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RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NA ENFERMAGEM Desafios de liderar uma equipe de enfermagem Práticas de enfermagem III Prof° Kelly Silva Janaína Marques Karolini de Medeiros Maria Eduarda da Cunha Matheus Becker Nara Regina Borges Nicoli Nunes LIDERANÇA Quando falamos de ambiente hospitalar, a equipe de enfermagem é a maior equipe da área da saúde , isso exige do enfermeiro o exercício da liderança, ou seja, ele precisa ser uma influência positiva para os membros de sua equipe. Na saúde pública, o enfermeiro tem posição de destaque, é ele quem gerencia as equipes das Unidades Básicas de Saúde, coordena equipes de programas como os de saúde da família e agentes comunitários de saúde. LIDERANÇA Os métodos gerenciais adotados pelas instituições de saúde, na atualidade, estão associados ao aumento das exigências de qualidade de assistência prestada. Essa modelo gerencial tem como ênfase o trabalho em equipe e faz com que a liderança do Enfermeiro se torne o melhor meio para o alcance das metas institucionais, do sucesso da organização de saúde, e do alcance de uma equipe organizada e motivada. LIDERANÇA É importante que a liderança do Enfermeiro seja vista como uma responsabilidade e não como uma posição de privilégio, pois a sintonia entre líder e equipe pode ser prejudicada quando essa posição passa a ser vista como um privilégio ou se torna um motivo para que o Enfermeiro se torne egocêntrico e perca a visão de coleguismo e empatia com aqueles a quem ele lidera. GESTÃO DE CONFLITOS É esperado que o Enfermeiro desenvolva as habilidades e competências para gestão de conflitos de sua equipe, desta forma ele não só garante um bom relacionamento interpessoal da equipe como um todo, mas também assegura a qualidade no atendimento assistencial de saúde organizacional. Para isso, as habilidades de observação, escuta, capacidade de comunicação, senso critico e empatia também precisam ser desenvolvidas, para que cada situação seja avaliada e gerenciada da melhor forma que este profissional conseguir. GESTÃO DE CONFLITOS O Enfermeiro deve enxergar cada membro de sua equipe como uma pessoa única, que possui suas individualidades, dificuldades , limitações e pontos fortes. Ele deve reconhecer as competências, potencial e capacidades de cada profissional que por ele é gerenciado. É essencial que, durante o processo de trabalho, o Enfermeiro ofereça oportunidades de participação, compartilhe e busque soluções para os problemas surgidos com toda sua equipe, procurando ouvir as opiniões dos membros, desenvolvendo a comunicação verbal e não- verbal. GESTÃO DE CONFLITOS Cada um dos conflitos têm impacto direto no cuidado com o cliente. A satisfação e humor da equipe de enfermagem tem consequências diretas no desempenho da mesma. É desafiador gerenciar tais conflitos e a forma com que o Enfermeiro lida com cada um deles pode trazer boas e más consequências no relacionamento do mesmo com sua equipe. A responsabilidade de lidar com medos, conflitos, dificuldades e limitações de cada profissional de sua equipe é grande e exige que o enfermeiro busque se dedicar ao assunto para que assim desenvolva as habilidades necessárias para a gestão desses conflitos. A ENTREVISTA Diante de situações extremas, como no caso dos desafios enfrentados pelas equipes de saúde por conta da propagação do virus Sars-CoV-2 (Coronavírus), o Enfermeiro tende a lidar com os sentimentos mais extremos de sua equipe como: medo, insegurança, perda de membros da mesma, sentimento de desvalorização, entre outros. Nossa entrevista com a Enfermeira Letícia Nunes (enfermeira emergencista do HNSC) teve como objetivo identificar os desafios de liderar uma equipe em meio a uma pandemia A ENTREVISTA Emocionalmente falando, como você e sua equipe têm se sentido desde o início da pandemia de Covid-19? “Desde o começo a equipe vem sentindo-se muito insegura, nossos medos vão do desconhecido, do que encontraremos pela frente com a evolução da pandemia no Brasil, ao medo de adoecer e de contaminar as nossas famílias. Nosso trabalho "braçal" diminuiu neste início de confinamento, mas a tensão do trabalho é palpável, o que, na minha concepção torna o trabalho muito mais desgastante para todos.” A ENTREVISTA Sabemos que pessoas queridas de sua equipe contraíram o vírus, foram encaminhadas pra UTI e que uma delas veio a falecer. Como foi manter a estabilidade emocional diante da perda e ao mesmo tempo ter a responsabilidade de conversar e consolar a equipe para que o trabalho de vocês seguisse intacto? “Foi o momento mais difícil da minha carreira profissional. Por que apesar de estar emocionalmente muito abalada