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/ DEFINIÇÃO Apresentação da história e importância dos Incoterms; definição e análise dos onze Incoterms em vigor: marítimos, aquaviários e os aplicados a qualquer modo de transporte. PROPÓSITO Conhecer a finalidade da aplicação correta dos Incoterms nas operações comerciais internacionais, o que é fator decisivo para evitar riscos e custos indevidos nos processos de exportação e importação de bens. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever os Incoterms marítimos ou aquaviários / MÓDULO 2 Descrever os Incoterms aplicados a qualquer modo de transporte – Multimodais INTRODUÇÃO Para concretizar as operações de exportação e importação, é necessário primeiramente conhecer os principais aspectos comerciais. Os Incoterms são fundamentais, pois determinam com precisão o momento e o local em que os riscos são transferidos do exportador para o importador. Fonte: Aymanejed / Pixabay Ao iniciar uma negociação comercial, normalmente o vendedor (exportador) apresenta ao comprador (importador) um documento inicial que estabelece as condições da venda. Em geral, este documento é uma pro forma invoice ou fatura pro forma, como se fosse um orçamento para venda. / Fonte: andibreit / Pixabay O comprador pode receber propostas de outros vendedores e depois decide por uma delas. Muitas vezes a fatura pro forma é substituída por um contrato de compra e venda; outras vezes apenas a pro forma invoice com o aceite do comprador já pode ser considerado um contrato entre as partes. Fonte: geralt / Pixabay Neste contrato são definidas todas as particularidades da operação como pagamento, especificação do produto, tipo de veículo de embarque, embalagem etc. Uma das informações mais relevantes são as condições de entrega das mercadorias, que devem estar definidas pelo Incoterm escolhido. Há onze Incoterms em vigor. / No módulo 1, serão apresentados os Incoterms aplicados exclusivamente aos transportes marítimos ou aquaviários. No Módulo 2, estudaremos os Incoterms multimodais utilizados em todos os meios de transporte, inclusive no marítimo ou aquaviário. É IMPORTANTE QUE O IMPORTADOR E O EXPORTADOR CONHEÇAM A ESPECIFICIDADE DE CADA INCOTERM, PARA USAR O QUE MELHOR SE ADEQUE ÀS NECESSIDADES E À CAPACIDADE DA EMPRESA. MÓDULO 1 Descrever os Incoterms marítimos ou aquaviários Fonte: Julius_Silver / Pixabay O QUE SÃO INCOTERMS? / Incoterms é a abreviatura para Internacional Commercial Terms ou Termos Internacionais de Comércio. Como veremos adiante: SÃO TRÊS LETRAS QUE DEFINEM O MOMENTO EXATO DA ENTREGA, OU SEJA, QUANDO A RESPONSABILIDADE PELOS BENS PASSA DO VENDEDOR PARA O COMPRADOR. Os Incoterms, ou Condições de Venda, definem até onde cada uma das partes envolvidas na negociação internacional arca com os custos e riscos relativos à operação. ATENÇÃO É imprescindível, portanto, conhecer o Incoterm a ser utilizado, pois ele determinará a divisão dos custos, indicando precisamente o preço que o importador deverá pagar ao exportador e o que está incluído neste preço. Sabemos que uma carga internacional passa por diversas etapas no processo de importação/exportação, tornando elevado o risco de perdas e danos. Daí a importância de se determinar exatamente de quem é o risco. POR QUE OS INCOTERMS SÃO IMPORTANTES? As negociações entre pessoas de nacionalidade, cultura e leis diferentes podem gerar dúvidas, conflitos, mal-entendidos em razão de práticas comerciais distintas. Os Incoterms uniformizam o entendimento e a relação comercial entre o exportador e o importador, simplificando e definindo as obrigações, responsabilidades e direitos de cada parte. As regras dos Incoterms são universais, o que confere clareza e previsibilidade aos negócios. / Os Incoterms são publicados e gerenciados pela International Chamber of Commerce (ICC) ou Câmara de Comércio Internacional. INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC) A ICC tem sede em Paris e possui Comitês Nacionais em mais de 80 países, é uma organização empresarial mundial cuja rede abrange mais de 45 milhões de empresas e associações empresariais em mais de cem países. Desde que foi criada, em 1919, a ICC realiza importantes contribuições para o desenvolvimento do comércio internacional e da economia global, criando regras e padrões utilizados internacionalmente nas transações do comércio mundial, como os Incoterms. Além disso, possui uma Corte Internacional de Arbitragem, que atua na resolução de disputas nos negócios. UM BREVE HISTÓRICO 1923 O primeiro parecer da ICC sobre termos de comércio Após a criação da ICC em 1919, uma de suas primeiras iniciativas foi facilitar o comércio internacional. No início dos anos 1920, a organização mundial de negócios começou a decifrar os termos usados pelos comerciantes de 13 países. Isso foi feito por um estudo, publicado em 1923, que destacou divergências de interpretação dos termos comerciais. javascript:void(0) / 1928 Estudo ampliado Para examinar as discrepâncias identificadas na pesquisa inicial, foi realizado um segundo estudo. Desta vez, o escopo foi ampliado para a interpretação dos termos comerciais usados em mais de 30 países. 