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FUNDAMENTOS DE FARMACOTÉCNICA Keline Lang Formas farmacêuticas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Classificar as formas farmacêuticas líquidas. Identificar diferentes formas farmacêuticas semissólidas. Explicar as formas farmacêuticas sólidas. Introdução O desenvolvimento de uma formulação requer conhecimento sobre as características físicas, químicas, físico-químicas e biológicas dos fármacos a serem utilizados, assim como dos excipientes que serão utilizados. A partir daí, vem a escolha da forma farmacêutica mais apropriada para essa formulação, levando em conta também as características do paciente e o objetivo da formulação. Neste capítulo, você vai estudar a classificação das formas farmacêu- ticas líquidas, identificar as diferentes formas farmacêuticas semissólidas e entender as formas farmacêuticas sólidas. Classificar as formas farmacêuticas líquidas As formas farmacêuticas líquidas são preparações que utilizam um veículo farmacêutico (parte líquida da fórmula, em que serão dissolvidos ou dispersos o fármaco e os outros componentes da formulação) que pode ser aquoso, solvente orgânico ou uma mistura de meio aquoso com solvente orgânico. O fármaco utilizado pode estar completamente solúvel nesse veículo ou fi car suspenso, se for insolúvel no meio, ou até mesmo ser incorporado em uma das fases de uma emulsão de óleo em água (O/A) ou de água em óleo (A/O), conforme Allen Jr. (2016). Vejamos as diferentes formas farmacêuticas líquidas existentes. Solução A solução é uma preparação líquida que contém uma ou mais substâncias dis- solvidas em um solvente ou uma mistura de solventes miscíveis (USP 41, 2018). Veja as definições de miscível e imiscível, conforme Thompson e Davidow (2013): Miscível: quando dois líquidos são solúveis um no outro, em todas as proporções. Por exemplo: água e álcool; óleo de oliva e óleo de semente de algodão. Imiscível: quando dois líquidos são solúveis, porém de forma imperceptível, entre um e outro. Ou seja, são visivelmente insolúveis. Por exemplo: água e óleo mineral; álcool e óleo mineral. A solução pode ser classificada conforme a via de administração, como: solução oral; solução auricular; solução nasal; solução oftálmica; solução tópica; solução parenteral. Com relação ao uso e à composição, a solução ainda pode ser classificada como: Xarope: é uma forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta vis- cosidade, que apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não se destina ao consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos autorizados. Formas farmacêuticas2 Xarope também é um termo utilizado para descrever uma preparação líquida de uso oral, edulcorada (sabor doce) e viscosa, podendo ser uma suspensão, conforme Thompson e Davidow (2013). Elixir: é uma preparação farmacêutica líquida, límpida, hidroalcoólica, de sabor adocicado, agradável, apresentando teor alcoólico na faixa de 20% a 50%. Espírito: é uma forma farmacêutica líquida alcoólica ou hidroalco- ólica, contendo princípios aromáticos ou medicamentosos, podendo ser classificado como simples ou composto. Os espíritos são obtidos pela dissolução de substâncias aromáticas em etanol, geralmente na proporção de 5% (p/v). Água aromática: é uma solução aquosa clara saturada de óleos voláteis ou outras substâncias aromáticas ou voláteis. Deve-se armazenar em recipiente fechado e protegido da luz para retardar a evaporação dos componentes voláteis. Extrato fluido: é uma preparação líquida obtida de drogas vegetais ou animais por extração com líquido apropriado ou por dissolução do extrato seco correspondente, em que, exceto quando indicado de maneira diferente, uma parte do extrato, em massa ou volume, corresponde a uma parte, em massa, da droga seca utilizada na sua preparação. Se necessário, os extratos fluídos podem ser padronizados em termos de concentração do solvente ou teor de constituintes ou de resíduo seco. Se necessário, podem ser adicionados conservantes inibidores do crescimento microbiano. Deve apresentar teor de princípios ativos e resíduos secos descritos nas respectivas monografias. Tintura: é uma preparação alcoólica ou hidroalcoólica resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos. É classificada em simples e composta, conforme seja pre- parada com uma ou mais matérias-primas. