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Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 1 Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 2 Queridos alunos, Cada material da Semana do Edital foi preparado com muito carinho para que você possa conhecer os conteúdos queridinhos da FGV! Nós deciframos os principais mistérios da prova! Não conte com a sorte, conte com o Ceisc. Esperamos você durante as aulas da Semana do Edital! Com carinho, Equipe Ceisc ♥ Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 3 1ª FASE OAB | 39° EXAME Processo Penal 5 conteúdos favoritos da FGV Sumário Conheça a 2ª Fase de Penal......................................................................................4 1. Ação Penal .............................................................................................................. 5 2. Competência ......................................................................................................... 8 3. Provas ................................................................................................................. 11 4. Prisão .................................................................................................................. 19 5. Recursos ............................................................................................................. 21 Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 4 https://ceisc.com.br/quiz/teste-vocacional-2afase-ceisc Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 5 1. Ação Penal 1.1. Conceito Direito subjetivo de pedir/requerer ao Estado-juiz a aplicação do direito objetivo no caso concreto. • Condições da ação: *Para todos verem: esquema 1.1.1. Espécies da ação penal *Para todos verem: esquema Espécies Pública Condicionada Representação Requisição do Ministro da Justiça Incondicionada Privada Personalíssima Exclusiva Subsidiária da pública Possibilidade jurídica do pedido Legitimidade da parte Interesse Justa causa Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 6 1.1.2. Ação Penal Pública • Manejada pelo Ministério Público através de denúncia; • Incondicionada; • Condicionada à representação (procuração com poderes especiais - art. 39 do CPP) ou requisição. 1.1.3. Ação Penal Privada • Manejada por advogado através da queixa-crime; • Personalíssima; • Somente uma pessoa pode entrar com a ação; • A única situação está prevista no art. 236 do Código Penal; • Exige procuração com poderes especiais (art. 44 do CPP). Atenção: Art. 24, CPP § 2o. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 1.2. Princípios *Para todos verem: esquema PÚBLICA Obrigatoriedade: tendo elementos e de autoria e materialidade, o Ministério Púbico é obrigado a entrar com a ação penal Indisponível: o Ministério Público não pode desistir da ação penal proposta PRIVADA Conveniência e oportunidade: renúncia Disponível: perdão Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 7 1.3. Institutos aplicáveis a ação penal privada *Para todos verem: esquemas 1.4. Perdão • Se um aceitar e os outros não, o processo segue contra os que não aceitaram; • Aceitação: expressa ou tácita (se o réu não se manifestar em 3 dias). Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 1.5. Principais artigos do CPP Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. RENÚNCIA Antes do início da ação penal Ato unilateral Quando ofertado a um, atinge os demais PERDÃO Após o início da ação penal Ato bilateral Quando ofertado a um, atinge os demais Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 8 Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. Art. 185 (...) § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;IV – responder à gravíssima questão de ordem pública. Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade. Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. 2. Competência • Limite da jurisdição; • Advém de uma regra legal. *Para todos verem: esquema MATÉRIA ABSOLUTA IMPRORROGÁVEL PESSOA ABSOLUTA IMPRORROGÁVEL LUGAR RELATIVA PRORROGÁVEL Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 9 2.1. Guia de competência *Para todos verem: esquema • Prefeito: Tribunal de Justiça; • Governador: Superior Tribunal de Justiça; • Deputado Federal/Senador: Supremo Tribunal Federal; • Juiz em atividade: Tribunal que atua, independentemente do local do crime; • Promotor em atividade: Tribunal que atua, independentemente do local do crime. Jurisprudência STF e STJ: no caso de Deputados Federais/Senadores e Governador, há dois critérios para foro de prerrogativa: 1) Esteja no cargo/diplomado; 2) Crime tenha relação com o cargo. *Para todos verem: esquema • Militar Eleitoral; • Comum (Estadual ou Federal). *Para todos verem: esquema • Regra: lugar de consumação | teoria do resultado; • Exceção: JECRIM | teoria da atividade. O autor tem foro por prerrogativa de função?1 Se a resposta for não à pergunta 1, passamos a analisar em qual justiça será julgado. 