1936 Diretrizes globais para comerciantes Com base nos resultados dos estudos, a primeira versão das regras dos Incoterms foi publicada. 1953 Ascensão do transporte ferroviário Com a Segunda Guerra Mundial, as revisões suplementares das regras do Incoterms foram suspensas e retomadas nos anos 1950. A primeira revisão das regras dos Incoterms foi publicada em 1953 e incluiu três novos termos comerciais para o transporte não marítimo. 1967 Interpretações incorretas corrigidas A ICC lançou outra revisão das regras dos Incoterms corrigindo interpretações incorretas da versão anterior. / 1974 Avanços nas viagens aéreas O aumento do uso do transporte aéreo deu origem a outra versão dos termos comerciais populares. 1980 Aumento do tráfego de contêineres Com a expansão do transporte de mercadorias em contêineres e novos processos de documentação, surgiu a necessidade de outra revisão dos Incoterms. 1990 Uma revisão completa A quinta revisão simplificou alguns termos e excluiu os que se referiam a modos de transportes específicos. 2000 Obrigações alteradas de desembaraço aduaneiro / Alguns termos foram modificados para obedecer à maneira como a maioria das autoridades aduaneiras aborda as questões do exportador e importador. 2010 Reflexões sobre o cenário comercial contemporâneo O Incoterms 2010 consolidou e removeu alguns termos, assim como incluiu uma maior obrigação do comprador e do vendedor em cooperar no compartilhamento de informações e alterações para acomodar as "vendas em cadeia". 2020 Rumo ao futuro Para acompanhar o cenário de comércio global em constante evolução, a atualização mais recente dos termos de comércio ocorreu no Incoterms 2020, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2020. ATENÇÃO As partes interessadas podem utilizar versões anteriores dos Incoterms, caso considerem pertinente. Se constar no contrato apenas Incoterms, sem indicação da sua versão, será aplicada a que estiver em vigor. / OS 11 INCOTERMS Os Incoterms devem ser considerados como uma cláusula do contrato de compra e venda, regulando apenas a relação entre o exportador e o importador e não a relação com os demais participantes da transação comercial como seguradoras, transportadoras, agentes financeiros etc. Muito embora os Incoterms sejam utilizados na maioria das operações de comércio internacional, sua aplicação não é obrigatória, mas facultativa. Os 11 termos instituídos pela Câmara de Comércio Internacional podem ser divididos em grupos, como no quadro a seguir: Grupo Trecho: até onde vai a responsabilidade do exportador E Até a porta da fábrica ou do armazém do exportador EXW F Até onde começa o transporte principal no local de entrega no país de origem FCA / FAS / FOB C Até onde termina o transporte principal no local de destino CFR / CIF /CPT / CIP D Local de entrega combinado no país do importador DPU / DAP / DDT (Fonte: Adaptado de: Segalis; França; Atsumi, 2012, p. 69.) EXW - Mercadoria colocada à disposição do comprador no local do vendedor. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) / FCA – Mercadoria entregue na transportadora. FAS – Mercadoria colocada ao lado do navio. FOB – Mercadoria embarcada a bordo do navio. CFR – Mercadoria embarcada a bordo do navio, com frete pago. CIF – Mercadoria embarcada a bordo do navio, com frete e seguro pagos. / CPT – Mercadoria entregue na transportadora, com frete pago. CFR – Mercadoria embarcada a bordo do navio, com frete pago. CIP – Mercadoria entregue na transportadora, com frete e seguro pagos. CFR – Mercadoria entregue no local ou terminal alfandegado no país de destino, sem desembaraço. DAP – Mercadoria entregue no local combinado, no país de destino, sem desembaraço. / DDT – Mercadoria entregue no local do comprador, com desembaraço aduaneiro. INCOTERMS EMPREGADOS EXCLUSIVAMENTE NOS TRANSPORTES MARÍTIMOS OU AQUAVIÁRIOS FAS – FREE ALONGSIDE SHIP / LIVRE AO LADO DO NAVIO (PORTO DE EMBARQUE DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues ao lado do navio (ao longo do costado do navio), no cais ou em uma barcaça, no porto de embarque designado desembaraçados para exportação. FAS é utilizado quando o exportador entrega os bens posicionados, ao lado do navio designado pelo importador, no porto de embarque. O risco de perda ou danos passa do