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4 UNIDADE DESENVOLVIMENTO Humano

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Desenvolvimento 
Humano e Social
1ª edição
2017
Desenvolvimento 
Humano e Social
3
4Unidade 4
Globalização, Cultura de Massa 
e Indústria Cultural
Para iniciar seus estudos
O século XX foi marcado pela aceleração do crescimento populacio-
nal e produtivo, o que fez com que a pressão sobre os recursos naturais 
aumentasse na mesma escala. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), a população aumentou de 17,4 para 
169,6 milhões de pessoas entre os anos de 1900 e 2000. O crescimento 
da população em nível mundial acompanhou as mesmas proporções. É 
nesse contexto que vamos iniciar o estudo desta unidade.
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o fenômeno da globalização, sua importância e seus 
impactos para a humanidade e para os ecossistemas terrestres, 
ressaltando nuances, características e a forma como esse fenô-
meno configurou as bases da cultura de massa através da expan-
são do consumo. 
4
Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
4.1 O processo de globalização 
Desde a década de 1970, vem ocorrendo um processo sem precedentes na história das sociedades humanas: o 
fenômeno da globalização. Esse fenômeno é caracterizado pela necessidade de se pensar nas relações sociais 
(culturais, produtivas, econômicas, políticas, históricas e geográficas) em escala mundial. 
A globalização é facilmente percebida através de um dos seus aspectos principais, que é o desenvolvimento 
acelerado dos meios de comunicação. Você já percebeu a velocidade com que as informações chegam até nós? 
Notícias sobre fatos e acontecimentos, mesmo os que tenham ocorrido há milhares de quilômetros de distância, 
estão disponíveis quase instantaneamente.
É por conta de características como essa que o fenômeno da globalização se torna fundamental para uma com-
preensão mais precisa de todos os processos que temos vivido durante as últimas décadas. Ela contribui, ainda, 
para pautarmos nossas inciativas de acordo com as possibilidades reais acerca do mundo no qual habitamos.
Podemos entender o processo de globalização como uma consequência do desenvolvi-
mento do capitalismo enquanto modo de produção. Pense que, agora mesmo, um cidadão 
chinês pode estar investindo em ações de empresas que operam no Brasil. A interligação 
política, econômica e cultural pode ser vista, nesse sentido, como resultado direto da mun-
dialização do capital. 
Na maioria das vezes que ouvimos falar de globalização, ocorre um fato curioso: a menção ao conceito é muitas 
vezes acompanhada de uma propaganda que remete ao intercâmbio cultural proporcionado pelo processo. Por 
outro lado, pouquíssimas vezes, de fato, tal conceito é associado a problemas, o que gera uma visão ingênua 
sobre o fenômeno.
Na verdade, a globalização não ocorre da mesma maneira entre nações, países e culturas distintas. Pelo contrá-
rio, o processo que temos vivenciado ultimamente pauta-se muito mais pela exportação de um modo de rela-
cionar-se com o mundo – notadamente, o modo de vida característico das sociedades ocidentais. Assim, longe 
de apresentar-se como um fenômeno de mão dupla, em que culturas e sociedades influenciam-se e deixam-se 
influenciar livremente, a globalização parece ser a grande responsável por desmantelar os modos de vida tradi-
cionais de várias partes do mundo em crescimento. 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Figura 4.1 – Todos conectados!
Legenda: A imagem representa um resultado da globalização. Nela estão diversas 
pessoas reunidas em um único local, utilizando computadores, celulares e tablets.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Sem dúvida, as nações mais ricas são as principais beneficiárias do fenômeno da globalização, pois, ao tratarem 
de expandir seus modos de vida, expandem também os mercados consumidores de suas principais empresas. 
Dessa forma, gigantescas corporações transnacionais instalam-se em países nos quais leis trabalhistas frouxas 
permitem que seu lucro cresça exponencialmente através da exploração da mão de obra da população local.
