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MESTRADO CAP INF EMMANUEL

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
Cap Inf EMMANUEL MERLIN PINHEIRO 
 
 
 
 
 
 
A CONTRIBUIÇÃO DO 1º BATALHÃO DE FORÇAS ESPECIAIS PARA A 
ATUALIZAÇÃO DAS FONTES DE CONSULTA UTILIZADAS NO PPA-GLO COM 
BASE NAS EXPERIÊNCIAS COLHIDAS DESDE A OPERAÇÃO SÃO 
FRANCISCO ATÉ A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE 
JANEIRO. 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
 2019 
 
Cap Inf EMMANUEL MERLIN PINHEIRO 
 
A CONTRIBUIÇÃO DO 1º BATALHÃO DE FORÇAS ESPECIAIS PARA A 
ATUALIZAÇÃO DAS FONTES DE CONSULTA UTILIZADAS NO PPA-GLO COM 
BASE NAS EXPERIÊNCIAS COLHIDAS DESDE OPERAÇÃO SÃO FRANCISCO 
ATÉ A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentado à 
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, 
como requisito parcial para a obtenção do 
Grau de Mestre em Ciências Militares com 
ênfase em Gestão Operacional. 
 
Data de aprovação: 
 
Banca Examinadora: 
 
 
_____________________________________ 
Júlio Cesar de Sales, Coronel R1 
Doutor 
Presidente/Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais 
 
 
_____________________________________ 
Sérgio Luiz Augusto de Andrade, Tenente-Coronel R1 
Doutor 
1º Membro/ Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais 
 
 
 _____________________________________ 
Ângelo Luís Tomé de Senna, Coronel R1 
Doutor 
2º Membro/ Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais 
 
 
 
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
 
Cap Inf EMMANUEL MERLIN PINHEIRO 
 
 
 
A CONTRIBUIÇÃO DO 1º BATALHÃO DE FORÇAS ESPECIAIS PARA A 
ATUALIZAÇÃO DAS FONTES DE CONSULTA UTILIZADAS NO PPA-GLO COM 
BASE NAS EXPERIÊNCIAS COLHIDAS DESDE A OPERAÇÃO SÃO 
FRANCISCO ATÉ A INTERVENÇÃO FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE 
JANEIRO. 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentado à 
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, 
como requisito parcial para a obtenção do 
Grau de Mestre em Ciências Militares com 
ênfase em Gestão Operacional. 
 
Orientador: Cel R1 Cav Ângelo Luís Tomé 
Senna 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não se vence uma guerra sendo um idiota 
e morrendo por sua pátria. Mas, sim, 
fazendo com que outro idiota morra pela 
pátria dele”. 
 
(George S. Patton) 
 
http://kdfrases.com/autor/t.-e.-lawrence
 
RESUMO 
 
Nos últimos anos o Exército Brasileiro (EB) foi amplamente empregado em operações de 
Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO), principalmente em virtude da perda de capacidade 
dos Órgãos de Segurança Pública (OSP) para lidar com a violência urbana. O preparo da 
tropa para o cumprimento desse tipo de missão se tornou grande fator de êxito para o 
cumprimento de missões dessa natureza. No caso de Op GLO, o uso do Programa-Padrão 
Alfa GLO (PPA-GLO) é o documento que orienta as instruções militares nesse sentido. 
Imersos nesse complexo cenário por anos, os militares do EB acumularam ricas experiências, 
cabendo o questionamento de como esse conhecimento está sendo transmitido para as 
gerações seguintes. Também inseridas nesse cenário, as Forças de Operações Especiais (F 
Op Esp) viveram intensamente essas missões, acumulando vasta experiência em combate 
que pode ser utilizada para o adestramento de tropas. Observando essa herança de 
conhecimentos acredita-se que é viável um estudo sobre a atualização das fontes de consulta 
empregadas para o adestramento de tropa com a colaboração de F Op Esp. 
 
Palavras-chave: Forças de Operações Especiais. Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 
Preparo. PPA-GLO. 
 
 
ABSTRACT 
 
In recent years, the Brazilian Army has been widely used in law and order maintenance 
operations mainly due to the loss of capacity of public security organs to deal with urban 
violence. The preparation of the troops for this kind of mission has become great factor of 
success for the accomplishment of missions of this nature. In the case of order maintenance 
operations, the Alpha Standard Program is the document that guides the military instructions 
in this sense. Immersed in this complex scenario for years, the military of Brazilian Army have 
accumulated rich experiences, it’s questionable how this knowledge is transmitted to the next 
generations. Also included in this scenario, the Special Operations Forces have lived these 
missions intensely, accumulating vast experience in combat that can be used for troop training. 
Observing this inheritance of knowledge, it’s believed that a study on the updating of the 
sources of consultation used for troop training with the collaboration of SOF is feasible. 
 
Keywords: Special Operation Forces. law and order maintenance operations. Troop Training. 
Alpha Standard Program 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Distribuição qui-quadrado ........................................................................ 39 
 
Figura 2 - As dimensões do Ambiente Operacional Terrestre .................................. 49 
 
Figura 3 - Interação entre os atores do ambiente operacional durante a Operação São 
Francisco ................................................................................................... 53 
 
Figura 4 - “O cabo estratégico”. ............................................................................... 57 
 
Figura 5 - Exemplo de missão de combate previsto no PPA .................................... 64 
 
Figura 6 - Caderneta utilizada durante a Op Carcará Negro II ................................. 72 
 
Figura 7 – Portal do Preparo.....................................................................................121 
 
Figura 8 – Portal do Preparo aba 2............................................................................122 
 
Figura 9 – Portal do Preparo aba 3............................................................................122 
 
Figura 10 – Ano de instrução ...................................................................................123 
 
Figura 11 – Sugestão de sistema de consulta..........................................................124 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Duração das Op GLO por motivação ...................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
 
 
Gráfico 1 - Emprego do EB em operações de GLO ................................................. 23 
 
Gráfico 2 - Emprego das FA em Op GLO de 2004 a 2018 ....................................... 43 
 
Gráfico 3 - Motivação para Op GLO em porcentagem ............................................. 43 
 
Gráfico 4 - Tempo em Op GLO ................................................................................ 44 
 
Gráfico 5 - Op GLO por unidades da federação ....................................................... 45 
 
Gráfico 6 - Militares que já participaram de adestramentos conduzidos por Forças 
Especiais ............................................................................................... 70 
 
Gráfico 7 - Percepção do aumento do nível de operacionalidade da tropa............... 70 
 
Gráfico 8 - Adequabilidade das fontes de consulta para as instruções de combate em 
ambiente urbano ................................................................................... 71 
 
Gráfico 9 - Posto e graduação dos militares que responderam ao questionário A .... 74 
 
Gráfico 10- Participação em Op GLO dos militares que responderam o questionário A
 .............................................................................................................. 74 
 
Gráfico 11 - Op GLO que militares do grupo A participaram .................................... 75 
 
Gráfico 12- Função dos militares que responderam ao questionário A desempenharam 
durante as Op GLO ............................................................................... 76 
 
Gráfico 13- Participação de militaresque responderam ao questionário A em 
instruções para Op GLO........................................................................ 77 
 
Gráfico 14- Prioridade das fontes de consulta utilizadas pelos militares do grupo A 
para montar suas instruções visando o preparo em Op GLO ................ 77 
 
Gráfico 15- Opinião sobre a eficiência dos manuais do EB para subsidiar a instrução 
militar para Op GLO .............................................................................. 79 
 
Gráfico 16 - Interação dos militares do grupo A com o SADLA. ............................... 79 
 
Gráfico 17 - Registro de melhores práticas/lições aprendidas pelos militares do grupo 
A ........................................................................................................... 80 
 
 
Gráfico18- Participação dos militares do grupo A em adestramento/instrução 
conduzida por Forças Especiais, no período compreendido entre 2014 e 
2019 ...................................................................................................... 81 
 
Gráfico 19 - Participação dos militares do grupo A em adestramento/instrução 
conduzida por Centro de Instrução/Centro de Adestramento, no período 
compreendido entre 2014 e 2019 .......................................................... 81 
 
Gráfico 20 - Impressão dos militares do grupo A sobre a contribuição das tropas de 
operações especiais no preparo da tropa .............................................. 82 
 
Gráfico 21 - Prioridade de métodos para que as tropas de operações especiais 
contribuam com a instrução militar para Op GLO segundo militares do 
grupo A ................................................................................................. 83 
 
Gráfico 22 - Posto e graduação dos militares que responderam o questionário B.... 86 
 
Gráfico 23 - Participação em Op GLO dos militares que responderam o questionário 
B ........................................................................................................... 86 
 
Gráfico 24 - Op GLO cujos militares que responderam o questionário B participaram
 .............................................................................................................. 87 
 
Gráfico 25 - Funções dos militares que responderam ao questionário B 
desempenharam durante as Op GLO ................................................... 88 
 
Gráfico 26 - Percepção de aumento de operacionalidade nas frações de OM de 
operações especiais devido a Op GLO ................................................. 89 
 
Gráfico 27 - Participação de militares que responderam ao questionário A em 
adestramentos à tropa para Op GLO .................................................... 89 
 
Gráfico 28 - Percepção sobre a contribuição das tropas de operações especiais para 
o preparo da tropa de fuzileiros segundo os militares do grupo B ......... 90 
 
Gráfico 29 - Percepção de aumento de operacionalidade nas frações de OM de 
operações especiais devido a Op GLO ................................................. 91 
 
Gráfico 30 - Prioridade de métodos para que as tropas de operações especiais 
contribuam com a instrução militar para Op GLO segundo militares do 
grupo B ................................................................................................. 91 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FLUXOGRAMAS 
 
 
Fluxograma 1 - Processo de coleta do conhecimento de interesse para a doutrina . 59 
 
