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INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA Exame neurológico • Anamnese - na anamnese, deverá ser feita a HDA padrão (data de início, modo de instalação da doença, evolução, etc). OBS: essa parte pode ler, mas é mais importante para reforçar o conhecimento. Na evolução cronológica, mais precisamente, é interessante saber como os sintomas foram aparecendo ou desaparecendo, no sentido de entender melhor a característica da doença para comparar com alguns padrões: • Tumor cerebral: há uma sucessão dos sintomas – podendo ser rápida ou não -, que normalmente está relacionado ao local e a natureza da neoplasia. • Doenças degenerativas do sistema nervoso: evolução progressiva, porém extremamente lenta. • Doenças vasculares encefálicas: manifestações súbitas, podendo ocorrer recuperação completa ou incompleta caso não haja piora do quadro clínico. • Esclerose múltipla: “após surto agudo, verifica-se regressão parcial dos sintomas; após um período, eclode novo surto com piora do quadro clínico e com recuperação mais incompleta, e assim sucessivamente”. • Epilepsia e enxaqueca: aparece como crises. Entre as crises, o paciente não tem anormalidades. Outro ponto importante também relacionado a HDA, o interrogatório sintomatológico é fulcral para pensar nas causas mais prováveis e estabelecer uma hipótese diagnóstica de acordo com alguns padrões comparativos: • Episódios de perda da consciência: Para avaliar os estados de perda da consciência, se usa a Escala de Glasgow (EG), que analisa a abertura ocular, reação motora e resposta verbal para classificar o paciente de acordo com uma pontuação. Pode estar envolvido com epilepsia, síncope (popularmente, desmaio), lipotimia (perda da função muscular, geralmente junto com a síncope), síndrome de Adams-Stokes – “episódio de síncope súbita, ocasionalmente apresentando convulsões, decorrente de uma arritmia cardíaca”. • Cefaléia (dor de cabeça): significa “dor de cabeça”, tendo uma gama ampla de causas, portanto diferentes tipos de dor, de intensidades variáveis, são comumente referidos. Pode estar relacionada a enxaqueca, aneurisma intracraniano, tumor cerebral, hipertensão craniana. • Convulsões: são movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos (súbitos). Dois tipos fundamentais de convulsão se destacam as tônicas (com enrijecimento global) e a clonica (com contrações musculares sucessivas, generalizadas e intensas). Relacionado a casos de epilepsia, intoxicações exógenas e hipoglicemia. • Ambliopia (redução da acuidade) /amaurose (perda total da visão): podem ter caráter uni- ou bilateral, definitivo ou transitório, súbito ou gradual, e estão habitualmente na dependência de lesões da retina, da papila ou do nervo óptico. Pode estar relacionado tumor cerebral, esclerose em placas, neurite óptica. • Diplopia: é a visão dupla, no qual a pessoa vê a imagem em dobro, em que, muitas vezes, leva a pessoa a fechar o olho na tentativa de corrigir o defeito. Está relacionada lesão de nervos oculomotores com consequente paralisia ou paresia de músculos extrínsecos do olho. • Hipoacusia/anacusia, zumbido: enquanto a hipoacusia se refere a perda parcial, acusia se refere a perda total da audição, podendo situar-se num ou em ambos os lados. O zumbido, é um processo de estimulação anormal do ramo coclear do VIII par craniano (vestíbulococlear)são perturpações. Pode estar relacionado a doenças do ouvido, tumor do ângulo ponto-cerebelar. • Vertigem: “é a tontura com nítida sensação de rotação, na qual o paciente tem a sensação de girar em torno do ambiente, ou vice-versa”. Decorre predominantemente a lesão ou disfunção das vias vestibulares do VIII par craniano. Pode estar relacionada ainda a labirintopatia, insuficiência vascular cerebral do sistema vertebrobasilar, tumor do ângulo ponto-cerebelar. 2 • Náuseas/vômitos: a sensação de mal-estar na região epigástrica ou faríngea relacionada a diversos fatores. Um fator importante, porém, é que nas encefalopatias, o vomito não é precedido de náusea, dando origem ao chamado “vomito em jato”. Pode estar relacionado a enxaqueca, labirintopatia, tumor cerebral, hipertensão intracraniana. • Disfagia/disfonia: disfagia compreende a alteração do transporte do alimento da boca ao estômago, já disfonia é a alteração do timbre da voz. Pode estar relacionado a lesões bulbares ou dos nervos responsáveis pela deglutição e fonação (XII, IX ou X). • Disfasia: descoordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras de modo compreensível, podendo ser relacionada a lesões do hemisfério cerebral dominante por distúrbios vasculares ou neoplásicos (área elaboração da palavra, de Broca, e a de compreensão e interpretação da linguagem, de Wernicke). • Dor/parestesia: Representada basicamente por lesões no sistema nervoso periférico. • Paralisia/paresia: Está relacionada a lesões das vias motoras, centrais ou periféricas. • Distúrbio esfincteriano: lesões medulares. • Introdução ao exame físico – no intuito de melhor organizar e realizar o exame, divide-se o exame em 3 etapas sucessivas, em que primeiro se executa todas os itens com o paciente deitado, após, todas as avaliações do paciente sentado e, por último, com o paciente em pé. Diante disso, divide-se o exame neurológico em sistemas de acordo com a estrutura corporal e a função. Sendo assim, têm-se o exame nos seguintes grandes esquemas: • Pescoço e coluna cervical • Coluna lombossacral • Marcha ou equilíbrio dinâmico • Equilíbrio Estático • Motricidade voluntária • Tônus muscular • Coordenação • Reflexos • Sensibilidade • Nervos cranianos • Pescoço e coluna cervical – a avaliação do pescoço e da coluna cervical engloba a avaliação da vascularização e dos movimentos do pescoço. Avalia-se, portanto, as seguintes estruturas: (1) Carótidas: compara-se a amplitude e averiguando a se existem frêmito e/ou sopro nas duas carótidas, utilizando para isso a palpação e a ausculta. Tem por objetivo avaliar a possibilidade de existência de estenose ou oclusão da artéria, “condições que podem determinar distúrbios isquêmicos encefálicos”. (2) Região supraclavicular: ausculta-se essa região, pois é nesse local que a artéria vertebral se origina da artéria subclávia e ascende pelos forames transversos até o crânio. (3) Limitação dos movimentos: avalia os movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralizarão da cabeça. Em caso de dificuldade, pode estar relacionando a doenças ósteo-articulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. (4) **Rigidez da nuca:** o exame é feito através da flexão da nuca, com o examinador colocando uma das mãos na região occipital do e tenta fletir a cabeça do paciente. Se o movimento não tiver resistência, a nuca é livre, caso contrário há rigidez da nuca. Nesse sentido, a prova de Brudzinski é realizada para avaliar capacidade de extensibilidade meníngea e os seus reflexos, representada pela rigidez de nuca. “Com o paciente em decúbito dorsal e membros estendidos, o examinador repousa uma das mãos sobre o tórax do paciente e, com a outra colocada na região occipital, executa uma flexão forçada da cabeça. A prova é positiva quando o paciente flete os membros inferiores, havendo casos nos quais se observem flexão dos joelhos e expressão fisionômica de sensação dolorosa”. A rigidez de nuca, portanto, é comum na meningite e também na hemorragia subaracnóidea. (5) Transição craniovertebral: avalia, basicamente, o pescoço do paciente, em que pode haver deformidades ósseas, como redução do numero de vértebras cervicais, em que se refere ao paciente com a característica de “pescoço curto”. 3 • Coluna lombossacral – através do exame físico da coluna, pode-se avaliar os movimentos e as extensões das raízes nervosas. (1) Limitação dos movimentos: pede ao paciente para realizar os movimentos de flexão, extensão, rotaçãoe lateralização da coluna, observando se existe alguma limitação. Em caso de dificuldade, pode estar relacionando a doenças ósteo-articulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. (2) Provas de estiramento de raiz nervosa: há basicamente duas provas que são utilizadas para o diagnóstico da meningite, da hemorragia subaracnóidea e da radiculopatia ciática: a. Prova de Lasègue (Fig. 1): com o paciente em decúbito dorsal e os membros inferiores estendidos, o examinador faz a elevação de um membro inferior estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova. b. Prova de Kernig (Fig. 2): é, basicamente, a extensão da perna, estando a coxa fletida em ângulo reto sobre a bacia e a perna sobre a coxa. Considera-se a prova positiva quando o paciente sente dor ao longo do trajeto do nervo ciático e tenta impedir o movimento. • Marcha ou equilíbrio dinâmico – sabendo que a locomoção é controlada pelo sistema nervoso motor somático, a partir da maneira pela qual os indivíduos se locomovem, é possível suspeitar o diagnóstico de algumas afecções neurológicas. Sabendo disso, é importante salientar que todo e qualquer distúrbio da marcha dá-se o nome de disbasia, a qual pode ser uni ou bilateral, e os tipos mais representativos são os seguintes: (1) Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Por essa razão, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo (descrevendo movimento em forma de foice). Ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. (2) Marcha anserina ou do pato: o paciente, ao caminhar, acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco ora para a direita, ora para esquerda, alternadamente, lembrando o andar de um pato. É observada na gravidez e doenças musculares e decorre de uma diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas, o que causa um desbalanço dinâmico na estabilização do movimento. (3) Marcha parnkinsoniana: o paciente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento de acompanhamento dos braços. A cabeça permanece inclinada para a frente e os passos são miúdos e rápidos. Como o nome já diz, ocorre na doença de Parkinson. (4) Marcha cerebelar ou marcha do ébrio: é a marcha do bêbado, em que o paciente ziguezagueia. Está relacionada com lesões do cerebelo, que é incapaz de coordenar os movimentos. (5) Marcha tabética: para realizar o movimento o paciente fixa o olhar no chão; os membros inferiores são levantados de maneira abrupta e explosivamente e, ao voltarem ao chão, os calcanhares tocam o solo pesadamente. “Com os olhos fechados, a marcha piora acentuadamente ou se torna impossível. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. Um exemplo é a tabes dorsalis (neurolues) - lenta degeneração de neurônios que carregam informação sensorial para o cérebro”. (6) Marcha de pequenos passos: é a “marcha da marchinha”, em que o paciente dá passos muito curtos e ao caminhar arrasta os pés, como se estivesse dançando “marchinha”. É característica da paralisia pseudobulbar, entretanto aparece em idosos normais, sem outros sinais de lesão neurológica. (7) Marcha vestibular: o paciente apresenta lateropulsão, isto é, o paciente anda como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em uma linha reta. É característica da lesão vestibular (labirinto) – lesão do par Figura 1 – Prova de Laségue Figura 2 – Prova de Kernig 4 VIII. “Se o paciente é solicitado a ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, em um ambiente amplo, ele descreverá uma figura semelhante a uma estrela, daí ser denominada também marcha em estrela”. (8) Marcha escarvante: o paciente toca com a ponta do pé o solo e tropeça, pois o doente tem a paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, isto é, o paciente tem o “pé mole”. Em decorrência disso, com intuito de evitar o tropeça, levanta acentuadamente o membro inferior. (9) Marcha em tesoura ou espástica: as pernas do paciente se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar pois os dois membros inferiores se apresentam enrijecidos e espásticos permanecendo semifletidos e com os pés se arrastando ao caminhar. Este tipo de marcha é bastante frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral. (10) Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. Outros fatores importantes que podem predizer algumas alterações neurológica são as questões relacionadas as quedas, uma vez que anormalidades da marcha aumentam o risco de quedas, portanto, na anamnese, deve ser um fator a se atentar. VIDEO DEMONSTRATIVO: https://youtu.be/e_pRUqNofic?t=48 • Equilíbrio estático – o equilíbrio estático avalia a capacidade do paciente de permanecer na posição vertical, possibilitando avaliar tanto a capacidade vestibular, quanto o funcionamento cerebelar do indivíduo e ainda a visão. O exame ocorre com o “paciente na posição vertical, com os pés juntos, olhando para a frente. Nesta postura, deve permanecer alguns segundos. Em seguida, ordena-se a ele que feche as pálpebras durante alguns segundos. Esse procedimento denomina-se prova de Romberg”. Em indivíduos normais, o que se espera é a prova de Romberg negativa, em que não se observa nada além de ligeiras oscilações. No caso de positividade, observa-se oscilações, com desequilíbrio e tendência a queda. Essa tendência, por sua vez, deve ser analisada pois avalia dois padrões que indicam diferentes origens: Para os idosos: Nos idosos a marcha pode apresentar-se alentecida, com passos curtos e diminuição dos movimentos associados de membros superiores. alterações no equilíbrio, coordenação, sensibilidade e força muscular aumentam os riscos de queda, podendo levar a diversas complicações. https://youtu.be/e_pRUqNofic?t=48 5 • Queda sempre para o mesmo lado indica lesão da raiz vestibular do VIII par craniano (vestibulococlear). • Para lados alternados indica lesão cerebelar, que é incapaz de coordenar a sensibilidade proprioceptiva para realizar a contração dos músculos e estabilizar o corpo. “A prova de Romberg é positiva nas labirintopatias, na tabes dorsalis, na degeneração combinada da medula e na polineuropatia periférica. Em algumas ocasiões, sobretudo nas lesões cerebelares, o paciente não consegue permanecer de pé (astasia) ou o faz com dificuldade (distasia), alargando, então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o controle visual (prova de Romberg negativa).” • Motricidade voluntária – o ato motor voluntário atua de maneira a comandar os movimentos dos segmentos corpóreos. Nesse sentido, estuda-se a motricidade voluntária através da análise da motricidade espontânea e da força muscular. REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA: o sistema nervoso motor somático inicia com o neurônio originado no córtex pré-central (pré-rolândico) e descem pela cápsula interna e formam o fascículo córtico-espinal, indo terminar “em sinapse nos vários níveis do tronco encefálico e medulares com os segundos neurônios motores”, lembrando que há o cruzamento das fibras para o lado contralateral somente no nível medular correspondente – ao contrário das fibras sensitivas que cruzam já em nível bulbar. Esses segundos neurônios - também chamados de periféricos ou inferiores - levam o impulso nervoso até a musculatura. Para avaliar a motricidade espontânea, solicita-se ao paciente para realizaruma série de movimentos, focando principalmente nos membros: • Abrir e fechar a mão; • Estender e fletir o antebraço; • Abduzir e elevar o braço; • Fletir a coxa; • Fletir e estender a perna e o pé. Detectada alguma alteração, deve-se excluir da hipótese diagnóstica condições locais não-neurológicas. Após isso, então, é necessário atentar que a causa da redução do movimento está, normalmente, relacionada com a lesão dos neurônios motores e/ou de suas vias, fazendo-se importante o conhecimento anatômico-fisiológico da estrutura lesionada. Na força muscular, por sua vez, o paciente deve realizar os mesmos movimentos realizados na motricidade espontânea, entretanto, o examinador aplicará uma resistência ao movimento no intuito de avaliar a força. No caso de suspeita de deficiência motora, realiza-se as “provas deficitárias”: • Barré - O déficit da musculatura flexora da perna leva a oscilações ou à queda da perna parética. • Mingazzini - Em condições em que há déficit, ocorrem oscilações ou quedas progressivas do pé, da perna ou da coxa, combinadas ou isoladas, caracterizando déficits distais, proximais ou combinados. • Dos braços estendidos - permite constatar déficits distais, proximais ou globais. 