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Regime Disciplinar Diferenciado

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1 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: NECESSIDADE DE EXISTÊNCIA OU 
CRUELDADE DA PENA? 
 
CAMILA MIRANDA DE OLIVEIRA – RA: 8255899 
ISABELLA EDUARDA MATTES NARDI – RA: 7366230 
LETÍCIA RODRIGUES SANTOS – RA: 7713860 
MARCELO BARBOSA ALVES DOS SANTOS – RA: 7538359 
SABRINA LERI DE SOUZA – RA: 7714589 
 
 
 
 
 
 
São Paulo - SP 
2020 
 
 
 
2 
 
SÚMARIO 
 
 
 INTRODUÇÃO AO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO ............................. 3 
CARACTERÍSTICAS DO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO .................... 4 
TIPO DE REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO .............................................. 5 
DA JURISPRUDENCIA RELATIVA À INCLUSÃO NO REGIME DISCIPLINAR 
DIFERENCIADO ................................................................................................... 6 
ALTERAÇÕES NO RD COM A CRIAÇÃO DO PACOTE ANTICRIME ................ 12 
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 14 
REFERÊNCIA ..................................................................................................... 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
I - INTRODUÇÃO AO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO 
 
Desde 2003, com a necessidade de assegurar a ordem e ainda a disciplina 
do sistema prisional, principalmente após as inúmeras rebeliões que vinham 
acontecendo no Estado de São Paulo, com destaque para a maior delas que 
ocorreu no município de Taubaté, surgiu a Resolução SAP-26, de 04/05/2001, a 
qual instituiu o Regime Disciplinar Diferenciado. 
O Regime Disciplinar Diferenciado, que está previsto no artigo 53, inciso V 
da Lei de Execução Penal, tem como característica o isolamento celular do preso 
provisório ou condenado, neste sentido, o preso que estiver submetido a este 
regime, tem sua comunicação restrita ao mundo exterior, ou seja, trata-se de um 
conjunto de regras mais rígidas do sistema penitenciário, que parte da premissa 
que este isolamento colocaria ordem ao mesmo e por este motivo, o Regime em 
questão é direcionado aos presos que representam alta periculosidade e também 
os que comandam as organizações criminosas, associações criminosas ou 
milícias, tendo influencia dentro e fora da unidade prisional e podendo causar 
desordem. 
O regime disciplinar diferenciado pode ser aplicado como sanção 
disciplinar aos presos provisórios ou condenados, nacionais e estrangeiros, por 
força de decisão judicial, que será aplicada no caso do preso ter cometido falta 
grave, sem que isso sem que isso cause prejuízo à sanção final, conforme diz o 
disposto no artigo 52 da Lei de Execução Penal, 
Lembrando que, no sistema brasileiro penal temos dois tipos de presos, o 
condenado que sofre pena após a sentença penal condenatória e cumpre 
reclusão ou detenção. E os provisórios, são os que sofrem a pena antes da 
sentença penal condenatória, são os que estão em prisão preventiva ou 
cautelares, antes da sentença definitiva. Os dois poderão ser submetidos ao 
regime disciplinar diferenciado. 
 
 
 
4 
 
Para que alguém seja submetido ao RDD, o sujeito deve praticar um crime 
doloso que constitui falta grave e essa falta traga uma subversão da ordem e 
disciplina do estabelecimento do sistema prisional. 
Não deve ser confundido o regime disciplinar diferenciado com a execução 
penal. O RDD, não é uma forma de cumprimento da pena (regime aberto, 
semiaberto e fechado, como estabelecido no Código de Processo Penal), é 
apenas uma espécie de sanção mais drástica sendo aplicada pelo juiz com base 
no princípio da última ratio e, portanto, de apenas extrema necessidade para a 
resolução dos fatos. 
Assim, podemos dizer que o RDD diferencia da execução de cumprimento 
da pena, porque este está previsto no Código de Processo Penal, e o Regime 
Disciplinar Diferenciado foi introduzido pela Lei de Execução Penal (Lei 
10.792/2013). 
 
