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Unidade I POLÍTICA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL Prof. Vanderlei da Silva Direito da Seguridade Social O direito da Seguridade Social está diretamente relacionado com os direitos de segunda geração, ou seja, os direitos sociais que visam à prestação positiva do Estado para a população, nos momentos em que esta não se encontra em sua plena capacidade laborativa. Tais direitos fundamentais de segunda geração são fundados no ideário da igualdade e representam uma exigência do poder púbico no sentido de que este atue em favor do cidadão, sendo que a prestação positiva do Estado está relacionada com os chamados direitos sociais dos cidadãos. A Seguridade Social é um sistema de ampla proteção social que visa a amparar as necessidades da sociedade como um todo. A evolução da Seguridade Social no mundo Somente em 1917, a Constituição mexicana incluiu, pela primeira vez, o seguro social no texto constitucional. Seguindo essa tendência, em 1919, a Constituição alemã, denominada Constituição de Weimar, trouxe escrito pela primeira vez que o cidadão tem o direito à saúde, educação, férias trabalhistas, jornada de trabalho determinada e que a propriedade tem que servir à coletividade, entre outros direitos sociais. A partir da década de 1930, expandiu-se, principalmente na Europa, o modelo chamado de Estado de bem-estar social, no qual o Estado é organizador da política e da economia, encarregando-se da promoção e da defesa social. A evolução da Seguridade Social no Brasil No Brasil, as primeiras iniciativas relacionadas à Seguridade Social adotavam o modelo de misericórdia, tradicional em Portugal. As iniciativas de Seguridade Social, implantadas no Brasil durante o período colonial e imperial, tinham como principal característica o assistencialismo ou mutualidade, sendo que não ocorreram grandes mudanças nesse sistema durante a primeira fase da República. A primeira legislação brasileira que de fato tratou da proteção do trabalhador, no caso de acidente de trabalho, foi o Decreto Legislativo no 3.724, de 1919. Lei Eloy Chaves, Decreto-lei no 4.682, de 24 de janeiro de 1923 A Lei Eloy Chaves foi promulgada durante a República Velha, em um período em que ela já passava por uma crise política e que o liberalismo das elites brasileiras estava fortemente ameaçado pela classe trabalhadora que, insatisfeita, iniciou um movimento de mobilização e reivindicação de seus direitos. Verdadeiro marco da Previdência Social no Brasil, a lei autorizava a criação de caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários. Ela previa o pagamento de benefícios de aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria ordinária ou por tempo de serviço, além da prestação de assistência médica. A primeira Constituição brasileira que utilizou o termo “previdência” Em 1934, o Brasil promulgou uma nova Constituição Federal, sendo que essa nova carta constitucional apresentou diversas disposições sobre a proteção social, prevendo a assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a ela o descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego. A Constituição também previa a instituição da Previdência, que seria custeada por meio das contribuições da União, do empregador e do empregado. Essa previdência tinha por objetivos cobrir os eventos da velhice, invalidez, maternidade, acidentes do trabalho ou morte. O Instituto Nacional de Previdência Social – INPS Criado em 1966, com uma política voltada para a unificação e a uniformização de planos e benefícios. Tinha como característica a exclusão total dos trabalhadores da gestão previdenciária. No ano de 1971, os benefícios e os serviços da Previdência são estendidos aos trabalhadores rurais. Em 1972, foram incorporados os empregados domésticos, o amparo à velhice e aos inválidos e também o salário- maternidade. Em 1977, instituiu-se o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS. O atual modelo de Seguridade Social no Brasil Atualmente, o sistema da Seguridade Social tem a sua base legal prevista nos artigos 194 a 204 da Constituição Federal de 1988, compreendendo um conjunto integrado de ações dos poderes públicos e da sociedade civil, englobando a saúde, a Previdência Social e a assistência social. A principal diferença entre a Previdência e as outras duas políticas é que ela é contributiva. A Seguridade Social possui um caráter social , ou seja, ela tem como objetivo garantir o mínimo de condição social, necessária a uma vida digna, atendendo ao fundamento da República contido no art. 1o, inciso III, da CF/1988. Principais avanços da Seguridade Social a partir da Constituição Federal de 1988 Reestruturação da Saúde, da Previdência e da Assistência Social. Conceito de Seguridade Social. Orçamento diferenciado do orçamento fiscal da União. Permitiu a criação dos regimes próprios de Previdência para os entes federativos (União, estados e municípios). O artigo no 194, da Constituição Federal de 1988 Distinguiu o conceito de Seguridade Social, que passou a ser compreendido como um conjunto integrado de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência e à Previdência Social. A Constituição diferiu do processo autoritário anterior ao assegurar a universalização dos direitos e da equidade social, ao propor uma compreensão articulada das áreas da saúde, da Previdência Social e da Assistência Social, constituindo-se, desta forma, o tripé da Seguridade Social, sendo garantindo não só aos trabalhadores inseridos no mercado formal, mas também aos desempregados, donas de casa, deficientes, idosos, entre outros. Os sistemas de proteção social A Seguridade Social é composta de três grandes sistemas de proteção social, cada um bem caracterizado e especificado: saúde, Assistência Social e Previdência Social. Quanto à forma de financiamento, podemos classificá-la em sistemas contributivos e não contributivos. A Previdência Social se estrutura em forma de sistema contributivo, como expressamente determina o art. 201 do texto constitucional, enquanto a saúde e