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples correspondem a 1 g de droga seca. Injetável: é uma preparação estéril destinada à administração parenteral. Apresenta-se como solução, suspensão ou emulsão. 3Formas farmacêuticas Suspensão É uma forma farmacêutica líquida em que o fármaco não está dissolvido, mas, sim, disperso em um veículo. Além disso, a administração dessa sus- pensão é oral. O fármaco é defi nido como fase dispersa, o veículo como fase dispersante, e esse conjunto é denominado sistema disperso, conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). As partículas tendem a se depositar no fundo do recipiente, ou, se o veículo for oleoso, as partículas podem subir, se a densidade das partículas for menor do que a do veículo. Sendo assim, para que a dose administrada seja uniforme, deve ser realizada uma agitação moderada do recipiente, e essa informação deve estar no rótulo do medicamento, de acordo com Thompson e Davidow (2013). Entenda a palavra “dispersão”: a suspensão é uma forma farmacêutica líquida em que o fármaco está disperso em uma fase líquida (veículo). Dependendo do tamanho da partícula dispersa, é possível classificar a preparação farmacêutica em solução verdadeira, solução coloidal ou sistema disperso. Solução verdadeira: as dimensões das partículas são menores do que 1,0 nm. As partículas são completamente solúveis no solvente. Solução coloidal: as dimensões das partículas são de 1,0 nm a 0,5 μm. Por exemplo: aerossol, espuma, gel. Sistema disperso: as dimensões das partículas são de 0,5 a 50 μm. Sendo que, entre 0,5 e 10 μm, enquadram-se os magmas e os géis, e entre 10 e 50 μm estão as emulsões e as suspensões, segundo os autores Thompson e Davidow (2013) e Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Há diversas discussões sobre a classificação e suas nomenclaturas. Vejamos abaixo as tradicionais, que precisam ser de conhecimento do farmacêutico, segundo Thompson e Davidow (2013). Leite: é um termo tradicional utilizado para algumas suspensões aquo- sas orais, em que o sólido está geralmente disperso em um composto inorgânico branco, fazendo com que a suspensão seja da cor branca. Magma: é um termo antigo utilizado para suspensões de sólidos inorgâ- nicos com forte afinidade para hidratação, que resulta em uma suspensão com propriedade reológica (deformação e escoamento) semelhante a Formas farmacêuticas4 um gel, além de ser tixotrópica (alteração da viscosidade, do estado do gel para sol ou sol para gel — a viscosidade diminui quando é agitado). As suspensões podem ser classificadas conforme a via de administração em: suspensão oral; suspensão tópica; suspensão nasal; suspensão retal; suspensão oftálmica; suspensão auricular; suspensão injetável. Emulsão A emulsão é uma dispersão cuja fase dispersa é composta por gotículas de um líquido, na presença de um veículo, conhecido como meio dispersante, no qual é imiscível. A fase dispersa é conhecida como fase interna, e o meio dispersante caracteriza a fase externa ou contínua. Quando a fase interna é oleosa e a fase externa é aquosa, a emulsão é chamada de óleo em água (O/A). Quando a fase interna é aquosa e a fase externa é oleosa, a emulsão é água em óleo (A/O). As emulsões O/A podem ser diluídas em água ou em soluções aquosas, e as emulsões A/O, em algum líquido oleoso,conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Como a emulsão é formada por duas fases que são imiscíveis, é necessário utilizar um emulsificante. O emulsificante é um surfactante que se concentra entre as duas fases imiscíveis, reduzindo a tensão interfacial entre elas. Ele formará uma barreira ao redor das gotículas, prevenindo a coalescência (fusão) entre elas e, consequentemente, a separação de fases, pois a fusão em gotí- culas maiores dificultaria a emulsificação. Alguns emulsificantes aumentam a viscosidade do sistema e, com isso, dificultam a agregação das gotículas, reduzindo a velocidade de cremagem (movimentação das partículas da fase interna para a fase externa da emulsão), segundo Thompson e Davidow (2013). Na Figura 1 a seguir, veja as estruturas de uma emulsão água em óleo (A/O) e de uma emulsão óleo em água (O/A). 