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RESENHA TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS PARA EMPRESAS

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RESENHA TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS PARA EMPRESAS
Assunto cada vez mais em alta atualmente, a sustentabilidade, de acordo com Guedes (2017), está diretamente ligada a atividades e ações que visam suprir as necessidades dos seres humanos, por meio do desenvolvimento material e econômico, sem causar danos ao meio ambiente. Os recursos naturais são utilizados com consciência, garantindo que as gerações futuras os tenham sem que as atuais precisem abrir mão deles.
Neste cenário, aumentaram-se também as discussões referentes a qual é o papel das empresas nesse contexto. Surgiu-se assim, o termo sustentabilidade empresarial que, segundo Oliveira (2019), é um conjunto de ações e políticas que têm como objetivo o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da sociedade. Assim, o intuito da empresa deve ser o de crescer e atuar de maneira consciente, adotando práticas que reduzem impactos negativos, desde as operações internas até o produto final.
Para atingir tal intuito, as empresas vêm implementando técnicas e comportamentos que possibilitem que a organização desenvolva um melhor relacionamento com o ambiente e com a sociedade, incluindo seus próprios stakeholders.
Uma dessas tendências consiste no conceito de “Empresa humanizada”, também denominada “Capitalismo consciente”. De acordo com Raj Sisodia, David B. Wolfe e Jag Sheth, autores do livro Empresas Humanizadas – Pessoas, Propósito e Performance, Chamamos de empresas humanizadas as companhias que se esforçam por meio de suas palavras e ações para serem benquistas por todos os seus principais stakeholders – clientes, funcionários, fornecedores, comunidade e acionistas – alinhando os interesses de todos de tal forma que nenhum grupo de stakeholders ganhe em detrimento de outros; preferivelmente, todos prosperam juntos. Essas são empresas que ampliaram seu propósito para além da criação de riqueza para os acionistas, atuando como agentes para um bem maior. Vemos essas empresas não como discrepantes, mas como a vanguarda de uma corrente principal de negócios. (ESPAÑA, 2020)
A filosofia das empresas humanizadas pode ser descrita, segundo Andrade (2018), especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, através dos seguintes valores:
· Colaboração: Equipe em sintonia, que traz melhores resultados sem perder a competição – que faz parte do ser humano.
· Liderança Humanizada: Chefe se transforma em um líder e sempre motiva a equipe, em busca de um ambiente harmônico.
· Aprendizado com o erro: Integrantes da equipe sabem reconhecer seus próprios erros e analisam o problema.
· Inteligência Emocional: Equipe consegue usar os sentimentos e inseguranças a seu favor, com o apoio do líder
· Felicidade no trabalho: Funcionário trabalha com um propósito, tem qualidade de vida e se sente “em casa” no ambiente corporativo.
Como informado por Júlio (2019), na revista Época Negócios, a pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil divulgada em 2019, durante o “Capitalismo Consciente Latin-American Conference 2019”, apresentou 22 companhias que podem ser consideradas Empresas Humanizadas, com base em três critérios: geração de valor financeiro, sustentabilidade e bem-estar social.
Essas empresas são: Hospital Israelita Albert Einstein, Bancoob, O Boticário, Braile Biomédica, Cacau Show, Cielo, ClearSale, Elo7, Fazenda da Toca Orgânicos, Johnson & Johnson, Jacto, Klabin, Malwee, Mercos, Multiplus, Natura, Raccoon, Reserva, Tetra Pak, Unidas, Unilever e Venturus.