a Assistência Social se estruturaram na forma de sistemas não contributivos. Os Conselhos Federais são os responsáveis pelas diretrizes das ações a serem implementadas na busca dos objetivos constitucionais. Interatividade No Brasil, o sistema da Seguridade Social tem a sua base legal prevista nos artigos 194 a 204, da Constituição Federal de 1988, compreendendo um conjunto integrado de ações dos poderes públicos e da sociedade civil. Quais políticas englobam a Seguridade Social no Brasil? a) Saúde, Previdência Social e assistência social. b) Saúde, educação e assistência social. c) Saúde, cultura e educação. d) Previdência Social, assistência social e Previdência Privada. e) Assistencialismo, caridade e filantropia. O modelo de Seguridade Social previsto na Constituição Federal de 1988 Seguridade Social: marco histórico para as Políticas Sociais no Brasil. Previdência Social Saúde Assistência Social As políticas sociais fazem parte de um conjunto de iniciativas públicas ao acesso a bens, serviços e renda com objetivos de: equalização de oportunidades; o enfrentamento das situação de pobreza; o combate a desigualdades sociais; a melhoria das condições sociais da população. Construção de um Sistema de Proteção Social contributivo e não contributivo As contingências sociais As contingências sociais são as situações previstas na legislação que, quando verificada, deflagram o mecanismo de proteção descrito nanorma. A Seguridade Social constitui-se em um sistema de proteção social formado por princípios e regras, que visam a garantir a proteção do individuo nos momentos em que ocorrem as contingências sociais. Essa proteção tem por finalidade assegurar o mínimo necessário para a manutenção de uma vida digna. Por esse motivo, a Seguridade Social oferece a concessão de benefícios, prestações e serviços. As políticas de saúde pública As políticas de saúde pública deverão garantir gratuitamente a toda a população brasileira o acesso aos serviços de saúde pública. Por serviços de saúde pública, dentre outros, entende-se o direito à vacinação, medicamentos de alto custo e uso prolongado, consultas, internações e procedimentos hospitalares, bem como a prevenção de doenças. Quanto à saúde, é importante destacar a organização do SUS – Sistema Único de Saúde, presente em todos os municípios brasileiros. As políticas de assistência social Já as políticas de Assistência Social, nos termos do artigo 202 do texto constitucional, destinam-se a amparar, gratuitamente, as camadas sociais menos favorecidas, por meio de programas e ações de proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como promoção de integração ao trabalho, habilitação e reabilitação e integração na vida social de pessoas portadoras de necessidades especiais. A política de Assistência Social busca diminuir a vulnerabilidade social e evitar ou reparar a ocorrência de riscos sociais. Para isso está organizada em: proteção social básica e proteção social especial. Os princípios norteadores da Seguridade Social Parágrafo único, do art. 194, da CF/88 Princípio da universalidade da cobertura do atendimento: consiste em promover indistintamente o acesso ao maior número possível de benefícios, na tentativa de proteger a população de todos os riscos sociais previsíveis e possíveis. Princípio da uniformidade e da equivalência dos benefícios e dos serviços às populações urbanas e rurais. Princípio da igualdade, cujo objetivo é o de tratar desigualmente os desiguais. Exemplo: concessão de aposentadoria especial para quem trabalha em condições prejudiciais à saúde. Princípio da seletividade e da distributividade na prestação de benefícios e serviços. Visa a orientar a ampla distribuição de benefícios sociais ao maior número de necessitados. Os princípios norteadores da Seguridade Social Parágrafo único, do art. 194, da CF/88 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios. Tem por finalidade preservar o valor de compra dos benefícios financeiros concedidos pela Seguridade Social. Princípio da equidade na forma de participação no custeio: podemos dizer que ele, resumidamente, expressa que cada um deve contribuir para a Seguridade Social na proporção de sua capacidade contributiva. Princípio da diversidade da base de financiamento, pois o financiamento da Seguridade Social se dá, atualmente, pela contribuição dos trabalhadores, das empresas e dos orçamentos dos entes estatais. Os princípios norteadores da Seguridade Social Parágrafo único, do art. 194, da CF/88 Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados. Além dos princípios descritos na Constituição Federal, é importante destacar que a Seguridade Social também é regida pelo princípio da solidariedade social. Esse princípio consiste no fato de toda a sociedade, indistintamente, contribuir para a Seguridade Social, independentemente de se beneficiar de todos os serviços disponibilizados. A Previdência Social A Previdência está relacionada com a antevisão do que poderá ocorrer, com adoção de medidas compensatórias quando da eclosão do fato ou verificação da situação prevista. Dessa forma, a Previdência Social é um sistema de proteção social, de caráter contributivo e em regra de filiação obrigatória, constituído por um conjunto de normas principiológicas, regras, instituições e medidas destinadas à cobertura de contingências ou riscos sociais previstos em lei, proporcionando ao segurado e aos seus dependentes benefícios e serviços que lhe garantam subsistência e bem-estar. Características dos programas de Previdência Social Organização sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção a maternidade, especialmente à gestante, proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário, salário família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda, pensão por morte do segurado. Características dos programas de Previdência Social Vedação de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidos em lei complementar. Salário mínimo como piso de benefício. Todos os salários de contribuição, considerados para o cálculo de benefício, serão devidamente atualizados na forma da lei. Interatividade Das alternativas abaixo, qual pode ser utilizada para preencher a lacuna existente na frase a seguir? “As __________________ são as situações previstas na legislação que, quando verificadas, deflagram o mecanismo de proteção descrito na norma.” a) Políticas sociais. b) Participações sociais. c) Contingências sociais. d) Contingências políticas. e) Manifestações sociais. Princípios específicos da Previdência Social Princípio da universalidade de participação nos planos previdenciários. Princípio da uniformidade e da equivalência de serviços às populações urbanas e rurais. Princípio da seletividade e da distributividade na prestação dos benefícios. Princípio do cálculo dos benefícios mediante a correção monetária de salários de contribuição. Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, preservando-lhe o poder aquisitivo. Princípio da garantia de benefício com renda mensal não inferior ao salário mínimo. Princípios específicos da Previdência Social Princípio da previdência complementar facultativa, financiada por contribuição adicional. Princípio do caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com participação do governo e da comunidade. É fundamental entender os objetivos desses princípios para que possamos compreender as finalidades da Previdência Social e, consequentemente, ter melhores parâmetros para analisar se o sistema consegue ser eficiente e atender os propósitos que deve alcançar. Finalidades da Previdência Social Art. 201 da Constituição Federal A Previdência Social tem por finalidade garantir aos segurados e aos seus dependentes prestações indispensáveis à sua subsistência, diante de determinados eventos produtores de necessidades sociais. É uma espécie de seguro público, que tem como função garantir que as fontes de renda do trabalhador e de sua família sejam mantidas quando ele perde a capacidade de trabalhar por algum tempo. É o sistema responsável pelo pagamento de diversos benefícios do trabalhador brasileiro. Porém, para ser assegurado pela Previdência é preciso contribuir regularmente para o INSS. Regimes de Previdência Social O sistema de Previdência Social brasileiro compreende vários regimes, mas são classificados em apenas dois grupos: público e privado. Quando se trata do âmbito público estão incluídos o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os regimes próprios dePrevidência Social dos servidores públicos e militares. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem suas políticas elaboradas pelo Ministério da Previdência Social (MPS) e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal a ele vinculada. Regime Geral da Previdência Social – RGPS Benefícios oferecidos pelo RGPS: aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria especial; auxílio-doença; salário-família; salário-maternidade; auxílio-acidente; reabilitação profissional. Previdência Social no Brasil Regimes de Previdência Regime geral Regimes próprios Previdência Complementar Entidades abertas: • acessível a todos • finalidade lucrativa • sociedade anônima Entidades fechadas: • identidade de grupo • finalidade não lucrativa • fundação/sociedade Previdência complementar O Estado brasileiro assegura ao cidadão o direito a uma previdência complementar, para aqueles que têm condições de pagar o valor cobrado pelas instituições responsáveis. Trata-se de um benefício opcional, que proporciona ao trabalhador um seguro previdenciário adicional, conforme sua necessidade e vontade. Dessa forma, a previdência privada é uma forma de aposentadoria contratada para garantir uma renda extra ao trabalhador ou a seu beneficiário. Os valores dos benefícios são aplicados pela entidade gestora, com base em cálculos atuariais. Tipos de previdência complementar No Brasil existem dois tipos de previdência complementar: a previdência aberta e a previdência fechada. Ambas funcionam de maneira simples: durante o período em que o cidadão estiver trabalhando, paga todo mês uma quantia de acordo com a sua disponibilidade. A previdência complementar privada aberta é operada por entidades constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas ou sociedades seguradoras. Já a previdência complementar privada fechada é operada por entidades organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. Esses planos são destinados às pessoas físicas que possuem algum tipo de ligação com essas organizações. Previdência complementar – características básicas Autonomia em relação ao Regime Geral. Adesão facultativa e natureza contratual. Constituição de reservas (capitalização). Regulamentada por Lei Complementar. Transparência para o participante. Autonomia em relação ao contrato de trabalho. Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS Lei no 8.213, de 24/07/91 O CNPS é um órgão superior de deliberação colegiada, composto por 15 membros representantes do Governo Federal e da sociedade civil. Tem como principal objetivo estabelecer o caráter democrático e descentralizado da administração, em cumprimento ao disposto no art. 194, da CF/88. O Conselho Nacional de Previdência Social terá como membros seis representantes do Governo Federal e nove representantes da sociedade civil, sendo: a) três representantes dos aposentados e pensionistas; b) três representantes dos trabalhadores em atividade; c) três representantes dos empregadores. Interatividade O Estado brasileiro assegura ao cidadão o direito a uma previdência complementar, para aqueles que têm condições de pagar o valor cobrado pelas instituições responsáveis. Quais são os tipos de previdência complementar existentes no Brasil? a) Previdência social e previdência comercial. b) Previdência aberta e previdência fechada. c) Previdência complementar e previdência obrigatória. d) Previdência cooperativa e previdência associativa. e) Previdência aberta e previdência associativa. Conselho de Previdência Social – CPS Os Conselhos são canais de diálogo social que funcionam no âmbito das Gerências Executivas do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e