exportador para o importador no momento em que as mercadorias se posicionam ao lado do navio. A partir daí o importador assume todos os custos e riscos. Este termo não é muito aplicado e é mais utilizado para exportações de commodities ou cargas de grande peso ou volume. O exportador deve obter licenças, autorizações, certificados e outras formalidades alfandegárias necessárias para a exportação, arcando com todos os custos. / As mercadorias são entregues ao lado do navio, no cais ou em uma barcaça. Muitas vezes o navio não está atracado, então é necessária a utilização de barcaça para chegar até ele. O importador ou seu representante, devidamente constituído, deve receber a carga e emitir um documento atestando “received for shipment”. Os custos de estiva e colocação da carga a bordo do navio correm por conta do importador, assim como as despesas de frete e seguro internacionais. O termo FAS pode ser utilizado sem restrição nas exportações e importações brasileiras. FOB – FREE ON BOARD / LIVRE A BORDO (PORTO DE EMBARQUE DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues a bordo do navio nomeado pelo importador, no porto de embarque designado, desembaraçados para exportação. FOB indica que o exportador entrega as mercadorias a bordo do navio nomeado pelo importador no porto combinado. O risco de perda ou dano à mercadoria passa do exportador para o importador, quando os bens estão a bordo do navio e, a partir daí, o importador fica responsável por todos os custos da transação. Este termo não deve ser utilizado caso a mercadoria seja entregue antes de estarem a bordo, como no caso de contêineres, que em geral são entregues em um terminal. Neste caso, é melhor usar o termo FCA, que veremos adiante. No Brasil, é o Incoterm mais utilizado nas operações de comércio exterior. O exportador fica responsável por todos os custos e riscos até que a mercadoria esteja a bordo do navio, inclusive os das formalidades aduaneiras. O frete e o seguro ficam por conta do importador. / COMENTÁRIO Em alguns casos, por prática comercial, o próprio exportador contrata o transporte, mas o risco e a responsabilidade financeira são do importador, que deve concordar com tal procedimento. O exportador também deve entregar ao importador uma prova de que as mercadorias foram colocadas a bordo. Esta prova é o conhecimento de embarque marítimo, denominado Bill of Lading (B/L), emitido em várias vias com as anotações de "shipped on board" e "clean on board", devidamente datado. O termo FOB pode ser utilizado sem restrição nas exportações e importações brasileiras. CFR – COST AND FREIGHT / CUSTO E FRETE (PORTO DE DESTINO DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues a bordo de navio nomeado pelo exportador, desembaraçados para exportação, com custos e frete pagos para enviar os bens até o porto de destino designado. CFR determina que o exportador entregue as mercadorias a bordo do navio no porto de embarque. O risco ou dano passa do exportador para o importador, quando as mercadorias se encontram a bordo do navio. O Incoterm CFR refere-se ao termo FOB acrescido do valor do frete: CFR = FOB + frete Cabe ao exportador contratar e pagar os custos e o frete respectivos até o local de entrega no porto de destino. / COMENTÁRIO O exportador não tem obrigação de contratar o seguro, mas pode fornecer informações ao importador para que ele o faça. A obrigação do exportador se encerra quando a mercadoria é entregue ao transportador e não quando a mercadoria chega ao destino. Assim sendo, o risco do exportador vai até a entrega do bem, porém, como ele pagou o frete, o seu custo é computado até o porto de destino. Por este motivo, é importante que fique claramente acordado o local no porto de destino. Na figura, a seta indica onde a entrega é efetuada e a linha C, o custo do exportador com o pagamento do frete. O exportador deve entregar ao importador uma prova de que as mercadorias foram colocadas a bordo e de que o frete foi pago. Esta prova é o conhecimento de embarque marítimo, denominado Bill of Lading (B/L), emitido em várias vias, com as anotações de "shipped on board" e "clean on board", devidamente datado. COMENTÁRIO Caso as mercadorias sejam entregues ao transportador antes de serem colocadas a bordo, como nos casos de contêineres, que em geral são entregues em um terminal, o CFR não deverá ser utilizado e sim o CPT, que veremos adiante. O exportador deve responder por todos os custos e riscos até que a mercadoria esteja de fato a bordo do navio designado, inclusive as despesas alfandegárias, licenças e certificados. O termo CFR pode ser utilizado sem restrição nas exportações e importações brasileiras. CIF – COST, INSURANCE AND FREIGTH / CUSTO, SEGURO E