6 As anormalidades motoras devem ser anotadas com maneira correta da terminologia. TESTE DE FORÇA Teste de força dos membros superiores e dos membros inferiores e provas deficitárias (Barré, Mingazzini e dos braços estendidos). PREFIXOS • Mono = 1 membro só • Hemi = todo um hemicorpo • Para = membros simétricos • Tetra = 4 membros por mesma lesão • Di = 4 membros por mais de 1 lesão SUFIXOS • Paresia = redução de força/movimento. • Plegia = ausência completa. Ex: tetraplegia, hemiparesia, monoparesia, monoplegia; 7 • Tônus muscular – os músculos do corpo humano permanecem sempre em um estado de contração mínima constante chamado de tônus muscular. Sabendo disso, é possível avaliar por meio da inspeção, palpação, dos movimentos passivos e dos balanços articulares a funcionalidade do corpo quanto ao tônus muscular. Nesse sentido, normalmente, caracteriza- se o musculo em duas situações hipotonia ou hipertonia: (1) Hipotonia: nota-se um achatamento das massas musculares, consistência muscular diminuída, passividade aumentada, extensibilidade aumentada e prova de balanço com exageradas oscilações. Em suma, uma musculatura “mole”. Ocorre nas lesões do cerebelo, no coma profundo, nas lesões das vias da sensibilidade proprioceptiva consciente, das pontas anteriores da medula, dos nervos, na coreia aguda e em algumas encefalopatias (mongolismo). (2) Hipertonia: observam-se consistência muscular e extensibilidade aumentadas, passividade diminuída e prova do balanço com reduzidas oscilações. Em suma, uma musculatura “rígida”. Ocorre nas lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal. a. Na hipertonia piramidal (espasticidade), os músculos são afetados globalmente, porém com predomínio dos extensores dos membros inferiores e flexores dos membros superiores – o que resulta na postura de Wernicke-Mann -, e a musculatura retorna à posição inicial de um segmento do corpo (antebraço, por exemplo) no qual se interrompeu o movimento passivo de extensão. Se tem o sinal do canivete, em que a extensão apresenta mais resistência no início e vai diminuindo a medida que se estende mais o braço b. A hipertonia extrapiramidal (rigidez) não é eletiva - acomete globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista – e é plástica - resistência constante à movimentação passiva, como se o segmento fosse de cera. Se tem o sinal da roda denteada, isto é, o paciente tem a extensão do braço, por exemplo, travada, em que o movimento aumenta e diminui a resistência (trava e relaxa). Ademais, alguns outros termos também são interessantes de se ponderar, como a miotomia e a distonia. O primeiro se refere ao relaxamento lentificado após contração muscular e ocorre na distrofia miotonica de Steinert e na motonia congênita de Thomsen. Já o segundo, refere-se a contração simultânea da musculatura agonista e antagonista, podendo ser observado na torcicolo espasmódico e a caibra do escrivão. • Coordenação - Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de pelo menos dois setores do sistema nervoso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva. Nesse sentido, a sensibilidade proprioceptiva deve informar ao centro coordenador as modificações de posição dos vários segmentos corpóreos. Algum defeito no funcionamento resulta na ataxia (perda de coordenação), que, portanto, pode ser de 3 tipos: cerebelar, sensitiva ou mista. REVISÃO ANATÔMICA: é importante lembrar que, em uma maneira resumida, o vérmis cerebelar (o centro) é responsável pela musculatura axial e os hemisférios cerebelares que é responsável pela musculatura apendicular. Um fator importante para diferenciá-las através dos exames, é que nas lesões da sensibilidade proprioceptiva o paciente faz uso da visão para fiscalizar os movimentos incoordenados. Ao fechar as pálpebras, portanto, acentua-se a ataxia - fato esse que não ocorre nas lesões cerebelares. Diante disso, para comprovar funcionalidade ou não da coordenação se faz uso das seguintes provas: (1) Prova dedo-nariz (index-nariz): o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o braço estendido lateralmente. 8 (2) Prova calcanhar joelho: em decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado. Deve-se realizar a prova com os olhos abertos e com os olhos fechados. Quando o paciente não consegue alcançar o alvo com precisão, há dismetria. (3) Prova dos movimentos alternados: o paciente deve realizar movimentos rápidos e alternados (como abrir e fechar a mão, supinação e pronação, extensão e flexão dos pés). Denomina-se diadococinesia estes movimentos. A capacidade de realiza-los é chamada eudiadococinesia. Sua dificuldade é designada disdiadococinesia, e a incapacidade de realiza-los recebe o nome de adiadococinesia. • Reflexos – os reflexos vão se dividir em reflexos miotáticos ou profundos - se realizam com auxílio do martelo realizando a percussão dos tendões – e em reflexos superficiais ou exteroceptivos – como o reflexo cutâneo plantar. Nos reflexos miotáticos profundos, normalmente se pesquisa os seguintes reflexos: • Triccipital • Bicciptal • Braquio-radial • Patelar • Aquiliano É importante realizar a manobra facilitadora, que é utilizada para desfazer a tensão do paciente e evitar possíveis alterações nos reflexos. A manobra serve para desviar atenção, puxando uma mão contra a outra e focar nesse movimento, dessa maneira o reflexo, patelar, por exemplo, torna-se capaz de ser testado e sem ser influenciado. Quando se tem uma desconexão do primeiro neurônio motor com o segundo neurônio motor, o paciente terá hipertonia e hiperreflexia, podendo surgir outros sinais, como o fenômeno chamado clônus, em que se flete o pé do paciente e em caso de desconexão o pé irá repetir continuadamente o movimento de flexão e extensão. Pode ser realizado também na patela. Os reflexos superficiais ou cutâneos existem quando se tem uma conexão normal, quando se desfaz esse reflexo desaparece ou se