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INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Inclusão na educação infantil SEJA BEM-VINDO! Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ExpEdiEntE REitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitor acadêmico: Prof. Valdir alVes de Godoy coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos duarte Ficha técnica autoria: Carla saMya noGueira falCão suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alVes design instrucional: ana lúCia do nasCiMento Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alVes rodriGues diagramação e tratamento de imagens: franCisCo erBínio alVes rodriGues revisão ortográfica: ana lúCia do nasCiMento Ficha catalogRáFica catalogação na publicação bibliotEca cEntRo univERsitáRio atEnEu FALCÃO, Carla Samya Nogueira. Inclusão na educação infantil. / Carla Samya Nogueira Falcão – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 48 p. ISBN: 1. Educação infantil. 2. Inclusão. 3. Estratégias de ensino. 4. Necessidades educacionais. I. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Caro estudante, é com imensa satisfação e entusiasmo que apresento o material didático para o Curso de Pedagogia. Ao estudar por este material, você terá condições de responder as atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA. Este livro está dividido em quatro unidades, de acordo com a ementa da disciplina. Iniciaremos pelo processo normativo e regulamentador da educação infantil brasileira, como também vamos estudar a criança como ser cultural que influenciou as tendências atuais na educação infantil brasileira e, consequentemente, a importância do brincar e dos brinquedos nos espaços coletivos como ações para o desenvolvimento pleno das crianças no ensino infantil. Também vamos compreender como as práticas inclusivas devem sem desenvolvidas na educação infantil de maneira integral, além de perceber a importância do professor nesse processo inclusivo, a necessidade da formação continuada desses docentes etc. Iremos aprender as principais características das necessidades educacionais especiais, e conhecer estes educandos que apresentam alguma necessidade educacional especial. Também iremos identificar algumas deficiências e suas particularidades, como a deficiência visual, auditiva, física, sensoriais e intelectual. Nosso objetivo é incentivá-lo a buscar, incessantemente, mais conhecimento, e estar sempre atualizado diante da temática em questão. Este material será mais uma etapa para seu aprendizado e conhecimento, e subsídio para seu engajamento nas atividades exigidas nos trabalhos acadêmicos. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. Diretrizes e regulamentação do ensino infantil ... 10 2. Crianças como sujeitos culturais no processo de desenvolvimento pleno ................... 12 3. Ludicidade na educação infantil .......................... 1401 EDUCAÇÃO INFANTIL 02 1. Conceituação da inclusão: aspectos gerais ....... 20 2. Breve histórico do processo de inclusão escolar brasileiro .............................. 21 3. Desafios da inclusão na educação infantil ........ 24 O QUE É INCLUSÃO? 03 1. Práticas inclusivas na educação infantil .............. 282. Formação docente na educação infantil: desafios e perspectivas ......................... 30 AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA INCLUIR OS ESTUDANTES COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS 1. Necessidades educacionais especiais ............... 34 2. Sujeitos com Necessidades Educacionais Especiais - NEE ............................ 35 3. Crianças com deficiência ................................... 35 3.1. Deficiência Intelectual – DI ......................... 36 3.2. Deficiência visual ........................................ 37 3.3. Deficiência auditiva .................................... 38 3.4. Deficiência física/motora ............................. 39 3.5. Transtorno do Espectro Autista – TEA ....... 39 4. Crianças com dificuldades de aprendizagem ........ 40 Referências .............................................................. 43 04 TIPOS DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Apresentação Discutiremos, nessa unidade, os fundamentos básicos da educação infantil brasileira e seus marcos regulamentadores, como também a compreensão cultural do cotidiano da criança para seu desenvolvimento pleno. Para finalizar esta unidade vamos apresentar a importância do ato de “brincar” na primeira infância, para a construção do ser humano numa concepção holística. Carla Samya Nogueira FalCão Unidade 01 eduCação iNFaNtil INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL10 | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender a legislação vigente da educação infantil e suas atribuições legais; • Perceber a importância cultural da criança como sujeito em construção nos ambientes educacionais coletivos; • Identificar a ludicidade como fator importante no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, cultural, dentre outros. 1. diretrizeS e regulameNtação do eNSiNo iNFaNtil A educação infantil é a primeira etapa da educação básica nacional, no qual a constituição brasileira assegura o direito à educação de todas as crianças até os cinco anos de idade no ambiente escolar não doméstico, sem qualquer tipo de diferenciação por aspectos sociais, étnicos, religiosos, políticos, sexo, nacionalidade, ou se possui alguma deficiência. Conforme a legislação atual, a criança da educação infantil possui faixa etária de zero até cinco anos de idade em decorrência da promulgação de duas leis (Lei 11.114, de 16.05.05 e Lei 11.274, de 06.02.2006), que incluem a criança de seis anos no ensino fundamental, e de orientações dadas pelo Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica (Parecer nº 18, de 15.09.05), com relação a essa inclusão. O ensino infantil é oferecido em creches, pré-escolas, escolas e instituições, em estabelecimentos institucionais que podem ser públicos ou privados, sendo caracterizado pelo cuidado e ensino em tempo integral ou parcial no período diurno, conforme apresentado na figura 01. Figura 01: Divisão da educação infantil de acordo com faixa etária. Educação Infantil Creche Pré-escola 0 até 3 anos e 11 meses 04 e 05 anos e 11 meses Fonte: Diretrizes Nacionais de Educação Básica (2013). INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 11| De acordo com a Diretriz Nacional da Educação Básica (2013, p. 88), a educação infantil se apresenta com o objetivo principal de: promover o desenvolvimento integral das crianças de zero a cin- co anos de idade garantindo a cada uma delas o acesso a pro- cessos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivên- cia e interação com outras crianças. Pensando no desenvolvimento pleno da criança, o currículo da educação infantil é concebido como um “conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico”. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades. (BRASIL, 2013, p. 88) A educação infantil é compreendida de maneira holística em tornoda criança, das creches ou pré-escolas, para oferecer um ambiente coletivo de interação social, no qual, O atendimento em creches e pré-escolas como um direito social das crianças se concretiza na Constituição de 1988, com o reco- nhecimento da Educação Infantil como dever do Estado com a Educação, processo que teve ampla participação dos movimen- tos comunitários, dos movimentos de mulheres, dos movimentos de redemocratização do país, além, evidentemente, das lutas dos próprios profissionais da educação. A partir desse novo or- denamento legal, creches e pré-escolas passaram a construir nova identidade na busca de superação de posições antagôni- cas e fragmentadas, sejam elas assistencialistas ou pautadas em uma perspectiva preparatória a etapas posteriores de esco- larização. (BRASIL, 2013, p. 83) Diante dos fatos explicitados, podemos perceber a preocupação com o desenvolvimento da criança no ambiente escolar por meio de vários documentos oficiais, no entanto, devemos questionar se os professores estão aptos para a demanda, ou se as estruturas físicas são adequadas para receber estas crianças, e se todo o contexto educacional e social favorece esse processo de crescimento dessa criança. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL12 | Conforme a Lei de Diretrizes de Base nº 9394/96 estabelece como objetivo o “desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade”, tais ações só fortalecem o desejo de oferecer um serviço de qualidade para essas crianças na primeira infância no ambiente coletivo educacional. Em 2018, o Brasil matriculou 48,5 milhões nas 181,9 mil escolas da educação básica, sendo 1,3 milhões a menos quando comparados ao ano de 2014. No entanto, as matrículas de crianças no ensino infantil aumentaram nos últimos anos cerca de 11,1% entre os anos de 2014 a 2018, atingindo cerca de 8,7 milhões em 2018 (INEP, 2019). Quando nos referimos às matrículas de estudantes com deficiência nas escolas comuns, esses números crescem ano após ano, sendo 1,2 milhão de estudantes com algum tipo de deficiência em 2018; um aumento de 33,2% em comparação ao ano de 2014 (INEP, 2019). Esse aumento é devido à mobilização de toda a sociedade. FIQUE ATENTO De acordo com a LDB (1996), é competência dos municípios oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino funda- mental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estive- rem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Diante dos dados apresentados, faz-se necessário um maior compromisso de todos os envolvidos que compõem a educação brasileira, e em particular os docentes que precisam acompanhar as demandas da escola numa perspectiva inclusiva, com práticas que incluam todos os estudantes. 2. CriaNçaS Como SujeitoS CulturaiS No proCeSSo de deSeNvolvimeNto pleNo Atualmente, existe um grande desafio para os espaços coletivos que recebem crianças de zero até três anos de idade. Nesse período, o processo educativo fica indissociável dos procedimentos de cuidado dessa criança no ambiente escolar. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 13| Conforme Tristão (2006, p. 19), o currículo na educação infantil de crianças até três anos de idade deve conter áreas de desenvolvimento, tais como: cognitiva, sensorial/perceptiva, linguística, emotiva, motora ampla e refinada, de autoajuda e social, para que seja possível atender as necessidades evolutivas de cada criança. É fato que o ser humano é considerado o ser mais dependente ao nascer, sendo esse período duradouro e repleto de descoberta sensoriais, linguísticas, comunicação, gestuais e posturais. Tais atribuições colaboram com o processo de interação entre outras crianças, fortalecendo o seu desenvolvimento. De acordo com Vigotsky (1991), trata-se de interação social, “um processo que se dá a partir e por meio de indivíduos com modos histórica e culturalmente determinados de agir, pensar e sentir”, sendo inviável dissociar as dimensões afetivas e cognitivas dessas interações, e os planos psíquico e fisiológico do desenvolvimento decorrente. Nessa perspectiva, a interação social torna-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que nasce. Por isso, é tão importante pensar em um espaço coletivo para as crianças se desenvolverem de maneira plena, no qual as mesmas possam vivenciar ações educativas, sociais, afetivas, hábitos alimentares e outros momentos para introduzi-los na cultura. Dessa forma, poderão compreender sua existência no mundo como ser integrante, e, a escola se apresenta como este espaço. Figura 01: Atividade lúdica em grupo no ambiente educativo (creche). Fonte: <https://bit.ly/2OW6HlM>. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL14 | Nas creches e pré-escolas acontecem as primeiras experiências fora do contexto familiar, sendo possível potencializar ações em que as crianças aprendem a negociar com o outro, reconhecer os diferentes pontos de vista, lidar com conflitos de interesse, promover situações cooperativas, internalizar regras, trocar afeto etc. (BRASIL, 2008, p. 13). É importante compreendermos as ações desenvolvidas nas creches e pré-escolas, pois as brincadeiras se apresentam como ação fundamental no processo de descobertas, interação e compreensão de habilidades sociais dessa criança no ambiente externo. Tais ações são importantes para os professores observarem como estas crianças conseguem interagir diante das adversidades da escola. Esses momentos interativos no ambiente escolar são oportunos para que os docentes, profissionais de apoio e auxiliares possam identificar alguma dificuldade social, afetiva ou cognitiva das crianças e, se necessário, acionar outros tipos de atendimento educacional para auxiliar no processo de desenvolvimento pleno dessa criança. 3. ludiCidade Na eduCação iNFaNtil O ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento pleno de toda criança. De acordo com a faixa etária é possível perceber as mudanças atitudinais e comportamentais das crianças por meio das brincadeiras, e de como interagem com as outras crianças, como também: O brincar deve ser sempre o modo preferencial de interação com a criança garantindo um ambiente prazeroso. Ao brincar, por meio de jogos ou atividades de natureza estruturada, as con- dições básicas para aprendizagem se estabelecem: rotina, disci- plina, atendimento a regras, ritmo de atividade, interação social, motivação para conclusão das tarefas e prazer em concluir uma atividade e verificar seu produto. O brincar estruturado é possí- vel em todas as idades sendo uma forma segura de promover experiências de aprendizagem. (TRISTÃO, 2006, p. 20) O lúdico (ou a ludicidade) pode ser compreendido como atividades livres selecionada pela própria criança e seus pares, não se limitando apenas aos jogos, brincadeiras, ou aos brinquedos, mas é todo ato de ações que podem oferecer prazer para todos os envolvidos. Podemos afirmar que o jogo assume diferentes formas quando direcionamos para as crianças, e para isso é preciso diferenciar. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 15| Quadro 01: Classificação dos jogos para crianças de acordo com suas funcionalidades. TIPOS DE JOGOS DEFINIÇÃO Jogo da imaginação ou jogos simbólicos Tem um caráter de expressão. Ex.: imitar outras crianças ou adultos. Jogos funcionais Permite a criança despender sua necessidade de movimentos como atividades de coordenação global. Ex.: brincadeiras de correr, pular etc. Jogos com regras Necessita da criação de um código para trabalhar de maneira coletiva, por isso, desempenha um importante papel na socialização. Ex.: brincadeiras de roda, cantigas etc. Fonte: LE BOULCH (1987, p. 58). As brincadeiras podem acontecer em ambientes internos ou externos da escola, de maneiracoletiva ou individual e em tempos diferentes, e com uma vasta diversidade de variações e objetivos que podem ser atividades livres, com a observação de adultos, ou de maneira direciona por um adulto, conforme mostra a figura 02. Figura 02: Atividade em grupo de crianças interagindo com brinquedos no ambiente escolar sem intervenção direta do adulto. Fonte: <https://bit.ly/2JH1LSV>. É preciso também compreender que existe um momento ideal para inserir jogos e brincadeiras no cotidiano escolar dessas crianças, como apresenta Tristão (2006, p. 21): INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL16 | O momento ideal para jogos e brincadeiras é quando a criança está desperta, calma, alerta e saudável, devendo-se aproveitar momentos como banho, alimentação, ou quando o bebê ou a criança estiverem brincando. O essencial é que as rotinas diá- rias sejam transformadas em situações de interação prazerosa, lembrando sempre que a inteligência e a capacidade da criança se estimula com amor. É nesse ambiente prazeroso do lúdico que os professores devem trabalhar diversos aspetos com as crianças, tais como a afetividade, habilidades sociais, saber esperar, respeitar, desenvolver a linguagem, a comunicação etc. Enfim, é uma gama de atribuições que efetivamente vão contribuir no desenvolvimento dessas crianças nos espaços coletivos. PRATIQUE 1. Apresente de maneira sucinta os marcos legais da educação infantil e como o ensino infantil é dividido atualmente na educação básica brasileira. 2. As creches e pré-escolas são ambientes coletivos nos quais se busca o desenvolvimento pleno das crianças na primeira infância. Qual a importância desses espaços para a construção cognitiva, afetiva e social dessas crianças? 3. Como os diversos tipos de jogos podem ajudar no desenvolvimento de habili- dades das crianças em creches e pré-escolas? INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 17| RELEMBRE Estudamos, nesta unidade, a legislação brasileira direcionada para o ensino infantil e a importância do desenvolvimento pleno das crianças atendi- das na rede regular de ensino por meio da ludicidade nos ambientes coletivos educacionais. Aprendemos ainda sobre a importância do ato de brincar na construção da identidade das crianças, como também o tempo certo para cada ação das brincadeiras e suas variações. ANOTAÇÕES INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL18 | ANOTAÇÕES Apresentação Abordaremos um breve resumo sobre o conceito de inclusão, e como essa temática vem atuando no cenário escolar numa perspectiva inclusiva. Iremos compreender de maneira simples alguns pontos importantes da inclusão escolar, apresentar leis, decretos, diretrizes e normas que regulamentam a educação básica brasileira para receber as pessoas com deficiência no ambiente escolar. E, para finalizar, vamos perpassar pelas dificuldades e desafios do docente da educação infantil no processo inclusivo dos ambientes escolares, no qual o papel do professor da educação infantil, de forma integral, sem desassociar questões de cuidados ou cognitivas, sendo o ambiente escolar favorável na construção do desenvolvimento pleno. Unidade 02 o que é iNCluSão? INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL20 | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Entender o conceito de inclusão na sua amplitude; • Identificar a importância da legislação brasileira no processo plural das esco- las inclusivas; • Compreender as dificuldades e desafios da inclusão escolar nos anos iniciais. 1. CoNCeituação da iNCluSão: aSpeCtoS geraiS O movimento inclusivo é um processo no qual vem sendo traçado ao longo dos anos por meios de leis, decretos, normas e mudança de atitude da sociedade para receber todas as pessoas no contexto social de maneira igualitária. Na educação brasileira, esse conceito de inclusão vem sendo discutido e redefinido no intuito da escola receber, incluir e acolher todas as crianças e adolescentes, independentemente de suas condições físicas, financeiras, sociais, intelectuais, religiosas, étnicas e culturais, sendo o ambiente escolar um local propício para se conviver com as diferenças. De acordo com Mantoan (2003, p. 15), “a inclusão, portanto, implica mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando”. Podemos destacar a importância da escola nesse processo de construção de um novo conceito de inclusão. Para questões de esclarecimentos é necessário entender a diferença nos termos inclusão e integração para o desenvolvimento das ações pedagógicas no ambiente escolar. Quadro 01: Diferença de integração e inclusão no ambiente escolar. INTEGRAÇÃO INCLUSÃO Tem como objetivo centrado inserir um aluno, ou um grupo de alunos já excluídos anteriormente. Podemos considerar como um ensino especial dentro do ensino regu- lar. Neste caso, a escola não muda como um todo; quem muda é o aluno, para se adaptar ao contexto escolar. Prevê a inserção escolar de maneira radical, com- pleta e sistemática no qual todos os alunos devem frequentar a sala de aula comum do ensino regular. Podemos afirmar que a inclusão necessita de uma mudança de perspectivas educacionais, centrada na participação de todos os alunos nas atividades escolares, sem qualquer exceção. Fonte: MANTOAN (2003, p. 16). INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 21| A inclusão nos remete a reflexões profundas das ações pedagógicas, e como tais ações estão sendo pensadas para atender a demanda dos discentes nas suas mais variadas condições. Devemos destacar que o aumento da matrícula de estudantes com alguma necessidade educacional especial na escola não significa que este mesmo estudante esteja incluído nas atividades educativas, sociais, de lazer e outras no ambiente escolar. Após estudarmos sobre o que é inclusão, faz-se necessário compreender sobre o processo histórico da inclusão das pessoas com deficiência no ambiente social e escolar. 2. Breve hiStóriCo do proCeSSo de iNCluSão eSColar BraSileiro No campo da educação inclusiva, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, o acesso das pessoas com deficiência à escola ficava restrito a instituições específicas para atendimentos especializados ou a escolas de educação especial, o que dificultava a interação social com outras crianças, uma vez que as turmas eram formadas somente por pessoas com algum tipo de deficiência. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado em 1990, com garantias de direitos fundamentais básicos, como também do direito à vida, à saúde, à educação, lazer e outros, como apresentado no Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos funda- mentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que se trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Podemos destacar também o Atendimento Educacional Especializado (AEE) às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino, de acordo com Lei nº 8.069 de 1990, em todos os níveis da educação básica. Em 1994, o Brasil participou, juntamente com outros 196 países, de um dos mais importantes encontros direcionados aos direitos e à proteção das pessoas com deficiência no mundo: a Declaração de Salamanca. Nesse evento, o Brasil se comprometeu a garantir os direitos das pessoas com deficiência com a igualdade de acesso à educação, ou seja, como parte integrante do sistema educativo. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL22 | Em 1996, a Lei de Diretrizes de Base da Educação (LDB) apresenta um capítulo específico para a educação especial. Em 1999, o decreto nº 3.298 regulamenta a Lei nº 7.853/89, a qual dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa “Portadora” de Deficiência, e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. Esse decreto centrou-se em assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no contextosocioeconômico e cultural do país. O decreto também se referiu à educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, destacando-a como complemento do ensino regular. MEMORIZE No Brasil, o termo “portador”, tornou-se bastante popular, acentua- damente entre 1986 e 1996. Entretanto, o uso do termo portador de defici- ência caiu em desuso por não se tratar de algo portável. O termo preferido passou a ser pessoa com deficiência. Aprovados após debate mundial, os termos “pessoa com deficiência” e “pessoas com deficiência” são utilizados no texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada em 13/12/06, pela Assembleia Geral da ONU. No entanto, a realidade da educação brasileira ainda mantinha escolas de educação especial que excluíam do convívio com a sociedade as pessoas com deficiência, e dificultava o processo de inclusão, como mostra a figura 01. Figura 01: Escola de educação especial, contrariando o texto da ONU, que orienta matricular todos na escola comum. Fonte: <https://flic.kr/p/9YFvDL>. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 23| O Plano Nacional de Educação (PNE, 2007) apresentou uma proposta direcionado à infraestrutura das escolas, pré-escolas e creches. Citando as edificações acessíveis para que todos tenham condições de acessar a escola sem problemas estruturais, neste mesmo PNE (2007), foi mencionada a formação docente das salas de recursos multifuncionais. Todas essas ações são pensadas para a promoção de uma escola inclusiva. A partir do Decreto nº 6.571/2008 efetivou-se um desenho, onde o Brasil vem percorrendo sobre o processo de inclusão escolar para pessoa com deficiência, no qual os sistemas de ensino devem matricular este público nas salas comuns do ensino regular e no AEE, como processo de formação plena dos escolares que necessitam utilizar os serviços. Em 2015, é instituída a Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146/2015. Ela tem como objetivo “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p. 1). É um dos mais importantes instrumentos de emancipação civil e social dessa parcela da sociedade. No intuito de cada vez mais proteger os direitos das pessoas com deficiência, a educação mantém-se em todos os níveis de escolaridade ao longo da vida, sem limitações de idades, no intuito de que os sujeitos busquem alcançar o máximo de desenvolvimento intelectual e social. A educação para os estudantes com deficiência permanece como dever do Estado, sempre em um ambiente escolar inclusivo, com oferta de educação bilíngue, e também a oferta de formação de professores especializados para este público-alvo, além de tradutores e intérpretes de Libras nas escolas, profissionais de apoio, acessibilidade para todos os estudantes e promoção de acesso à educação superior, profissional e tecnológica. No transcorrer dos últimos anos, com a elaboração dessas leis, percebe- se que houve maior abertura para uma real inclusão das pessoas com deficiência. Na rota da inclusão, descortina-se um novo paradigma, segundo o qual cabe à sociedade e ao Estado, e não mais exclusivamente à própria pessoa com deficiência e familiares, a responsabilidade pelas adaptações necessárias ao pleno exercício dos direitos e deveres sociais. Pensado em um modelo de integrar as pessoas com deficiência no ambiente escolar, a pesquisadora Mantoan (2003, p. 16) apresenta alguns pontos que nos remete a refletir sobre a proposta de inclusão escolar, que: INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL24 | a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apre- sentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vêm do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele. Podemos compreender que a legislação brasileira vem se empenhando para garantir o acesso, a permanência e a participação de todos os alunos no ambiente escolar, com igualdade de condições para todos. No entanto, é comum perceber que os professores encontrem dificuldades nas práticas inclusivas, como também a mudança de postura educacional seja um processo lento, porém, necessário para uma escola comum numa perspectiva inclusiva. 3. deSaFioS da iNCluSão Na eduCação iNFaNtil Podemos destacar inúmeros desafios para a inclusão no ensino infantil como a grande preocupação dos que compõem o ensino nos anos iniciais. É comum creches e pré-escolas em condições precárias estruturais, docentes sem qualificação, sem profissionais aptos para o cuidado das crianças, sem materiais didáticos adequados e outros problemas relacionados à educação infantil. A complexidade do ensino infantil se sobrepõe a questões educacionais, por isso é necessário que o ambiente coletivo no qual as crianças estão inseridas ofereçam oportunidades de desenvolvimento pleno, como podemos destacar nas orientações das Diretrizes Nacionais da Educação Infantil (2013, p. 37): Nessa etapa, deve-se assumir o cuidado e a educação, valo- rizando a aprendizagem para a conquista da cultura da vida, por meio de atividades lúdicas em situações de aprendizagem (jogos e brinquedos), formulando proposta pedagógica que con- sidere o currículo como conjunto de experiências em que se ar- ticulam saberes da experiência e socialização do conhecimento em seu dinamismo. Outro grande desafio da educação infantil é atingir algumas metas do Plano Nacional de Educação – PNE, com vigência decenal dos anos de 2014 até 2024, direcionada para a educação infantil, como garantir que no mínimo 50% das crianças de três anos de idade sejam atendidas nas creches. No entanto, os dados mostram que será um grande desafio, conforme apresentado na figura a seguir. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 25| Figura 02: Dados percentuais de crianças de 0 a 3 anos de idade que frequentavam a escola no Brasil. 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 13,013,4 15,4 17,0 18,1 18,4 20,8 21,2 23,2 Fonte: <https://bit.ly/2G9IfL8>. Podemos perceber que houve avanços no quantitativo das crianças inseridas nas creches, no entanto, devemos nos questionar para outros desafios, como a qualidade de ensino da educação infantil, as estruturas físicas e suportes didáticos para o desenvolvimento pleno destes educandos que ainda são bebês. Quando nos referimos ao desafio do quantitativo mínimo como metas, percebemos que a situação se agrava quando comparamos os dados por regiões do Brasil. Podemos perceber que os desafios podem ser diferenciados de acordo com a região, sendo possível perceber que a região Nordeste foi a que apresentou menor percentual de crescimento entre as outras regiões. Faz-se necessário um maior engajamento das ações nas regiões Norte e Centro-oeste, como mostra o mapa. Figura 03: Percentual das crianças de 0 a 3 anos, por região brasileira, que frequentavam a escola. Fonte: <https://bit.ly/2vDEisA>. É fato que o Brasil apresenta uma complexidade no sistema educativo, e com isso a demanda das dificuldades e desafios são imensas, por isso, se faz necessário ações efetivas para atender as crianças brasileiras de maneira homogênea e com qualidade. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL26 | PRATIQUE 1. Apresente os principais objetivos do termo “inclusão” e quais suas principais contribuições para o ambiente escolar. 2. Descreva como a educação brasileira avançou nas questões inclusivas esco- lares ao longo das últimas décadas. 3. Comente quais os principais desafios da inclusão na educação infantil? RELEMBRE Aprendemos, nesta unidade, sobre a distinção entre inclusão e integra-ção, e suas particularidades para o desenvolvimento da educação brasileira, numa perspectiva inclusiva, como também vimos o processo histórico brasileiro na caminhada do processo de inclusão das pessoas com deficiência no am- biente escolar, como ainda identificamos os principais desafios e dificuldades no processo de inclusão na educação infantil. Apresentação Nesta unidade, você vai compreender como a educação infantil apresenta uma maior dificuldade no processo de inclusão escolar, e para isso, se faz necessário compreender as diversas metodologias e estratégias para receber, acolher e incluir o estudante com uma necessidade educacional especial nos primeiros anos de ensino. Também vamos entender a importância do professor nesse processo educacional na primeira infância com crianças que apresentam alguma necessidade educacional especial. Unidade 03 aS eStratégiaS de eNSiNo para iNCluir oS eStudaNteS Com NeCeSSidadeS eduCaCioNaiS eSpeCiaiS INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL28 | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Identificar as diversas maneiras de incluir a criança com necessidades educa- cionais especiais no ambiente coletivo escolar; • Compreender a importância do papel do professor no processo inclusivo das creches e pré-escolas. 1. prátiCaS iNCluSivaS Na eduCação iNFaNtil Acreditar na educação brasileira faz toda a diferença no processo de inclusão escolar, pois é evidente que existem desafios para que seja possível a inserção de todas as crianças na escola, como prevê a nossa Constituição. No entanto, para a escola apresentar ser inclusiva é necessário que seu projeto pedagógico seja elaborado de maneira coletiva por professores, profissionais de apoio, funcionários, pais e profissionais especializados, e ainda, que os espaços coletivos sejam atrativos e predisposto para o aprendizado, como mostra a figura a seguir. Figura 01: Creche: um local propício para o aprendizado com utilização de brincadeiras e brinquedos. Fonte: <https://bit.ly/2U4cgQ5>. A tendência mundial na garantia de direitos das pessoas com deficiência ocasionou uma mudança de atitude, leis especificas e comportamentos da sociedade brasileira, e que atingiu as escolas de maneira diretamente, no qual as escolas são obrigadas a receber estudantes com qualquer tipo de deficiência e em todos os níveis da educação básica. Com isso, as escolas precisam mudar e se adaptarem a essa nova realidade. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 29| De acordo com Tristão (2006), para que as práticas sejam inclusivas, o professor deve pensar no currículo que atenda às necessidades destes educandos. Como um serviço de educação deve ter um currículo planejado, “porque tudo o que acontecer com uma criança será sempre uma experiência de aprendizado”, e ainda: É importante que seja desenvolvido um currículo dentro de uma estrutura de valores, crenças e princípios básicos para garantir que as experiências de aprendizagem sejam positivas para as crianças em idades muito precoces. Decidi-lo da melhor forma possível é de fundamental importância para o futuro da criança. (TRISTÃO, 2006, p.13) Esse conhecimento das crianças é baseado numa estrutura de aprendizagem ativa, na qual a criança é o centro das ações em ambientes que proveem de oportunidades de aprendizagem apropriada ao desenvolvimento, onde podemos considerar que aprendizagem ativa é o “processo dinâmico e interativo da criança com o mundo que a cerca”, que oportuniza a apropriação de conhecimentos e estratégias adaptativas a partir de suas iniciativas e interesses, e dos estímulos que recebe de seu meio social (TRISTÃO, 2006, p. 14). O professor deve ser participativo e ativo como também observador. Muitas vezes o professor da educação infantil interage como mediador das ações da criança, para que a mesma possa se desenvolver de maneira completa. De acordo com Tristão (2006, p. 15), o professor deve apresentar as seguintes características para garantir o desenvolvimento dessas crianças no ambiente escolar: I. Organizar o ambiente e as rotinas para a aprendizagem ativa; II. Estabelecer um clima para interações sociais positivas; III. Encorajar a criança a realizar ações intencionais, solução de proble- mas e reflexão verbal; IV. Observar e interpretar as ações de cada criança, nos termos dos princípios de desenvolvimento contidos na proposta de experiên- cias a serem proporcionadas, descritas na próxima sessão deste documento; V. Planejar experiências que construam ações e interesses das crianças. Acredita-se que para uma escola inclusiva são necessárias as mudanças não somente estruturais, mas também de mudanças atitudinais, sendo essa a mais desafiadora nesse processo inclusivo, pois ainda é muito comum que uma creche ou pré-escola apresente condutas excludentes. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL30 | 2. Formação doCeNte Na eduCação iNFaNtil: deSaFioS e perSpeCtivaS Podemos afirmar que o professor é o grande personagem da escola inclusiva. Para ter êxito nas suas ações diárias e na educação infantil, esse desafio se torna ainda maior, e com maiores complexidades, devido à atenção que deve dar para o ensino infantil. No que se refere à formação dos professores é possível perceber que os cursos de graduação ainda deixam a desejar sobre alguns aspectos direcionados à inclusão. No entanto, o professor da educação básica, após concluir a graduação, muitas vezes por conta própria, busca cursos de formação continuada ou pós-graduação na área da educação especial ou educação inclusiva. Conforme a LDB (1996), em seu artigo Art. 67, no inciso II, a demanda sobre a legalidade da formação dos professores da rede básica de ensino é um direito do professor, no qual deve promover a construção da identidade docente, como também aperfeiçoar as práticas pedagógicas e ainda, procurar viabilizar a reflexão sobre os aspectos éticos, políticos e pedagógicos das práticas docentes no cotidiano. É possível identificar que os docentes da educação infantil ainda tenham dificuldades na sua formação continuada, e tais situações apresentam maiores dificuldades em determinadas regiões, como o Norte e Nordeste brasileiro, conforme mostra a figura a seguir. Figura 02: Mostra de professores da educação básica que concluíram a formação continuada, por região brasileira. 