II - CARACTERÍSTICAS DO REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: 
 
Esclarecido o fato de que Regime Disciplinar Diferenciado trata-se de uma 
sanção disciplinar e não de um Regime de Cumprimento de Pena, conforme os 
taxados no Art. 33 do Código Penal, e dadas todas as características explanadas 
acima, podemos dizer que na atualidade, o RDD é a sanção disciplinar mais 
rigorosa que pode ser aplicada a um preso, e que essa deve ser utilizada 
somente em casos extremos, como no caso de prática de crime doloso, que 
causa subversão da ordem e/ou disciplina interna. 
 
 O Regime Disciplinar Diferenciado tem suas características pautadas nos 
incisos I, II e III do artigo 53 da Lei nº. 7.210 /84, conforme observa-se abaixo: 
 
"Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui 
falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina 
internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo 
da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as 
seguintes características: 
 
 
 
 
5 
 
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo 
de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, 
até o limite de um sexto da pena aplicada; 
 
II - recolhimento em cela individual; 
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, 
com duração de duas horas; 
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para 
banho de sol ". 
 
Dadas as características acima, é importante ainda destacar que o Regime 
Disciplinar diferenciado, só poderá ser aplicado mediante sentença proferida pelo 
Juiz. 
 Sendo assim, caberá ao Diretor da unidade penitenciária elaborar o 
requerimento, visto que neste caso, o magistrado jamais poderá agir de ofício. 
 Importante destacar, que ainda acerca do requerimento e aplicação do 
RDD, que O Ministério Público também é parte legítima, mesmo não havendo de 
ser autoridade administrativa, isso porque, o art. 68, II –A da Lei de Execuções 
Penais diz que ao Ministério Público compete providencias necessárias ao 
cumprimento do processo executivo. 
 
III – TIPOS DE REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: 
 
 A partir dos conceitos já abordados, podemos dizer que o Regime 
Disciplinar Diferenciado nada mais é que um conjunto de regras rígidas que pode 
orientar o cumprimento da pena podendo ser aplicado tanto ao preso preventivo 
quanto ao preso condenado, caso este incida em falta grave que ocasione 
subversão da ordem ou da disciplina no ambiente penitenciário, podendo gerar 
grande risco ao sistema como um todo. 
 Sendo assim, é importante ainda que diferenciemos o Regime Disciplinar 
Diferenciado em Punitivo e Cautelar, conforme iremos conduzir abaixo: 
 
a) Regime Disciplinar Diferenciado Punitivo: 
Conforme o próprio nome sugestiona, está ligado ao cometimento de falta 
grave, considerada um crime doloso por parte de um preso que implique 
 
 
 
6 
 
em subversão da ordem, que coloque em risco o próprio estabelecimento 
prisional, ou a sociedade. Ou seja, um crime que desestabilize a unidade 
penitenciária, a ponto de causar fugas, mortes, ou que ponha em risco a 
sociedade como um todo. 
Por força de sua natureza, para que seja seguido este procedimento é 
respeitada a natureza do direito à defesa (art. 59), de requerimento 
circunstanciado da autoridade competente (art. 54, par. 1o), de 
manifestação do Ministério Público e da defesa (art. 54, par. 2o), e, por fim 
de decisão fundamentada do juiz competente (art. 54, caput). 
 
b) Regime Disciplinar Diferenciado Cautelar, 
 
O caso em questão ocorre, quando o preso por si só, represente grave 
ameaça à sociedade, sendo este considerado de alta periculosidade ou 
quando haja fundadas evidências de que este indivíduo esteja ligado à 
organizações criminosas. 
 
O RDD cautelar, também por força de sua própria natureza, também está 
diretamente ligado ao poder especial de cautelado órgão judicial, com o 
objetivo de eliminar uma situação de perigo claro e evidente à sociedade. 
Porém, mesmo se tratando de uma medida cautelar assegurada pela LEP, 
diferentemente do primeiro caso, não se prevê que haja um procedimento 
disciplinar, sendo confiado ao órgão judicante a necessidade de sua 
aplicação, através por exemplo de interceptações telefônicas autorizadas 
pelo Juízo a quo, que comprovem que preso, mesmo custodiado, não só 
dava continuidade às suas atividades delituosas, dentre elas homicídios, 
contrabandos, formação de quadrilha e corrupções ativas, como também 
chefiava das organizações criminosa 
 
