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2 09 COC Regimes_tributarios

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Planejamento 
Tributário 
Prof. Fabio Pereira de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BLOCO 2. REGIMES TRIBUTÁRIOS 
2.1. Regimes Fiscais 
Segundo Castro et alii (2007), os regimes fiscais contemplam as diferentes formas de 
tributar a renda das pessoas jurídicas. Esses autores buscam uma definição de renda 
no Código Tributário Nacional (CTN), assim, a partir dessa referência estabelecem que 
renda é uma riqueza oriunda de fonte patrimonial que pertence ao titular, bem como, 
a renda pode ser oriunda de atividade desenvolvida por esse titular. 
Em termos específicos, Castro et alii (2007) afirmam que a legislação tributária 
nacional prevê três regimes de tributação para pessoas jurídicas: Simples Nacional; 
Lucro Real e Lucro Presumido. 
O Simples Nacional é um Regime Tributário do governo federal que visa simplificar a 
burocracia das empresas, nesse sentido, ele facilita as rotinas e obrigações mensais, 
bem como, possibilita o acesso a uma tarifa unificada que incorpora ISS, IRRF, PIS, 
COFINS, CSLL, INSS, ICMS, CPP, IPI. 
As alíquotas do Simples Nacional são definidas por tipo de atividade e renda. No que 
tange as atividades, em 2018 foram atualizadas as tabelas definidas pela Lei 
Complementar 123 de 2013, tal atualização permitiu a incorporação de novas 
atividades profissionais, além disso, as mudanças contemplaram ampliação do 
faturamento limite, especificamente, R$ 4.800.000,00. 
Após o exame das tabelas, a determinação da alíquota é realizada partir da soma do 
faturamento dos 12 (doze) meses precedentes. Por exemplo, os escritórios de 
contabilidade cujo faturamento anual é inferior a R$ 4.800.000,00 se enquadram no 
Anexo III (a seguir) do Simples Nacional, assim, suponha um escritório que na apuração 
de março de 2018 (março de 2017 a fevereiro de 2018) registrou faturamento de R$ 
300.000,00, enquanto na apuração de abril de 2018 (abril de 2017 a março de 2018) 
registrou faturamento de R$ 400.000,00. No exemplo em questão, o escritório 
recolherá seguindo a alíquota de 11,2% no mês de março, com R$ 9.360,00 dedutíveis; 
 
 
 
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já no mês de abril a alíquota será 13,5% com direito a deduzir R$ 17.640,00 da base de 
cálculo. 
 
Figura 1: Anexo III do Simples Nacional 
 
Fonte: Site da Receita Federal. 
 
O Regime tributário do Lucro Presumido possui como objetivo principal a apuração do 
tributo devido (IRPJ e CSLL) a partir de uma presunção do lucro. A presunção citada é 
estabelecida pela Receita Federal do Brasil de acordo com cada ramo de atividade do 
contribuinte. 
O cálculo do Lucro Presumido é realizado a partir de uma tabela em que as alíquotas 
estão associadas às atividades, conforme Tabela 2 a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 2: Alíquotas e atividades do Lucro Presumido 
 
Fonte: Site da Receita Federal. 
 
Além das limitações por atividade, há exclusão das Pessoas Jurídicas da opção pelo 
Lucro Presumido em virtude do faturamento, especificamente: a pessoa jurídica cuja 
receita bruta total, no ano calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e 
quinhentos mil reais) multiplicados pelo número de meses de atividade do ano 
calendário anterior, quando inferior a 12 meses poderá optar pelo regime de 
tributação com base no lucro presumido. 
O Lucro Real é um Regime tributário em que a tributação incide sobre o lucro líquido 
do período de apuração (apurado contabilmente) ajustado pelas adições, exclusões e 
compensações, quando houver, prescritas na legislação, para fins de determinar o 
chamado “Lucro Real”. 
O regime de Lucro Real estrutura-se a partir da Tabela de Imposto de Renda, cujas 
alíquotas estão discriminadas na Figura 3 a seguir. 
 
 
 
 
Descrição das Receitas % para base da cálculo do IRPJ
Atividades em geral 8,0
Revenda de Combustível 1,6
Serviço de Transporte (exceto cargas) 16,0
Serviço de Transporte de Cargas 8,0
Prestação de Serviços em Geral 32,0
Prestação de Serviços Hospitalares, 
serviços imobiliários, construção e 
incorporação
8,0
Atividades financeiras 16,0
Prestação de Serviços regulamentados 32,0
Serviços financeiros e factoring 32,0
 
 
 
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Figura 3: Tabela do Imposto de Renda 
 
Fonte: Site da Receita Federal. 
 
A partir de 1999 estão abrigadas à apuração do Lucro Real, e, portanto, não podem 
optar pelo Lucro Presumido, as pessoas jurídicas (Lei no. 9.718/98, art. 14): 
I – Cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00 (seis 
milhões e quinhentos mil reais) multiplicados pelo número de meses de 
atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses 
(limite fixado pela Lei 10.637/2002). 
II – Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, 
bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedade de crédito, 
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades 
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e 
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de 
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de 
previdência privada aberta; 
III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundo do 
exterior. 
 
2.2. Interpretação dos Regimes Fiscais 
Como fora definido previamente, o objetivo do Planejamento Tributário é a economia 
de tributo, através de opções que não coloquem em risco a empresa e diminuam a 
 
 
 
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base de cálculo para arrecadação. A partir dessa definição, a questão que se 
estabelece diz respeito ao Regime Fiscal que possibilita maiores possibilidade de 
economia de tributos. 
Nesse sentido, como fica ilustrado pelas referências às tabelas e anexos de cada 
regime, não é possível definir de maneira apriorística um modelo de incidência mais 
adequado para todos os tipos de atuação, bem como, para as diferentes faixas de 
faturamento. Ainda assim, uma observação geral é necessária: o Simples Nacional 
reúne diferentes tipos de imposto, de tal forma, que a simples diminuição de 
processos para lançamento e recolhimento é fator que deve ser seriamente 
considerado por empresas cujo faturamento se adapte a tal Regime Fiscal. 
Em uma análise mais específica, Castro et alii (2007) comparam a base de cálculo para 
empresas do segmento industrial com diferentes faturamentos1, nesse quesito a 
modalidade Simples Nacional se mostrou vantajosa em relação à opção pelo Lucro 
Presumido. 
No entanto, esses mesmo autores demonstram que o quadro se inverte em situações 
em que a empresa opera no setor de serviços, especificamente, para os casos de 
empresas cujas atividades se enquadram nos Anexos IV e V o Simples Nacional se 
mostra como uma opção mais onerosa em relação ao Lucro Presumido. 
 
SAIBA MAIS 
Simulação e comparação entre Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Simples 
 
https://www.youtube.com/watch?v=lEbw2Viknfk 
 
Referencial Bibliográfico 
CASTRO, F. A. V.; OLIVEIRA NETO, A. M.; SOUZA JUNIOR, A. A. L; SOUSA FILHO, R. C. 
Gestão e Planejamento de Tributos. Rio de Janeiro: FGV, 2007. 
 
 
 
1
 Os autores trabalham com empresas cujo faturamento se encontrava na faixa entre R$ 300.000,00 e 
R$ 3.600.000,00 
 
 
 
7 
 
Anexos do Simples Nacional: 
 
 
 
 
 
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