Fluxograma 2 - Fluxo dos CID nas fases do Sistema de Acompanhamento de Doutrina 
e Lições Aprendidas. ....................................................................... 60 
 
Fluxograma 3 - Assuntos previstos para o trabalho de estado-maior ....................... 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Motivação para Op GLO..........................................................................24 
 
Quadro 2 - Definição operacional das variáveis ....................................................... 30 
 
Quadro 3 - Cálculo da amostra do grupo A .............................................................. 31 
 
Quadro 4 - Cálculo da amostra do grupo B .............................................................. 32 
 
Quadro 5 - Evolução da doutrina, ideias e conceitos acerca de Op GLO ................. 47 
 
Quadro 6 - Principais atores na Operação São Francisco ........................................ 51 
 
Quadro 7- Quadro resumo das principais diferenças entre os sistemas de lições 
aprendidas do Exército Americano e Brasileiro ..................................... 62 
 
Quadro 8 - Principais motivos pelos quais um militar não registra suas experiências
 .............................................................................................................. 63 
 
Quadro 9 - Assuntos previstos no Programa Padrão Alfa-Garantia da Lei e da Ordem 
para cabos e soldados.............................................................................66 
 
Quadro 10 - Missões do EB que envolveram o Comando de Operações Especiais...68 
 
Quadro 11 - Teste do qui-quadrado sobre os resultados...........................................92 
 
Quadro 12 - Cálculo do qui-quadrado sobre os resultados........................................92 
 
Quadro 13 – Conclusão do cálculo do qui-quadrado sobre os resultados.................93 
 
Quadro 14 – Resposta do Grupo C à pergunta 7 da entrevista estruturada.................96 
 
Quadro 15 – Resposta do Grupo C à pergunta 8 da entrevista estruturada.................96 
 
Quadro 16 – Resposta do Grupo C à pergunta 9 da entrevista estruturada...............97 
 
Quadro 17 – Resposta do Grupo C à pergunta 10 da entrevista estruturada............98 
 
Quadro 18 – Resposta do Grupo C à pergunta 11 da entrevista estruturada.............98 
 
Quadro 19 – Resposta do Grupo C à pergunta 12 da entrevista estruturada.............99 
 
Quadro 20 – Resposta do Grupo C à pergunta 13 da entrevista estruturada.............99 
 
Quadro 21 – Resposta do Grupo C à pergunta 14 da entrevista estruturada............100 
 
 
Quadro 22 – Resposta do Grupo C à pergunta 15 da entrevista estruturada.............100 
 
Quadro 23 – Resposta do Grupo C à pergunta 16 da entrevista estruturada.............101 
 
Quadro 24 – Resposta do Grupo C à pergunta 17 da entrevista estruturada............101 
 
Quadro 25 – Resposta do Grupo C à pergunta 18 da entrevista estruturada............102 
 
Quadro 26 – Resposta do Grupo C à pergunta 19 da entrevista estruturada.............102 
 
Quadro 27 – Resposta do Grupo C à pergunta 20 da entrevista estruturada.............103 
 
Quadro 28 – Resposta do Grupo C à pergunta 21 da entrevista estruturada.............103 
 
Quadro 29 – Resposta do Grupo C à pergunta 22 da entrevista estruturada.............104 
 
Quadro 30 – Divisão das equipes por objetivo de instrução do PPA-GLO...............118 
 
Quadro 31 - Exemplo de calendário para confecção de fontes de consulta para objetivo 
de instrução do PPA-GLO.....................................................................119 
 
Quadro 32 – Fases do grupo de trabalho.................................................................120 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ADA Amigo dos Amigos 
ANS Aliança Nacional da Somália 
APOP Agente Perturbador da Ordem Pública 
BE Boletim do Exército 
BFEsp Batalhão de Forças Especiais 
CA Centro de Adestramento 
C Dout Ex Centro de Doutrina do Exército 
CI Contrainteligência 
CID Conhecimento de interesse para a Doutrina 
CIGLO Centro de Instrução de GLO 
CIGS Centro de Instrução de Guerra na Selva 
CLA Centro de Lições Aprendidas 
COpEsp Comando de Operações Especiais 
COTer Comando de Operações Terrestres 
CTTEP Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional 
CV Comando Vermelho 
DMT Doutrina Militar Terrestre 
DOFEsp Destacamento Operacional de Forças Especiais 
ECEMEEscola de Comando e Estado-Maior do Exército 
EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais 
EM Estado-Maior 
 
EME Estado-Maior do Exército 
EB Exército Brasileiro 
F Adv Força Adversa 
FA Forças Armadas 
F Op Esp Forças de Operações Especiais 
F Pac Força de Pacificação 
F Ter Força Terrestre 
Gab Cmt Ex Gabinete do Comandante do Exército 
GC Grupo de Combate 
G Cmdo Grande Comando 
GLO Garantia da Lei e da Ordem 
GSI Gabinete de Segurança Institucional 
GU Grande Unidade 
HE Hipótese de Emprego 
IR Instrução Reguladora 
Lç Aprd Lição Aprendida 
LSN Lei de Segurança Nacional 
MD Ministério da Defesa 
Mlh Prat Melhor Prática 
MINUSTAH Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti 
MOOTW Military Operation Other Than War 
Op Operação 
OAB Ordem dos Advogados do Brasil 
ODS Órgão de Direção Setorial 
 
OM Organizações Militares 
ONU Organizações das Nações Unidas 
ORCRIM Organizações Criminosas 
OSP Órgãos de Segurança Pública 
PC Polícia Civil 
PIM Programa de Instrução Militar 
PITCIC Processo de Integração do Terreno, Condições Meteorológicas, 
Inimigo e Considerações Civis 
PLA Portal de Lições Aprendidas 
PM Polícia Militar 
PPA Programa-Padrão Alfa 
SADLA Sistemática de Acompanhamento Doutrinário e Lições 
Aprendidas 
SIEsp Seção de Instrução Especial 
SIMEB Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro 
SU Subunidade 
SSP Setores de Segurança Pública 
TCP Terceiro Comando Puro 
TTP Técnicas, Táticas e Procedimentos 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 20 
1.1 PROBLEMA E SEUS ANTECEDENTES ..................................................... 22 
1.2 ALCANCES E LIMITES ............................................................................... 25 
1.3 OBJETIVO................................................................................................... 26 
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 26 
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 26 
1.4 HIPÓTESES ................................................................................................ 27 
1.5 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 27 
1.6 CONTRIBUIÇÃO ......................................................................................... 27 
2 METODOLOGIA ......................................................................................... 28 
2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO ................................................................. 28 
2.1.1 Definição conceitual das variáveis........................................................... 29 
2.1.2 Definição operacional das variáveis ........................................................ 30 
2.3 AMOSTRA................................................................................................... 30 
2.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................... 33 
2.4.1 Procedimento para revisão da literatura.................................................. 34 
2.4.1.1 Fontes de busca .......................................................................................... 34 
2.4.1.2 Estratégia de busca para a base de dados eletrônicos ................................ 35 
2.4.1.3 Critérios de inclusão .................................................................................... 35 
2.4.1.4 Critérios de exclusão ................................................................................... 35 
2.4.2 Procedimento experimental ...................................................................... 36 
2.4.3 Instrumentos .............................................................................................. 37 
2.4.3.1 Entrevista estruturada e questionários......................................................... 37 
 
2.4.3.2 Pré-testes .................................................................................................... 38 
2.4.4 Análise dos dados ..................................................................................... 38 
2.4.4.1 Análise dos dados obtidos por intermédio de questionário .......................... 39 
2.4.4.2 Análise dos dados obtidos por intermédio de entrevista estruturada ........... 40 
3 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 41 
3.1 OPERAÇÕES DE GLO .............................................................................. 41 
3.2 CARACTERIZAÇAO DO AMBIENTE OPERACIONAL ................................ 48 
3.2.1 Dimensão Humana .................................................................................... 49 
3.2.1.1 Breve histórico das organizações criminosas no estado do Rio de Janeiro 
.......................................................................................................................49 
3.2.1.2 Interação com os atores presentes no ambiente operacional ..................... 51 
3.2.2 Dimensão Física ....................................................................................... 53 
3.2.3 Dimensão Informacional .......................................................................... 55 
3.3 MELHORES PRÁTICAS NO EB .................................................................. 58 
3.4 A INSTRUÇÃO DE GLO NO CORPO DE TROPA ...................................... 63 
3.5 O EMPREGO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS EM OPERAÇÕES DE GLO . 68 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 73 
4.1 ASPECTOS OBSERVADOS A PARTIR DOS QUESTIONÁRIOS 
APLICADOS ÀS TROPAS DE FUZILEIROS ............................................... 73 
4.1.1 Conclusões parciais sobre os aspectos observados a partir dos 
questionários aplicados às tropas de fuzileiros ..................................... 84 
4.2 ASPECTOS OBSERVADOS A PARTIR DOS QUESTIONÁRIOS 
APLICADOS ÀS TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS .......................... 86 
4.2.1 Conclusões parciais sobre os aspectos observados a partir dos 
questionários aplicados às tropas de operações especiais .................. 94 
4.3 ASPECTOS OBSERVADOS A PARTIR DO PROCEDIMENTO 
EXPERIMENTAL E ENTREVISTAS ESTRUTURADAS .............................. 95 
 