IV – DA JURISPRUDENCIA RELATIVA À INCLUSÃO NO REGIME 
DISCIPLINAR DIFERENCIADO 
 
 É certo que parte da jurisprudência, assim como a doutrina, entende que é 
constitucional a inclusão do apenado no RDD, conforme verifique-se, a propósito, 
a seguinte passagem do voto vencedor do acórdão agravo de execução penal nº 
0004179-59.2017.4.03.0000/MS, proferido pelo Desembargador relatora Fausto 
de Sanctis, do Tribunal Regional Federal da Terceira Região. 
“O Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS: 
 
 
 
7 
 
 
Razão não assiste à defesa. 
 
O Regime Disciplinar Diferenciado - RDD foi instituído 
pela Lei nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003, visando 
maior eficácia no combate ao crime organizado. A Lei nº 
10.792/2003 alterou a redação do artigo 52, entre outros 
da Lei das Execuções Penais - LEP, passando a 
descrever as hipóteses e requisitos em que o RDD pode 
ser aplicado. 
 
De acordo com o artigo 52 da LEP, são características do 
RDD: 
 
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso 
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da 
ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, 
ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime 
disciplinar diferenciado, com as seguintes 
características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 
2003) 
 
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem 
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de 
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena 
aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) 
 
II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 2003) 
 
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as 
crianças, com duração de duas horas; (Incluído pela Lei 
nº 10.792, de 2003) 
 
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas 
diárias para banho de sol. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 
2003) 
 
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá 
abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou 
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a 
segurança do estabelecimento penal ou da 
sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) 
 
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar 
diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o 
qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou 
participação, a qualquer título, em organizações 
criminosas, quadrilha ou bando. (Incluído pela Lei nº 
10.792, de 2003) 
 
 
 
8 
 
 
Nos termos dos §§1º e 2º do artigo 52 da LEP, para a 
inclusão do preso no RDD é necessário que existam 
fundadas suspeitas de seu envolvimento ou participação 
em organizações criminosas, quadrilha ou bando, 
associado ao fato de representar alto risco para a ordem 
e a segurança do estabelecimento penal e da sociedade. 
 
Note-se que o RDD não constitui um regime de 
cumprimento da pena, nem modalidade de prisão 
provisória, sendo previsto como modalidade de sanção 
disciplinar (art. 53, inciso V, da LEP). 
 
Na hipótese dos autos, o pedido de inclusão em 
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do agravante 
foi postulado pelo Diretor da Penitenciária Federal de 
Campo Grande/MS, tendo o Ministério Público Federal 
manifestado favoravelmente. 
 
A r. decisão proferida pelo Juízo da 5ª Vara Federal de 
Campo Grande/MS, às fls. 04/06 vº, que deferiu a 
inclusão definitiva no Regime Disciplinar 
Diferenciado do Sistema Penitenciário Federal de 
Segurança Máxima, pelo prazo de 360 dias, no período 
de 16.08.2017 a 10.08.2018, está bem fundamentada, 
calcada, primordialmente, na periculosidade do 
agravante. Conquanto escoado o prazo para 
permanência no referido regime, permanecem válidos 
os fundamentos da r. decisão. 
 
Há descrição de que as investigações levadas a efeito 
pela Gerência de Inteligência e Segurança Orgânica 
Penitenciária - GISOP/SEAP revelaram que o interno, 
André Quirino da Silva, vulgo "Fão", seria um dos líderes 
da organização criminosa "OKAIDA", e estaria utilizando 
o direito à visita de familiares e entrevista com advogados 
para troca e envio de mensagens, com o intuito de 
manter o gerenciamento do tráfico de drogas no Estado 
da Paraíba, bem como determinar a morte de desafetos 
dentro do seu grupo criminoso e de facções rivais (fls. 
37/38). 
 