[...] a globalização do capitalismo implica sempre e necessariamente o desenvolvimento desigual, 
contraditório e combinado. “Desigual”, devido aos desníveis e às irregularidades na realização 
das forças produtivas e das relações de produção. “Contraditório”, porque leva consigo tensões e 
atritos entre os subsistemas econômicos nacionais e regionais, enquanto províncias do sistema 
econômico global. E “combinado”, já que, a despeito das desigualdades de todos os tipos e das 
contradições também múltiplas, desenvolve-se em geral alguma forma de acomodação, asso-
ciação, subordinação ou integração, nas quais os pólos dominantes ou mais dinâmicos subordi-
nam, orientam ou administram os “emergentes”. (IANNI, 1998, p. 28-29).
Entretanto, é preciso ressaltar que o fenômeno da globalização proporcionou uma grande transformação téc-
nico-científica e, por isso, ganhou ares de revolução. Essa transformação foi responsável por tornar produtos 
como computadores pessoais e smartphones, entre outros, acessíveis à grande parcela da população mundial. 
Esses artefatos aparecem de modo recorrente em nosso cotidiano, contribuindo para o aumento da velocidade 
da troca de informações, como destacamos anteriormente.
Algumas das contrapartidas oferecidas pelos estudiosos entusiastas do fenômeno da globalização dizem res-
peito à necessidade de distinguir a emergência de mercados potencialmente sustentáveis durante seu desen-
volvimento. Segundo essa perspectiva, a globalização não deve ser compreendida apenas como um processo 
homogeneizador e unidimensional. Orientam-se, em vista disso, para uma compreensão sobre a existência de 
múltiplas lógicas da vigência atual do capitalismo.
Essas lógicas, que apontam para as várias dimensões do fenômeno da globalização, destacam que o processo resul-
tou também em uma crescente disputa mercadológica que o conecta diretamente aos objetivos da sustentabilidade. 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Assim, as empresas que disputam um lugar no mercado global percebem cada vez mais a necessidade de aumentar a 
qualidade dos produtos e incorporar responsabilidades socioambientais dentro dos processos produtivos.
A globalização, portanto, relaciona-se diretamente com a chamada Terceira Revolução Industrial, ou ainda, Revo-
lução Técnico-Científica-Informacional. No mais, o crescente uso da tecnologia em todas as atividades humanas 
proporcionou também o aparecimento de novas formas de organização do trabalho: 
A Terceira Revolução Industrial imprime a marca da exclusão, na qual a força de trabalho é dicoto-
mizada em trabalhadores centrais e periféricos, desempregados e excluídos, dividindo também a 
parcela de apreensão do conhecimento e a utilização de tecnologias, gerando relações desiguais 
de poder pelo saber e pelo controle econômico, colocando no topo da escala os empregados 
das grandes empresas, seguidos dos trabalhadores do setor informal, cujo trabalho é precário e 
parcial. No extremo inferior da escala estão os desempregados, muitos dos quais não mais conse-
guirão voltar ao mercado de trabalho. (MEDEIROS; ROCHA, 2004, p. 400).
É importante frisar que o uso da ciência e da tecnologia não pode ser entendido como neutro. Tendo em vista que 
a tecnologia é sempre uma ferramenta desenvolvida em um contexto sociocultural, ela recebe influências e incen-
tivos de diversos setores da sociedade, principalmente os mais interessados na rentabilidade do seu desenvolvi-
mento. Isso quer dizer que o desenvolvimento tecnológico é formado por variantes históricas, políticas e culturais.
Nesse sentido, a tecnologia e a ciência devem ser pensadas como elementos de uma sociedade que reconheceinúmeras relações de poder e diversos interesses econômicos e ideologias. Tal perspectiva desmonta a tese de 
que o desenvolvimento tecnológico poderia, essencialmente, conduzir a humanidade ao progresso e à harmo-
nia. Castells (2000), em diálogo com essa abordagem, argumenta que é preciso controlar a tecnologia e, com 
isso, evitar ser controlado por ela:
[...] embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua 
falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as socie-
dades, sempre em um processo conflituoso decidem dar ao seu potencial tecnológico. (CAS-
TELLS, 2000, p. 26).