4.3.1 Conclusões parciais sobre os o procedimento experimental e entrevistas 
estruturadas...............................................................................................104 
5 CONCLUSÃO..............................................................................................106 
 REFERÊNCIAS...........................................................................................110 
 GLOSSÁRIO...............................................................................................113 
APÊNDICE A – SUGESTÃO DE GRUPO DE TRABALHO........................117 
APÊNDICE B – SUGESTÃO DE SISTEMA................................................124 
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO A....................128 
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO B.....................129 
APÊNDICE E – PLANEJAMENTO DO EXPERIMENTO.............................132 
APÊNDICE F – MATERIAL DISPONIBILIZADO AOS INSTRUTORES DO 
GRUPO C.........................................................................135 
APÊNDICE G – ENTREVISTA ESTRUTURADA........................................142 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Dentre as diversas ações realizada pelo EB no território nacional, as operações 
de cooperação e coordenação com agências ganharam espaço no ambiente 
informacional. O Ministério da Defesa define esses tipos de operações como 
operações executadas por elementos do EB em apoio aos órgãos ou instituições 
(governamentais ou não, militares ou civis, públicos ou privados, nacionaisou 
internacionais), definidos genericamente como agências. O exemplo mais 
emblemático desse tipo de operação são as Operações de Garantia da Lei e da 
Ordem (GLO). 
 A Doutrina Militar Terrestre em Revista, do primeiro trimestre de 2013, mostra 
claramente que o Exército Brasileiro, ao longo de sua história, sempre esteve presente 
como ator importante nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e nas 
Ações Subsidiárias. 
Dentre as causas do desencadeamento de tais operações estão a 
indisponibilidade, insuficiência e/ou inexistência dos Órgãos de Segurança Pública 
(OSP), previstos no Art. 144 da Constituição Federal de 1988 (policias federal, militar, 
rodoviária federal, ferroviária federal, civil e corpo de bombeiros militar). 
A Operação Arcanjo, desenvolvida entre 26 de novembro de 2010 e 9 de julho 
de 2012, nos complexos do Alemão e Penha, no Rio de Janeiro-RJ, é um exemplo 
marcante de como a participação militar no contexto de GLO com a finalidade de 
apoiar os governos estaduais pode se prolongar. 
A título de exemplo da intensidade das ações desenvolvidas nessas operações, 
em agosto de 2018, durante a Intervenção Federal no estado do Rio de Janeiro, três 
militares foram mortos por Agentes Perturbadores da Ordem Pública (APOP) em uma 
operação desenvolvida no mesmo local onde ocorreu a Operação Arcanjo anos antes. 
Segundo o Ministério da Defesa (MD), desde a implementação da Lei 
Complementar nº 97, de 09 de junho de 1999 (posteriormente modificada pelas leis 
117, de 2004, e 136, de 2010) e do Decreto nº3.897, de 24 de agosto de 2001; que 
regulamentou o instrumento da GLO, o EB tomou parte de 132 operações de GLO, 
sendo 23 motivadas por violência urbana (18% das Op GLO). 
Embora as Op GLO motivadas pela violência urbana sejam de número reduzido 
(18% do universo de Op GLO), correspondem a 63% dos dias totais em operações, 
ou seja, as Forças Armadas passaram mais tempo em Op GLO motivadas pela 
21 
 
1 CI 20-10-4 O instrutor do Corpo de Tropa. 
violência urbana do que em outras operações motivadas oriundas de todas as demais 
motivações somadas. (https://www.defesa.gov.br/exercicios-e-operacoes/garantia-
da-lei-e-da-ordem). 
Com tamanha imersão do EB nesse tipo de atividade, é natural que melhores 
práticas e lições aprendidas surjam durante as operações, servindo de base para 
atualizações doutrinárias e aprimoramento dos adestramentos para as operações 
futuras. Atualmente o EB conta com a Sistemática de Acompanhamento Doutrinário e 
Lições Aprendidas (SADLA) do Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex), onde, por 
intermédio do Portal de Lições Aprendidas (PLA), qualquer militar pode registrar suas 
experiências que visem contribuir ocm o EB sobre qualquer assunto. 
Naturalmente o preparo da tropa tornou-se fator preponderantes para o 
sucesso nesse tipo de missão. O Programa de Instrução Militar (PIM), editado 
anualmente pelo COTer, tem por finalidade regular as diversas atividades 
relacionadas ao preparo da força terrestre. Particularmente, o Programa-Padrão Alfa 
de GLO (PPA-GLO) é o programa que orienta o preparo da tropa para operações de 
GLO. 
A figura do instrutor no corpo de tropa assumiu papel preponderante nas 
instruções militares preliminares às operações. Tal militar, oficial ou praça, de carreira 
ou temporário, geralmente ocupando alguma função de comando de fração nos 
corpos de tropa, é o responsável por aumentar os níveis de operacionalidade da tropa 
por intermédio da instrução militar. 
 De acordo com BRASIL (1997, p 1-3)1 “o instrutor deve valer-se de manuais 
de campanha e técnicos, os programas padrão, os planos de matéria e os cadernos 
de instrução que orientam o ensino e as instruções militares”. 
No presente momento torna-se válido questionar se as fontes de consulta 
disponíveis estão à altura das necessidades dos instrutores do corpo de tropa que 
lidam diretamente com o escalão executante do EB, onde o “como” fazer é tão 
importante quanto “o que fazer”. 
Paralelamente a todo esse cenário, o emprego de tropas de operações 
especiais em operações de GLO cresceu. O 1º Batalhão de Forças Especiais (1º 
BFEsp) tornou-se importante ferramenta para desequilibrar as ações de combate em 
prol do EB através de suas capacidades. 
Sob essa óptica, julga-se conveniente que o 1º BFEsp compartilhe as 
experiências colhidas durante suas missões, visando contribuir com o preparo da 
22 
 
tropa para Op GLO. Outro objetivo a ser alcançado, também, é identificar a melhor 
maneira que o 1º BFEsp pode cumprir tal missão levando em consideração suas 
particularidades. 
 
1.1 PROBLEMA E SEUS ANTECEDENTES 
 
Em 29 de março de 2014, a então presidente do Brasil, Dilma Rousseff, assinou 
o decreto presidencial que autorizava o emprego das Forças Armadas (FA) no 
Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Batizada de operação São 
Francisco, a ocupação do Complexo da Maré durou cerca de 14 meses e não foi a 
primeira grande operação dessa natureza no Rio de janeiro. A Operação Arcanjo, que 
durou cerca de 19 meses (26 de novembro de 2010 até 09 de julho de 2012), 
desencadeada nos complexos da Penha e do Alemão, é outro exemplo de como as 
FA foram empregadas em momentos de crise da segurança pública no estado do Rio 
de Janeiro. 
Embora o emprego das FA, em particular do EB, nesse ambiente operacional 
(favelas) por longos períodos tenha parecido uma novidade em território brasileiro, 
cabe ressaltar a participação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a 
Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Durante o período que o EB esteve no Haiti, entre 
2004 e 2017, as tropas brasileiras pacificaram diversas favelas e obtiveram valiosas 
experiências no combate em ambiente urbano. A MINUSTAH evidenciou a 
necessidade de desenvolver técnicas, táticas e procedimentos (TTP) nesse tipo de 
ambiente. O relatório final do segundo contingente brasileiro no Haiti afirma que: 
 
Por ocasião da observação do desempenho da tropa durante seu emprego 
como força de Paz da ONU no Haiti, observou-se a necessidade de uma 
melhor adaptação ao treinamento e “Modus Operandi” da tropa empregada, 
particularmente em relação ao combate em ambiente urbano. Outro fator a 
ser levado em conta é a necessidade de uma contínua atualização dos 
manuais do EB sobre o tema (Relatório Final do Batalhão Brasileiro no Haiti, 
2005, p.28) 
 
 
No ano em que o Brasil iniciou sua participação na MINUSTAH, o COTer 
publicou o Programa Padrão Alfa de Garantia da Lei e da Ordem (PPA-GLO), visando 
regular a preparação da Força Terrestre para executar operações de GLO. O referido 
documento trouxe determinações sobre o período de adestramento em Op GLO, seus 
objetivos, como realizar avaliações e especificou, em detalhes, as condições de 
23 
 
execução, padrões mínimos a serem alcançados e quais instruções preliminares 
ministrar. O PPA-GLO é referência até os dias de hoje para o adestramento, em GLO, 
das organizações militares (OM). 
O gráfico 1 indica a quantidade de Op GLO que contaram com a participação 
do EB no período compreendido entre 2004 e 2018. Observou-se um período de 
grande imersão do EB em missões que, embora da natureza distintas, exigiam da 
tropa capacidades semelhantes, as Op GLO em território nacional e a participação do 
EB na MINUSTAH. 
GRÁFICO 1 - Emprego do EB em operações de GLO 
Fonte: https://www.defesa.gov.br/exercicios-e-operacoes/garantia-da-lei-e-da-ordem 
 
Ao longo do período representado no gráfico, diversos fatores motivaram o 
desencadeamento de Op GLO. O MD utilizou os seguintes termos para classificar a 
motivação do desencadeamento de Op GLO: violência urbana esgotando a 
capacidade de atuação dos OSP, grandes eventos, greve dos OSP, garantia do pleito 
eleitoral e outros motivos. Verifica-se que nos anos de 2004, 2011 e 2014 e 2017, o 
número de Op GLO se mostrou mais expressivo. A análise das operações 
desencadeadas nesse períodomostrou que nesses anos específicos as greves de 
OSP e/ou garantia do pleito eleitoral motivaram diversas operações pontuais de GLO 
de curta duração. 
 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Quantidade de Op GLO que o EB participou por ano.
EB em Op GLO
24 
 
 A classificação das motivações para as Op GLO segue de acordo com a 
interpretação dos seguintes instrumentos jurídicos: 
 
 
TIPO DEFINIÇÕES 
Violência Urbana (VU) 
De acordo com o Art. 15 da Lei 
Complementar (LC) 97/99. 
 
