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Thaís Pires 2 Problema 3 1. Identificar os efeitos tóxicos do chumbo no organismo; Chumbo – Metal pesado – Presente na CROSTA TERRESTRE com concentração média de 10-20 mg/kg; na atmosfera com 0,0005 microgramas/m³ (em ambientes industriais, esse valor pode chegar a 35 microgramas/m³); em águas superficiais com 0,02 microgramas/L A intoxicação por chumbo passou a atrair maior atenção a partir do SEC. XVIII, quando houve a inserção do metal na indústria, sendo conhecida como uma DOENÇA OCUPACIONAL, tanto que a fabricação de compostos de chumbo tem INSALUBRIDADE GRAU MÁXIMO no que tange ao trabalhador - está presente em maior quantidade nos PIGMENTOS P/ TINTAS, CERÂMICAS, GALERIAS DE TIRO AO ALVO, FABRICAÇÃO DE BATERIA DE AUTOMÓVEIS Chumbo Inorgânico – intoxicação principalmente por VA e TGI – esse chumbo distribui-se inicialmente nos tecidos moles e depois é redistribuído e DEPOSITADO NOS OSSOS, DENTES e CABELO – sua forma CIRCULANTE encontra-se associada aos ERITRÓCITOS Chumbo Orgânico – intoxicação pelo chumbo tetraetila e tetrametila – possuem características LIPOSSOLÚVEIS, sendo absorvidos pela PELE, TGI, PULMÕES a toxicidade desses é decorrente da conversão em CHUMBO ORGÂNICO Epidemiologia - A exposição NÃO OCUPACIONAL ao chumbo ocorre, principalmente, por VIA ORAL com contribuição da VIA RESPIRATÓRIA aqueles compostos LIPOSSOLÚVEIS que possuem chumbo podem penetrar ATRAVÉS DA PELE Por se exporem mais aos ambientes contaminados, geralmente é mais frequente em HOMENS; enquanto nas MULHERES também pode ocorrer pelo fator ocupacional, mas é agravado por ALTERAÇÕES HORMONAIS e ocorre mais facilmente em GESTANTES A contaminação do organismo por chumbo depende das propriedades físico-químicas do composto (tamanho partícula, solubilidade do composto); CONCENTRAÇÃO NO AMBIENTE; TEMPO DE EXPOSIÇÃO; VENTILAÇÃO; UMIDADE; e características do indivíduo, como SEXO, IDADE, GRAVIDEZ, ESTADO FISIOLÓGICO, ESTADO NUTRICIONAL (ingestão de cálcio) / A contaminação por chumbo mais frequente é a do tipo CRÔNICA, embora também exista a AGUDA, que é mais rara, podendo causar a morte de uma pessoa em 1 ou 2 dias!! Saturnismo – o termo é proveniente do deus Saturno da Roma antiga, uma vez que diversos aristocratas tomavam vinho de uma fonte que era “chumbada”, que causava esterilidade – Van Gogh e Portinari foram vítimas dessa intoxicação A intoxicação por chumbo inorgânico não tem como característica a sua METABOLIZAÇÃO, mas sim a aglutinação com MACROMOLÉCULAS, sendo posteriormente ABSORVIDO, DISTRIBUÍDO e EXCRETADO / Já o chumbo ORGÂNICO sofre metabolização pelo FÍGADO para Pb TRIALQUIL E Pb INORGÂNICO, que são os responsáveis pelos efeitos tóxicos Depois de absorvido, o Pb apresenta meia vida de 1-2 MESES, sendo a sua excreção principalmente pelas FEZES e URINA – Ao atingir o SANGUE, o Pb associa-se com os ERITRÓCITOS e, antes de penetrar nos tecidos, associa-se NO PLASMA à ALBUMINA, α-2-GLOBULINA, ÍONS LIVRES e aí sim penetra os TECIDOS MOLES e, com o tempo, deposita-se nos OSSOS, DENTES e CABELO O chumbo se distribui por 3 principais compartimentos: SANGUE, que está em contato com os outros dois: TECIDOS MOLES (fígado, rins) e TECIDOS RÍGIDOS (ossos, dentes) o tempo de MEIA-VIDA varia de acordo com o tecido em que se depositou, sendo de 36 dias no sangue, 40 dias nos tecidos moles e 27 anos nos tecidos rígidos / Além disso, o Pb pode atravessara membrana placentária e provocar efeitos teratogênicos em fetos Sinais e Sintomas Intoxicação Aguda – não são frequentes, ocorrendo em sua grande maioria de forma ACIDENTAL ou em tentativas SUICIDAS – aparecimento de NÁUSEAS, DORES ABDOMINAIS, VÔMITO (aspecto leitoso), GOSTO METÁLICO NA BOCA – as fezes podem se apresentar ESCURECIDAS pela reação entre Pb e compostos sulfurados dos gases intestinais – MORTE EM 1-2 DIAS Intoxicação Crônica – mais frequente – Inicialmente observa-se PERDA DE PESO, ANOREXIA, APATIA OU IRRITABILIDADE, VÔMITOS, FADIGA e ANEMIA – Posteriormente, apresenta FALTA DE COORDENAÇÃO, DORES NOS OMBROS, NAS ARTICULAÇÕES E NO ABDÔMEN, IRRITABILIDADE, DISTÚRBIOS SENSITIVOS DAS EXTREMIDADES, - Em estados mais avançados, aparece ATAXIA, TORPOR OU LETARGIA, ENCEFALOPATIA, DELÍRIOS, CONVULSÕES E COMA Podem surgir também as “linhas de chumbo” nas placas epifisárias nas radiografias dos ossos longos + uma “linha de chumbo” na borda gengival dos dentes (linhas de Burton) Fisiopatologia O chumbo promove várias alterações bioquímicas, todas deletérias, portanto não possui papel fisiológico no organismo – os efeitos ocorrem em função da interferência do