e muito entristecida era necessário fazer um esforço para manter clareza de pensamentos e oferecer apoio aos colegas técnicos de enfermagem, pois era de seus enfermeiros diretos que eles esperavam apoio e as palavras que lhes trariam um pouco de conforto e esperança. A ENTREVISTA Eles precisavam sentir que nós sentimos a perda tanto quanto eles e que estamos trabalhando lado a lado para a proteção de cada um de nós e de nossas famílias. Ainda não estamos recuperando, mas temos trabalhado diariamente pra isso, inclusive com a inclusão de apoio psicológico a equipe.” A ENTREVISTA Em situações como esta, como manter o clima mais ameno, o bom humor na equipe? Qual foi seu papel, como enfermeira, nesse contexto? “Nós precisamos nos manter unidos, ter clareza dos nossos papéis. Como trata-se de uma situação nova, treinamento e atualizações de procedimentos e condutas tem ajudado, assim como saber que os EPI's estão disponíveis sempre que necessário. Outra medida que foi tomada, foi conversar com cada um dos profissionais que tem patologias que os incluem no grupo de risco para desenvolver a forma grave do COVID-19, e oferecer a transferência temporária pra outros setores onde o risco de contágio seria menor. A ENTREVISTA Como líder, manter a equipe informada, e ciente de que tem a quem recorrer em caso de necessidade, informar e organizar os grupos de atendimento psicológico, conversar individualmente e demonstrar que ha entendimento do que estão sentindo tem sido a minha estratégia para ajudar e apoiar cada um dos membros da equipe” A ENTREVISTA Você teve algum conflito com algum profissional de sua equipe, ou teve que gerenciar algum conflito relacionado a essa situação? Por exemplo, algum profissional se negou a usar os EPI’s ou questionou a falta dos mesmos? “A preocupação geral é com a falta de EPI's, esta não é a nossa realidade atual. A equipe se preocupa em usar os EPI's de forma adequada, todos temos medo da contaminação e treinamento nesse sentido tem sido solicitado e realizados dentro do possível. Não houveram conflitos específicos, os maiores questionamentos são em torno da testagem dos profissionais. A ENTREVISTA Todos os profissionais da assistência foram submetidos ao teste rápido pra COVID-19, mas o que se pensa ser de fato mais efetivo, neste momento, é a testagem regular, que não tem previsão de acontecer pela falta de insumos.” A ENTREVISTA O seu relacionamento interpessoal com sua equipe tem se estreitado por conta da pandemia? “Sempre tive um bom relacionamento com a equipe, mas neste momento específico, é inevitável um sentimento de apoio e união mais intenso. Eu tenho a necessidade de saber que estamos bem, "morri" com quem "se foi" e me alegrei com quem se recuperou e voltou pra suas famílias.” A ENTREVISTA Quais impactos você acha que toda essa situação vai trazer pra sua equipe, no futuro? “Não consigo responder essa pergunta. Acho que não temos dimensão do que teremos que enfrentar. Gostaria que todo o mundo estivesse errado e que no Brasil fosse tudo diferente em relação ao COVID-19, isso me deixaria muito feliz, mas não consigo visualizar um panorama diferente do resto do mundo, e isso me dá medo. Mas, todos estão com medo, e cada um, dentrodas suas limitações, reage de maneira diferente ao medo, uns fogem, paralisam e outros enfrentam e é isso que temos visto no nosso dia a dia da "linha de frente". Estamos vivendo uma situação sem precedentes, não consigo imaginar como iremos chegar ao fim e quais serão as nossas cicatrizes.” CONCLUSÃO Para um bom relacionamento interpessoal e para que o Enfermeiro consiga gerenciar os conflitos da forma mais coerente e justa, é necessário que o mesmo tenha as habilidades necessárias ou as desenvolva e também é necessário que sua equipe confie no mesmo, gerando assim um ambiente saudável não só para a equipe, mas também para o usuário final. CONCLUSÃO Em situações extremas será exigido mais do Enfermeiro, pois além dos conflitos internos de sua equipe, ele também terá que ser um motivador para a mesma e terá que compreender as limitações e necessidades daqueles a quem gere, tudo isso em prol de que sua equipe realize um bom atendimento de saúde para o cliente. REFERÊNCIAS ROTHEBARTH, Alexandra; et.al. O trabalho em equipe na enfermagem: da cooperação ao conflito. Brasilia: Revista Eletrônica Gestão & Saúde, 2016. Pag. 521-534 TEIXEIRA, Natália; et.al. Desafios do enfermeiro no gerenciamento de conflitos dentro da equipe de enfermagem. Rev. Adm. Saúde, 2018. SIMÕES, Ana Lucia; FÁVERO, Neide. O desafio da liderança para o enfermeiro. Ribeirão Preto: Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2003.
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