Greve da Polícia Militar (GPM) 
Outras 
Segurança de Eventos (SE) De acordo com o Art. 5 da Decreto nº 
3.897/2001 
 
Garantia da Votação e Apuração (GVA) De acordo com o Art. 5 da Decreto nº 
3.897/2001 
 
 
 
 
Ao observar esses dados cabe a reflexão sobre como as experiências 
adquiridas em todas essas missões foram utilizadas para o aprimoramento das fontes 
de consulta que subsidiam o preparo da tropa. 
Em 2 de dezembro 2003 a portaria nº 761 do Gabinete do Comandante do 
Exército (Gab Cmt Ex) aprovou, em caráter experimental, o Caderno de instrução CI7-
5/2 O Pelotão de Fuzileiros no Combate em Área Edificada. Esse caderno trata das 
TTP largamente utilizadas por pequenas frações (progressão entre edificações, 
técnicas de observação etc.). Em 2017, após 14 anos onde o EB doi empregado em 
diversas Op GLO e na MINUSTAH, o caderno foi reeditado como EB70-CI-11.408 
sem nenhuma atualização ou mudança das TTP de progressão de combate em 
ambiente urbano por exemplo. É a publicação mais recente no EB que trata de 
diversos assuntos exigidos no PPA-GLO. 
Mesmo tratando-se de uma publicação cujo foco é a defesa externa, missão 
principal do EB, os relatos de atrito nas Op GLO são expressivos, onde as TTP de Op 
GLO e de defesa externa se assemelham, separadas, em alguns momentos, apenas 
pelas regras de engajamento. Tal observação justificaria, dentro de certas limitações, 
a atualização de TTP previstas em fontes doutrinárias voltadas para a defesa externa. 
O PPA-GLO orienta, também, a aplicação de instruções cujas fontes de 
consulta são de difícil acesso ou quase inexistentes (progressão com óculos de visão 
noturna e “sniper” terrestre e aéreo, por exemplo). Seguramente, o conhecimento para 
QUADRO 1 - Motivação para Op GLO 
Fonte: o autor 
25 
 
todas as demandas do PPA-GLO existe nos corpos de tropa, por meio de melhores 
práticas e experiências adquiridas em missões. 
O EB possui diversos órgãos para a difusão de conhecimentos no âmbito da 
força, dentre os principais pode-se citar: centros de instrução a exemplo do Centro de 
Instrução de Guerra na Selva (CIGS), Centro de Instrução de Operações Especiais 
(CIOpEsp) e Centro de Instrução de Operações de GLO (CIGLO) e as próprias 
escolas de formação de militares de carreira combatentes, a Academia Militar das 
Agulhas Negras (AMAN) e a Escola de Sargento das Armas (EsSA). 
O EB possui, também, o C Dout Ex, que administra um moderno sistema de 
acompanhamento de lições aprendidas além de tropas altamente especializadas que 
estão imersas em missões reais há anos. Todos meios citados em plenas condições 
de contribuir com as fontes de consultas necessárias para subsidiar a instrução militar. 
Sob essa análise formulou-se o seguinte problema: até que ponto existem 
fontes de consulta, atualizadas e passíveis de um processo simples de revisão que 
atendam as demandas do PPA-GLO? 
 
1.2 ALCANCES E LIMITES 
 
 O trabalho abordou como o 1º BFEsp, pode contribuir com a atualização 
das fontes de consulta utilizadas para as instruções previstas no PPA-GLO 
considerando a doutrina militar vigente, rotina, disponibilidade de meios, tempo e 
pessoal. 
 Dentre os integrantes do 1º BFEsp, o estudo foi limitado aos possuidores 
dos cursos de comandos e/ou forças especiais que participaram de Op GLO no 
período compreendido entre 2014 e 2019 e que tenham desempenhado a função de 
instrutor, em algum momento desse período, de assuntos relacionados a Op GLO. 
 Em relação aos militares externos ao 1º BFEsp (OM convencionais), deu-
se preferência àqueles que participaram de Op GLO no mesmo período supracitado 
e desempenharam a função de instrutor de corpo de tropa, em assuntos relacionados 
a Op GLO. Não houve restrições relativas a esse grupo de militares serem de carreira 
ou temporários. 
 
 
 
26 
 
1.3 OBJETIVO 
 
1.3.1 Objetivo Geral 
 
 O trabalho visa identificar como o 1º Batalhão de Forças Especiais pode 
contribuir para o aprimoramento das fontes de consulta utilizadas pelos instrutores do 
corpo de tropa para o atingimento dos objetivos do PPA-GLO. 
 
1.3.2 Objetivos específicos 
 
 Visando atingir o objetivo geral do trabalho, foram estabelecidos objetivos 
intermediários a fim de desenvolver, de maneira lógica, o raciocínio descritivo da 
pesquisa. 
a. Identificar quais são as instruções e suas respectivas fontes de consultas 
previstas no PPA-GLO; 
b. Identificar se as fontes de consulta previstas no PPA-GLO estão 
disponíveis, são adequadas, atualizadas, atendem de maneira satisfatória as 
demandas dos instrutores do corpo de tropa e se podem ser revisadas 
sistematicamente; 
c. Identificar como as melhores práticas e lições aprendidas colhidas no 
âmbito EB influenciam o período de instrução PAB-GLO; 
d. Verificar as possibilidades de contribuição de melhores práticas do 1º 
BFEsp nas fontes de consulta do PPA-GLO e 
e. Verificar como o 1ºBFEsp contribuirá para o aprimoramento das fontes de 
consulta do PPA-GLO. 
f. Identificar como empregar o SADLA no aprimoramento das fontes de 
consulta do PPA-GLO. 
1.4 HIPÓTESES 
 
Foram estabelecidas as seguintes hipóteses: 
H (zero) – O 1ºBFEsp pode contribuir para o aprimoramento das fontes de 
consulta utilizadas pelos instrutores do corpo de tropa nas instruções previstas no 
PPA-GLO. 
 
27 
 
 H (um) – O 1ºBFEsp não pode contribuir para o aprimoramento das fontes de 
consulta utilizadas pelos instrutores do corpo de tropa nas instruções previstas no 
PPA-GLO. 
 
 1.4 JUSTIFICATIVA 
 
A imersão de tropas convencionais no combate de amplo espectro exige o 
aprimoramento de técnicas individuais no âmbito de pequenas frações. A ideia de que 
determinados conhecimentos que possam auxiliar no cumprimento da missão 
existam, porém não estejam compartilhados é inaceitável, salvo alguma classificação 
sigilosa, o que não é o caso no presente tema de estudo. 
Após ter participado de praticamente todas as Op GLO desenvolvidas na 
cidade do Rio de Janeiro/RJ e perceber que a cada nova operação e a cada rodízio 
de tropa nas diversas missões o conhecimento adquirido ao longo de todo o trabalho 
realizado não era compartilhado ou simplesmente esquecido, coube a essa pesquisa 
investigar como a metodologia do 1º BFEsp e os conhecimentos dos operadores de 
forças especiais podem potencializar o preparo da tropa. 
 
1.5 CONTRIBUIÇÃO 
 
 A contribuição esperada está na proposta de um produto que possibilite que os 
instrutores de corpo de tropa disponham de um meio de instrução atual e passível de 
revisões sistemáticas, confeccionado por especialistas nas capacidades requeridas 
em Op GLO em acordo com as diretrizes do COTer. 
 Estima-se que o produto irá beneficiar principalmente os instrutores do corpo de 
tropa, que conduzem o PAB-GLO, em suas OM. 
 Espera-se, ainda, propor uma sistemática de revisão de tais fontes a partir de 
melhores práticas e lições aprendidas colhidas durante operações de GLO valendo-
se de sistemas já existentes no EB. 
28 
 
2 METODOLOGIA 
 
 Este capítulo tem por finalidade apresentar as etapas seguidas visando buscar 
a melhor solução para o problema apresentado. O estudo baseou-se em uma 
pesquisa qualitativa, ainda que tenha utilizado dados estatísticos para fundamentar 
sua conclusão. De natureza aplicada e objetivo geral exploratório, este trabalho visou,acima de tudo, concluir sobre como o 1º BFEsp pode contribuir com a instrução militar 
no EB. 
 A fim de melhor compreender a metodologia, o capítulo foi divido em objeto 
formal de estudo, amostra e delineamento da pesquisa. 
 
2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO 
 
 Partindo do princípio que o preparo da tropa é fator preponderante para o 
sucesso de operações de Op GLO e que esse preparo se baseia em torno do PPA-
GLO, reconhece-se que tal documento guia e padroniza o preparo de todo o EB para 
o período de adestramento em GLO. 
 Foi observado, ainda, que no período compreendido entre a ocupação do 
Complexo da Maré na cidade do Rio de Janeiro-RJ, e o fim da intervenção Federal no 
mesmo estado, o EB foi mais exigido que o usual no que diz respeito a emprego da 
tropa em grandes centros urbanos, particularmente em favelas. Tal fato propiciou o 
acúmulo de valiosas experiências em Op GLO nesse tipo de ambiente operacional. 
 O EB empregou, no período supracitado, suas tropas de operações especiais 
(comandos e forças especiais) a fim de desequilibrar as ações militares a seu favor. 
O 1º BFEsp acumulou valiosas experiências que foram registradas em documentação 
interna do batalhão, visando o próprio adestramento. Tais experiências podem 
contribuir com o preparo da tropa convencional em operações de GLO observando as 
devidas características de cada tropa. 
 Por diversas vezes, o 1º BFEsp, visando contribuir com a atividade de preparo 
da tropa convencional (particularmente OM de infantaria) deslocou suas frações para 
conduzir adestramentos em diversos locais. Embora essa atividade contribua com o 
adestramento de tropa, há que se verificar se é viável. Dentre algumas limitações das 
unidades de operações especiais, o reduzido efetivo é fator determinante para 
conduzir atividades de instrução em outras OM. Além disso o EB possui outros 
29 
 
sistemas para difusão de experiências em missões, como o SADLA por exemplo, que 
podem auxiliar na difusão de melhores práticas. 
 O presente estudo verificou como convergir meios e esforços, buscando maior 
eficácia na instrução militar e aproveitamento de melhores práticas. 
 
