificar odores depende do lobo temporal medial, afetado precocemente na doença de Alzheimer, na demência vascular e no transtorno cognitivo leve. A capacidade discriminatória para diferentes odores reduz-se em idosos normais de ambos os sexos. As mulheres têm melhor desempenho na identificação de odores que os homens, em todas as faixas etárias.
Em idosos, há redução na secreção do muco nasal associada a menor fluidez do muco produzido. Também ocorre substituição parcial do epitélio sensorial nasal por mucosa respiratória e redução de sua espessura, com diminuição da concentração de neurônios. Qualquer processo que determine aumento no volume ou na consistência do muco nasal interfere na percepção olfatória. Por isso, as rinites sintomáticas sempre devem ser adequadamente tratadas para que a capacidade olfatória seja mantida.
Por volta dos 60 anos, o diâmetro pupilar está reduzido a menos da metade do que tinha aos 20 anos; as reações pupilares à luz tornam-se mais lentas; o suportegorduroso retroocular é perdido, fazendo com que os olhos se localizem mais profundamente nas órbitas; e disfunções nos músculos extraoculares causam perda da amplitude nas rotações oculares. O idoso normal perde parte da capacidade de acomodação, da acuidade visual em meios com pouco contraste, da adaptação a ambientes escuros, da tolerância ao brilho, da capacidade de discriminar cores, da capacidade de leitura e do campo visual atencional ou de processamento rápido (em que os estímulos são mais facilmente percebidos). A adaptação ao escuro declina em decorrência das reduções do diâmetro pupilar e da velocidade de condução intraocular do estímulo.
No Brasil, quando considerados os critérios da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 5 milhões de deficientes auditivos (de todas as idades). Aos 60 anos, 44% das pessoas têm perda auditiva significativa. Entre 70 e 79 anos, essa proporção pode chegar a 66% e, após os 80 anos, a 90%. Em idosos, a perda auditiva relacionasse independentemente a declínio cognitivo acelerado e a comprometimento cognitivo persistente visual. Idosos podem cair ao transitarem entre ambientes com diferentes intensidades de iluminação.
Com o envelhecimento, pode haver reduções nas sensações de dor, vibração, frio, calor, pressão e toque. Parte dessas alterações devesse a deficiências microcirculatórias nos receptores periféricos, na medula espinal ou no córtex cerebral. Deficiências vitamínicas (principalmente do complexo B), diabetes melito, uso abusivo de álcool, doenças renais, mieloma múltiplo, neoplasias (de pulmão, linfoma, leucemia), doenças autoimunes, exposições a toxinas e infecções (vírus da imunodeficiência humana) podem causar perda sensorial na forma de neuropatia periférica. Em alguns casos, após o controle do fator etiológico, pode haver certa recuperação funcional. A perda da sensibilidade às alterações de temperatura faz com que os idosos estejam mais suscetíveis a hipotermia, queimaduras (quando aplicam compressas quentes nos pés) ou congelamento de extremidades (como na exposição à neve). A redução das sensibilidades ao toque, à pressão e à vibração aumenta a possibilidade de ocorrerem lesões de pele, como as úlceras de decúbito. A perda das aferências proprioceptivas pode dificultar a percepção da posição dos membros em relação ao chão, causando quedas e úlceras em extremidades inferiores (como as úlceras dos pés dos pacientes diabéticos com neuropatia periférica).
REF: REF: Freitas, Elizabete Viana de. Tratado de geriatria e gerontologia – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
· Relacionar as perdas e incapacidades resultantes do envelhecimento com a funcionalidade do idoso.
O envelhecimento é o principal fator de risco para determinadas doenças e incapacidades. A passagem do tempo expõe o indivíduo a uma série de injúrias, cujas consequências são percebidas na velhice, após décadas de exposição. As injúrias ambientais (hábitos de vida) interagem continuamente com a “bagagem genética” e as consequências biológicas são extremamente variáveis de indivíduo a indivíduo.
· Doenças que se relacionam com a idade, as quais se associam com mais frequência ao envelhecimento. São chamadas doenças crônico-degenerativas, que podem ser agrupadas em neurodegenerativas (doença de Alzheimer e doença de Parkinson), cardiodegenerativas (doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral), osteodegenerativas (osteoporose, osteoartrose), entre outras;
· Doenças que dependem da idade, as quais aumentam sua incidência de forma exponencial à medida que a idade aumenta: polimialgia reumática, arterite temporal, entre outras.