26,1 24,3 26,9 47,3 31,4 26,9 26,3 27,1 49,4 32,3 0% 10% 20% 30% 40% 50% Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 2012 2013 Fonte: <https://bit.ly/2vDEisA> (pág. 284) INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 31| De acordo com Tristão (2006, p. 33), creche ou pré-escola deve ter como premissa educacional uma formação integral dessas crianças, sem esquecer de algumas necessidades básicas, que podem ser entendidas como: • Segurança material e emocional em toda sua plenitude; • Afeição, relações interpessoais íntimas e profundas de estima re- cíproca entre pais e filhos, e um relacionamento satisfatório com os membros dos diversos grupos a que venha, gradativamente, a pertencer; • Liberdade de autoexpressão, enfatizando-se o valor do brinquedo como forma de realização de seu mundo interior, na busca do equi- líbrio entre impulsos, desejos e interesses; • Segurança intelectual, alcançada através da forma coerente de pen- sar, alicerçada na segurança material e emocional, o que permite a incorporação dos valores culturais do meio ambiente, e a aquisição de autonomia gradativa, no limite das fases de desenvolvimento que atravessa. Mesmo diante das dificuldades, o professor da educação básica do ensino infantil deve oportunizar a diferença entre os estudantes, com níveis e estilos de aprendizagem diversificado e, consequentemente, promover desafios, problematização e resolução de problemas, pensando nas possibilidades de aprendizado desses educandos. PRATIQUE 1. As práticas inclusivas na educação básica devem apresentar um currículo que atenda às necessidades de todos os educandos. Qual seria uma proposta de currículo efetiva parao desenvolvimento pleno da criança na educação infantil? INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL32 | 2. Apresente as principais características que o professor da educação infantil deve conter para oferecer um ambiente inclusivo? 3. Qual a importância da formação docente no ensino infantil, numa perspectiva inclusiva? RELEMBRE Aprendemos nesta unidade como um currículo diversificado pode auxiliar ao professor da educação infantil nas suas ações educativas, e que esse currí- culo deve ser construído e composto por professores, gestão, pais e profissio- nais especializados para oferecer às crianças uma formação integral. Podemos identificar ainda a importância da formação dos professores para uma identidade profissional, baseada na ética e ações pedagógicas inclusivas. Apresentação Iremos compreender, nesta unidade, o conceito de necessidades educacionais especiais, de acordo com a LDB (1996), como também seu público- alvo e sua importância na atuação do ensino infantil. Vamos entender de maneira sucinta quais as principais características das NEE, como também vamos identificar as principais dificuldades de aprendizagem e suas características. Unidade 04 tipoS de NeCeSSidadeS eduCaCioNaiS eSpeCiaiS e SuaS priNCipaiS CaraCteríStiCaS INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL34 | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Entender a regulamentação e normatização das NEE; • Identificar os sujeitos que apresentam necessidades educacionais especiais; • Conhecer algumas dificuldades de aprendizagem, bem como alguns tipos de deficiência. 1. NeCeSSidadeS eduCaCioNaiS eSpeCiaiS As Necessidades Educacionais Especiais – NEE ganharam força e evidência a partir dos movimentos pela inclusão pelo mundo. O Brasil seguiu a tendência mundial, no que se refere às questões ligadas às garantias e acesso das pessoas com NEE. A Lei de Diretrizes e Bases – LDB Nº 9694/1996 apresenta como dever do Estado efetivar a garantia dos educandos com NEE na rede básica de ensino, e quando possível, oferecer serviços especializados no próprio ambiente escolar. Em conformidade com a LDB (1996), o Art. 59 orienta que o sistema de ensino brasileiro assegure aos educandos com NEE as ações apresentadas como: I. Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II. Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III. Professores com especialização adequada em nível médio ou su- perior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV. Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida e sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 35| V. Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 2. SujeitoS Com NeCeSSidadeS eduCaCioNaiS eSpeCiaiS - Nee Entende-se como sujeito com necessidades educacionais especiais os educandos com algumas dificuldades ou com elevada capacidade de aprendizagem, que podem ser de maneira temporária ou permanente. Sendo a creche, pré-escola ou escola responsáveis por oferecer serviços para auxiliar esses educandos com NEE, de maneira complementar ou suplementar, preferencialmente no ensino regular. Tais serviços de apoio aos educandos com NEE são ofertados por meio do Atendimento Educacional Especializado – AEE, no qual deve estar inserido no projeto pedagógico da escola. Quadro 01: Educandos com necessidades educacionais especiais e suas características. Alunos com deficiência Aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. Alunos com transtornos globais do desenvolvimento Aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunica- ção ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. Alunos com altas habilidades/ superdotação Aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. Fonte: Diretrizes Curriculares Nacionais (2013, p. 282). No entanto, quando nos reportamos para a realidade das creches e pré-escolas nos deparamos com algumas dificuldades, pois algumas crianças não apresentam diagnóstico. Isso dificulta as ações de ensino dessas crianças. 3. CriaNçaS Com deFiCiêNCia A deficiência pode ser classificada como: congênita, existente ao nascer, na fase intrauterina; pode ser de maneira hereditária, surgindo antes ou depois do nascimento, resultante de alguma doença transmissível, ou ainda, adquirida, que acontece após o nascimento, devido a traumas, infecções ou intoxicações. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL36 | É considerada pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas (LBI, 2015, p. 12). O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5.ª edição ou DSM-5, é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria, para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais, e será nossa principal fonte de informações sobre as principais deficiências e transtornos. 3.1. Deficiência Intelectual – DI Segundo o DSM-5 (2013, p. 37), o indivíduo com deficiência intelectual apresenta prejuízos que envolvem o raciocínio logico, solução de problema, planejamento, pensamento abstrato, juízo, na comunicação, e quando comparados com crianças ou adolescentes da mesma faixa etária apresenta desenvolvimento cognitivo inferior. Segundo o DSM-5 (2013, p. 39), podemos citar alguns fatores de risco associados à deficiência intelectual como podemos ver no quadro a seguir. Quadro 01: Fatores de risco associado à deficiência intelectual. Pré-natais Perinatais Pós-natais Incluem síndromes genéticas (p. ex., variações na sequência ou variações no número de cópias envolvendo um ou mais genes; problemas cromossômi- cos), erros inatos do metabolis- mo, malformações encefálicas, doença materna (inclusive do- ença placentária,) e influências ambientais (p. ex., álcool, outras drogas, toxinas, teratógenos). Incluem uma gama de even- tos no trabalho de parto e no nascimento que levam à encefalopatia neonatal. Incluem lesão isquêmica hipóxica, lesão cerebral traumática, infecções, do- enças desmielinizantes, doenças convulsivas (p. ex., espasmos infantis), privação social grave e crônica, sín- dromes metabólicas tóxicas e intoxicações (p. ex., chum- bo, mercúrio). Fonte: DSM-5 (2013, p. 39). A deficiência intelectual é uma condição com múltiplas causas. A pessoa acometida por essa deficiência pode apresentar comportamentos agressivos ou disruptivos, e ainda, é facilmente enganado por outras pessoas devido a sua ingenuidade em situações sociais e ambientes escolares. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 37| Estima-se que cerca 1% da população mundial apresente deficiência intelectual. A DI é facilmente associada a outras doenças, como no caso das síndromes genéticas, tais como a síndrome de Down e a síndrome de Rett. 3.2. Deficiênciavisual Podemos considerar a deficiência visual como uma terminologia unificada, a qual denomina o sujeito que possui uma alteração tanto no funcionamento quanto na estrutura dos olhos (GONZÁLEZ, 2007, p. 100). Quando nos remetemos ao ambiente escolar no ensino infantil ainda é possível afirmar a baixa adesão dessas crianças nas creches e pré- escolas, tais situações dificultam o processo de desenvolvimento social e cognitivo dessas crianças. A deficiência visual se divide em quatro fases. Vejamos no quadro a seguir. Quadro 02: Características da deficiência visual e suas principais particulares. DEFICIÊNCIA VISUAL CARACTERÍSTICAS E PARTICULARIDADES CONGÊNITA Apresenta cegueira no momento do nascimento, ou como o caso da reti- nopatia do prematuro, que ocorre mais amiúde em crianças prematuras, tratadas com altas concentrações de oxigênio, durante os primeiros dias de vida. BAIXA VISÃO Cuja alteração da capacidade funcional da visão decorre da redução do campo visual, sensibilidade aos contrastes que interferem o desempenho visual da pessoa. ADQUIRIDA Adquirida depois de 12 meses de vida. CEGAS OU BAIXA VISÃO Situação devido ao sistema nervoso central. Fonte: PEREIRA (2015, p. 156). Na ausência de uma estimulação adequada, a falta de visão traz consigo certo retardo na aquisição de aprendizagens básicas, como apreensão. Atitude como o arrastar-se, atirar objetos, engatinhar, falar, caminhar etc., são próprias dos primeiros estágios do desenvolvimento. Sempre que possível, os educandos com deficiência visual devem frequentar os mesmos centros de ensino que seus irmãos e vizinhos, já que o meio natural onde se desenvolvem e interagem com materiais, colegas e professores é o mais adequado para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Assim sendo, a escola deverá adaptar-se às necessidades educacionais desses estudantes, proporcionando um ambiente de descobertas e vivencias, que vão auxiliá-los para os próximos anos de vida. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL38 | 3.3. Deficiência auditiva A criança com deficiência auditiva enfrenta dificuldades no cotidiano escolar, pois muitas vezes prefere ficar sozinha. Quando nos referimos à educação infantil essa situação pode piorar, pois a deficiência auditiva pode passar despercebida entre professores e profissionais de apoio e, com isso, dificultar o processo de desenvolvimento pleno. Define-se nas condições gerais a deficiência auditiva como sendo uma incapacidade que pode ter um nível de intensidade de médio e profundo, utilizando os termos como surdo e limitado de ouvido. • Surdo: é o indivíduo cuja incapacidade auditiva impossibilita o pro- cessamento da informação pela audição; • Limitado do ouvido: indivíduo que geralmente com o uso de auxílio auditivo tem bastante audição residual para ser capaz de processar informações linguísticas pela audição. No entanto, quando nos reportamos para questões educacionais, existe uma outra classificação para as crianças com deficiência auditiva no âmbito educacional. Quadro 03: Classificação da deficiência auditiva, do ponto de vista educacional. HIPOACÚSTICO SURDOS PROFUNDOS São crianças com audição deficiente, e em virtude disso, podem ter alterações na articulação, na reestruturação da linguagem, ou ainda no léxico. Porém, pode se desenvolver completamente com o uso de uma prótese auditiva. Principal característica: a criança é capaz de adquirir a linguagem oral por via auditiva. Crianças com perdas auditivas totais, a informação não chega em nível auditivo, mesmo tendo uma boa amplificação, por isso a informação é recebida pelo visual. Principal característica: impossibilidade das crianças adquirirem a linguagem oral por via auditiva. Fonte: González (2007, p. 120). Quando analisamos os danos causados à criança com perdas auditivas nos diferentes níveis (severos ou leves), podemos destacar que em alguns casos esta criança é afetada diretamente no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, no entanto, quando bem trabalhada e orientada precocemente, esses danos se tornam quase que imperceptíveis. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 39| 3.4. Deficiência física/motora A deficiência física pode se apresentar de maneira congênita ou adquirida, permanente ou temporária, com dificuldades motoras ocasionada pelo sistema nervoso central ou ainda pela perda de um membro do corpo humano. No entanto, para fins de entendimentos, deveremos distinguir as “lesões neurológicas não evolutivas, como a paralisia cerebral ou traumas medulares, de outros quadros progressivos, como distrofias musculares ou tumores que agridem o Sistema Nervoso” (BRASIL, 2007, p. 23), para que o professor tenha condições de organizar suas atividades escolares. A deficiência física, geralmente, não está associada a questões intelectuais ou cognitivas, e as crianças com deficiência devem ser estimuladas, assim como todas as outras crianças no ambiente escolar, para que a mesma seja capaz de desenvolver suas habilidades cognitivas, sociais e afetivas. É comum que alguns professores ainda associem a deficiência física, no caso de uma criança com paralisia cerebral, ter comprometimento com suas funções cognitivas. Tais desinformações dificultam o processo de desenvolvimento global desta criança. A creche e a pré-escola podem oferecer o atendimento educacional especializado para as crianças com dificuldades motoras ou deficiência física, com o objetivo de facilitar sua comunicação ou mobilidade no ambiente escolar (BRASIL, 2007, p. 27). 3.5. Transtorno do Espectro Autista – TEA O transtorno do espectro autista durante anos se apresentou de maneira enigmática diante da classe médica, aos profissionais da educação, à sociedade e aos familiares diante de sua complexidade, no entanto, notou-se grandes avanços quanto ao diagnóstico e tratamento, e, consequentemente, o número de crianças com TEA só aumentou nestes últimos anos nas creches, pré- escolas e escolas. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais das doenças (DSM – 5, 2015, p. 75), que está na sua quinta edição, afirma que o transtorno do espectro autista faz parte dos transtornos do desenvolvimento, não tem cura e geralmente se manifestam cedo, antes de iniciar a vida escolar, tendo como características o déficit no desenvolvimento que prejudica no funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL40 | Pode-se afirmar que o TEA é considerado um transtorno neurobiológico, em que áreas cerebrais especificas funcionam diferentemente do esperado de cada região que integram o cérebro social, no qual se evidenciam comportamentos inadequados diante das demandas sociais (BRAGA, 2018, p. 18). O autismo é um dos transtornos que integram o quadro do transtorno do espectro autista – TEA, sendo definido pela última edição do DSM – 5 como uma série de sintomas e prejuízos na comunicação social e na interação social, e nos comportamentos restritos e repetitivos em contextos diferenciados, e com graus de intensidade que variam de leve a grave. Sobre a incidência de autismo, os números chegam a assustar, pois estima- se que 1% da população mundial tenha autismo. No Brasil, esse quantitativo não é preciso, mas presume-se que dois milhões de brasileiros tenha autismo nos demais níveis de severidade (BRAGA, 2018, p. 45). 4. CriaNçaS Com diFiCuldadeS de apreNdizagem Os educandos podem sentir dificuldades de aprendizagem em algum momento de sua vida escolar, quer seja por motivos sociais ou socioeconômicos, afetivos, neurológicos, ambientais, alimentares e outras situações que podem comprometer o processo de aprendizagem relacionado a causas não educativas, como uma abordagem diferente do professor, ou ainda, a troca de professor. Podemos citar as principais dificuldades de aprendizagem como a dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e Transtorno de Déficit e Atenção e Hiperatividade- TDAH, sendo papel da escola identificar estes educandos para ajudá-los no processo de desenvolvimento pleno, e orientar aos pais em trabalho conjunto. Quadro 04: Dificuldades de aprendizagem e suas principais características. DISLEXIA É um termo alternativo, usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem, caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Se o termo dislexia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na compreensão da leitura ou no raciocínio matemático. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 41| DISGRAFIA Distúrbio, apresentam dificuldade na escrita, incluindo, principalmente, erros de ortografia, como trocar, omitir, acrescentar ou inverter letras. DISCALCULIA É um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o termo discalculia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades matemáticas, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras. DISLALIA Dificuldade na fala. Eles podem ter alterações da formação normal dos órgãos fonadores, di- ficultando a produção de certos sons da língua. DISORTOGRAFIA Distúrbio, geralmente também são afetados pela dislexia. Ainda que se relacione à lingua- gem escrita, a disortografia é mais ampla do que a disgrafia. Pode envolver desde a falta de vontade de escrever até a dificuldade em concatenar orações. TDAH Um transtorno do neurodesenvolvimento de- finido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade/impulsivi- dade. Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir, e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade/impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, inca- pacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento. Fonte: DSM-5 (2013, p. 77 e 111). Ainda em conformidade com o DSM-5 (2013, p. 77), na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a transtornos, em geral, considerados “de externalização”, tais como o transtorno de oposição desafiante e o transtorno da conduta. O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL42 | Os problemas relacionados às dificuldades de aprendizagem podem surtir efeitos negativos ao longo da vida. De acordo com o DSM-5 (2013, p. 117), é possível entender a gravidade dessa situação, como: Pode ter consequências funcionais negativas ao longo da vida, incluindo baixo desempenho acadêmico, taxas mais altas de evasão do ensino médio, menores taxas de educação superior, níveis altos de sofrimento psicológico e pior saúde mental ge- ral, taxas mais elevadas de desemprego e subemprego e renda menor. Evasão escolar e sintomas depressivos comórbidos au- mentam o risco de piores desfechos de saúde mental, incluindo suicidalidade, enquanto altos níveis de apoio social ou emocio- nal predizem melhores desfechos de saúde mental. Por isso a importância das intervenções educacionais para estes educandos, quando identificado tais dificuldades. A escola tem um papel fundamental na vida da criança e do adolescente, pois geralmente as crianças passam o maior tempo nesse ambiente escolar, por isso, a escola deve ser um local prazeroso, na construção do ser humano de maneira holística. PRATIQUE 1. Apresente de maneira sucinta, quais os principais documentos legais na re- gulamentação do sistema de ensino brasileiro das crianças que apresentam necessidades educacionais especial, e quais são suas principais orientações para um ensino de qualidade. 2. Quais são os sujeitos que apresentam alguma necessidade educacional es- pecial na educação básica brasileira? INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 43| 3. Comente sobre os principais tipos de deficiência das crianças que são atendi- das com alguma necessidade educacional especial. RELEMBRE Aprendemos, nesta última unidade, sobre a definição da necessidade educacional especial e suas características no âmbito legal. E ainda, estudamos sobre os educandos que necessitam das condições diferenciadas na escola, diante das necessidades educacionais especiais. Aprendemos também sobre os tipos de dificuldades de aprendizagem e suas particularidades diante do contexto escolar. Foi possível conhecer também, de maneira sucinta, algumas deficiências e suas principais características. ReFereNCiaS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2013. BRASIL. Presidência da República. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - LDB. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996. ______. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. MEC, 2013. ______. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Brasília, DF. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm> Acesso em: 15 mar. 2019. ______. Planalto. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 10 mar. 2019. INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL44 | ______. Planalto. Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7853.htm>. Acesso em: 11 mar. 2019. ______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação-PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, v. 26, 2014. Disponívelem:<http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485745/Plano+ Nacional+de+Educa%C3%A7%C3%A3o+PNE+20142024++Linha+de+Ba se/c2dd0faa-7227-40ee-a520-12c6fc77700f?version=1.1>.Acesso em: 18 mar.2019. ______. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Básica: Educação de crianças de 0 a 3 anos em espaços coletivos. Revista criança do professor de educação infantil. Brasília: Ed. 46. MEC, 2008. BRAGA, Wilson. Autismo: azul e de todas as cores: guia básico para pais e profissionais. São Paulo: Paulinas, 2018. ______. Ministério da Educação. Atendimento Educacional Especializado– Deficiência Física. São Paulo: MEC/SEESP, v. 1, p. 130, 2007. BOULCH, Le et al. 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