2.1.1 Definição conceitual de variáveis 
 
 Foram identificadas duas variáveis envolvidas em todo o processo da pesquisa. 
A variável 01, considerada a variável independente, são as fontes de consulta 
utilizadas para ministrar a instruções de preparo da tropa para Op GLO. A variável 02, 
dependente, é a instrução militar propriamente dita. Seguem-se suas definições: 
Variável 01: A contribuição do 1º BFEsp para o aprimoramento das fontes de 
consulta. 
No contexto dessa pesquisa pode ser entendida como qualquer fonte de 
informação, prevista ou não nas instruções reguladoras do EB, utilizadas pelos 
instrutores do corpo de tropa que, por meio da instrução militar, visam aumentar os 
níveis de operacionalidade de suas frações e cumprir as atividades previstas no PPA-
GLO. 
Variável 02: instrução militar. 
É a parte do preparo militar de caráter predominantemente prático, que visa à 
formação do líder em todos os escalões, à capacitação dos combatentes e ao 
adestramento de frações até o nível Unidade (U) e Grande Unidade (GU). Deve 
permitir o cumprimento de todos os objetivos previstos na Política de Instrução Militar, 
constantes da Política Militar Terrestre. 
Tendo em vista o viés qualitativo da pesquisa, se fez necessária a conceituação 
operacional das variáveis. 
 
 
 
 
 
 
30 
 
3.1.2 Definição operacional das variáveis 
 
Quadro 2: definição operacional das variáveis. 
Fonte: o autor. 
 
2.3 AMOSTRA 
 
 A pesquisa utilizou basicamente dois públicos alvo para coleta de dados, 
Instrutores do corpo de tropa, compondo o grupo A, e operadores de forças especiais 
grupo B. 
 O grupo A foi composto pelos quadros de uma OM de infantaria (oficiais e 
sargentos, de carreira ou temporários) que ocupam, ou já ocuparam, a função de 
instrutor do corpo de tropa, que tenham participado, ao menos uma vez, de uma Op 
GLO, e que participaram, ao menos uma vez, de alguma instrução, como instrutor ou 
instruendo, de alguma instrução visando o preparo para Op GLO. 
Variável Dimensão Indicadores Forma de medição 
Variável 1: 
A contribuição 
do 1º BFEsp 
para o 
aprimoramento 
das fontes de 
consulta. 
Existência ou 
não 
Previsão em 
instruções reguladoras 
Consulta 
bibliográfica/documental 
Portal de lições 
aprendidas 
Consulta 
bibliográfica/documental 
Fontes abertas não 
militares 
Consulta 
bibliográfica/documental 
Experiências 
pessoais ou de outrem 
Experiência 
controlada, entrevista 
Manuais, notas 
escolares, Vade 
Mécum etc 
Consulta 
bibliográfica/documental 
Variável 2: 
Instrução Militar; 
Regulamentação 
em documentos 
específicos 
Indicação no PPA-GLO 
Consulta 
bibliográfica/documental 
Centros de instrução 
Consulta 
bibliográfica/documental 
31 
 
 Tendo em vista o imenso universo de instrutores de corpo de tropa do EB, para 
fins de limitação da população do grupo A, tomou-se por base a quantidade de 
batalhões de Infantaria presentes na cidade do Rio de Janeiro como referência 
(guarnição que mais atuou em Op GLO no período delimitado pela pesquisa) 
seguindo-se o seguinte raciocínio: 
 
Btl Inf na cidade do Rio de 
Janeiro 
6 OM 
Composição de cada Btl Inf 3 SU a 3 Pelotões de fuzileiro, cada Pel com 3 
Grupos de Combate (GC) 
Instrutores de corpo de tropa 
que comandam frações em 
cada Btl. 
3 Cap Cmt SU, 9 Of subalternos Cmt Pel e 27 
praças Cmt GC 
População 260 militares (18 Cap Cmt SU, 54 Of 
subalternos Cmt de Pel, 54 Sgt Adjuntos de Pel 
e 162 Sgt Cmt GC = 288 
Nível de confiança desejado 95% 
Margem de erro admitida 4% 
Tamanho da amostra para 
pesquisa (calculadora amostral) 
165 militares 
Efetivo para teste de 
questionário 
10% da amostra (16 militares) 
Perfil desejável dos oficiais 
participantes 
Of (Asp Of, 2º Ten, 1º Ten e Cap) que já 
desempenharam a função de instrutor de corpo 
de tropa ministrando instruções preparatórias 
para Op GLO 
 
Perfil desejável das praças 
participantes 
Sgt (1º Sgt, 2º Sgt e 3º Sgt) que já 
desempenharam a função de instrutor de corpo 
de tropa ministrando instruções preparatória 
para Op GLO 
Quadro 3: cálculo de amostra do grupo A 
Fonte: o autor 
 
32 
 
O cálculo apresentado fui utilizado para a a delimitação do número amostral. A 
partir desse número foram utilizados militares de diversas regiões para a coleta de 
dados par a pesquisa. 
 O grupo B foi composto pelos quadros do 1º BFEsp, única OM valor unidade de 
forças especiais no EB seguindo o seguinte critério: oficiais e sargentos de carreira 
que já desempenharam a função de instrutor em algum adestramento para tropas 
convencionais e que tenham participado, ao menos uma vez, de uma Op GLO. 
 A delimitação do grupo B foi feita de acordo com os efetivos operacionais 
existentes no 1º BFEsp: 
 
 
OM valor unidade de Forças 
Especiais operacionais 
1 OM 
Quantidade de SU FEsp ativas 
no 1º BFEsp 
2 SU a 2 DOFEsp cada uma 
Operadores de Forças 
Especiais em atividade 
4 DOFEsp com 4 Of e 8 praças cada. 
Totalizando 48 operadores. 
População 48 militares 
Nível de confiança desejado 95% 
Margem de erro admitida 3% 
Tamanho da amostra para 
pesquisa (calculadora amostral) 
45 
Efetivo para teste de 
questionário 
10% da amostra (5 militares) 
Perfil desejável dos oficiais 
participantes 
Of integrantes/ex-integrantes de DOFEsp, Cmt 
SU ou EM de OM Op Esp com experiências em 
Op GLO 
 
Perfil desejável das praças 
participantes 
Sgt (3º Sgt ,2º Sgt, 1º Sgt, ST) integrantes/ex-
integrantes de DOFEsp com experiências em 
Op GLO 
Quadro 4: cálculo de amostra do grupo B 
Fonte: o autor 
 
33 
 
 
 A calculadora amostral utilizada pode ser acessada pelo site 
https://comentto.com/calculadora-amostral/ (acesso em 31/10/2019). Aos grupos A e 
B foram enviadosos questionários constantes nos apêndices C e D, respectivamente. 
 Ainda foi montado o grupo C, para fins da realização de um experimento. O 
grupo C foi composto por apenas 4 militares, dois oficiais e dois sargentos, de carreira, 
recém egressos de suas respectivas escolas de formação. 
Em relação ao Grupo C, buscou-se o perfil de um militar específico devido a 
características do experimento que foi realizado. O experimento exigiu que os 
participantes do grupo C tivessem pouca experiência como instrutores do corpo de 
tropa, obrigando-os a buscar fontes de consulta para a realização das atividades 
propostas em detrimento de experiências pessoais. 
Cita-se o grupo C para fins de melhor entendimento do trabalho realizado, haja 
vista sua irrelevância para fins estatísticos. 
 
2.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA 
 
O delineamento de pesquisa se deu inicialmente por meio do levantamento de 
fontes bibliográficas. Na fase seguinte foram realizadas atividades de leitura analítica 
e fichamento de fontes. Cabe salientar que o uso de artigos científicos também 
contribuiu com o trabalho. 
Dentre as características do trabalho observam-se: 
Pesquisa de natureza aplicada, tendo em vista que busca uma aplicação 
prática para a solução de um possível problema no que se refere às fontes de consulta 
utilizadas para o adestramento em Op GLO. 
Forma de abordagem qualitativa. Embora valha-se de algumas ferramentas 
quantitativas os resultados são essencialmente descritivos, onde a conclusão é 
baseada na interpretação dos dados observados através de questionários, entrevistas 
e experimento. 
Em relação ao método de abordagem, foi utilizada a modalidade indutivo, onde 
a maior parte da pesquisa se deu a partir de relatórios, experiências dos participantes 
da pesquisa entre outras fontes que subsidiaram a elaboração de algumas 
generalizações. 
https://comentto.com/calculadora-amostral/
34 
 
Quanto ao método de procedimentos foi adotado um método histórico sobre 
processos relativamente recentes (no período entre 2014 e 2019) apoiado por bases 
estatísticas, visando auxiliar as investigações. 
Objetivo geral descritivo: o trabalho visa descrever características de como 
melhores práticas das tropas de operações especiais podem ser aproveitas. 
Descrever as características necessárias de um produto que sirva de solução ao 
problema identificado e como ele se relacionaria com as variáveis. 
Concluídas as pesquisas bibliográficas e documentais, foi elaborado um 
questionário, buscando identificar impressões relativas ao registro de melhores 
práticas, melhor maneira de se transmitir as experiências das tropas de operações 
especiais para as tropas convencionais e demandas diversas em relação a fontes de 
consultar utilizadas para a atividade de instrução militar. 
Ainda, com o objetivo de se aprofundar mais no problema de maneira prática, 
foi realizado um procedimento experimental com instrutores do corpo de tropa, onde 
verificou-se, por meio de entrevistas exploratórias e observação, de forma qualitativa, 
as dimensões das dificuldades de instrutor de corpo de tropa. 
 