Infelizmente, a maioria dos idosos apresenta o envelhecimento considerado patológico, ou seja, associado às doenças e incapacidades. A prevalência de incapacidades em idosos com idade igual ou superior a 70 anos varia de 25% a 50%, dependendo do sexo e do nível socioeconômico. Ramos (2002), em São Paulo, verificou que 61% dos idosos entrevistados precisavam de algum tipo de ajuda para realizar, pelo menos, uma das atividades de vida diária (andar, comer, vestir-se, ir ao banheiro) e que 10% apresentavam uma dependência total, impossibilitando o indivíduo de viver sozinho.
Portanto, se o indivíduo traz consigo uma carga hereditária desfavorável, o estilo de vida será o principal determinante modificável do estado de saúde durante a sua velhice. Portanto, o envelhecimento aumenta a vulnerabilidade do organismo às agressões do meio interno e externo, predispondo às doenças. Praticamente todo idoso apresenta uma ou mais doenças/disfunções. O paciente pode conviver bem com suas doenças, sem que elas afetem substancialmente sua qualidade de vida. Daí o conceito de saúde como algo mais amplo do que simplesmente a ausência de doenças.
Bem-estar e funcionalidade são equivalentes. Representam a presença de autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras) e independência (refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios), permitindo que o indivíduo cuide de si (AVD básicas) e de sua vida (AVD instrumentais).
Autonomia é a capacidade de decisão diretamente relacionada à cognição e ao humor (motivação), enquanto a independência é a capacidade de execução daquilo que foi decidido e está diretamente relacionada à mobilidade e à comunicação. Funcionalidade é, então, o produto da preservação da cognição, do humor, da mobilidade e da comunicação. A perda da funcionalidade resulta nas grandes síndromes geriátricas (incapacidade cognitiva, instabilidade postural, incontinência esfincteriana, imobilidade e incapacidade comunicativa), cujo pano de fundo é a iatrogenia, que, por sua vez, é a síndrome geriátrica mais comum e de mais fácil resolução. A incapacidade comunicativa não é reconhecidamente uma das grandes síndromes geriátricas clássicas.
O envelhecimento normal não afeta a capacidade de decisão (autonomia) ou de execução (independência) do indivíduo. Percebe-se uma lentificação global no seu funcionamento, capaz de trazer algumas limitações, mas não a restrição da participação social. A maior vulnerabilidade do idoso exige determinados cuidados nas tarefas do cotidiano e maior utilização de facilitadores ambientais. Tais limitações devem ser percebidas pelo idoso, familiares e equipe de saúde da família. A maior vulnerabilidade do idoso, frente às agressões do meio interno e externo, resulta do envelhecimento dos sistemas fisiológicos principais.
REF: Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, FIOCRUZ. 2008.
A autonomia pode ser definida como a liberdade para agir e tomar decisões no dia a dia, relacionadas à própria vida e à independência. Pode também ser entendida como a capacidade de realizar atividades sem a ajuda de outra pessoa, necessitando, para tanto, de condições motoras e cognitivas suficientes para o desempenho dessas tarefas. No entanto, autonomia e independência não são conceitos interdependentes, haja vista que o indivíduo pode ser independente e não ser autônomo, como acontece, por exemplo, nas demências. Ou então, ele pode ser autônomo e não ser independente, como no caso de um indivíduo com graves sequelas de um acidente vascular cerebral, mas sem alterações cognitivas: nessa situação, ele é autônomo para assumir e tomar decisões sobre sua vida, mas é dependente fisicamente. 
Na busca de uma melhor qualidade de vida, fruto de um envelhecimento com independência e autonomia, de um envelhecimento saudável e ativo, tem-se investido no desenvolvimento de programas sociais e de saúde voltados para a preservação da independência e da autonomia, sendo metas fundamentais não só do governo, mas de todos os setores da sociedade. Como uma importante estratégia para alcançar esse desafio, destaca-se o Programa de Saúde da Família, desenvolvido nas Unidades de Saúde da Família, sendo apontado como eficiente para alcançar medidas específicas de promoção e de prevençãoda saúde, cuidando dos idosos que vivem na comunidade.
O aumento da população idosa gera a necessidade de se desenvolverem meios para melhor atender às dificuldades advindas com esse crescente número. Mesmo existindo as perdas durante o processo do envelhecimento, o envelhecer de maneira ativa deve ser estimulado entre os idosos, pois ele é sinônimo de vida plena e com qualidade. Envelhecimento ativo corresponde ao equilíbrio biopsicossocial, à integralidade do ser que está inserido em um contexto social e ainda refere-se ao idoso que é capaz de desenvolver suas potencialidades. Daí a importância do apoio da política, da família, da sociedade, da rede de amigos e dos grupos de interesse comuns, todos juntos na luta contra a discriminação e o preconceito que gira em torno do envelhecimento na nossa cultura. 