Outra tendência forte nesse contexto diz respeito ao Pacto Global. A ideia central desse pacto consiste no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. (ESTRATÉGIA ODS, 2019)
Os 17 objetivos são: Erradicação da Pobreza; Fome Zero e Agricultura Sustentável; Saúde e Bem Estar; Educação de Qualidade; Igualdade de Gênero; Água Potável e Saneamento; Energia Acessível e Limpa; Trabalho Decente e Crescimento Econômico; Indústria Inovação e Infraestrutura; Redução das Desigualdades; Cidades e Comunidades Sustentáveis; Consumo e Produção Responsáveis; Ação Contra a Mudança Global do Clima; Vida na Água; Vida Terrestre; Paz, Justiça e Instituições Eficazes; Parcerias e Meios de Implementação. (PACTO GLOBAL REDE BRASIL, 2019)
Segundo a Fundação Instituto de Administração (2020), pode-se dizer que os ODS representam o acordo mais ambicioso para o desenvolvimento sustentável que os líderes mundiais já fizeram. Isso porque ele integra todos os três principais aspectos do desenvolvimento sustentável: social, econômico e ambiental. Além disso, os ODS exigem o compromisso e a colaboração tanto da sociedade civil quanto dos setores público e privado para um mundo mais igualitário e habitável.
Dentre as empresas que tem adotado essa tendência, pode-se citar, por exemplo, a Fiat Chrysler Automóveis Brasil (FCA). A companhia acredita que os ODS exercem uma grande influência ao sugerir prioridades de investimento, não só social, mas também no desenvolvimento de produtos, serviços e no relacionamento com os colaboradores e o meio ambiente. Assim, as ações de uma empresa tendem a se somar aos esforços de outras empresas, governos e sociedade civil, em temas que realmente são importantes e que podem melhorar a sociedade em que vivemos. (GALVÃO, 2017)
Outra empresa que pode ser citada é a Coca-Cola Brasil. O diretor de sustentabilidade e valor econômico, Pedro Massa, explicou que para alcançar a escala de ambição da ONU é necessária uma parceria global de execução. Essa mobilização deve envolver governos, setor privado, sociedade civil, entre outros atores. Segundo Massa, as grandes empresas terão um papel-chave no cumprimento dos ODS, tanto pela alta escala de abrangência, quanto pela capacidade de buscar soluções inovadoras e investimentos em pesquisa. (GALVÃO, 2017)
	Além disso, mais uma tendência que vem ganhando destaque nesse cenário é a Design Thinking. De acordo com Woebcken (2019), esse termo é utilizado para se referir ao processo de pensamento crítico e criativo, possibilitando a organização de ideias de modo a estimular tomadas de decisão e a busca por conhecimento. Não se trata de um método específico, mas sim de uma forma de abordagem. 
Em outras palavras, o design thinking não traz uma fórmula específica para sua implantação. Em vez disso, ele cria as condições necessárias para maximizar a geração de insights e a aplicação prática deles. A ideia é que o processo seja realizado de forma coletiva e colaborativa, de modo a reunir o máximo de perspectivas diferentes. (WOEBCKEN, 2019)
Suas aplicações são variadas. Nas empresas, é comum utilizar a abordagem para encontrar soluções para os mais diversos problemas, independentemente de sua natureza ou magnitude. A partir das diferentes perspectivas já citadas, é possível alcançar um entendimento mais completo do problema. (WOEBCKEN, 2019)
O processo de design thinking, segundo Carvalho (2020), geralmente é feito em grupo e dividido em fases, que podem ser sete, cinco ou quatro. Para a d.school, o Instituto de Design de Stanford, são cinco:
· Criar empatia ou compreender: Entender quais são as necessidades das pessoas envolvidas no problema (consumidores, funcionários etc), do que precisam, do que gostam, o que querem.
· Definir: A partir daquela pesquisa, delimitar qual é o problema, o que precisa ser resolvido ou criado.
· Idear: É a fase de brainstorm, em que as ideias e sugestões devem fluir sem censura, sem medo de errar.
· Prototipar: Escolher uma ou algumas ideias (aqui é que costumam entrar os post-its, que ajudam o grupo a organizar e selecionar as ideias mais recorrentes ou mais interessantes) e criar protótipos.
· Testar: Hora de experimentar os protótipos e escolher o que faça mais sentido.