que têm por objetivo, assim como o CNPS, apresentar sugestões para melhorar a gestão e a política previdenciárias. São instâncias colegiadas e têm caráter consultivo e de assessoramento, podendo encaminhar propostas para serem deliberadas no âmbito do CNPS. Os CPS são compostos por 10 conselheiros, sendo 2 representantes dos trabalhadores, 2 dos empregadores, 2 dos aposentados e pensionistas e 4 do Governo, os quais se reúnem ao menos uma vez por bimestre. Principais atribuições dos conselheiros da Previdência Social Identificar características da Previdência que possam ser aperfeiçoadas. Fazer propostas para melhorar a gestão do sistema previdenciário. Facilitar o desenvolvimento e a solidificação da gestão democrática e próxima dos cidadãos, além de exercer o controle social sobre a administração pública. Financiamento da Seguridade Social É financiada por toda a sociedade de forma direta ou indireta, mediante recursos dos orçamentos da União, dos estados e dos municípios e das seguintes contribuições: da empresa, incidentes sobre: folha de trabalho, a receita ou faturamento, o lucro. do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social; sobre a receita de concursos de prognósticos. As contribuições previdenciárias destinam-se ao custeio da Previdência Social e são previstas no art. 195, I, a, II e III, da Constituição. Rede de atendimento da Previdência Social A rede de atendimento do INSS é composta por diversos canais de acesso disponibilizados à população como unidades de atendimento fixas e móveis, centrais de atendimento telefônico e portal da Previdência na internet. O sistema também conta com as Agências da Previdência Social de Atendimento de Demandas Judiciais, que têm como propósito centralizar em local específico todas as atividades que assegurem o cumprimento de decisões judiciais dentro dos prazos estabelecidos pelo juízo. Já as agências de Acordos Internacionais são unidades de atendimento que trabalham exclusivamente com requerimentos de benefícios de cidadãos estrangeiros, que trabalham no Brasil, ou brasileiros, que trabalham no exterior. Previdência Social brasileira e as consequências das reformas neoliberais A gestão neoliberal seguiu o chamado “Consenso de Washington”, de 1989, que exigia o controle da inflação, redução da presença do Estado na economia e na sociedade, a política neoliberal também no Brasil propôs reformas estruturais como: reforma financeira: maior independência para ação dos bancos, seguida no Brasil desde 1988; reforma tributária; reforma trabalhista; reforma previdenciária; privatizações; liberalização da economia e do comércio. Os avanços da política neoliberal e suas repercussões na política da Previdência Social A lógica por trás das reformas da Previdência é que, para ter acesso aos benefícios, cada vez mais restritos, os cidadãos são submetidas a prévias contribuições. Nesse sentido, desde 1988 é que as diversas reformas da Previdência restringiram direitos e reforçaram a lógica do seguro. Do mesmo modo, reduziram valor de benefícios e abriram caminho para a privatização e para a expansão dos planos privados, para os fundos de pensão. Além disso, ampliaram o tempo de trabalho e contribuição para obter a aposentadoria. A Política da Previdência Social implantada na década de 1990 A trajetória dos anos de 1990 não seguiu o ideário da Constituição de 1988, instaurando uma conjuntura de reformas, antes mesmo da implementação dos princípios constitucionais. Isso porque os direitos sociais consubstanciados na Constituição colidem com a conjuntura de crise econômica mundial e reestruturação do capitalismo e de avanço do neoliberalismo, como sua superestrutura. A adesão do Brasil, na década de 1990, a essa agenda dereformas conservadoras, instaura um novo momento no sistema de proteção social denominado de “ajustamento conservador”, abriu passagem às tentativas de desmonte das políticas sociais e implementação de políticas de perfil neoliberal. Alterações impostas à Seguridade Social a partir de 1990 Direitos: não foram uniformizados e universalizados. Previdência Social: contrarreformas restringiram direitos, reforçaram lógica do seguro, reduziram valor de benefícios e abriram caminho para privatização. Saúde: fragilização da atenção básica e o SUS não se instituiu completamente. Assistência Social: focalização em segmentos e situações específicas e abrangência restrita. Gestão: não consolidou instâncias deliberativas e participativas. Houve a extinção dos Conselhos de Seguridade Social e Previdência e a institucionalização dos Conselhos, com uma fragmentação de demandas. Financiamento: não diversificou as fontes, reforçando a arrecadação sobre folha de salários do setor privado. Além disso, os recursos da Seguridade pagam dívida pública. Os objetivos do neoliberalismo na política de seguridade social brasileira A manutenção do equilíbrio financeiro-atuarial dos sistemas e a estabilidade fiscal frente ao envelhecimento da população. O estabelecimento da equivalência entre as contribuições e os benefícios como incentivo à filiação e à contribuição. A substituição total ou parcial dos sistemas públicos pelo setor privado na Previdência e no financiamento, assim como a separação dessas funções daquelas de regulação e supervisão, as quais ficam a cargo do Estado. Os objetivos do neoliberalismo na política de seguridade social brasileira O desenvolvimento de mercados de administradoras de benefícios e seguros, assim como do mercado de valores e o incremento da poupança nacional. A introdução da liberdade de escolha das administradoras pelo segurado, o fomento da concorrência e uma maior eficiência para reduzir os custos de administração à contribuição. Tendência da Seguridade Social Assistencialização, mercantilização (privatização) e refilantropização dos serviços sociais. Instauração do cidadão-consumidor e o cidadão pobre. Regressão das políticas redistributivistas, em prol de políticas compensatórias de combate à pobreza. Emergência de novos protagonistas na proteção social (voluntariado, empresa cidadã, ONGs). Despolitização das desigualdades sociais em face dos processos de exclusão. Políticas de geração de renda pela perspectiva do empreendedorismo. Interatividade Das alternativas abaixo, qual não corresponde a uma das formas de contribuição que serve para o financiamento da seguridade social? a) Da empresa, incidentes sobre: folha de trabalho, a receita ou faturamento. b) Do trabalhador. c) Dos demais segurados da Previdência Social. d) Das organizações sem fins lucrativos. e) Sobre a receita de concursos de prognósticos. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade II POLÍTICA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL Prof. Vanderlei da Silva Segurados do Regime Geral de Previdência Social Obrigatório: Empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. A partir de 16 anos, as pessoas podem fazer sua inscrição na Previdência Social, sendo que aqueles que estão trabalhando com carteira assinada já são automaticamente inscritos. Facultativo: Aquele que não trabalha no mercado formal, mas quer contribuir para a Previdência Social. O contribuinte individual tem que contribuir mensalmente por meio de pagamento de guia própria. Benefícios oferecidos pelo RGPS aos seus segurados Aposentadoria por invalidez; Aposentadoria por idade; Aposentadoria por tempo de contribuição; Aposentadoria especial; Auxílio-doença; Salário-família; Salário-maternidade; Auxílio-acidente; Reabilitação profissional; Pensão por morte; Auxílio-reclusão; Reabilitação profissional. Conceitos básicos referentes aos benefícios da Previdência Social A Previdência Social tem caráter legal, em contraposição ao caráter contratual. Isso porque todo o regramento da Previdência Social está contido na lei, não existindo espaço para acordo de vontades na relação de seguro social. Essa regra também se aplica aos benefícios, existindo normas para a renda mensal e para o prazo de carência, necessário para ter direito ao benefício. Renda mensal: salário de benefício é o valor básico utilizado para definir a renda mensal dos benefícios, exceto salário-família, salário-maternidade e os benefícios dos segurados especiais. Carência: é o tempo de contribuição exigido para se garantir o recebimento da aposentadoria ou de outros benefícios a que tem direito o segurado. Aposentadoria por idade A aposentadoria por idade é um benefício devido ao trabalhador que comprovar o mínimo de 180 meses de trabalho, além da idade mínima de 65 anos, se homem, ou 60 anos, se mulher. Para o “segurado especial” (agricultor familiar, pescador artesanal, indígena etc.), a idade mínima é reduzida em cinco anos. O trabalhador deve estar exercendo atividade nessa condição no momento da solicitação do benefício. Caso não comprove o tempo mínimo de trabalho necessário ao segurado especial, o trabalhador poderá pedir o benefício com a mesma idade do trabalhador urbano, somando o tempo de trabalho como segurado especial ao tempo de trabalho urbano. Aposentadoria por invalidez Benefício pecuniário devido ao segurado que, estando ou não em auxílio-doença, seja considerado incapaz definitivamente para o trabalho e insuscetível de reabilitação. Todos os segurados têm direito a receber aposentadoria por invalidez. Carência: mínima de 12 contribuições mensais para a Previdência Social. No caso de incapacidade provocada por acidentes de qualquer natureza não é exigida carência. O valor do benefício é de 100% do salário de benefício, com acréscimo de 25% caso necessite de assistência permanente de outra pessoa. Aposentadoria por invalidez A aposentadoria por invalidez é um benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer atividade laborativa e que também não possa ser reabilitado em outra profissão, de acordo com a avaliação da perícia médica do INSS. O benefício é pago enquanto persistir a incapacidade e pode ser reavaliado pelo INSS a cada dois anos. Inicialmente, o cidadão deve requerer um auxílio-doença, que possui os mesmos requisitos da aposentadoria por invalidez. Caso a perícia médica constate incapacidade permanente para o trabalho, sem possibilidade de reabilitação em outra função, a aposentadoria por invalidez será indicada. Aposentadoria por invalidez Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem se filiar à Previdência Social já portador de doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar no agravamento da enfermidade. A Previdência também assegura que o aposentado por invalidez, que necessitar de assistência permanente de outra pessoa, poderá ter direito a um acréscimo de 25% no valor de seu benefício. A aposentadoria por invalidez deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade e/ou volta ao trabalho. Aposentadoria por tempo de contribuição Têm direito ao benefício integral os trabalhadores homens que contribuírem por, no mínimo, 35 anos para a Previdência Social, e as mulheres que têm, pelo menos, 30 anos de contribuição. Os trabalhadores que desejam receber o benefício proporcional da aposentadoria por tempo de contribuição têm que ter idade mínima exigida e também tempo de contribuição necessário. Para os homens, a idade mínima exigida é de 53 anos e um período de, no mínimo, 30 anos de contribuição.No caso das mulheres, a aposentadoria proporcional por tempo de contribuição só pode ser solicitada para aquelas que contribuíram por, no mínimo, 25 anos e ter 48 anos. Aposentadoria por tempo de contribuição – principais requisitos Regra 85/95 progressiva: não há idade mínima. Soma da idade + tempo de contribuição: 85 anos (mulher) e 95 anos (homem). 180 meses efetivamente trabalhados, para efeito de carência. Regra com 30/35 anos de contribuição: não há idade mínima. Tempo total de contribuição: 35 anos de contribuição (homem) e 30 anos de contribuição (mulher). 180 meses efetivamente trabalhados, para efeito de carência. Regra para proporcional: idade mínima de 48 anos (mulher) e 53 anos (homem). Tempo total de contribuição: 25 anos de contribuição + adicional (mulher), 30 anos de contribuição + adicional (homem). 