transforma em outro reflexo – diferentemente do reflexo miotático, que é exacerbado. Os mais comuns de serem realizados são o: 9 • Cutâneo abdominal, em que se passa o martelo nos 4 quadrantes do abdômen no sentido do umbigo e se observa a contração da musculatura. Nota-se, porém, que esse reflexo está ausente na maioria da população, seja por gordura abdominal, flacidez ou até cirurgia. O que se avalia, por exemplo, é assimetria, isto é, presente em algum lado e ausente em outro. • O reflexo cutâneo plantar é feito no pé do paciente, estimulando da lateral para a basedos dedos. O paciente tem por resposta normal a flexão dos dedos. Caso contrário, se tem o sinal de Babinski, em que o paciente estende os dedos ao invés de fletir. • Sensibilidade – REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA: a representação sensitiva cortical é o homúnculo de Penfield, em que apresenta que os neurônios sensitivos estão agrupados de acordo com a região que os neurônios sensibilizam. Diante disso, sob o ponto de vista sensitivo cortical, as áreas mais nobres sobre o ponto de vista evolutivo da espécie têm uma área cortical maior que as áreas não tão importantes – a face, por exemplo, tem mais sensibilidade que a parte posterior da coxa. Sabe-se, portanto, que a área cortical que corresponde a sensibilidade é a área pós-central (pós-rolândica). O sistema sensitivo compreende um receptor periférico capta uma modalidade sensitiva e emite um potencial de ação para o sistema nervoso central, através da raiz posterior da medula. As modalidades de temperatura, dor e tato grosseiro(protopático) cruzam para o lado contralateral logo quando entram na medula; já as que cruzam a nível do tronco cerebral são a sensibilidade vibratória e a proprioceptiva, além do tato epicrítico. Cada região do corpo envia as informações para um segmento medular determinado, os chamados dermátomos. Diante disso, o exame físico basicamente a avaliação da sensibilidade objetiva geral, que é dividida em sensibilidade superficial e sensibilidade profunda. Além disso, há a sensibilidade especial (olfação, visão, gustação e audição), que serão avaliadas no exame dos pares cranianos. 10 PARES CRANIANOS • Nervo olfativo (I) – com o paciente de olhos fechados, deve reconhecer o aroma que o examinador colocar diante de cada narina. Deve-se usar substancias que não irritem a narina, pois caso irrite, o paciente reconhecerá através do mecanismo irritatório – alcool, por exemplo. O paciente que tiver redução da capacidade olfativa tem hiposmia. Em caso de perda total, refere-se anosmia. Essas alterações podem ser indicativas de sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e tumor da goteira olfativa. Atentar em pacientes traumáticos, pois uma pancada muito forte na cabeça pode causar hiposmia ou anosmia, que ocorre pois o bulbo olfatório em uma pancada se movimentou (junto do encéfalo) porém os neurônios de primeira ordem “presos a placa cribiforme” não se movimentam e acabam rompendo a ligação com o bulbo olfatório. • Nervo óptico (II) – o nervo óptico é um nervo sensitivo que conduzem as informações dos cones e bastonetes para o centro da visão localizada no lobo occipital. Sabendo disso, se avalia no exame físico a acuidade visual, o campo visual e a fundoscopia, além da avaliação das pupilas. O exame das pupilas envolve a iluminação das pupilas e a observação da contração da pupila iluminada e da pupila contralateral, após é realizado o mesmo teste na pupila contralateral. Deve-se avaliar, portanto, o reflexo consensual que é aquele reflexo de contração da pupila que não está sendo iluminada e o reflexo direto – da pupila a ser iluminada. Sabendo disso, a informação de que existe um estímulo luminoso é captada pelo par II, que se direcionam para o mesencéfalo (para o núcleo de Edinger-Westphal) e faz sinapse com os núcleos do III par craniano- bilateralmente - isto é, a informação sensitiva estimula o núcleo dos dois lados do oculomotor, que realiza a contração da pupila. A irregularidade do contorno pupilar é chamada discoria; quando o diâmetro se acha aumentado, fala-se em midríase; o contrário, miose; a igualdade de diâmetro denomina-se isocoria; e a desigualdade, anisocoria. SENSIBILIDADE SUPERFICIAL • Sensibilidade tátil: com algodão ou pincel macio, toca-se de leve a várias partes do corpo. • Sensibilidade térmica: com um conteúdo quente e outro frio se toca várias partes do corpo. • Sensibilidade dolorosa: se provoca dor sem ferir o paciente SENSIBILIDADE PROFUNDA • Sensibilidade vibratória: usando o diapasão, coloca-se as saliências ósseas. • Sensibilidade à pressão (barestesia): com a compressão. • Sensibilidade dolorosa: compressão moderada de massas musculares e tendões. Dor → neurites e miosites. Não sentir nenhum tipo de dor → tabes dorsalis. 