2.4.1 Procedimento para revisão da literatura 
 
 As fontes de consulta que subsidiaram a pesquisa tiveram origem, 
principalmente, de autores reconhecidos em relação ao assunto, assim como em 
instituições de renome e periódicos especializados. A organização da revisão está 
detalhada a seguir. 
 
2.4.1.1 Fontes de busca 
 
As fontes de busca foram constituídas de publicações, tanto nacionais quanto 
de fora do país: 
a. Manuais militares do Exército Brasileiro; 
b. Documentos doutrinários do Exército dos Estados Unidos da América 
(manuais, cadernetas etc.); 
c. Dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso e artigos 
científicos sobre Operações Especiais e Op GLO confeccionados por alunos 
e ex-alunos da EsAO e ECEME; 
35 
 
d. Relatórios de operações do 1 Batalhão de Forças Especiais das Op GLO 
no período compreendido entre 2014 e 2019 sem classificação sigilosa; 
e. Artigos científicos das principais revistas de assuntos militares; 
f. Livros publicados por civis e militares 
. 
2.4.1.2 Estratégia de busca para a base de dados eletrônica 
 
Foram utilizados os seguintes termos que descrevem a intenção de busca: 
“operações de garantia da lei e da ordem, Op GLO, melhores práticas, lições 
aprendidas, operações especiais, forças especiais, Exército no Rio de Janeiro, 
operações em ambiente urbano, atualização de fontes de consulta,”. 
A pesquisa eletrônica foi utilizada para a busca de dados atualizados sobre os 
assuntos relacionados à pesquisa e para identificar informações que, inicialmente, não 
estavam sendo contemplados até então. 
 
2.4.1.3 Critério de inclusão 
 
Foram incluídos os seguintes documentos, tanto nacionais quanto 
estrangeiros: 
a. Estudos publicados em português e inglês; 
b. Relatórios de missões em Op GLO no período entre 2014 e 2019 sem 
classificação sigilosa; 
c. Relatórios dos contingentes brasileiros na MINUSTAH; 
d. Estudos publicados entre 2000 e 2016; 
 
2.4.1.4 Critérios de exclusão 
 
a. Estudos que não tratem essencialmente do preparo de tropa dentro do 
assunto pesquisado; 
b. Questionários cujos participantes não tenham experiência como instrutor no 
corpo de tropa em assuntos relacionados a Op GLO. 
 
 
 
36 
 
2.4.2 Procedimento Experimental 
 
 As atividades experimentais se desenvolveram em duas OM de infantaria 
situadas na Vila Militar, Rio de Janeiro – RJ: o 1º Batalhão de Infantaria Mecanizada 
(1º BI Mec), Regimento Sampaio e o 2º Batalhão de Infantaria Motorizada (2º BI Mtz), 
Regimento Avaí/Dois de Ouro. 
 A partir desses batalhões foi constituído o grupo C para pesquisa. O Grupo C 
foi dividido em dois subgrupos: C1 (1º BI Mtz) e C2 (2º BI Mtz). Cada subgrupo desses 
englobou um oficial recém egresso da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) 
e um sargento recém egresso da Escola de Sargento das Armas (EsSA). 
 Foram escolhidos militares recém-formados devido ao fato de terem pouca 
experiência profissional em corpos de tropa e, consequentemente, terem maior 
necessidade de recorrer a fontes de consultas diversas para desempenhar as 
atividades de instrução militar. 
Os grupos C1 e C2 foram inseridos em uma situação geral e particular, onde 
seus respectivos batalhões participariam de uma Op GLO. Cada militar seria 
incumbido de adestrar a sua fração de acordo com objetivos de instrução previstos no 
PPA-GLO. Para ambos os grupos a instrução escolhida foi a de técnicas de 
interrogatório sumário para os oficiais e a de técnicas de identificação, prisão e 
condução de prisioneiros para os sargentos. Compatíveis com as suas respectivas 
funções. 
Foi imposto a cada instrutor o tempo de quarenta e cinco minutos para que 
ministrasse a sua instrução. O período deveria ser dividido em uma parte teórico 
expositiva, de ao menos vinte minutos, e de uma parte prática. As técnicas de 
instrução ficaram a cargo dos instrutores. 
Ao grupo C1 foi entregue um extrato de procedimento operacional padrão de 
um DOFEsp do 1º BFEsp, confeccionado a partir de melhores práticas desenvolvidas 
no período entre 2014 e 2019. Ao grupo C2 não foi entregue nenhum material. 
Nenhum dos dois grupos teve comunicação entre si para compartilhar material. 
Ao final de cada instrução os instrutores foram entrevistados. Os objetivos da 
entrevista foram os seguintes: traçar o perfil do militar participante; identificar o 
processo utilizado pelo instrutor para montar a instrução; identificar quais foram as 
fontes de consulta utilizadas para a atividade, de onde foram obtidas e qual foi o grau 
de prioridade e importância que o instrutor atribuiu a cada uma delas; identificar as 
37 
 
dificuldades no processo de montagem da instrução; verificar como o material 
disponibilizado foi usado e se o instrutor já teve ou participou de algum adestramentoconduzido por algum centro de instrução/avaliação ou por tropas de operações 
especiais. 
As entrevistas estruturadas foram compostas por vinte e duas perguntas 
planejadas mais perguntas improvisadas no momento da atividade de acordo com as 
informações colhidas. As respostas foram gravadas em áudio e comparadas entre si 
ao final do experimento. 
 
2.4.3 Instrumentos 
 
Os instrumentos utilizados foram os seguintes: entrevista estruturada, realizada 
ao final dos procedimentos experimentais; dois modelos de questionários (precedidos 
por pré-testes); e um experimento. O principal objetivo foi mensurar, tanto de forma 
qualitativa como de quantitativa, fatores que influenciam diretamente as variáveis 
estabelecidas. Dentre os fatores considerados encontram-se: utilização e registro de 
melhores práticas; instruções ministradas por tropas de operações especiais e seus 
efeitos; utilização de publicações do EB como fonte de consulta para instruções 
militares; e experiência dos participantes em Op GLO no período compreendido entre 
2014 e 2019. 
 
2.4.3.1 Entrevista estruturada e Questionários 
 
A entrevista estruturada (apêndice G) foi o meio considerado mais apropriado 
para colher as impressões dos integrantes do Grupo C, onde os participantes puderam 
transmitir algumas impressões sobre as fontes de consulta utilizadas para uma 
instrução prevista no PPA-GLO e a influência das melhores práticas das tropas de 
operações especiais para auxiliar na preparação de uma instrução militar. 
O questionário aplicado ao Grupo A (quadros de um OM de infantaria) foi 
focado em experiências profissionais em Op GLO, utilização de fontes de consulta e 
registros de melhores práticas, influência de adestramento com tropas especiais e 
centros de adestramento/instrução e como as tropas especializadas poderiam 
transmitir seus conhecimentos para o EB. 
38 
 
Já no Grupo B (integrantes de tropas especiais), além de se verificar se os 
militares tinham experiência em Op GLO e em adestramento de tropa, buscou-se 
identificar, respeitando a doutrina, rotina e efetivo das tropas de operações especiais, 
qual e melhor maneira de se transmitir os conhecimentos acumulados em missões 
num contexto GLO para a tropa. 
Os questionários foram constituídos por perguntas fechadas e por questões 
onde solicitou-se ao participante priorizar as opções de resposta. Nas perguntas 
fechadas as opções de resposta se apresentaram aos participantes seguindo o 
escalonamento tipo Likert, cujas opções oferecidas foram as seguintes: concordo, 
concordo parcialmente, não concordo e nem discordo, discordo parcialmente, 
discordo. 
 
2.4.3.2 Pré-teste 
 
Visando verificar a perfeita compreensão dos questionários foi aplicado, no 
âmbito da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), aos grupos A e B, um pré-
teste. O efetivo utilizado correspondeu a 10% de cada grupo amostral. Retificados os 
itens necessários os questionários foram aplicados a amostra como um todo. 
 
2.4.4 Análise dos dados 
 
 A análise dos dados teve como principal objetivo contribuir com a constatação 
sobre qual hipótese melhor se aplica ao trabalho. Também buscou-se identificar 
outros dados que possam contribuir com a solução do problema levantados e 
solidificar o esforço principal da pesquisa com dados de caráter quantitativo. 
 As perguntas que exigiam a priorização de opções de respostas foram 
submetidas ao teste de significância do qui-quadrado (x2). Para o testes a frequência 
esperada (fe) foi considerada como 1/(número de opções) e a frequência observada 
(fo) igual ao número de respostas observadas para cada opção disponibilizada. 
 As hipóteses a serem testadas no teste de significância foram as seguintes: 
Ha: Não existe preferência sobre as opções disponibilizadas para resposta. 
Hb: Existe preferência sobre as opções disponibilizadas. 
 
 
39 
 
Foi utilizado o nível de significância de 5% e aplicada a fórmula de referência 
 
 
 
 
 Para a decisão foi utilizada a figura 1, estrato de uma distribuição qui-quadrado 
 
 
 
Figura 1: distribuição qui-quadrado. 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tabela_do_qui-quadrado.jpg. 
 