180 meses efetivamente trabalhados, para efeito de carência. A aposentadoria por tempo de contribuição com a fórmula 85/95 A nova regra de cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição foi estabelecida pela Lei no 13.183/2015, em que o cálculo levará em consideração o número de pontos alcançados somando a idade e o tempo de contribuição do segurado – a chamada Regra 85/95 Progressiva. Além da soma dos pontos é necessário também cumprir a carência, que corresponde ao quantitativo mínimo de 180 meses de contribuição para as aposentadorias. Alcançados os pontos necessários, será possível receber o benefício integral, sem aplicar o fator previdenciário. A progressividade ajusta os pontos necessários para obter a aposentadoria de acordo com a expectativa de sobrevida dos brasileiros. Fator previdenciário Criado em 1999, o fator previdenciário é um número, resultado de uma fórmula, que é usado para evitar que a pessoa se aposente muito cedo. Se parar de trabalhar mais jovem, ganha menos aposentadoria. A fórmula usada para chegar ao fator leva em conta o tempo de contribuição até o momento da aposentadoria, a idade do trabalhador na hora da aposentadoria e a expectativa de anos que ele ainda tem de vida, além da alíquota, que é aplicada. O fator previdenciário é pior para quem se aposenta com pouca idade. Quanto mais cedo a pessoa se aposentar, pelo fator previdenciário, menor vai ser o valor da aposentadoria dela. Interatividade A partir de quantos anos as pessoas podem fazer sua inscrição na Previdência Social, sendo que aqueles que estão trabalhando com carteira assinada já são automaticamente inscritos? a) 18 anos. b) 16 anos. c) 21 anos. d) 14 anos. e) 12 anos. Aposentadoria especial A aposentadoria especial é um benefício concedido ao cidadão que trabalha exposto a agentes nocivos à saúde, como calor ou ruído, de forma contínua e ininterrupta, em níveis de exposição acima dos limites estabelecidos em legislação própria. Nessas situações, é possível aposentar-se após cumprir 25, 20 ou 15 anos de contribuição, conforme o agente nocivo. Além do tempo de contribuição, é necessário que o cidadão tenha efetivamente trabalhado por, no mínimo, 180 meses desse período. Os períodos de auxílio-doença, por exemplo, não são considerados para cumprir esse requisito. A caracterização de tempo como especial obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época em que o trabalho foi exercido. Auxílio-doença O auxílio-doença é um benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS acometido por uma doença ou acidente que o torne temporariamente incapaz para o trabalho. Para obter o benefício é necessário comprovar doença que torne o cidadão temporariamente incapaz de trabalhar e cumprir uma carência de doze contribuições. O período de carência poderá ser isentado no caso de acidente de trabalho ou doenças previstas em lei. O benefício somente poderá se solicitado após o empregado estar afastado do trabalho há, pelo menos, 15 dias, corridos ou intercalados dentro do prazo de 60 dias. Auxílio-acidente O auxílio-acidente é um benefício a que o segurado do INSS pode ter direito quando desenvolver sequela permanente que reduza sua capacidade laborativa. Esse direto é analisado pela perícia médica do INSS, no momento da avaliação pericial. O benefício é pago como uma forma de indenização em função do acidente e, portanto, não impede o cidadão de continuar trabalhando. Nesse caso não é exigido tempo mínimo de contribuição, pois é devido somente para casos de acidente de trabalho. O benefício encerra-se quando o trabalhador se aposenta ou solicita Certidão de Tempo de Contribuição para fins de averbação em Regime Próprio de Previdência Social. Auxílio-reclusão É um benefício devido apenas aos dependentes do segurado do INSS, ou seja, aquele que contribui regularmente e se encontra preso em regime fechado ou semiaberto, durante o período de reclusão ou detenção. O segurado não pode estar recebendo salário de empresa nem benefício do INSS. O cônjuge deve comprovar casamento ou união estável na data em que o segurado foi preso. Já no caso de filho ou de pessoa a ele equiparada ou irmão, devem comprovar a dependência e possuir menos de 21 anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência. Caso o segurado seja posto em liberdade, fuja da prisão ou passe a cumprir pena em regime aberto, o benefício é encerrado. Pensão por morte A pensão por morte é um benefício pago aos dependentes do segurado do INSS que vier a falecer ou, em caso de desaparecimento, tiver sua morte presumida declarada judicialmente. Para ter direito ao benefício, é necessário comprovar que o falecido possuísse qualidade de segurado do INSS na data do óbito. A duração do benefício pode variar conforme a quantidade de contribuições do falecido, além de outros fatores, como a idade e o tipo do beneficiário. A pensão por morte de companheiro ou cônjuge poderá ser acumulada com a pensão por morte de filho. Salário-maternidade É um benefício pago às seguradas que acabaram de ter um filho, seja por parto ou adoção, ou aos segurados que adotem uma criança. Para ter direito ao salário-maternidade é necessário comprovar a qualidade de segurada do INSS e, conforme o caso, cumprir carência de 10 meses trabalhados. A duração do salário-maternidade dependerá do tipo do evento que deu origem ao benefício: 120 dias, no caso de parto ou no caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção, independentemente da idade do adotado que deverá ter, no máximo, 12 (doze) anos de idade. 