11 “Os reflexos podem estar normais, diminuídos ou abolidos. A abolição pode abranger todos os reflexos ou ser dissociada. Assim, na lesão unilateral do oculomotor, a pupila entra em midríase homolateral (predomínio do simpático) e não responde a estímulo algum – é chamada midríase paralítica. A pupila oposta permanece normal. Na lesão bilateral da via aferente (fibras pupilomotoras que estão juntas com o nervo óptico), os reflexos fotomotor direto ou consensual estão abolidos, enquanto o reflexo de acomodação está preservado. Outro exemplo é representado pela lesão da via aferente do lado direito: aplicando-se o estímulo à direita, os reflexos direto e consensual estarão abolidos; se o estímulo for aplicado à esquerda, ambos os reflexos estarão normais; o reflexo de acomodação está preservado.” Para avaliar a acuidade visual, se usa a tabela de Snellen (tabela da autoescola) para ver se o paciente consegue ler o conteúdo da tabela. O paciente que faz uso de algum auxílio de visão, como óculos, deve estar fazendo uso desse acessório quando realizar o teste. Quando se tem uma redução da acuidade é ambliopia, já na perda total se tem amaurose. Para o campo visual, sentado, o paciente fixa um ponto na face do examinador, postado à sua frente. O examinador coloca suas mãos na periferia do seu campo visual e as move enquanto pergunta ao paciente se ele está vendo os movimentos. Essa conduta deve ser realizada em cada olho separadamente e, depois, com os dois olhos abertos simultaneamente. A sensibilidade visual inicia pelas retinas, que são divididas em retina nasal e temporal (que irá fazer o hemicampo visual contrário). Após, a informação é transmitida pelos nervos ópticos até chegar no quiasma óptico, onde as fibras das retinas nasais cruzam e formam o trato óptico esquerdo e direito. Os tratos, por sua vez, se encaminham para o lobo occipital, onde as fibras vão se disseminando pelo lobo. Sabendo disso, as lesões correspondem a sua função anatomica. • Lesões no quiasma: onde as fibras da retina nasal cruzam, portanto, se perde o campo visual temporal, tendo a visão em túnel/corredor. O quiasma está sobre a hipófise, portanto tumores de hipófise podem comprimir essa região. • Lesões de tratos ópticos: se tem a perda de visão do hemicampo contralateral (hemianopsia homônima). • Lesões lobares: nos lobos, as fibras se dissipam, portanto as lesões tendem a causar perdas reduzidas, de quadrantes. 12 Quanto a fundoscopia, se utiliza o oftalmoscópio para visualizar o fundo de olho, o que possibilita a visualização direta do nervo óptico. Podem ser reconhecidos o tecido nervoso (retina e papila óptica) e os vasos (artérias, veias e capilares), que evidenciam fielmente o que se passa com as estruturas análogas na cavidade craniana. Entre as alterações que podem ser encontradas destacam-se a palidez da papila, que significa atrofia do nervo óptico, o edema uni ou bilateral da papila, que traduz hipertensão intracraniana, e as modificações das arteríolas que surgem na hipertensão arterial. • Nervo oculomotor, troclear e abducente (III, IV e VI) – os nervos fazem a movimentação ocular extrínseca – o oculomotor ainda faz a movimentação intrínseca, citada anteriormente no nervo óptico. Se avalia portanto a movimentação ocular, pedindo para paciente realizar os movimentos. Outro ponto importante, é na perda do oculomotor, que também faz elevação da pálpebra e a constrição pupilar, portanto, nas lesões se tem um desvio ínfero-lateral do olho, com a pupila dilatada e a pálpebraficará caída (ptose). • Nervo trigêmeo (V) – o trigêmeo faz a inervação sensitiva da face e a inervação da musculatura da mastigação (temporal e masseter). Sabendo disso, se faz a avaliação do ramo oftálmico, maxilar e mandibular da sensibilidade do trigêmeo – são divididos pelas comissuras (ocular e pela comissura labial) – e também dos músculos mastigatórios. Durante o exame, avalia-se também o reflexo córneo-palpebral. Por meio desse teste, é possível mensurar o funcionamento do ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Esse reflexo integra o nervo trigêmeo com o nervo facial (VII). Para realizar esse teste, é pedido que o paciente olhe para a longe e se toca com um algodão na córnea do paciente. Caso haja o reflexo, indica o funcionamento normal do ramo oftálmico do trigêmeo – que capta o toque na córnea e leva ao tronco cerebral – e também o funcionamento da inervação do músculo orbicular do olho pelo nervo facial – que, entao, faz a resposta motora. Pode avaliar, diante disso, a ocorrência de herpes zoster, por exemplo, em que, caso o ramo não esteja funcionando normalmente, há possibilidade de que ele tenha contraído o vírus – sabe-se, ainda, que o ramo oftálmico é o ramo preferencial do herpes zoster. 13 Na avaliação da raiz motora, caso o paciente tenha alguma lesão unilateral, observa-se os seguintes elementos: (1) Atrofia das regiões temporais e masseterianas (2) A abertura da boca promove desvio da mandíbula para o lado da lesão (3) Ao trincar os dentes, nota-se debilidade do lado paralisado (4) Há dificuldade do movimento de lateralização da mandíbula. • Nervo facial (VII) – é um nervo motor responsável pela inervação da musculatura da mímica e sua parte sensitiva que é responsável pelo paladar dos 2/3 anteriores da língua (sensibilidade especial). O que se avalia, entretanto, é geralmente só a musculatura da mímica. Para isso, “solicita-se ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, cerrar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma”. Em casos de paralisia unilateral, observam-se lagoftalmia (o olho permanece sempre aberto), ausência do ato de piscar, epífora (lacrimejamento), desvio da boca para o lado normal. O estado de paralisia da face se chama de prosopoplegia e quando bilateral diplegia facial. Além disso, outro ponto extremamente importante é diferenciar a paralisia por lesão do nervo facial da paralisia central – que ocorrem geralmente nos acidentes vasculares e nos tumores cerebrais. No tipo periférico, toda a hemiface homolateral é acometida, enquanto, na central, somente a metade inferior da face contralateral se mostra alterada. • Nervo vestibulococlear (VIII) – o nervo possui duas raízes, a raiz vestibular – responsável pelo equilíbrio, portanto avaliada durante o exame do equilíbrio estático, principalmente