5Formas farmacêuticas Figura 1. Estrutura de uma emulsão: a) água em óleo (A/O); b) óleo em água (O/A). Fonte: Adaptada de Oliveira et al. (2004). Água Óleo As emulsões classificadas na forma farmacêutica líquida são: Loção: é uma forma farmacêutica líquida emulsionada. Ou seja, são substâncias líquidas imiscíveis no veículo, na presença de um emulsifi- cante. Geralmente, os veículos são aquosos. A aplicação do medicamento é externa sobre a pele, conforme Thompson e Davidow (2013). Linimento: é uma emulsão oleosa ou alcoólica composta por várias substâncias com ação farmacológica. A via de administração é externa e, geralmente, é necessária a fricção, conforme apontam Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). A viscosidade das emulsões pode variar conforme os componentes da formulação, podendo estar na forma líquida ou semissólida. Se a emulsão for líquida, as vias de ad- ministração mais comuns são via oral, tópica ou parenteral. Se a emulsão for semissólida, normalmente, a administração será tópica, conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Formas farmacêuticas6 As diferentes formas farmacêuticas semissólidas As preparações farmacêuticas semissólidas podem ser divididas em: pomadas, cremes, géis, pastas e colódios. Pomadas São preparações semissólidas para administração externa na pele e nas mu- cosas. As indústrias farmacêuticas utilizam a forma farmacêutica pomada apenas para pomadas oleaginosas, conforme apontam Thompson e Davidow (2013). Conforme a USP 41 (2018), uma forma farmacêutica pomada geralmente contém menos de 20% de água e voláteis e mais de 50% de hidrocarbonetos, ceras e polióis como veículo. Exemplo: pomada de nistatina (antifúngico). Conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013), a base dessas pomadas, quando ainda não foi incorporado o fármaco, pode ser classificada em quatro grupos: 1. Bases de hidrocarbonetos: são bases oleosas, que não contêm água. As preparações aquosas só podem ser incorporadas nesse tipo de base em pequenas quantidades. Têm como características: efeito emoliente, permanência prolongada na pele, evita a perda de umidade da pele para o ambiente, é de difícil remoção, age como curativo oclusivo (fechado), não sofre ressecamento e nem envelhecimento perceptível. Exemplos: vaselina, óleo mineral. 2. Bases de absorção: são bases emolientes, com menor grau de oclusão em relação às bases de hidrocarbonetos. Também não são facilmente removíveis na lavagem. É possível incorporar uma solução aquosa contendo o fármaco em uma base de absorção; depois, essa mistura pode ser incorporada à uma base oleosa (hidrocarbonetos). Podem ser de dois tipos: ■ Bases que permitem a incorporação de soluções aquosas, formando emulsão de água em óleo. Exemplo: petrolato hidrófilo e lanolina anidra. ■ Bases que já são emulsões de água em óleo e que permitem apenas a incorporação de pequenas quantidades de soluções aquosas. Exemplo: lanolina, cold cream. 3. Base removível com água: são emulsões óleo em água (O/A) que são facilmente removíveis de roupas e da pele com água. São as chama- das pomadas “laváveis em água”. São bases com a presença de lauril 7Formas farmacêuticas sulfato de sódio como agente emulsificante, além do álcool estearílico e a vaselina branca, como a fase oleosa. A fase aquosa é a água e o propilenoglicol. 4. Base hidrossolúvel: são bases contendo apenas substâncias hidrossolú- veis (solúveis em água). Considerando que perdem a viscosidade com a adição de soluções aquosas, acabam não sendo utilizadas quando o fármaco deve ser incorporado a uma solução aquosa. Sendo assim, essa base é utilizada para incorporar componentes sólidos ou não aquosos. Exemplo: pomada de polietilenoglicol. Cremes São emulsões semissólidas do tipo óleo em água (O/A) ou água em óleo (A/O). Conforme a USP 41 (2018), a forma farmacêutica creme contém mais de 20% de água e menos de 50% de hidrocarbonetos, ceras ou polióis como veículo. A aplicação, geralmente, é externa, na pele ou em mucosas. Possuem uma consistência leve e de fácil espalhabilidade. Os cremes podem ser descritos como laváveis ou não laváveis. O creme será lavável quando a fase contínua (externa) for aquosa (O/A), sendo, portanto, mais facilmente removido com água, e não será lavável quando a fase externa for oleosa (A/O), conforme Thompson e Davidow (2013). Exemplos: creme de nistatina (antifúngico que pode ser em creme ou pomada, dependendo da área em que será aplicado). Géis Os géis são sistemas semissólidos constituído de uma dispersão de molé- culas grandes ou