2.4.4.1 Análise dos dados obtidos por intermédio de questionário. 
 
 Os dados obtidos mediante questionários foram inicialmente analisados e 
submetidos aos crivos estabelecidos pelos critérios de exclusão. Em seguida foram 
tabulados no google forms, que automaticamente agrupou as respostas das questões 
em gráficos. No programa utilizado foi possível identificar todas as respostas 
individuais, sugestões dos participantes, críticas e informações complementares 
oriundas de comentários gerais. 
 Visando facilitar a interpretação das respostas dos questionários, as questões 
cujas opções de respostas utilizaram o escalonamento tipo Likert foram agrupadas da 
seguinte maneira: respostas “concordo” e “concordo parcialmente” foram agrupadas 
em um mesmo grupo que concordava com a ideia apresentada. Respostas “discordo” 
e “discordo parcialmente” foram agrupadas em um grupo que discordava da ideia 
apresentada. 
 Inicialmente um perfil básico dos participantes foi traçado por meio de 
perguntas que identificavam o posto/graduação do militar, suas experiências 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tabela_do_qui-quadrado.jpg
40 
 
profissionais, tanto em missão como em instrução, em Op GLO. Em seguida o 
questionário identificou as impressões dos participantes sobre: as fontes de consulta 
disponíveis para ministrar uma instrução visando o preparo da tropa para Op GLO, 
OM do EB que participam do processo de avaliação/adestramento de tropa no que 
tange Op GLO e metodologias para a transmissão do conhecimento. 
 As perguntas foram adaptadas de acordo com as características dos 
integrantes dos grupos A e B. Essa divisão em dois grupos permitiu verificar como a 
tropa convencional e os militares de operações especiais percebem o mesmo 
problema. 
 
2.4.4.2 Análise dos dados obtidos por intermédio de entrevista estruturada. 
 
 A comparação das respostas foi feita da seguinte maneira: se houve alguma 
diferença expressiva no perfil dos participantes que pudesse prejudicar o experimento; 
como cada militar respondeu as perguntas da entrevista; como o material distribuído 
ao grupo C2 influenciou no processo de montagem da instrução e quais as principais 
dificuldades percebidas pelos instrutores no processo de montagem da instrução no 
tocante a fontes de consulta. 
 As respostas foram colocadas em quadros a fim de que comparações fossem 
facilitadas, possibilitando a formulação de conclusões parciais sobre os dados obtidos 
em cada pergunta. 
41 
 
3 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 O presente capítulo visa relacionar a bibliografia existe sobre o assunto 
pesquisado com as variáveis selecionadas. O capítulo foi dividido em cinco partes 
onde foram analisadas: as Op GLO por meios de dados numéricos e consequências 
para o adestramento; aspectos relevantes do ambiente operacional sobre as 
operações; influência do SADLA sobre o preparo da tropa para as missões de GLO; 
a instrução militar e, por fim, a atuação da tropas de Op Esp em Op GLO e metodologia 
de aproveitamento de melhores práticas. 
 
3.1 OPERAÇÕES DE GLO 
 
 Em 09 de junho de 1999 foi publicada a lei complementar nº 97, cujo artigo 15, 
§ 4º determina que: 
Na hipótese de emprego nas condições previstas no § 3o deste artigo, após 
mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos 
operacionais das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, 
em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter 
preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das 
operações na garantia da lei e da ordem. 
 
Uma operação de GLO pode ser definida da seguinte maneira pelo manual que 
leva seu nome: 
É uma operação militar conduzida pelas Forças Armadas, de forma episódica,em área previamente estabelecida e por tempo limitado. Tem por objetivo a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio. Ocorre nas situações em que houver o esgotamento dos 
instrumentos previstos no art. 144 da Constituição ou nas que se presuma 
ser possível a perturbação da ordem.” (BRASIL, 2013, p.14) 
 
 Em 24 de agosto de 2001, o então Presidente da República Fernando Henrique 
Cardoso assinou o decreto nº 3.897. Tal decreto teve como objetivo orientar o 
planejamento, a coordenação e a execução das FA em Op GLO. Regulou, ainda, 
como o Ministério da Defesa (MD) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) 
participariam de tal tipo de operação desde então. 
 A partir de setembro de 1999, o MD iniciou o registro de todas as operações de 
GLO realizadas pelas FA. Tais registros identificam o nome da operação, o local onde 
42 
 
ocorreu, o que motivou desencadear essa operação e sua respectiva duração. A 
tabela 1 mostra a quantidade de Op GLO de acordo com a motivação que as 
desencadearam no período do entre 2004 e 2018. A coluna “pontual” indica 
operações com duração inferior a um mês e a coluna “meses de operação” indica a 
soma, em meses, da duração de todas as operações transcorridas no período 
analisado em que a tropa esteve empenhada em Op GLO motivadas pela violência 
urbana e por todos os demais motivos. 
 Cabe ressaltar que, por entendimento do MD, os registros de operações visando 
a garantia da votação foram inseridos no gráfico mesmo seguindo legislação 
específica e não ser uma Op GLO propriamente dita. O dado foi preservado nos 
gráficos que serão apresentados na pesquisa a fim de manter a fidelidade e não alterar 
os dados estatísticos extraídos das fontes de consulta. 
 Observação similar cabe à intervenção federal no estado do Rio de Janeiro. 
Embora não siga as mesmas imposições legais, o exemplo da intervenção será 
associado à Op GLO tendo em vista que muitas das atividades realizadas durante a 
intervenção federal se assemelharam a Op GLO. Tendo em vista que a pesquisa tem 
o enfoque sobre a instrução militar que visa desenvolver as capacidades requeridas 
em Op GLO e que também foram largamente aplicadas na intervenção federal ambos 
eventos serão tratados de maneira similar. 
 
Tabela 1 - Duração da Op GLO por motivação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O gráfico 02 mostra o emprego das FA em Op GLO de 2004 até 2018. Agora é 
possível observar a relação entre a quantidade de Op GLO/ano com a sua respectiva 
motivação. Por meio desse gráfico a conclusão inicial é que os grandes eventos 
motivaram o desencadeamento da maioria das Op GLO. 
Motivo 
Duração 
Pontual Meses de operação 
Violência Urbana 6 50 
GPM, GVA, 
GE e Outros 
Não violência 
urbana (VU) 
30 17 
Fonte: o autor 
 
43 
 
 
 
A seguir, o gráfico 3 mostra quais motivações, segundo classificação do MD, 
mais frequentes para desencadear Op GLO entre 2004 e 2018 em porcentagem. Em 
um primeiro momento a impressão é que as FA permaneceram mais tempo atuando 
em Op GLO visando apoiar os grandes eventos ocorridos no país. Cabe ressaltar que 
os dados apresentados até agora se referem apenas ao número de operações 
desencadeadas no período supracitado, sem levar em consideração a duração delas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22%
18%
11 %
38%
11%
Motivações para Op GLO em 
porcentagem
VU
GVA
Greve PM
Eventos
Outros
GRÁFICO 3 - Motivação para Op GLO em porcentagem 
Fonte: o autor 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Atuação das FA em Op GLO de acordo com as motivações de emprego
Violência Urbana Greve PM GVA Evento Outros Total
GRÁFICO 02 - Emprego das FA em Op GLO de 2004 a 2018 
Fonte:https://www.defesa.gov.br/exercicios-e-operacoes/garantia-da-lei-e-da-ordem 
44 
 
 
 Supondo que a duração de uma operação pontual seja de quinze dias e cada 
mês de operação durasse trinta dias o gráfico resultante de tempo em Op GLO por 
motivação seria o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ao comparar o gráfico 4 com o gráfico 3, verificou-se que, embora a maioria das 
Op GLO tenham sido motivadas por grandes eventos, a tropa esteve mais tempo em 
operações motivadas pelo esgotamento dos OSP para o combate a violência urbana 
do que por todos os outros motivos somados. Para facilitar a análise, as motivações 
relacionadas a greve da PM, Garantia da votação e apuração, grandes eventos e 
outros motivos foram classificados como “não violência urbana”. 
 O gráfico 5 indica a incidência das Op GLO motivadas por violência urbana por 
unidades da federação no período entre 2004 e 2018. 
Analisando o referido gráfico, observa-se que a violência urbana no estado do 
Rio de Janeiro motivou a permanência de tropas em Op GLO durante consideráveis 
períodos. A partir dessas informações pode-se verificar que ao levar em consideração 
as peculiaridades daquele ambiente operacional, assim como relatórios e melhores 
práticas, para o adestramento a tropa em missões nas comunidades cariocas, o 
preparo torna-se mais fiel à realidade de emprego 
 
 
37,65%
(960 dias)
62,65%
(1590 dias)
Tempo em Op GLO
Não VU
 VU
GRÁFICO 4 - Tempo em Op GLO 
Fonte: o autor 
45 
 
 
 
 
Em 24 de maio de 2002, o Estado Maior do Exército (EME) publicou a Instrução 
Provisória (IP) 85-1, Operações de Garantia da Lei e da Ordem, em substituição ao 
antigo manual de campanha C 31-16, Operações Contra Forças Irregulares em 
Ambiente Rural. Em 2010 a IP 85-1 torna-se C 85-1 com algumas modificações. A 
partir de 31 de janeiro de 2014, o MD33-M-10, Garantia da Lei e da Ordem, passa a 
ser a publicação mais atualizada do MD sobre o assunto. 
Nos referidos manuais, observa-se que o EB ainda preserva a preocupação da 
manutenção dos princípios doutrinários de combate às forças irregulares, enquanto o 
MD emite diretrizes para facilitar as operações conjuntas e detalha como devem ser 
realizados os planejamentos a fim de atender as demandas que surgem. No quadro 
5, observa-se a evolução da doutrina, ideias e conceitos acerca de operações de GLO 
de acordo com as publicações supracitadas onde pode-se perceber a mudança de 
alguns conceitos importantes que regem as atuais operações. 
As Op GLO ainda são mencionadas no Catálogo de Capacidades do Exército. 
Segundo este catálogo o EB precisa ser capaz de contribuir para a garantia da 
Soberania Nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. 
O periódico Doutrina Militar em Revista publicou, em 2013, o artigo do Coronel 
André Luiz Novaes Miranda onde dissertou sobre a necessidade de agregar as 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
PE BA RJ RO PI ES MS RN
Unidades da federação que já tiveram atuação das FA em 
Op GLO motivadas por violência urbana
Op Pt Meses
GRÁFICO 5 - Op GLO por unidades da federação. 
Fonte: o autor 
*Op Pt: operações pontuais 
46 
 
capacidades de pacificar e estabilizar às Op GLO dentro de um contexto de novas 
missões que o EB provavelmente desempenharia nos próximos anos. 
Ainda na mesma edição, a revista publicou um artigo do General de Divisão 
Mario Lucio Alves de Araújo que, entre outras coisas, traçou um pequeno paralelo 
com algumas adaptações do Exército Americano a operações similares. 
 