14 dias, no caso de aborto espontâneo ou previstos em lei (estupro ou risco de vida para a mãe). Salário-família O salário-família é um valor pago ao empregado, inclusive o doméstico e ao trabalhador avulso, de acordo com o número de filhos ou equiparados que possua. Filhos maiores de quatorze anos não têm direito, exceto no caso dos inválidos, para quem não há limite de idade. Para ter direito, o cidadão precisa enquadrar-se no limite máximo de renda estipulado pelo Governo Federal. Benefícios assistenciais e de legislação específica Benefício assistencial ao idoso e à pessoa com deficiência (BPC/LOAS); Benefício assistencial ao trabalhador portuário avulso; Pecúlio; Pensão especial – hanseníase; Pensão especial – talidomida; Seguro-desemprego do pescador artesanal (seguro-defeso). O Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS) O BPC/LOAS é a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou ao cidadão com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo, que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. Para ter direito, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo vigente. Por se tratar de um benefícioassistencial, não é necessário ter contribuído ao INSS para ter direito a ele. No entanto, esse benefício não paga 13o salário e não deixa pensão por morte. Seguro-desemprego do pescador artesanal Também conhecido como “seguro-defeso”, o seguro- desemprego do pescador artesanal é uma assistência financeira temporária concedida aos pescadores profissionais artesanais que, durante o período de “defeso”, são obrigados a paralisar a sua atividade para preservação da espécie. Para ter direito, o pescador deve comprovar que exerce a pesca de maneira ininterrupta, seja sozinho ou em regime de economia familiar. O pescador deve estar impedido de pescar, em função de período de defeso da espécie que captura. Interatividade Das alternativas abaixo, qual corresponde ao benefício concedido ao cidadão que trabalha exposto a agentes nocivos à saúde, como calor ou ruído, de forma contínua e ininterrupta, em níveis de exposição acima dos limites estabelecidos em legislação própria? a) Aposentadoria por invalidez. b) Aposentadoria por idade. c) Aposentadoria por tempo de contribuição. d) Aposentadoria proporcional. e) Aposentadoria especial. O cálculo do valor de aposentadorias É a forma como os sistemas do INSS estão programados para cumprir o que está previsto na legislação em vigor e definir o valor inicial que vai ser pago mensalmente ao cidadão em função da sua aposentadoria. O valor é obtido a partir das informações constantes no cadastro de vínculos e remunerações de cada cidadão armazenado no banco de dados denominado CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais. Em todos os benefícios previdenciários, o chamado “Salário de Benefício” é o primeiro cálculo que o sistema realiza antes de aplicar as demais regras para se chegar ao valor da “Renda Mensal Inicial”, ou RMI, que será o valor pago mensalmente ao cidadão. Serviço no âmbito da Previdência Social Serviços são uma das espécies de prestação previdenciárias, de natureza não pecuniária, destinados aos segurados e aos seus dependentes, tendo por finalidade prestar assistência a eles no seu relacionamento com a Previdência Social e realizar providências que, no caso de incapacidade, proporcionem sua integração ao mercado de trabalho. Os serviços são de duas modalidades: serviço social; habilitação e reabilitação profissional. Serviço Social no âmbito da Previdência Social É um serviço prestado aos segurados da Previdência com a finalidade de esclarecer seus direitos sociais e os meios de exercê-los. Tem como prioridade, além de facilitar o acesso aos benefícios e aos serviços previdenciários, estabelecer o processo de solução dos problemas sociais relacionados com a Previdência Social. Tem direito ao Serviço Social todos os segurados, dependentes e demais usuários da Previdência. As ações do Serviço Social são desenvolvidas por assistentes sociais das gerências executivas do INSS e das agências da Previdência Social. Principais ações do Serviço Social Prestar atendimento individual e grupal aos usuários, esclarecendo quanto ao acesso aos direitos previdenciários. Orientar no requerimento e na concessão dos benefícios previdenciários e assistenciais, manutenção e possibilidade da perda da qualidade de segurado. Realizar pesquisa social para identificação do perfil e das necessidades dos usuários. Emitir parecer social fornecendo elementos para concessão, manutenção, recurso de benefícios e decisão médico-pericial, nos casos de segurados em auxílio-doença previdenciário ou acidentário, cujas situações sociais interfiram na origem, na evolução ou no agravamento de determinadas doenças. A habilitação e a reabilitação A habilitação é serviço que visa a introduzir a pessoa pela primeira vez no mercado de trabalho, mediante processo de educação técnica ou adaptação profissional e social. A reabilitação, por sua vez, consiste em serviço que visa a reintroduzir o segurado no mercado de trabalho, mediante processo de reeducação ou readaptação profissional. A reabilitação profissional é constituída pelos serviços de assistência reeducativa e de readaptação profissional e é prestada pela Previdência Social aos segurados incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, independente de carência, e as pessoas com deficiência. Habilitação e reabilitação profissional São serviços de assistência que têm por finalidade a integração ao mercado de trabalho e a participação no convívio social dos beneficiários da Previdência Social, incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho e pessoas com deficiência. A Previdência Social presta os seguintes serviços: de assistência reeducativa e de readaptação profissional, em casos de incapacidade parcial ou total para o trabalho; de orientação e apoio na melhoria de sua inter-relação com a Previdência Social e na solução de problemas pessoais e familiares, e atividades destinadas a avaliar a incapacidade de postulantes à percepção de benefícios pecuniários, cuja concessão dependa dessa avaliação. Acidente do trabalho Acidente do trabalho é o evento ou contingência decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa ou do exercício do trabalho dos segurados especiais, provocador de lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. A Comunicação do Acidente do Trabalho (CAT) deverá ser feita pela empresa à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Contudo, se o acidente produzir a morte do segurado, o empregador deverá comunicar imediatamente a autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição. Classificação