FRETE (PORTO DE DESTINO / DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues a bordo de navio nomeado pelo exportador, desembaraçados para exportação, com custos, seguro e frete pagos para enviar os bens até o porto de destino designado. CIF significa que o exportador entrega as mercadorias a bordo do navio no porto de embarque. O risco de perda ou dano passa para o importador quando os bens estiverem a bordo do navio. O termo CIF corresponde ao Incoterm FOB acrescido do frete e do seguro, ou ao Incoterm CFR mais o seguro: CIF= FOB+ frete +seguro CIF= CFR+ seguro Cabe ao exportador também contratar e pagar os custos e o frete necessários para enviar a mercadoria até o porto de destino, bem como a cobertura de seguro contra o risco de perda ou danos às mercadorias durante o transporte. COMENTÁRIO O seguro em geral é contratado para cobertura mínima; caso o importador deseje mais proteção, deverá combinar com o exportador ou contratar seu próprio seguro adicional. A obrigação do exportador encerra quando entrega a mercadoria ao transportador e não quando a mercadoria chega ao local de destino. É importante que seja identificado o local exato no porto de destino, uma vez que os custos até esse ponto são por conta do exportador. O exportador deve entregar ao importador uma prova de que as mercadorias foram colocadas a bordo e que o frete foi pago. Esta prova é o conhecimento de embarque marítimo, denominado Bill of Lading / (B/L), emitido em várias vias, com as anotações de “shippedon board” e “clean on board”, devidamente datado. Caso a mercadoria seja entregue antes de ser colocada a bordo do navio, como no caso de contêineres, o ideal é utilizar o Incoterm CIP, como veremos a seguir. O termo CIF pode ser usado sem restrição para as exportações e importações brasileiras. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO INCOTERM CIF, A RESPONSABILIDADE DO EXPORTADOR EM RELAÇÃO ÀS MERCADORIAS VAI ATÉ: A) O destino final da carga. B) O armazém do importador. C) A bordo do navio. D) A entrega no terminal de carga. 2. O INCOTERM FOB É UM DOS MAIS UTILIZADOS NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO. NESTE INCOTERM, QUEM DEVE DESEMBARAÇAR AS MERCADORIAS PARA A EXPORTAÇÃO? A) O transportador. B) O exportador. C) O importador. / D) O representante do importador. GABARITO 1. No Incoterm CIF, a responsabilidade do exportador em relação às mercadorias vai até: A alternativa "C " está correta. No Incotem CIF (Cost, Insurance and Freight), muito embora o exportador seja o responsável pelo pagamento do frete e do seguro, a sua responsabilidade pela carga cessa no momento em que ela é colocada a bordo do navio. A partir daí, toda responsabilidade pela mercadoria passa para o importador. 2. O Incoterm FOB é um dos mais utilizados no comércio exterior brasileiro. Neste Incoterm, quem deve desembaraçar as mercadorias para a exportação? A alternativa "B " está correta. No Incoterm FOB (Free on Board), o exportador deve entregar a mercadoria a bordo do navio já devidamente desembaraçada, ou seja, cabe ao exportador realizar todos os trâmites na Receita Federal, para que o embarque da mercadoria seja autorizado. MÓDULO 2 Descrever os Incoterms aplicados a qualquer modo de transporte – Multimodais INCOTERMS APLICADOS A QUALQUER MODO DE TRANSPORTE - MULTIMODAIS / EXW – EX-WORKS / NA ORIGEM (LOCAL DE ENTREGA DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues pelo exportador quando são colocados à disposição do importador em suas instalações ou em outro local combinado, sem carregamento e sem desembaraço para exportação. Na condição de venda EXW, o exportador é responsável apenas por colocar a mercadoria à disposição do importador em suas próprias dependências ou em local designado: fábrica, armazém, usina, fazenda etc. O exportador não se responsabiliza pelo carregamento no veículo transportador, nem pelo desembaraço ou embarque. É o termo que representa a obrigação mínima do exportador, cabendo ao importador assumir todos os riscos e custos a partir da entrega no ponto combinado. ATENÇÃO Se for o caso, o exportador deve dar assistência ao importador para a obtenção de licenças, autorizações, certificados e outras exigências alfandegárias, para que a exportação seja viabilizada. O importador também deve tomar as devidas providências aduaneiras para exportação da mercadoria. O exportador deve comunicar ao importador "o aviso", para que este possa receber a mercadoria. O importador deve informar o exportador sobre o momento da retirada da mercadoria. No Brasil, EXW é um termo pouco utilizado, já que a legislação não permite que o estrangeiro efetue a tarefa de desembaraço da exportação, cabendo ao exportador registrar a Declaração