Além disso, o apenado teria determinado que José 
Roberto Batista dos Santos, vulgo "Betinho", da 
"ORCRIM OKAIDA" assassinasse um membro da 
"ORCRIM COMANDO VERMELHO", dentro da 
Penitenciária de Segurança Máxima Dr. Romeu 
Gonçalves de Abrantes - PB1, cuja ordem não foi 
cumprida, por serem ambas as organizações criminosas 
aliadas no Estado da Paraíba (fl. 37 vº). 
 
 
 
9 
 
 
Assim, inconformado com a desobediência de sua ordem, 
o apenado teria determinado a morte do próprio 
comparsa "Betinho" durante a visita social recebida por 
ele na Penitenciária Federal de Catanduvas/PR, ocorrida 
em 09.08.2017, cuja execução se daria no dia 10.08.2017 
(fls. 04 vº, 05 e 37 vº). 
 
Contudo, a execução de "Betinho" teria restado frustrada 
em razão da influência deste com os demais membros da 
organização criminosa "OKAIDA". Por conseguinte, 
alguns integrantes da facção, considerando a ingratidão 
de André, ora agravante, passaram a visar sua morte, 
instalando-se uma grave crise interna no sistema 
penitenciário estadual da Paraíba, com clima de guerra 
entre os próprios membros da facção "OKAIDA", 
atentando a paz social, com resultado em mortes no 
âmbito penitenciário e fora dele (fls. 08 vº, 37 vº e 38). 
 
Somando-se a isso, as informações prestadas pelo 
Diretor da Polícia Federal de Campo Grande/MS 
apontam que o apenado tem conduta prejudicada na 
Unidade, respondendo a dois PDI's. Além disso, relatou 
que através de monitoramento de atendimento de 
advogado realizado em 14.08.2017, os fatos teriam se 
confirmado em relação a "Betinho" - fls. 39/48. 
 
Nessa perspectiva, cumpre transcrever parte da conversa 
gravada entre o interno e seu advogado, que no dia 
14.08.2017, lhe trouxe as seguintes informações, de 
acordo com o Relatório de Audiovigilância - RAV nº 
421/2017 (fls. 44/47): 
 
Sua esposa, ela pediu para dizer que seus amigos da 
Paraíba não são mais seus amigos, certo... Ela disse que 
eles não são seus amigos e diz que eles estão com o 
ROBERTO, amigo de ROBERTO, certo? Pra falar isso -fl. 
44 vº. 
 
De fato, as informações recebidas da Gerência de 
Inteligência e Segurança Orgânica Penitenciária - GISOP 
e Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do 
Estado da Paraíba/SEAP restaram confirmadas pelo 
Relatório de Audiovigilância (Captação Ambiental) - fls. 
44/47. 
 
Diante do exposto, afigura-se legítima a inclusão do 
apenado em Regime Disciplinar Diferenciado, nos termos 
do artigo 52, §§ 1º e 2º, da Lei nº 7.210, de 11.07.1984. 
Os documentos acostados aos autos (fls. 37/47) 
 
 
 
10 
 
demonstram que o apenado faz parte da organização 
criminosa denominada "OKAIDA", representando alta 
periculosidade para a ordem do sistema prisional do 
Estado da Paraíba, cujas atitudes resultaram em clima de 
guerra e ruptura iminente entre os membros da referida 
facção. Note-se que mesmo segregado continuou 
determinando o cometimento de ilícitos do interior do 
sistema carcerário. 
 
Tal entendimento encontra-se em consonância com a 
jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça: 
 
Destarte, considerando que a decisão agravada aponta 
elementos concretos de convicção de que o custodiadointegra organização criminosa com propensão a práticas 
delitivas, mesmo que encarcerado, não há que se falar 
em ausência de motivação ou de fundamentação da 
decisão, independentemente de escoado o prazo para 
permanência no referido regime, eis que permanecem 
válidos os fundamentos da r. decisão. 
 
Posto isso, NEGO PROVIMENTO ao Agravo de 
Execução Penal.” (destacamos) 
 
 Diante desse julgado, é possível verificar que não somente entende a 
jurisprudência que é constitucional, bem como entende ser extremamente 
necessário, principalmente nos casos mais graves. 
 Posto isso, verifica-se, ainda, passagem do voto vencedor do Ministro Felix 
Fischer, relator nos autos do recurso ordinário em Habeas Corpus n 103368/BA. 
"O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: 
 
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço 
do recurso. 
 