Manter os idosos independentes funcionalmente é o primeiro passo para se atingir uma melhor qualidade de vida. Para tanto, é necessário o planejamento de programas específicos de intervenção, visando a eliminação de fatores de riscos relacionados com a incapacidade funcional. Ao lado disso, devem ser elaboradas ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação, que interfiram diretamente na manutenção da capacidade funcional destes idosos. Deve-se levar em conta que esta capacidade funcional depende também de fatores demográficos, socioeconômicos, culturais e psicossociais, além do estilo de vida.
REF: ENVELHECIMENTO ATIVO E SUA RELAÇÃO COM A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL, 2012.
· Discutir os impactos do isolamento social na vida do idoso.
Atualmente o isolamento social é considerado por vários autores como um dos grandes problemas que podem afetar negativamente a saúde do idoso. Pesquisas indicam que os níveis de inflamação e os hormônios relacionados ao estresse estão elevados quando o isolamento social está presente, o que pode aumentar o risco da ocorrência de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e suicídio. O declínio funcional é incrementado quando o idoso refere estar abandonado ou isolado, quando comparado às pessoas que não se sentem sós.
Estudos demonstram que o isolamento social ocorre principalmente entre os idosos mais jovens, ou seja, aqueles com idades inferiores a 65 anos, e parece estar relacionado, em nossa sociedade, com a aposentadoria, que pode conduzir a um sentimento de desvalorização, devido à falta súbita de atividades sociais e laborais. Estar em um ambiente de trabalho proporciona ao indivíduo um importante convívio social, que ao ser perdido pode ocasionar um grande vazio. O ato do indivíduo se aposentar nas sociedades capitalistas pode ser considerado estigmatizante, levando a sentimentos de impotência e desvalorização, que o leva a se isolar dos amigos e familiares. Na aposentadoria, o convívio social, os relacionamentos interpessoais e as trocas de experiência, antes possibilitadas pelo trabalho, muitas vezes são substituídas pelo isolamento e pela ociosidade, levando a fase da velhice a ser marcada por sentimentos de inutilidade produtiva e de dificuldade para o estabelecimento de novas relações sociais.
Devemos ressalvar que solidão e isolamento social são situações diversas. A primeira pode ser sim desejada e não ser maléfica, já o segundo relaciona-se com a percepção subjetiva de isolamento - com a discrepância entre o nivel de interação social desejado e o real. Assim, as pessoas podem se sentir sós mesmo rodeadas de pessoas e períodos de solidão ou a opção de morar só não significam que o idoso esteja isolado. Devemos relembrar que o grupo social que denominamos idosos formam um grupo heterogêneo e que devemos evitar generalizações, considerando sempre as subjetividades. Isolamento social também não se relaciona apenas a vínculos familiares ou ao fato do idoso não estar casado, pois as relações familiares nem sempre possuem qualidade, afinal, sabemos que a maior parte dos abusos perpetrados contra idosos é cometida por familiares. Assim, quando abordamos o isolamento social da pessoa idosa não nos preocupamos apenas com a existência de rede social e sim com a qualidade das relações estabelecidas.
A inserção do idoso na sociedade pode ocorrer através dos grupos de convivência - espaços importantes, que buscam fortalecer o papel social do idoso e promover mudanças comportamentais – possibilitando ao indivíduo o desenvolvimento de diversas atividades propiciadoras de melhora na qualidade de vida e no auto-reconhecimento como cidadão. O estímulo ao convívio social causa impacto positivo na autoestima e na resiliência dos idosos com consequente melhora em sua qualidade de vida. Pensar no envelhecimento ativo enquanto preservação da capacidade funcional do idoso, com independência e autonomia, é uma alternativa que contempla o até aqui comentado, incorporando no atendimento a esta população princípios como a integralidade, a intersetorialidade, a participação, o empoderamento e o respeito à diversidade na atenção à saúde do idoso.
REF: Idosos e Isolamento Social: Algumas Considerações, 2018.
Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nas faixas etárias mais avançadas. Isso se deve ao fato de que a solidão é capaz de gerar no organismo uma reação de “lutar ou fugir”, que é característica de situações de alto estresse.