Única de Exportação no Siscomex (DU-e). / Para as importações brasileiras, não há nenhuma restrição para o termo EXW, mas o importador deve conhecer os trâmites de desembaraço no país de origem. COMENTÁRIO Este Incoterm é utilizado quando os países fazem fronteira ou são parceiros em acordos comerciais, como o Mercosul ou o Mercado Comum Europeu. FCA — FREE CARRIER / TRANSPORTADOR LIVRE Os bens são entregues ao transportador designado pelo importador, desembaraçados para a exportação e carregados, se o local de entrega for o domicílio do exportador. Os bens são entregues ao transportador designado pelo importador, desembaraçados para exportação. Se o local da entrega for outro que não o domicílio do exportador, ele não é responsável pelo descarregamento naquele local. FCA indica que o exportador entrega as mercadorias para o importador nas instalações do exportador ou em outro local designado (aeroporto, porto, ponto de fronteira ou outro local dentro do país do exportador), desembaraçadas para exportação e já carregadas no meio de transporte providenciado pelo importador ou por meios próprios. / Quando a entrega é realizada em outro local que não as instalações do exportador, este só é responsável pelo carregamento; o descarregamento fica por conta do importador. Observe a responsabilidade de cada um dos envolvidos nessa comercialização: EXPORTADOR O exportador se responsabiliza por todos os riscos de perda ou dano até a entrega da mercadoria, inclusive devendo providenciar as formalidades alfandegárias, licenças e certificados para a exportação. IMPORTADOR O importador assume os riscos de perda ou dano a partir do momento da entrega dos bens. O exportador deve entregar a mercadoria no local combinado ao transportador ou a outra pessoa designada pelo importador. Caso a entrega ocorra nas dependências do exportador, ela finaliza com o carregamento das mercadorias no meio de transporte fornecido pelo importador ou por meios próprios. Este termo é aplicado principalmente nas exportações via aérea, terrestre ou multimodal; nas exportações via marítima, só no caso de utilização de contêineres. Nas exportações brasileiras, o FCA pode ser utilizado sem nenhuma restrição. Quando a entrega da mercadoria ocorre no domicílio do exportador, o que acontece principalmente nas vendas via terrestre, o cumprimento do termo só vai ocorrer na fronteira, onde será feito o desembaraço aduaneiro. Quanto às importações brasileiras, não há nenhuma restrição para a utilização do FCA. CPT – CARRIAGE PAID TO / TRANSPORTE PAGO ATÉ (LOCAL DE DESTINO DESIGNADO) / Fonte: Autora Os bens são entregues ao transportador nomeado pelo exportador, desembaraçados para exportação, com custo de transporte pago para enviar os bens até o local de destino designado. O CPT indica que o exportador deve entregar a mercadoria ao transportador ou a outra pessoa responsável, devendo contratar e pagar os custos de transporte para enviar as mercadorias até o local de destino. A obrigação do exportador se encerra quando ocorre a entrega da mercadoria ao transportador e não quando a mercadoria chega ao destino. Portanto, o risco a cargo do exportador vai até a entrega, e os custos vão até o destino. COMENTÁRIO No caso de transporte multimodal, a obrigação quanto às mercadorias será considerada cumprida na entrega ao primeiro transportador. No entanto, como o custo até o destino é por conta do exportador, é importante identificar com precisão o local dentro deste destino. Cabe ao exportador contratar um transporte que seja adequado e habitual, mas não tem obrigação de contratar o seguro, embora possa fornecer informações ao importador para que ele o faça. O Incoterm CPT corresponde ao termo FCA acrescido do valor do frete: CPT = FCA + frete Como demonstrado na figura acima, a responsabilidade do exportador vai até a entrega no país de origem, porém seus custos (C) vão até o destino. O exportador tem que fornecer ao importador o documento de transporte que ateste o cumprimento das condições do contrato de venda. / Este documento deve conter os bens do contrato e estar datado nos limites do período combinado. O documento de transporte, negociável e emitido em vários originais, precisa ser entregue ao importador, que o aceitará desde que esteja conforme a negociação entre as partes. O termo CPT pode ser utilizado sem nenhuma restrição para as exportações e importações brasileiras. CIP – CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO / TRANSPORTE E SEGUROS PAGOS ATÉ (LOCAL DE DESTINO DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues ao transportador nomeado pelo exportador, desembaraçados para exportação, com custo de transporte e seguro pagos para enviar os bens até o local