A Defesa busca, em síntese, a declaração de nulidade da 
decisão que determinou a transferência do recorrente 
para Cadeia Pública Masculina, bem como sua inclusão 
em Regime Disciplinar Diferenciado, sem que a 
medida fosse precedida da instauração de PAD e da 
oitiva da defesa. 
 
(...) 
 
 Como é cediço, o Regime Disciplinar Diferenciado 
(RDD) consiste em um sistema de disciplina 
carcerária especial, dotado de regras mais rígidas do 
que os demais regimes de cumprimento de pena, sendo 
 
 
 
11 
 
aplicável como sanção disciplinar ou dada à 
imprescindibilidade cautelar. 
 
A inclusão de sentenciado em regime disciplinar 
diferenciado é disciplinada pelo art. 52 da Lei de 
Execução Penal, que assim dispõe, verbis: 
 
(...) 
 
Infere-se dos autos que o v. acórdão justificou a 
inclusão do recorrente no RDD, com fulcro no art. 52, 
§§ 1º e 2º, da Lei n.º 7.210/84, considerando a 
imprescindibilidade da medida para garantir a ordem 
e a segurança da sociedade, bem como em razão das 
fundadas suspeitas de seu envolvimento ou participação, 
na organizações criminosas denominada PCC. 
 
Em tal contexto, registrou que a inclusão do recorrente no 
referido regime se justificava em razão das evidências de 
que ele, supostamente, possuía "alto grau de hierarquia 
na organização criminosa denominada PCC, facção da 
qual o Requerente se denomina pertencer" bem como em 
decorrência da "intenção dos integrantes da organização 
criminosa em realizar ataques criminosos em diversos 
pontos do Estado de Roraima, com o intuito de instaurar 
de caos.". 
 
Dos fundamentos adotados no v. acórdão, verifica-se que 
se coadunam com a jurisprudência desta Corte de 
Justiça no sentido de que, em casos de extrema e 
comprovada necessidade, é possível a autorização 
imediata de transferência do preso e sua inclusão 
cautelar no RDD, aferida a partir de dados concretos 
relacionados ao comportamento carcerário. 
 
Acrescento que o v. acórdão registrou que a e. 
Magistrada de origem já determinou, quanto ao regime 
disciplinar diferenciado a "instauração de PAD em favor 
dos representados com prazo inicial de noventa dias para 
conclusão diante da diversidade de representados." 
 
No tocante à preservação da integridade física do 
recorrente na Cadeia Pública Masculina, o eg. Tribunal 
registrou que o Diretor da referida unidade "informou, por 
meio de ofício requisitado por este Relator, que o 
reeducando encontra-se recolhido na referida Unidade 
com escolta armada do Grupo de Intervenção Tática - 
GIT, em cela anexa a UP" 
 
 
 
 
12 
 
Assim, não se vislumbra ilegalidade sanável pela 
presente via, pois a determinação de inclusão do 
recorrente no RDD, bem como sua transferência de 
unidade prisional, observou os ditames da Lei e foi 
devidamente justificada como meio eficaz para 
resguardar a segurança pública. 
 
Diante de tais considerações, portanto, não se vislumbra 
a existência de flagrante ilegalidade passível de ser 
sanada na presente via. 
 
Ante o exposto, nego provimento ao recurso ordinário 
em habeas corpus. ” (destacamos) 
 
 Conclui-se, portanto, que tanto os tribunais regionais, quanto os tribunais 
superiores, entendem ser necessária a aplicação do regime disciplinar 
diferenciando, sendo certo que a determinação do apenado em tal regime, trás 
menos riscos públicos para a sociedade, entendendo como constitucional tal 
ferramenta do direito. 
 