pequenas em um veículo líquido, que confere ao produto uma consistência semelhante à gelatina, devido à ação de substâncias como a carboximetilcelulose, segundo Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Essas substâncias são os agentes gelifi cantes, que fornecem consistência a uma solução ou dispersão coloidal. Podem ser tixotrópicos, ou seja, têm a forma semissólida em repouso e tornam-se menos viscosos na agitação. Embora sejam comumente baseados em água, os géis podem ser produzidos em meio alcoólico e oleoso (USP 41, 2018). A administração do gel pode ser externa (pele e mucosa), oral, ocular ou vaginal. Exemplos: gel de hidroquinona (clareador de pele), gel de peróxido de bezoíla (tratamento de acne). Formas farmacêuticas8 Pastas As pastas diferem das pomadas por conterem maior percentual de material sólido e, com isso, são mais fi rmes e espessas. Essa alta percentagem de sólidos torna o produto mais absorvente e menos gorduroso do que as pomadas prepa- radas com os mesmos componentes, de acordo com Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Contêm de 20 a 50% de sólidos fi namente dispersos em um veículo graxo. A pasta é aplicada em áreas externas, pele e mucosa (USP 41, 2018). Devido às suas características de consistência e absorção, as pastas per- manecem no local da aplicação com pouca tendência de amolecimento ou de escorrer. Com isso, são utilizadas para absorver secreções serosas do local da aplicação, sendo preferíveis, em relação à pomada, em lesões que formam crostas, vesículas ou exsudação (liberação de líquido orgânico pela pele). Porém, não são adequadas para aplicação em regiões pilosas do corpo, devido à rigidez e à impermeabilidade, conforme apontam Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Exemplo: pasta de óxido de zinco (protetor, adstringente). Colódios Os colódios são tradicionalmente considerados soluções, porém, devido à consistência bastante viscosa, podem ser classifi cados como preparações semissólidas, conforme apontam Thompson e Davidow (2013). Possuem em sua composição a piroxilina, que é um produto da degradação da celulose, dissolvida em álcool e éter, com ou sem fármacos. São altamente voláteis e infl amáveis, portanto, devem ser mantidos em recipientes bem fechados e em temperatura que não ultrapasse 30°C. São destinados ao uso externo, aplicados com o auxílio de um pincel. O solvente vai evaporar, deixando um fi no resíduo de piroxilina, que é uma camada protetora oclusiva. Na presença de um fármaco, esse colódio formará uma fi na camada do fármaco sobre a pele, conforme Allen Jr., Popoviche Ansel (2013). Exemplo: colódio de ácido salicílico (queratolítico — para calos e verrugas). As formas farmacêuticas sólidas As formas farmacêuticas sólidas se destinam, principalmente, à administração oral. São fáceis de serem administradas pelos pacientes, salvo crianças e idosos. As formas sólidas são mais estáveis do que as demais formas farmacêuticas, sendo, portanto, preferidas no caso da utilização de fármacos pouco estáveis. 9Formas farmacêuticas As formas farmacêuticas sólidas podem ser do tipo: pós, grânulos, cápsulas, comprimidos, pastilhas, pellets e pílulas. Pós O termo “pó” traz duas conotações na área da Farmácia. Uma delas está rela- cionada com a forma física das matérias-primas utilizadas, sendo substâncias secas constituídas de partículas fi namente divididas e que podem ser utilizadas na composição de medicamentos em todas as formas farmacêuticas: sólidas, semissólidas e líquidas. Porém, aqui estamos falando de forma farmacêutica, que é, portanto, a outra defi nição de pó. Com isso, enquanto forma farmacêutica sólida, o pó é uma mistura seca de fármaco e diversas outras substâncias, fi namente divididas, de uso interno (pó oral) ou externo (pó tópico), conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Os pós para uso externo são normalmente polvilhados na pele ou aplicados em bandagens ou roupas. Os pós para uso interno podem ser aplicados nas mucosas acessíveis ou são aspirados para aplicação no nariz ou pulmões. Há preparações em que o pó deve ser misturado em um veículo para ser admi- nistrado via oral (USP 41, 2018). Grânulos São aglomerados de partículas menores. Geralmente, têm forma irregular e se comportam como partículas maiores. Na sua composição pode ter vários fármacos. É comum os grânulos serem