de destino designado.O Incoterm CIP determina que o exportador entregue a mercadoria ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo exportador em um local combinado, devendo contratar e pagar não apenas os custos de transporte necessários para o envio das mercadorias até o local de destino, mas também o seguro contra riscos de perda ou dano durante o transporte. Em geral, este seguro é abrangente, mas as partes podem negociar os níveis de cobertura, desde que devidamente descritos no contrato. O Incoterm CIP corresponde ao termo FCA acrescido do frete e do seguro ou ao termo CPT mais o seguro: CIP = FCA+ frete + seguro CIP= CPT + seguro A obrigação do exportador se encerra quando ele entrega a mercadoria ao transportador e não quando ela chega ao destino. São, portanto, dois pontos distintos: O risco é passado ao importador na entrega; / O custo do exportador vai até o destino, conforme demonstrado na figura anterior. NA NEGOCIAÇÃO, É IMPORTANTE DEIXAR BEM CLARO ONDE SERÁ O PONTO DE ENTREGA. COMENTÁRIO Várias transportadoras trabalham da seguinte maneira: para a mercadoria chegar até o destino, o risco é transferido na entrega ao primeiro transportador. Caso as partes decidam que o risco será transferido em fase posterior (por exemplo, num porto ou aeroporto), esta condição deve estar claramente especificada em contrato, bem como o local exato onde a mercadoria será colocada (num porto ou aeroporto), já que os custos até esse ponto são de responsabilidade do exportador. O exportador deve fornecer ao importador o documento de transporte que ateste o cumprimento das condições do contrato de venda. Este documento deve conter os bens do contrato e estar datado no período combinado. O documento de transporte, negociável e emitido em vários originais, deve ser entregue ao importador, que o aceitará desde que esteja conforme o contrato entre as partes. O termo CIP pode ser utilizado sem restrição para as exportações e importações brasileiras. ATENÇÃO Nos Incoterms "D", que veremos a seguir, a entrega se dá no destino e, portanto, o exportador assume responsabilidades no país estrangeiro, ou seja, precisa superar barreiras burocráticas e geográficas no exterior. O emprego dos termos "D" exige que o exportador tenha experiência e cuidados especiais, como também um operador logístico de confiança. / DPU – DELIVERED AT PLACE UNLOADED / ENTREGUE EM LOCAL OU TERMINAL ALFANDEGADO Fonte: Autora Os bens são entregues em local ou terminal alfandegado, descarregados. Qualquer despesa após o descarregamento é por conta do importador. DPU indica que o exportador entrega as mercadorias depois de descarregadas do meio de transporte e as coloca à disposição do importador em um terminal portuário, aeroportuário, rodoviário, ferroviário ou em um local de destino combinado. Assim, o exportador precisa organizar e preparar este descarregamento. O Incoterm DPU se refere ao termo CIF ou CIP com a obrigação do descarregamento: DPU= CIF/CIP + descarregamento Depois do descarregamento, o importador assume a responsabilidade e todos os riscos e custos da operação, como armazenagem, capatazia, desembaraço aduaneiro e tributação na importação. Cabe ao exportador contratar um transporte ou utilizar meios próprios adequados e entregar a mercadoria (descarregada do meio de transporte) até o destino no país do importador. COMENTÁRIO Apesar de o exportador não ter obrigação de contratar o seguro, é recomendável que ele o faça, pois todos os riscos até a entrega no país de destino são de sua responsabilidade. / O termo DPU pode ser utilizado sem nenhuma restrição para as exportações e importações brasileiras. No entanto, nos casos de remessa ao exterior para pagamentos de serviços realizados a não residentes ou de ingresso de divisas do estrangeiro para pagamento de serviços realizados no Brasil, é necessário atentar para os regulamentos de cada país, principalmente quanto ao imposto de renda. DAP – DELIVERED AT PLACE / ENTREGUE NO LOCAL (LOCAL DE DESTINO DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues em local de destino designado, desembaraçados para exportação, prontos para serem descarregados (neste caso, a bordo do navio), sem desembaraço para importação ou pagamento de qualquer direito de importação. O Incoterm DAP determina que o exportador entregue as mercadorias quando são colocadas à disposição do importador no local do país de destino indicado. As partes devem definir com clareza o local exato do destino da entrega, podendo ser no porto, a bordo do navio ou no armazém do importador na zona secundária. O desembaraço aduaneiro é feito pelo importador. Cabe ao exportador contratar um transporte ou usar meios próprios adequados e entregar a mercadoria