Segundo Castells (2000), os avanços da tecnologia da informação representam um novo paradigma que tem 
como uma de suas características o fato de as próprias tecnologias atuarem sobre o processo de informação, o 
que significa que as tecnologias se apresentam como verdadeiras matérias-primas para o percurso da informa-
ção. Antes disso, verificava-se uma inclinação ao pensamento de que a informação existia como matéria-prima 
para o desenvolvimento de novas tecnologias. 
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o fenômeno da globalização e seus desdobra-
mentos para a prática científica, leia o texto do sociólogo brasileiro Otávio Ianni, “Globa-
lização: Novo paradigma das ciências sociais”, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141994000200009>. 
Uma quantidade infinita de informação está presente na vida das pessoas, o que nos leva a crer que o desen-
volvimento individual e coletivo está diretamente subordinado aos modelos tecnológicos vigentes, como ocorre 
com o crescimento exponencial das redes interativas de computadores, no qual criam-se novas modalidades de 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
informação e novos canais de comunicação. Esse processo, por sua vez, acaba moldando a vida das pessoas e 
sendo moldado por elas (CASTELLS, 2000). Sobre esse aspecto, o autor registra:
Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação remodelando a base 
material da sociedade em ritmo acelerado. Economias por todo o mundo passaram a manter a 
interdependência global, apresentando uma nova forma de relação entre economia, Estado e a 
sociedade em um sistema de geometria variável... (CASTELLS, 2000, p. 21).
A globalização caracteriza-se, pois, por mudanças radicais no modo de produção e no padrão de consumo esti-
muladas pela interdependência financeira e pela integração comercial. Nesse processo, destacam-se o contínuo 
crescimento dos sistemas de telecomunicações e a degradação ambiental provocada pela privatização dos recursos 
naturais. Portanto, seus efeitos se estendem às dimensões ambientais, políticas, culturais e econômicas, tornando 
possível afirmar que os impactos da globalização são sentidos em praticamente todos os domínios da vida. 
Tente imaginar o cotidiano da vida das pessoas próximas a você há cerca de cem anos atrás. No Brasil dessa época, a 
maioria da população habitava nas áreas rurais, longe dos centros urbanos. Nessas regiões, não haviam supermer-
cados, padarias, restaurantes etc. Então, como as pessoas se alimentavam? Simples: através do plantio de espécies 
vegetais, da criação de animais e das trocas informais de alimentos realizadas entre as comunidades vizinhas. 
Você concorda que esses modos de produzir os alimentos reforçavam a necessidade de relacionar-se com os 
ecossistemas diariamente? Pois é, no mundo globalizado a maior parte das pessoas não precisa participar da pro-
dução dos próprios alimentos que consome. Nas cidades, os alimentos estão disponíveis no supermercado, ou 
em outros estabelecimentos comerciais, desde que oferecida a contrapartida necessária para obtê-lo: o dinheiro.
Você pode estar pensando que, então, o modo de vida urbano é resultado direto do desenvolvimento do pensa-
mento moderno que, entre outras coisas, separou o homem da natureza. Podemos dizer que sim, mas não é só 
isso. O modo de produção moderno transformou profundamente a qualidade do ar, os ecossistemas terrestres e 
os hábitos alimentares, alterando inclusive a composição dos solos, o valor nutricional dos alimentos e os regimes 
climáticos do planeta.
Figura 4.2 – Cuidar do planeta.
Legenda: A imagem representa diversas pessoas que, com ações cotidianas, visam o cuidado e preservação do planeta.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Com seu início simbolicamente representado na década de 1970, a globalização encontra-se em um estágio 
avançado de seu próprio desenvolvimento. Entretanto, apesar das visões contrastantes sobre o seu legado e do 
aumento significativo da produção total de bens e serviços, não é possível afirmar que esse aumento promoveu 
melhorias qualitativas na vida das populações envolvidas nesse processo. Nos próximos tópicos, apresentaremos 
a você uma reflexão sobre a produção em massa dos bens culturais. Fique atento! 