Como exemplo de empresas que adotaram o Design Thinking, pode-se citar aNatura. A partir de entrevistas com consumidores e colaboradores, a empresa conseguiu identificar diversas percepções diferentes sobre seus produtos e serviços. A partir desenvolveu um processo criativo que alterou diversos de seus elementos, desde as informações nas embalagens até sua identidade visual. (WOEBCKEN, 2019)
Outro grande exemplo, é a Netflix. A empresa tem na personalização de conteúdo um de seus principais diferenciais e, por isso, precisa buscar constantemente formas de otimizar esse elemento. Naturalmente, os dados coletados e armazenados pelo seu algoritmo tornam o processo bem mais fácil. A partir de sua análise, os diretores da marca norteiam sua estratégia. Dessa forma, conteúdos como séries, filmes e documentários são lançados somente após um intenso período de imersão nas características do público e da identificação de padrões da audiência. Assim, a Netflix garante que, quando lançados, seus conteúdos contarão com maior aceitação do público consumidor. (WOEBCKEN, 2019)
	Sendo assim, pode-se inferir que praticar a sustentabilidade empresarial é crucial para criar uma imagem positiva da empresa perante o consumidor e ganhar vantagem competitiva. Afinal, os consumidores estão cada vez mais exigentes na compra de seus produtos, e um dos critérios levados em conta nessa hora por eles é a sustentabilidade das mercadorias. Sendo assim, para não ficar atrás da concorrência, adotar a sustentabilidade empresarial deve ser uma prioridade.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Susanne. Empresas Humanizadas. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/empresas-humanizadas/>. Acesso em: 30 ago. 2020
CARVALHO, Rafael. Design thinking: entenda o que é e como aplicar. Disponível em: <https://www.napratica.org.br/design-thinking-o-que-como-funciona/>. Acesso em: 30 ago. 2020
ESPAÑA, Danilo. As 11 características das Empresas Humanizadas. Disponível em: <https://exame.com/blog/o-que-te-motiva/as-11-caracteristicas-das-empresas-humanizadas/>. Acesso em: 30 ago. 2020
ESTRATÉGIA ODS. O que são os ODS? Disponível em: <http://estrategiaods.org.br/o-que-sao-os-ods/>. Acesso em: 30 ago. 2020
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS]: o que são e importância. Disponível em: <https://fia.com.br/blog/ods/>. Acesso em: 30 ago. 2020
GALVÃO, Desirêe. As empresas brasileiras conhecem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável? Disponível em: <https://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/06/empresas-brasileiras-conhecem-os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel.html>. Acesso em: 30 ago. 2020
GUEDES, Hana Phaula. Qual a importância da sustentabilidade para o mundo? Disponível em: <https://www.mundoisopor.com.br/sustentabilidade/qual-a-importancia-da-sustentabilidade-para-o-mundo#:~:text=Para%20as%20empresas%2C%20a%20sustentabilidade%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20somente,produtos%2C%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20aos%20custos%20diretos%2C%20por%20exemplo.>. Acesso em: 30 ago. 2020
JÚLIO, Rennan A. As 22 empresas mais humanizadas do Brasil. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/03/22-empresas-mais-humanizadas-do-brasil.html>. Acesso em: 30 ago. 2020
OLIVEIRA, Carlos. Sustentabilidade empresarial: o que é e benefícios. Disponível em: <https://www.sbcoaching.com.br/blog/sustentabilidade-empresarial/>. Acesso em: 30 ago. 2020
PACTO GLOBAL REDE BRASIL. ODS. Disponível em: <https://www.pactoglobal.org.br/ods>. Acesso em: 30 ago. 2020.
WOEBCKEN, Cayo. Design Thinking: uma forma inovadora de pensar e resolver problemas. Disponível em: <https://rockcontent.com/br/blog/design-thinking/>. Acesso em: 30 ago. 2020.

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