V – ALTERAÇÕES NO RDD COM A CRIAÇÃO DO PACOTE ANTICRIME 
 
 Algumas mudanças relevantes no regime disciplinar diferenciado 
ocorreram com a criação do Pacote Anticrime na Legislação da Execução Penal, 
que entrou em vigência em dia 23 de janeiro de 2020, sancionado em dezembro 
de 2019, pelo atual presidente Jair Bolsonaro. 
 O Pacote Anticrime é o resultado de propostas elaboradas pelo então 
ministro da Justiça, Sergio Moro e pela comissão de juristas coordenada pelo 
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. 
 Essas alterações ampliam o rigor do regime disciplinar diferenciado. 
 Dentre essas mudanças, algumas são relevantes ao regime disciplinar 
diferenciado, quais sejam: 
(i) inclusão de sujeitos podendo ser de âmbito nacional ou estrangeira; 
 
(ii) antes, conforme o inciso I, do artigo 52 da LEP, previa que a duração do 
regime era de no máximo 360 dias, agora esse dispositivo prevê que a 
duração máxima é de até 2 anos; 
 
 
 
 
13 
 
(iii) com relação ao inciso III atual, as visitas foram tomadas de formas mais 
rigorosas se tornando quinzenais, duas pessoas por vez, ainda sem contar 
criança. Antes, essas visitas eram de duas pessoas semanais e com 
duração de 2 horas. As visitas devem ser realizadas em um ambiente 
adequado, para impedir a passagem de objetos e deverá permanecer cada 
um de um lado, separados por um vidro; 
 
(iv) referente ao inciso IV, o banho de sol era individual, saindo da cela 
sozinho e assim permanecendo. Agora, de acordo com as novas 
mudanças, o preso poderá estar em um grupo de até quatro pessoas 
desde que não seja do mesmo grupo criminoso dele, 
 
(v) ao inciso V, foi regulamentado que as entrevistas são monitoradas, 
exceto com o advogado para manter o sigilo (as salas devem ser 
equipadas). 
 
(vi) no inciso VIII, houve um desdobramento, tendo um parágrafo 
acompanhado de dois incisos, tratando da questão que o RDD, poderá ser 
aplicado aos presos provisórios e não só presos condenados; 
 
(vii) o parágrafo 3 é novo e obriga que seja no estabelecimento federal nas 
hipóteses, do líder da organização criminosa, da milícia, da associação ou 
daqueles que praticam crimes de forma interestadual, ou seja, que atuam 
em mais de um estado; 
 
(viii) o 7° parágrafo, diz respeito a grande questão dos presos são 
transferidos e assim, ficando longe dos familiares. Muitos não conseguem 
se deslocar para o atual local do preso, inviabilizando o contato do preso 
com a família. 
 
 As alterações decorrentes da criação do pacote anticrime, são necessárias, 
de modo que trouxeram maiores esclarecimentos do RDD, fazendo com que o 
regime se torne mais rigoroso e seguro, visando o bem estar da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
CONCLUSÃO 
 
Diante o exposto, concluímos que há necessidade da existência e 
utilização do regime disciplinar diferenciado. Entretanto, ainda existem alguns 
fatores que merecem novas reformas, que não foram abordadas nas mudanças 
trazidas no pacote anticrime, como por exemplo, a falência e precariedade do 
sistema carcerário, que não proporciona condição mínima necessária para 
cumprimento da pena em RDD. 
 
Inclusive, de acordo com o doutrinador Bitencourt, o regime disciplinar 
diferenciado pode causar abalos psicológicos, e faz analogias as antigas 
masmorras, classificando o RDD como cruel e desumanos. Por outro lado, ainda 
entende Superior Tribunal de Justiça que o RDD é uma consequência do ato do 
faltoso, nada mais é que uma sanção proporcional do seu ato, sendo certo que 
entende constitucional e aplicável. 
 
Por fim, entende-se que mesmo que haja uma leve semelhança entre 
analogias usadas pelo doutrinador, é de suma importânciao regime disciplinar 
diferenciado como um instrumento do Estado para manter a ordem nas unidades 
prisionais, mesmo que ainda falho e com necessidade de restruturação. 
 
 
 
 
15 
 
REFERÊNCIAS 
SANTOS, Thales Eduardo Gonçalves. Regime Disciplinar Diferenciado – 
RDD. Disponível em: 
https://thalessantos.jusbrasil.com.br/artigos/501843922/regime-disciplinar-
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CUNHA, Rogério Sanches. Regime disciplinar diferenciado. Breves 
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