De acordo com a pesquisa, esse estresse acaba induzindo respostas inflamatórias que reduzem a produção dos leucócitos, responsáveis por defender o organismo de infecções. Ou seja: Ao mesmo tempo em que protege o idoso do contato com portadores da Covid-19, o isolamento pode estar contribuindo para reduzir sua resposta imunológica ao colocá-lo sob uma condição estressante. Nos dias de hoje, o impacto do isolamento na imunidade dos idosos torna-se ainda maior se a pessoa tiver acesso constante a notícias (ou mesmo a informações falsas) que podem causar ansiedade e agravar o quadro de estresse.
Recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade de York divulgou um estudo indicando que a solidão e o isolamento social podem aumentar o risco de doenças cardíacas em 29% e o de acidentes vasculares em até 32%. No caso dos idosos, tanto o aumento da pressão e dos níveis de colesterol quanto a diminuição na capacidade cognitiva e o agravamento de quadros depressivos podem ser potencializados pela sensação de isolamento e solidão.
No que se refere à depressão, o isolamento social pode ser tanto um sintoma quanto um fator desencadeador da doença. Isso vale especialmente para os idosos que estão acostumados a uma vida social mais intensa, como atividades em grupo e passeios ao ar livre, por exemplo. Para quem está monitorando idosos nessas condições, é importante ter em mente que os sintomas depressivos nessa faixa etária podem ser diferentes dos encontrados nos indivíduos mais jovens. Nos idosos, a depressão costuma afetar a memória e muitas vezes se reflete em sintomas físicos, como dor no corpo, perda de apetite e de sono.
Após o fim do surto causado pela COVID-19, será possível visualizar os danos psicológicos causados na população como consequência do atual cenário, mostrando que esse desgaste mental pode ser comparado aos mesmos sentimentos provenientes de catástrofes naturais e cenários de guerra pelos quais a sociedade passa por estresse, tensão, ansiedade, frustração, insegurança relacionada ao futuro e pelo medo da morte Em razão do desenvolvimento dessas emoções negativas, houve um aumento importante de novos casos de transtornos psicológicos, tornando a população que não possui uma rede de apoio presente, durante e após o isolamento social, mais suscetíveis a estes transtornos. Dentre esses, merecem atenção os associados ao trauma, como o transtorno de estresse pós-traumático e os transtornos depressivos, provenientes do longo período de isolamento, associado à grande quantidade de informações negativas acompanhadas por essa população, durante o período de quarentena, tornando a rotina opressiva e frustrante, causando cansaço tanto físico quanto emocional.
Comoconsequência das medidas de segurança através do isolamento social, a população idosa que antes praticava atividades ao ar livre passa a sair cada vez menos de suas casas, por vezes priorizando a segurança e por outras por medo do desconhecido. Portanto, esses fatores estabelecem uma situação complexa, tanto psicologicamente quanto fisicamente, pois os idosos precisam manter o corpo ativo. Muito se discute sobre os benefícios da vitamina D no organismo, ainda mais se tratando da população idosa que, devido ao processo de alterações anatomofisiológicas, encontra-se imunodeprimida. Porém, durante o isolamento social, esse grupo sai cada vez menos de casa, deixando de lado a necessidade de exposição à luz solar, que é a principal responsável pela síntese desse pró-hormônio que associado ao paratormônio (PTH) atua como importante regulador do metabolismo ósseo. Estudos atuais mostram sua eficácia em tratamentos de idosos com depressão, assim como sua importância relacionada ao metabolismo e efeitos protetores nos sistemas esquelético, muscular e imunológico. Um dos principais agravos causados pelo distanciamento social é a diminuição da procura por suporte de saúde, retardando esse contato até o momento mais crítico, uma vez que ambientes hospitalares e ambulatoriais são locais de grande movimentação de pessoas enfermas e possivelmente contaminadas com o coronavírus. Visando estes fatores, tanto para diminuir as demandas hospitalares, como para garantir maior segurança da população de risco, as instituições de saúde estão promovendo atendimentos on-line. Outro fator existente são as alterações associadas ao padrão de sono, que são comumente relacionadas a disfunções psicogênicas. A qualidade do sono está diretamente ligada à qualidade de vida, sendo compreensível que idosos que relatam distúrbios do sono tenham maior vulnerabilidade, muitas vezes associada a problemas de saúde como depressão, instabilidade emocional, distorcida percepção da saúde e presença de doenças crônicas.
REF: O impacto do isolamento social na qualidade de vida dos idosos durante a pandemia por COVID-19, 2020.
· Analisar os direitos dos idosos.
No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio das Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 e 8142/90). As políticas públicas de saúde têm o objetivo de assegurar atenção a toda população, por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, garantindo integralidade da atenção, indo ao encontro das diferentes realidades e necessidades de saúde da população e dos indivíduos.