funcionamento adequado das MEMBRANAS CELULARES E ENZIMAS Efeitos TGI – Chumbo causa a alteração da musculatura lisa do intestino – Manifestação precoce de CÓLICA SATURNINA, que tem como característica espasmos intestinais que causam cólica intensa – os músculos abdominais tornam-se RÍGIDOS, com intensa hipersensibilidade na região umbilical Efeitos Neuromusculares – o chumbo promove DESMIELINIZAÇÃO e DEGENERAÇÃO AXONAL, prejudicando as funções psicomotoras e neuromusculares – também altera o metabolismo de NEUROTRANSMISSORES, como aCh e catecolaminas / em casos raros pode causar PARALISIA SATURNINA, em que a pessoa intoxicada sente fraqueza muscular, fadiga e, por fim, paralisia!!! Efeitos Neurológicos – o grupo das ENCEFALOPATIAS SATURNINAS representa várias doenças que afetam o cérebro – é a manifestação mais GRAVE, sendo mais comum em crianças - Há indicações de que o metal provoque DISTÚRBIOS NO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS, anormalidade na síntese endógena de NUCLEOTÍDEOS PIRIDÍNICOS (principal fonte de NAD e NADP durante o desenvolvimento do cérebro), ácido quinolínico e no catabolismo do triptofano, causando DEGENERAÇÃO MENTAL PROGRESSIVA Efeitos Hematológicos – a partir de determinada concentração no sangue, inicia o aparecimento de PONTILHADOS BASÓFILOS (agregado de ácido ribonucleico) NOS ERITRÓCITOS – Quando a intoxicação persiste (crônica), desenvolve-se ANEMIA MICROCÍTICA HIPOCRÔMICA pela diminuição da sobrevida dos eritrócitos + inibição da síntese do grupo HEME A inibição da síntese do heme altera a formação deste e a concentração dos seus PRECURSORES no sangue e na urina – o Pb gera a inibição da ALA-D, ferroquelatase e coprofirinogênio oxidase Efeitos Hematopoiéticos – inibe a ERITROPOIESE, provocando anemias Efeitos Cardiovasculares – causa uma SÍNDROME DE MIOCARDITE CRÔNICA, provocando alterações no ECG, hipotonia, hipertonia (distúrbios na regulação dos vasos sanguíneos), produzindo um quadro de HIPERTENSÃO E ARTERIOSCLEROSE PRECOCE Efeitos Renais - Clinicamente a toxicidade renal é verificada pela presença de uma síndrome caracterizada por proteinúria, hematúria e presença de cilindros na urina Efeitos Hepáticos - desenvolvimento de uma síndrome que interfere nos processos de biotransformação, com REDUÇÃO NA CONCENTRAÇÃO HEPÁTICA DO CITOCROMO P450 e da atividade da glutation-S-tranferase, podendo ocorrer ainda o desenvolvimento de hepatite tóxica 2. Identificar os valores referenciais de chumbo no sangue humano; Índice Máximo de chumbo no sangue (VR) = 40 microgramas/dL indivíduos não exposto Índice Máximo Biológico Permitido (IMBP) = 60 microgramas/dL indivíduos expostos – O imbp pressupõe um valor máximo ao qual os trabalhadores são expostos e não apresentam sintomas LTB = Limites de tolerância biológica = IMBP Para avaliar esses níveis de Pb, utilizar os BIOMARCADORES de exposição no sangue e na urina esses dados refletem os níveis de Pb CIRCULANTE decorrente de uma exposição recente, embora dê uma estimativa do que foi acumulado nos tecidos Como exemplos de biomarcadosres de exposição, destacam-se a ATIVIDADE DA ENZIMA DELTA-AMINOLEVULÍNICO DESIDRATASE (ALA-D) e a concentração de PROTOPORFIRINA ERITROCITÁRIA 3. Indicar as formas de tratamento para intoxicação com chumbo. Intoxicação Aguda - Pode ser necessária a realização DE LAVAGEM GÁSTRICA com água ou sulfato de sódio 1%, juntamente com a administração de leite e laxantes à base de sulfato de magnésioIntoxicação Crônica – iniciado em pcts sintomáticos ou que possuem x > 50 microgramas/dL - Existem agentes que formam complexos com o Pb, promovendo a eliminação dos tecidos biológicos, como o DIMERCAPROL; edetato dissódico de cálcio (EDTA); D-PENICILAMINA e análogos menos tóxicos do dimercaprol devem ser usados somente em CASOS GRAVES, pois cursam com grande quantidade de efeitos adversos – geralmente dimercaprol e EDTA são usado em ASSOCIAÇÃO e aplicados via IM Para o controle dos quadros de agitação, hiperexcitabilidade e possíveis convulsões utilizam-se BARBITÚRICOS OU DIAZEPÍNICOS – Medidas sintomáticas e de manutenção incluem assistência adequada às CONDIÇÕES RESPIRATÓRIAS, manutenção do EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO e prevenção de agravamento de EDEMA CEREBRAL, o qual deve ser tratado com MANITOL OU DEXAMETASONA. Podem ser necessárias ainda a realização de transfusões sanguíneas e terapia para tratar quadros de anemia. As cólicas abdominais são aliviadas com a administração por via endovenosa de gluconato de cálcio 10%, ou, se necessário, de morfina ou derivados
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