2 Território/jurisdição3 Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 10 Jurisprudência: crimes contra à vida (dolosos ou culposos) devem levar em consideração a comunidade que foi atingida e a produção da prova | teoria da atividade. • Não sabendo o local do crime: domicílio ou residência do réu; • Mais de um domicílio: prevenção; • Não tem residência certa ou ignorado o paradeiro: juiz que primeiro tomar conhecimento. *Para todos verem: esquema 2.2. Causas de modificação da competência *Para todos verem: esquema Ainda, o Código de Processo Penal prevê: Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. PREVENÇÃO Quando incerta dívida Crime permanente (sequestro) Infração continuada CONEXÃO Intersubjetiva: simultaneidade, concurso ou reciprocidade Objetivas: material ou probatória CONTINÊNCIA Concurso de pessoas ou uma pessoa em concurso de crimes http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art171 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art171 Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 11 2.3. Como resolver questões sobre modificação de competência? *Para todos verem: esquema Atenção: no processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 2.4. Justiça Federal • Tribunal Regional Federal: Revisão Criminal. • Não é recurso, é ação autônoma de impugnação. *Para todos verem: esquema 3. Provas 3.1. Conceito doutrinário Elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz, dentro de um processo estabelecido, visando à formação do convencimento do julgado quanto a atos, fatos e circunstâncias que interessam para a decisão da causa. Júri + outro crime Tudo vai à Júri, exceto crime eleitoral, crime militar e ato infracional Conexão e continência Lugar do crime mais grave Infrações da mesma categoria Lugar de maior número de infrações Juiz Federal 1. Nunca julga contravenção 2. Julga crimes (crime político) 3. Bens, interesses ou serviços da União, autarquia e empresa pública Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 12 Liberdade de provas: vige como regra, conforme art. 155 do CPP abaixo transcrito, no processo penal a ampla liberdade probatória. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. A exceção à ampla liberdade está no parágrafo único e refere-se ao estado das pessoas. Vejam: Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 3.2. Objetivo da prova Formar a convicção do juiz ou tribunal acerca dos elementos necessários para a decisão da lide. 3.3. Princípios gerais da prova a) Princípio da autorresponsabilidade das partes: as partes assumem as consequências de sua inatividade, erro e atos intencionais. b) Princípio da audiência contraditória: toda prova admite a contraprova, não sendo admissível a produção por uma parte sem o conhecimento da outra. c) Princípio da aquisição ou comunhão da prova: a prova pertence ao processo. Não há prova de uma ou de outra parte. d) Princípio da oralidade: necessário haver predominância da palavra falada. Os depoimentos devem ser orais. e) Princípio da concentração: deve-se buscar concentrar toda a produção de prova na audiência. Audiência UNA (art. 400 do CPP). f) Princípio da publicidade: os atos judiciais (entre os quais a produção de prova) são públicos. Excepcionalmente admite-se o segredo de justiça para alguns casos, legalmente estipulados. (art. 93, IX, da CF) g) Princípio do livre convencimento motivado: as provas não recebem, previamente, um valor pela lei. Deve o julgador ter liberdade para valorá-las, limitando-se apenas aos fatos e circunstâncias constantes nos autos. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 13 3.4. Sistemas de valoração da prova 1 – Sistema da certeza moral, da íntima convicção do juiz: permite que o juiz avalie a prova com ampla liberdade, decidindo ao final de acordo com sua livre convicção, sem necessidade de fundamentar a decisão. Cuidado! Como regra, não mais existe em nosso processo penal, prevalece no Tribunal do Júri – jurados não fundamentam a decisão. 