 4.2 Cultura e comunicação de massa
Para compreendermos corretamente o significado de cultura de massa, vamos utilizar um exemplo bastante 
simples e com o qual nos deparamos quase que diariamente: a música sertaneja! Imagine se você tivesse nascido 
no sudeste brasileiro na primeira metade do século XX, mais ou menos no ano de 1940. Você provavelmente teria 
crescido em um ambiente rural, sem televisão e sem computador. 
As festividades locais eram geralmente associadas aos feriados cristãos e contavam com a participação de violei-
ros e repentistas. Nesse meio, alguns desses músicos e artistas de improviso se destacavam e gozavam de grande 
reputação. Os ritmos e os estilos desses violeiros e repentistas acabaram por delimitar o que se conhecia como 
música caipira ou música sertaneja, uma vez que remetia diretamente ao estilo de vida tradicional das popula-
ções que produziram esse estilo musical.
Figura 4.3 – Estilo de vida tradicional.
Legenda: A imagem representa um estilo de vida tradicional, com preservação das raízes.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Naquela época, ainda eram raros os músicos profissionais, a gravação de discos, a composição de arranjos em 
estúdio, os instrumentos elétricos etc. Assim, os músicos que mais se destacavam nos circuitos violeiros foram os 
primeiros a gravar discos, registrando muito do estilo de vida nas roças. As canções versavam sobre a natureza e 
sobre causos interessantes, que poderiam envolver, ainda, a temática do amor. 
Quase 80 anos depois, a música sertaneja mudou bastante, resultado da mudança ocorrida também no ambiente 
rural. O campo se modernizou e a agricultura depende cada vez mais da tecnologia e cada vez menos do trabalho 
humano. Como a maioria da população vive nas cidades, muitas temáticas das modas caipiras, dos repentes e 
dos cururus de improviso foram substituídas por significantes modernos, como os carros de luxo, as redes sociais, 
as baladas etc., que são significantes da vida urbana, da cultura ocidental, que se impõem também através da 
nova música sertaneja. 
O impacto desses sistemas de comunicação tem sido estarrecedor. Em países com infraestru-
tura de comunicações bem desenvolvidas, os lares e escritórios hoje têm várias conexões com 
o mundo externo, incluindo telefones (tanto linhas fixas quanto celulares), televisão digital, por 
satélite e a cabo, correio eletrônico e internet. A internet emergiu como o instrumento de comu-
nicação de crescimento mais rápido já desenvolvido. (GIDDENS, 2012, p. 104)
O caminho que estamos percorrendo nessa unidade nos levará a perceber mais de perto esse processo de trans-
formação da cultura em bens culturais massificados.Destacaremos, principalmente, a perversidade desse pro-
cesso que, por vezes, faz desaparecer culturas importantes e contribui para a padronização das relações humanas 
através do consumo de massa, substituindo as solidariedades locais: 
A reconciliação do universal e do particular, da regra e da pretensão específica do objeto, que é a 
única coisa que pode dar substância ao estilo, é vazia, porque não chega mais a haver uma tensão 
entre os pólos: os extremos que se tocam passaram a uma turva identidade, o universal pode 
substituir o particular e vice-versa. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 122).
Como vimos, o processo de globalização revela uma tentativa de continuidade e expansão do modo de vida 
que corresponde ao da sociedade ocidental, dado que as características da globalização remetem às estratégias 
pensadas na direção da revalorização da ideologia e cultura ocidental. Vale relembrar a valorização da informa-
ção nesse processo, em especial dos meios de comunicação, que emergem com o poder de formar e influenciar 
opiniões, além de disseminarem as ideias e valores que aportam o próprio processo da globalização:
A internet emergiu como o instrumento de comunicação de crescimento mais rápido já desen-
volvido – por volta de 140 milhões de pessoas ao redor do mundo usavam a internet em 1998, e 
estima-se que mais de um bilhão de pessoas a usava em 2007. (GIDDENS, 2012, p. 104).