no país do importador. O contrato com o transportador pode incluir despesas relacionadas à descarga da mercadoria. Apesar de o exportador não ter obrigação de contratar o seguro, é recomendável que ele o faça, pois todos os riscos até a entrega no país de destino ficam por sua conta. O Incoterm DAP refere-se aos termos CIF ou CIP acrescido do frete e do seguro interno até o local indicado pelo cliente: DAP = CIF/CIP + frete e seguro interno até a chegada ao local final indicado pelo cliente Se a entrega não for em local da zona primária, o exportador desembarca a mercadoria no terminal e aguarda o comprador fazer o desembaraço aduaneiro e o recolhimento dos impostos. Posteriormente, a / responsabilidade volta para o exportador, que irá contratar o transporte interno até a entrega no local final, não tendo a obrigação do descarregamento. EXEMPLO O exportador brasileiro acerta com um importador holandês que a operação será DAP-Amsterdam. A mercadoria embarca no porto do Rio de Janeiro com destino ao porto de Rotterdam, onde é desembarcada sob a responsabilidade do exportador. O importador holandês efetua o desembaraço aduaneiro e o pagamento dos impostos de importação. Após a nacionalização, o exportador brasileiro se encarrega de levar a mercadoria até o local combinado em Amsterdam, sem efetuar o descarregamento. Se as partes desejarem que o exportador assuma os riscos do desembaraço e o pagamento dos impostos, o melhor termo para a transação será o DDP, que veremos adiante. O termo DAP pode ser utilizado sem nenhuma restrição para as exportações e importações brasileiras. No entanto, nos casos de remessa ao exterior para pagamentos de serviços realizados a não residentes ou de ingresso de divisas do estrangeiro para pagamento de serviços realizados no Brasil, é necessário atentar para os regulamentos de cada país, principalmente quanto ao imposto de renda. DDP – DELIVERED DUTY PAID / ENTREGUE COM DIREITOS PAGOS (O LOCAL DE DESTINO DESIGNADO) Fonte: Autora Os bens são entregues no local de destino designado, desembaraçados para exportação, com todos os direitos de importação pagos, prontos para serem descarregados. / O uso do DDP implica que o exportador assuma todos os riscos e custos, inclusive tributários, além de outros encargos no país da importação, devendo levar a mercadoria até o domicílio do comprador ou a qualquer outro local por ele designado. Este termo representa o nível máximo de responsabilidades do exportador — o contrário do Ex-Works. O preço cobrado ao importador deve incluir todas as despesas logísticas. O Incoterm DDP refere-se aos termos CIF ou CIP acrescido do descarregamento na zona primária do destino, mais o desembaraço e tributação, além do frete e seguro internos e serviço logístico no país de destino: DDP = CIF/CIP + descarregamento na zona primária no destino + desembaraço e tributação + frete e seguro internos + serviço logístico no destino EXPORTADOR O exportador deve obter licenças, autorizações, certificados e outras formalidades alfandegárias necessárias para a exportação e importação, incluindo o trânsito por qualquer país antes da entrega final. IMPORTADOR O importador poderá dar assistência ao exportador,para que este consiga atender às formalidades aduaneiras no país de importação. Cabe ao exportador contratar um transporte ou usar meios próprios adequados e entregar a mercadoria até o destino no país do importador. Apesar de o exportador não ter obrigação de contratar o seguro, é recomendável que ele o faça, pois todos os riscos até a entrega no país de destino são por sua conta. EXEMPLO Certa empresa importadora brasileira adquire uma máquina com alto grau tecnológico de uma empresa espanhola. A máquina é embarcada rumo ao Brasil, porém no meio do Oceano Atlântico ocorre uma tempestade e a máquina fica avariada pela água do mar que invade a embarcação. / Ao chegar ao Brasil, a empresa constata o dano e cobra do exportador a indenização pelo acidente. O vendedor, sabiamente, apresenta o contrato entre as partes, onde estava definido pelo Incoterm negociado que o seguro seria por conta do importador. Pouco precavido, o importador não havia feito o seguro. Fatal! Esse tipo de equívoco ocorre em muitas negociações, pois os responsáveis não observam ou não dão importância ao Incoterm acordado, delegando decisões para a área de logística. No caso das importações brasileiras, o termo DDP não pode ser utilizado, uma vez que no Brasil não é permitido que o exportador estrangeiro cumpra as formalidades aduaneiras de importação. Em contrapartida, pode ser usado para as exportações, desde que sejam observados os regulamentos quanto ao pagamento dos serviços realizados no exterior, em especial o relativo