através da prova de Romberg – e a raiz coclear – responsável pela audição. Antes de tudo, para avaliar a audição é necessário um diapasão – ou caso, não tiver, algo que seja possível de realizar uma comparação, com o tic-tac de um relógio de pulso. No exame, se aproxima o diapasão da orelha do paciente e se avalia a simetria de percepção do som nas duas orelhas. Ademais, o examinador compara a audição do paciente com a dele, como um mecanismo comparativo. Caso se detecte alguma alteração nesse exame, o examinador pode realizar mais dois testes que avaliam a condução óssea do som: o teste de Rinne e o teste de Weber. Paralisia facial periférica unilateral esquerda; Paralisia facial central da hemiface direita; 14 • Nervo glossofaríngeo e vago (IX e X) – o IX par craniano é responsável por fazer a gustação do 1/3 posterior da língua e a sensibilidade das tonsilas e paredes faríngeas. Já o X par, faz a elevação do palato mole e também o reflexo do vômito, além da inervação das cordas vocais pelo ramo laríngeo recorrente. Para realizar o exame, solicita-se ao paciente que abra a boca e pronuncia a vogal “A”, elevando o palato, que traduz o funcionamento do vago e do glossofaríngeo. Caso haja algum desvio da úvula para algum lado, se detecta o sinal da cortina, em que a úvula desvia para o lado normal. Além disso, com um abaixador de língua, se toca a orofaringe para avaliar o reflexo do vômito – lembrando de realizar em ambos os lados. A sensibilidade do toque é captada pelo glossofaríngeo e a resposta de contração da orofaringe é feita pelo nervo vago. Outro fator importante é avaliação da voz do paciente, pois o vago emite o ramo laríngeo recorrente, que inerva as cordas vocais, portanto em caso de lesão, o paciente apresenta disfonia (rouquidão). • Nervo acessório (XI) – o nervo tem função motora sobre os músculos trapézio e os esternocleidomastóideos. Sabendo disso, para realizar o exame, solicita-se para o paciente que rotacione a cabeça para os dois lados, avaliando os esternocleidomastóideos. Para avaliar o músculo trapézio, o paciente deve levantar os ombro e o examinador deve aplicar uma força para baixar, enquanto o paciente resiste a tentativa. Caso o paciente esteja deitado, solicita-se que o paciente eleve a cabeça, pois, com esse movimento, se avalia, também, a funcionalidade dos esternocleidomastóideos. • Nervo hipoglosso (XII) – o nervo é exclusivamente motor, inervando os músculos da língua. Diante disso, para realizar o exame, solicita-se ao paciente para movimentá-la para todos os lados. Nas lesões unilaterais, observam-se atrofia e, quando exteriorizada, a língua se desvia para o lado da lesão. REVISÃO DAS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS • Hipertensão intracraniana – a caixa craniana é uma estrutura inextensível, de maneira que um desequilíbrio do componentes da estrutura alteram a homeostasia local. Sabendo disso, dentre os fatores desencadeantes se destacam: aumento da massa cerebral, encefalopatia hipertensiva, bloqueio do fluxo venoso, bloqueio na circulação do liquor, bloqueio na reabsorção do liquor, presença de sangue extravasado, seja na intimidade do parênquima nervoso, seja no espaço subaracnóideo ou nos demais espaços. Instauranda a situação de hipertensão intracraniana os sintomas podem ser diversos, porém, destam-se os seguintes: • Cefaléia – Decorrente da compressão das estruturas intracranianas, é um sintoma constante. Inicia de modo localizada, ocasional e moderada e com o desenvolvimento do caso, passa a ser constante intensa e global. • Vômitos – os chamados vômitos cerebrais têm algumas peculiaridades, pois diferentemente dos vômitos de origem digestiva, não apresentam náusea antecedente, além disso são chamados “vômitos em jato” e não estão relacionados a alimentação. Decorrem, portanto, da irritação dos centros bulbares. • Vertigens – não são muito comuns, entretanto, surgem habitualmente pela movimentação abrupta da cabeça, sendo mais comuns nas neoplasias da fossa posterior, na região do osso occipital. • Edema de papila – A hipertensão intracraniana, ao impedir o fluxo normal do sangue nas veias retinianas, determina além do edema da papila uma série de eventos reconhecidos à fundoscopia, ou seja, desaparecimento do pulso venoso, turgência venosa, estase papilar, focos hemorrágicos e atrofia papilar pós-edema. Diante disso, a fundoscopia é extremamente importante para avaliar a presença de hipertensão intracraniana. 15 • Convulsão – ocorre mais em crianças em que o quando evolui de maneira rápida. Geralmente é generalizada, entretanto, caso seja local pode significar o agente causal se situa na área correspondente. • Paralisia dos nervos cranianos – geralmente, quando está presente, é comprometido o nervo abducente (VI par), podendo ser uni ou bilateral. Em uma avaliação dos pares, portanto, se nota um estrabismo convergente e diplopia (visão dupla). A paralisia do nervo abducente, porém, não indica o local da lesão eé explicada pelo seu longo trajeto e sua disposição anatômica na base do crânio (ou é comprimido de encontro às paredes ósseas ou, então, é tracionado para baixo pela artéria cerebelar anterior, que o enlaça). • Distúrbios psíquicos – sendo mais comuns nas fases avançadas, são um conjunto de alterações que traduzem a redução global das funções mentais. • Distúrbios vegetativos(autonomicos) – em períodos tardios se observa bradicardia e hipertensão arterial (reflexo de Cushing). A respiração pode mostrar-se alterada, tanto na frequência (taquipneia) quanto no ritmo (respiração de Cheyne-Stokes ou de