Desse processo de formação e de influência, nasce o que podemos caracterizar como a massa social contem-
porânea. A massa social corresponde a uma população heterogênea, mas que se homogeiniza aos olhos das 
instituições sociais. Ou seja, a massa social corresponde a um conjunto indistinto de indivíduos que são tratados 
como potenciais consumidores. 
A sociedade do consumo é consequência direta do desenvolvimento industrial e do pro-
cesso de globalização do capitalismo. É marcada, portanto, pela necessidade e pelo con-
sumo excessivo de mercadorias e demais serviços. Assim, caracteriza-se pelo condiciona-
mento da opinião pública, pela passividade do consumidor e pela uniformização dos gostos. 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
A dominação e a opressão exercidas pelas estruturas sociais se dão a partir de uma ideologia que é potenciali-
zada pelas ações publicitárias e pelos bens culturais para consumo de massa. Assim, os estímulos que os seres 
humanos recebem lentamente vão se transformar em valores que, ao revelarem-se no corpo social, são perce-
bidos como verdadeiros e inabaláveis. Para Adorno e Horkheimer (1985), esses estímulos fazem parte de uma 
estrutura psicológica maliciosamente projetada para manter os seres humanos em estado de submissão.
Figura 4.4 – A diversidade de informações. 
Legenda: A imagem representa a quantidade de informações que são distribuídas em diferentes canais de comunicação.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Resumindo, cultura de massa trata diretamente das expressões culturais que são produzidas com o objetivo de 
atrair a maioria da população. Ou seja, elas têm inclinação comercial na medida em que tal objetivo se realiza na 
produção de mercadorias para o consumo. Por isso, os produtos da cultura de massa são padronizados e homo-
geneizados para que sejam atraentes para a maioria dos cidadãos e cidadãs consumidores.
[...] a sociedade burguesa […] desenvolveu, em seu processo, o indivíduo. Contra a vontade de seus 
senhores, a técnica transformou os homens de crianças em pessoas. Mas cada um desses progres-
sos da individuação se fez à custa da individualidade em cujo nome tinha lugar, e deles nada sobrou 
senão a decisão de perseguir apenas os fins privados. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.145)
Na visão de Adorno e Horkheimer (1985), portanto, ocorre um empobrecimento da vida humana ocasionado 
pelos fenômenos de comunicação em massa. Conforme destacamos no tópico anterior, a homogeneização cul-
tural é ruim para a experiência humana de modo geral, pois, entre outros aspectos, constrange a humanidade a 
nutrir-se dos mesmos significados. 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Figura 4.5 – Consumo de produtos.
Legenda: A imagem representa, a partir de um corredor de supermercado, os produtos a serem consumidos.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Logo, considerando que a cultura vai além da satisfação da necessidade, o incentivo ao consumo como neces-
sidade corrompe a cultura criando um ciclo vicioso de consumo e de inserção social por esses mecanismos. Os 
meios de comunicação não cansam de oferecer-nos o pensamento da liberdade individual, pelo qual o sujeito se 
satisfaz apenas pelo consumo de determinados artefatos. Dessa maneira, cria-se a ilusão do sujeito consumidor, 
que está preso em um ciclo de consumo no qual precisa cada vez mais consumir para sentir-se satisfeito.
4.3 Indústria Cultural
O filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) foi um dos primeiros pensadores a considerar a massificação 
da cultura. Para ele, o fato de a arte alcançar diversas pessoas devia ser encarado como positivo. Ou seja, Benja-
min apostava em uma democratização da arte. A possibilidade de realizar cópias de obras de arte e de artefatos 
culturais seria, para o autor, a possibilidade de conscientizar mais pessoas sobre a existência de tais expressões.
A fotografia, por exemplo, possibilitou que se observasse uma obra de arte exposta em um museu sem que o 
observador tivesse a necessidade de deslocar-se até o local. A mesma coisa vale para o cinema. O desenvolvi-
mento tecnológico poderia, ainda, levar a mais e mais pessoas as ferramentas necessárias para as produções 
artísticas e para as manifestações culturais. O computador seria uma dessas ferramentas que garantiriam uma 
abertura para o mundo global.