2 – Sistema da verdade legal, tarifado de provas: a lei atribui o valor a cada prova, cabendo ao juiz simplesmente fazer um cálculo aritmético. Não há convicção pessoal do julgador na valoração do contexto probatório, mas sim uma obediência estrita ao sistema de pesos e valores imposto pela lei. 3 – Sistema do livre convencimento motivado, da persuasão racional do juiz: o juiz tem ampla liberdade na valoração das provas, mas deve fundamentar seu convencimento. Este é o sistema adotado pelo art. 93, IX, CF e art. 155 do CPP. 3.5. Elementos informativos e prova: diferenças Anteriormente tal diferenciação era trabalhada tão somente pela doutrina, sendo que a partir da reforma de 2008 passou a constar também na lei (art. 155 do CPP). a) Elementos informativos: são aqueles obtidos na fase investigatória, sem a participação dialética das partes; caracterizam-se por não haver contraditório e ampla defesa quandoda sua produção. Presta-se para a fundamentação de medidas cautelares e também para a formação da opinio delicti do titular da ação penal. b) Provas: as provas têm seu regime jurídico ligado ao contraditório judicial, são aquelas produzidas com a participação do acusador e do acusado e mediante a direta e constante supervisão do julgador. Cuidado! Exceção: provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, embora sejam produzidas na fase investigatória, podem ser utilizadas para fundamentar sentença condenatória, pois em relação a elas o contraditório é diferido. 3.6. Ônus da prova Conceito: é o encargo que tem a parte de provar, pelos meios que em direito são admitidos, a veracidade do fato alegado. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 14 Prova da alegação incumbe a quem a fizer: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: [...] 3.7. Prova emprestada É aquela que foi produzida em um processo e depois será carreada para outro. Isso pode acontecer por certidão ou qualquer outro meio de autenticação para produzir efeitos como prova em outro processo. A prova emprestada sempre será considerada uma prova documental, ainda que no processo original tenha sido testemunhal ou, até mesmo, pericial. Não se admite prova emprestada carreada de inquérito policial. Primeiro porque ela não esteve sujeita ao crivo do contraditório, segundo porque nem prova ela é, e sim mero elemento informativo. 3.8. Prova ilegal É ilegal toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza processual ou material. Prova ilegal é gênero que tem como espécies: a) Provas ilícitas (obtidas por meios ilícitos): quando for obtida em violação a regra de direito material; em regra, a obtenção da prova ilícita é obtida fora do processo; é extraprocessual. Exemplo: confissão mediante tortura; prisão de traficante e apreensão de celular com últimas chamadas, mensagens. Na prova ilícita tem-se o chamado direito de exclusão, surgiu no Direito americano e se materializa através do desentranhamento e da inutilização da prova. b) Provas legítimas (obtidas por meios ilegítimos): sua obtenção viola uma regra de direito processual; além disso, em regra, a ilegalidade ocorre no momento de sua produção no processo; é intraprocessual. Exemplo: juntada e leitura de documentos no plenário do júri com menos de três dias úteis de antecedência. Prova ilegítima deve ser analisada através da teoria das nulidades. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 15 3.9. Prova ilícita por derivação Meios probatórios que, não obstante, produzidos em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originário, que a ele se transmite contaminando-os por efeito de repercussão causal. Teoria dos frutos da árvore envenenada. Essa teoria é adotada no Brasil (STF – RHC no 90.376/RJ). Art. 157. [...] § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 3.9.1. Limitações a prova ilícita Fonte independente: Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 3.10. Princípio do nemo tenetur se detegere O acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo; muitos doutrinadores dizem que esse princípio é o direito ao silêncio; mas o silêncio é uma forma desse princípio; esse é o princípio que veda a autoincriminação. O direito ao silêncio ou de ficar calado – art. 5o, LXIII, CF. Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa lhe incriminar. 3.11. Provas em espécie Exame de corpo de delito: obrigatoriedade (ainda que haja confissão do acusado). Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 16 I – violência doméstica e familiar contra mulher; II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. Impossibilidade do ECD. Supressão pela prova testemunhal. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Atenção! Questões pontuais: • O EDCL poderá ser feito em qualquer dia e horário. • A autópsia deverá ser feita pelo menos seis horas após a morte, salvo se os peritos entenderem (e isso deverá constar do auto) que ela pode ser realizada antes. • Os cadáveres serão fotogravados na posição em que se encontrarem. ECDL e lesão corporal: se o primeiro for incompleto, poderá ser feito outro. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. Perícia de laboratório: os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. Crimes com rompimento de obstáculo ou escalada: os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por quais meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. Incêndios: os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. Exame grafotécnico: Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I – A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; II – Para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III – A autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 17 daí não puderem ser retirados; IV – Quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Segundo a melhor doutrina, a previsão do inciso IV não foi recepcionada pela Constituição Federal, pois ele fere o princípio do nemo tenetur se detegere. Perito: é um auxiliar da Justiça, compromissado,portador de um conhecimento técnico e sem impedimentos. Espécies: • Oficial – 1 (concursado) • Louvado ou não oficial – 2 Não podem ser peritos: Art. 279. Não poderão ser peritos I – Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos nos I e IV do art. 69 do Código Penal; II – Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; III – os analfabetos e os menores de 21 anos. Atenção! Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. Assistente técnico: serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. ECDL e o juiz: Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. Interrogatório: alterações trazidas pela Lei no 11.719/2008. Reforçou a natureza de ser um meio de defesa. Passou a ser o último ato de instrução (dentro da audiência una – art. 400 do CPP). O STF passou a entender que esse procedimento se aplica aos processos de sua Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 18 competência originária. No caso de mutatio libelli pode o juiz proceder a novo interrogatório. O interrogatório é ato não preclusivo (qualquer tempo). Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. Ausência de interrogatório: nulidade relativa ou nulidade absoluta? Prevalece que se trata de nulidade absoluta, cujo prejuízo é presumido. Tal prejuízo é de ordem constitucional – ampla defesa. Prova testemunhal: • O depoimento deverá ser oral, não sendo possível trazer por escrito; • É possível, todavia, consultar apontamentos; • Não poderá a testemunha se eximir da obrigação de depor; • As testemunhas não poderão ouvir o depoimento uma das outras; • São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. § 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa. Dispensa e proibição: Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Procedimento: não mais vige o sistema presidencialista. Atualmente o sistema é o do crossexamination (inspiração americana). Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 19 Perguntas diretas pelas partes às testemunhas: Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 4. Prisão *Para todos verem: esquema 4.1. Temporária (só cabível na fase do Inquérito Policial) • 05 dias, prorrogáveis por mais 05 dias; • Crime hediondo: 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias. 4.2. Flagrante Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal (próprio) ; II - acaba de cometê-la (próprio); III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração (impróprio); IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração (presumido). Observações! Juiz, MP e Família devem ser IMEDIATAMENTE comunicados: • Em 24 horas; • Deve ser expedida a nota de culpa; • Deve o APF ser enviado ao Juiz (que marcará audiência de custódia); • Falta de testemunha não impede o flagrante; Prisões cautelares Preventiva Art. 311, 312, 313 e 318-A do CPP Temporária Lei 7.960/89 Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 20 • Art. 304 § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. 