do acidente de trabalho O acidente de trabalho pode ser classificado em três espécies: acidente tipo ou típico; doenças ocupacionais; acidentes do trabalho por equiparação. Acidente tipo ou típico: Trata-se do evento repentino, agressivo, súbito, involuntário e lesivo ao segurado, ocorrido no ambiente de trabalho e durante o exercício do labor. Assim, é característica do acidente típico a exterioridade da causa, a violência, a subtaneidade e a relação com o exercício do trabalho. Doenças ocupacionais São as alterações mórbidas na saúde do trabalhador, produzidas em face do exercício de determinada profissão ou causada por fatores ambientais relacionados com o trabalho. Existem diferenças entre doença profissional e doença do trabalho. A doença profissional é aquela causada ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante na respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Já as doenças do trabalho são aquelas inerentes ao trabalho, provocadas por agentes químicos, físicos ou biológicos peculiares a determinadas atividades. Acidentes do trabalho por equiparação Constituem figura que abrange situações consideradas equivalentes ao acidente típico, sendo admitidas pela legislação previdenciária as seguintes hipóteses: o acidente ligado ao trabalho, embora não tenha sido a única causa; o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, produzido por circunstâncias previstas na legislação; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho, nas situações previstas em lei. Interatividade Como são chamadas as alterações mórbidas na saúde do trabalhador, produzidas em face do exercício de determinada profissão ou causadas por fatores ambientais relacionados com o trabalho? a) Doenças ocupacionais. b) Acidentes do trabalho. c) Insalubridade. d) Doenças ambientais.e) Doenças sociais. Responsabilidade pelo recolhimento das contribuições para a Previdência Social No tocante aos empregados e aos trabalhadores avulsos, é de incumbência das empresas procederem a arrecadação das respectivas contribuições, descontando-as da remuneração dos referidos segurados, repassando-as à União. Quando se trata do contribuinte individual, ou seja, aquele que não presta serviços a empresas e do segurado facultativo, estes são diretamente responsáveis pelo recolhimento das contribuições sociais por eles devidas. As contribuições sociais deverão ser recolhidas mediante documento de arrecadação em meio impresso ou eletrônico. Crimes contra a Seguridade Social Apropriação Indébita Previdenciária Código Penal: Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público. Crimes contra a Seguridade Social Apropriação Indébita Previdenciária Art. 168-A. § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. Crimes contra a Seguridade Social Sonegação de Contribuição Previdenciária Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços. Crimes contra a Seguridade Social Sonegação de Contribuição Previdenciária Art. 337-A. III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Crimes contra a Seguridade Social Falsificação de Documento Público Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Crimes contra a Seguridade Social Falsificação de Documento Público Art. 297. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a Previdência Social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a Previdência Social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Infrações à legislação previdenciária O descumprimento das obrigações acessórias previdenciárias traz diversas sanções como consequência. O descumprimento de uma obrigação acessória (ou instrumental) faz surgir uma principal, de conteúdo pecuniário, que é a multa. Por exemplo: A ausência de comunicação pela empresa da ocorrência de acidente de trabalho provoca multa variável entre o limite mínimo e máximo do salário de contribuição, por acidente. A primeira multa começa pelo limite mínimo, dobrando a cada reincidência. Infrações à legislação previdenciária Circunstâncias agravantes Constituem circunstâncias agravantes da infração, das quais dependerá a gradação da multa, ter o infrator: I. tentado subornar servidor dos órgãos competentes; II. agido com dolo, fraude ou má-fé; III. desacatado, no ato da ação fiscal, o agente da fiscalização; IV.obstado a ação da fiscalização; ou V. incorrido em reincidência. Gestão Previdenciária Já o termo gestão está relacionado com gerenciamento e administração de uma organização formada por pessoas. Assim, a gestão é um ramo das ciências humanas, pois atua com grupo de pessoas, procurando manter a sinergia entre elas, a estrutura da empresa e os recursos existentes. O termo “previdenciário” define o conjunto de ações instituídas legalmente por meio de normas de caráter social que visam a proteger as pessoas, nas situações de desemprego, maternidade, doença, invalidez e velhice, oferecendo-lhes assistência e amparo, em pecúnia. Gestão Previdenciária Dessa forma, quando nos referimos à Gestão Previdenciária estamos tratando da gestão do sistema de Previdência Social e dos Regimes Próprios de Previdência Social, sendo que os profissionais que atuam nessa área devem conhecer, de forma aprofundada, as regras e as legislações referentes à gestão previdenciária. Atualmente, a eficiência na Gestão Previdenciária é tratada com muito cuidado, principalmente, no âmbito dos Regimes Próprios de Previdência Social instituídos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou por Municípios. Assim, a transparência, a equidade, a ética e a responsabilidade são quesitos que devem nortear as boas práticas de Gestão Previdenciária. Interatividade Das alternativas abaixo, quais correspondem aos quesitos que devem nortear as boas práticas de Gestão Previdenciária? a) O lucro, a eficiência e a publicidade. b) A parcialidade, a centralidade e a segurança. c) A transparência, a equidade, a ética e a responsabilidade. d) A formalidade, a burocracia e a legalidade. e) A legalidade, a seletividade e o lucro. ATÉ A PRÓXIMA!
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