Além disso, a popularização da tecnologia proporcionou que muitos artistas cuidassem das suas próprias produ-
ções independentemente, em estúdios improvisados. É importante ressaltar que Benjamin não viveu o mundo 
globalizado, mas seu pensamento oferece uma contrapartida aos críticos da cultura de massa.
Nesta seção, trataremos da indústria cultural na era da globalização, que se refere aos bens culturais produzidos 
em grande escala. A chamada Escola de Frankfurt, composta por estudiosos da teoria social, desenvolveu grandes 
estudos sobre o tema da cultura de massa. Veremos, em seguida, os principais temas desenvolvidos por essa escola 
12
Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Figura 4.6 – A indistinção da massa.
Legenda: A imagem, com diversas pessoas circulando pelo centro da cidade, representa a indistinção da massa.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Já sabemos conceituar a cultura, tanto material quanto imaterial, e já estudamos as principais correntes do 
pensamento antropológico que se debruçaram sobre as manifestações culturais. Mas, afinal, o que quer dizer 
indústria cultural? Segundo Costa (2010, p. 156), “[...] dá-se o nome de indústria à produção em grande escala, 
resultante do trabalho de muitos operários e de máquinas, ocupados em uma atividade planejada e controlada”.
De sua parte, a Indústria Cultural apropria-se de um número de artefatos culturais para transformá-los em cul-
tura de massa. Assim, as músicas, os seriados, os filmes, os desenhos animados e os demais programas televisi-
vos, bem como a gastronomia, a moda, os esportes coletivos e os radicais, são capturados e transformados em 
bens de consumo. Os meios de comunicação (rádio, televisão e internet) são os maiores parceiros do desenvol-
vimento da Indústria Cultural e da consequente disseminação da cultura de massa. Ou seja, tais veículos têm 
atuação decisiva no processo de homogeneização e padronização cultural.
A indústria cultural funciona, portanto, como uma instituiçãosocial, competindo diretamente 
com outras instituições como família, religião, partidos políticos. Devido à sua abrangência, à 
expansão do mercado cultural, ela irá deslocar duas instâncias importantes da vida social: a cul-
tura popular e a arte. (ORTIZ, 2002, p. 24).
Há pouco tempo atrás, aconteceu, em uma das estações do metrô de São Paulo, um fato que causou polêmica. 
Uma jovem branca vestindo um turbante foi abordada por outras jovens que a acusavam de apropriar-se da 
cultura negra através do uso do turbante, denunciando essa prática como despreocupada com o passado escra-
vocrata e com a atual situação de negro na sociedade brasileira. Tal polêmica tomou conta das redes sociais por 
alguns dias. 
Suponhamos que as duas posições tenham argumentos suficientes para convencer-nos de seu ponto de vista 
específico: as jovens que acusavam a garota branca de apropriar-se da cultura negra e a jovem branca que se 
defendeu das acusações. Como esse acontecimento se relaciona com nosso aprendizado nesta disciplina?
O turbante, enquanto vestimenta, passou a ser produzido industrialmente! Nesse sentido, podemos concordar 
que é uma apropriação cultural e que pode ser usado por uma população indistinta, pois está disponível para ser 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
comprado em algumas lojas. Repare que as condições materiais, no caso o turbante, é, no mínimo, possível de ser 
adquirido! Por isso, essa trata-se de uma reflexão infraestrutural acerca da sociedade. 
Até o século XIX, predominava, na relação entre arte e bens culturais industrializados, uma tensão que lhes opu-
nha e diferenciava categoricamente. Com a emergência de uma cultura massificada, o mundo da arte começa 
a perder sua autonomia e acaba sendo capturado e reorganizado pelos interesses do mercado, como bem pon-
tuaram nossos colegas da Escola de Frankfurt. Significa, portanto, que se passou a produzir cultura e arte com a 
finalidade do lucro.