reconstituídos em água, formando uma suspensão para administração imediata (USP 41, 2018). Também é comum granulados efervescentes, que são compostos por bicarbonato de sódio, ácido cítrico e ácido tartárico, que, em presença de água, resultam em efervescência. Esse tipo de preparação farmacêutica é utilizada quando se pretende mascarar o sabor desagradável do fármaco. Os grânulos podem ser preparados por granulação via seca ou úmida. Pela via seca, é realizada a compactação e, em seguida, a passagem em um equipamento chamado granulador, que vai formar os grânulos, no tamanho uniforme desejável. Também podem ser comprimidos em uma máquina com- pressora (que produz comprimidos) e granulados em um granulador. No caso da granulação úmida, o pó ou a mistura de pós é molhado, seco em estufa e, em seguida, granulado em um granulador, conforme apontam Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Os grânulos, muitas vezes, são utilizados na produ- Formas farmacêuticas10 ção de comprimidos, uma vez que os grânulos auxiliam na fluidez do pó, no processo de compressão dos comprimidos. Comprimidos Os comprimidos são formas farmacêuticas sólidas que, normalmente, possuem na sua composição adjuvantes farmacêuticos. Podem variar em tamanho, peso, forma, dureza e espessura, além de variar as características de dissolução, desin- tegração e outras, de acordo com a fi nalidade de uso e o método de fabricação, segundo Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). A mistura de pós é comprimida em um equipamento chamado compressora. Ou seja, há uma pressão exercida pelos punções do equipamento, dando forma aos comprimidos, na dosagem correta. A maioria dos comprimidos são administrados por via oral, mas é possível a administração sublingual, bucal, vaginal e retal. Sendo assim, há comprimidos que, obrigatoriamente, precisam ser deglutidos, outros são mastigáveis, e há os que são efervescentes. É possível produzir comprimidos com múltiplas camadas, o que pode modular a liberação do fármaco ou separar substâncias farmacologicamente incompatíveis. Além disso, os comprimidos podem ser revestidos por uma variedade de materiais e técnicas, o que pode proporcionar: mascaramento do sabor do comprimido; modificação da aparência do comprimido; proteção do(s) fármaco(s) à fotólise (degradação ocasionada pela luz); liberação entérica, no caso de fármacos que são mais bem absorvidos no intestino ou que sofrem degradação na presença de ácido gástrico (estô- mago), ou até mesmo quando o medicamento pode irritar o estômago; liberação modificada (retardada, prolongada, sustentada, repetida e controlada); Quando não for realizada nenhuma modificação na taxa de liberação das substâncias presentes nos comprimidos, o comprimido é de liberação imediata, conforme definem Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Cápsulas As cápsulas são formas farmacêuticas sólidas que contêm um ou mais fárma- cos e excipientes dentro de um pequeno invólucro de gelatina dura ou mole, segundo Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Esse invólucro é, geralmente, 11Formas farmacêuticas gelatina, mas também pode ser constituído por polímero de celulose (amido) ou outras substâncias (USP 41, 2018). As cápsulas duras são as mais utilizadas. Elas são produzidas em duas partes, o corpo e a tampa (menor). As duas partes se sobrepõem, sendo que a tampa se ajusta à extremidade do corpo, conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). As cápsulas moles são formadas de uma película de gelatina, contendo glicerina ou um álcool polihídrico, como o sorbitol, o que torna a gelatina elástica. Elas podem ser de vários formatos: oblongas, elípticas ou esféricas. Além disso, podem conter líquidos, suspensões, produto pastosos ou pós. Nesse tipo de formulação, geralmente, é feita a produção da cápsula ao mesmo tempo em que ela é preenchida com o fármaco e, finalmente, lacrada, ainda conforme Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Veja na Figura 2 exemplos de cápsula dura e cápsula mole. Figura 2. a) Cápsula dura aberta; b) cápsula dura fechada; c) cápsula mole. Fonte: Adaptada de Charless; Martin Spurny; Romariolen/Shutterstock.com. COLÁGENO (a) (b) (c) Formas farmacêuticas12 Assim como os comprimidos, as cápsulas podem ser de liberação modifi- cada, e a via de administração nem sempre é oral, podendo ser vaginal ou