4.3. Preventiva • Cabe na fase do IP ou da Ação Pena; • Não pode ser decretada de ofício pelo juiz; • Quando ilegal deve ser relaxada (art. 5º, LXV da CF); • Quando não mais necessária deve ser revogada (art. 316 do CPP); • Admissibilidade prevista no art. 313 do CPP. Cabível: *Para todos verem: esquema • Deve ser revista a cada noventa dias; • Possível ser ser domiciliar (art.318 do CPP); • Direito da Mulher gestante ou mãe de criança ou pessoa deficiente (art. 318-A do CPP). P re v e n ti v a Ordem Pública; Ordem Econômica; Assegurar a aplicação da Lei Penal; Conveniência da Instrução Criminal; Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares; Houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 21 5. Recursos Recurso é o meio processual adequado para impugnar decisões judiciais dentro de uma mesma relação jurídica, provocando o reexame das questões. No processo penal os prazos são contados nos termos do artigo 798 do CPP, de forma contínua, não se interrompendo pelos sábados, domingos ou feriados, portanto, diferente do processo civil. Por exemplo, se a intimação da sentença penal condenatória ocorrer numa quinta-feira e tivermos que interpor o recurso de apelação (prazo de 5 dias – art. 593 do CPP), o primeiro dia será sexta, o segundo sábado, o terceiro domingo, o quarto segunda e o último dia será terça-feira. Outra questão importante quando se trata de processo penal é a proibição de reformatio in pejus quando estivermos diante de um recurso exclusivo da defesa, nos termos do art. 617, parte final, do CPP. Portanto, fique atento na sua prova, quando somente a defesa interpor recurso, o julgamento não poderá prejudicar de forma alguma o acusado. Para auxiliar no conhecimento das hipóteses recursais, segue uma tabela, indicando a base legal e algumas informações importantes, vejamos: *Para todos verem: quadro comparativo Recurso Base legal Prazo Dicas importantes Recurso em sentido estrito Arts. 581 a 592 do CPP Súmula nº 707 do STF 5 dias (interposição) 2 dias (razões) 2 dias (contrarrazões) Em regra, a decisão que rejeita a peçaacusatória é recorrível via Recurso no sentido estrito. No JECRIM utiliza-se apelação. No júri caberá RESE para pronúncia e desclassificação. As hipóteses previstas nos incisos XII, XVII, XIX e XXIII do art. 581 do CPP são passíveis de Agravo em Execução, pois estão revogados tacitamente. Atenção: nova hipótese do inc. XXV. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 22 Apelação Arts. 593 a 603 do CPP 5 dias (interposição) 8 dias (razões) 8 dias (contrarrazões) Súmula 705 do STF. Possibilidade de apresentar razões perante o Tribunal de Justiça (razões extemporâneas e irregularidade) – art. 600, §4º do CPP. Limitadas as hipóteses de apelação no Tribunal do Júri – art. 593, III, do CPP: somente em virtudes daqueles fundamentos legalmente estabelecidos (Súmula 713 do STF). Apelação no JECRIM Art. 82 da Lei 9.099/96 10 dias (interposição e razões em conjunto) 10 dias (contrarrazões) Prazo único. Não se aplica o art. 600, §4º do CPP. Julgado pela TRC (Turma Recursal Criminal). Cabimento contra a rejeição da peça acusatória. Embargos declaratórios do CPP Art. 382 do CPP (sentença) Art. 619 do CPP (acórdão) 2 dias para oposição Dirimir ambiguidade, contradição ou omissão. De acordo com a doutrina, os embargos do CPP interrompem o prazo para eventual recurso cabível. Embargos declaratórios do JECRIM Art. 83 da Lei 9.099/95 5 dias para oposição Dirimir obscuridade, contradição ou omissão. Expressamente, conforme consta na Lei, os embargos interrompem o prazo para interposição de recurso. Embargos infringentes e de nulidades Art. 609, § único, do CPP 10 dias para oposição Recurso privativo da defesa. Decisão não unânime e desfavorável ao réu. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 23 Carta testemunhável Art 639, ss... do CPP 48 horas Denegar recurso ou quando admiti-lo obstar à sua expedição e seguimento. Recurso residual, utilizado quando não houve recurso próprio. (Ex: denegar RESE ou Agravo em Execução.) Recurso Ordinário Constitucional em Habeas Corpus Art. 102, II, “a” e 105, II, “a” da CF 5 dias Cabível de decisão denegatória de Habeas Corpus proferida no âmbito dos Tribunais. Lembrar que se o habeas corpus for denegado por juiz de direito, caberá RESE. Recurso Ordinário em mandado de segurança Art. 105, II, “b”, da CF e art. 33 da lei 8.038/90 15 dias Cabível de decisão denegatória de mandado de segurança no âmbito do TJ’S e TRF’S. Recurso especial Art. 105, III, CF 15 dias Exigência do prequestionamento da matéria objeto de recurso. Recurso extraordinário Art. 102, III, da CF 15 dias Exigência do prequestionamento da matéria objeto de recurso. Demonstração da repercussão geral. Agravo em Execução Penal Art. 197 da LEP 5 dias Súmula 700 do STF Cabível contra as decisões proferidas pelo Juiz da Vara de Execução Criminal. Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 24 https://www.youtube.com/watch?v=yCnHXxGW4EM Semana do Edital | 39º Exame de Ordem Processo Penal na OAB 25
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