Biot), ou com períodos irregulares de apneia. • Macrocrania - ocorre apenas em crianças novas, antes de as suturas cranianas se consolidarem em definitivo. Um elemento simples de grande significado é a presença de abaulamento da fontanela anterior, quando aberta. Etiologias mais comuns: tumores (incluindo abscesso), meningite, hemorragia (cerebral ou subaracnóidea), traumatismo (com ou sem hematoma), edema cerebral, intoxicações exógenas, trombose venosa cerebral, hipertensão arterial maligna, estenose congênita do aqueduto silviano, neurocisticercose, uso de medicamentos em crianças (tetraciclinas, vitamina A, ácido nalidíxico) e hipertensão intracraniana benigna (pseudotumor cerebral). • Síndrome do neurônio motor superior - é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da interrupção, anatômica ou funcional, da via corticoespinal. A via tem origem nas células do córtex motor pré-rolândico e os seus axônios terminam em sinapse com os neurônios motores inferiores. Etiologias mais comuns: acidentes vasculares cerebrais, os tumores, as doenças desmielinizantes (esclerose múltipla), os processos degenerativos (esclerose lateral amiotrófica), os traumatismos e as infecções. • Síndrome do neurônio motor inferior - nas lesões do II neurônio motor (corpo celular ou axônio), os impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. Em consequência, todos os atos motores (voluntários, automáticos e reflexos) são abolidos, ocorrendo os seguintes sintomas: 16 Etiologias mais comuns: poliomielite anterior aguda, esclerose lateral amiotrófica, amiotrofia mielopática infantil, siringomielia, polineuropatia periférica, radiculopatias, mononeuropatias e neuropatias múltiplas. • Síndrome hemiplégica – aparece quando ocorre lesão da via piramidal, em qualquer ponto do trajeto desde o córtex cerebral até a medula, e se traduz pela perda da motricidade de uma metade do corpo, com o cortejo sintomático que constitui a síndrome do I neurônio motor. Etiologias mais comuns: acidentes vasculares cerebrais, os tumores, os traumatismos, as infecções e as doenças desmielinizantes. • Síndrome cerebelar – é constituída de alterações da coordenação e do tônus muscular. Podem-se identificar os sintomas próprios da lesão do verme e dos hemisférios cerebelares. As alterações dependentes das lesões hemisféricas se refletem nos membros e são sempre do mesmo lado; as decorrentes da lesão do verme localizam-se de modo predominante no tronco. Etiologias mais comuns: tumores (incluindo-se o abscesso), infecções, distúrbios vasculares (infarto, hemorragia), intoxicações exógenas (álcool), uso de medicamentos (hidantoinato, piperazina), doença desmielinizante (esclerose múltipla), doenças heredodegenerativas, traumatismo e atrofias (primária e paraneoplásica). • Síndrome meníngea – as meninges podem ser acometidas por processo irritativo, que são causados geralmente por infecção ou hemorragia. Na hemorragia meníngea o quadro instala-se sempre de modo súbito e inesperado, enquanto na meningite os sintomas costumam aparecer rapidamente ou mais gradativamente, como é o caso das meningites não purulentas. 17 Suas principais características semiológicas podem ser agrupadas em três outras síndromes: hipertensão intracraniana, síndrome radicular (constituída de hiperestesia, fotofobia, raquialgia, postura antálgica, habitualmente em decúbito lateral e com os membros inferiores semifletidos, rigidez da nuca, positividade das provas de Kernig, Brudzinski e Lasègue) e síndrome infecciosa – quando estiver presente a meningite –, que inclui a febre, a prostração, a astenia, a anorexia, a taquicardia. • Síndrome de Brown-Séquard ou hemissecção transversa lateral da medula – Etiologias mais comuns: traumatismos, em especial por projétil de arma de fogo, as neoplasias e as infecções. • Síndrome de compressão medular – a compressão constitui uma série de sinais e sintomas que envolvem: a sensibilidade, com queixas de dor radicular, sensação de formigamento ou dormência, além da perda de sensibilidade com o tempo; motricidade, com paresia inicial de grupos musculares, podendo desenvolver para paralisia completa; reflexos, apresentando o sinal de Babinski e os reflexos profundos hiperativos; tônus, paralelamente à gradativa paresia, observa-se aumento do tônus nos membros atingidos, com o caráter de espasticidade. “Não se deve esquecer de que a participação dos membros superiores e inferiores, ou, então, exclusivamente dos inferiores, depende de a lesão situar-se na medula cervical ou toracolombar, respectivamente, configurando, ao final, o quadro clínico da tetraplegia ou paraplegia sensorimotora, com distúrbios esfincterianos e tróficos.” 18 Anamnese Exame Físico Pescoço e coluna cervical Coluna lombossacral Marcha ou equilíbrio dinâmico Equilíbrio estático Motricidade voluntária Tônus muscular Terminologia Coordenação Reflexos Sensibilidade Pares cranianos Nervo olfativo (I) Nervo óptico (II) Nervo III, IV e VI Nervo trigêmeo (V) Nervo facial (VII) Nervo vestibulococlear (VIII) Nervo IX e X Nervo acessório (XI) Nervo hipoglosso (XII) Síndromes neurológicas Hipertensão intracraniana Síndrome do NMS Síndrome do NMI Síndrome hemiplégica Síndrome cerebelar Síndrome meníngea Síndrome de Brown-Séquard Compressão medular Provas, testes e sinais de Brudzinski de Lasègue de Kernig de Romberg de Barré de Mingazzini de Babinski de Rinne de Weber dos braços estendidos de Wernicke-Mann do canivete da roda denteada do index-nariz do calcanhar joelho dos movimentos alternados
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