ao imposto de renda. COMO INDICAR O MELHOR INCOTERM Para escolher o Incoterm mais adequado à operação comercial, devem ser analisados os seguintes aspectos: MEIO DE TRANSPORTE Qual das partes vai contratar e pagar a empresa de transporte (navio, avião, caminhão, trem). TIPO DE MERCADORIA Algumas mercadorias, por força de suas características ou de práticas de mercado, utilizam determinados termos. CONDIÇÕES FINANCEIRAS Dependendo do termo escolhido, o exportador deve arcar com despesas como frete e seguro. No entanto, caso seja uma venda a prazo, o seu recebimento será postergado. CONTROLE DE EMBARQUE Nas modalidades "E" e "F", o exportador não tem controle sobre o embarque, já que a contratação do transportador é responsabilidade do importador. Isto pode ser um problema, por exemplo, se o meio de transporte não foi definido no prazo correto. BARREIRAS GEOGRÁFICAS Os obstáculos de geografia na compra na modalidade "E" ou na venda na modalidade "D" podem causar transtornos, por isso é necessário conhecer o país estrangeiro. BARREIRAS ALFANDEGÁRIAS OU BUROCRÁTICAS / É preciso conhecer muito bem os procedimentos burocráticos do outro país onde será realizada a compra ou a venda. VALOR DAS OPERAÇÕES Na modalidade "D", o vendedor agrega vários serviços, podendo lucrar com os procedimentos. No entanto, é necessário verificar se realmente tem condições de cumprir e atender todos os requisitos, para que a mercadoria chegue à porta do comprador conforme acordado. LOGÍSTICA A mercadoria deve chegar ao destino de forma correta e dentro dos prazos acordados. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONDIÇÃO DE VENDA QUE REPRESENTA A OBRIGAÇÃO MÍNIMA DO EXPORTADOR, NUMA NEGOCIAÇÃO COMERCIAL: A) EXW B) DDP C) FOB D) DAP 2. SOBRE O INCOTERM CIP, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) O exportador é responsável pelos custos de desembaraço da exportação e pelo pagamento do frete. / B) O importador recebe a mercadoria no aeroporto de destino. C) O exportador é responsável pelo pagamento do frete e do seguro. D) A transferência do risco ocorre no armazém do importador. GABARITO 1. Condição de venda que representa a obrigação mínima do exportador, numa negociação comercial: A alternativa "A " está correta. No Incoterm EXW (Ex-Works), a mercadoria é entregue no domicílio do exportador, sem carregar e sem desembaraçar, ou seja, é o termo que representa a obrigação mínima do exportador, cabendo ao importador o transporte interno e desembaraço da mercadoria. 2. Sobre o Incoterm CIP, podemos afirmar que: A alternativa "C " está correta. No Incoterm CIP (Carriage and Insurance Paid To), cabe ao exportador contratar e pagar os custos de transporte (frete) até o país de destino, assim como o seguro contra riscos ou danos durante o trajeto. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, aprendemos a finalidade da aplicação correta dos Incoterms nas operações comerciais internacionais. Aplicar corretamente os Incoterms evita riscos e custos indevidos nos processos de comércio exterior. Para um melhor entendimento, o tema foi dividido em dois módulos: no primeiro, vimos o que são Incoterms, sua importância, sua história e quais os Incoterms exclusivos para o transporte marítimo ou aquaviário; no segundo, vimos os Incoterms utilizados em todos os meios de transporte. Esperamos que a análise dos onze Incoterms em vigor tenha ficado clara, mas retorne a eles para fixar as siglas e seus significados. / REFERÊNCIAS CASTRO, J.A. Exportação: aspectos práticos e operacionais. 5. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002. CORTIÑAS L. J. M., GAMA M. Comércio exterior competitivo. 4.ed. São Paulo: Aduaneiras, 2010. DEL CARPIO, R.F.V. Carta de crédito e UCP 600 (comentada). São Paulo: Aduaneiras, 2008. LUNARDI, A.L. Condições internacionais de compra e venda: Incoterms. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2014. SEGALIS, G.; FRANÇA, R.; ATSUMI, S.Y.K. Fundamentos de exportação e importação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. GOYAL, Rahul. Incoterms 2020. Rules to be implemented January 1st 2020. Oct 11, 2019. Disponível em: https://www.bdginternational.com/incoterms-2020-rules-to-be-implemented/ EXPLORE+ Você pode consultar a página da ICC na internet — iccwbo.org — e também a da representação da ICC no Brasil — iccbrasil.org. Leia o texto "Incoterms e Contratos C", do livro LUNARDI, A.L. Condições Internacionais de compra e venda: Incoterms. 4.ed. São Paulo: Aduaneiras, 2014. https://www.bdginternational.com/incoterms-2020-rules-to-be-implemented/ / CONTEUDISTA Shirley Yurica Kanamori Atsumi CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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