retal. Pastilhas As pastilhas são formas farmacêuticas sólidas destinadas a se dissolverem ou desintegrarem lentamente na boca, para efeito localizado, ou seja, irritações locais, infeções de boca e garganta. Podem também ter na sua composição um fármaco que seja de absorção sistêmica após a deglutição. Além do fármaco, há fl avorizante, aglutinante (mucilagem ou goma) e açúcar como base, de acordo com Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). Pellets Os pellets são uma forma farmacêutica sólida composta de pequenas partículas, praticamente esféricas. São administrados via oral ou injetável (intradérmicos ou subcutâneos — implantados). Dentre as vantagens da utilização de pellets, está a separação física de componentes incompatíveis física e quimicamente, além de permitir a liberação modifi cada, uma vez que os pellets podem ser revestidos ou constituídos de diferentes insumos, assim como ocorre com os comprimidos. Os pellets podem ser implantados, principalmente no caso de hormônios, o que permite um tratamento efi caz prolongado por meses ou anos, já que os pellets permitem uma liberação prolongada do fármaco (USP 41, 2018). Pílulas São formas farmacêuticas sólidas pequenas e arredondadas, de administração oral. Foram praticamente substituídas pelos comprimidos e cápsulas, portanto, são pouco utilizadas nos dias atuais (USP 41, 2018). 13Formas farmacêuticas 1. As características físicas do fármaco e dos excipientes, assim como as suas interações físico- químicas, determinam a forma farmacêutica do medicamento. Sendo assim, responda: qual é a forma farmacêutica em que o fármaco fica completamente solúvel no meio em que se encontra? a) Solução. b) Gel. c) Creme. d) Suspensão. e) Emulsão. 2. Os componentes das fórmulas para as preparações farmacêuticas variam conforme a forma farmacêutica. Sendo assim, qual é a forma farmacêuticasólida em que a base da formulação é, obrigatoriamente, o açúcar? a) Pó. b) Pellet. c) Cápsula. d) Comprimido. e) Pastilha. 3. Forma farmacêutica é o estado final que as substâncias ativas apresentam depois de serem submetidas às operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado. Com isso, responda: qual é a forma farmacêutica em que há uma grande quantidade de sólidos dispersos em um veículo oleoso? a) Pasta. b) Leite. c) Creme. d) Pomada. e) Xarope. 4. A forma farmacêutica sólida é a forma mais prática e utilizada pelos pacientes, com exceção de crianças e idosos, devido à dificuldade de deglutição. Devido à grande utilização, pode ser encontrada em pó, grânulo, comprimido, cápsula, pellet, pastilha e pílula. Sendo assim, responda: qual é a semelhança entre as formas farmacêuticas comprimido, cápsula e pellets, além de todas serem sólidas? a) O pó é comprimido antes de ser transformado na forma desejada. b) O pó é formado por pequenas partículas praticamente esféricas. c) A liberação pode ser prolongada e retardada. d) A administração pode ser retal. e) São partículas compactadas, pequenas e arredondadas. 5. A solução é uma preparação líquida que contêm uma ou mais substâncias dissolvidas em um solvente ou uma mistura de solventes miscíveis. Como é denominada uma preparação líquida obtida de drogas vegetais ou animais por extração com líquido apropriado ou por dissolução do extrato seco correspondente? a) Elixir. b) Espírito. c) Água aromática. d) Extrato fluido. e) Tintura. Formas farmacêuticas14 ALLEN JR, L. V. Introdução à farmácia de Remigton. Porto Alegre: Artmed, 2016. ALLEN JR, L. V., POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de Fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. OLIVEIRA, A. G. et al. Microemulsões: estrutura e aplicações como sistema de liberação de fármacos. Química Nova, v. 27, n.1, p. 131–138, 2004. THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medica- mentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. cap. 37. USP 41. The United States Pharmacopeia. Rockville: The United States Pharmacopeial Convention, 2018. 5. v. Leitura recomendada BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 5. ed. Brasília, DF: Anvisa, 2010. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/ documents/33832/260079/5%C2%AA+edi%C3%A7%C3%A3o+-+Volume+1/4c530f86- fe83-4c4a-b907-6a96b5c2d2fc>. Acesso em: 15 jan. 2019. 15Formas farmacêuticas Conteúdo:
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