No âmbito dos EUA, o seu Exército, com o propósito de aumentar a 
capacidade de sua tropa em operar em consonância com esses novos 
desafios, desenvolveu uma doutrina para as chamadas “MOOTW (Military 
Operation Other Than War)”, Operações Militares de Não-Guerra, Trazendo 
para a nossa realidade, observa-se claramente que o Exército Brasileiro, ao 
longo de sua história, sempre esteve presente como ator importante nas 
Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e nas Ações Subsidiárias, 
o traço cultural do combatente brasileiro que o destaca nesse tipo. 
(MIRANDA, Doutrina Militarem Revista, 2013, p. 74). 
 
 
As MOOTW talvez sejam as operações desenvolvidas pelo exército americano 
que mais se aproximem das Op GLO no Brasil. Obviamente devem ser observadas 
as devidas proporções. As MOOTW são conduzidas em território estrangeiro e 
englobam uma noção diferente de ameaça. Cabe ressaltar que o manual MD33-M-10 
também considera as Op GLO como operações de não guerra. 
No artigo WOLOSZYN – As Forças Armadas e as Operações de GLO x 
Facções criminosas, publicado no site www.defesanet.com.br, em 07/02/2018 o autor 
coloca que a maioria dos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), 
não envolve suas FA em conflitos internos. No mesmo artigo cita os exemplos do 
México e da Colômbia, que empregaram suas FA contra os cartéis de drogas e 
narcoguerrilha ao longo de anos obtendo duvidoso êxito em suas ações. 
Após o estudo de todos esses dados, pode-se observar que o EB teve um 
incontestável aumento de seu emprego em operações de GLO. Embora esse tipo de 
operação não seja encontrado nos mesmos moldes em outros países, o EB 
desenvolveu sua doutrina de maneira particular, de acordo com as especificidades do 
ambiente operacional e cenário político no qual esteve inserido ao longo dos últimos 
anos. 
http://www.defesanet.com.br/
47 
 
Conceitos/ideias IP 85-1 (2002) C 85-1 (2010) MD33-M-10 (2014) 
Princípios das 
Op GLO 
Não definidos claramente Não definidos claramente - Razoabilidade 
- Proporcionalidade 
- Legalidade 
Ações 
desenvolvidas 
- Preventivas 
- Operativas 
- Preventivas 
- Repressivas 
- Preventivas 
- Repressivas 
Noção de êxito 
Não se restringe somente à 
neutralização, destruição do 
poder combativo ou captura 
da Força Adversa (F Adv), 
mas inclui a conquista e 
manutenção do apoio da 
população brasileira. 
Não se restringe somente à 
neutralização ou captura da Força 
Adversa (F Adv), mas inclui a 
conquista e manutenção do apoio 
da população 
Indefinido. A operação chega ao fim com o 
término do tempo inicialmente determinado 
pelo presidente da república. 
Características 
- Emprego da inteligência; 
- Dissuasão por meio da 
massa; 
- Comunicação social; 
- Limitado uso da força e 
das restrições à população; 
- Negociação a cargo de 
pessoal habilitado ou 
autorizado estranha à força 
em operação. 
- Emprego da Intlg; 
- Dissuasão; 
- Emprego da massa; 
- Comunicação social; 
-Limitado uso da força e das 
restrições à população; 
- Atuação de forma integrada; 
- Negociação feita por elementos 
habilitados e autorizados não 
pertencentes à força em operação 
- Emprego da Intlg e contra inteligência (CI) 
- Dissuasão valendo-se dos meios 
disponíveis de respeitando a progressão da 
força; 
- Comunicação social; 
-Limitado uso da força e das restrições à 
população; 
- Atuação de forma integrada; 
- Negociação poder ser praticada em todos 
os níveis táticos, cabendo orientação ao 
pessoal 
Nome dos 
agentes 
antagônicos 
Força adversa: todos os 
Segmentos que, utilizando 
Procedimentos ilegais, 
comprometem a ordem 
pública ou a ordem interna 
do país. 
Força adversa: são pessoas, grupos 
de pessoas ou organizações cuja 
atuação comprometa o pleno 
funcionamento do estado 
democrático de direito, a paz social 
e a ordem pública. 
Agente Perturbador da ordem Pública 
(APOP); são pessoas ou grupos de pessoas 
cuja atuação momentaneamente 
comprometa a preservação da ordem pública 
ou ameace a incolumidade das pessoas e do 
patrimônio. 
QUADRO 5 - Evolução da doutrina, ideias e conceitos acerca de operações de GLO. 
Fonte: o autor 
48 
 
 
Embora exista vasta produção de conhecimento sobre operações de GLO, para 
fins desta pesquisa, considera-se como mais importante identificar os principais 
indicadores que demonstrem o tipo de preparo que a tropa deve adotar para 
operações dessa natureza. Consideram-se indicadores importantes: locais onde 
houve maior emprego da tropa, frequência e se algum outro exército executa 
operações similares em seu próprio território, podendo servir de inspiração para a 
tropa brasileira aprimorar o seu preparo. 
 
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE OPERACIONAL. 
 
 Conforme visto no gráfico 5, a maioria das Op GLO onde o EB esteve inserido 
nos últimos anos ocorreram no estado do Rio de Janeiro. Embora não haja um registro 
detalhado de onde se deu cada operação, pode-se deduzir que boa parte dessas 
operações se desenvolveram no interior das favelas cariocas. Segundo a nota escolar 
Operações Militares em Ambiente Urbano, da Escola de Comando e Estado Maior do 
Exército (ECEME) a definição de favela, sob a óptica militar, é a seguinte: 
 
 
Área de favela – Área típica das grandes cidades brasileiras e de vários 
países de baixo desenvolvimento econômico. Tem por característica o 
crescimento desordenado de construções baixas, conhecidas como 
barracos, de material frágil e variado. Praticamente não possui ruas e sim 
passagens estreitas entre os barracos, o que torna a região um emaranhado 
caótico de casas e vielas. Em algumas cidades localiza-se em morros, em 
outras nas periferias. (Escola de Comando e Estado Maior do Exército, 
BRASIL, 2011, Pg. 2-4). 
 
 
 BRASIL (2014), divide o ambiente operacional terrestre em três dimensões: 
humana, física e informacional, conforme ilustrado na figura 2. Tal divisão será 
utilizada como referência para a análise do ambiente operacional. 
 
 
49 
 
 
2 EB20-MC-10.213 Operações de informação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.1 Dimensão Humana 
 
Segundo BRASIL (2014)2 “A dimensão humana compreende os elementos 
relacionados às estruturas sociais, seus comportamentos e interesses, normalmente 
geradores do conflito.” Observaremos, a seguir, uma breve exposição sobre a 
influência histórica nas favelas, seus principais atores e as consequências desses 
fatores para o preparo da tropa. 
 
 
3.2.1.1 Breve histórico das organizações criminosas no Estado do Rio de Janeiro 
 
Em 13 de março de 1967, durante o governo militar, a Lei de Segurança Nacional 
(LSN), redigida, incialmente, em 1935, teve seu texto atualizado, vindo a embasar a 
prisão de indivíduos que, na interpretação daquele momento histórico, ameaçavam o 
regime vigente. Dentre os encarcerados, encontravam-se cidadãos com aguçada 
formação político-ideológica, aperfeiçoada durante anos em países estrangeiros e 
enriquecida com vasta literatura. De maneira geral eram pessoas inteligentes, com 
bom senso de organização. 
Boa parte dos presos enquadrados na LSN foram encarcerados no presídio de 
Cândido Mendes, em Ilha Grande/RJ, assim como outros presidiários condenados por 
crimes comuns. Muitos autores colocam esse fato como o embrião da maior 
organização criminosa do Brasil, o Comando Vermelho. “[..] a instalação do crime 
FIGURA 2 – As dimensões do Ambiente Operacional Terrestre 
Fonte: BRASIL, 2014, p.15 
50 
 
 
organizado no Brasil, cujo marco é a fundação do Comando Vermelho, nos porões do 
presídio da Ilha Grande.” (AMORIN, Pg 24, 2004). Outros mitigam o fato dessa 
convivência ser a principal fonte da causa. “Com eles aprendemos bastante, mas nem 
tanto quanto como escrevem por aí [..]” (VIEIRA, 2007, Pg 54). 
De fato, em Cândido Mendes, surgiu uma organização de presidiários. 
Inicialmente a denominada Falange Vermelha (“Falange” devido ao prédio em que 
ocupavam e “vermelha” devido a cor do carimbo que marcava a ficha dos condenados 
pela LSN). Inicialmente a organização visava a melhoria das condições de vida dos 
presidiários. A fim de angariar fundos para essas melhorias foi criado um “caixinha”, 
onde todo presidiário deveria contribuir financeiramente. 
Ainda segundo Vieira, essa atividade aparentemente simples ganhou muita 
importância na prisão. Os fundos arrecadados, que incialmente eram gastos em 
comida e reformas, passaram a financiar fugas. Os foragidos assumiam o 
compromisso de contribuir com a arrecadação de fundos de fora da prisão. O principal 
meio,

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