Diante da crescente demanda de uma população que envelhece e em acordo com os direitos previstos na Constituição de 1988, em 1994 foi promulgada a Política Nacional do Idoso, através da Lei 8.842/94, regulamentada em 1996 pelo Decreto 1.948/96. Esta política assegurou direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS.
Em 1999, a Portaria Ministerial no 1.395/99 estabelece a Política Nacional de Saúde do Idoso, na qual se determina que os órgãos do Ministério da Saúde relacionados ao tema promovam a elaboração ou a adequação de planos, projetos e ações em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.
Em 2002 é proposta a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso (Portaria GM/MS no 702/2002) tendo como base a condição de gestão e a divisão de responsabilidades, definidas pela Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 2002). Como parte de operacionalização das redes, são criados os critérios para cadastramento dos Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso.
Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o Estatuto do Idoso, considerado uma das maiores conquistas sociais da população idosa em nosso país, ampliando a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa. O Capítulo IV da referida Lei, que reza especificamente sobre o papel do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral e em todos os níveis de atenção.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa-PNSPI (Portaria No 2.528, de 19 de outubro de 2006) tem como finalidade primordial a recuperação, manutenção e promoção da autonomia e da independência da pessoa idosa, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade.
Os fundamentos da PNSPI derivam da referida Assembléia Mundial Para o Envelhecimento, cujo documento básico, denominado Plano de Madri tem como fundamentos: (a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; (c) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento; além de (d) fomento a recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao atendimento ao idoso. Para que isso vigore, uma série de desafios precisam ser enfrentados, entre eles, a escassez de estruturas de cuidado intermediário e suporte qualificado ao idoso e seus familiares, destinados a promover intermediação segura entre a alta hospitalar e a ida para o domicílio; suporte qualificado e constante aos serviços e indivíduos envolvidos com o cuidado domiciliar ao idoso, conforme previsto no Estatuto do Idoso, incluindo-se o apoio às famílias e aos profissionais das equipes de Saúde da Família; superação da escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa; implementação das Redes de Assistência à Saúde do Idoso.
Dentro de tais pressupostos, a promoção à saúde do idoso inclui as seguintes diretrizes:
· Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
· Atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
· Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;
· Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção
· à saúde da pessoa idosa;
· Estímulo à participação e fortalecimento do controle social;
· Formação e educação permanente dos profissionais de saúde;
· Divulgação e informação para profissionais de saúde, gestores e
· usuários do SUS;
· Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências
· na atenção à saúde da pessoa idosa;
· Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
REF: Atenção a Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento, ministério da saúde, 2012.
REF: Caderneta de Saúde, 2017.
· Explicar a caderneta de saúde do idoso e a sua importância.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma ferramenta de identificação de situações de riscos potenciais para a saúde da pessoa idosa. Traz ao profissional de saúde a possibilidade de planejar e organizar ações de prevenção, promoção e recuperação, objetivando a manutenção da capacidade funcional das pessoas assistidas pelas equipes de saúde. A implantação da caderneta, que se deu inicialmente a partir das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), foi acompanhada por um manual de orientação para os profissionais de saúde, que receberam treinamento e capacitação na grande maioria dos Municípios, para o correto preenchimento e orientação sobre o manuseio da caderneta.
A distribuição da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa iniciou- se em 2007, por meio das Secretarias Estaduais e Municipais (capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes) de Saúde. Entre 2007 e 2008 foram disponibilizados dez milhões de exemplares. Até o momento, já foram distribuídas treze milhões de cadernetas. Espera-se que até 2011, todos os idosos, usuários do SUS, recebam a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa.
De 2009 a 2010, junto com as cadernetas, já foram disponibilizados, oitenta mil exemplares do Caderno de Atenção Básica: “Envelhecimentoe Saúde da Pessoa Idosa”. Este Caderno foi elaborado com a finalidade de oferecer subsídios técnicos específicos em relação à saúde da pessoa idosa de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que atuam na Atenção Básica. Com uma linguagem acessível, disponibiliza instrumentos e discussões atualizados, além de protocolos clínicos no sentido de auxiliar a adoção de condutas mais apropriadas às demandas dessa população, com vistas a uma abordagem integral à pessoa no processo de envelhecimento. O caderno constitui a principal referência para os processos de capacitação dos profissionais de nível superior que atuam na Atenção Básica e pode ser obtido na secretarias estaduais e municipais de saúde, através da Coordenação de Saúde do Idoso local.
REF: Atenção a Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento, ministério da saúde, 2012.

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