A ideologia fica cindida entre a fotografia de uma vida estupidamente monótona e a mentira 
nua e crua sobre o seu sentido, que não chega a ser proferida, é verdade, mas, apenas sugerida, e 
inculcada nas pessoas. Para demonstrar a divindade do real, a indústria cultural limita-se a repeti-
-lo cinicamente. Uma prova fotológica como essa, na verdade, não é rigorosa, mas é avassaladora. 
Quem ainda duvida do poderio da monotonia não passa de um tolo. (ADORNO; HORKHEIMER, 
1985, p. 138).
Segundo Ortiz (2002), a emergência da indústria cultural em países em desenvolvimento como o Brasil e Argen-
tina, para uma perspectiva sul-americana, redefine completamente a noção de cultura popular. Esse fenômeno 
dialoga diretamente como os estudos de Adorno e Horkheimer sobre a constituição da cultura de massa no 
mundo globalizado, revelando seu caráter empobrecedor e homogeneizante.
Figura 4.7 – Infelicidade e depressão.
Legenda: A imagem apresenta um homem visivelmente insatisfeito, 
representando a infelicidade e depressão causadas pelas ações do dia a dia.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Indústria Cultural é, portanto, um conceito utilizado para compreender como, hoje em dia, se produz cultura a 
partir da lógica de uma empresa capitalista. Ou seja, como passou-se a produzir industrialmente a arte popular 
visando ao lucro sobre tal produção. O resultado desse processo é o aparecimento de diversos padrões pelos 
quais as expressões culturais e artísticas encontram-se condicionadas. Assim, a indústria cultural, ou processo 
de reificação, é responsável por transformar bens culturais em bens de consumo. 
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Desenvolvimento Humano e Social | Unidade 4 - Globalização, Cultura de Massa e Indústria Cultural
Reificação é o processo pelo qual uma realidade social, abstrata ou subjetiva, que essencial-
mente possui uma natureza dinâmica, tende a apresentar-se como um objeto fixo e passivo, 
sem autonomia ou autoconsciência. 
Glossário
Como destacamos anteriormente, nesse processo de transformação de bens culturais em bens de consumo, 
três elementos merecem destaque: a fabricação de valores, desejos e vontades para a população; o consumidor 
alienado dentro de um ciclo vicioso de conformismo; e a resultante insatisfação e infelicidade do sujeito que é 
capturado pelo discurso e pelos significados veiculados através da indústria cultural.
O conceito de sociedade do consumo é bastante representativo de toda esta unidade. Há um bom tempo deixa-
mos de fazer parte da produção de praticamente tudo o que consumimos. Nas próximas unidades, vamos fazer 
um exercício para olhar mais de perto questões da estrutura social da sociedade brasileira e ocidental, como: 
instituições sociais, a estrutura social, os movimentos sociais e as características da sociedade contemporânea, a 
sociedade de controle. Até breve!
15
Considerações finais
Nesta unidade, tivemos contato com vários conceitos do universo das Ciên-
cias Sociais. Aprendemos sobre o processo de globalização e sobre seus 
impactos sobre as culturas tradicionais. Além disso, construímos um enten-
dimento acerca dos conceitos de cultura de massa, comunicação de massa 
e indústria cultural. Vamos rever certos aspectos do nosso percurso:
• A globalização do capitalismo inclina-se à exportação da cultura e 
do modo de vida característico à sociedade ocidental;
• A cultura de massa é a apropriação e transformação de expres-
sões culturais localizadas em produtos ou bens de consumo;
• A Indústria Cultural caracteriza-se por operar a transformação dos 
bens culturais em objetos vendáveis e lucrativos para a expecta-
tiva de crescimento do mercado internacional;
• Esses conceitos estão assentados sobre a sociedade do consumo, 
em que os seres humanos alcançam o estatuto de cidadãos na 
medida em que conseguem participar e contribuir com a econo-
mia capitalista.
Referências bibliográficas
16
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Trad. Guido 
Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.
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